COPPE/UFRJ ESTUDO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO APLICÁVEL À VEÍCULOS DE LOCALIZAÇÃO, INVESTIGAÇÃO E RESGATE SUBMARINO Alexandre Vianna Santana Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Max Suell Dutra Rio de Janeiro Agosto de 2010 ESTUDO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO APLICÁVEL À VEÍCULOS DE LOCALIZAÇÃO, INVESTIGAÇÃO E RESGATE SUBMARINO Alexandre Vianna Santana DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Max Suell Dutra, Dr -Ing. ________________________________________________ Prof. Jules Ghislain Slama, D. Sc. ________________________________________________ Prof. Felipe Maia Galvão França, Ph.D ________________________________________________ Dr. Alexandre Alves Santiago, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 2010 Santana, Alexandre Vianna Estudo do Comportamento Dinâmico Aplicável à Veículos de Localização, Investigação e Resgate Submarino/ Alexandre Vianna Santana. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010. XV, 140 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Max Suell Dutra Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Mecânica, 2010. Referencias Bibliográficas: p. 138-140. 1. Robótica submarina. 2. Cinemática. 3. Dinâmica. I. Dutra, Max Suell II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Mecânica. III. Titulo. iii AGRADECIMENTOS Primeiramente, não só agradeço como dedico esse trabalho aos meus pais, minha esposa e minha filha. Eles constituem parte integrante das vitórias da minha vida e são fontes de estímulo e amor, fundamentais para a conclusão dos projetos de vida. Também agradeço à minha irmã pelo amor e compreensão. Ao professor, orientador e amigo Max Suell Dutra, pela inestimável orientação que em muito transcendeu os limites da pesquisa estudada. Aos amigos que fiz no Laboratório de Robótica da COPPE ao longo de quase 3 anos de freqüência, em especial Ivanovich, Ricardo, Camilla, Omar, Magda e Fausto Hirata , que tantas vezes expuseram a mim suas visões valiosas e apoio constante. Ao Prof. Alexandre Santiago pela colaboração desde a concepção até a revisão e fechamento deste trabalho. Aos Chefes da Marinha do Brasil, em especial CA Alan, CA Deiana, CMG Nigri e CF Neves pela oportunidade e ETM Maffei e ETM Sislei, por sempre estarem solícitos a me ajudar, seja com uma palavra de apoio e de amizade ou com revisões, correções e opiniões sempre pertinentes. Agradeço também ao suporte oferecido pela Marinha do Brasil para a realização deste trabalho. Finalmente, agradeço a Deus, por ter me agraciado com mais esta realização. iv Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) ESTUDO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO APLICÁVEL À VEÍCULOS DE LOCALIZAÇÃO, INVESTIGAÇÃO E RESGATE SUBMARINO Alexandre Vianna Santana Agosto/2010 Orientador: Max Suell Dutra. Programa: Engenharia Mecânica Em geral, sistemas baseados em veículos remotamente operados têm crescido de importância em várias atividades de inspeção e intervenção submarina, dentre elas, destaca-se a localização e o resgate de submarinos sinistrados em locais que o uso de mergulhadores é inviável. Esta dissertação propõe um modelo genérico para a cinemática e dinâmica de um veículo genérico utilizado em operações com submarinos sinistrados e investiga mecanismos para controlar a atitude do mesmo. A abordagem adotada é inspirada na modelagem dinâmica de Veículos Operados Remotamente (ROVs) e Veículos Subaquáticos Autônomos (AUVs), incluindo o efeito das correntes marinhas. Além disso, apresenta o desenvolvimento conceitual de um controlador robusto de posição. Este tipo de controle é importante, uma vez que em muitas situações deseja-se levar o veículo para determinada posição para a realização de alguma tarefa. Após um desenvolvimento teórico, um exemplo é apresentado, tendo-se como referência veículos submarino cujos parâmetros do modelo são conhecidos. Apesar da complexidade e da não-linearidade da dinâmica do veículo, os resultados das simulações atestam que o sistema de controle desenvolvido apresenta um desempenho aceitável em condições normais de operação. v . Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) STUDY OF DYNAMIC BEHAVIOUR APPLICABLE TO SEARCH AND RESCUE UNDERWATER VEHICLES Alexandre Vianna Santana August /2010 Advisor: Max Suell Dutra Department: Mechanical Engineering In general, systems based on remotely operated vehicles have grown in importance in various activities of underwater inspection and intervention, among them stands out the search and rescue submarine operations. Mainly, in places that the use of divers is not feasible. This dissertation proposes a generic model for the kinematics and dynamics of a generic vehicle used in operations with submarine disaster victims and investigates mechanisms to control the attitude of it. The approach is inspired by the dynamic modeling of Remotely Operated Vehicles (ROVs) and Autonomous Underwater Vehicles (AUVs), including the effect of ocean currents. Moreover, it presents the conceptual development of a robust controller position. This type of control is important, since in many situations one wishes to take the vehicle for a particular position to perform some task. After a theoretical development, an example is presented, taking as reference undersea vehicles whose model parameters are known. Despite the complexity and non-linearity of vehicle dynamics, the results of simulations show that the control system has developed an acceptable performance in normal operation. vi SUMÁRIO ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... XI ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................... XIV ABREVIATURAS............................................................................................ XV 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1 1.1 Motivação ................................................................................................... 1 1.2 Estado da Técnica...................................................................................... 3 1.3 Objetivos desta Dissertação ...................................................................... 9 1.4 Revisão Bibliográfica............................................................................... 10 1.5 Modelos Matemáticos de Veículos Marinhos........................................ 11 1.6 Dinâmica de Cabos Umbilicais............................................................... 17 1.7 Modelo das Solicitações Ambientais ...................................................... 19 1.7.1 Espectro de Pierson-Moskowitz ................................................................. 20 1.7.2 Espectro de JONSWAP............................................................................... 21 1.8 Esforços Hidrodinâmicos ........................................................................ 22 1.8.1 Massa Adicionada ...................................................................................... 23 1.8.2 Arrasto ou dissipação hidrodinâmica ........................................................ 24 1.9 Estratégias de Controle Aplicáveis ........................................................ 25 1.10 Organização da Dissertação ................................................................... 25 1.11 Resumo das principais hipóteses simplificadoras................................. 27 2 MODELAGEM DE VEÍCULOS SUBMARINOS........................................ 28 vii 2.1 Modelo Cinemático.................................................................................. 29 2.1.1 Sistemas de Coordenadas........................................................................... 29 2.1.2 Sistema de Coordenadas – Fundamentos Teóricos.................................... 30 2.1.3 Ângulos de Euler ........................................................................................ 33 2.1.4 Conversão das Velocidades de Translação do Sistema Móvel Para o Sistema Inercial ......................................................................................... 34 2.1.5 2.2 Conversão das Velocidades de Rotação Para o Sistema Inercial ............. 36 Modelo Dinâmico..................................................................................... 37 2.2.1 Influências sobre o comportamento dinâmico do veículo. ......................... 37 2.2.2 Forças restaurativas................................................................................... 38 2.2.3 Esforços Inerciais ....................................................................................... 40 2.2.4 Esforços hidrodinâmicos ............................................................................ 41 2.3 Dinâmica................................................................................................... 44 2.3.1 3 Corpo rígido e os sistemas de referência ................................................... 46 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA ............................................................... 48 3.1 Introdução ................................................................................................ 48 3.2 Metodologias Usuais em Análise de Cabos ........................................... 49 3.2.1 Análise dinâmica de cabos ......................................................................... 52 3.3 Objetivo .................................................................................................... 55 3.4 Implementação Computacional ............................................................. 55 3.4.1 Metodologia adotada - 1ª abordagem ....................................................... 56 3.4.2 Metodologia adotada - 2ª abordagem ....................................................... 61 4 MODELAGEM COMPUTACIONAL DO VEÍCULO SUBMARINO GENÉRICO ...................................................................................................... 69 4.1 Introdução ................................................................................................ 69 4.2 Modelagem matemática de sistemas dinâmicos.................................... 70 4.2.1 Características dos sistemas ...................................................................... 70 viii 4.2.2 Função de transferência............................................................................. 72 4.2.3 Diagrama de Blocos ................................................................................... 73 4.2.4 Modelagem no espaço de Estados.............................................................. 74 4.2.5 Linearização de modelos matemáticos não-lineares ................................. 76 4.2.6 Aspectos da codificação computacional..................................................... 77 4.3 Contextualizando a modelagem do Veículo de Resgate ....................... 78 4.3.1 Simulação do sistema dinâmico do veículo usando Simulink® ................ 78 4.3.2 Aspectos cinemáticos – posições e velocidades ......................................... 81 4.4 Codificação das Funções da Cinemática ............................................... 86 4.5 Codificação da Notação para Veículos Marinhos de 6 GDL. .............. 87 4.6 Codificações de Funções.......................................................................... 89 4.7 Sistema de Coordenadas para a Corrente Marinha............................. 89 4.8 Dinâmica do Corpo Rígido ..................................................................... 90 5 SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS ........................................................ 94 5.1 Considerações sobre a estrutura do veículo de resgate........................ 94 5.2 Aspectos sobre massa, massa adicional e inércia do veículo. .............. 95 5.3 Forças de Coriolis .................................................................................... 97 5.4 Forças de Amortecimento ....................................................................... 97 5.5 Forças Restauradoras ........................................................................... 109 5.6 Modelo completo.................................................................................... 109 5.7 Simulações e resultados em malha aberta........................................... 110 6 6.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE TEORIAS DE CONTROLE APLICÁVEIS. 116 Introdução .............................................................................................. 116 ix 6.2 Necessidade de modelagem................................................................... 116 6.3 Controle não-linear ............................................................................... 117 6.4 Representação de sistemas dinâmicos lineares ................................... 117 6.5 Formulação do espaço de estados ........................................................ 117 6.6 Controlador PID .................................................................................... 118 6.7 Sintonia Heurística ................................................................................ 121 6.8 Controle Ótimo ...................................................................................... 121 6.9 Controle Fuzzy....................................................................................... 124 6.10 Comentários Adicionais ........................................................................ 125 6.11 Modelo Linear para aplicação do controle de atitude do veículo ..... 126 6.12 Controlador Linear de Atitude ............................................................ 129 7 CONCLUSÕES....................................................................................... 135 7.1 Resultados Alcançados .......................................................................... 135 7.2 Aspectos relevantes observados e considerados.................................. 135 8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................... 137 9 LISTA DE REFERÊNCIAS ..................................................................... 138 x ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1 Estado da Técnica - Técnicas de resgate......................................................... 2 Figura 1.2 Estado da Técnica - DSRV-2 AVALON. ....................................................... 4 Figura 1.3 Estado da Técnica - Veículo de Operação Remota Super Scorpio. ................ 5 Figura 1.4 Estado da Técnica - Conceito de sino de resgate utilizado no Brasil – McCann Bell................................................................................................... 7 Figura 1.5 Estado da Técnica - Veículo de resgate - REMORA..................................... 8 Figura 1.6 Estado da Técnica - Conceito do Módulo de salvamento PRMS da US e Royal Navy..................................................................................................... 8 Figura 1.7 Situação em estudo (fonte: SANTANA, DUTRA E SANTIAGO,2009)..... 11 Figura 1.8 Sistemas de referência – sítio www.oceanica.ufrj.br .................................... 12 Figura 1.9 Rotações entre sistemas de referência........................................................... 13 Figura 1.10 Diagrama de equilíbrio de elemento do cabo.............................................. 17 Figura 1.11 Discretização do cabo em elementos cilíndricos ........................................ 19 Figura 1.12 Espectro de Pierson-Moskowitz.................................................................. 21 Figura 1.13 Comparação dos espectros PM X JONSWAP ............................................ 21 Figura 2.1 Sistemas de coordenadas referenciais ........................................................... 31 Figura 2.2 Sistemas de Coordenadas Móvel e Inercial .................................................. 33 Figura 2.3 Movimentos de Balanço, Caturro e Guinada (roll, pitch e yaw) .................. 35 Figura 2.4 Efeitos do empuxo e do peso em um corpo submerso. ................................. 38 Figura 2.5 Instabilidade do corpo submerso até o alinhamento dos centros de gravidade e de carena. ................................................................................................... 39 Figura 2.6 Cilindro sob ação das forças de inércia e arrasto .......................................... 42 Figura 3.1 Diagrama de equilíbrio de elemento do cabo............................................... 49 Figura 3.2 Sistemas de Coordenadas Móvel e Inercial .................................................. 51 Figura 3.3 Diagrama de Forças ...................................................................................... 59 Figura 3.4 Tela inicial da simulação do perfil do cabo umbilical ................................. 60 Figura 3.5 Resultado da simulação do perfil do cabo umbilical ................................... 60 Figura 3.6 Método de massas concentradas .................................................................. 61 Figura 3.7 Modelagem dos elementos discretos do cabo umbilical segundo o modelo massa-mola-amortecedor.............................................................................. 62 Figura 3.8 Definição dos ângulos α i e βi com a orientação do cabo no espaço......... 66 xi Figura 3.9 Esforços no cabo umbilical segundo dados apresentados na tabela anterior 67 Figura 3.10 Perfil do cabo umbilical segundo dados apresentados na tabela anterior para 300s de simulação......................................................................................... 68 Figura 4.1 Linearização por partes ................................................................................. 70 Figura 4.2 Definição da propriedade da homogeneidade de sistemas lineares. ............ 71 Figura 4.3 Definição da propriedade da aditividade de sistemas lineares...................... 71 Figura 4.4 Exemplo de diagrama de blocos. ................................................................. 73 Figura 4.5 Exemplo de diagrama de blocos de sistema em malha fechada.................... 74 Figura 4.6 Espaço de estados n-dimensional.................................................................. 75 Figura 4.7 Diagrama de bloco do veículo de resgate em estudo .................................... 79 Figura 4.8 Diagrama de bloco do veículo de resgate em estudo .................................... 80 Figura 5.1 Projeto conceitual testado ............................................................................. 94 Figura 5.2 Projeto conceitual dos lemes direcionais ...................................................... 95 Figura 5.3 Ponto considerado para a aplicação das forças sobre o leme...................... 100 Figura 5.4 Forças aplicadas no ponto ........................................................................... 100 Figura 5.5 Codificação do modelo – função Vxdot...................................................... 110 Figura 5.6 Template da simulação do comportamento do veículo sem nenhum esforço de cabo ou corrente atuando sobre o veículo de resgate com propulsão de 10N . ........................................................................................................... 113 Figura 5.7 Gráfico da evolução da posição do ponto P do modelo .............................. 113 Figura 5.8 Template da simulação com esforços de cabo e corrente atuando sobre o veículo de resgate . ..................................................................................... 114 Figura 5.9 Gráfico da simulação referente a posição do ponto P do modelo com o template da figura 5.8 ................................................................................. 114 Figura 5.10 Simulação comparativa da posição do ponto P do modelo com e sem esforços de cabo e de corrente marinha atuante. ........................................ 115 Figura 6.1 Diagrama de blocos da formulação no espaço de estados. ........................ 118 Figura 6.2 Exemplo de controle PID. .......................................................................... 119 Figura 6.3 Exemplo de controle P ............................................................................... 120 Figura 6.4 Exemplo de controle I ................................................................................. 120 Figura 6.5 Exemplo de controle D................................................................................ 120 Figura 6.6 – Modelo linearizado................................................................................... 126 Figura 6.7 Movimentação do veículo em roll.............................................................. 128 Figura 6.8 Movimentação do veículo em Pitch........................................................... 128 xii Figura 6.9 Modelo de sensores .................................................................................... 131 Figura 6.10 Modelo de Atuadores ............................................................................... 131 Figura 6.11 Modelo do sistema em malha fechada usando um Regulador Quadrático Linear ( LQR) ............................................................................................. 132 Figura 6.12 Resultado da simulação proposta do veículo sujeito a ruídos e perturbações ambientais................................................................................................... 133 Figura 6.13 Resultado da simulação proposta do veículo sujeito a ruídos e perturbações ambientais e a tensão no cabo umbilical calculada no capítulo 3 ............. 133 Figura 6.14 Resultado da simulação proposta do veículo sujeito a ruídos e perturbações ambientais com propulsão reduzida (10 N)............................................... 134 xiii ÍNDICE DE TABELAS Tabela 2.1 Notação [SNAME/1950] de movimentos, forças e momentos relativos...... 30 Tabela 3.1 Tabela de entradas para a simulação de esforços e posicionamento do cabo com a 1º metodologia ................................................................................... 59 Tabela 3.2 resultados para a simulação – 2º abordagem ................................................ 67 Tabela 5.1 – Dados utilizados....................................................................................... 111 Tabela 5.2 Resumo das variáveis utilizadas na simulação 6 ....................................... 112 Tabela 6.1 Exemplos de controle retroalimentado ...................................................... 116 Tabela 6.2 Método de Ziegler-Nichols....................................................................... 121 xiv ABREVIATURAS ROV Remotely Operated Vehicle ROTV Remotely Operated Towed Vehicle UUV Unmanned Underwater Vehicle AUV Autonomous Underwater Vehicle DOF Degree of Freedom PID Proporcional, Integral e Derivativo SISO Single-input-single-output MIMO Multiple-input-multiple-output LQR Linear Quadratic Regulator LQG Linear Quadratic Gaussian LTR Loop Transfer Recovery xv 1 INTRODUÇÃO 1.1 Motivação Até pouco tempo, os navios somente navegavam sobre a superfície das águas, mas o advento do submarino permitiu que o fundo do mar também se tornasse um universo a ser explorado. Esta invenção permitiu lutar, com algumas vantagens, em batalhas militares, além de permitir a execução de explorações submarinas civis com os mais variados objetivos. A sobrevivência durante meses, ou até mesmo anos, abaixo da superfície do mar é considerada uma das maiores vitórias da ciência marítima e naval. Porém, quando um submarino sofre um acidente e vai de encontro ao leito marinho em conseqüência de uma colisão ou devido a uma explosão a bordo, uma operação de localização e resgate do submarino acidentado ou sinistrado é iniciada. Missões de localização, em uso atualmente podem ser, as chamadas “localização em alcatéia”, com o uso de diversos veículos comunicando-se entre si, ou missões que utilizam veículos singelos, com sensores (sonares, câmeras) que permitam a localização do sinistro. Em geral, a operação de resgate consiste em enviar algum veículo de resgate tripulado, ou operado remotamente para a retirada da tripulação ou prender algum tipo de dispositivo para içar o submarino do fundo do mar. Outross veículos são utilizados, ainda, para fins acadêmicos e científicos, uma vez que podem ser instrumentos de estudos ecológicos de habitats do mar profundo e obter fotografias e filmagens, de alta qualidade, de locais anteriormente inacessíveis. A indústria de petróleo e gás é a maior usuária de veículos submarinos. Estes ajudam na perfuração, instalação e construção de estruturas submersas. Eles são primordiais em reservas que estão situadas a profundidades de 2000m ou mais, logo inacessíveis para mergulhadores. Na lista de veículos importantes em operações submarinas, incluem minisubmarinos chamados veículos de resgate de submersão profunda (DSRV), sinos de mergulho (SRC) rebocados por uma embarcação de apoio ou veículos submarinos teleoperados ou independentes. 1 O resgate é efetuado após a localização do submarino e pode ser feito utilizando uma dentre as diversas técnicas de resgate existentes. Cada técnica apresentada na Figura 1.1 tem vantagens e desvantagens que, dependendo das condições ambientais reinantes e das circunstâncias do acidente, devem ser levadas em conta. Figura 1.1 Estado da Técnica - Técnicas de resgate. Quando o acidente ocorre, por exemplo, em área com condições ambientais adversas (ondas, ventos e correntes), em cotas onde não é possível o emprego de mergulhadores ou quando o submarino sinistrado está em uma posição ou ângulo que dificulta o acoplamento do veículo de resgate, estudos prévios contribuiriam para o sucesso desta missão de resgate. Estes estudos poderiam incluir, por exemplo, a previsão de comportamento do aparato de resgate disponível e a sua aplicabilidade a uma determinada missão de resgate. 2 A previsão do comportamento de veículos submarinos rebocados, teleoperados ou independentes submetidos às solicitações ambientais externas é seguramente uma área de pesquisa das mais importantes hoje em dia. Especialmente, se a antecipação de determinada situação adversa e a conseqüente correção da atitude do veículo for possível de ser obtida. O resgate de tripulantes de submarinos sinistrados utilizando-se destes veículos é abordado na literatura técnica em diversos níveis de abrangência, porém nota-se que este problema não está totalmente resolvido ou esgotado. Dezenas de novas e antigas técnicas de resgate continuam sendo simuladas, testadas e executadas mundo afora, por isto, entende-se que a revisitação teórica deste problema no contexto nacional mostra-se extremamente pertinente. O projeto conceitual de sistemas de resgate e salvamento de submarinos, capazes de suportar determinadas condições operacionais de maneira eficiente ainda tem se constituído em um desafio estimulante aos engenheiros e aos departamentos técnicos das marinhas de todo o mundo. Condições ambientais adversas, solicitações da embarcação de apoio e o posicionamento do submarino sinistrado após o acidente, mesmo com todo avanço no campo da exploração marinha, continuam sendo obstáculos ao sucesso deste tipo de missão. 1.2 Estado da Técnica Quando o submarino americano Squalus afundou a uma profundidade de 75 metros nas águas costeiras da Nova Inglaterra (EUA), não existiam métodos estabelecidos de resgate ou equipamentos especializados. A solução para a época (1939) foi a utilização de um batiscafo. O batiscafo é uma pesada plataforma recoberta por um revestimento em forma de sino. O aparelho é estabilizado de forma a não adernar, e cria um bolsão de ar em seu interior. Porém, após o naufrágio de dois submarinos nucleares dos EUA, respectivamente em 1963 e 1968, a marinha americana decidiu reforçar seu esforço de resgate submarino. Em 1964, o programa naval de engenharia oceânica criou o Projeto de Sistemas de Submersão Profunda (DSSP), para desenvolver veículos de resgate 3 profundo (DSRV) capazes de mergulhar e de se fixar aos cascos de submarinos naufragados, permitindo que os marinheiros escapassem em segurança. Os primeiros DSRV estavam prontos para testes em 1970. Depois da conclusão de exercícios bem-sucedidos de resgate, os DSRV foram entregues à marinha e entraram em serviço em 1971, portando os nomes Mystic e Avalon. Figura 1.2 Estado da Técnica - DSRV-2 AVALON. O Mystic e o Avalon (Figura 1.2) têm quase 15 metros de comprimento e pesam aproximadamente 50 toneladas. A capacidade máxima de mergulho é de 1,5 mil metros, e eles são equipados com um radar Doppler e três tipos de sonar, bem como uma câmera fotográfica de 35 milímetros para enviar informações à superfície. Os DSRV requerem tripulação de quatro marinheiros e cada um deles pode transportar, no máximo, 24 passageiros [fonte: http:ciência.hsw.uol.com.br]. Os Veículos de operação remota são parte crucial dos esforços de resgate profundo. Usualmente são acopladas a outro submarino ou navio. Conhecidos pela sua sigla em inglês ROVs (Remote Operated Vehicles), estes veículos compreendem uma estrutura submersível, cuja massa é equilibrada por flutuadores fixos ao veículo. Em caso de anomalia no controle, estes flutuadores permitem uma flutuabilidade positiva do conjunto possibilitando assim o resgate do sistema, ou então uma flutuabilidade 4 negativa, quando a emersão do equipamento pode causar acidente com alguma embarcação. Normalmente estes veículos são compostos dos seguintes componentes: Figura 1.3 Estado da Técnica - Veículo de Operação Remota Super Scorpio. • Propulsores para o seu deslocamento submerso; • Equipamentos de foto e vídeo; • Equipamentos eletrônicos e hidráulicos; • Braço manipulador com sete graus de liberdade; e • Braço manipulador com cinco graus de liberdade. Os veículos podem ser elétricos ou eletro-hidráulicos. Os elétricos são menores e mais leves e possuem todos os seus componentes acionados eletricamente através de um cabo umbilical, que fornece os sinais de controle e a energia da superfície. Já os eletrohidráulicos têm seus equipamentos mecânicos acionados por uma unidade hidráulica localizada no próprio veículo, que por sua vez recebe força elétrica igualmente da superfície. Um exemplo de ROV especializado em operações de apoio ao resgate é apresentado na Figura 1.3. 5 As Câmaras de Resgate Submarino (SRCs) ou sinos de resgate são casulos de metal que podem ser fixadas ou presas a um submarino sinistrado. As câmaras se mantêm pressurizadas e permitem a extração segura da tripulação. Assim que os homens estiverem a bordo, a SRC sobe à superfície em ritmo seguro. Existe uma unidade semelhante chamada Sistema Transportável de Câmera de Compressão (TCRS), usado para evacuar e normalizar a compressão de tripulantes de veículos de mergulho profundo. Uma escotilha de transferência forma uma conexão firme entre o submarino e a TRCS, e isso permite que pessoal médico entre no submarino em ambiente de pressurização equilibrada. Como a SRC, a TRCS é puxada à superfície por um cabo e a tripulação passa por compressão gradativa. No Brasil, o Aparato de resgate disponível adotado pela Marinha do Brasil é do tipo, Submarine Rescue Chamber (SRC) / McCann Bell, ou sino de resgate de especificação norte-americana. O sino de resgate McCann Bell, Figura 1.4, sofre severas limitações quando exposto às correntes muito fortes, quando necessita acoplar em um submarino pressurizado ou quando o submarino sinistrado está posicionado em ângulos extremos. Ainda hoje, a Marinha Americana, possui 2 (dois) sinos que podem ser rapidamente transportados para um navio de suporte ou socorro a serem utilizados no local do acidente. Os sinos (SRC) são capazes de atuar em resgates em profundidades até 260 metros em um ângulo máximo de 30º e podem ser acoplados ao submarino sinistrado através de um cabo-guia que é fixado em um conector especial no escotilhão de escape do submarino de resgate. O sino de resgate consiste em uma câmara de aço em forma de sino, tanques de lastro, engrenagem ou polia de içamento e é dividido em compartimento superior e inferior por uma antepara com um escotilhão estanque à água em seu centro. O sino McCann bell pesa 9797 Kg (seco) e mantém 453Kg de reserva de flutuabilidade (especificação 9594-AE-GTP-010/DISABLE SUB – Naval Sea Systems Command). O compartimento superior é mantido à pressão atmosférica. O compartimento inferior é aberto para o mar e a água é drenada na operação de acoplamento. Os tanques 6 de lastro são normalmente secos, mas, podem ser usados para alterar o ângulo de acoplamento para no máximo 30º. Mergulhadores ou um veículo (Remotely Operated Vehicle - ROV) deverão fixar o cabo-guia no escotilhão de resgate do submarino sinistrado. O sino (SRC) utilizará o cabo-guia para direcioná-lo até o submarino. Logo após, o SRC acopla-se ao submarino. Um selo é formado pela diferença de pressão gerada após a remoção de água do compartimeno inferior. Quando a pressão é equalizada entre o submarino e o SRC, o escotilhão pode ser aberto e os náufragos transferidos para o SRC. Figura 1.4 Estado da Técnica - Conceito de sino de resgate utilizado no Brasil – McCann Bell O veículo de resgate submarino australiano REMORA, Figura 1.5, é um ROV (veículo de operação remota) de 16,5 toneladas construído sobre um sino de resgate. Possui compartimento para 7 (sete) pessoas, podendo ser um tripulante e seis náufragos. É capaz de operar na cota de 500m, com correntes marinhas de cerca de 3 nós e com o dispositivo de acoplamento do submarino sinistrado a cerca de 60º da vertical 7 O veículo é energizado e controlado através de um umbilical de 914m que provê energia para as unidade hidráulicas. Figura 1.5 Estado da Técnica - Veículo de resgate - REMORA O REMORA e sua câmara (sino associado) ainda representam o estado da técnica na tecnologia de resgate de submarinos, como também é o único sistema considerado “portátil” de resgate capaz de resgatar e transferir sobre pressão, extremos ângulos e profundidades significativas. Figura 1.6 Estado da Técnica - Conceito do Módulo de salvamento PRMS da US e Royal Navy A US Navy mantêm, atualmente, o PRMS (Pressurised, Rescue Module System - Figura 1.6) substituto dos atuais submarinos tripulados destinados a esta função na US-Navy e Royal Navy. Denominou-se este programa de HADES, ou simplesmente Submarino não Tripulado de Resgate. 8 Diferentemente dos sinos de resgate cuja escotilha fixa dificulta o contato, este semi-esférico basculante auxilia o acoplamento, a diferentes ângulos, permitindo o ajuste deste em quaisquer condições e ângulos de inclinação. 1.3 Objetivos desta Dissertação Unmanned Underwater Vehicles (UUV) ou veículos remotos não-tripuladados são intensamente pesquisados mundialmente para diversas aplicações. Os benefícios operacionais e operativos de veículos submarinos baseados em tecnologia UUV podem ser extremamente valiosos ainda que os desafios de uma integração sejam significativos. O termo UUV normalmente inclui: Remotely Operated Vehicles (ROVs) – veículos remotamente operados, Autonomous Underwater Vehicles (AUVs) – veículos submarinos autônomos e Remotely Operated Towed Vehicles (ROTVs) – veículos rebocados remotamente operados. Sabe-se que Veículos autônomos submarinos, ou AUVs (Autonomous Underwater Vehicles), tem aplicação limitada atualmente, mas são objeto de intensa pesquisa em laboratórios ao redor do mundo. Futuramente, estes veículos realizarão rotineiramente missões de inspeção de equipamentos, tubulações e cabos, mapeamento de regiões submarinas, atendendo às demandas militares, da indústria petrolífera e de telecomunicações. Devido ao fato de não estarem fisicamente ligados ao navio de apoio, a operação eficiente dos AUVs, diferentemente dos ROV e RTOV, encontra problemas adicionais referentes a armazenamento de energia e transmissão de dados. Em função da rápida atenuação de ondas eletromagnéticas na água, a comunicação acústica se torna a única alternativa viável. No entanto, ela ainda impõe sérias limitações. Esta forma de comunicação é principalmente limitada pela velocidade de propagação do som na água, por volta de 1500m/s, e pelo aumento da atenuação com a frequência do som. Assim, a comunicação acústica sempre sofre um atraso, devido à velocidade de propagação, e sua banda decresce em função do alcance. Outro desafio para o projeto de AUVs está em sua navegação e controle. Estes necessitam de informações confiáveis sobre a localização e atitude do veículo, o que é obtido através de complexos sistemas de fusão sensorial. O controle de alto-nível, 9 permitindo a programação de combinações de tarefas como navegação, seguimento de fundo ou retorno à base, ainda constitui objeto de intensa pesquisa. Para as operações envolvendo submarinos sinistrados o Brasil dispõe de uma embarcação de apoio com posicionamento dinâmico, veículos remotamente operados (ROV) e um aparato para resgate por sino de mergulho (SRC). Estes fatos são considerados para o estudo em tela e o base das proposições para novos equipamentos e expansão dos limites operacionais do conceito projeto atualmente em uso no pais. Assim, esta dissertação almeja os seguintes objetivos: • Apresentar o Estado da Técnica dos veículos ou aparatos mecânicos utilizados para operações de localização, investigação, salvamento e resgate de submarinos sinistrados. • Desenvolver um modelo matemático para avaliar e simular o comportamento dinâmico de um veículo genérico, além de observar como algumas perturbações (cabos umbilicais e corrente marinha) influenciam o comportamento dinâmico de todo o aparato, constituído pelo Navio de apoio, o cabo umbilical e o veículo propriamente dito. • Apresentar um modelo computacional em ambiente MATLAB/SIMULINK que permita a manipulação deste problema tanto para sistemas de apoio à decisão como para sistemas de controle do posicionamento e atitude do veículo para futuras utilizações em problemas de resgate de submarinos sinistrados. 1.4 Revisão Bibliográfica Esta seção apresenta uma breve revisão das fontes bibliográficas pesquisadas organizadas por temas. A dissertação abordará um sistema dinâmico composto pelo Navio ou embarcação de apoio, cabo umbilical e veículo de resgate submarino sujeito às condições ambientais reinantes, conforme ilustrado na Figura 1.7. Neste contexto, a utilização de cabos umbilicais mesmo para veículos de localização encontra sustentação. Porém, o uso de cabo umbilical conectado a embarcação de apoio na superfície, implica na sujeição deste sistema dinâmico à ação de ondas, correntes e ventos. Estes efeitos ambientais, adicionados do posicionamento 10 dinâmico da embarcação, representam distúrbios ao posicionamento do veículo submarino genérico (localização ou resgate) tendo seus efeitos acoplados até a determinação do esforço resultante na outra extremidade do cabo, conectada ao veículo. Este cenário, em que o cabo umbilical se encontra totalmente estendido e tensionado, exemplificam uma das principais fontes de distúrbios ao posicionamento do veículo submarino genérico, que serão exploradas neste trabalho. Desta forma, no sentido de prover subsídios para projetos que certamente serão necessários nesta área da engenharia nos próximos anos; tópicos sobre modelagem dinâmica de navios, umbilicais, e veículos submarinos; solicitações ambientais reinantes, esforços hidrodinâmicos, técnicas para o controle de posição do veículo e acoplamento do veículo com o submarino sinistrado, serão tratados e alguns simulados. Figura 1.7 Situação em estudo (fonte: SANTANA, DUTRA E SANTIAGO,2009) 1.5 Modelos Matemáticos de Veículos Marinhos FOSSEN (1994) discutiu um modelo clássico baseado na analogia com a robótica, no qual a dinâmica do casco é tradicionalmente determinada a partir dos princípios das leis de Newton de movimento aplicadas a um corpo rígido que se move em um fluido. O modelo dinâmico é composto de dois sistemas de coordenadas (Figura 1.8): um deles fixa a um ponto do casco (xB, yB, zB), e outro fixo a terra (xE, yE, zE), e seis graus de liberdade: três translacionais e três rotacionais: translacionais (avanço ou 11 surge, deriva ou sway, afundamento ou heave) e rotacionais (jogo ou roll, caturro ou picth, guinada ou yaw). Na modelagem de veículos submarinos também é conveniente trabalhar com estes dois sistemas de referência. Com isso, a dinâmica é modelada no referencial do corpo. Durante as simulações, em cada passo de integração das equações diferenciais, efetuam-se transformações para o referencial inercial. D’SOUZA E GARG (1984) apontam, como uma vantagem desse procedimento, o fato dos momentos de inércia do veículo permanecerem constantes em relação ao referencial do corpo para qualquer orientação do veículo. Além disso, a redução de ordem necessária para a solução numérica das equações diferenciais representativas da dinâmica do veículo já é feita automaticamente durante a modelagem. Assim, a dinâmica do veículo com seis graus de liberdade não é modelada por seis equações diferenciais de segunda ordem, mas por doze equações diferenciais de primeira ordem. Figura 1.8 Sistemas de referência – sítio www.oceanica.ufrj.br As relações cinemáticas são obtidas através de três transformações lineares sucessivas, que representam as rotações necessárias para coincidir as direções dos eixos do sistema de referência fixo com as do sistema móvel. Como as matrizes finais são obtidas por operações que envolvem o produto das matrizes de rotação (que é uma 12 operação não necessariamente comutativa), a ordem escolhida para as rotações influencia o resultado final. Figura 1.9 Rotações entre sistemas de referência Trabalhando-se com ângulos de Euler, a transformação é obtida a partir de uma seqüência de rotações em torno de cada um dos eixos coordenados (Figura 1.9). Com isso, gera-se uma matriz de transformação cujos elementos são funções trigonométricas dos ângulos de orientação do corpo rígido. Multiplicando a matriz de transformação pelo vetor expresso num referencial, obtém-se a representação desse vetor em outro referencial. FOSSEN (1994) orienta que na obtenção das equações de movimento de Navios e veículos submarinos, o trabalho é simplificado observando as seguintes premissas: a) O veículo é rígido; e b) O sistema de coordenadas fixado na terra é inercial. Assim, equação geral de corpos rígidos com 6 (seis graus de liberdade) de acordo com a notação SNAME (1950) pode ser estabelecida. A dinâmica do navio pode ser escrita, de forma simplificada, como (1.1): (1.1) M υ + C (υ )υ + D(υ )υ + g (η ) = τ RB 13 Onde: υ é o vetor velocidade do Navio ou veículo; υ é o vetor aceleração do Navio ou veículo; η representa a posição e a atitude do Navio ou veículo; τ representa o somatório dos esforços externos; M quantifica a inércia do Navio ou veículo no ar adicionada das inércias da massa adicionada ; C (υ )υ corresponde aos esforços relacionados com a aceleração centrípeta e de Coriólis; D (υ )υ corresponde aos esforços de dissipação hidrodinâmica; e g (η ) corresponde aos esforços gravitacionais e de empuxo. υ = [u, v, w, p, q, r ]T (1.2) τ RB = [ X , Y , Z , K , M , N ]T São os vetores velocidade angular e linear do sistema de coordenadas fixos no corpo e o vetor generalizado das forças e momentos externos respectivamente. As componentes dos vetores velocidade linear dos sistemas de referência móvel υ1 e inercial η1 relacionam-se através do operador de transformação não linear J1 definido como: (1.3) η1 = J1 (η 2 )υ1 14 Analogamente, as componentes dos vetores velocidade angular dos sistemas de referência móvel e inercial relacionam-se através do operador de transformação não linear J 2 definido como: η2 = J 2 (η 2 )υ2 (1.4) A matriz de inércia M é formada pela massa (m), momentos de inércia (Ix, Iy, Iz), produtos de inércia (Ixy , Iyz , Ixz ) e coordenadas do centro de gravidade no referencial do corpo ( XG , YG ,ZG ). Note que nos esforços em (1.1) os operadores C (υ )υ e D (υ )υ são funções da velocidade do veículo e caracterizam esforços não-lineares. Adicionalmente, estes sistemas estão sujeitos à variação paramétrica com as condições de operação, ou seja, é possível que ocorram variações dos coeficientes de arrasto hidrodinâmico em função da velocidade ou de massa adicionada em função da aceleração e da inércia com a variação da posição, velocidade e aceleração. As dinâmicas das velocidades nos diferentes graus de liberdade são acopladas, ou seja, a velocidade em uma direção ou grau de liberdade contribui para a dinâmica ou movimento do veículo em um grau de liberdade diferente. A correnteza marítima e a dinâmica do cabo umbilical são dinâmicas externas ao veículo. Estas dinâmicas não modeladas e externas ao sistema correspondem aos distúrbios em um sistema de controle. Outras dinâmicas não modeladas do sistema correspondem às perturbações no sistema de controle. Estas perturbações, ao contrário da variação paramétrica, correspondem a fenômenos não considerados no modelo e, por isso, são também chamados de incerteza não-estruturada. As principais referências para o tipo de veículo em estudo neste trabalho são os modelos matemáticos que descrevem o comportamento dinâmico de ROVs, ROTVs e AUVs. A temática do controle de posição de veículos marinhos ganhou força pelo invento de Elmer Sperry (1911) chamado de agulha giroscópica, que permitiu o 15 primeiro controle em malha fechada que compensava os estados de mar usando controle retroalimentado e ajuste automáticos de ganho. Em 1922, Nicholas Minorsky apresentou uma análise detalhada do controle de posição retroalimentado onde ele formulou o controle a três termos, hoje mundialmente conhecido como controle PID. NOMOTO & HATTORI (1986) abordaram as características hidrodinâmicas de um veículo (ROV – DOLPHIN 3K) específico e analisaram a manobrabilidade do veículo através de simulações em computador. ISHIDERA ET AL. (1986) avaliaram o veículo MURS 300 Mark II, e elaboraram para 6 (seis) graus de liberdade o modelo matemático do mesmo. onde, com o auxílio de um tanque de provas, os esforços hidrodinâmicos foram determinados ( em função das velocidades de translação e rotação do veículo). DOMINGUEZ (1989) comparou diversas modelagens, existentes até então. Onde realizou comparações dos equacionamentos propostos por NOMOTO & HATTORI (1986) e ISHIDERA, TSUSAKA, ITO, OISHI, CHIBA & MAKI (1986). Além disto, desenvolveu um programa de simulaçãoo de veículos remotamente operados onde avaliou técnicas de controle do tipo Proporcional e Derivativo (PD Proportional and Derivative) e Proporcional + Proporcional e Integral (P-PI Proportional + Proportional and Integral) para o guinada e a profundidade. SOARES (2002) apresentou uma comparação entre os sistemas constitutivos de veículos submarinos não tripulados, ROVs e AUVs (Autonomous Underwater Vehicles - Veículos Submarinos Autônomos), e propôs um projeto de plataforma de testes de baixo custo para o desenvolvimento desse tipo de veículo submarino. SOUZA (2003) discutiu um modelo do veículo nos seis graus de liberdade onde, o sistema atuador, foi dimensionado para que o sistema seja totalmente controlável e modelado com a consideração dos efeitos eletro-mecânico do motor elétrico e hidrodinâmicos, Adicionalmente, desenvolveu um algoritmo para o mapeamento dos esforços de controle no sistema propulsor. O cabo umbilical foi considerado no modelo com o objetivo de reproduzir os distúrbios presentes quando operado sob condições reais. Seu estudo mostrou que apesar da incerteza com relação à dinâmica do veículo 16 submarino, sujeita a distúrbios de naturezas diversas, um controlador linear que considera os graus de liberdade independentes pode ser capaz de garantir estabilidade de maneira robusta e até desempenho robusto. No entanto, pode ser alcançado com a limitação das condições de operação a baixas velocidades. ANTONELLI, CACCAVALE, CHIAVERINI & FUSCO (2003) utilizaram Quaternions para representar a orientação do ROV de maneira que este pudesse rotacionar em todos os eixos sem atingir nenhuma singularidade. Esta abordagem é desnecessária neste trabalho uma vez, considera-se, para todos os efeitos, que a distância entre os centros de gravidade e flutuação é suficiente para que o veículo de resgate não opere próximo às singularidades. 1.6 Dinâmica de Cabos Umbilicais Verificou-se na literatura que os métodos de modelagem geralmente empregados para a modelagem dinâmica de cabos pertencem a três categorias principais: Métodos de elementos finitos, métodos diferenciais e o de massas concentradas (lumped masses). YOUNG (1971) apresenta a dinâmica do sistema navio/cabo/veículo rebocado. Acrescenta que este sistema não está apenas sujeito às solicitações devidas às ondas, ventos e correntes marinhas, mas, também à excitação vibratória devida ao fluxo ao redor do cabo de reboque e do veículo rebocado. YOUNG (1971) discute o diagrama de equilíbrio de um cabo de reboque exposto a um fluxo de velocidade constante. Figura 1.10 Diagrama de equilíbrio de elemento do cabo Ele faz sua abordagem pelo método diferencial, onde as equações diferenciais originadas levam em consideração à coordenada S que representa o 17 comprimento de arco do formato curvado do cabo. No centro deste comprimento de arco, a linha tangente faz um ângulo φ com horizontal de acordo com a Figura 1.10. Neste momento assume-se que o cabo é inextensível. A tensão e a pressão hidrostática irão alongar o cabo, mas o efeito pode ser desprezado em função do comprimento. O diagrama de corpo livre apresenta as seguintes componentes: • Wn: Peso na água do cabo por unidade de comprimento. • Rn(s): força externa normal, por unidade de comprimento. • Rt(s): força externa tangencial, por unidade de comprimento. • T(s):Tensão local. • φ (s): ângulo de inclinação local O balanço das forças no sistema de coordenadas tangencial e normal gera duas equações acopladas (1.5) e (1.6) para T e φ : dφ = Rn + Wn cos φ dS (1.5) dT = − Rt + wn cos φ dS (1.6) T NOMOTO E HATTORI (1986), KOTERAYAMA, YAMAGUCHI E NAKAMURA (2000) E DRISCOLL, LUECK E NAHON ( 2000) utilizam o modelo de massas concentradas ou lumped mass para modelar o cabo umbilical , no qual a estrutura do cabo é aproximado por um modelo discreto composto de pequenos elementos cilíndricos extensíveis. Neste procedimento as massas são consideradas localizadas nos nós, que correspondem à interface entre os vários cilindros, como ilustrado na Figura 1.11. Os esforços do elemento superior são determinados e seus efeitos “propagados” de elemento em elemento até a determinação do esforço resultante no elemento da “ponta”. 18 Figura 1.11 Discretização do cabo em elementos cilíndricos BEHBAHANI-NEJAD e PERKINS (1996) afirmam que os principais esforços externos que atuam sobre o cabo são o arrasto hidrodinâmico e as forças restaurativas. As forças de arrasto hidrodinâmico são o resultado da composição das componentes tangencial e normal. A tensão e o amortecimento axiais constituem os principais esforços que independem do ambiente de operação e são considerados como internos. Os efeitos dos esforços flexionais são comparativamente menos importantes em relação aos efeitos dos esforços acima, podendo-se considerá-los ausentes. 1.7 Modelo das Solicitações Ambientais A melhor compreensão das solicitações à que o aparato está exposto se fará definindo as formulações usadas na análise e processamento dos dados de ondas (para o Navio-mãe) que não será modelada neste trabalho, de correntes marinhas (para o veículo) e dos esforços hidrodinâmicos envolvidos. O mar não se comporta de forma contínua ou facilmente descrita. Para se avaliar este fenômeno utiliza-se um espectro de onda equivalente à área onde a embarcação operará. O espectro pode ser comparado a um histograma que oferece previsão das maiores ocorrências de ondas significativas durante um período considerável de medições. Em algumas regiões do planeta, alguns espectros são reavaliados sistematicamente de forma a apresentar quais são as condições do estado de mar. Isto é 19 uma importante ferramenta para se avaliar se o Navio ou embarcação terá uma resposta satisfatória aquele carregamento de ondas. Este espectro de onda se remete a uma análise probabilística que nos permite estimar o comportamento no mar Em geral, a forma do espectro de ondas varia consideravelmente de acordo com a velocidade do vento, período de tempo que o vento sopra (duração), comprimento da pista, sabendo que pista é a região do espelho d’água onde a velocidade e a direção do vento podem ser consideradas constantes. Com a intenção de se obter um espectro de ondas esperado para as diversas condições de mar, diversos autores vêm propondo formulações baseando-se em analises teóricas juntamente com ajustes empíricos (JONSWAP, Bretschneider, PiersonMoskowitz, DNV e outros). 1.7.1 Espectro de Pierson-Moskowitz Para mares totalmente desenvolvidos no oceano, Pierson e Moskowitz (1964) propuseram uma formulação para o espectro de potência (espectro PM), que é função apenas da velocidade do vento (independente da pista). (1.7) Onde α e β são constantes (8,1 × 10-3 e 0,74, respectivamente), w é a frequência e Vv representa a velocidade do vento para uma altura determinada, geralmente é tomada para uma altura de aproximadamente 19,5m sobre a superfície. 20 Figura 1.12 Espectro de Pierson-Moskowitz 1.7.2 Espectro de JONSWAP A formulação de JONSWAP (Figura 1.13) baseia-se em uma extensiva coleta de dados de ondas do programa Joint North Sea Wave Project, realizado por HASSELMAN ET AL (1968). O espectro representa mares com limitação de pista, e os dados de entrada são a velocidade do vento e o comprimento da pista. Figura 1.13 Comparação dos espectros PM X JONSWAP 21 Já para um veículo submarino, o efeito ambiental relevante é a corrente marítima. A corrente é formada a partir de três princípios distintos. O primeiro deles é o vento, que gera correnteza na camada mais próxima da superfície. Em seguida, a troca de calor por convecção entre as camadas, lâminas d’água, do ambiente marinho e na superfície entre os fluidos ar-água, assim como nas alterações de salinidade (mudanças de concentração e conseqüentemente, do peso específico). Por fim, o efeito da maré provocado pela lua também influi no aparecimento da corrente marítima. Segundo LEWIS, LIPSCOMBE E THOMASSON, (1984) e KALSKE E HAPPONEN, (1991), a caracterização da correnteza marítima é realizada segundo a especificação da sua velocidade, em geral definida por coordenadas dadas no sistema inercial. Nestes casos, deve-se obter suas coordenadas no sistema referencial móvel quando for necessária a sua incorporação na dinâmica do veículo. Assim, a transformação de velocidade de corrente marítima do referencial fixo para o móvel pode ser escrita como (1.8): ν 1c = J1−1 (η 2 )η1c (1.8) E a velocidade relativa do Veículo de resgate (ν r ) no fluido pode ser escrita como: ν r = ν −ν c (1.9) Fossen (1994) demonstra que para levar em consideração a corrente marinha, basta trabalhar, na equação(1.1), com a velocidade do veículo em relação à água νr , dada por (1.9). 1.8 Esforços Hidrodinâmicos CLAYTON E BISHOP (1982) afirmaram que o conjunto dos esforços hidrodinâmicos ao qual um dispositivo totalmente submerso está sujeito quando este sofre deslocamento pelo fluido são: 22 • Esforços devido à massa adicionada; • Arrasto ou dissipação hidrodinâmica (Amortecimento hidrodinâmico); e • Esforços de sustentação. Segundo NEWMAN (1977), no início da aceleração de um dispositivo submerso, os esforços devidos a massa adicionada correspondem ao efeito hidrodinâmico mais importante. Neste intervalo os fenômenos viscosos podem ser desprezados, pois o gradiente de velocidade relativa entre o corpo submerso e o fluido é pequeno. À medida que o corpo eleva sua velocidade os esforços devem-se cada vez mais aos efeitos de viscosidade, com o aparecimento de vórtices na superfície posterior do corpo, isto é à jusante do corpo. Na condição de velocidade constante existe a eliminação de vórtices (vortex shedding) de maneira oscilatória, o que corresponde ao mecanismo responsável pelo arrasto em regime. 1.8.1 Massa Adicionada Os esforços devido à massa adicionada estão relacionados com a movimentação forçada de partículas do fluido que envolve o corpo do veículo quando tem aceleração. YUH (1990) apresenta as forças τ A correspondentes a massa adicional de acordo com a seguinte expressão (1.10): τA = − d M Aν dt (1.10) Onde MA corresponde à matriz de inércia devido à massa adicionada. FOSSEN (1994) utiliza as equações de Kirchhoff, que relacionam a energia cinética do fluido com as forças e momentos atuantes no veículo, para chegar a expressões que descrevem os esforços de massa adicionada. A expressão do esforço 23 devido à massa adicionada τ A , em função das matrizes de inércia MA e de Coriolis CA, pode ser escrita da seguinte forma (1.9): (1.11) M Aν + C A (ν )ν = −τ A 1.8.2 Arrasto ou dissipação hidrodinâmica CLAYTON E BISHOP (1982) correlacionaram o esforço hidrodinâmico devido ao arrasto com dois fenômenos, denominados fricção de superfície e arrasto devido à pressão. Simplificadamente, o arrasto de fricção de superfície deve-se às tensões tangenciais entre o fluido e a rugosidade da superfície do corpo o que resulta em um regime turbulento para números de Reynolds menores. Este componente do arrasto é dominante na dissipação hidrodinâmica em baixas velocidades. O outro fenômeno devese à diferença de pressões normais à superfície do corpo e portanto dependem diretamente da forma do corpo. Por isso, o arrasto devido à pressão também é conhecido como arrasto de forma. O aparecimento da força de arrasto surge, então, com a diferença de pressões à montante e à jusante com o movimento do veículo em relação ao fluido. Segundo FOSSEN (1994), O esforço de dissipação hidrodinâmica D(υ )υ pode tem como principal componente o esforço de arrasto FD (equação 1.12), sendo que este pode ser quantificado de acordo com a seguinte expressão: (1.12) FD = −0.5 ρ C d S ν ν Nesta expressão, ρ é a massa específica do fluido e Cd é uma matriz de coeficientes de arrasto hidrodinâmico e S é a área molhada. 24 1.9 Estratégias de Controle Aplicáveis As técnicas de controle aplicadas ao posicionamento de veículos submarinos são das mais variadas possíveis. A seleção de uma é função do sistema e das condições de operação. Dentre as estratégias de controle empregadas em veículos submarinos pode-se destacar: • Controle linear PID, Muito embora, possua validade apenas local (como os demais métodos lineares), em torno de um ponto de operação, técnicas adicionais como o gain scheduling podem ser empregados para elevar o domínio da aplicação. • Técnicas adaptativas, As mudanças das condições de operação do veículo e, conseqüentemente, dos seus parâmetros justificam a utilização deste modelo. Porém, o algoritmo de estimação pode, sofrer influência do ruído introduzido no processo de estimação de estados pelos sensores (FOSSEN, 1994). • Controle ótimo A aplicação do controle ótimo em veículos submarinos pode ser encontrada em (KAJIWARA, KOTERAYAMA, NAKAMURA, TERADA E MORITA, 1993; NAKAMURA, KAJIWARA AND KOTERAYAMA, 2000). O controle robusto é indicado quando o sistema está sujeito a distúrbios de naturezas diversas, à variação paramétrica e a ruídos nas medições dos estados de posição e velocidade. Como técnicas robustas aplicáveis ao controle de veículos submarinos tem-se : H∞, LQR, LQG/LTR (observada em (JUUL ET AL., 1994), ) e sliding mode. 1.10 Organização da Dissertação Com o presente trabalho pretende-se apresentar contribuições para projetos futuros que possam ser utilizados nos trabalhos na área de localização, resgate e salvamento de submarinos que operem em cotas superiores à atual e em condições ambientais adversas. Com este propósito, foi admitido que o problema dinâmico a ser investigado envolve a dinâmica do sistema Navio, veículo e do cabo, sobretudo para controlar a atitude do veículo na aproximação do veículo sinistrado. 25 No Capítulo 1 foi apresentada a motivação e uma revisão do estado da técnica, dando ênfase à veículos autônomos e de localização e resgate, e os objetivos desta dissertação. Em seguida, foi realizada uma breve revisão bibliográfica que visou apresentar o que é abordado sobre o assunto pela comunidade técnico-científica. O Capítulo 2 é dedicado ao detalhamento dos modelos matemáticos que descrevem o comportamento de um veículo submarino. O Capítulo 3 é dedicado a uma discussão introdutória sobre dinâmica de cabos, aos modelos matemáticos adotados comumente, para tratar este problema e simulações computacionais para definir os esforços oriundos do cabo umbilical atuantes no veículo. No Capítulo 4 são apresentadas as convenções e os modelos computacionais elaborados em ambiente MATLAB/SIMULINK para o tratamento do modelo de veículo submarino genérico. No Capítulo 5 são apresentadas as especificidades e atribuídos valores numéricos para um veículo específico e as simulações elaboradas No Capítulo 6 são apresentados alguns sistemas de controle aplicáveis ao problema e apresentado um controlador linear de atitude com simulações. No Capítulo 7 são apresentados os resultados alcançados e as conclusões desta dissertação. Finalmente, no Capítulo 8 são apresentadas as sugestões para trabalhos futuros. 26 1.11 Resumo das principais hipóteses simplificadoras No Capítulo 3 que é sobre dinâmica de cabos, as principais hipóteses simplificadoras são a fixação da ponta superior do cabo com relação ao referencial inercial, a desconsideração dos esforços torcionais, flexionais, oriundos ou induzidos por vórtices (VIV). No Capítulo 4 são as expressões da dinâmica de corpo rígido para o veículo submarino e as expressões matriciais apresentadas abaixo que seguem com as seguintes hipóteses: • A massa está distribuída uniformemente; • A massa é constante e a posição do centro de massa é considerada invariante; • A origem do sistema de coordenadas móvel não coincide com o centro de • gravidade do veículo, para o caso mais geral. No Capítulo 5, são introduzidas simplificações para a aplicação da força de arrasto, que é aplicada em apenas um ponto de cada leme. 27 2 MODELAGEM DE VEÍCULOS SUBMARINOS O modelo matemático descreve em termos matemáticos o comportamento dinâmico do veículo submarino. A mecânica Newtoniana é geralmente utilizada para a referida modelagem, onde a principal dificuldade consiste na determinação de diversos coeficientes que permitirão conhecer os esforços que atuam sobre os corpos. A modelagem matemática é complexa e pode ser dividida em vários modelos tais como: o modelo cinemático; o modelo dinâmico; modelos dos sistemas de controle (atuadores, propulsores e sensores); e modelos de perturbações que atuam sobre o veículo. O modelo matemático de um veículo submarino é importante visto que a maioria dos métodos para previsão de comportamento precisa do conhecimento deste. Por outro lado, existem alguns métodos de controle, como a lógica Fuzzy, que não dependem do modelo matemático. Os modelos matemáticos são usualmente desenvolvidos na fase de projeto do veículo. Posteriormente, após resultados dos testes em protótipos, o modelo matemático é ajustado. Quando este é construído, diferentes testes e provas são aplicados para comprovar todas as especificações do projeto e melhorar o modelo matemático da dinâmica do veículo. De forma a permitir futuros desenvolvimentos de sistemas de controle e de previsão de comportamento, os seguintes modelos matemáticos são necessários: • Modelo da cinemática do veículo; • Modelo da dinâmica do veículo; • Modelo de geração do vetor de controle; e • Modelo de perturbações. 28 2.1 Modelo Cinemático As equações de movimentação destes veículos demandam estudos em campos fundamentais da mecânica: estática e dinâmica. A Estática manipula as forças que produzem o equilíbrio nos corpos em estudo, tais como empuxo e gravidade, enquanto a dinâmica tem como objetivo a análise de esforços no contexto da movimentação produzida no corpo. O estudo da dinâmica pode ser dividido em duas partes: cinemática a qual se refere só a os aspectos geométricos de movimentação, sem considerar massa ou forças; e a cinética, que analisa as forças que causam os movimentos. Para desenvolver sistemas de controle e orientação de um veículo submarino, é necessário descrever matematicamente todas as movimentações deste. O comportamento dinâmico destes veículos é determinada usando os princípios das leis de Newton de movimentação aplicadas a um corpo rígido num fluido. 2.1.1 Sistemas de Coordenadas A definição adequada das referências é essencial para especificar o comportamento dinâmico de um veículo no espaço. A determinação da posição e orientação de um corpo rígido no espaço submarino prevê a utilização de seis coordenadas independentes ou graus de liberdade (6GDL): três translacionais e três rotacionais convencionados como: Avanço, Deriva, Arfagem, Balanço, Caturro e Guinada. A tabela abaixo organiza a notação das forças e momentos, posicionamento e velocidades nos seis graus de liberdade nos dois sistemas de referência (fixo e móvel). 29 Tabela 2.1 Notação [SNAME/1950] de movimentos, forças e momentos relativos GDL Nome 1 2 3 4 5 6 Avanço (surge) Deriva (sway) Arfagem (heave) Balanço (roll) Caturro (pitch) Guinada (yaw) Forças e Momentos Ref. Inercial ou Ref. Global Móvel ou do Corpo Pos./atit. Velocidade Pos./atit. Velocidade X x x xm u Y y y ym v Z z z zm w K φ φ φm p M θ θ θm q N ψ ψ ψm r As primeiras três coordenadas e suas derivadas temporais correspondem à posição e movimentação de translação ao longo dos eixos x, y, e z; enquanto que as últimas três coordenadas e suas derivadas temporais são usadas para descrever a orientação e o movimento rotacional (Figura 1.8). 2.1.2 Sistema de Coordenadas – Fundamentos Teóricos As velocidades e acelerações de um veículo são, em geral, descritas em diferentes referenciais. Para o caso de veículos cujos movimentos estudados são aqueles em relação ao planeta Terra, podem-se classificar os sistemas de coordenadas em : a. Referenciais vinculados à Terra; b. Referenciais vinculados ao corpo do veículo. 30 Figura 2.1 Sistemas de coordenadas referenciais ECI – (Earth Centered Inertial frame) Este sistema tem origem no centro do planeta. Eixo z coincide com o eixo de rotação da terra. Move-se com a terra em seu movimento de translação, mas mantém sua orientação fixa em relação às estrelas. NED – (North, East and Down Frame) Este sistema tem origem no ponto de interseção entre a linha que liga o centro do planeta ao C.G. do veículo e a superfície terrestre (ou do oceano). Para problemas relacionados a veículos marítimos pode-se considerar o mesmo como um Referencial inercial BODY FRAME – (Sistema de Coordenadas fixo no corpo): fixo no corpo do veículo. Os três eixos são (Figura 2.1): • Longitudinal: direção de avanço do veículo. • Lateral: direção lateral-direita do veículo. • Descendente: direção inferior do veículo. Em geral, o centro do sistema de referência móvel está localizado no ponto médio do eixo longitudinal. Este ponto é tipicamente o centro de gravidade do veículo. O centro de gravidade de um corpo rígido é o ponto no qual é assumido que as forças e momentos são aplicados. 31 O sistema de referência é definido de tal forma que seus eixos coincidam com os eixos principais de inércia. Desta forma, tira-se vantagem da simetria do veículo conduzindo a modelos mais simples. Um veículo movimenta-se se alguma força externa ou torque está atuando sobre seu casco. Estas forças e torques são provenientes de atuadores ou forças motrizes (as hélices, os propulsores, o leme, etc.) ou podem ser resultado de forças ambientais como ondas, ventos, correntes marítimas, etc. As forças e momentos desejados são controlados e formam o vetor de controle, enquanto isso, as outras são denominadas perturbações externas (ambientais). A movimentação das coordenadas de referência fixa no corpo (móvel) é descrita em relação às coordenadas de referência fixas na terra (inercial). Para veículos submarinos é, usualmente, assumido que as acelerações num ponto na superfície da terra podem ser ignoradas. Como resultado desta aproximação o eixo de referencia fixo na terra pode ser considerado inercial. Isto sugere que a posição e orientação do veículo devem ser descritas relativas ao sistema de referência inercial enquanto as velocidades angular e linear devem ser expressas no sistema de referência móvel. Baseado na notação SNAME, a movimentação geral de um veículo submarino em 6GDL, pode ser descrita pelos seguintes vetores: T η = [η1T ,η 2T ] → η1 = [x, y, z ] T υ = [υ1T ,υ 2T ] → υ1 = [u , v, w] T τ = [τ 1T ,τ 2T ] → τ 1 = [ X , Y , Z ] η 2 = [φ ,θ ,ψ ]T T υ 2 = [ p, q, r ] τ 2 = [K , M , N ]T (2.1) Onde η denota a posição e orientação em relação ao sistema de referência inercial; υ denota o vetor de velocidade linear e angular em relação ao sistema de referência móvel; e τ é usado para descrever as forças e momentos atuando no veículo no sistema de referência móvel. 32 Figura 2.2 Sistemas de Coordenadas Móvel e Inercial 2.1.3 Ângulos de Euler O modelo cinemático é uma descrição do movimento e da geometria do veículo, o modelo é baseado em rotações progressivas ao redor dos diferentes eixos. Esta progressão é usada para construir a matriz de rotação, que permite a conversão de vetores entre os sistemas de referência. Esta matriz de rotação J pode ser obtida mediante diferentes métodos, cada um com vantagens e desvantagens. O método comumente empregado para construir esta matriz utiliza três rotações consecutivas sob uma progressão dos eixos, este método é chamado de Ângulos de Euler, “Euler Angles”. A ordem em que as rotações acontecem, determina a localização final do corpo no espaço tridimensional. Os ângulos de Euler proporcionam uma descrição física da atitude do veículo para pequenos ângulos. Estas definições dos ângulos de Euler são consistentes com as definições da arquitetura naval . Esta é uma importante propriedade dado que doze diferentes e únicos sistemas de coordenadas (de ângulos de Euler) são possíveis, enquanto que unicamente uma 33 convenção dos ângulos de Euler é correspondente com as convenções da arquitetura naval. A referência inercial requer que as definições de orientação dos ângulos de Euler de balanço, caturro e guinada, sejam efetuadas em ordem. A consistência dos resultados usando ambos os métodos pode ser demonstrada examinando a ordem matemática das matrizes de rotação resultantes, as quais são idênticas em cada caso. Naturalmente, quando a ordem das rotações é inversa, a conversão está ocorrendo da referência móvel à coordenada de referência inercial. Normalmente, os ângulos de Euler devem restringir a orientação vertical do veículo de forma a evitar singularidades matemáticas. Adicionalmente, na maioria dos veículos deve prevenir-se a inversão horizontal e o apontamento vertical para evitar danos internos no veículo e condições de instabilidade de difícil controle. Estas restrições adicionam limitações no ângulo de balanço para condições normais de operação. As restrições aplicadas aos ângulos de Euler são as seguintes: −π < φ ≤ π − π 2 <θ < π (2.2) 2 0 ≤ ψ < 2π 2.1.4 Conversão das Velocidades de Translação do Sistema Móvel Para o Sistema Inercial A velocidade de trajetória de um corpo em relação ao sistema de coordenadas inercial é dada pela transformação de velocidade. Sendo: 34 η1 = J1 (η2 )υ1 J1 (η 2 ) = J zT (ψ ) J Ty (θ ) J xT (φ ) cψ sψ 0 J z (ψ ) = − sψ cψ 0 0 0 1 cθ 0 − sθ J y (θ ) = 0 1 0 sθ 0 cθ 0 1 0 J x (φ ) = 0 cφ sφ 0 − sφ cφ Tem-se , cψ cθ J1 (η 2 ) = sψ cθ − sθ − sψ cφ + cψ sθ sφ sψ sφ + cψ sθ cφ −cψ sφ + sψ sθ cφ cθ cφ cψ cφ + sψ sθ sφ cθ sφ (2.3) Onde a J1 (η 2 ) é a matriz de transformação (2.3) (sistema móvel ao sistema inercial), a qual é comumente descrita por três rotações, obtidas mediante as funções dos ângulos de Euler: balanço (φ ) , caturro (θ ) e guinada (ψ ) . Sabendo que : cos θ = cθ tan θ = tθ senθ = sθ X3 ψ p v1 q Z0 φ Y1 X1 Y0 w r v X2 θ u1 θ φ u3 X2 u2 u2 w1 w2 v3 ψ w1 θ v2 φ Z1 Z1 θ Z2 Figura 2.3 Movimentos de Balanço, Caturro e Guinada (roll, pitch e yaw) 35 Y3 ψ Y2 A transformação inversa da velocidade pode ser determinada de uma forma similar: (2.4) υ1 = J1−1 (η 2 )η1 Dado que a matriz de rotação J1 e a matriz inversa J1−1 (η 2 ) cumprem com a condição de ortogonalidade: (2.5) J1−1 (η 2 ) = J1T (η 2 ) Resumindo, J 2 (η1 ) representa as rotações sofridas pelo veículo nos eixos x, y e z e é descrita como: (2.6) J1 (η 2 ) = J zT (ψ ) J Ty (θ ) J xT (φ ) 2.1.5 Conversão das Velocidades de Rotação Para o Sistema Inercial As velocidades angulares expressas de acordo com o sistema de coordenadas inercial podem ser interpretadas como as derivadas dos ângulos de orientação do veículo: ψ , θ e φ . Então, as velocidades de rotação em relação ao sistema de coordenadas fixos no veículo são dadas por: φ 0 0 ν 2 = 0 + J x (φ ) θ + J x (φ ) J y (θ ) 0 = J 2−1 (η2 )η2 0 0 ψ (2.7) (2.8) 36 1 sφ tθ J 2 (η2 ) = 0 cφ sφ 0 cθ cφ tθ − sφ cφ cθ Note que: (2.9) J 2−1 (η2 ) ≠ J 2T (η2 ) É interessante observar que, para φ = 0◦ e θ = 0◦, a relação entre as velocidades de rotação nos dois sistemas de coordenadas é dada por uma identidade. Além disso, a matriz de transformação de coordenadas mostrada acima é singular para θ = ±90◦. Nestas condições, seria necessária a utilização de Quatérnions para representar a orientação do veículo no sistema inercial de maneira a evitar tal singularidade (ANTONELLI ET AL. 2003). Entretanto, para este tipo de veículo em particular, os centros de gravidade e de flutuação estão suficientemente afastados, evitando a singularidade e suas complicações conforme observado em CUNHA (1995). Pode-se escrever as transformações de coordenadas para os seis graus de liberdade do sistema, como: η = J (η )υ (2.10) J1 (η 2 ) 03×3 J (η ) = 3×3 J 2 (η2 ) 0 2.2 Modelo Dinâmico 2.2.1 Influências sobre o comportamento dinâmico do veículo. A dinâmica submarina introduz um grande número de esforços que afetam o comportamento dinâmico do veículo. Entre os esforços a serem considerados no processo incluem-se as forças restaurativas, inerciais e as forças hidrodinâmicas. 37 2.2.2 Forças restaurativas • Empuxo e gravidade. De acordo com a relação entre as forças de gravidade e de empuxo, a flutuabilidade do veículo pode ser definida como: • negativa, • positiva, • neutra. Para um veículo remotamente operado - ROV, por exemplo, o sistema é dimensionado para que a flutuabilidade seja ligeiramente positiva, ou seja, |W| < |B|, de modo que o veículo suba à superfície naturalmente, visando facilitar o seu resgate,em caso de falha do equipamento. Para o caso dos veículos autônomos (AUVs), prefere-se a a flutuabilidade neutra, por apresentar força vertical resultante nula, e o menor esforço de deslocamento otimiza a reserva de energia. Figura 2.4 Efeitos do empuxo e do peso em um corpo submerso. • Estabilidade. Conforme observado na Figura 2.4, a força de gravidade é descrita por um vetor paralelo ao eixo vertical do sistema estacionário (z) que atua sobre o centro de gravidade do veículo (G) e a força de empuxo é um vetor, paralelo ao mesmo eixo, que 38 atua sobre o centro de flutuação (B). Como estes dois pontos geralmente não coincidem, o efeito de restauração irá introduzir forças e momentos, respectivamente, ao longo e em torno dos três eixos referenciados ao veiculo no sentido de alinhar tais centros ao eixo z . Quanto maior for a distância metacêntrica entre esses dois pontos, maior será a atuação do momento restaurador (RM) buscando estabilizar o sistema na condição de alinhamento dos mesmos com o eixo z. Figura 2.5 Instabilidade do corpo submerso até o alinhamento dos centros de gravidade e de carena. Como pode se ver na Figura 2.5, a configuração instável produz um momento, RM , este esforço é diretamente proporcional a distância entre o centro de gravidade G e o centro de carena (B) Este momento pode ser descrito como: RM = (2.11) 1 d (B + W ) 2 Onde d é a distância perpendicular entre as forças atuantes B e W em que são aplicadas em G e B respectivamente. Pelo fato dessas forças (B e W) estarem descritas no sistema inercial (fixo), devem ser primeiramente transformadas para o sistema de referência do veículo (móvel) para serem adicionadas ao modelo dinâmico. Isto é feito com a pré-multiplicação de tais forças pela inversa da matriz de transformação de coordenadas conforme descrito abaixo 39 τ G (η ) = J −1 1 τ B (η ) = − J 0 (η 2 ) 0 W −1 1 (2.12) 0 (η2 ) 0 B (2.13) W = mg (2.14) B = ρ g∇ (2.15) A simbologia ∇ na expressão (2.15) representa o volume de fluido deslocado pelo veículo e g, na expressão (2.14), a aceleração da gravidade. A expressão para forças e momentos restaurativos é representada por: τ G (η ) + τ B (η ) G (η ) = − rG × τ G (η ) + rB ×τ B (η ) (2.16) 2.2.3 Esforços Inerciais Segundo FOSSEN (1994), os efeitos devidos à dinâmica de corpo rígido e os efeitos devidos à dinâmica de corpo submerso são reescritos separadamente. A matriz CCR, ao contrário da matriz de Inércia, pode ser parametrizada de várias maneiras, veja (FOSSEN, 1994). Então, as forças centrípetas e de Coriolis do corpo rígido são dadas por : 40 0 CCR (υ ) = 3 x 3T −C1 C1 C 2 (2.17) 2.2.4 Esforços hidrodinâmicos Lembrando que o conjunto dos esforços hidrodinâmicos ao qual um dispositivo totalmente submerso está sujeito quando este sofre deslocamento pelo fluido são: • Esforços devido à massa adicionada; • Arrasto ou dissipação hidrodinâmica; e • Esforços de sustentação. Os esforços devido à massa adicionada estão relacionados com a movimentação forçada de partículas do fluido que envolve o corpo do veículo quando tem aceleração. Sendo representado pela expressão abaixo: τA = − d M Aν dt (2.18) Onde MA corresponde à matriz de inércia devido à massa adicionada. A determinação das forças de arrasto e dissipação hidrodinâmicas em uma estrutura submersa é uma das principais tarefas em um projeto desse tipo. Essa também é uma das tarefas mais difíceis devido à complexidade envolvida na interação fluido-estrutura. Além disso, há a dificuldade de se descrever analiticamente a natureza aleatória das ondas e determinar o carregamento provocado por elas na estrutura. No entanto, nos dias de hoje, algumas teorias estão disponíveis. Estas teorias envolvem o entendimento dos fenômenos de interação, testes em laboratório e no próprio mar, e são razoavelmente precisas nos cálculos de carregamento de onda nas mais diversas aplicações submersas. 41 Com base nas dimensões da estrutura, podem ser utilizadas diferentes formulações para se determinar a força aplicada pelo fluido em movimento. Basicamente há duas formas de se calcular esta força: a) Equação de Morison b) Teoria de Difração A Equação de Morison assume que a força sobre a estrutura é composta por duas parcelas de força, uma devido ao arraste e outra devida à inércia, agindo simultaneamente. Os coeficientes de arrasto e inércia necessários para se determinar a força são obtidos experimentalmente. Quando as dimensões da estrutura possam alterar o campo de corrente, assim como o campo de onda nas proximidades, a difração pela superfície da estrutura deve ser levada em conta no cálculo da força. Essa formulação é conhecida como Teoria de Difração. A Equação de Morison foi desenvolvida por Morison, O´Brien, Johnson, e Shaaf (1950) para descrever a força horizontal de onda que age sobre um cilindro vertical que se estende desde o fundo até a superfície livre, conforme pode ilustrado abaixo. Figura 2.6 Cilindro sob ação das forças de inércia e arrasto 42 O princípio da força de inércia está na quantidade de movimento que uma partícula de água carrega consigo. Quando a partícula passa pelo cilindro ela é acelerada e em seguida desacelerada, o que requer uma força para alterar este movimento. A força incremental em um pequeno segmento de cilindro induzido pela aceleração da partícula de água df1 = CM ρ π 4 D2 (2.19) ∂u ∂s ∂t Onde df1 é a força de inércia sobre um segmento ds do cilindro vertical, D é o diâmetro do cilindro, ∂u é a aceleração da partícula de água em relação a linha ∂t de centro do cilindro representado na Figura e CM é o coeficiente de inércia. Pela Equação (2.19) nota-se que a força de inércia é proporcional a aceleração local da partícula de água. Essa força é linear se, para a determinação da aceleração, for usada a Teoria Linear de Onda. Por outro lado, o termo de inércia será não linear se a aceleração horizontal considerar os termos convectivos. A causa principal da força de arrasto em um cilindro é a diferença de pressão criada pela passagem do fluxo ao redor deste cilindro, essa diferença de pressão promove o fenômeno de separação da camada limite. Em um fluxo oscilatório, é utilizado o valor absoluto da velocidade da partícula de água na Equação de Morison para garantir que a força de arrasto esteja na mesma direção da velocidade, dessa forma, a força pode ser escrita como: (2.20) 1 df D = CD ρ D u uds 2 onde dfD é a força de arrasto no segmento de cilindro, u é a velocidade instantânea da partícula de água e CD é o coeficiente de arrasto. Combinando as componentes de inércia e arrasto, a Equação de Morison para um cilindro fixo na presença de ondas é escrita como: 43 f = CM ρ π 4 D2 ∂u 1 ∂s + CD ρ D u uds ∂t 2 (2.21) onde f é a força por unidade de comprimento de um cilindro vertical, deve-se notar que a Equação de Morison não prevê forças oscilatórias devido ao desprendimento de vórtices na direção transversal, isso é, perpendicular à direção de propagação das ondas. de Morison ou Várias tentativas tem sido feitas para melhorar a Equação para desenvolver uma nova formulação. SARPKAYA E ISAACSON (1981) descreveram métodos para melhorar a Equação de Morison, comparando os resultados obtidos analiticamente com resultados medidos experimentalmente e introduzindo novos termos na equação original que não serão abordados neste trabalho. 2.3 Dinâmica A avaliação do comportamento dinâmico consiste em estabelecer relações entre causa e efeito para o movimento de um corpo material. Um corpo material pode ser interpretado como ponto material ou como corpo rígido, dependendo das dimensões e da sua distribuição de massa. A dinâmica de um ponto material de massa m descrevendo um movimento no espaço é regida pela seguinte expressão: mη1 = τ 1 (2.22) Considerando que a aceleração η1 é resultado direto da atuação da resultante dos esforços externos τ 1 . Porém, o veículo de resgate submarino deve ser tratado como corpo rígido. A representação da dinâmica para um corpo rígido possui termos adicionais em relação à dinâmica do ponto material que estão relacionados com o movimento de rotação do corpo em torno dos seus eixos. Estes termos adicionais correspondem à força centrípeta e à força de Coriolis. 44 Ressalta-se a conveniência de escrever as equações da dinâmica do movimento do corpo rígido parametrizados no sistema de coordenadas móvel, visto que ação dos agentes externos e a inércia do veículo são constantes em relação a este referencial. Sendo assim, as expressões da dinâmica de um corpo rígido, para translação e rotação podem ser escritas como abaixo (Fossen, 1994): m [ν1 + ν 2 ×ν 1 + ν2 × rG + ν 2 × (ν 2 × rG )] = τ 1 (2.23) d ( I 0ν 2 ) + mrG × (ν1 +ν 2 ×ν 1 ) = τ 2 dt (2.24) Nas expressões acima o operador × representa o produto vetorial, o vetor rG corresponde à distância do centro de massa do veículo com relação ao sistema de coordenadas móvel e a matriz I 0 contém os momentos e produtos de inércia do veículo com relação ao centro do sistema de coordenadas móvel. Reescrevendo as expressões acima na forma matricial tem-se: M CRν + CCR (ν )ν = τ (2.25) A matriz M CR refere-se à matriz de Inércia, contendo a massa m e os momentos e produtos de inércia do tensor I 0 , já a matriz CCR é denominada matriz de centrípeta e de Coriolis, contendo os termos das forças centrípetas e de Coriolis. 45 2.3.1 Corpo rígido e os sistemas de referência Segundo Fossen, a matriz de inércia do corpo rígido ( M CR ) é definida por: M M CR = 11 M 21 M T 21 M 22 (2.26) Sendo, m 0 0 0 M 11 = 0 m 0 , M 21 = mzG 0 0 m −myG −mzG 0 mxG Ix myG −mxG e M 22 = − I yx − I zx 0 − I xy Iy − I zy − I xz − I yz I z logo, M CR m 0 0 = 0 mzG − myG 0 m 0 − mzG 0 mxG 0 0 m myG − mxG 0 0 − mzG myG Ix − I yx − I zx mzG 0 − mxG − I xy Iy − I zy −myG mxG 0 − I xz − I yz I z (2.27) Ressalta-se que no caso de submersão do corpo rígido, incorporam-se massas adicionais a seu comportamento. A partir deste ponto, a matriz de inércia do corpo é expressa por: M M CR + M A (2.28) onde: M . . . Matriz de inércias resultante do veículo submerso; 46 M A . . .Matriz de massas adicionais. Representa o armazenamento de energia cinética no fluido deslocado pelo veículo. (Filho 1996). Assim, a matriz completa de massas adicionais é dada por: X u Y u Z u MA = − K u M u N u X v Yv Z v K v M v N v X w Yw Z w K w M w N w X p Yp Z p K p M p N p X q Yq Z q K q M q N q X r Yr Z r K r M r N r (2.29) Onde, de acordo com Fossen (1994), cada elemento corresponde à massa adicional em um eixo para deslocamentos no próprio eixo ou em outro adjacente. Porém, por questões de simetria do veículo, a matriz pode ser reescrita de várias maneiras, tal com a exemplificada abaixo utilizada para veículos com simetria no plano xz e no plano yz (simetria bombordo/boreste e proa/popa), tal como o veículo de resgate em estudo: m11 0 0 M = 0 m51 0 0 m22 0 0 0 m42 m51 0 0 m42 0 0 m33 0 0 0 0 m44 0 0 0 0 m55 0 0 0 0 0 0 m66 (2.30) Para Fossen (1994), os efeitos devidos à dinâmica de corpo rígido e os efeitos devidos à dinâmica de corpo submerso são reescritos separadamente. Então, a matriz dos termos das forças centrípetas e de Coriolis do corpo rígido são: 0 CCR (υ ) = 3 x 3T −C1 C1 C 2 (2.31) 47 3 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA 3.1 Introdução Neste capítulo serão apresentadas algumas abordagens matemáticas para a modelagem do cabo, objetivando mensurar a influência desta força no veículo de resgate. Mais detalhes sobre estas formulações podem ser encontrados na literatura de análise dinâmica e elementos finitos. O cabo submarino “umbilical” é um sistema caracterizado por uma dinâmica “Não-Linear” complexa, o problema completo pode ser submetido a condições de “snap loading”, vibrações induzidas por vórtices e vários outros problemas operacionais relacionados ao problema no cabo submerso no oceano. Modelos confiáveis são capazes de prever a resposta do cabo submerso e calcular com acurácia os deslocamentos e esforços aplicados no cabo para diversas condições de operação possíveis. Dois modelos são típicos para prever a resposta dinâmica do cabos: contínuos e discretos. Modelos contínuos são poderosas ferramentas que podem ser usados para calcular várias características hidrodinâmicas de sistemas rebocados por cabos mas com certas limitações. Estes modelos, em geral, não são utilizados para condições transientes, porque a força de arrasto “quadrática” real precisa ser linearizada em torno das posições de equilíbrio. Este tipo de modelo não é adequado para modelagens onde os cabos não estejam permanentemente tensionados, tecnicamente chamados de “cables in slack conditions” porque o mesmo pode não determinar adequadamente a configuração do cabo. Finalmente, é extremamente complicado resolver as equações de movimento do cabo quando os esforços hidrodinâmicos e as propriedades do cabo tais como massa, elasticidade, rigidez à flexão se modificam ao longo do comprimento do cabo. Modelos discretos não estão sujeitos às limitações impostas aos modelos contínuos e são válidos para uma razoável gama de condições de operação. Eles podem resolver equações de governo não-lineares sem aplicar nenhuma técnica de linearização. Eles estão aptos a prever a resposta dinâmica quando o cabo está na transição entre as 48 condições tensionada e não-tensionada (frouxa) – mesmo quando ocorre mudança na dinâmica fundamental e o sistema se comporta de forma não-linear. As equações de movimento discretas são tipicamente obtidas a partir dos modelos contínuos utilizando o método de parâmetros concentrados, o método de diferenças finitas ou métodos de elementos finitos. Particularmente, métodos de elementos finitos tendem a demandar maior esforço computacional que os métodos anteriores, porém garante grande flexibilidade geométrica e tratamento simplificado para condições de contorno. 3.2 Metodologias Usuais em Análise de Cabos YOUNG (1971) apresentou a dinâmica do sistema navio/cabo/veículo rebocado. Acrescenta que este sistema não está apenas sujeito às solicitações devidas às ondas, ventos e correntes marinhas, mas, também à excitação vibratória devida ao fluxo ao redor do cabo de reboque e do veículo rebocado. YOUNG (1971) discutiu o diagrama de equilíbrio de um cabo de reboque exposto a um fluxo de velocidade constante. Figura 3.1 Diagrama de equilíbrio de elemento do cabo Ele faz sua abordagem pelo método diferencial, onde as equações diferenciais originadas levam em consideração à coordenada S, que representa o comprimento de arco do formato curvado do cabo. No centro deste comprimento de arco, a linha tangente faz um ângulo φ com horizontal de acordo com a figura 3.1 49 Neste momento assume-se que o cabo é inextensível. A tensão e a pressão hidrostática irão alongar o cabo, mas o efeito pode ser desprezado em função do comprimento. O diagrama de corpo livre apresenta as seguintes componentes: • Wn: Peso na água do cabo por unidade de comprimento. • Rn(s): força externa normal, por unidade de comprimento. • Rt(s): força externa tangencial, por unidade de comprimento. • T(s):Tensão local. • φ (s): ângulo de inclinação local • S, comprimento de arco do formato curvado do cabo O balanço das forças no sistema de coordenadas tangencial e normal gera duas equações acopladas (3.1) e (3.2) para T e φ : dφ = Rn + wn cos φ dS (3.1) dT = − Rt + wn cos φ dS (3.2) T NOMOTO E HATTORI (1986), KOTERAYAMA, YAMAGUCHI E NAKAMURA (2000) E DRISCOLL, LUECK E NAHON ( 2000) utilizam o modelo de massas concentradas ou lumped mass para modelar o cabo umbilical , no qual a estrutura do cabo é aproximado por um modelo discreto composto de pequenos elementos cilíndricos extensíveis. Neste procedimento as massas são consideradas localizadas nos nós, que correspondem à interface entre os vários cilindros, como ilustrado na figura 3.2. 50 Figura 3.2 Sistemas de Coordenadas Móvel e Inercial BEHBAHANI-NEJAD AND PERKINS (1996) afirmam que os principais esforços externos que atuam sobre o cabo são o arrasto hidrodinâmico e as forças restaurativas. As forças de arrasto hidrodinâmico são resultado da composição das componentes tangencial e normal. A tensão e o amortecimento axiais constituem os principais esforços que independem do ambiente de operação e são considerados como internos. Os efeitos dos esforços flexionais são comparativamente menos importantes em relação aos efeitos dos esforços acima, podendo-se considerá-los ausentes. As massas são localizadas nas interfaces (nós) entre os vários cilindros, como ilustrado na figura 3.2. Os esforços do elemento superior são determinados e seus efeitos transmitidos até a determinação do esforço resultante no elemento final do cabo, conectado ao veículo submarino, e então transformado para o sistema de coordenadas de referência móvel, obtendo-se, assim, o esforço do cabo umbilical . Normalmente, o local onde o cabo umbilical liga-se ao veículo submarino é próximo ao centro do sistema de coordenadas móvel. Desta maneira são evitados momentos que surgiriam devido ao braço do ponto de conexão cabo-veículo e o centro do sistema de coordenadas móvel. 51 Uma outra metodologia de resolução seria o emprego de análises usuais para estruturas treliçadas conforme citado na bibliografia especializada (Labegalini et al., 2005), ou seja, o emprego análise estática, ou seja, as ações dinâmicas (variáveis no tempo) são consideradas através de “ações estáticas equivalentes”. No entanto, sabe-se que para obter valores mais precisos dos esforços e dos deslocamentos que surgem nestas estruturas, quando submetidas às ações dinâmicas, uma análise que forneça tais resultados ao longo do tempo (análise dinâmica) é de considerável importância. Um método de integração temporal direta (explícito) das equações do movimento, que apresenta uma formulação que pode ser empregada para obter a resposta ao longo do tempo nos elementos dos cabos, permitindo inclusive tratar nãolinearidades físicas e geométricas, além da vantagem de não requerer a montagem da matriz de rigidez global, já que a integração é realizada em nível de elemento (Menezes et al.). Este tipo de análise aplica-se a estruturas, que podem ser discretizadas como elementos de barra. 3.2.1 Análise dinâmica de cabos Para a análise de cabos e outros tipos de estruturas expostas a solicitações dinâmicas é comum o uso de Métodos explícitos de integração direta das equações de movimento . De forma a contextualizar o problema, supõe-se que a equação governante de equilíbrio de resposta dinâmica de um sistema de elementos finitos seja representada por: MU (t ) + CU (t ) + KU (t ) = R (t ) (3.3) 52 Onde M, C, e K são matrizes de massa, amortecimento e rigidez respectivamente, R é o vetor de carregamento U (t ) , U (t ) e, U (t ) e representam, nessa ordem, a aceleração, velocidade e deslocamento do sistema no instante de tempo t. Para solucionar numericamente este problema dinâmico, ou seja, dependente do tempo é importante verificar o método de integração ideal. A integração numérica direta se baseia em dois pontos principais. Primeiro, invés de tentar satisfazer a equação (3.3) em qualquer instante t, a idéia é satisfazer a equação (3.3) apenas em intervalos de tempo discreto ∆t . A segunda premissa na qual a integração direta se baseia é que a cada intervalo de tempo ∆t existe uma variação de deslocamento, velocidade e aceleração do sistema. Diversos métodos de integração poderiam ser citados, cada um com suas vantagens e desvantagens quanto a custo e eficiência computacional, precisão, convergência, estabilidade entre outros, mas serão apresentados o método de diferenças finitas e o método de Newmark. O método de Diferença Central, também conhecido com método de diferenças finitas, é um método de resolução de equações diferenciais que se baseia na aproximação de derivadas por diferenças finitas. A fórmula de aproximação obtém-se da série de Taylor da função derivada. O operador de diferenças finitas para derivada pode ser obtido a partir da série de Taylor para a função: portanto a derivada pode ser escrita como uma diferença mais um termo de erro : Ignorando-se o termo de erro tem-se o operador de diferenças finitas para a primeira derivada (forward) de f definido como: Para a equação de equilíbrio (3.3) temos: 53 1 U (t ) = 2 (U (t − ∆t ) − 2U (t ) + U (t + ∆t ) ∆t 1 U (t ) = (−U (t − ∆t ) + U (t + ∆t )) 2 ∆t (3.4) (3.5) Substituindo (3.5) e (3.4) em (3.3) tem-se: 1 2 1 1 1 ∆t 2 M + 2∆t C U (t + ∆t ) = R (t ) − K − ∆t 2 U (t ) − ∆t 2 M − 2∆t C U (t − ∆t ) (3.6) De onde pode-se extrair U (t + ∆t ) . É importante ressaltar que a solução U (t + ∆t ) é baseada nas condições de equilíbrio no instante t , isto é, U (t + ∆t ) é calculado pela equação (3.3). Por isso é chamada de integração é explicita. A estabilidade de um método explícito por diferenças finitas depende do passo de integração ∆t ser menor que um passo crítico que está relacionado com a maior freqüência natural do sistema. O método de Newmark é basicamente uma extensão do método de aceleração linear, no qual é adotada uma variação linear da aceleração entre t e t + ∆t . As seguintes premissas são utilizadas: U (t + ∆t ) = U (t ) + [(1 + δ )U(t ) + δ U(t + ∆t )]∆t (3.7) U (t + ∆t ) = U (t ) + U (t )∆t + [(0.5 − α )U (t ) + αU (t + ∆t )]∆t 2 (3.8) onde α e δ são parâmetros que podem ser determinados para obter precisão e estabilidade da integração. Originalmente Newmark propôs o uma solução 54 incondicionalmente estável quando α = 1 / 4 e δ = 1 / 2 em (3.7) e (3.8) , também chamada de regra do trapézio. Em conjunto com as equações (3.7) e (3.8), para solução de deslocamento, velocidade e aceleração no instante t + ∆t , a equação de equilíbrio (3.3) no instante t + ∆t pode ser reescrita como: MU (t + ∆t ) + CU (t + ∆t ) + KU (t + ∆t ) = R (t + ∆t ) (3.9) Solucionando por (3.8) U (t + ∆t ) em termo de U (t + ∆t ) e substituindo em (3.7), obtém-se as equações de U (t + ∆t ) e U (t + ∆t ) em termos de U (t + ∆t ) . Essas duas relações de U (t + ∆t ) e U (t + ∆t ) substituídas em (3.9) retornam a solução de U (t + ∆t ) . Com o resultado as equações (3.7) e (3.8) podem ser solucionada para esse instante de tempo. Diferente do Método de Diferença Central, a regra do trapézio tratase de um método implícito sempre estável independente do passo escolhido. 3.3 Objetivo O principal objetivo deste capítulo consiste em desenvolver uma rotina computacional para permitir: - uma análise preliminar do comportamento dinâmico do cabo submetida a ação da correntes marítimas, - a visualização dos resultados, isto é, os esforços nos elementos selecionados dos cabos e os deslocamentos ao longo do tempo da análise. 3.4 Implementação Computacional De modo a alcançar os objetivos citados acima foi elaborada uma rotina que através de processos iterativos, encontra o novo posicionamento dos nós dos elementos cilíndricos discretizados do cabo. 55 Como primeira aproximação e solução, temos o cabo posicionado verticalmente em relação à coluna d’água com um determinado peso rebocado (veículo de resgate) e submetido à ação de um determinado perfil de velocidade de corrente marítima e a uma determinada velocidade do Navio-rebocador, até que a primeira estimativa de inclinação do elemento será feita e novas posições dos nós dos elementos discretizados serão calculadas considerando a força de arrasto local, a inclinação dos elementos e as áreas expostas ao perfil de corrente. De forma a minimizar o custo computacional a inércia foi desprezada reduzindo a equação de morison a apenas um termo, vibrações induzidas por vórtices (VIV) e efeitos de torção e flexão também foram ignorados. 3.4.1 Metodologia adotada - 1ª abordagem Após a avaliação das técnicas citadas acima para abordar o problema, foi adotada uma implementação computacional com o objetivo de encontrar o posicionamento dos nós do cabo através de um processo iterativo e as forças no último nó para utilização futura no modelo do veículo. Como primeira solução, adotou-se o cabo posicionado verticalmente em relação à coluna de água, até que a primeira estimativa de inclinação do mesmo é feita e novas posições são calculadas considerando a força de arrasto local, os elementos inclinados e a área exposta. a partir deste ponto o cabo encontra-se sob tensão e poderá alongar-se. A solução final assume que cada elemento possui um equilíbrio de forças estáticas do vetor (x,y e z) e tempo suficiente para alcançar a posição de equilíbrio. As forças atuando na direção vertical são empuxo, tensão superior ao nó, tensão inferior ao nó e arrasto de possíveis correntes verticais. De modo a simplificar o cálculo, o modelo do cabo não considera esforços de sustentação, variações inerciais, vibrações ou “snap loading”. As soluções, mesmo para simulações dependentes do tempo, são todas analisadas como localmente “estáticas”. 56 O modelo considera somente cilindros e esferas. Superfícies mais complexas são “aproximadas” para um correto ajuste do coeficiente de arrasto e área da superfície exposta ao fluxo.. Esferas caracterizam dispositivos isotrópicos, enquanto cilindros são anisotrópicos em relação as direções verticais e horizontais. A força de arrasto é determinada de acordo com a forma do elemento, a área exposta ao fluxo e ao coeficiente hidrodinâmico de arrasto. Para cada elemento apresentam-se três equações e seis incógnitas, sendo a tensão superior e inferior ao nó e duas coordenadas esféricas de cada elemento em relação ao eixo vertical Z e ao plano X-Y. O elemento do topo do cabo não tem tensão superior ao nó. Então, possui três incógnitas e três equações. A tração e os ângulos entre forças de tração de dois elementos são iguais e atuam em direções opostas. Logo, as forças de tração acima do elemento são iguais as que estão abaixo. O método de solução visa estimar as forças de tração e ângulos do elemento superior e só então, estimar as forças e ângulos dos elementos inferiores. O resultado é um conjunto de ângulos (ψ z , θ z ) e o comprimento dos elementos que determinam a exata posição de cada elemento (x,y,z). No instante que a solução converge, um gráfico tridimensional é gerado e a posição final dos elementos, tensão no cabo e comprimentos e ângulos finais são apresentados. Mais especificamente, a solução é obtida da seguinte forma: a velocidade da corrente marinha e as seções do cabo (pode-se adicionar a variação da densidade da água do mar) são interpoladas para aproximadamente 1 metro de resolução usando interpolação linear. A força de arrasto em cada direção é calculada de acordo com uma simplificação da equação de Morrison apresentada no capítulo 2. Qj = 1 ρ vCd AUU i j 2 (3.10) Onde: 57 Q j é a força de arrasto em [N] atuante no elemento “i” na água de densidade ρ w na direção j. U j é a componente da velocidade do elemento localizada na profundidade na qual o coeficiente hidrodinâmico de arrasto de arrasto CD é apropriado a forma do elemento, com a superfície A j perpendicular a j . U é vetor resultante da velocidade, U = U 2 +V 2 +W 2 (3.11) na profundidade do elemento. A força de arrasto em todas as três direções é estimada [j=1(x), 2(y), 3(z)], incluindo a componente vertical, que de acordo com a literatura (Dewey,1999) é desprezível. Uma vez que cada força de arrasto atuante em cada elemento tenha sido calculada, a tensão e os ângulos necessários para o elemento no espaço podem ser estimados. As três [x,y,z] equações componentes a serem resolvidas para cada elemento são: X i = X i +1 + Li cos θi senψ i Yi = Yi +1 + Li senθi senψ i (3.12) Z i = Z i +1 + Li cosψ i Quando finalizado o cálculo, a posição de cada elemento é apresentada, enquanto as tensões e ângulos desde o topo até o final do cabo são listados. A inclinação de cada elemento é considerada quando estima-se a força e arrasto e a área da superfície exposta ao fluxo(2). Particularmente observa-se que para elementos cilíndricos inclinados, várias modificações nestes esforços são observadas. Primeiro, a área exposta ao fluxo nas direções horizontal e vertical muda. Além disto, O arrasto é dividido em componentes tangencial e normal para cada direção de corrente atuante no elemento cilíndrico. 58 Figura 3.3 Diagrama de Forças Tabela 3.1 Tabela de entradas para a simulação de esforços e posicionamento do cabo com a 1º metodologia MASSA DO VELOCIDADE MATERIALDO NÚMERO DE DENSIDADE VEÍCULO DA CABO DO ELEMENTOS DA ÁGUA (KG) CORRENTE(M/S) UMBILICAL DO CABO DO MAR 1400 [0,1,0] KEVLAR 4 1024 COEFICIENTE POSIÇÃO VELOCIDADE DE ARRASTO INICIAL DO DO NAVIO DO CORPO CORPO REBOCADO REBOCADO 1,2 [0,0,0] [0,0,0] 59 Figura 3.4 Tela inicial da simulação do perfil do cabo umbilical Figura 3.5 Resultado da simulação do perfil do cabo umbilical 60 3.4.2 Metodologia adotada - 2ª abordagem Figura 3.6 Método de massas concentradas • Esforços de natureza externa ao cabo Os esforços de natureza externa que atuam sobre o cabo são o arrasto hidrodinâmico FF e as forças restaurativas FG. As forças de arrasto hidrodinâmico são a composição das componentes tangencial Ft e normal Fn, como mostrado na Figura (3.5). A tensão T e o amortecimento P axiais são considerados internos. Os efeitos dos esforços flexionais e torsionais são desconsiderados (TRIANTAFYLLOU, 1984; BEHBAHANI-NEJAD AND PERKINS, 1996). A dinâmica de cada elemento discreto do cabo obedece a seguinte equação: [ M i + M Ai ]caboηcabo = (Ti + Pi )cabo − (Ti −1 + Pi −1 )cabo + Fi (3.13) onde ηcaboi é a aceleração do i-ésimo nó e M i , M Ai ∈ 3 x 3 são as matrizes de massa e de massa adicionada do i-ésimo elemento cilíndrico, Na expressão acima tem-se, ainda, tem-se que Ncabo é o número de nós utilizados e i = 1..N cabo − 1 . • Esforços de natureza interna ao cabo A Figura 3.7 apresenta cada elemento discreto como um sistema massa mola amortecedor, onde as ações de amortecimento e a ação da tensão normal são modeladas. A tensão normal Tcaboi atuando sobre o i-ésimo nó, é expressa como: 61 Tcaboi = EA Ri [1 − L0 ] l0 (3.14) Figura 3.7 Modelagem dos elementos discretos do cabo umbilical segundo o modelo massa-molaamortecedor. Na expressão acima, E é o módulo de Young do cabo, Acaboi é a seção transversal do cabo com diâmetro di e l0i é o comprimento natural de cada elemento do cabo. A grandeza Ri é dada por: Ri = (ηcaboi+1 − ηcaboi ) (3.15) Pi = Ccabo (η Si − η Si −1 ) Onde ηcaboi é a posição do i-ésimo nó. Os internos do cabo produzem um efeito de amortecimento do movimento relativo de dois pontos pertencentes ao cabo. Este amortecimento é modelado como proporcional a diferença de velocidades de dois nós consecutivos (BUCKHAM, NAHON e SETO, 1999) e é linear. Pi = Ccabo (η Si − η Si −1 ) (3.16) η S refere-se à velocidade do i-ésimo na direção s. Assim, é possível observar que a i dissipação possui componente não nula apenas na direção tangente aos dois nós. Para 62 transformar as componentes desta força de amortecimento interno para o sistema de coordenadas inercial, procede-se primeiramente com a projeção das velocidades dos nós na direção tangente do cabo: projeção = ηcabo Ri Ri (3.17) Onde Ri, mencionado acima, possui direção tangente ao cabo pois é dado pela diferença da posição de dois nós consecutivos. Em seguida, multiplica-se o número escalar projeção pelo versor tangente, obtendo, desta maneira a componente de velocidade na direção tangente ao cabo de cada nó, ou seja: R R Pi = Ccabo ηcaboi − ηcaboi−1 i i Ri Ri (3.18) A resultante externa F é resultado da força restaurativa FG e do esforço de arrasto hidrodinâmico FF , sendo: Fi = 1 ( FF + FFi −1 ) + FGi 2 i (3.19) A força hidrodinâmica FF possui componentes normal e tangencial conforme a expressão: FFi = Fni + Fti = 1 ρ di (CnU ni U ni + CtU ti U ni ) Ri 2 (3.20) A constante ρ é a massa especifica da água, Cn e Ct são os coeficientes de arrasto normal e tangencial, geralmente adotados constantes. Os termos restantes, U ni e U ti , equivalem às componentes normal e tangencial da velocidade de escoamento do fluido para cada elemento do cabo e expressas como: 63 U ti = [(ηc − ηcaboi ) Ri ]Ri Ri 2 (3.21) U ni = ηc − ηcaboi − U ti (3.22) onde ηc corresponde à velocidade de correnteza, já abordada na seção anterior.Os esforços de sustentação são aqui desconsiderados. Um exemplo em que estes esforços são levados em consideração pode ser encontrado em (Yamaguchi et al.,2001). O método de discretização lumped mass possui limitações numéricas quanto à convergência dos esforços internos aos nós. Verificou-se que o método numérico exige uma redução do comprimento dos elementos cilíndricos quando o cabo possui uma curvatura muito acentuada (Mullarkey, McNamara and O’Sullivan, 1999), caso contrário o modelo deixa de reproduzir a realidade. Além disso, o tempo de convergência é sensível à configuração ou condição inicial do cabo, sendo, à princípio, tanto maior quanto mais distante for a condição inicial do cabo da configuração em regime. Os esforços em regime obtidos segundo o modelo lumped mass foram comparados com os resultados teóricos (esperados) dos esforços necessários para manter o cabo umbilical em uma configuração de equilíbrio. Estes resultados teóricos foram determinados através de expressões analíticas para o caso bidimensional (ver (Pode, 1951)), ou seja, na condição do cabo umbilical estar contido no plano vertical do sistema inercial. Matrizes de Inércia do Cabo Umbilical As matrizes de massa e de massa adicionada para cada elemento cilíndrico discretizado conforme discussão acima são abordadas, respectivamente, por (Nakamura et al., 2000; Yokobiki et al., 2000): M cabo m 0 0 = 0 m 0 0 0 m (3.23) onde m é a massa de cada elemento discretizado e : 64 M Acabo m11 = m21 m31 m12 m22 m32 m13 m23 m33 (3.24) Onde, m11 = cos 2 α cos 2 β At + (1 − cos 2 α cos 2 β ) An m12 = m21 = cos 2 α cos 2 β At + (1 − cos 2 α cos 2 β ) An m22 = sen 2α cos 2 β At + (1 − sen 2α cos 2 β ) An (3.25) m23 = m32 = −( At − An ) − senα senβ cos β m33 = sen 2 β At + cos 2 β An Nas expressões acima At e An são os coeficientes de massa adicionada nas direções tangencial e normal ao fluxo do fluido, respectivamente. O ângulo α corresponde ao ângulo de inclinação do cabo no plano xz e , ao ângulo de inclinação β do cabo no plano xy, como mostra a Figura 3.6. O ângulo α é determinado tomando-se uma média aritmética dos ângulos α i e α i −1 de dois elementos consecutivos, através da relação: 1 2 α = (α i + α i −1 ) (3.26) O ângulo β é determinado de forma análoga, ou seja: 1 2 β = ( β i + β i −1 ) (3.27) 65 Figura 3.8 Definição dos ângulos αi e βi com a orientação do cabo no espaço. Note que na Figura 3.8, o cabo umbilical é parametrizado no sistema de coordenadas inercial. No trabalho de MULLARKEY, MCNAMARA AND O’SULLIVAN, (1999) foi concluído que o método numérico de discretização (lumped mass) exige uma redução do comprimento dos elementos cilíndricos, esta necessidade é clara quando o cabo apresenta uma curvatura muito elevada, caso contrário o modelo deixa de reproduzir a realidade. Além disso, o tempo de convergência é afetado pela configuração ou condição inicial do cabo, é maior quando a condição inicial do cabo é considerada distante da configuração em regime. Santana, Dutra e Santiago (2009), demonstraram através desta abordagem e com estes dados iniciais: η1 final = [50;50;30] m η2 final = [ 0; 0;1.3] rad η = [ 0.5m / s; 0.5m / s; 0.3m / s; 0; 0;0.013rad / s ] η1c = [ −0.5; −0.4; −0.1] m / s 66 Que os esforços obtidos segundo o modelo lumped mass podem ser comparados com os resultados teóricos dos esforços necessários para manter o cabo umbilical em uma configuração de equilíbrio. Estes resultados teóricos foram determinados através de expressões analíticas para o caso bidimensional apresentados no trabalho de Pode, (1951), ou seja, na condição do cabo umbilical estar contido no plano vertical do sistema inercial. Os resultados são apresentados na Figura 3.9 e na Tabela 3.2. E os mesmos serão adotados como entradas no modelo completo adotado no próximo capítulo. Tabela 3.2 resultados para a simulação – 2º abordagem Nome das variáveis Resultados obtidos da simulação 187,40 -100 460 120 220 Profundidade de operação (m) Posição horizontal da operação Esforço vertical (N) Esforço horizontal (N) Comprimento do cabo (m) Figura 3.9 Esforços no cabo umbilical segundo dados apresentados na tabela anterior 67 Figura 3.10 Perfil do cabo umbilical segundo dados apresentados na tabela anterior para 300s de simulação 68 4 MODELAGEM COMPUTACIONAL DO VEÍCULO SUBMARINO GENÉRICO 4.1 Introdução Neste capítulo, será apresentado o desenvolvimento de um modelo matemático de um veículo submarino genérico e sua respectiva codificação computacional, inspirada em modelagens citadas nas referências. Objetiva-se aliar o arcabouço teórico da modelagem de veículos submarinos com a implementação do seu modelo computacional. A aproximação utilizada pode adaptar-se a outros modelos de veículo submarino, facilitando decisões de projeto posteriores. O código pode ser utilizado para as especificações de diferentes veículos e eventualmente pode ser compilado em sistemas de tomada de decisão ou de controle. No caso de modelos voltados para a tarefa de controle, sabe-se que o controle de veículos submarinos pode visar tanto a estabilização do movimento diante das perturbações como a realização de manobras. Esta estabilização ou manobra sofre influência da forma geométrica do veículo. Sendo que em geral, veículos de resgate apresentam-se nas formas “OPENFRAME” – muito comum em ROV e veículos de investigação e localização têm algum perfil hidrodinâmico – AUV ou ROTV do tipo Torpedo. ASADA, H. e SLOTINE, J.J. E. (1986) apresenta a utilização de um controlador de modo deslizante para um ROV efetuar manobras em torno de grandes objetos em velocidade muito lenta. Apesar da formulação do problema ser genérica, para apresentar os efeitos das simulações realizadas nesta dissertação é apresentado um veículo de forma geométrica com fins de localização, semelhante à de um AUV ou ROTV do tipo torpedo ou a de DSRV mencionado no capítulo 1. 69 4.2 Modelagem matemática de sistemas dinâmicos A necessidade de controlar ou predizer comportamentos de sistemas dinâmicos envolve: • Modelagem de sistemas dinâmicos • Análise de características dinâmicas Um modelo matemático é o conjunto de equações que representa a dinâmica do sistema no grau de aproximação adequado. Sendo que suas representações típicas são: • Equações diferenciais • Representação no espaço de estados • Funções de transferência 4.2.1 Características dos sistemas Um aspecto importante a ser considerado na modelagem é a caracterização do sistema como linear ou não-linear, um sistema não-linear é aquele que não atende aos princípios de prpoporcionalidade e de superposição de efeitos. Com isso, sistemas não-lineares criam novas freqüências em regime permanente, ou seja, o sinal de saída pode apresentar freqüências que não estão presentes no sinal de entrada. Já no sistema linear, a resposta do sistema frente a uma dada entrada não é afetada pela presença simultânea de outras entradas. A aproximação linear por partes de sistemas não-lineares permite a aplicação de técnicas de análise e projeto desenvolvidas para sistemas lineares: linearização em torno de pontos de operação supondo-se pequenas perturbações. Figura 4.1 Linearização 70 por partes Formalmente, um sistema é chamado linear se possui duas propriedades matemáticas: homogeneidade e aditividade. Se for possível demonstrar que um sistema possui ambas as propriedades, então estará provado que o sistema é linear. Outra característica relevante é a invariância no tempo, que pode ser resumida pela manutenção das características do sistema ao longo do tempo. Um sistema é dito homogêneo se uma mudança na amplitude da entrada resulta em uma mudança idêntica na saída. Isto é, se X[n] resulta em Y[n] , então K*X[n] resulta em K*Y[n] para qualquer sinal , X[n], e qualquer constante k , como mostra a figura 4.2. Figura 4.2 Definição da propriedade da homogeneidade de sistemas lineares. Um sistema é denominado aditivo se a soma de sinais aplicados à entrada do mesmo resultam em saídas compostas apenas pelas somas das respostas individuais . A figura 4.3 ilustra esta definição. Figura 4.3 Definição da propriedade da aditividade de sistemas lineares. 71 4.2.2 Função de transferência A função de transferência pode ser definida para sistemas lineares, invariantes no tempo, descritos por equações diferenciais, como a razão entre a Transformada de Laplace da saída pela Transformada de Laplace da entrada assumindo-se todas as condições iniciais nulas. De forma a exemplificar, considere um sistema descrito por : a0 y ( n ) + a1 y ( n −1) + ... + an −1 y (1) + an y = b0 x ( m ) + b1 x ( m −1) + ... + bm −1 x (1) + bm x (4.1) Onde x é a entrada e y é a saída. Então: Y ( s ) b0 s m + b1s m −1 + ... + bm −1s1 + bm = G (s) = X ( s ) a0 s n + a1s n −1 + ... + an −1s1 + an (4.2) será a função de transferência do sistema. A função de transferência de um sistema pode ser experimentalmente obtida aplicando-se uma entrada conhecida e estudando-se a saída obtida. Se Y ( s) X (s) Y ( s ) = G ( s ). X ( s ) G( s) = (4.3) Então t y (t ) = ∫ x(τ ) g (t −τ )dτ 0 (4.4) que é a definição de integral de convolução, com g(t)=0 e x(t)=0 e t <0. Uma vez que, x(t ) = δ (t ) ↔ X ( s ) = 1 72 então Y (s) = G( s) (4.5) ou seja, a função de Transferência do sistema é igual à Função de Transferência da saída para uma entrada impulso unitário. Desta forma y (t ) = g (t ) (4.6) Onde g (t ) é chamada a resposta ao impulso do sistema, que é a resposta do sistema a uma entrada impulso unitário quando todas as condições iniciais são nulas. Se G ( s ) é a função de transferência do sistema, é possível então caracterizar completamente um sistema linear, invariante no tempo, excitando-o com uma entrada impulso unitário e medindo-se sua resposta. 4.2.3 Diagrama de Blocos Trata-se de uma representação gráfica das funções de cada componente de um sistema dinâmico e dos fluxos de sinais entre eles. As vantagens são: a facilidade de observação do comportamento global do sistema e a contribuição de cada componente com o todo. Figura 4.4 Exemplo de diagrama de blocos. Ao ser observado um sistema em malha fechada com sensor na saída: 73 Figura 4.5 Exemplo de diagrama de blocos de sistema em malha fechada. Pelo diagrama de blocos, tem-se que: Y (s) = G( s) E ( s) E ( s) = R(s ) − B(s) B( s ) = H ( s )Y ( s ) Logo: Y (s) = G( s) R( s) 1 + G( s) H (s) (4.7) Ou seja, a saída do sistema depende da função de transferência de malha fechada e da entrada. 4.2.4 Teoria de controle convencional versus Teoria de controle moderno A teoria do controle convencional é somente aplicável a sistemas com entradas e saídas únicas, lineares e invariantes no tempo, predominantemente aplicada no domínio da frequência. Já a teoria moderna não possui as limitações anteriores e é essencialmente abordada no domínio do tempo. 4.2.4 Modelagem no espaço de Estados O estado de um sistema é o menor conjunto de valores de variáveis, em t=t0 (variáveis de estado) que em conjunto dos valores de entrada determinam o comportamento do sistema em qualquer instante t ≥ 0 A modelagem no espaço de estados envolve três tipos de variáveis: • Variáveis de entrada • Variáveis de saída 74 • Variáveis de estado Aplicável a sistemas lineares ou não-lineares, SISO (Single Input, Single Output) ou MIMO (Multiple Input, Multiple Output), invariantes ou variantes no tempo Abordagem normalmente no domínio do tempo As variáveis de estado podem ser mensuráveis, observáveis ou calculadas, e podem ser arranjadas em um vetor de estados. O Espaço de Estados é o espaço n-dimensional cujos eixos coordenados são os estados x1 , x2 ,..., xn , e onde os vetores de estados são pontos. Figura 4.6 Espaço de estados n-dimensional. Equações no espaço de estados envolvem não apenas as entradas e saídas, mas também os estados. O sistema dinâmico deve envolver elementos que “memorizem” o valor das entradas tais como os integradores. As saídas destes podem ser consideradas variáveis de estado que definem o estado interno do sistema. Neste caso, o número de variáveis de estado que descrevem completamente a dinâmica do sistema é igual ao número de integradores do sistema. 75 Seja: x (t ) = f ( x, u , t ) y (t ) = g ( x, u , t ) (4.8) Sendo (4.8) a representação das equações de estado e de saída do sistema dinâmico. Se este for linearizado e considerado invariante no tempo, pode-se considerar: x (t ) = Ax(t ) + Bu (t ) y (t ) = Cx(t ) + Du (t ) (4.9) Onde A é a matriz de estado, B é a matriz de entrada, C é a matriz de saída e D é a matriz de transmissão direta. 4.2.5 Linearização de modelos matemáticos não-lineares A linearização permite aplicar para sistemas não-lineares as técnicas de análise e projeto desenvolvidas para sistemas lineares. Pode-se realizar uma Expansão em Série de Taylor e truncar a série no primeiro termo. A expansão em torno de um ponto de operação implica que o modelo linearizado é válido apenas na vizinhança deste ponto. A aproximação será razoável se os termos desprezados forem suficientemente pequenos. A dinâmica modelagem cinemática e de veículos submarinos apresentada acima, assim como para a maioria dos sistemas físicos, possui limitações com relação à representatividade da dinâmica da planta real, sendo válida para a região de baixas freqüências de velocidade. Até mesmo a definição do intervalo de freqüências em que o modelo é válido constitui uma tarefa complexa pois à medida que o sistema físico é excitado a operar com freqüências mais altas aumenta a dificuldade da avaliação do acompanhamento do sinal de entrada. Isto se deve por causa dos problemas relacionados com o tempo de resposta da instrumentação necessária ou mesmo quando uma relação sinal-ruído adequada não é possível. 76 Como mencionado anteriormente, o veículo submarino constitui numa planta caracterizada por uma dinâmica não linear, onde a dinâmica dos seis graus de liberdade estão acoplados e sujeitos à variação paramétrica, dos coeficientes das matrizes MA e CA e FD, com a velocidade e a aceleração do veículo. Adicionalmente à variação paramétrica, um veículo submarino pode sofrer variação da sua geometria e/ou de massa. Neste caso, ocorre uma variação dos parâmetros das matrizes do modelo de corpo rígido MCR e CCR. Visto o modelo geral de um veículo submarino ser caracterizado por uma dinâmica não linear e multivariável, conforme exposto acima, em muitos casos recorre-se à modelos simplificados para aplicação de controle, especialmente quando da utilização destes sobre uma ampla faixa de operação, isto é, velocidades. Quando do emprego de técnicas lineares de controle, PID por exemplo, utilizam-se modelos lineares do veículo para o projeto. O processo de linearização utilizando série de Taylor, considerando até termos de baixa ordem, necessita levar em conta vários pontos em torno dos quais esta é realizada, pois devido à natureza não linear do movimento de um veículo submarino, somente um conjunto de modelos lineares (um para cada região de operação) é representativo do caso real. 4.2.6 Aspectos da codificação computacional O Matlab® é um software comercial, criado pela empresa MathWorks, caracterizado por ser um ambiente de computação numérica e uma linguagem de programação. Este software permite fácil manipulação de matrizes, plotagem de funções e dados, implementação de algoritmos, criação de interfaces com o usuário e comunicação com programas desenvolvidos em outras linguagens. Além disso, possui uma ferramenta chamada Simulink®. O Simulink® é uma ferramenta para modelagem,que se utiliza da técnica de diagrama de blocos para a simulação e análise de sistemas dinâmicos, adicionado a uma série de toolboxes que facilitam o desenvolvimento de experimentos. Este software será o utilizado para a codificação computacional do modelo de veículo de veículo de resgate em estudo. 77 4.3 Contextualizando a modelagem do Veículo de Resgate A modelagem de veículos submarinos baseia-se no movimento de um corpo rígido no espaço, sem restrições. Os esforços oriundos da interação com o fluido, sejam eles propulsores, estabilizadores ou perturbadores são freqüentemente controláveis . Conforme abordado anteriormente, as equações de movimento para a modelagem de veículos são desenvolvidas usando um sistema de coordenadas fixo no corpo e um sistema de referencia global ou fixo na terra. O sistema de coordenadas fixo no corpo tem seis componentes de velocidade, que representam o vetor velocidade: T x' (t ) = [u (t ), v(t ), w(t ), p (t ), q (t ), r (t )] (4.10) Enquanto que os seis componentes de posição no sistema de referência global são: T z (t ) = [ X (t ), Y (t ), Z (t ),φ (t ),θ (t ),ψ (t )] (4.11) Os ângulos φ (t ) , θ (t ) , ψ (t ) , (azimut, elevação e spin), são relativos às transformações de Euler relacionadas aos movimentos de yaw, pitch e roll. As entradas de controle, as superfícies de controle (se existentes), forças dos propulsores e o ajuste da estabilidade, em geral, são consideradas como o vetor de entradas, u (t ) : 4.3.1 Simulação do sistema dinâmico do veículo usando Simulink® Relembrando o mencionado em (4.8), para sistemas dinâmicos de tempo contínuo temse: x (t ) = f ( x, u , t ) y (t ) = g ( x, u , t ) Onde t é o tempo, x é o vetor de estados, u é o vetor de entradas (input), y é o vetor de saídas. A atribuição de valores para as condições iniciais do vetor de estados, e para o vetor de entradas dependentes do tempo permite conhecer a evolução da saída (output) e dos vetores de estado pela resolução das equações. 78 O Simulink® manipula os sistemas dinâmicos através de um mecanismo chamado “Sfunction mechanism”, especificamente, cada objeto do programa (blocos, composição de blocos, esquemas) representa um sistema dinâmico; logo, cada objeto (incluindo todo o esquema de simulação) é internamente representado pela “S-function”. Tipicamente, a construção em blocos pode ser realizadas com blocos pré-compilados ou diretamente escritas na linguagens Matlab, C, C++, Ada ou Fortran. Neste trabalho, a dinâmica do veículo será codificada em Matlab, e será estruturada em um bloco do Simulink “MatlabFunction”. Este bloco receberá os valores de entrada e os processará através da Matlab function. A função retornará um vetor singular que será a saída do bloco. Esta sistemática apresenta a limitação de aceitar apenas uma entrada e uma saída, para contornar este revés, foi incluída a variável “veh” ao programa. A variável “veh” contém toda a informação relativa à estrutura do veículo,e esta pode ser adicionada ao bloco “Matlab Function” através do mecanismo de compartilhamento do Matlab (workspace). Isto significa que, antes de começar a simulação, a variável global “veh” deve ser definida e carregada (usando a função veh) com a estrutura do veículo. Segue abaixo o diagrama de blocos referente ao comportamento dinâmico do veículo de resgate quando submetido aos diversos esforços citados sem implementação de controle. Figura 4.7 Diagrama de bloco do veículo de resgate em estudo 79 Abaixo é apresentado o mesmo diagrama de blocos codificado no software simulink® para representar o comportamento dinâmico do veículo de resgate genérico em estudo. Figura 4.8 Diagrama de bloco do veículo de resgate em estudo A figura 4.8 apresenta o diagrama de blocos do Simulink® que representa o veículo de resgate em estudo sem controle implementado. Onde: • As entradas representam respectivamente: - O sistema de estados inicial do veículo (posição e velocidade generalizada) - o vetor dos ângulos dos lemes direcionais (se existentes); - Os esforços em relação ao sistema de coordenadas fixas no corpo (propulsores); - Os esforços em relação ao sistema de coordenadas inerciais (cabo umbilical); e - Velocidade e aceleração das correntes marinhas com relação ao sistema de coordenadas inerciais. • A MATLAB Function descrita na figura 4.8 como Vxdot é a codificação equivalente da equação de governo a ser resolvida. • As saídas representam a evolução temporal do sistema de estados do veículo (posições e velocidades) . 80 4.3.2 Aspectos cinemáticos – posições e velocidades 4.3.2.1 Convenções para os Sistemas de Coordenadas De forma a estabelecer a notação básica ou convenção tratada nesta dissertação, será adotado, por exemplo “ eυ ” para referenciar um vetor 3D “ υ ” descrito no referencial fixo. 4.3.2.2 Sistemas de Coordenadas Fixos na Terra e no Corpo – Definição das posições generalizadas. No capítulo 2 foi apresentada a conveniência de se definir dois sistemas de coordenadas como exemplificado na figura 2.2. O sistema móvel é fixado no corpo do veículo e é chamado sistema fixo no corpo. A origem do sistema de referência fixo no corpo é freqüentemente escolhida para ser o plano principal de simetria do corpo, e os eixos do corpo são escolhidos para coincidir com os eixos principais de inércia e serão definidos como: • X: eixo longitudinal; • Y: eixo transversal; • Z: eixo Normal. O movimento do sistema de referência móvel é descrito relativo ao sistema de referência inercial. Para veículos submarinos, um eixo fixado na terra é assumido como inercial, tendo em vista as baixas velocidades envolvidas. A orientação do sistema de coordenadas em relação ao outro pode ser expressa pela matriz de rotação e Rb tal que eυ = e Rb * υb . Se forem denotados como ia, ja e ka; os vetores unitários dos eixos x, y e z de um sistema de coordenadas de “A”, então: 81 e Rb = ib e e jb eìbT e kb = e jbT = b ReT e T k b (4.12) Onde é possível provar que para cada mudança de operação do sistema “b”(fixo no corpo) em relação ao sistema “E”(fixo na terra) pode ser produzido ser produzido através de uma simples rotação de “b” em relação a “e”. Definindo a matriz S υ como o produto vetorial entre υ e w , tem-se: 0 S (υ ) = υ3 −υ2 −υ3 0 υ1 υ2 −υ1 (4.13) 0 Tem-se que: e Rb = eα S (υ ) = cos(α ) I + ((1 − cos α ))υυ T + sen(α ) S (υ ) (4.14) Onde I é uma matriz-identidade 3x3, α é o ângulo de “b” em relação a “e”. A convenção indica que a matriz de rotação é descrita por uma ordem predefinida, tornando X3Y3Z3 o sistema de coordenadas obtido pela translação do sistema de coordenadas fixo na terra XeYeZe paralelo a ele mesmo até que sua origem coincida com a origem fixa no corpo. Então, o sistema de coordenadas X3Y3Z3 é rotacionado de um ângulo yaw (ψ ) sobre Z3 , gerando um sistema X2Y2Z2. Este último é rotacionado de um ângulo pitch ( θ ) sobre Y2,obtendo-se então o sistema X1Y1Z1, sendo que este é rotacionado de um ângulo roll ( ϕ ) sobre X1 produzindo o sistema de coordenadas fixo ao corpo. A matriz de rotação e Rb pode ser resumida como o produto de três matrizes de rotação. 82 1 ψ S 0 e Rb = e 0 0 θ S 1 *e 0 0 ϕ S 0 *e 1 (4.15) 4.3.2.3 Codificações de Funções Ao traduzir, para o código em uso, a matriz S (υ ) definida em (2), tem-se: function z=vp(x,y) % z=vp(x,y); z = produto vetorial de x e y % vp(x) e a matriz do produto vetorial : vp(x)*y=vp(x,y). z=[ 0 -x(3) x(2); x(3) 0 -x(1); -x(2) x(1) 0 ]; if nargin>1, z=z*y; end Como a maioria das simulações será desenvolvida no sistema fixo ao corpo, a matriz b Re será utilizada com mais freqüência do que a sua transposta e Rb . A função descrita abaixo foi elaborada de forma a produzir uma rotação, dados como entrada um vetor de orientação contendo os ângulos de roll, pitch e yaw. function R_eb=rpy2R_eb(rpy) % R_eb=rpy2R_eb(rpy), calcula a matriz de rotação do sistema “e” em relação ao sistema “b”, % tendo como input um vetor contendo os ângulos roll, pitch and yaw. sf = sin(rpy(1)); cf = cos(rpy(1)); st = sin(rpy(2)); ct = cos(rpy(2)); sp = sin(rpy(3)); cp = cos(rpy(3)); R_eb = [ +ct*cp +ct*sp -st +sf*st*cp-cf*sp +sf*st*sp+cf*cp +sf*ct +cf*st*cp+sf*sp +cf*st*sp-sf*cp +cf*ct ]; 83 4.3.2.4 Sistemas de Coordenadas Auxiliares O sistema definido como “sistema-W” é um sistema de coordenadas fixo no corpo (localizado em um dado ponto do veículo submerso) em um dado ponto do veículo de resgate (ou qualquer outro) com seu eixo “x” orientado de acordo com a velocidade do corpo em relação ao fluido neste ponto específico, e o seu eixo Z localizado no plano XZ em relação ao “Sistema - b”. O “sistema-W” pode ser obtido a partir do “Sistema-B” através de duas rotações. Primeiramente girando sobre o eixo Y de um ângulo α , no sentido horário do “sistemaB”, depois girando sobre o eixo Z segundo um ângulo β : b Rw = e 0 − s 1 0 0 β s 0 *e 1 cos(α ) cos( β ) − cos(α ) sen( β ) sen(α ) = sen( β ) cos( β ) 0 sen(α ) cos( β ) − sen(α ) sen( β ) cos(α ) (4.16) A velocidade do corpo em relação ao fluido pode, então ser expressa no “sistema-W” pelo vetor [V 0 0]T 4.3.2.5 Definição das velocidades generalizadas. a) Velocidade linear Sabe-se que o vetor eOb é variável no tempo, então a velocidade linear de “b” em relação a “e”, expressa no sistema de referência fixo na terra “Sistema-E”, é a derivada temporal do vetor eOb : Vb / e = eO b e (4.17) 84 Normalmente, a velocidade linear é expressa no sistema de referência fixo no corpo (sistema-B), logo: Vb / e = b Re * eVb / e = b Re * eO b b (4.18) b) Velocidade angular Se a orientação de “b” com relação a “e’ varia no tempo, então a matriz de rotação é variável no tempo. A velocidade angular de “b” com relação a “e” expressa no “Sistema-E”, é o vetor eWb / e representado por : e Rb = S ( eWb / e ) e Rb (4.19) A velocidade angular não poderá ser integrada diretamente para a obtenção das coordenadas angulares devido ao fato desta integral não possuir interpretação física imediata. Entretanto, a velocidade angular pode ser relacionada com as derivadas dos ângulos de roll, pitch e yaw , de fato se for observada a definição destes ângulos, notase que eWb / e é a soma de três componentes, conforme expresso abaixo: Wb / e = e K 3ψ + e J 2 (ψ )θ + e I1 (θ ,ψ )φ = e I1 (θ ,ψ ) e e J 2 (ψ ) Mas para obter bWb / e deve-se multiplicar à esquerda por b Re , logo: 85 φ e K 3 θ ψ (4.20) Wb / e = b Re * bWb / e = b Re e I1 (θ ,ψ ) b b Wb / e 0 1 = 0 cos φ 0 − senφ J 2 (ψ ) − senθ φ cos θ senφ θ cos θ cos φ ψ φ 1 senφ tan θ cos φ θ = 0 ψ 0 senφ / cos θ θ =± e φ e K 3 θ ψ (4.21) cos φ tan θ − senφ bWb / e cos φ / cos θ π 2 Assim, para obter as derivadas dos ângulos de roll, pitch e yaw a partir de bWb / e e os ângulos de roll, pitch e yaw, a relação é expressa por : φ 1 senφ tan θ cos φ θ = 0 ψ 0 senφ / cos θ cos φ tan θ − senφ bWb / e cos φ / cos θ Note-se que esta matriz não tem solução para θ = ± (4.22) π 2 4.4 Codificação das Funções da Cinemática Para esta etapa, será convencionada a notação abaixo a ser utilizada na codificação das funções cinemáticas: • Para vetores, a letra minúscula após o sublinhado (underscore) representa o sistema de coordenadas no qual o vetor está expresso, por exemplo “P_” significa o vetor P expresso no sistema de coordenadas fixo na terra “e”, definido como e P . • Para matrizes de rotação, as duas letras minúsculas após o sublinhado representam os sistemas de coordenadas relacionados pela matriz. Por exemplo,R_be significa a matriz e Rb . 86 Para velocidade, três letras minúsculas após o sublinhado terão o seguinte • significado: V_abc será o equivalente a velocidade de um sistema de coordenadas “a”em relação a um sistema “b” expresso no sistema de coordenadas “c”. 4.5 Codificação da Notação para Veículos Marinhos de 6 GDL. Segundo FOSSEN(1994) e CAMPA, INNOCENTI E NASUTI(1998), os vetores abaixo são usados para descrever o movimento de um veículo submerso em 6 GDL. η η = 1 η2 x η1 = eOb = y z φ η2 = θ ψ v υ = 1 v2 (4.23) u v1 = vb / e = v w p b v2 = wb / e = q r b J (η ) η = J (η )υ η é o vetor de coordenadas generalizadas do “Sistema-B” em relação ao “Sistema-E”, especificamente, x,y,z são as posições de Ob ao longo dos eixos e φ , θ e ψ são os 87 ângulos de roll, pitch e yaw do “Sistema-B” em relação ao “Sistema-E” como descrito em (2). v υ = 1; v2 b v2 = wb / e v1 = b vb / e u = v ; w (4.24) p = q r υ é o vetor de velocidades generalizadas do “Sistema-B” em relação ao “Sistema-E”, com coordenadas fixadas no corpo (Sistema-B), mais detalhadamente υ é a velocidade angular no “Sistema-B” com relação ao “Sistema-E” com coordenadas no “Sistema-B”, como descrito no tópico anterior. Então, υ representará a velocidade do sistema de coordenadas do corpo “Sistema-B” em relação ao “Sistema-E”. O vetor υ é relacionado com a derivada de η pela matriz J (η ) : η = J (η )υ ; 03 J (η ) J (η ) = 1 2 J 2 (η2 ) 03 (4.25) Onde 03 é uma matriz de zeros 3x3, J1 (η2 ) é e Rb (a transposta de b Re ) e J 2 (η2 ) é a matriz em (12). X K τ 1 τ = ;τ 1 = Y ;τ 2 = M τ 2 Z N (4.26) τ é o vetor de forças e momentos atuando sobre o veículo. 88 4.6 Codificações de Funções Ao traduzir, para o código em uso, a matriz jacobiana definida em (79), tem-se: Matlab function rpy2J function J=rpy2J(rpy) % J=rpy2J(rpy); codifica a matriz jacobiana generalizada que % transforma as derivadas de ni em derivada de eta , dados como entrada os % ângulos roll pitch and yaw. sf = sin(rpy(1)); cf = cos(rpy(1)); tt = tan(rpy(2)); ct = cos(rpy(2)); J = [ rpy2R_eb(rpy)' zeros(3,3) zeros(3,3) [1 sf*tt cf*tt; 0 cf -sf; 0 sf/ct cf/ct] ]; 4.7 Sistema de Coordenadas para a Corrente Marinha Este sistema, chamado deste ponto em diante de “sistema-C”, é utilizado para expressar a velocidade da corrente ao redor do veículo de resgate, este possui a orientação do “sistema-E” e uma velocidade linear que corresponde a velocidade de corrente em relação ao “sistema-E” uc 0 ϑc1 ϑ b b e b b e ϑc = ;ϑ c1 = Vc / e = Re * Vc / e = vc ;ϑ c2 = Wc / e = Re * Wc / e = 0 ϑc = c1 ϑc 2 ϑc 2 wc 0 (4.27) Logo, ϑ ν = c1 = ϑc1 = bVc / e = − bWb / e × bVc / e + eVc / e 0 89 (4.28) Adicionalmente, a velocidade relativa é definida como a velocidade do corpo em relação à corrente: bVb / e − bVc / e bVb / c Vr = V − Vc b = b b Wb / e − Wc / e Wb / c (4.29) 4.8 Dinâmica do Corpo Rígido Conforme comentado no capítulo 2 a equação de movimento de um veículo em um espaço tridimensional pode ser expressa como: M CRν + CCR (ν )ν = τ (4.30) Onde pode-se ampliar a matriz de inércia para : mI 3 − mS ( bG ) M CR = b b IOb mS ( G ) (4.31) Onde I3 é uma matriz identidade 3X3, m é a massa do veículo, bG é a posição do centro de massa em relação ao sistema de referência fixo ao corpo (Sistema-B) e b IOb é o tensor de inércia em relação à Ob expresso no Sistema- B. Se ρ é a densidade do corpo no ponto P, e V é o volume, então as propriedades m, bG e b IOb podem ser reescritas da seguinte forma : m = ∫ ρ ( b P)dp vol (4.32) 90 b b G= 1 b b ∫ Pρ ( P)dp m vol (4.33) IOb = − ∫ S 2 ( b P ) ρ ( b P )dp (4.34) vol A matriz CCR , diferentemente da matriz de inércia, pode apresentar diversas parametrizações, uma das mais comuns na literatura (FOSSEN, 1994) é a representada abaixo: 0 − S ( M CR 11 M CR 12 ) CCR (ν ) = − S ( M CR M CR ) − S ( M CR M CR ) 11 12 21 22 (4.35) O vetor de forças e momentos é a soma de diversos esforços: τ = τ rest + τ amort + τ adic + τ FK + τ ext (4.36) Com relação às forças de restauração (devido às forças peso e empuxo), τ restau é uma função de posição e orientação do veículo, e pode ser representada por − g (η ) : τ rest mb g ρ mVol b g = − g (η ) = τ g (η ) + τ b (η ) = b − b b b S ( G )m g S ( B) ρ mVol g 91 (4.37) Onde b g é a aceleração gravitacional expressa no sistema fixo no corpo (sistema-B), ρ m é a densidade da água do mar, b B é o centro de flutuação, que é definido como b G , mas com a densidade da água do mar no lugar da densidade do corpo. ρ ( P ) . τ amort representa o conjunto de esforços relacionados aos diferentes tipos de amortecimento, o potencial que é relativo às ondas produzidas pelo veículo, o relativo a resistência adicionada pela fricção do casco, e o devido à formação de vórtices. Este vetor é dependente da velocidade relativa do veículo υ R = υ − υC (onde υC é a velocidade do fluido) e da posição da deflexão dos lemes direcionais (quando existentes), e é expresso como: τ amort = − D (υ R , δ )υ R (4.38) τ ad representa o conjunto de forças e momentos devido a massa adicionada, ou seja, devido a inércia do fluido circundante ao veículo, que dependem da aceleração do corpo em relação ao fluido e são freqüentemente expressos como: τ adic = − M Aυr − C A (υr )υr (4.39) Onde M A e C A equivalem a M CR e CCR conforme descrito no capítulo 2. τ FK representa as forças de Froude-Kriloff , que derivam da matriz de inércia de fluido deslocado, ou seja: 92 τ FK = M FKυc (4.40) M FK é definida usando a densidade do fluido ρf(P) ao invés da densidade do veículo. ρ(P) τ ext representa todas as forças externas genéricas, como por exemplo, a força desenvolvida pelos propulsores ou a força de um cabo de reboque ou umbilical. τ cor , geralmente, é definida como: τ cor = −CCR (υ )υ − C A (υr )υr (4.41) Repetindo as premissas usadas por Fossen(1994), onde M FK = M CR , ou seja, o corpo tem flutuabilidade neutra e distribuição homogênea de massa, obtêm-se: [ M CR + M A ]ν = τ restau + τ ext + τ cor (4.42) Para a facilitar a implementação computacional, a equação (4.42) pode ser reescrita no formato abaixo: [ M CR + M A ]υ = τ cor + τ amort + τ ext + τ rest (4.43) Finalmente, pode-se escrever a versão das equações da cinemática e dinâmica que serão manipuladas pelo software através da função (matlab function) vxdot, que são: η = J (η )υ υ = υc + [ M CR + M A ]−1 (τ cor (υ ,υ − υc ) + τ amort (υ − υc , δ ) + τ ext + τ rest (η )) 93 (4.44) 5 SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS 5.1 Considerações sobre a estrutura do veículo de resgate Para as simulações, será avaliada uma estrutura cilíndrica com lemes direcionais, conforme desenho abaixo: Figura 5.1 Projeto conceitual testado Cada leme terá um dispositivo capaz de girar no sentido anti-horário de seu eixo y, e este ângulo de rotação é representado pela letra δ. O eixo X da parte fixa de cada leme é considerado como coincidente com eixo X do corpo quando δ=0, o eixo z é obtido diretamente ( k = S(i)j ). serão utilizados 8 lemes direcionais posicionados em dois conjuntos. 94 Figura 5.2 Projeto conceitual dos lemes direcionais 5.2 Aspectos sobre massa, massa adicional e inércia do veículo. a) Massa e massa adicional De forma a contextualizar a simulação seguem algumas premissas para o veículo simulado neste trabalho. O centro de gravidade bG será localizado a uma distância d/2 abaixo do centro de carena, para permitir a estabilidade do movimento de roll. Os momentos de inércia da estrutura foram processados usando as fórmulas gerais do cilindro, meia-esfera e placas retangulares (lemes direcionais). Finalmente, a matriz de corpo rígido é obtida. Os termos de massa adicional seguem descritos abaixo: A11 = max = ρ f π (l / d ) d3 2 (5.1) A22 = ma y = ma yc + ma yla + ma ylp Sendo que c corresponde ao corpo do cilindro, la aos lemes direcionais anteriores(próximos à proa) e lp aos lemes direcionais posteriores. Mais especificamente, ma yla e ma ylp podem ser representados como: 95 ma yla d2 = ρ f π k1 (l / d ) 4 ma ylp = ρ f π lk2 (b / c) (5.2) c 2b 4 (5.3) Sendo que, d e l são o diâmetro do cilindro e o comprimento do cilindro respectivamente e b e c representam o comprimento e a largura dos lemes direcionais. Lembrando-se que é comum a utilização da simetria como ferramenta, o veículo testado é simétrico em relação ao eixo X do sistema de coordenadas fixo no corpo (sistema B), logo tem-se que A33 = A22 , e, fixando-se o centro de massa adicionada neste mesmo eixo ( ya = 0 , za = 0 ). Dito isto, o centro de massa adicionada ao longo do eixo x pode ser calculado da forma explicitada abaixo: xa = ma yc xc + ma yla xla + ma ylp xlp (5.4) ma yc + ma yla + ma ylp Para a montagem da matriz de momentos de inércia adicionais, devem ser utilizadas as mesmas expressões clássicas utilizadas para massas de corpos rígidos, substituindo a massa do veículo pelas adicionais.Em resumo, as matrizes de massas adicionais são descritas como: diag ( A11 , A22 , A33 ) − S ( bGA )diag ( A11 , A22 , A33 ) MA = b b AOb diag ( A11 , A22 , A33 ) S ( GA ) 96 (5.5) 0 C A (υr ) = − S ([ M A11 M A12 ])υ r − S ([ M A11 − S ([ M A21 M A12 ])υr M A22 ])υ r (5.6) 5.3 Forças de Coriolis Conforme observado na equação (4.44), pode-se implementar computacionalmente o termo correspondente aos esforços de coriolis da seguinte forma. O vetor de esforços de Coriolis depende da velocidade e dos vetores de velocidade relativa e de parâmetros fixos como massa, centro de massa, tensor de inércia de massas adicionadas. Function tau_cor function tc=tau_cor(veh,v,vr) % tc=tau_cor(veh,v,vr) calcula as forces de coriolis oriundas % das variáveis do veículo e das velocidades generalizadas v e vr Crb=[ zeros(3,3), -vp(veh.Mrb(1:3,:)*v); -vp(veh.Mrb(1:3,:)*v), -vp(veh.Mrb(4:6,:)*v)]; Ca= [ zeros(3,3), -vp(veh.Ma(1:3,:)*vr); -vp(veh.Ma(1:3,:)*vr), -vp(veh.Ma(4:6,:)*vr)]; tc=Crb*v+Ca*vr; 5.4 Forças de Amortecimento Ainda de acordo com a equação (4.44), pode-se implementar computacionalmente o termo correspondente aos esforços de amortecimento usando a teoria abordada no capítulo 2, onde a força hidrodinâmica atuante sobre a superfície submersa é usualmente expressa na coordenadas auxiliares, da seguinte forma: 97 w Cd 1 Fx = − ρ f S Cc bVcT bVc 2 Cl (5.7) onde ρ f é a densidade do fluido, e S a superfície submersa. Os coeficientes hidrodinâmicos ( Cd , CC , CL ) ,bem como o ponto de aplicação da força dependem da forma geométrica da superfície, da velocidade da corrente do Número de Reynolds Nesta dissertação, devido a simetria do veículo proposto, a ausência de dados experimentais, e o fato de se visar simular diferentes configurações, com lemes direcionais variando de posição e número é utilizada uma aproximação diferenciada.Cada esforço (força ou momento) de cada leme e de todo o corpo cilíndrico do veículo são considerados separadamente e os coeficientes hidrodinâmicos ( Cd , CC , CL )) são funções da orientação e posição da superfície que são obtidas nas referências relacionadas com a hidrodinâmica. Todos estes esforços calculados em separado são adicionados a posteriori, ignorando-se as interações entre todas estas superfícies avaliadas. a) Forças nos lemes direcionais Dado um ponto do leme nº 1 em relação ao sistema fixo no corpo b P1 , sua velocidade em relação à corrente, expressa no sistema de coordenadas 1 pode ser expressa: 1 V1/ c = 1Rb bV1/ c = 1Rb ( bVb / c + bωb / c × b P1 ) (5.8) Neste trabalho, a componente da velocidade da corrente marinha ao longo do eixo Y 1 dos lemes direcionais é ignorada, logo 1V1/c repousa inteiramente sobre o plano X 1 − Z1 . Dada esta simplificação pode-se fazer: 98 α1 = a tan 2( 1V1/ c (3), 1V1/ c (1)) (5.9) Este é o ângulo de ataque entre o sistema de referência auxiliar W e o leme fixado no sistema de referência fixado neste leme 1, (atan2 é definida para corrigir erros no cálculo do arco tangente em ângulos fora do primeiro quadrante e é uma função interna do Matlab). A matriz de rotação é representada por: 1 RW = e 0 −α1S ( 1 ) 0 cos(α1 ) 0 − sen(α1 ) = 0 1 0 sen(α1 ) 0 cos(α1 ) (5.10) Para pequenos valores α = α 1 , os coeficientes hidrodinâmicos Cd e CL são obtidos a partir das relações abaixo: CL = CLα α (5.11) Cd = Cd min + KC 2 99 Figura 5.3 Ponto considerado para a aplicação das forças sobre o leme. Figura 5.4 Forças aplicadas no ponto Quando α apresentar valores superiores a 45 graus, a força sobre os lemes direcionais resultante será assumida como sendo constante e normal à superfície do mesmo conforme a figura 5.4 acima, ou seja: CL = CT cos α (5.12) CD = CT senα De posse destes coeficientes CL e CD , a força exercida sobre cada leme pode ser expressa, conforme a expressão 5.13. Porém, como cada uma destas forças está descrita no sistema de coordenadas fixos no leme se faz necessário descrevê-las nas coordenadas fixas no corpo (sistema-B), através das seguintes relações : 100 b F1 = b R1 1Rw w F1 b F2 = b R2 2 Rw w F2 b F8 = b R8 8 Rw w F8 (5.13) Obviamente o mesmo raciocínio é feito com relação aos momentos em relação à origem do sistema de coordenadas fixo no corpo: b M 1/b = b P1 × b F1 b M 2/ b = b P2 × b F2 . . b M 8/ b = b P8 × b F8 (5.14) Onde b P1 , b P2 ,..., b P8 são as posições do ponto de aplicação da força nos lemes direcionais descritos no sistema referencial fixo no corpo. a.1) Codificações das Funções Nesta codificação foram omitidos os valores numéricos a serem inseridos por ocasião da simulação. 101 function [Cl,Cd,xcp]=a2clcdxc(alfa) % [Cl,Cd,xcp]=a2clcdxc(alfa) processa os coeficientes hidrodinâmicos % Cl e Cd para o corpo, e a distância entre a proa e o ponto de aplicação da força xcp % Costantes consideradas CD0 =; CD90 =; ALFA1 =; ALFA2 =; C1 =; % coeficientes de interpolação C2 =; C3 =; C4 =; C5 =; C6 =; K1 =; K2 =; % correção de sinal mod_alfa=abs(alfa-sign(alfa)*(abs(alfa)>pi/2)*pi); Cd = CD0 + (CD90 - CD0) * sin(mod_alfa)^3; xcp = K1*mod_alfa + K2*mod_alfa^0.5; if mod_alfa < ALFA1 Cl = C1*mod_alfa +C2*mod_alfa^2; elseif mod_alfa < ALFA2 Cl = C3*mod_alfa +C4; else Cl = C5*mod_alfa +C6; end % correção de sinal Cl = Cl*sign(sin(2*alfa)); xcp = xcp*sign(cos(alfa)) + (abs(alfa)>pi/2); Foi necessária a introdução de correções de sinais para que a consistência da resposta fosse mantida em toda faixa de trabalho. b) Forças no corpo do veículo 102 Para as forças hidrodinâmicas atuantes no corpo do veículo, a velocidade do centro de flutuação (B) do mesmo será considerada como a velocidade do corpo, assim uma vez fornecido o centro de flutuação é possível calcular a velocidade de todo o corpo em relação a corrente marinha descrita no sistema referencial fixo no corpo. b VB / c = bVb / c + bWB / c × b B (5.15) Sabendo que o corpo do veículo é simétrico em relação aos planos X-Y e X-Z, é razoável a introdução de outro sistema de referência fixo no corpo, o sistema f, centrado em B, de tal forma que o sistema de coordenadas auxiliar W é obtido pela simples rotação do sistema f ao redor do seu eixo y de um ângulo positivo de ataque α . Resumindo, o sistema de coordenadas f é estruturado de forma f VB / c deve estar totalmente contido no plano Xf-Zf. O eixo Xf é escolhido para ser coincidente com o eixo Xb, o que implica que if = ib . if e ib são os vetores unitários relacionados aos eixos X correspondentes. O eixo Zf foi escolhido de modo que sua parte positiva contenha a componente de bVB / c que não está sobre o eixo Xb,isto significa que o vetor kf deve ser escolhido da seguinte forma: 0 V Kf = 2 2 2 V2 + V3 V3 1 (5.16) T Onde: bVB / c = [V1 V2 V3 ] Logo, a matriz de rotação de f com relação ao sistema – B é descrita da seguinte forma : 103 b R f = bi f b jf b k f (5.17) A velocidade do centro de flutuação descrito em f é igual: f VB / c = b R f bVB / c (5.18) Sabendo que f VB / c está inserida no plano Xf-Zf, tem-se que: α f = a tan 2( f VB / c (3), f VB / c (1)) ∈ [ 0, π ) (5.19) que é o ângulo de ataque entre o sistema de referência auxiliar W e o sistema- f. Esta matriz de rotação é expressa por: f cos(α f ) 0 − sen(α f ) Rw = 0 1 0 sen(α f ) 0 cos(α f ) (5.20) O coeficiente hidrodinâmico de arrasto Cd é ,então, processado com a seguinte fórmula sendo ( α = α f ): Cd (α ) = Cd 0 + (Cd 90 − Cd 0 ) sen3α (5.21) Com relação ao coeficiente hidrodinâmico de sustentação,tem-se que: 104 Cl (α ) = (C2 (α ) + C1 )(α ) Cl (α ) = C3 (α ) + C4 Cl (α ) = C5 (α ) + C6 Cl (α ) = C3 (α ) + C4 para α ≤ α1 α ≥ α2 para α ∈ [α1 , α 2 ] Cl (α ) = C5 (α ) + C6 (5.22) C1..C6 para α ≥ α 2 Onde os valores de C1..C6 e de α1..α 6 são obtidos em CAMPA, G., INNOCENTI, M. e NASUTI, F. (1998). Saliente-se que se V2 = V3 = 0 e α =0, não há coeficiente de sustentação, então os sistemas de referência f, w e b se igualam sendo f = w = b . Com relação ao ponto de aplicação da força, é admitido que: b xc p (α ) * l PB = 0 0 (5.23) Onde l é o comprimento do veículo e xc p é representado por: Xcp (α ) = K1 + K 2α (5.24) As constantes K1 e K 2 são escolhidas de acordo com CAMPA, G., INNOCENTI, M. e NASUTI, F. (1998) e os resultados são apresentados no próximo capítulo. Uma vez obtidos os coeficientes hidrodinâmicos Cd e Cl e o ponto de aplicação da força, a força agindo sobre o casco do veículo pode ser expressa como afirmado em 105 (5.25), onde a superfície de referência escolhida será πd2 4 . Porém como esta força está expressa no sistema de referência F, é necessário a utilização dos operadores de rotação já mencionados para obter a mesma expressa no referencial do corpo (5.25): b FB = b R f f Rw w FB (5.25) Esta força proporciona o seguinte momento em relação à origem do sistema fixo no corpo do veículo: b M B / b = b PB × b FB (5.26) b.1) Codificação dos coeficientes hidrodinâmicos function [Cl,Cd,xcp]=a2clcdxc(alfa) % [Cl,Cd,xcp]=a2clcdxc(alfa) processa os coeficientes hidrodinâmicos % Cl e Cd para o casco, e a distância entre a proa e o ponto de aplicação da força xcp % Costants CD0 =; CD90 =; ALFA1 =; ALFA2 =; C1 =; % coeficientes de interpolação C2 = ; C3 =; C4 =; C5 =; C6 =; K1 =; K2 =; % correção de sinal mod_alfa=abs(alfa-sign(alfa)*(abs(alfa)>pi/2)*pi); Cd = CD0 + (CD90 - CD0) * sin(mod_alfa)^3; xcp = K1*mod_alfa + K2*mod_alfa^0.5; 106 if mod_alfa < ALFA1 Cl = C1*mod_alfa +C2*mod_alfa^2; elseif mod_alfa < ALFA2 Cl = C3*mod_alfa +C4; else Cl = C5*mod_alfa +C6; end % correção de sinal Cl = Cl*sign(sin(2*alfa)); xcp = xcp*sign(cos(alfa)) + (abs(alfa)>pi/2); b.2) Codificação dos esforços de amortecimento function td=tau_damp(veh,vr,de) % td=tau_damp(veh,vr,de); Calcula as forças de amortecimento a partir das variáveis do veículo, velocidades generalizadas e ângulos de inclinação dos lemes direcionais% %Alexandre Vianna % -------------------------------------------------------------% forças no casco % superfície de referência do casco sf=pi/4*veh.d^2; % velocidade relativa de B_b em relação a c descrito em b v_Bcb=vr(1:3)+vp(vr(4:6),veh.B_b); % matriz de rotação do casco do veículo i_fb=[1; 0; 0]; if norm([0; v_Bcb(2); v_Bcb(3)])<1e-12, k_fb=[0; 0; 1]; else k_fb=[0; v_Bcb(2); v_Bcb(3)]/norm([0; v_Bcb(2); v_Bcb(3)]);end R_fb=[i_fb, vp(k_fb,i_fb), k_fb]; % velocidade relativa de B_b com relação à c descrito em f v_Bcf=R_fb'*v_Bcb; % angulo de ataque af=atan2(v_Bcf(3),v_Bcf(1)); % matriz de rotação do sistema de coordenadas auxiliar R_wf=[cos(af) 0 -sin(af); 0 1 0; sin(af) 0 cos(af)]; % cl cd xcp processamento [cl,cd,xcp]=a2clcdxc(af); % forças de amortecimento em B com relação a w F_Bw=-0.5*veh.rho*sf*v_Bcf'*v_Bcf*[cd; 0; cl]; 107 % forces em B com relação a b F_Bb=R_fb*R_wf*F_Bw; % ponto de aplicação da força Pf_b=[-xcp*veh.l; 0; 0]; % moments on B with pole in b wrt b M_Bbb=vp(Pf_b,F_Bb); tf=[F_Bb;M_Bbb]; % forças no Leme direcional 1 % Matriz de rotação do leme 1 R_1b=[cos(de(1)) 0 sin(de(1)); 0 1 0; -sin(de(1)) 0 cos(de(1))]; % Velocidade relativa do ponto intermediário do leme 1 com relação a c descrito em b v_1cb=vr(1:3)+vp(vr(4:6),veh.P1_b); % velocidade relativa do ponto médio do leme 1 com relação a c descrito em 1 v_1c1=R_1b'*v_1cb; % ângulo de ataque a1=atan2(v_1c1(3),v_1c1(1)); % matriz de rotação do sistema de coordenadas auxiliares do leme 1 R_w1=[cos(a1) 0 -sin(a1); 0 1 0; sin(a1) 0 cos(a1)]; % cl e cd processamento [cl,cd]=a2clcd(a1); % forças de amortecimento em 1 com relação a w F_1w=-0.5*veh.rho*veh.sw*(v_1c1(1)^2+v_1c1(3)^2)*[cd; 0; cl]; % forças de amortecimento em 1 com relação a b F_1b=R_1b*R_w1*F_1w; % momentos atuantes em 1 descritos em b M_1bb=vp(veh.P1_b,F_1b); t1=[F_1b;M_1bb]; % -------------------------------------------------------------% -------------------------------------------------------------% Esforços resultantes forças e momentos descritos em b td=tf+t1+t2+t3+t4+t5+t6+t7+t8; 108 5.5 Forças Restauradoras O vetor das forças restauradoras possui forças e momentos devido ao peso e ao empuxo. Considerando que o centro de massa está localizado abaixo do centro de flutuação,conforme abordado no capítulo 2, um torque restaurador aparece no momento que os ângulos de roll e pitch são diferentes de zero. Como conseqüência, os movimentos dos planos X-Z e X-Y são diferentes. a.1) Codificação das Forças Restauradoras function tr=tau_rest(veh,p) % tr=tau_rest(veh,p); calcula forces de restauração a partir % das variaveis do veículo e posições generalizadas p % Força e momento hidrostático FB_e=-veh.vol*veh.rho*veh.g_e; FB_b=rpy2R_eb(p(4:6))*FB_e; MB_b=vp(veh.B_b,FB_b); tb=[FB_b;MB_b]; % Força e momento gravitacional FG_e=veh.m*veh.g_e; FG_b=rpy2R_eb(p(4:6))*FG_e; MG_b=vp(veh.G_b,FG_b); tg=[FG_b;MG_b]; tr=tb+tg; 5.6 Modelo completo Após a abordagem detalhada de todos os componentes da equação de governo, é possível reescrever o modelo não-linear descrito pela equação (5.30): η = J (η )ν ν = νc + [ M CR + M A ]−1 (τ cor (υ ,υ − υc ) + τ amor (υ − υc , δ ) + τ rest (η ) + τ ext 109 (5.27) Estas equações descrevem até 12 estados do sistema que podem ser simulados nos ambientes Matlab® e Simulink®. Figura 5.5 Codificação do modelo – função Vxdot. As equações apresentadas acima são codificadas de modo a receber como entrada um vetor de 38 dimensões contendo: 1) Os 12 estados iniciais (posição e velocidade). 2) Vetor de ângulos dos lemes direcionais, contendo 8 elementos. 3) Forças e momentos externos descritos nas coordenadas do corpo, (neste exemplo : Propulsores), 6 elementos. 4) Forças e momentos externos descritos em coordenadas fixas na terra, (Nesta dissertação um cabo umbilical, porém poderia ser qualquer força de contato com objetos externos), 6 elementos. 5) aceleração e velocidade da corrente marinha descrita em coordenadas fixas na terra. Esta função,então, processa estas entradas e a informação das variáveis relacionada ao veículo (armazenadas na função veh) para processar as derivadas dos sistemas de estado conforme descrito nas equações (5.29). Estas derivadas podem então ser integradas através de um processo numérico para apresentar a evolução temporal do sistema de estados. 5.7 Simulações e resultados em malha aberta. Neste capítulo, será apresentada a série de resultados e avaliações referentes ao comportamento cinemático e dinâmico do veículo em malha aberta. 110 5.6.1 Dados relacionados ao tipo de veículo utilizado na simulação Código da variável Tabela 5.1 – Dados utilizados Descrição Valor unidade g_e Gravidade descrita [0; 0; 9.81] m/s2 em coordenadas fixas na terra(e) Rho densidade da água 1033 Kg/m3 do mar M Massa 1444.0 Kg Matriz de corpo rígido (Kg Kg*m; Kg*m Kg*m^2) M CR 0 0 0 252, 7 0 1444 0 1444 0 −252, 7 0 −2527 0 0 1444 0 2527 0 = −252, 7 0 142,8 0 0 0 252, 7 0 2527 0 2796 0 −2527 0 0 0 2778 0 (5.28) Matriz de massas adicionadas (Kg Kg*m; Kg*m Kg*m^2) 0 0 0 0 0 57, 6 0 1460 0 0 0 −102 0 0 1460 0 102 0 Ma = 0 0 83, 4 0 0 0 0 0 102 0 3401 0 −102 0 0 0 3401 0 111 (5.29) Tabela 5.2 Resumo das variáveis utilizadas na simulação 3 112 Figura 5.6 Template da simulação do comportamento do veículo sem nenhum esforço de cabo ou corrente atuando sobre o veículo de resgate com propulsão de 10N . Figura 5.7 Gráfico da evolução da posição do ponto P do modelo 113 Figura 5.8 Template da simulação com esforços de cabo e corrente atuando sobre o veículo de resgate . Figura 5.9 Gráfico da simulação referente a posição do ponto P do modelo com o template da figura 5.8 114 Figura 5.10 Simulação comparativa da posição do ponto P do modelo com e sem esforços de cabo e de corrente marinha atuante. 115 6 CONSIDERAÇÕES SOBRE TEORIAS DE CONTROLE APLICÁVEIS. 6.1 Introdução No projeto de controladores em geral é abordada a criação de sistemas dinâmicos que operam de forma adequada a determinado propósito. Muitos sistemas avaliados são físicos; como máquinas do leme de Navios, atuadores hidráulicos diversos, e processos químicos. Controladores também podem ser aplicados em sistemas não-físicos; como na economia. O conceito fundamental é que um conjunto de variáveis de entrada atua através de uma planta e cria um conjunto de saídas. Controles com retroalimentação utilizam sensores para monitorar as saídas e corrigir as entradas: Planta Tabela 6.1 Exemplos de controle retroalimentado Entradas Saídas Sensores Navios Reator Nuclear Ângulo do leme aproamento resfriamento, fluxo de Nível nêutrons energia giroscópio de termômetro, manômetro 6.2 Necessidade de modelagem Um controle efetivo é beneficiado quando é elaborado a partir de um modelo matemático preciso. Porém, muitos controladores industriais podem ser sintonizados satisfatoriamente sem o conhecimento da planta tais como: o método de Ziegler e Nichols, o relé de aström (ASTRÖM, K. J. AND HÄGGLUND, T. (1988)) e o controle fuzzy. Em nenhum caso, porém os modelos representam a totalidade de um sistema real; apenas os componentes essenciais na forma de equações diferenciais ou integraisdiferenciais. Assim, quando não é possível a modelagem do comportamento de sistemas dinâmicos baseando-se na física, é possível a geração de um modelo gerado a partir de dados experimentais. Este processo chamado de “identificação de sistemas” apresenta reveses 116 relacionados a ruídos oriundos do sensor ou perturbações que podem gerar comportamentos imprevisíveis. 6.3 Controle não-linear Devido à elevada dificuldade relacionada ao projeto de controles não-lineares, geralmente este são tratados sob os auspícios da teoria linear. Existe um conjunto de ferramentas disponíveis para este fim. Maiores detalhes da teoria de controle não-linear são expostos em ASADA, H. e SLOTINE, J.-J. E. (1986) . 6.4 Representação de sistemas dinâmicos lineares Exceto para a maioria das heurísticas que se utilizam da sintonia de sistemas dinâmicos simplificados e das que utilizam inteligência computacional (lógica difusa, redes neuronais ou similares), o projeto de um sistema de controle depende de uma modelagem adequada do sistema dinâmico, maiores detalhes em CHIANG, R. Y. AND SAFONOV, M. G. (2001). 6.5 Formulação do espaço de estados Ao escrever um sistema linear no espaço de estados tem-se: x = Ax + Bu + Gw (6.1) y = Cx + Du + v Onde, x é um vetor de estados, com tantos elementos quanto os estipulados pelas equações diferenciais de governo A é a matriz que mapea x até a sua derivada; A captura a dinâmica natural do sistema sem a presença das entradas externas. B é uma matriz de ganho de entrada para a entrada de controle u. G é uma matriz de ganho para w perturbação desconhecida; w unidades no estado assim como o controle u. 117 y é o vetor de observação, majoritariamente composto por uma combinação linear de estados Cx (onde C é uma matriz). Du é um mapa direto da entrada para a saída (normalmente zero para sistemas físicos). V é um sensor de ruído desconhecido que corrompe a medição. Figura 6.1 Diagrama de blocos da formulação no espaço de estados. 6.6 Controlador PID O controle PID mantem uma variável de processo (PV) em um valor de referência (SP) desejado, a partir da manipulação da variável de controle (CV). A definição básica do método aborda três parâmetros que devem ser definidos de acordo com o processo que se está sintonizando (método de adequação das constantes ao processo). Estes parâmetros são chamados Kp (constante proporcional), Ki (constante integral) e Kd (constante derivativa). Onde, uma das expressões simplificadas mais utilizadas é a mostrada a seguir: t Saída = Kc[( E ) + 1 d ( PV ) ( E )dt + Td * ] + bias ∫ Ti 0 dt Sendo que o erro é igual a: E = SP – PV ou E = PV - SP 118 (6.2) Figura 6.2 Exemplo de controle PID. Na figura acima podemos notar um diagrama esquemático, baseado nos seguintes parâmetros: Setpoint (SP): Valor de referência introduzido. Variável de Processo (PV): Valor da variável observado por um sensor. Variável de Controle (CV): Valor controlado pelo controle PID. Erro (E): é a diferença entre o SP e a PV ou vice-versa. Bias: Perturbações. Kp, Ki e Kd devem ser sintonizados de acordo com o processo. 6.6.1 Controle Proporcional Uma das ações de controle é a proporcional que faz com que tenhamos uma aproximação rápida da Variável de Processo (em relação ao setpoint), sem sobretudo atingi-la. Uma das desvantagens deste controle quando aplicado é que ele gera um offset (erro estacionário) que pode ser visto com mais detalhes no gráfico a seguir. 119 Figura 6.3 Exemplo de controle P 6.6.2 Controle Integral A ação integral permite alcançar o set point, porém causa o overshoot (sobresinal). Assim pode-se perder o controle ou causar danos dependendo da intensidade do mesmo. Figura 6.4 Exemplo de controle I 6.6.3 Controle Derivativo Há um último controle a ser feito que é o derivativo, este é extremamente necessário quando queremos controlar malhas lentas. Como sempre temos aqui também um inconveniente que são as oscilações ocorridas logo depois da variável de processo atingir o setpoint. Figura 6.5 Exemplo de controle D 120 6.7 Sintonia Heurística Para muitos sistemas práticos, o ajuste de um controlador PID pode ser executado sem qualquer modelo matemático do sistema. Uma abordagem útil é devido a Ziegler e Nichols (B'elanger, 1995), através do método da resposta ao degrau, ou método do domínio do tempo, que requer o conhecimento de duas grandezas que caracterizam a resposta ao salto de um processo: G (s) Ke −Ts τ s +1 Sendo T (6.3) o tempo de retardo, τ a constante de tempo. O método de Ziegler- Nichols é aplicável a sistemas cuja função de transferência não possui pólos na origem ou pólos complexos conjugados dominantes. A resposta ao degrau deste tipo de sistemas é do tipo sobreamortecido ou seja a forma de um S distorcido. Se a resposta não tem a forma de uma curva em S este método não é aplicável. d é o máximo valor da variação de saída e Td é o instante de tempo que este valor é observado. Tabela 6.2 Método de Ziegler-Nichols 6.8 Controle Ótimo No caso da teoria do controle ótimo, o controle é obtido através da escolha de uma função de custo e um índice de desempenho para minimização. A formulação do controle ótimo também permite uma consideração mais natural das restrições sobre 121 as variáveis de estado como também considerações para redução do tempo necessário para o controle trazer a resposta a um nível desejado como visto em DA CRUZ, J.J(1996). A formulação do controle ótimo também natural das restrições sobre as variáveis permite uma consideração mais de estado como também consideração para redução de muito tempo, ou tempo final, requerido para o controle trazer a resposta a um nível desejado. De forma a exemplificar, considere-se um sistema controle e o modelo estrutural dado pelas equações : Mq + A2 q + Kq = f f + f (6.4) f f = Bf u Assim, o objetivo do controle ótimo é calcular o controle u(t) que minimiza o índice de desempenho especificado, denominado pôr J = J (q, q , t , u ) , dadas as condições iniciais q (t0 ) q (t0 ) , e sujeito as restrições que: M (q) + A2 q + kq = B f u (6.5) é satisfeito com as condições iniciais apropriadas. Esta última expressão é chamada de uma restrição diferencial e é usualmente escrita na forma de espaço de estado. A função custo é geralmente dada em termos de uma integral. O processo do projeto do controle ótimo consiste da escolha de uma função J. A função J deve ser expressa de forma a refletir o desempenho desejado. A melhor opção para u, ou seja o “u ótimo”, denotado u *, deve ter a seguinte propriedade: J(u*) < J(u) Um exemplo de escolha para a função de custo J pode ser o problema de tempo mínimo: tf J = t f − to = ∫ dt (6.6) t0 Sendo, to igual o tempo inicial, tf o tempo final. 122 Outro exemplo de problema do controle ótimo é chamado de problema do regulador linear. O controle ótimo quadrático tem como base o 2º método de Lyapunov, onde um índice de desempenho quadrático é minimizado. Em conseqüência, a principal vantagem deste tipo de controle é que, em sendo o sistema controlável, ele será estável e ótimo. 6.8.1 Controlabilidade e Observabilidade A obtenção de um sistema de controle linear ótimo está vinculada às propriedades de controlabilidade e de observabilidade do sistema. Sendo que, estas propriedades estabelecem condições para uma equivalência completa entre as representações sob a forma de variáveis de estado e de função de transferência. Um sistema é dito completamente estado-controlável se, qualquer que seja to, todo estado inicial x(to) pode ser transferido para qualquer estado final x(tf) num tempo finito, tf > to, por intermédio de um vetor excitação u(t) não sujeito a restrições, isto é, que não apresente limitações quanto aos valores de u(t). Esta definição indica que u(t) é capaz de influenciar cada uma das variáveis de estado na expressão. Um conceito similar ao de controlabilidade é a idéia que toda variável de estado do sistema tem algum efeito sobre a saída do sistema (resposta). Isto é chamado observabilidade. Um sistema é dito completamente observável se todo estado inicial x(to) pode ser determinado exatamente a partir de medidas da resposta y(t), durante um intervalo de tempo finito to ≤ t ≤ tf. Esta definição indica que todas as variáveis de x(t) influenciam a resposta y(t). 6.8.2 Regulador linear A teoria do controle ótimo lida com a operação de um sistema dinâmico com um custo mínimo. A situação onde a dinâmica do sistema é descrita por um conjunto de equações diferenciais lineares e o custo é descrito por uma função quadrática, é denominada problema QL. Um dos principais resultados na teoria é que a solução é provida pelo regulador quadrático linear (RQL), um controlador de retroalimentação criado pelo matemático Rudolf Kalman em 1960, cujas equações são descritas abaixo. 123 O regulador linear tem aplicação particular em controle de posição de aeronaves e veículos aéreos e espaciais. Em particular, o objetivo é o retorno da resposta do valor de estado inicial x(t) de posições de equilíbrio do sistema. O índice de desempenho para o problema do regulador linear é definido por: tf 1 J = ∫ ( xT Qx + u T Ru )dt 2 t0 (6.7) Onde Q e R são matrizes de peso simétricas positivas definidas. Onde a matriz peso Q, é denominada de matriz custo de estado, e a matriz peso R, é chamada de matriz custo de controle. A determinação da lei de controle ótimo possui um significado prático de que o sistema resultante estabelece um compromisso entre a minimização do erro integral e a minimização da energia de controle. A função objetivo previne-se contra as grandes oscilações das variáveis de estado, ao mesmo tempo em que busca limitar as grandes e repetidas oscilações do acionamento dos atuadores, controlando desta forma as instabilidades geradas pelas perturbações internas ou externas presentes no sistema. A dificuldade no controle de modelos de veículos remotamente operados é que o sistema inclui não-linearidades na sua dinâmica. As propriedades dinâmicas do sistema não são invariantes no tempo, tendo variações durante o ciclo de vida do veículo. Além disso, o propósito de um sistema de compensação é satisfazer as exigências de desempenho em diferentes situações. Exemplos de sistemas de compensação podem ser diversificados como por exemplo os vários métodos para resolver o problema da suspensão ativa. A maior parte destas contribuições de pesquisa é baseada em modelos lineares invariantes no tempo (BUCKNER& SCHUETZE, 2000). Um possível modo de controle é pela utilização do método de linearização "feedback" para obtenção de um controlador não-linear (RAFIKOV & BALTHAZAR, 2004). 6.9 Controle Fuzzy Os Sistemas de controle baseados em lógica fuzzy desenvolvidos por Lotfi Zadeh na década de 60, são utilizadas com sucesso em varias áreas, inclusive na área de veículos remotamente operados (JAIN & JAIN, 1997). No entanto, na medida em que a complexidade dos processos aumenta, fica difícil estabelecer uma configuração ideal para um sistema de controle fuzzy, sendo necessárias muitas vezes ferramentas de 124 auxílio ao controle fuzzy, entre elas pode-se citar o algoritmo genético e as redes neurais (RUAN, 1997). Geralmente, na forma mais usual, utiliza-se o modelo clássico de Mamdani, onde a escolha das funções de pertinência dos conjuntos Fuzzy, tem forma simétrica e são igualmente espaçadas com o objetivo de suavizar eventuais descontinuidades e minimizar problemas de ruídos. Pode-se alterar o numero de funções de pertinência, o de modo a concatenar precisão com demanda computacional. 6.10 Comentários Adicionais Em certos casos, no entanto, o controle linear PID não é adequado para aplicações em controle de veículos submarinos. Devido à natureza não linear do movimento deveículos submarinos um controlador linear não permite um desempenho satisfatório para condições de operação muito diferentes das quais foi projetado. Nestes casos é necessário o projeto de vários controladores, um para cada região de operação, ou intervalo de velocidade. Considerando uma combinação de movimentos e magnitudes de velocidade, utilizando os seis cada grau de liberdade, fica evidente o aumento de complexidade de projeto, exigindo considerável quantidade de tempo para projeto e simulações. Mesmo considerando um veículo submarino atuando em apenas um grau de liberdade, muitas vezes a utilização de um controlador PID não é adequada pois a operação do UUV pode não se limitar a uma pequena extensão ou intervalo de velocidades. Adicionalmente, uma estimativa próxima dos parâmetros da dinâmica do veículo seria indispensável para a determinação dos ganhos do controlador. Um procedimento freqüentemente utilizado no controle de veículos submarinos, e de sistemas multivariáveis em geral, é considerar que o sistema possui uma dinâmica desacoplada. Feita esta hipótese, decompõe-se a equação matricial da dinâmica do sistema, conforme exposto neste trabalho em seis equações diferenciais desacopladas (Cunha, Lizarralde, Costa, Hsu, Smith Jr., Wollmann Jr. and Sant’Anna, 1994) (Fossen, 1994; Caccia and Veruggio, 2000) (Caccia, Bruzzone and Veruggio, 2001) 125 6.11 Modelo Linear para aplicação do controle de atitude do veículo Neste tópico, abordar-se-á a criação do modelo não-linear linearizado a um certo ponto de operação usando a rotina de linearização residente no Matlab “linmod”, onde os valores das entradas, estados e saídas mais relevantes são selecionados e finalmente a auto-estrutura e valores singulares resultantes do modelo linear podem ser analisados. 6.11.1 Linearização Primeiramente, é necessário a criação de um bloco no simulink, a partir de agora chamado de modo controlado ou “xtrlmod”: Figura 6.6 – Modelo linearizado A função “Vxdot” deste sistema é exatamente que descreve a dinâmica do veículo em estudo (com 26 entradas, 12 estados, e 12 saídas), e é, portanto, a que é tratada pela rotina de linearização "linmod". >> u0=[zeros(8,1);350;zeros(17,1)]; >> x0=[zeros(6,1);2;zeros(5,1)]; A aposição de condições iniciais x0 e u0 , exemplificadas acima, estabelece-se o ponto de operação do sistema quanto ao espaço x-u, sendo x o eixo longitudinal fixo no corpo e u os vetores de atuação. Neste ponto, tem-se, os ângulos dos lemes zerados, a força de impulsão igual a 350 N, não há corrente, não há força externa e o veículo segue positivamente em relação ao eixo x fixado no corpo com velocidade igual a 2 m/s. >> [A,B,C,D]=linmod('xtrlmod',x0,u0); 126 O uso do comando nativo “linmod” para o sistema no modo controlado “xtrlmod” no ponto de operação x0-u0 apresentado, resulta nas matrizes A B C D do modelo linearizado. Finalmente para teste de um controle exclusivo de atitude, pode-se selecionar as variáveis de interesse: >> [a,b,c,d]=ssselect(A,B,C,D,1:8,4:6,[4:12]); Neste caso, demontra-se que selecionamos apenas os ângulos do lemes como entradas e os ângulos de roll, pitch e yaw como saídas, ignorando as posições x, y e z referenciadas na terra, resultandoem um vetor de estado de 9 dimensões como se segue. T [ϕ ,θ ,ψ , u, v, w, p, q, r ] Somente oito das vinte entradas (posição dos lemes) e [ϕ ,θ ,ψ ] serão observadas como saídas. A matriz A tem autovalor nulo correspondente a ψ , enquanto ϕ e θ não apresentam este efeito integrador. Esta diferença de comportamento pode ser atribuída ao fato do torque restaurador que é gerado pela combinação dos esforços gravitacionais e de empuxo (o centro de gravidade é localizado abaixo do ponto de aplicação da força de empuxo). Assim, existem 3 (três) modos fortemente relacionados com θ ,ψ , v, w e fracamente com q e r. Estes são relacionados com a geometria do veículo, a qual tende a movimentar o veículo para cima e para baixo quando o mesmo movimenta-se para a frente, não há uma simetria exata entre a dinâmica das superfícies de controle e a dinâmica de mergulho, em função da combinação das forças de empuxo e peso. 127 Figura 6.7 Movimentação do veículo em roll Figura 6.8 Movimentação do veículo em Pitch 128 6.12 Controlador Linear de Atitude Neste tópico final, um controlador linear de atitude será apresentado para o modelo linearizado obtido nos tópicos anteriores. Este mesmo controlador será testado no modelo não-linear. a) LQR Reconhecido por bom desempenho e robustez. O Regulador Linear Quadrático foi o escolhido neste trabalho para testar o comportamento em malha fechada do sistema nãolinear em estudo. Considerando no espaço de trabalho (“workspace”), as matrizes a,b,c e d. do modelo considerado nos capítulos anteriores, para a aplicação deste controle retroalimentado requer apenas o seguinte par de linhas de comandos: >> Q=diag([20 20 20 ones(1,6)]); >> R=eye(size(b,2)); Os comandos acima selecionam as matrizes de ponderação Q e R, este fato designa um peso maior nos estados que controlam a atitude do veículo. Onde, neste trabalho, foi designado o valor de ponderação igual a “20” que será comparado com o valor “1”correspondente aos outros estados e entradas, refletindo assim os comamdos pré-ajustados de controle de atitude “TRACKING” do veículo. >> K=lqr(a,b,Q,R); Adicionalmente, a linha de comandos acima processa a matriz de ganho K. Considerações sobre a determinação dos estados iniciais do veículo submarino. b) Considerações sobre a determinação dos estados iniciais do veículo submarino Existem unidades de medição inercial (IMU) que usam fusão sensorial para apresentar referências para prover estabilização e controle de atitude de câmeras, veículos e sistemas autônomos. Dispositivos para determinação da atitude são caracterizados pelos três ângulos de orientação do veículo em relação a um sistema de coordenadas tridimensional conhecido, encontram aplicação em diversas áreas, desde realidade virtual até as engenharias aeroespacial (Kuipers, 1998) e submarina. Nos casos de maior complexidade, em que o objeto de interesse não está fixo a uma plataforma, sensores de diversas naturezas são empregados, desde câmeras a conjuntos de sonares. Dentre as abordagens para estimação da atitude mais utilizadas. Tem-se a baseada na medição das velocidades de rotação do veículo, proporcionada por girômetros. A partir da integração numérica de tais medidas e do conhecimento da atitude inicial em relação ao sistema de referência, é possível obter uma estimativa da atitude, como descrito em Titterton and Weston (1997). A outra abordagem é baseada na medição de vetores locais dos campos gravitacional e magnético. A partir do conhecimento dos valores desses vetores no sistema de referência, também é possível determinar uma estimativa da atitude, conforme exposto em Rogers (2003). 129 i) Girômetros Os girômetros são sensores que medem a velocidade de rotação de um corpo em relação a um sistema de coordenadas inercial, ou Sistema. Neste sentido, caso o sensor opere em um sistema de coordenadas rotativo, como a Terra, tal rotação será medida pelo sensor. Entretanto, devido ao tempo de operação do sistema e à reduzida magnitude da rotação da Terra, ωe ≈ 15 o/hora, quando comparada aos ruídos apresentados pelos girômetros deste trabalho, tal efeito ´e desconsiderado. Assim, considera-se que ωb nb = ωbib. ii) Acelerômetros e magnetômetros Acelerômetros são sensores com os quais pode ser obtida estimativa da aceleração a partir da medição da força incidente em um corpo de prova localizado no interior do dispositivo, fb Assim, um acelerômetro de três eixos mede não apenas a aceleração inercial representada em componentes do Sistema B empreendida pelo veículo, ab, mas também a aceleração gravitacional local, gb. Já um magnetômetro, por sua vez, é um sensor capaz de medir a intensidade do campo magnético incidente no dispositivo, mb Tais sensores são utilizados, de maneira conjunta (fusão), para uma estimativa completa da atitude em relação a um sistema de coordenadas conhecido. Utiliza-se os dados de dois sensores porque, a partir da medição de apenas um vetor cujos componentes são conhecidos em um sistema de coordenadas de interesse, pode - se determinar apenas de forma incompleta a atitude relativa a tal referência. Por exemplo, caso seja conhecido gb , é possível determinar a inclinação do sistema em relação ao plano perpendicular à aceleração da gravidade. Não será possível determinar, entretanto, a orientação em torno do eixo paralelo à gravidade. Entretanto, caso dois vetores não paralelos estejam disponíveis, é possível determinar por completo a atitude do veículo. 130 6.10.1 Simulação do sistema em malha fechada De forma a retroalimentar os atuadores do veículo, os sensores são simulados de forma a quantizar o sinal, subtrair as condições iniciais e somente disponibilizar as medições selecionadas. Figura 6.9 Modelo de sensores Como neste trabalho o objetivo é estabelecer uma simulação com maior realismo para propiciar ao projetista ou ao tomador de decisões, a melhor estimativa de comportamento dinâmico do veículo de resgate. Os atuadores serão simulados com atrasos, limitadores de posição e limitador de taxa de variação de posição. Figura 6.10 Modelo de Atuadores 131 Figura 6.11 Modelo do sistema em malha fechada usando um Regulador Quadrático Linear ( LQR) Um filtro discreto de segunda ordem (IIR) será utilizado para remover o ruído simulado. O sistema foi elaborado de forma a buscar posicionamento submetido a perturbações ambientais através de três rampas independentes, onde é possível a taxa de velocidade de atuação em rad/s e a amplitude máxima de variação em rad. Nas simulações apresentadas abaixo variar-se-á, primeiramente, o canal yaw e depois os canais pitch e roll Nas simulações específicas, apresentadas abaixo e baseadas no modelo acima, são apresentadas 3 rampas independentes com taxa de variação de 0.1 rad/s e amplitude máxima de 0.3 rad, onde, as variações nos canais yaw, pitch e roll são solicitadas a 5, 10 e 15 s respectivamente. O comando no espaço de saída corresponde ao espaço de estados simplesmente alterado pela utilização de comandos que tornaram nulos os outros 6(seis) estados. A diferença entre os comandos de posicionamento da trajetória no espaço de estados e a medição filtrada é então multiplicada pela Matriz de ganho LQR amplificando a retroalimentação para as entradas dos atuadores. A matriz “feedforward” é simplesmente a pseudo-inversa da função de transferência: (D-C*A-1*B)+ funcionando como um “set-point”. A seguir são apresentados os resultados da simulação em malha fechada: 132 Figura 6.12 Resultado da simulação proposta do veículo sujeito a ruídos e perturbações ambientais Figura 6.13 Resultado da simulação proposta do veículo sujeito a ruídos e perturbações ambientais e a tensão no cabo umbilical calculada no capítulo 3 133 Figura 6.14 Resultado da simulação proposta do veículo sujeito a ruídos e perturbações ambientais com propulsão reduzida (10 N) Os resultados obtidos demonstram que o sistema de posicionamento de atitude (tracking control), utilizando o Regulador Linear Quadrático, tem potencial para estabilizar o sistema não linear proposto e obter um seguimento de trajetória mesmo na presença de ruídos , perturbações ambientais (correntes) e esforços externos de cabos umbilicais. Apenas no exemplo, da Figura 6.14 devido a baixa velocidade e e consequentemente baixa sustentação, o controle de atitude não obteve bom desempenho. 134 7 CONCLUSÕES 7.1 Resultados Alcançados Foi apresentado um modelo matemático e um simulador que objetiva facilitar decisões de projetos conceituais de veículos aplicáveis às operações de localização, investigação e resgate de submarino com o incremento de controle para rejeição de perturbações ambientais e esforços externos e tomadas de decisão para planejamento de operações envolvendo veículos submarinos não tripulados (UUV) . Este simulador baseou-se em um modelo orientado por estudos dos sistemas de coordenadas, cinemática, dinâmica e hidrodinâmica elementar envolvendo a modelagem em seis graus de liberdade (6 DOF vehicles problems) O conceito explorado foi a análise das forças atuantes no veículo e conseqüente introdução das equações que regem o movimento. Objetivou-se demonstrar a relação entre o modelo matemático e o código computacional ao longo do trabalho para facilitar sua evolução em trabalhos subseqüentes. Ressalta-se que foi priorizada, a estruturação de um modelo teórico genérico, que pode ser aprimorado, de acordo com as especificidades do UUV que será simulado, por isto maiores detalhes quanto a sensores necessários ao modelo não foram explorados neste trabalho. Finalmente, foram avaliados alguns exemplos onde o simulador demonstrou seu potencial em tratar o problema de controle de atitude de veículos de localização tanto na monitoração em malha aberta quanto na possibilidade de implementar controles, neste caso em particular o LQR. Verificou-se que o controlador de atitude linear, utilizando o LQR, demonstrou sucesso no controle de atitude do modelo não linear apresentado. 7.2 Aspectos relevantes observados e considerados Verificou-se que para a comparação de resultados do sistema controlado com diferentes estratégias era necessário explorar o compromisso “estabilidade- desempenho”. Tendo em vista esta perspectiva, depara-se com um necessário processo para sintonizar os controladores. Porém, conforme discutiu-se no capítulo 6, várias técnicas e metodologias não apresentam um arcabouço analítico e em diversas aplicações são usadas experimentações e simulações, para a obtenção ou convergências de valores finais para os coeficientes e ganhos. (Cunha et al., 1994; Slotine and Li, 1991). Salienta-se que os resultados apresentados na 2ª metodologia do estudo de cabo umbilical, e metodologia adotada neste trabalho consideraram a ponta superior do cabo 135 fixa com relação ao referencial inercial. Entretando, o Navio de apoio apresenta uma movimentação induzida fundamentalmente pelas ondas, onde poderia ser tratada pela teoria descrita no capítulo 1 e assim, estudar o comportamento do sistema de controle frente ao distúrbio introduzido pela oscilação da embarcação na superfície. Dos resultados obtidos na dissertação, observa-se que foi possível um acompanhamento, ou rastreamento, do sinal de referência de modo satisfatório. Observa-se que é possível a obtenção de desempenho robusto com a estratégia adotada incluindo na condição de baixa velocidade. Faz-se importante salientar que o desempenho robusto aqui mencionado diz respeito ao acompanhamento do sinal de referência, à rejeição de perturbações (e distúrbios) e à insensibilidade da variação paramétrica do veículo submarino. O sistema de controle possui um integrador natural entre velocidade e posição. Sabe-se que a adição de integradores no sistema de controle contribui para aumentar as margens de fase (Levine, ed., 1996), o que auxilia na atenuação de distúrbios e incertezas do modelo do veículo. As simulações do veículo considerou principalmente a utilização dos elementos da diagonal principal, devido à dificuldade de sensibilidade do acoplamento físico da dinâmica do UUV. O projeto de controle da estratégia LQR envolve um compromisso entre modelagem, e conseqüentemente a determinação das incertezas e/ou dinâmicas não modeladas, e o desempenho robusto tal que o erro de acompanhamento seja menor que a precisão necessária, isto foi observado com as simulações apresentadas. Tanto no problema de controle de atitude como, possivelmente no de posicionamento, deve-se evitar que as superfícies de controle ou o sistema propulsor saturem a atitude desejada ou a posição do veículo que pode sofrer oscilações até encontrar um ponto de equilíbrio, em que os distúrbios do cabo umbilical serão compensados pelo sistema propulsor. No pior caso, entretanto, o sistema pode não encontrar um ponto de equilíbrio mas apresentar oscilações permanentes (instabilidade), com deslocamento máximo limitado à extensão do cabo umbilical. Verificou-se que cabos umbilicais mais pesados atenuam os efeitos da correnteza marítima sobre o veículo submarino e reduzem a carga do sistema propulsor. Cabos com muita massa contribuem para o atraso de fase do sistema veículo controlado-cabo umbilical. cabos com seção transversal relativamente maiores contribuem para maior arrasto do sistema, sendo mais sensível à correnteza marítima e, conseqüentemente, exigindo mais do atuador (sistema propulsor/ superfície de controle). Revelando a importância do levantamento de um modelo analítico com o qual o controlador é projetado. 136 8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A seguir são apresentadas algumas sugestões para trabalhos futuros que complementariam o trabalho executado nesta dissertação ou que podem vir a incrementar o desempenho destes simuladores para tomada de decisão. • • • • • • Avaliar e simular os esforços externos ao veículo provocados pelo cabo umbilical sobre a ótica das outras metodologias. Implementar o movimento oscilatório do Navio nas simulações de esforços do cabo umbilical. Avaliar e simular a utilização de um maior número de propulsores para atuar nos demais graus de liberdade do veículo de modo a avaliar a Explorar a influência dos propulsores nos esforços externos ao veículo utilizando tecnologia CFD . Avaliar o índice de robustez de diversas metodologias de controle linear e não linear e apresentar as vantagens e desvantagens da aplicação. Desenvolver protótipo para validar e incrementar o simulador preliminar apresentado visando sua melhoria contínua 137 9 LISTA DE REFERÊNCIAS ASADA, H. e SLOTINE, J.-J. E. (1986). Robot Analysis and Control, John Wiley ASTRÖM, K. J. AND HÄGGLUND, T. (1988). Automatic Tuning of PID Controllers, BEHBAHANI-NEJAD, M. AND PERKINS, N. C. (1996). Freely PropagatingWaves in Elastic Cables, Journal of Sound and Vibration 196(2): 189–202. BUCKHAM, B., NAHON, M. AND SETO, M. (1999). 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