visão geral e detalhamento da excreção em peixes Prof. Marcelo

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Excreção: visão geral e detalhamento da excreção em peixes
Prof. Marcelo Nunes Mestriner.
Os organismos animais se mantêm vivos através de reações de seu metabolismo.
Podemos então concluir que o trabalho metabólico produz "coisas" úteis à nossa vida - isso é
verdade! - mas durante a ocorrência das reações metabólicas ocorre a produção de
substâncias que não serão úteis ao organismo, muitas vezes até tóxicas produzindo efeitos
nefastos ao indivíduo.
Quando o ser em questão é muito simples e vive em ambiente aquático esses resíduos
tóxicos são liberados diretamente na água através da superfície corporal. Os vertebrados - é
claro! - não se utilizam desse método simples de eliminação.
O processo de eliminação de resíduos tóxicos é conhecido como EXCREÇÃO e é
realizado por estruturas próprias para essa função, no caso os rins. É muito comum
considerarem as fezes com produto de excreção, porém as fezes são, na verdade, restos não
digeridos e não verdadeiros excretas, portanto correspondem à perdas digestivas. São excretas
verdadeiros o CO2 excretado pelos pulmões/brânquias e compostos nitrogenados excretados
pela urina e suor (em alguns vertebrados).
Os excretas nitrogenados mais comuns são três e eles variam de acordo com a
toxicidade, o tamanho e a necessidade de água para serem eliminados. Veja a tabela abaixo:
Excretas
nitrogenados
Amônia
Uréia
Ácido Úrico
Toxicidade
Alta
Média
Baixa
Tamanho da
molécula
Pequena
Média
Grande
Necessidade de água
na excreção
Muita água
Quantidade mediana
Pouca água
De acordo com o tipo de excreta produzido e liberado o animal pode ser classificado
como:
Amoniotélico - Excreta amônia.
Ureotélico - Excreta uréia.
Uricotélico - Excreta Ác. Úrico.
Os peixes ósseos são amoniotélicos, ou seja, excretam amônia enquanto que os
cartilaginosos excretam uréia, sendo, portanto, ureotélicos, usando a reserva dessa substância
no sangue para conseguir um melhor equilíbrio da concentração de seu meu interno em
relação à concentração encontrada no meu externo.
Outra função muito importante executada pela excreção é o controle osmótico ou o
equilíbrio hidrossalino dos animais. Os seres vivos apresentam um ambiente interno, onde a
quantidade de sal e água deve ser mantida em uma determinada proporção. A proporção de
água e sais de um organismo é mantida, em grande parte, pelo sistema excretor.
O problema é a variação na proporção de sais e água ocorrida nos ambientes externos
onde o ser vive. Para entendermos isso temos que classificar os ambientes em hipertônico,
hipotônico e isotônico.
Quando pensamos nesses conceitos temos considerar concentrações, ou seja,
quantidades de uma “coisa” em relação à outra. Veja o exemplo:
Um copo de água (≈ 250 ml) + 100 gr de sal de cozinha = Solução A
Um copo de água (≈ 250 ml) + 300 gr de sal de cozinha = Solução B
Fica claro que a solução 'A' tem uma quantidade menor de sal em relação à água do
copo que a encontrada na solução 'B', portanto dizemos que a solução 'B' é mais concentrada
que a 'A' em relação à quantidade de sal. Certo!
Então vamos seguir:
Hiper(mais)tônico(concentração)
Hipo(menos)tônico(concentração)
iso(mesma)tônico(concentração)
Podemos dizer então que o ambiente existente no copo da solução 'A' é hipertônico
em relação ao ambiente do copo da solução 'B', também podemos dizer que por consequência
o meio do copo ´B' é hipotônico em relação ao meio do copo 'A'.
Vamos supor que colocássemos mais 200 gr de sal no copo A, deixando-o com a
mesma concentração da encontrada no copo B. Nesse caso podemos dizer que ambos os
copos apresentam a mesma concentração de sal em relação à água, portanto os meios agora
são isotônicos.
Ficou claro?
Um peixe que se encontra em um ambiente de água doce encontra um problema
osmótico, ou seja, o seu corpo é mais concentrado que o meio ambiente. Já o peixe de
ambiente marinho tem um problema inverso, ou seja, seu corpo é menos concentrado que o
ambiente.
Vamos voltar ao laboratório e montar um experimento. Imagine que nós montamos
um aquário separado ao meio por uma membrana que deixa a água passar de um lado para o
outro, mas não deixa o sal fazer o mesmo trajeto. Veja o esquema.
Nas três situações vamos encontrar um comportamento diferente realizado pelas
moléculas de água (solvente), ou seja, a água vai tentar igualar as concentrações entre os
ambientes. No primeiro caso a água passaria do ambiente A para o B. No segundo caso faria o
inverso passaria do ambiente B para o A e por último no terceiro caso passaria tanto no
sentido de A para B como de B para A com a mesmo intensidade.
Esse fenômeno em que a água passa por uma membrana de um ambiente para o outro
tentando igualar as concentrações denominamos OSMOSE.
Vamos voltar a pensar em nossos peixes - o dulcícola (de água doce) e o marinho (de
água salgada) - o primeiro peixe teria a tendência a receber água já que o ambiente é menos
concentrado, portanto teria que bombear água para fora de seu corpo através da excreção. O
peixe marinho tenderia a perder água para o ambiente já que seu corpo é menos concentrado
que o ambiente, portanto o oposto do primeiro. Nesse caso a excreção teria que reter água no
animal.
Obs.: Nos dois casos os animais teriam problemas com o conteúdo salino de seus corpos
exigindo um equilíbrio dessas substâncias, porém isso é papo para o ensino médio.
Os rins são órgãos, que nos vertebrados, são encontrados aos pares e que
correspondem a um conjunto de estruturas que já haviam surgido nos invertebrados e são
conhecidas como nefrídeos. Os nefrídeos são estruturas que filtram conteúdos de cavidades
corporais e principalmente do sangue, dai a ligação íntima entre o sistema circulatório e o
sistema excretor. Quando urinamos o que sai estava anteriormente circulando no nosso
sangue.
Sistema excretor em invertebrados
Um néfron (nefrídeo) de vertebrados
Os nefrídeos são compostos por um conjunto de túbulos no interior do rim. A região
onde é realizada a filtragem do sangue é composta por uma cápsula (Cápsula de Bowman) e
um "novelo" de vasos (glomérulo de malpighi).
A filtração na cápsula não é muito seletiva de tal forma que várias substâncias que não devem
ser excretadas passam para o composto que será eliminado (por exemplo: glicose,
aminoácidos, hormônios, etc.) e são recolhidas novamente para o sangue, ficando na urina
apenas sais e excretas.
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