universidade federal do rio grande do norte

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
JULIANA FERNANDES DE CARVALHO
NANOPARTÍCULAS DE MAGNETITA COM OXACILINA OBTIDA POR MOAGEM DE
ALTA ENERGIA PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS
2013
JULIANA FERNANDES DE CARVALHO
NANOPARTÍCULAS DE MAGNETITA COM OXACILINA OBTIDA POR MOAGEM DE
ALTA ENERGIA PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de
Pós-graduação
em
Ciências
Farmacêuticas
da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
parte dos requisitos necessários para obtenção do grau
de Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Orientador: Artur Da Silva Carriço
NATAL / 2013
Juliana Fernandes de Carvalho
NANOPARTÍCULAS DE MAGNETITA COM OXACILINA OBTIDA POR MOAGEM
DE ALTA ENERGIA PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS
Banca Examinadora
_____________________________________
Prof. Dr. Artur da Silva Carriço
Presidente - UFRN
_____________________________________
Prof. Dr. Gustavo de Oliveira Gurgel Rebouças
Examinador Externo – UFERSA/RN
_____________________________________
Prof. Dr. Arnóbio Antônio da Silva Júnior
Examinador Interno - UFRN
Natal, 26 de fevereiro de 2013
Natal / RN
2013
Dedico esse trabalho aos meus pais que me
conduziram à educação desde a mais tenra idade, e
que sempre estiveram torcendo por meu sucesso
sem medir esforços para minha formação. Sem eles
nada disso seria possível.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador profº. Dr. Artur da Silva Carriço não somente pelo
grande empenho em minha formação profissional, mas principalmente, por todo
conhecimento compartilhado, tanto aqueles que me direcionavam a um maior
entendimento acadêmico quanto àqueles que me fizeram mais gente. Obrigada
pela confiança e apoio incessantes;
Ao profº. Dr. Sócrates Egito, pela oportunidade de fazer parte do seu laboratório e
conhecer as pessoas maravilhosas que fazem o LaSiD uma grande família;
À Amanda Brun, que me abriu as portas da pesquisa e me fez almejar novos
rumos;
À Doutoranda-chefe do GM/Biomagnetismo Érica Freitas, pela amizade e o
companheirismo à todo momento durante esse percurso;
À Thales, Rafael, Kátia e Ítalo, colegas de grupo e bons que participaram
diretamente deste trabalho e me deram o suporte necessário para mesclar estudo
e laboratório;
À CAPES e ao Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas que me
concederam a bolsa de estudos que custeou minhas despesas desse período, e
ao
programa
em particular,
pela
infraestrutura de material e
pessoal
disponibilizada;
Ao profº. Dr. Aldo Medeiros por vislumbrar a utilização de vetorização magnética
para tratamento de infecções, e por ser membro ativo do projeto de bolsa
PRONEX da FATERN que deu início às atividades nessa vertente;
Aos profºs. Drs. José Humberto e Suzana Nóbrega que disponibilizaram o
laboratório experimental de magnetismo e o moinho de bolas;
Ao GM e aos técnicos, graduandos, mestrandos e doutorandos do DFTE da
UFRN que tanto me ajudaram nas análises e interpretações dos meus resultados
experimentais;
Aos profºs. Drs. Ana Dantas, Marco Morales e João Maria que me receberam de
braços abertos na UERN e me confiaram a utilização do laboratório de física
experimental da instituição;
À profª. Dr. Nereide Magalhães por me receber em Recife para análises em seu
laboratório;
Ao NEPGN/UFRN e seus técnicos, que desde a graduação nos dão suporte com
análises de MEV e DRX;
Aos professores de minha banca de qualificação Arnóbio Júnior, José Luis, e
Márcio Assolin que contribuíram bastante para essa dissertação;
Ao LACEN na pessoa de Érica Lira, que disponibilizou sua infraestrutura para
realização dos ensaios microbiológicos;
Ao profº. Dr. Hugo Rocha por abrir as portas do BIOPOL e disponibilizar material
e pessoal para iniciarmos os testes em células;
Aos meus pais, familiares, amigos e namorado, pelo carinho e compreensão nas
horas alegres e difíceis;
E principalmente à Deus que iluminou meus passos, colocando pessoas
admiráveis, atenciosas e amigas no meu caminhos e que me deu o imenso prazer
de conhecer, conviver e/ou trabalhar com elas
"Todo
conhecimento
imaginação,
no
inicia-se
sonho;
só
na
depois
desce à realidade material e terrena por
meio da lógica".
Albert Einstein
Resumo
A vetorização de fármaco tem sido alvo de exaustivos trabalhos no intuito de
desenvolver tratamentos sítio-específicos que minimizem efeitos adversos e torne
mais efetiva a terapia antineoplásica. Apesar do grande interesse nessa classe,
fármacos como os antibióticos também apresentam limitações, e têm sido
negligenciados. Utilizando novas tecnologias farmacêuticas, o emprego de
vetores magnéticos aparece como candidato promissor para sistemas de entrega
de fármaco em inúmeros estudos. As pequenas partículas magnéticas ligadas ao
fármaco de interesse podem ser moduladas de acordo com a orientação de um
ímã externo ao corpo, localizado e retendo o ativo no local de interesse. Nesse
trabalho nós propomos a utilização de Moagem de Alta Energia (MAE) para
síntese do vetor magnético com características apropriadas para aplicações
biomédicas por via de administração intravenosa, e para complexação do
carreador à Oxacilina para obtenção de um sistema para tratamento de infecções
por Staphylococcus aures. Os resultados da variação do tempo de moagem
demonstraram que as propriedades estruturais e de tamanho do material formado
se alteram com o aumento do tempo de moagem, e dentre os períodos
estudados, 60 horas foi escolhido como o mais próximo das propriedades ideais
do material. A complexação vetor-fármaco foi estudada em termos de estabilidade
estrutural e de atividade antimicrobiana após o processo de moagem, que
revelaram a integridade da molécula de Oxacilina e de sua ação bactericida sobre
culturas de Staphylococcus aures ATCC.
Palavras-chave: Oxacilina, nanopartícula magnética, sistema de entrega de
fármaco
Abstract
The drug targeting has been the subject of extensive studies in order to develop
site-specific treatments that minimize side effects and become more effective
anticancer therapy. Despite considerable interest in this class, drugs like
antibiotics also have limitations, and have been neglected. Using new
pharmaceutical technologies, the use of magnetic vectors appear as promising
candidate for drug delivery systems in several studies. Small magnetic particles
bound to the drug of interest can be modulated according to the orientation of a
magnet outside the body, locating and holding in a specific site. In this work, we
propose the use of High Energy Milling (HEM) for synthesis of a magnetic vector
with
characteristics
suitable
for
biomedical
applications
by
intravenous
administration, and for the formation of an oxacillin-carrier complex to obtain a
system for treating infections caused by Staphylococcus aureus. The results of the
variation of milling time showed that the size and structural properties of the
formed material change with increasing milling time, and in 60 hours we found the
sample closest to the ideal conditions of the material. The vector-drug system was
studied in terms of structural stability and antimicrobial activity after the milling
process, which revealed the integrity of the oxacillin molecule and its bactericidal
action on cultures of Staphylococcus aureus ATCC.
Keywords: oxacillin, magnetic nanoparticle, drug delivery system
LISTA DE FIGURAS
Fig.1. Mecanismos de resistência a antibióticos numa bactéria.
Fig.2. Estrutura molecular da Oxacilina.
Fig.3. Exemplo esquemático da vetorização magnética
Fig.4. Influencia do tamanho das partículas no seu comportamento em diferentes
regiões do organismo.
Fig.5. Transição magnética de nanopartículas, de ferromagnéticas para
superparamagnéticas: diagrama de energia de nanopartículas magnéticas com
diferentes alinhamentos de spin, mostrando o ferromagnetismo em nanopartículas
grandes (acima) e o superparamagnetismo em nanopartículas pequenas (abaixo).
Fig.6. Estrutura fundamental da magnetita: (a) célula unitária e (b) sítios
tetraédricos e octaédricos.
Fig.7. Esboço esquemático do método de moagem de pós: (a) movimentação das
bolas no cadinho, (b) processo de quebra e soldagem a frio.
Fig.8. Difratogramas obtidos para as amostras sintetizadas nos tempos de 10, 40,
60 e 96 horas; os quadrados vazios indicam os picos característicos da magnetita
e os quadrados preenchidos, os picos característicos do α-Fe.
Fig.9. Parâmetro de rede e tamanho do cristalito dos produtos da reação de Fe e
H2O no moinho de bolas em função do tempo de moagem.
Fig.10. Difratogramas das amostras: (a) Fe60h; (b) Oxacilina; (c) mistura física; e
(d) Fe60h-Ox.
Fig.11. Espectros de Infravermelho das amostras: A) Fe60h; B) Oxacilina; C) MF;
e D) Fe60h-Ox.
Fig.12. Curvas de histerese das amostras com Oxacilina em comparação com o
padrão Fe60h.
Fig.13. Ensaio microbiológico de inibição de crescimento em placa: (A) controle
com Oxacilina; e (B), (C) e (D) triplicata de Fe60h-Ox, e (E) controle com solução
salina.
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Å
Angstrom
γ-Fe2O3
Maguemita
λ
Comprimento de onda
µg
Micrograma
µL
Microlitro
µm
Micrômetro
θ
Teta
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AO
Ácido Oleico
AAR
Área de absorção relativa
ATCC
American Type Culture Collection
BHf
Campo magnético hiperfino
cm
Centímetro
cm3
Centímetro cúbico
Co
Cobalto
Cu
Cobre
C18H34O2
Ácido Oleico
DRX
Difração de Raio-X
Δɛ
Desdobramento quadrupolar
EM
Espectroscopia Mössbauer
FeCl3
Cloreto férrico
FeSO4
Sulfato ferroso
3+
Ferro trivalente
Fe
Fe3O4
Magnetita
Fe2+
Ferro bivalente
Fe10h
Amostra de Fe e H20 moída por 10 horas
Fe40h
Amostra de Fe e H20 moída por 40 horas
Fe60h
Amostra de Fe e H20 moída por 60 horas
Fe96h
Amostra de Fe e H20 moída por 96 horas
h
Horas
IS
Deslocamento isomérico relativo ao α-Fe
IF
Infravermelho
IT
Índice terapêutico
KBr
Brometo de potássio
LACEN
Laboratório Central Dr. Almino Fernandes
mCi
Milicurie
MEV
Microscopia Eletrônica de Varredura
MET
Microscopia Eletrônica de Transmissão
MF
Mistura física
mg
Miligrama
min
Minuto
mL
Mililitro
mm
Milímetro
MRI
Magnetic Ressonance Imagem
nm
Nanômetro
pH
Potencial hidrogeniônico
PM
Partícula magnética
Rh
Ródio
rpm
Rotações por minuto
T
Tesla
UFRN
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
VSM
Magnetometria de amostra vibrante
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
2. OBJETIVO .................................................................................................................... 2
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 2
2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................. 2
3. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 3
4. MATERIAIS E MÉTODOS ...........................................................................................15
4.1. Materiais ...................................................................................................................15
4.2. Síntese das partículas magnéticas (PM) ...................................................................15
4.3. Síntese do sistema partícula magnética-fármaco (Fe60h-Ox ) ..................................15
4.4. Caracterizações ........................................................................................................16
4.5. Ensaio Microbiológico ...............................................................................................16
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................18
5.1. Síntese de magnetita ................................................................................................18
5.2. Partícula magnética com Oxacilina ...........................................................................20
6. CONCLUSÃO ..............................................................................................................25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................26
7. APÊNDICE ..................................................................................................................33
7.1. ANEXAÇÃO DO ARTIGO .........................................................................................33
7.2. ABSTRACT...............................................................................................................34
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
1. INTRODUÇÃO
Os sistemas magnéticos carreadores de fármacos são promissores
instrumentos em medicina devida suas peculiares propriedades funcionais de
alterar ou controlar a cinética de distribuição do fármaco, não somente
direcionando-o ao foco da doença, mas também prevenindo que ele atinja setores
onde sua atividade pode ser potencialmente tóxica ou a degradação facilitada
(Yamada, Kurumada et al., 2007; Chertok, David et al., 2010; Cao, Han et al.,
2011); e de produzir imagens através de intensificação de sinais de relaxação do
núcleo do hidrogênio por ressonância magnética, possibilitando o diagnóstico de
doenças, ou monitoramento em tempo real da distribuição do fármaco na área
afetada (Okuhata, 1999; Jain, Reddy et al., 2008; Jain, Richey et al., 2008).
Materiais como o óxido de ferro magnetita apresentam características
magnéticas singulares que favoreceram sua disseminação na área biomédica
como vetores para tratamentos sítio-específico de fármacos, contraste para
obtenção de imagem por ressonância magnética, separação celular, estudos de
motilidade gastrointestinal, hipertermia, entre outros (Honda, Kawabe et al., 1998;
Dresco, Zaitsev et al., 1999; Cordova-Fraga T, 2004; Li, Kawashita et al., 2010).
Entretanto, para o uso in vivo é necessário o uso de partículas nanométricas
monodispersas e não-aglomeradas para que aja homogeneidade em suas
propriedades (magnética, elétrica e mecânica), por isso diversas pesquisas tem
sido desenvolvidas no intuito de obter partículas estáveis (Jiang, Wu et al., 2010;
Suter, Ergeneman et al., 2011).
A metodologia mais comumente empregada para síntese de magnetita é a
co-precipitação de sais de ferro II e III (Massart, 1981), entretanto é comum obter
ampla faixa de tamanhos de partícula, o que pode ser um problema para
absorção e principalmente para administração intravenosa. Uma alternativa
amplamente explorada é a utilização de revestimentos que confiram um
impedimento estérico à união das partículas, prevenindo a aglomeração (Massart,
1981; Korolev, Ramazanova et al., 2002), e outra opção, ainda pouco explorada,
é o emprego de uma rota alternativa com abordagem física como a Moagem de
Alta Energia.
1
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
2. OBJETIVO
2.1. Objetivo Geral
Obter um vetor magnético em escala nanométrica com boas propriedades
para vetorização intravenosa magnética de Oxacilina para tratamento de
infecções por S. aureus.
2.2. Objetivos Específicos
* Produzir magnetita no moinho de bolas;
* Verificar a influencia do tempo de moagem na síntese de magnetita;
* Caracterizar as amostras quanto à estrutura interna, tamanho e propriedades
magnéticas;
* Promover a ligação direta de Oxacilina à magnetita;
* Caracterizar o sistema quanto à estrutura interna, tamanho e propriedades
magnéticas;
* Verificar a integridade do fármaco após o processo de moagem de alta energia.
2
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
3. REVISÃO DA LITERATURA
A resistência é um mecanismo de defesa dos organismos. Ela pode se
desenvolver naturalmente em presença de substancias tóxicas, através de
mutações genéticas que alteram a função ou expressão de genes próprios, ou
pode ser adquirida através de troca de genes com outro organismo, e garantem
uma maior adaptação a um meio ambiente hostil (Fernández, Breidenstein et al.,
2011). Bioquimicamente essas alterações podem se refletir em três estratégias de
escape (Fig.1.): (1) destruição da molécula nociva, (2) modificação do alvo celular,
ou (3) síntese de bombas de efluxo.
Fig.1. Mecanismos de resistência a antibióticos numa bactéria (adaptado de (Engler,
Wiradharma et al., 2012)).
O desenvolvimento de resistência em micro-organismos patogênicos tem
gerado grande preocupação devido à significância clínica tomada quando a
resistência resulta em redução na eficácia terapêutica a um tratamento empírico
(Andersson e Hughes, 2010). Em consequência, o uso sequencial de antibióticos
concede às bactérias a possibilidade de acúmulo de mutações e desenvolvimento
de multirresistência (Harris, Worthington et al., 2012). Assim, há uma baixa
3
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
considerável no arsenal terapêutico, tornando a cura demorada e cara, ou, por
vezes, inatingível (Costelloe, Metcalfe et al., 2010).
Apesar de, por anos, ter se associado a resistência antimicrobiana à
infecções hospitalares, as bactérias resistentes provenientes do cenário
comunitário vêm tomando espaço em vários estudos ambientais. Devido à
disseminada utilização de antibióticos tanto na clínica médica, quanto na
agricultura e pecuária, tem sido observada grande pressão seletiva ambiental
para o desenvolvimento e disseminação dos vários mecanismos de resistência.
(Andersson e Hughes, 2012).
A seleção de cepas é frequentemente atribuída à presença de antibióticos
em doses subterapêuticas, como encontrada na maioria dos usos não-clínico e
em caso de abandono de tratamento (Kohanski, Depristo et al., 2010; Hughes e
Andersson, 2012). A atividade do fármaco é conferida pela capacidade de matar
ou alterar o crescimento da bactéria, entretanto quando a dose não é suficiente
para destruir toda a população bacteriana os micro-organismos mais resistentes
sobrevivem.
Staphylococcus aureus é um dos mais importantes patógenos oportunistas
humanos e, provavelmente, o mais conhecido e estudado exemplo de
desenvolvimento de resistência bacteriana, sendo capaz de reproduzir todos os
mecanismos de resistência conhecidos (Mccallum, Berger-Bächi et al., 2010). É
atualmente, um dos mais notórios micro-organismos envolvidos em infecções
nosocomiais,
encontrado
frequentemente
em
superfícies
de
implantes
contaminados com biofilmes (Shirtliff, O' May et al., 2011; Fangtham e Baer,
2012).
O grande interesse no estudo de S. aureus se dá principalmente por se
tratar de um patógeno comum e bastante virulento, que em essência, seria
susceptível a todos os antibióticos empregados na clínica até então, não fosse
sua versatilidade em desenvolver resistência (Chambers e Deleo, 2009).
Os fármacos beta-lactâmicos têm sido a primeira escolha e a mais efetiva
para o tratamento de infecções por S. aureus em anos, entretanto sua eficácia
tem reduzido bastante com o surgimento de cepas multirresistentes, denominadas
genericamente
de
MRSA
–
Methicillin-Resistant
(Rodriguez, Agudelo et al., 2010).
4
Staphylococcus
aureus
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
A Oxacilina (5 metil-3 fenil-4-isoxazolil penicilina sódica) (Fig.2.) é uma
penicilina sintética resistente à penicilinase de grande importância para o
tratamento de infecções estafilocócicas, entretanto sua perspectiva de uso tem
sido reduzida com o aparecimento de cepas multirresitentes, apesar dos relatos
de cepas com características de MRSA genotipicamente, mas que apresentam
susceptibilidade a esse fármaco (Hososaka, Hanaki et al., 2006; Sharff, Monecke
et al., 2012; Labrou, Michail et al., 2012).
Fig.2. Estrutura molecular da Oxacilina (Sun, Nukaga et al., 2002).
Alternativamente, o desenvolvimento de novas moléculas ativas para suprir
a escassez de opções na reserva terapêuticas parece inviável, já que o tempo
gasto para desenvolver e liberar a distribuição de um novo produto no mercado
poderia implicar em mudança de cenário clínico, com um novo perfil de
multirresistência. A estratégia atualmente proposta é o emprego de adjuvantes
farmacológicos, sejam eles outro antibiótico ou uma molécula bioativa, moléculas
carreadoras por exemplo (Kalan e Wright, 2011; Harris, Worthington et al., 2012).
Após a administração dos medicamentos, os princípios ativos tendem a se
distribuir para vários tecidos e órgãos segundo processos que ocorrem em função
das propriedades físico-químicas da molécula, entretanto, com o emprego de
carreadores, devido a suas características específicas, esses que passam a ser
responsáveis pelas propriedades farmacocinéticas do princípio ativo (Pusieux F,
Treupel Lr, 1989).
5
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
Os vetores conhecidos atualmente podem ser definidos, quanto a sua
natureza, em biológicos e físico-químicos. Eritrócitos, bactérias, vírus e príons são
exemplos de vetores biológicos e, como tais, apresentam o inconveniente de
ampla variedade de genótipos e fenótipos, além dos custos de processamento
elevados. Por outro lado, os sistemas físico-químicos afirmam-se como vetores de
alto potencial, pois suas características e propriedades são mais facilmente
controladas e reproduzidas (Murilo, 2001).
Dentre
os vetores físico-químicos,
os materiais particulados com
propriedades magnéticas são candidatos promissores à vetorização de fármacos
em virtude de sua capacidade de polarização e desenvolvimento de mobilidade
magnetoforética na presença de um campo magnético. Assim, um fármaco
associado a tais partículas pode ser ativamente direcionado ao local de interesse
por meio da aplicação localizada de um campo magnético externo (Fig.3.)
(Voltairas, Fotiadis et al., 2002).
Fig.3. Exemplo esquemático da vetorização magnética (adaptado de (Alexiou,
Tietze et al., 2011)).
Outra propriedade relevante dos carreadores magnéticos é o potencial
bactericida dos materiais utilizados. O emprego de metais na antibióticoterapia
não é recente, de fato há várias classes de antibióticos que apresentam íons
6
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
metálicos em sua estrutura, os quais estão intimamente ligados a sua atividade
antimicrobiana (Refat, El-Hawary et al., 2012). E nas últimas décadas, os esforços
têm sido direcionados no sentido de investigar a possível atividade antimicrobiana
de partículas de óxido metálico em escala nanométrica (Stoimenov, Klinger et al.,
2002; Jones, Ray et al., 2008; Gokulakrishnan, Ravikumar et al., 2012; Azam,
Ahmed et al., 2012). Associada à essa possível atividade, a utilização de
nanopartículas de materiais metálicos já é bastante difundida em estudos para
diagnóstico, terapia e pesquisa médica (Honda, Kawabe et al., 1998; Dresco,
Zaitsev et al., 1999; Cordova-Fraga T, 2004; Li, Kawashita et al., 2010).
Apesar
da
grande
versatilidade
dos
sistemas
magnéticos
como
transportadores sítio-específico de moléculas ativas, a sua utilização em
organismos vivos requer que algumas considerações sejam atentadas. Do ponto
de vista biológico os vetores devem ser atóxicos e biocompatíveis, não suscitar
uma resposta imunológica ou provocar danos ao ambiente orgânico; e do ponto
de vista estrutural, características como tamanho, forma, área de superfície e
propriedade magnética intrínseca devem ser cuidadosamente controlados.
O tamanho das partículas é crítico em sistemas para uso in vivo, uma vez
que células e elementos biológicos limitam-se às proporções de até 100 µm, e,
portanto o mais conveniente seria que os carreadores não ultrapassassem muito
essas dimensões (Tomitaka, Koshi et al., 2011).
Adicionalmente, a internalização das partículas e as propriedades
magnéticas dependem fortemente do tamanho das partículas (Fig.4.). A
administração sistêmica de partículas grandes, com diâmetro superior à 200 nm,
geralmente resulta em retenção no baço e/ou remoção pelas células do sistema
fagocitário, implicando em uma diminuição do tempo de circulação das partículas
na corrente sanguínea. Por outro lado, partículas pequenas, com diâmetro inferior
a 10 nm, são rapidamente removidas através dos espaços intercelulares e pelo
clearance renal (Hans e Lowman, 2002; Neuberger, Schopf et al., 2005).
7
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
Fig. 4. Influencia do tamanho das partículas no seu comportamento em diferentes
regiões do organismo (adaptado de (Alexiou, Tietze et al., 2011)).
O tamanho mais adequado à administração intravenosa está entre 10 e
100 nm, pois são pequenas o suficiente para evadirem-se do sistema retículoendotelial e são capazes de permear os pequenos capilares sanguíneos
promovendo assim uma distribuição tecidual efetiva (Hans e Lowman, 2002;
Neuberger, Schopf et al., 2005).
A superfície química das partículas está intimamente relacionada ao seu
tamanho:
quanto
menores
as partículas,
maior a
área de
superfície.
Consequentemente, é observada uma elevada razão superfície-volume, e as
partículas tendem a se agregar para reduzir suas energias de superfície
(Mohammad-Beigi, Yaghmaei et al., 2011). Contudo, como a faixa de tamanho
requerida não pode superar os 100 nm, as nanopartículas são usualmente
revestidas ou funcionalizadas. Esses tratamentos são vastamente descritos na
literatura não somente para diminuir a instabilidade do sistema (Li, Church et al.,
2012), mas também para aumentar ou prover biocompatibilidade (Covaliu, Jitaru
et al., 2012), reduzir toxicidade (Park, Lim et al., 2006), proteger o vetor de
alterações (Silva, Egito et al., 2008), promover interação carreador-fármaco
8
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
(Wang, Guan et al., 2012), favorecer uma liberação prolongada, tornar o sistema
furtivo, ou fornecer ligantes específicos ao alvo desejado (Sung, Suk et al., 2013).
Além da superfície, o tamanho também ditará a característica magnética do
vetor. Em dimensões coloidais, é possível observar em alguns materiais o
desenvolvimento de uma propriedade magnética bastante desejável a sistemas
de utilidade médica, o superparamagnetismo.
A propriedade superparamagnética surge como um efeito de tamanho finito
(Mohammad-Beigi, Yaghmaei et al., 2011). Quando as dimensões de uma
partícula magnética estão abaixo do valor crítico, (esse valor é dependente do
material e da temperatura), a energia de anisotropia necessária para transpor a
barreira energética de um estado de orientação magnética para outro é
equiparável à energia térmica, assim à temperatura ambiente ocorrem flutuações
na direção da magnetização (Fig.5.) (Pati, Bhushan et al., 2011; Suter,
Ergeneman et al., 2011). É um fenômeno verificado em nanoestruturas quando há
a transição do tamanho crítico, e o material passa de multidomínio à
monodomínio ferri ou ferromagnéticas (Pati, Bhushan et al., 2011). Como
resultado, não é verificado a presença de histerese nem remanência, o material
não guarda “memória magnética”. Essa propriedade é de suma importância em
aplicações biomédicas uma vez que a ausência de magnetismo residual previne a
aglomeração das partículas e eventual bloqueio de capilar, ou formação de
depósitos. Caso apresentem momento magnético diferente de zero, essas podem
se atrair mutuamente gerando um aglomerado. No entanto, na presença de
campo magnético aplicado teremos magnetização e atração das partículas na
direção do campo, consequentemente, aglomeração no local de interesse, esse
fato torna essas partículas fortes candidatas na área de vetorização.
9
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
Fig.5. Transição magnética de nanopartículas, de ferromagnéticas para
superparamagnéticas: diagrama de energia de nanopartículas magnéticas com diferentes
alinhamentos de spin, mostrando o ferromagnetismo em nanopartículas grandes (acima)
e o superparamagnetismo em nanopartículas pequenas (abaixo) (adaptado de (Jun, Seo
et al., 2008)).
Nanopartículas de núcleos metálicos ou de semi-condutores são exemplos
de sistemas que oferecem propriedades magnéticas interessantes para
aplicações em sistemas biológicos, e representam uma significativa classe de
materiais inorgânicos que contribuiu ativamente para o desenvolvimento e
consolidação dos estudos de tecnologia em nanomedicina (De, Ghosh et al.,
2008).
Os óxidos de ferro magnetita e maguemita (Fe3O4 e – Fe3O2) são os
materiais mais adequados para aplicações in vivo, pois outros óxidos, contendo
cobalto e níquel, por exemplo, apesar de apresentarem altos valores de
magnetização, são bastante susceptíveis à oxidação e potencialmente tóxicos
(Tran, Tran et al., 2012).
10
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
A magnetita (Fe3O4) é um dos compostos mais discutidos para o uso na
área biomédica (Alexiou, Tietze et al., 2011). Mineral magnético abundante,
amplamente distribuído tanto no meio ambiente quanto em organismos vivos,
tendo sido descrito em organismos unicelulares como bactéria, até os mais
complexos como os seres humano (Størmer, Mysterud et al., 2011). Trata-se de
uma estrutura cúbica de espinélio inverso com parâmetro de rede a = 0,8397 nm,
composta por cátions de ferro de valência +3 ocupando sítios tetraédricos, e Fe 3+
e Fe2+ ocupando sítios octaédricos (Fig.6.) (Friák, Schindlmayr et al., 2007;
Hamie, Dumont et al., 2012). Essa flutuação de cátions di e trivalentes em
posições octaedrais confere à magnetita boa condutividade à temperatura
ambiente e propriedades magnéticas singulares como o superparamagnetismo
(Mei, Valter et al., 2012).
Fig.6. Estrutura fundamental da magnetita: (a) célula unitária e (b) sítios
tetraédricos e octaédricos (Friák, Schindlmayr et al., 2007).
A magnetita pode ter vários estados de oxidação, dependendo da
quantidade de Fe+2 na estrutura (Gorski e Scherer, 2010). O grau de oxidação do
material pode ser calculado comparando as razões de Fe +2 e Fe+3 (x), segundo a
equação: x = Fe2+/Fe3+ = (1 − 3δ)/(2 + 2δ), onde encontramos magnetita pura
quando δ = 0 e x = 0,5, com valores de δ = 1/3 temos magnetita completamente
oxidada (Gorski e Scherer, 2010; De Carvalho, De Medeiros et al., 2013). Esse
grau de oxidação, além de indicar o grau de pureza demonstra alterações no
11
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
parâmetro de rede do material, e consequentemente, alterações em sua estrutura
e características magnéticas.
É importante ressaltar que no organismo a magnetita é biodegradada,
sofrendo metabolização em ferro e oxigênio pelas enzimas presentes nos
vacúolos digestivo de células e pelo baixo pH lisossômico, sem gerar
componentes tóxicos nesse processo (Kuznetsov, A. Brusentsov et al., 1999).
Estudos mostraram que o ferro integra-se às reservas normais do organismo,
sendo encontrado em hemácias e no fígado, onde ficam armazenadas grandes
reservas de ferro do organismo (Mishra, Patel et al., 2010). Como a homeostase
do ferro é regulada pela excreção e absorção, espera-se que após a
administração das partículas, a absorção intestinal seja reprimida e a excreção
seja aumentada (Weissleder, Bogdanov et al., 1995; Brigger, Dubernet et al.,
2002).
A magnetita utilizada na pesquisa é geralmente obtida de forma sintética, e
sua produção representa um passo fundamental e crítico para o desenvolvimento
de sistemas de vetorização magnéticos. Variações nos parâmetros de síntese
podem resultar em mudança na ordem estrutural, criação de fronteiras antifase, e
até no surgimento de camadas na superfície da partícula sem atividade magnética
(Gupta e Gupta, 2005).
Convencionalmente, partículas de magnetita são sintetizadas pelo método
da co-precipitação de sais de ferro FeSO4 e FeCl3 1:2 em meio alcalino (Massart,
1981). Entretanto, há grande dificuldade tecnológica no controle de tamanho,
forma, estabilidade e dispersividade, por essa técnica. As partículas obtidas
apresentam alta energia de superfície, o que conduz ao crescimento da partícula
(Wu, He et al., 2008). Além disso, o meio polar favorece as interações
hidrofóbicas entre as partículas (Gupta e Gupta, 2005), fazendo necessária a
adição de uma nova etapa na síntese da magnetita, de modificação da superfície
(Silva, Egito et al., 2008). Assim estabilizantes como tensoativos, óxidos ou
polímeros são rotineiramente empregados para conferir estabilidade e por vezes,
grupos funcionais às partículas, restringindo a formação de aglomerados (Li,
Huang et al., 2008; Jiang, Wu et al., 2010).
Outras técnicas como decomposição térmica, microemulsão, síntese
hidrotérmica, sonoquímica, reações sol-gel, entre outras, se propõem a
12
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
aperfeiçoar a produção de partículas magnéticas com o desenvolvimento de rotas
mais rápidas (com menos etapas), ou que proporcionem material de melhor
qualidade e menor tamanho, no entanto essas metodologias empregam solventes
orgânicos, que requerem maior cuidado no descarte de seus resíduos pois são
potenciais poluentes ambientais e findam por encarecer o processo (Wu, He et
al., 2008).
Uma alternativa ainda pouco explorada é a moagem física. Esse processo
é correntemente utilizado em farmácia para redução e homogeneização de pós.
Em engenharia, o emprego de moinhos coloidais de alta energia é visado tanto
como instrumento para redução de tamanho de minerais, como para criação de
efeitos mecanoquímicos (transformação de fase e reação de estado sólido), e na
síntese de ligas (Fig.7.) (Gaisford, Dennison et al., 2012; Khayati e Janghorban,
2012).
Fig.7. Esboço esquemático do método de moagem de pós: (a) movimentação das
bolas no cadinho, (b) processo de quebra e soldagem a frio (Khan, Zhang et al., 2000).
O uso de materiais modificados pelo processo de moagem vem sendo
discutido no campo da engenharia tissular, uma vez que modificações por
13
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
funcionalização da superfície podem influenciar interações celulares (Rahman,
Seth et al., 2009). Outras vertentes estudadas são o preparo de biomateriais,
como ligas biocompatíveis para aplicações ortopédicas (Nouri, Hodgson et al.,
2011) e síntese de materiais magnéticos de alta magnetização de saturação,
especialmente superparamagnéticos para aplicações em clonagem genética,
vetorização de fármacos, MRI, separação magnética, entre outras (Lemine,
Bououdina et al., 2011; Bai e Wang, 2005).
Nos trabalhos de Janot e Guérard há a proposta inicial da síntese parcial
de magnetita quando água e ferro metálico são submetidos à alta energia num
moinho de bolas, objetivando a obtenção de maguemita (Janot e Guérard, 2002).
Posteriormente, Can e cols., baseados nesses estudos iniciais, propuseram a
técnica como um procedimento novo, barato e efetivo, para produção de
magnetita (Can, Ozcan et al., 2010). Suas vantagens incluem a obtenção do
material na forma de pó fino com tamanho de partícula e grão muito pequenos
devido ao impacto das bolas do moinho promovendo abrasão do material; e
aquisição de matéria seca, o que previne processos de oxidação que ocorrem no
meio aquoso ou durante a secagem do ferrofluido (Can, Ozcan et al., 2010;
Poudyal, Altuncevahir et al., 2004; Chen, Ni et al., 2007; Katubilwa, Moys et al.,
2011).
Baseando-se nessa técnica, nós avaliamos variações na síntese de
magnetita à base de água para obter um vetor melhorado de forma simples e
efetiva (De Carvalho, De Medeiros et al., 2013), e para promover a interação
vetor-fármaco.
14
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Materiais
Para a síntese de magnetita foram utilizados ferro metálico obtido da Merck
e água destilada, previamente pesados e submetidos à moagem em um Moinho
de Bolas Planetário (Fritsch Pulverisette 6) equipado com cadinho de aço
inoxidável de 45 cm3 de capacidade, contendo dez bolas (do mesmo material do
recipiente) de 10 mm de diâmetro.
Oxacilina cristalina obtida da Sigma-Aldrich foi utilizada na preparação do
sistema para vetorização de antibióticos; e o Ágar Caseína Soja e a cepa
Staphylococcus aureus ATCC 6538 (do Banco de Cepas da Fiocruz-RJ) foram
gentilmente cedidos pelo Laboratório Central Dr. Almino Fernandes - LACEN/RN.
4.2. Síntese das partículas magnéticas (PM)
A magnetita preparada por moagem mecânica teve o pó de ferro metálico e
água destilada como matérias-primas para síntese. O equipamento foi operado na
razão 1:20 massa/bola, à 300 rpm de acordo com a equação (1):
3Fe + 4H2O → Fe3O4 +4H2,
(1)
seguindo a metodologia de Can e cols. (Can, Ozcan et al., 2010) com algumas
modificações. As moagens foram realizadas em tempos de 10, 40, 60 e 96 h.
4.3. Síntese do sistema partícula magnética-fármaco (Fe60h-Ox )
A preparação de Fe60h-Ox foi realizada por moagem de alta energia,
empregando magnetita obtida após 60 h de moagem e Oxacilina cristalina na
proporção 1:1 em peso molecular.
As amostras foram preparadas por moagem, forçadas à interação por atrito
no interior de um moinho de bolas contendo 10 bolas de 10 mm com razão
massa/bola 1:20 à 300 rpm durante um período de 10 h.
Foi feita também a mistura física (MF) de Fe60h e Oxacilina para servir de
branco para a análise de Infravermelho. Para essa preparação foi utilizada a
15
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
mesma proporção de Fe60h-Ox, com diferença na homogeneização, nesse caso,
os reagentes foram misturados em almofariz de ágata até aparente uniformidade.
4.4. Caracterizações
Os produtos obtidos foram caracterizados quanto a estrutura cristalina por
Difração de Raio-X (DRX) em um difratômetro Rigaku Uniflex II, operando com
radiação Cu Kα (λ= 1.5406 Å) e passo de 0.05º à velocidade de 5 min-1, no
intervalo de 10º < 2θ < 90º, temperatura ambiente.
Os espectros de Infravermelho (IF) foram obtidos pelo equipamento de
Infravermelho Perkin-Elmer Modelo Spectrum 65, varrendo de 4000 – 400 cm-1.
Cerca de 10 mg de cada amostra foi pesado e misturado com 100 mg de KBr em
almofariz de ágata até a homogeneidade. Posteriormente o material foi prensado
para obtenção dos discos utilizados no aparelho.
As curvas de magnetização foram obtidas por técnica de magnetometria de
amostra vibrante (VSM) em equipamento elaborado no DFTE da UFRN. As
amostras foram submetidas a campos magnéticos de magnitude de -1,5 a +1,5 T,
temperatura ambiente.
4.5. Ensaio Microbiológico
O ensaio para verificação da manutenção da atividade antimicrobiana foi
realizado pelo método de difusão em ágar para as amostras PM e Fe60h-Ox. A
inoculação foi feita partir de uma cultura em placa da cepa Staphylococcus aureus
ATCC 6538. Toca-se na superfície de três a quatro colônias com a mesma
morfologia e suspende em 3 a 4 mL de solução fisiológica estéril. O ajuste do
inoculo é feito para a escala de Mac Farland 0,5.
Dentro de 15 minutos após o ajuste do inoculo, procedeu-se a semeadura
introduzindo um swab na suspensão ajustada e semeou-se na superfície do Agar
em três direções diferentes. Em seguida, foi feito um poço no centro da placa com
cilindro de material inoxidável de diâmetro interno de 6 mm ± 0.1 mm e diâmetro
externo de 8 mm ± 0.1 mm na superfície da placa inoculada (Anvisa, 2010).
Adicionou-se 25µl de um suspensão 3,1 µg/µL de Fe60h-Ox (amostra) e 2
µg/µL de Oxacilina padrão (controle) nos poços, realizando-se para a amostra e
controle o ensaio em triplicata. As placas foram mantidas em estufa
16
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
microbiológica à temperatura de 35 ºC por 24 h para então verificar-se o halo de
inibição.
17
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Síntese de magnetita
De acordo com os resultados do DRX podemos notar que mesmo nos
tempos mais curtos é observada a formação de magnetita (Fig.8.), e que o
aumento no tempo de moagem implica em maior pureza da magnetita obtida.
Fig.8. Difratogramas obtidos para as amostras sintetizadas nos tempos de 10, 40, 60 e 96
horas; os quadrados vazios indicam os picos característicos da magnetita e os quadrados
preenchidos, os picos característicos do α-Fe.
Os dados do DRX mostram claramente a redução de tamanho do cristalito
com o tempo de moagem, atingindo um valor mínimo de 12 nm na amostra de
Fe96h, e o α-Fe parece ser totalmente consumido para formação de magnetita
em tempos superiores à 40 h de moagem. Esse resultado contradiz o achado de
Can e cols, onde tempos superiores à 48h resultavam em partículas de tamanho
superior à 33nm (Can, Ozcan et al., 2010).
18
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
Os parâmetros de rede calculados para das amostras batidas em 10 e 40
horas apresentaram valores bem próximos ao descrito para a magnetita pura
(Cornell e Schwertmann, 2003). Entretanto esses valores vão reduzindo com
moagens mais longas, provavelmente devido à parcial oxidação do Fe2+ das
amostras, levando à formação de magnetita não-estequiométrica. Quando a
oxidação é completa o material transforma-se em maghemita (γ-Fe2O3). Então
podemos verificar que, através do parâmetro de rede podemos discutir a
estequiometria da magnetita produzida. A tabela 1 mostra os parâmetros de rede
e tamanhos calculados para as amostras e as intensidades relativas das fases
observadas.
Tabela1: Intensidades relativas das fases, parâmetros de rede e tamanhos
obtidos na análise de DRX.
Intensidade
Parâmetro de rede
Tamanho (nm)
relativa (%)
(Å)
Amostra
Fe
Fe3O4
Fe
Fe3O4
Fe
Fe3O4
Fe10h
28
Fe40h
Fe60h
Fe96h
Fonte: Dados do DRX
72
100
100
100
2,866
8,398
8,401
8,366
8,351
56
20
20
15
12
Com os dados da tabela 1 foi plotado um gráfico relacionando o tempo de
moagem ao tamanho e parâmetro de rede dos produtos obtidos em 10, 40, 60 e
96h (Fig.9.). É possível observar inicialmente, que todos os tamanhos alcançados
estão dentro do limite superparamagnético, indicando que todos os materiais
apresentam essa propriedade. Analisando os parâmetros de rede encontrados,
verificamos que a amostra produzida após maior tempo de moagem, amostra de
96 horas (Fe96h), apresenta o parâmetro de rede mais distante do valor
característico da magnetita (linha vermelha superior) e mais próximo do
parâmetro de rede da maguemita (linha vermelha inferior), indicativo de maior
oxidação do material. Dentre as amostras mais próximas ao valor padrão de
parâmetro de rede da magnetita, o produto de 10 horas (Fe10h) apresenta um
alto teor de Fe que não reagiu e tanto esse quanto o produto de 40 horas moendo
(Fe40h) apresentam tamanhos de cristalito próximos ao valor limite para o
aparecimento da característica superparamagnética. Então a amostra sintesada
19
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
após 60 horas (Fe60h) foi a escolhida como material de melhores propriedades
para ser utilizado na vetorização de Oxacilina.
Fig.9. Parâmetro de rede e tamanho do cristalito dos produtos da reação de Fe e
H2O no moinho de bolas em função do tempo de moagem.
5.2. Partícula magnética com Oxacilina
A amostra Fe60h, escolhida como vetor de melhores propriedades para
nosso estudo, foi forçada à interação com o fármaco Oxacilina através da
moagem de alta energia durante 10 horas no moinho de bolas, e o resultado
esperado é que a afinidade da magnetita por grupamentos amina e carboxílico
(Chen, Ni et al., 2007; De, Ghosh et al., 2008) como os encontrados na molécula
de Oxacilina, interajam formando um sistema estável. Para verificação das
alterações que o processo de moagem poderia incutir à molécula do fármaco, foi
feita também uma mistura física (MF) dos pós do vetor e do fármaco, nas mesmas
proporções dos reagentes submetidos à moagem.
20
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
Nas caracterizações das amostras com o fármaco podemos notar no DRX
(Fig.10.) que os picos do fármaco apresentam uma queda considerável da
intensidade quando comparado o padrão de Oxacilina (b), à mistura física (MF)
(c) e à amostra vetor-fármaco (Fe60h-Ox) (d), possivelmente devido à inserção de
nova fase no sistema. Entretanto, quando comparadas as fases de magnetita
padrão Fe60h (a) à demais amostras, a intensidade se mantém com sutis
alterações. A redução da organização cristalina da Oxacilina indica redução em
seu tamanho e pode estar associado à desordem causada pela interação com o
vetor magnético, quando submetido à ação mecânica.
Fig.10. Difratogramas das amostras: (a) Fe60h; (b) Oxacilina; (c) Mistura física; e
(d) Fe60h-Ox.
As análises de Espectroscopia de Infravermelho, realizadas para
verificação da integridade da molécula do fármaco frente à precária identificação
dos picos característicos da Oxacilina na amostra Fe60h-Ox por DRX (Fig.11.) não
mostraram diferenças significativas entre a amostra moída (d) e a MF (c) em
relação ao padrão de Oxacilina pura (b).
21
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
Fig.11. Espectros de Infravermelho das amostras: A) Fe60h; B) Oxacilina; C) MF; e D)
Fe60h-Ox .
As frequências das vibrações C=C aromático, νNH e νC=O amídico,
(νC=O) β-lactâmico e (νsCOO−)(νasCOO−) carboxilato, assinaladas para βLactâmicos
(Fogazzi, Cantù et al., 2003) foram identificadas em todas as
amostras com fármaco. Já estiramento Fe-O característico da magnetita (Roca,
Marco et al., 2007; Cabrera, Gutierrez et al., 2008) parece encoberto pela
vibração da ligação C-S, contribuindo para o alargamento dessa banda. É
importante ressaltar que a integridade do anel β-lactâmico, responsável pela
função bactericida do fármaco, parece ser conservada. A Tabela 2 trás a
identificação das bandas citadas.
Tabela 2 – Bandas relevantes de absorção no infravermelho para a Partícula Magnética
(PM), Oxacilina pura, e sistemas Fe60h-Ox obtido por moagem e MF.
Grupo Funcional
ν C=O (β-lactâmico)
ν C=O (amida)
C=C (aromático)
ν asCOO−
δ NH (amida)
ν sCOO−
Fe60h
(cm-1)
Oxacilina
Padrão (cm-1)
Fe60h-Ox
1:1
MF
1:1
1760
1648
1622
1557
1470
1414
1760
1648
1623
1557
1470
1414
1759
1648
1622
1557
1470
1414
22
Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
ν C–N e δ N–H (amida
1263
1263
1263
secundária)
N–H (estiramento)
1015
1015
1015
C–O (flexão)
ν C-S
581
580
580
v Fe-O
571
Fonte: Adaptado de (Roca, Marco et al., 2007; Cabrera, Gutierrez et al., 2008).
Nas análises de magnetização (Fig.12) a curva de magnetização da
amostra Fe60h se sobressai, como esperado já que a massa total da amostra
fornece contribuição magnética. Nas amostras de Fe60h-Ox é verificada uma
magnetização por volta de 15 emu/g, o que revelar que 34,9 % da amostra
contribui magneticamente com o sistema, enquanto na MF a magnetização é
inferior (10 emu/g) apesar dessa conter as mesmas quantidades de Fe60h e
Oxacilina que a Fe60h-Ox . Justifica-se o resultado por uma não uniformidade da
amostra MF.
Fig.13. Curvas de histerese das amostras com Oxacilina em comparação com o padrão
Fe60h.
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Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
O ensaio microbiológico foi realizado para verificar a integridade do
fármaco e manutenção de sua atividade farmacológica após o processo de
moagem. E como pode ser visto na figura 13 (Fig.13.), a placa apenas com
solução salina (E), cresce homogeneamente em todo o meio, enquanto a triplicata
de Fe60h-Ox (B), (C) e (D) formou um halo de inibição de 5,1 cm de diâmetro,
equiparável ao padrão de Oxacilina (A), comprovando que o fármaco resiste ao
processo proposto e mantém sua atividade bactericida.
Fig.14. Ensaio microbiológico de inibição de crescimento em placa: (A) controle com
Oxacilina; (B), (C) e (D) triplicata de Fe60h-Ox , e (E) controle com solução salina.
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Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
biomédicas
6. CONCLUSÃO
Em conclusão, nós reportamos uma metodologia simples e de baixo custo
para a produção de magnetita na forma de pó seco e fino. As características
estruturais das magnetitas obtidos foram estudadas e comparadas em função do
tempo de moagem, sendo escolhido o produto da reação de ferro e água
processado durante 60 horas de moagem como o de melhores características e,
portanto com boas perspectivas para vetorização.
Em adição foi descrito um processo diferenciado utilizando moagem de alta
energia em um moinho de bolos coloidal para fazer a interação da oxacilina
diretamente sobre a superfície da magnetita, que de acordo com as
caracterizações, não altera a molécula do fármaco e preserva a atividade
bactericida da molécula e a atividade magnética do vetor, confirmando o
desenvolvimento de um potencial sistema para tratamento de infecções
localizadas ocasionadas por Staphylococcus aureus.
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Nanopartículas de magnetita com oxacilina obtida por moagem de alta energia para aplicações
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7. APÊNDICE
7.1. ANEXAÇÃO DO ARTIGO
Título do Artigo:
Synthesis of magnetite nanoparticles by high energy ball milling
REVISTA:
Applied Surface Science
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7.2. ABSTRACT
We report on the preparation of magnetite nanoparticles, with size ranging from 12
nm to 20 nm, by high energy ball milling. The synthesis is made using
stoichiometric amounts of distilled water and metallic iron powder. The milled
powder samples were analyzed by Mossbauer spectroscopy (MS), X-ray
diffraction (XRD) and vibrating sample magnetometry (VSM). Our results indicate
that the milling time is a key parameter of the synthesis. By increasing the milling
time one achieves high purity magnetite samples. Also, the particle size decreases
with the milling time. The sample milled during 10h contained a fraction of 56 nm
metallic Fe particles and 20 nm magnetite particles. By increasing the milling time
to 96h we have obtained samples made of only 12 nm magnetite particles. MS
performed at room temperature showed a spectrum consisting of two sextets with
hyperfine parameters related to iron ions occupying octahedral (A) and tetrahedral
(B) sites. We have used a self-consistent method to investigate the impact of the
dipolar interaction to drive the system to a magnetically blocked regime.
Keywords: magnetite, iron, water, milling
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