Ebola assusta turistas brasileiros com viagem marcada para a África

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Ebola assusta turistas brasileiros com
viagem marcada para a África
Preocupação atinge mesmo quem vai para longe do
epicentro da doença.
Risco é mínimo, diz OMS; agências de turismo
esclarecem clientes.
Flávia Mantovani Do G1, em São Paulo
Adriano Mellenberg, gerente de uma operadora brasileira de turismo, na África
do Sul: 'Não há motivo para alarmismo', afirma (Foto: Adriano
Mellenberg/Arquivo pessoal)
A epidemia de ebola que matou mais de mil pessoas em uma região da África Ocidental
está preocupando turistas brasileiros que vão passar férias no continente – mesmo os
que irão para destinos a milhares de quilômetros da área afetada. O vírus com alto grau
de letalidade deixou mais de 1.300 mortos na Guiné, Serra Leoa e Libéria. Também
houve cinco casos na Nigéria.
Mário e Lúcia em viagem pela África do Sul: ele voltou resfriado e sua mãe achou
que estava com ebola
Agentes de turismo relatam que têm recebido ligações de clientes com viagem marcada
para países como África do Sul, Quênia e Tanzânia, que querem se informar sobre os
riscos de viajar para lá neste momento.
“Tem bastante gente preocupada e pedindo informações. Mas mostramos o mapa com
as distâncias, explicamos a dificuldade de o vírus chegar aos países com os quais a
gente trabalha e eles acabam se tranquilizando”, diz Eliane Barzilay, consultora da
Safari 365, que só trabalha com destinos africanos.
Segundo Eliane, houve apenas uma desistência entre seus clientes em razão do vírus:
um casal de idosos que viajaria com parentes para África do Sul, Botswana e Zâmbia.
“O resto da família vai, mas a senhora tem mais de 80 anos, a saúde debilitada, e entrou
em pânico. O marido admitiu que não é um medo lógico, mas eles preferiram não ir”,
conta ela.
Ela diz que houve também quem esperasse algumas semanas antes de fechar o pacote
para acompanhar a evolução da epidemia.
A consultora, que trabalha com destinos africanos há 14 anos, lembra que os países
infectados estão no Hemisfério Norte, enquanto os destinos turísticos procurados pelos
brasileiros ficam no Hemisfério Sul. “Além de tudo não há voos diretos entre eles.
Alguém que está no sul da Europa corre mais risco do que alguém que está na África do
Sul. É como se no Brasil a gente estivesse preocupado com algo que acontece no
Canadá”, compara.
Nesta quinta-feira (21), autoridades sul-africanas anunciaram o fechamento de suas
fronteiras a pessoas procedentes de Guiné, Libéria e Serra Leoa.
EBOLA
Vírus mortal tem sua maior epidemia
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áfrica em alerta
história da doença misteriosa
perguntas e respostas
‘Cuidado
com
o
ebola’
Com viagem marcada para a África do Sul em setembro, Thais Fiuza, de 29 anos, diz
que se tranquilizou quando buscou mais informações sobre a epidemia de ebola. Mas
amigos e familiares não estão tão despreocupados. “A primeira coisa que me falam
quando digo que vou para a África é: 'cuidado com o ebola'. As pessoas generalizam
quando se fala em África”, diz.
Recém-chegado de uma viagem de dez dias à África do Sul, o aposentado Mário
Henrique Neves, de 62 anos, afirma que não se sentiu em risco, mas teve que acalmar
sua mãe, que achou que um resfriado que ele pegou no voo de volta poderia ser ebola.
“Liguei para a minha mãe fungando um pouco na volta. Depois disso ela não conseguiu
falar comigo por um problema nos meus telefones e entrou em parafuso. Ligou para a
minha sogra, dizendo: ‘ele veio da África, está com ebola’”, conta ele, rindo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de infecção de viajantes pelo
ebola é "muito baixo, já que a transmissão de pessoa a pessoa só se dá com o contato
direto com os fluidos corporais ou secreções de um paciente infectado". A OMS não
recomenda restrições de viagens nem para os países que apresentam transmissão do
vírus.
Os países infectados estão no Hemisfério Norte e os destinos turísticos procurados por
brasileiros, no Hemisfério Sul. É como se no Brasil a gente estivesse preocupado com
algo que acontece no Canadá"
Eliane Barzilay, consultora de turismo especialista em África
"O ebola não se transmite pelo ar. A coisa está acontecendo, mas não é uma situação
alarmante. A África é muito grande, são 54 países em um continente", afirma Adriano
Mellenberg, gerente geral da operadora brasileira Taks Tour.
Ele conta que tem recebido ligações de clientes com viagem marcada até para o Ano
Novo. “Temos uma infinidade de pacotes fechados para o réveillon. Mas o tom dos
clientes é tranquilo, eles buscam mais o esclarecimento”, diz.
A empresa fez um comunicado com informações sobre a doença para os viajantes. Um
dos tópicos afirma que os países afetados estão até menos distantes de algumas cidades
brasileiras do que de muitos destinos turísticos na África – são 5.800 km para
Joanesburgo e 3.500 km para o Recife, por exemplo.
A primeira coisa que me falam quando digo que vou para a África do Sul é: 'cuidado
com o ebola'. As pessoas generalizam quando se fala em África"
Thais Fiuza, que viaja em setembro para lá
Prejuízo para turismo e negócios
Segundo a agência “Reuters”, visitantes dos EUA, da Europa e principalmente da Ásia
estão cancelando ou adiando viagens à África por causa do ebola, mesmo quando o
destino está longe do epicentro da doença.
O medo do ebola também está prejudicando as viagens de negócios e eventos de
investimento na África, ainda de acordo com a “Reuters”.
“Vimos um grande número de cancelamentos da Ásia, e os números de grupos que
estão viajando são menores”, afirmou à agência Hannes Boshoff, diretor-gerente da
ERM Tours, sediada em Johanesburgo, que organiza viagens para países no sul da
África. “Muitos clientes veem a África como um único país”, completou.
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