UNIVERSIDADES PIAUIENSES NO TWITTER: FUNÇÕES RETÓRICAS RECORRENTES Bruno Diego de Resende Castro (UFPI/REUNI1) [email protected] RESUMO: Pretendemos, com este estudo, verificar quais funções retóricas são desempenhadas com mais frequência pelos perfis de universidades piauienses e que ações eles realizam textualmente, visto que essas instituições são importantes referências educacionais para o estado do Piauí e torna-se importante entender como os gêneros que esses perfis usam atendem à população. Temos, como base teórica, Miller (2009), que propõe estudar os gêneros como um constituinte fundamental da sociedade, fazendo parte da estrutura comunicativa, social e de poder que as instituições praticam. Baseamo-nos também em Marcuschi (2008) e Bakhtin (2003), que defendem a relevância da relação entre instância discursiva e gêneros, pois um domínio discursivo (jornalístico, jurídico, religioso etc.) possui práticas discursivas singulares, ou seja, cada esfera da atividade humana apresenta características próprias, tais como tipos de interação, formas de escrita, funções retóricas etc. O corpus desta pesquisa é composto de tweets de 5 perfis de universidades do Piauí: @Comunicacaoufpi, @fsateresina, @novafapipiaui, @IFPI_ASCOM e @faculdadeceut. As funções retóricas recorrentes observadas foram a de promoção, enaltecimento e humanização das próprias instituições. A maioria das postagens de todos os perfis é composta por títulos das notícias publicadas no site da instituição, ou seja, o Twitter funciona como um difusor de notícias do site. Palavras-chave: Twitter; instituições; funções retóricas. 1. Introdução O Twitter foi lançado em 2006, mas teve seu reconhecimento e expansão na web em 2007 (cf. ORIHUELA, 2007). No Brasil esse microblog começou a ganhar espaço no final de 2008. No Piauí, a partir do primeiro semestre de 2009 as universidades começaram a criar seus perfis. O Twitter foi elaborado inicialmente para mediar a comunicação entre pequenos grupos de amigos. Seria “um serviço que usa SMS para informar pequenos grupos sobre que você está fazendo” (SAGOLLA 2009). No entanto, “na medida em que o uso do Twitter se espalha, mais companhias se interessam em promover marcas, fazer pesquisas, se relacionar com clientes e vender online” (SPYER 2009, p.49), ou seja, a instituição ou corporação vai onde o cliente ou usuário está. Consequentemente, o crescimento do Twitter chama a atenção das instituições, pois seus clientes e usuários estão lá, falando sobre tudo, sobre as instituições com que se relacionam diariamente, de empresas onde trabalham, estudam etc. Com este estudo, pretendemos investigar quais funções retóricas aparecem com mais recorrência e que ações (como promover, enaltecer, humanizar a instituição) o Twitter de algumas universidades piauienses busca realizar. O presente estudo considera os perfis institucionais um gênero, mediante a delimitação do tipo de perfil a que pertence (se a empresas, universidades, jornalistas etc.), ou seja, ligado a um domínio discursivo. Delimitamos, então, o presente estudo em perfis institucionais de ensino superior (IES) que têm sede em Teresina – PI. 1 Mestrando em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Membro do grupo Cataphora. Bolsista REUNI (Processo Nº 23111.06709/10-85). [email protected] Essa delimitação é importante, porque o Twitter é utilizado por diversas esferas da atividade humana (jornalística, jurídica, acadêmica etc), ou seja, para cada esfera discursiva existem funções recorrentes, como por exemplo, na jurídica em que se observam funções como a de relatar julgamentos, divulgação de decisões judiciais, posse de ministros, como nesse tweet do Supremo Tribunal Federal: @STF_oficial Suspenso julgamento sobre incorporação de auxíliomoradia a proventos de juízes classistas aposentados. Leia mais: http://bit.ly/g4NJRF A presença das empresas e instituições no Twitter revela uma questão muito importante para o estudo dos gêneros, que é a apropriação do gênero pelos sujeitos, pois, ao se apropriar de um gênero, o indivíduo ou a instituição o fará para atender a determinados interesses (informar, opinar, fazer propaganda, se autopromover). O Twitter, então, se tornou adequado para realizar ações que, por sua vez, tornaram-se recorrentes, fato discutido nas seções 5 e 6, nas quais apresentaremos a análise e discutiremos os resultados. Selecionamos perfis de cinco universidades piauienses, a partir da classificação do IGC (Índice Geral de Cursos) de 2009, pois acreditamos que essas instituições estejam entre as mais reconhecidas e influentes do Estado. Para fundamentar este estudo, baseamo-nos em autores como Devitt (2004), Miller (2009) e Bazerman (2005), teóricos da Nova Retórica que examinam o gênero como uma ação retórica recorrente e tipificada. Além desses estudiosos, nos baseamos em Bakhtin (2003) e Marcuschi (2008) que estudam o gênero como sendo uma forma relativamente estável do enunciado que está ligado a esferas da atividade humana. Este artigo está dividido nas seguintes seções: “Twitter e as instituições”, em que além de refletir teoricamente sobre o Twitter das instituições, contextualizamos nosso estudo; “Funções retóricas recorrentes: definindo as categorias de análises”, com a subseção “Funções retóricas recorrentes e ações que as atendem: definições e reflexões”, em que definimos as categorias de análise e justificamos sua escolha; “Funções e Ações nos perfis pesquisados” e “Realizações textuais mais frequentes das instituições pesquisadas” que como apresentamos acima, são as seções em que analisamos e discutimos os resultados encontrados. 2. Metodologia O presente artigo foi pensado a partir do conceito da Miller (2009, p. 44) de que o gênero “não é apenas um padrão de formas ou mesmo um método de realizar nossos próprios fins”, ou seja, o gênero não é um “formulário” que os indivíduos preenchem para atingir uma finalidade comunicativa, mas um conhecimento sociocultural compartilhado que é ativado em situações similares. As instituições pesquisadas foram: Universidade Federal do Piauí (UFPI), a primeira colocada no IGC, Faculdade Santo Agostinho (FSA), a segunda colocada, Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas Do Piauí (NOVAFAPI), a terceira colocada, Instituto Federal de Educação, Ciência E Tecnologia do Piauí (IFPI), a quarta colocada , Faculdade de Ciências Humanas e Jurídicas de Teresina (CEUT), a sexta colocada – a quinta colocada no IGC não possui Twitter por isso selecionamos a sexta. Os seus respectivos perfis no Twitter são: @comunicacaoufpi (UFPI), @fsateresina (FSA), @novafapipiaui (NOVAFAPI), @IFPI_ASCOM (IFPI), @faculdadeceut (CEUT). Selecionamos 20 postagens (tweets) das timelines (página onde se encontram as postagens do perfil) destas instituições e investigamos se existiam recorrências na função retórica e o que é feito para realizar essa função retórica. Após a análise desses 20 tweets, selecionamos mais 40 postagens de cada perfil com o intuito de investigar as recorrências encontradas na primeira análise, perfazendo um total de 60 postagens de cada perfil, pois, segundo Bazerman (2005. p.44) “a amostra deve ser grande o suficiente de forma que, mesmo a adição de mais exemplares, dificilmente implicará maiores novidades ou variações.” Todavia não se trata de pesquisa quantitativa, pois serão verificadas qualitativamente as funções retóricas recorrentes e as ações que essas funções recorrentes realizam. Os 300 tweets foram coletados dos perfis dessas IES entre os meses de agosto de 2010 e janeiro de 2011. Como servirá de base para estudos posteriores, trabalhamos com a interpretação dos dados das postagens, ou seja, contamos com a visão do pesquisador para, em estudos posteriores, confrontá-los com a visão dos produtores (instituições) e dos leitores/seguidores desses tweets. 3. Algumas reflexões sobre gêneros do discurso Começamos nossa reflexão a partir do pensamento de Marcuschi (2008, p. 155), que é entender os gêneros textuais como classes de textos que usamos diariamente e que são influenciados por diversos fatores (social, funcional, cultural, enunciativo, tecnológico etc.), podemos perceber sua essência social e sua tênue estabilidade. Essa estabilidade que consideramos é decorrente da utilização frequente de determinados textos, num determinado período histórico e social e em situações específicas, pelos indivíduos. Segundo Bazerman (2005, p.29) “a tipificação dá uma certa forma e significado às circunstâncias e direciona os tipos de ação que acontecerão”. A tipificação organiza as circunstâncias ou situações em algo socialmente compartilhado e guia as ações dos sujeitos para atender às exigências dessas circunstâncias, executadas através dos gêneros. Ou seja, essa tipificação ajuda a direcionar o uso dos gêneros. Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são os tipos relativamente estáveis de enunciados influenciados pelas esferas da atividade humana, ou seja, não são totalmente estáveis, pois, como dissemos, os gêneros influenciam e são influenciados pela sociedade, história, indivíduos etc. Por exemplo, através do Twitter, os indivíduos podem, dentre outras ações, conversar com amigos, falar sobre o seu dia-a-dia, se autopromover, mas, com o passar do tempo, outros segmentos sociais criaram “novas” funções, como, fazer propaganda, humanizar uma empresa ou monitorar uma marca, mudanças que ocorreram devido a mudanças históricas, sociais, tecnológicas e até pela criatividade dos indivíduos. Outro pensamento de Bakhtin em que nos baseamos é o descrito a seguir: O enunciado reflete as condições especificas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais -, mas também, e sobretudo, por seu conteúdo composicional.(BAKHTIN, 2003, p. 280) Pautaremos nossa pesquisa a partir dessa perspectiva bakhtiniana de que o enunciado (no caso do Twitter, os tweets) reflete as finalidades da esfera discursiva da qual participa. Assim, examinaremos o uso da língua a partir do conteúdo temático emitido pelas instituições pesquisadas e através do estilo de uma esfera da atividade humana específica, a esfera acadêmica. Marcuschi (2008) diz que essas esferas da atividade humana constituem domínios discursivos que, por sua vez, “constituem práticas discursivas nas quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que às vezes lhe são próprios ou específicos como rotinas comunicativas institucionalizadas e instauradoras de relações de poder.” (p. 155). Como no Twitter estão presentes diversas esferas da atividade humana, são também diversas as rotinas comunicativas, por isso se faz necessário selecionar um domínio discursivo específico. Também, para embasar esta pesquisa, nos reportamos a Miller que propõe entender os gêneros “como ações retóricas tipificadas fundadas em situações recorrentes, (...) [que possuem] discursos completos, no sentido de que estão circunscritos por uma mudança relativamente completa na situação retórica” (2009, p. 34). Um exemplo disso é o gênero prefácio de livro, em que a ação retórica recorrente é reconhecer e valorizar uma publicação, sendo que a situação recorrente é a publicação. Para a autora, a situação não é objetiva e nem material, mas é uma estrutura semiótica e social, isto é, um conjunto de elementos simbólicos que contribuem para a construção do sentido e função dos enunciados usados nas práticas sociais, tais como, nome da instituição, status dessa instituição perante a sociedade, relação entre a instituição e a comunidade em geral etc. Assim, como Miller (2009), Bazerman (2005) é outra base teórica para o presente estudo, pois, segundo o autor, quando um texto ou um tipo de enunciado “funciona bem numa situação pode ser compreendido de uma certa maneira, quando nos encontrarmos numa situação similar, a tendência é falar ou escrever alguma coisa também similar” (p. 29). Isto é, as atitudes bem sucedidas com um determinado tipo de texto fazem com que ele se mantenha, facilitando a comunicação em sociedade. Bazerman (2005) acrescenta que “mesmo no interior de formas padronizadas, as pessoas tentam expressar suas características individuais” (p. 30), mesmo assim, se essa característica singularizadora do texto funcionar bem se tornará padronizada (cf. BAZERMAN, 2005). 4. Twitter e as instituições O Twitter é um sistema de comunicação que possui múltiplas ferramentas (reply , Direct Message3, Retweet4, etc) e potencialmente múltiplas finalidades comunicativas, por conseguinte, não servirá apenas para informar. Por isso, examinaremos neste artigo quais funções retóricas são realizadas recorrentemente pelos perfis institucionais. No Brasil, as instituições de ensino superior são classificadas em: faculdade, centro universitário e universidade (definidas em Lei, Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006), sendo estes critérios baseados no tipo de organização acadêmica e suas respectivas prerrogativas. Ou seja, as faculdades são IES que oferecem cursos em áreas do saber específicas, e não têm autonomia para criar um novo curso; os centros universitários são IES com maiores exigências do que as faculdades, tais como manter um terço do corpo docente com mestrado ou doutorado e pelo menos um quinto de professores com dedicação exclusiva à IES, mas são menores que as universidades; as IES classificadas como universidades devem oferecer obrigatoriamente atividades de 2 2 Reply é a opção que o usuário tem de indicar na postagem que está se referindo aquele perfil é a mesma função do “@” antes do nome do perfil. 3 Direct Message é a DM é um recurso do Twitter que possibilita mandar um tweet para o e-mail do seguidor a que é endereçada. Ou seja, uma mensagem direta para a pessoa. 4 Retweet é “retransmitir uma informação que você considera relevante para o seu grupo de seguidores. Com pouco esforço - na verdade, quase nada - você pode prestar um serviço importante para eles.” (SPYER 2010, p. 28). ensino, pesquisa e extensão em diversas áreas do saber, além de cumprir maiores exigências que os centros universitários, como, por exemplo, desenvolver no mínimo quatro cursos de pós-graduação stricto sensu, sendo que pelo menos um deve ser doutorado5. Mas em 2008 o Governo Federal cria os Institutos Federais de Ensino, Ciência e Tecnologia que, além de oferecerem cursos superiores, oferecem cursos técnicos e o ensino básico (cf. Lei nº 11.892, de 29 de dez. de 2008). Além da classificação citada, as IES são divididas em públicas e privadas. No quadro a seguir apresentamos a classificação (de acordo com a organização acadêmica) das IES pesquisadas, além do nome do perfil no Twitter e sua natureza jurídica: Quadro 1 – Classificação dos perfis por organização acadêmica e natureza jurídica NOME Universidade Federal do Piauí Faculdade Santo Agostinho Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas Do Piauí Instituto Federal de Educação, Ciência E Tecnologia do Piauí Faculdade de Ciências Humanas e Jurídicas de Teresina CLASSIFICAÇÃO NOME DO PERFIL NO TWITTER NATUREZA JURÍDICA Universidade @comunicacaoufpi Pública Faculdade @fsateresina Privada Faculdade @novafapipiaui Privada Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia @IFPI_ASCOM Pública Faculdade @faculdadeceut Privada “O crescimento do ciberespaço é resultado de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem” (LÉVY, 1999, p. 11). Com esta citação de Pierre Lévy, podemos refletir sobre a internet, e mais especificamente sobre o Twitter. Refletir sobre esse movimento, que, em sua grande maioria, não está a serviço do Estado ou de uma grande organização. Ou seja, há um uso inicial da internet por indivíduos comuns (principalmente jovens) que, ao se disseminar pela sociedade, chama a atenção das instituições e empresas. Percebemos que, assim como o uso de redes sociais como novas tecnologias de comunicação ocorre “inicialmente” entre os indivíduos comuns, o Twitter também “foi criado originalmente para servir de ponto de encontro para grupos de pessoas que já se conheciam” (SPYER, 2010 p. 24). Então, após essa nova tecnologia se afirmar ou começa a se firmar, o Estado e as grandes empresas também passam a usá-las. As instituições públicas buscam a publicidade de suas ações e procuram mostrar que o poder público está em sintonia com as novas tecnologias de informação, como afirma a assessoria de comunicação do IFPI: Segundo a Assessora de Comunicação do IFPI, Elizabete Sales, a iniciativa visa aperfeiçoar as formas de interação com todos os públicos da instituição. ‘Atualmente é fundamental o uso dessas 5 Para essas informações, consultamos também o site: http://www.universitario.com.br/noticias/noticias_noticia.php?id_noticia=9782> Acesso em: 25/02/2011 tecnologias como instrumento de informação.’, (ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO IFPI, 2011) destaca. No setor privado, além da busca por publicidade e de estar em sintonia com a tecnologia, IES particulares procuram consolidar sua marca, segundo a assessoria de imprensa da instituição: “Com objetivo de consolidar sua marca também entre internautas afinados com as novas tecnologias, a Faculdade NOVAFAPI criou o próprio perfil no Twitter.” (ASSESSORIA DE IMPRENSA NOVAFAPI, 2009). 5. Funções retóricas recorrentes e ações que as atendem: definições e reflexões Podemos pensar no perfil institucional das universidades no Twitter como um gênero, porque operam socialmente, isto é, as instituições pesquisadas estão agindo de modo recorrente (cf. ALVES FILHO & SILVA, 2010). É importante salientar que esta função retórica tem base em outros gêneros que segundo Miller (2009, p. 82) “deveriam ser considerados parte da situação retórica à qual o retor responde, restringido a percepção e a definição da situação e do seu decoro tanto para o retor quanto para a audiência”. Ou seja, como o Twitter dessas IES são baseados na página de notícias do site, o gênero notícia é uma das bases para a construção do gênero perfil institucional das IES. Refletindo sobre o pensamento bakhtiniano de que “o enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas” (p.179), de forma mais ampla, verificamos que os perfis institucionais das IES piauienses realizam, primordialmente as funções retóricas recorrentes de promoção, enaltecimento e humanização da IES frente ao público internauta. Para isso são empreendidas ações de marketing que, segundo Menes, no caso dessas IES, podem ser compreendidas como ações contínuas de “investigação das necessidades sociais, para desenvolver serviços educacionais com a intenção de satisfazê-las, de acordo com seu valor percebido, distribuídos em tempo e lugar, e eticamente promovidos para gerar bem-estar entre indivíduos e organizações” (apud BRONNEMANN & SILVEIRA, 2004, p.99). Ou seja, essa ação objetiva “cativar” os indivíduos, através de uma imagem positiva veiculada pelas notícias do site da instituição e também pelo seu Twitter. Esses mecanismos que contribuem para o marketing dentro da função retórica recorrente colaboram para reforçar a imagem positiva da IES e dos membros ligados a ela, conforme detalhamento a seguir: • Promoção – essa função aparece nas postagens que realizam textualmente a atividade comunicativa de conclamar sua audiência para participar de algum evento da instituição, ou seja, um "convite" aos usuários para efetuarem sua matrícula, participar de palestras, cursos de extensão etc. • Enaltecimento – essa função aparece nas postagens que elogiam, valorizam, revelam as benfeitorias das instituições, ou seja, realizam textualmente a atividade de enaltecer a instituição, sendo essa ação um importante alicerce para o marketing da instituição. • Humanização – essa função aparece nos tweets que buscam uma interação mais próxima com sua audiência, tendo em vista que, segundo Spyer (2010, p. 45), humanizar uma empresa/instituição é “mostrar que existem pessoas de verdade que se preocupam com seus clientes, favorecer a participação e o interesse de funcionários e ex-funcionários que acompanham a atuação da empresa pelo Twitter, ser capaz de falar sobre coisas ruins”. Embora seja possível verificar essa função na interação que o perfil institucional mantém com seus seguidores em algumas postagens, verifica-se que essa interação não constitui a ação principal dos perfis e, portanto, a função de humanização não parece ser a função principal desses perfis. Além dessas funções, o Twitter possui um recurso técnico que favorece o marketing, que é o Repasse de tweet – é a ação de retuitar (retweet - RT) uma postagem. Essa ação consiste em retransmitir uma postagem de outro perfil para os seus seguidores, ou seja, de forma menos declarada age para difundir conteúdos interessantes para a instituição. Essas são as funções que colaboram para o marketing nas postagens desses tipos de perfis. Há, também, outras duas funções retóricas que reforçam essas realizações citadas acima, que são: a prestação de conta dos alicerces de uma IES (pesquisa, ensino e extensão), realização textual que contribui para enaltecimento e promoção da instituição; e a transparência que constitui um dos princípios da administração pública, reforçando as ações de promover e humanizar a instituição. A ação mais encontrada para atender às funções recorrentes foi a de noticiar, divulgar algum evento, dado ou acontecimento institucionalmente relevante e que merece ser publicado no site da IES. A maioria dos tweets desses perfis provêm do site da instituição, o que faz do Twitter uma espécie de extensão do site, mais especificamente da página de notícias. Optamos por essa designação (noticiar), porque expressa a ação de dar uma notícia ou informar, visto que partimos do pensamento de que o texto realiza uma ação. Essa designação se deve também ao nome da ação comunicativa que as próprias instituições dizem realizar com o seu perfil no Twitter, pois o conteúdo das postagens está vinculado, como dissemos acima, à página de notícias do site. Mas apesar de a realização recorrente verificada nos perfis das IES pesquisadas ter sido a de noticiar, cerca de 71%, encontramos também outras realizações: destacar personalidades da sociedade, responder, perguntar, cumprimentar, tornar público e oficial e avisar sobre transtornos. A ação de destacar personalidades da sociedade segue o pensamento de Melo (apud BORN, 2010 p.7) que diz que são textos centrados em pessoas, “principalmente as figuras da alta sociedade, as personalidades famosas, ou mesmo, no caso dos pequenos jornais, às pessoas de destaque da comunidade”, ou seja, elogiam e glamourizam indivíduos relacionados à IES ou de prestígio na comunidade. As ações de responder e perguntar são pouco recorrentes nos perfis institucionais, todavia promovem uma importante situação de interação entre a instituição e a comunidade em geral. Essas duas realizações são possíveis devido à ferramenta reply que torna propício a responder e perguntar sobre assuntos do interesse de ambos. A ação de cumprimentar é, também, pouco recorrente no corpus analisado e apenas uma instituição utiliza isoladamente, ou seja, sem estar adjacente a outra função retórica. Ou seja, a postagem contém apenas o cumprimento “bom dia!”, por exemplo. Todavia existem algumas postagens que possuem uma notícia e um cumprimento no final, como o “parabéns”. Esse tipo de postagem será detalhado a partir do corpus na sessão seis deste artigo. Tornar público e oficial é a ação de se fazer conhecer um edital para seleção de algum serviço para a instituição pública, seja prestação de serviço, contratação, ou concessão. Segundo Travaglia (2002, p. 142) é o ato de se tornar “público e oficial uma determinação, aviso, postura, concurso, venda, citação, intimação e que se afixa em lugares públicos ou se publica na imprensa oficial ou privada com o fim de propiciar o conhecimento de seu conteúdo pelas pessoas em geral”. Esta ação está dentro da ação noticiar, isto é, é um “noticiar” mais específico, é tornar público e oficial editais e concursos para a universidade diferindo de notícias, que divulgam eventos (congressos, simpósios, encontros etc.), cursos de extensão, atividades de gestores, professores, alunos e servidores. E por último temos a ação de avisar sobre transtornos que diferimos de notícia. Consideramos como ação de avisar, segundo Travaglia (2002, p. 134), as postagens que “contém uma informação ou comunicado que alguém, normalmente dirigentes de instituições, encaminha a um indivíduo ou grupo de pessoas, para cientificar, prevenir, noticiar e em certos casos ordenar.” Esta realização também é pouco recorrente, mas é de grande importância para a sociedade, pois, a partir do Twitter, é possível difundir a postagem muito rapidamente pela internet, agilidade que o site da instituição, e até muitos meios de comunicação como televisão, rádio e telefone, não possui. 6. Funções e Ações nos perfis pesquisados Como dissemos anteriormente, a ação mais recorrente foi a de noticiar. Percebemos, então, que mesmo diante de uma multiplicidade de possibilidades comunicativas que o Twitter oferece, os sujeitos pertencentes a domínios discursivos semelhantes tendem a produzir enunciados que realizam ações semelhantes. A seguir analisaremos sinteticamente as ações realizadas para atender à função retórica recorrente. (1) - @comunicacaoufpi Seminário de Plantas Medicinais e Fitoterápicos tem 290 inscritos http://www.ufpi.br/noticia.php?id=18106 -COM LISTA RETIFICADA! (2) - @comunicacaoufpi UFPI vai sediar XXVIII Encontro de Físicos do Norte-Nordeste http://www.ufpi.br/noticia.php?id=18128 Temos em (1), como realização textual da função retórica noticiar, a ação de prestar conta dos fatos que comprovam o atendimento a um dos alicerces de uma IES que é a pesquisa, já que a base de uma IES é constituída por pesquisa, ensino e extensão. Nesse tweet verificamos a divulgação, por parte da instituição, da realização de pesquisa, além de enaltecer a universidade, pois ao divulgar o número de participantes, mostra que é um evento muito prestigiado, já que possui mais de 200 pessoas inscritas. No tweet (2), verificamos também a mesma ação de (1) que é a de prestar conta do mesmo fato, a pesquisa, bem como promover o evento, isto é, divulgar ao público interessado que compareça a esse evento. (3) - @fsateresina Alunos de Jornalismo visitam gráfica do Jornal O Dia http://www.fsanet.com.br/site/materia.php?id=2311 (4) - @fsateresina Hoje tem cinema na FSA, cicero filme exibira seu filme DÊ UMA XANXA AO AMOR. Será em duas sessões 18 e 20 h na sala de conferência No tweet (3), a ação que encontramos foi a de prestar conta dos fatos que comprovam o atendimento a um dos alicerces de uma IES que é o ensino de seus discentes, mostrando à sociedade que os alunos dessa instituição têm a oportunidade de ter contato com a prática jornalística dentro do curso. Enquanto que, no tweet (4), verificamos a ação de noticiar, com o objetivo de promover, pois a postagem divulga o evento para o público, isto é, “chama” seus alunos e demais interessados para assistirem o filme. (5) - @novafapipiaui CONAB oferece estágio para estudantes de Direito. Confira: http://migre.me/3Ia1Y (6) - @novafapipiaui Trabalho Acadêmico de formandos da NOVAFAPI analisa morte por acidentes de moto no Piauí. Confira: http://migre.me/2UWBy Verificamos no tweet (5) a função de promoção, a mesma das postagens (2) e (4). Em (6), temos a mesma realização textual encontrada nos tweets (1) e (2), que é a de prestar conta dos fatos que comprovam o atendimento a um dos alicerces de uma IES que é a pesquisa, apresentando trabalhos socialmente relevantes. (7) - @IFPI_ASCOM IFPI participa de encontro da Rede Certific em Brasília. http://migre.me/3j8ws (8) - @IFPI_ASCOM Semana Pedagógica do Campus Parnaíba começa dia 24 de janeiro. http://www3.ifpi.edu.br/Sitio/publico/sitio_abrirNoticia?idBusca=634 Em (7), temos a mesma ação dos tweets (1), (2), (6), que é a de prestar de conta do atendimento a um dos alicerces inerentes às IES, que é a pesquisa, além do atendimento à função de enaltecer, pois apresenta a instituição como uma IES que está sempre se qualificando, ou seja, essa IES pode oferecer ao seu aluno um ensino de maior qualidade, já que participa de eventos que ajudam a melhorar e certificar a qualidade da IES. Já em (8) temos o atendimento à função de promoção. Nesse exemplo podemos verificar mais claramente essa especificidade da realização textual da função retórica, pois o tweet noticia o evento, promovendo a instituição. Além disso, há a prestação de contas dos fatos que comprovam o atendimento a um dos alicerces de uma IES que é o ensino. (9) - @faculdadeceut Hoje é o último dia de matrícula para os aprovados no vestibular CEUT 2ª fase. Confira a documentação necessária em http://www.ceut.com.br (10) - @faculdadeceut Segue até o dia 15 de janeiro as inscrições para o Vestibular CEUT 2ª Fase. As provas acontecem dia 16/01, das 16h às 21h. Nas postagens (9) e (10), na ação de noticiar, temos a função de promoção. Essas postagens, ao noticiar um fato relevante dentro da instituição, atendem às funções de enaltecer, transparecer as ações da IES. Verificamos que o Twitter atende às necessidade de promoção da IES, figurando como um importante difusor de conteúdo institucional. Além de difundir as notícias do site, o Twitter favorece outras necessidades comunicativas, já que, segundo Marcuschi (2008, p. 162), “a produção discursiva é um tipo de ação que transcende o aspecto meramente comunicativo e informacional”, isto é, o Twitter dessas IES, ainda contribui para legitimar o discurso da instituição, realizando suas ações de marketing. Os tweets a seguir exemplificam a ação de destacar personalidades ligadas à IES: (11) @comunicacaoufpi Cerimonialista da UFPI participa de congresso em Gramado http://www.ufpi.br/noticia.php?id=18100 (12) @comunicacaoufpi Acadêmicas de enfermagem conquistam primeiro lugar em congresso http://www.fsanet.com.br/site/materia.php?id=2289 (13) @comunicacaoufpi Egressa de Medicina se classifica em três concursos de Residência Médica. Confira: http://migre.me/3GUNp (14) @comunicacaoufpi Secretário de Educação de Teresina visita IFPI. http://www3.ifpi.edu.br/Sitio/publico/sitio_abrirNoticia?idBusca=617 (15) @comunicacaoufpi O aluno do 1º per. de Ciência da Computação do CEUT, Gerson Wanney, foi aprovado no processo seletivo MSP Os tweets de (11) a (15) ilustram como as IES utilizam o seu perfil para “glamourizar” indivíduos ligados à instituição ou de destaque na comunidade em questão. Mas, além de funcionar retoricamente como uma “coluna social” da IES, essas postagens realizam outras atividades comunicativas. Nos exemplos de (11) a (15) a função atendida foi a de enaltecimento da instituição, pois são apresentados os feitos de funcionários, alunos ou pessoas de prestígio nessa comunidade, relacionados à instituição, isto é, a instituição tem grande importância para a realização de tal acontecimento cuja pessoa esta participando, como no exemplo (11), em que se destaca o vínculo com a IES . As postagens a seguir ilustram a ação de responder: (16) @IFPI_ASCOM @JeydsonBarros Para esclarecer suas dúvidas, entre em contato com a Rosilda, no 3215-5250. (17) @fsateresina @Lud_Psic entre em contato com NUCOM aqui na FSA para falar sobre o assunto (18) @novafapipiaui @siqueirakellya A previsão de renovação é entre fevereiro e março. A função retórica resposta é possibilitada pela interface reply, que não existe no site da instituição, sendo o Twitter uma das poucas formas de se comunicar diretamente com os usuários e oferecer uma feedback mais rápido. Essa ação implicitamente realiza a função de humanização da instituição, pois mostra que a instituição está atenta ao seu perfil no Twitter e que pode atender aos questionamentos dos seus seguidores, isto é, usuários do Twitter que seguem o perfil da instituição. Já a ação de cumprimentar é verificada no perfil @IFPI_ASCOM, o que podemos observar a seguir: (19) @IFPI_ASCOM Bom dia! (20) @IFPI_ASCOM Bom dia e boa semana! Todavia, a ação de cumprimentar também aparece em outros perfis, mas não sozinha na postagem, como nos tweets a seguir: (21) @faculdadeceut O campeão do Campeonato fará seletiva para o último ciclo das Olimpíadas de 2012, em Londres. Boa sorte! (22) @novafapipiaui @georgejlima Propaganda do vestibular de (23) @novafapipiaui ganhou prêmio durante o *º Prêmio Valter Alencar. Parabéns a @timepropaganda Conjuntamente com essa ação, encontramos a ação de humanizar a instituição, ou seja, essa ação cria uma relação mais direta com os seguidores do perfil da instituição. Percebemos que a promoção e o enaltecimento são importantes alicerces do marketing que a instituição veicula em seus tweets. Porém, a função de promover não se relaciona apenas à instituição em si, mas a eventos, cursos e fatos que a instituição realiza. Ou seja, a promoção, muitas vezes está ligada indiretamente à instituição. A seguir, analisamos postagens que realizam a atividade comunicativa de promover e enaltecer a instituição: (23) @comunicacaoufpi Departamento de Filosofia disponibiliza revista online gratuitamente http://www.ufpi.br/noticia.php?id=18097 3:12 PM Nov 3rd via web (24) @comunicacaoufpi I Seminário sobre plantas medicinais divulga lista de inscritos http://www.ufpi.br/noticia.php?id=18095 3:11 PM Nov 3rd via web (25) @fsateresina À tarde, palestra"Atividade física e envelhecimento:relato de experiências do projeto extensão UNATI/UESPI"c/a ProfªMs.Solange Maria Ribeiro. 6:43 PM Oct 4th, 2010 via web (26) @fsateresina Projeto Mídia Solidária dos alunos de jornalismo, ganha destaque no jornal Meio Norte http://www.fsanet.com.br/site/materia.php?id=2276 6:33 PM Oct 21st, 2010 via web (27) @novafapipiaui NOVAFAPI realiza II Jornada de Fonoaudiologia. Saiba mais: http://migre.me/2Kpm7 segunda-feira, 6 de dezembro de 2010 12:08:39 via web (28) @novafapipiaui Propaganda da NOVAFAPI ganha 8º Prêmio Valter Alencar. Confira: http://migre.me/2Gx5s sexta-feira, 3 de dezembro de 2010 18:36:08 via web (29) @IFPI_ASCOM Confira o resultado do Classificatório da Modalidade à Distância. http://migre.me/3B1xo 3:41 PM Jan 12th via web (30) @IFPI_ASCOM Curso do IFPI conquista nota 5 no Enade. http://migre.me/3Gxyz segunda-feira, 17 de janeiro de 2011 15:54:25 via web (31) @faculdadeceut A documentação necessária para matrícula está disponível no site da Instituição. www.ceut.com.br 4:04 PM Nov 26th, 2010 via web (32) @faculdadeceut Recentemente, os cursos de Fisioterapia, Enfermagem e Nutrição do CEUT, tb alcançaram nota 4, na avaliação do MEC p/ 1º reconhecimento dos 3 sexta-feira, 10 de dezembro de 2010 13:22:44 via web A função de enaltecer a instituição está presente nas postagens que noticiam os prêmios, os eventos relevantes, as aparições em outros meios de comunicação, as avaliações positiva de outros órgãos etc. Ou seja, além de valorizar e exaltar a IES, legitima o discurso positivo da instituição. Já as realizações textuais da função de promoção conclama as pessoas a participarem da instituição, seja como alunos regulares, em cursos de extensão ou em congressos, dentre outros eventos ligados a IES. Nos tweets abaixo, podemos verificar as ações da ferramenta retuite e o atendimento às funções de prestação de conta dos alicerces de uma IES e transparência, respectivamente: @IFPI_ASCOM @cidadeverde Piauí cria posto de arrecadação para desabrigados do Rio de Janeiro http://bit.ly/fU6oMn 2:44 PM Jan 17th via twitterfeed Retweeted by IFPI_ASCOM (34) @fsateresina Amanhã acontece o Seminário Integrador do curso de Jornalismo http://www.fsanet.com.br/site/materia.php?id=2367 7:20 AM Dec 1st, 2010 via web (35) @comunicacaoufpi Confira o novo Relatório de Auditoria Anual de Contas da UFPI http://www.ufpi.br/page.php?id=66 5:07 PM Dec 28th, 2010 via web (33) O tweet (33) foi retuitado pelo perfil @IFPI_ASCOM, em que um tweet do perfil seguido pela IES, o @cidadeverde, é retransmitido para os seguidores do Twitter da instituição. Essa ação favorece a integração da IES no Twitter, a humanização, pois pode mostrar aos seus seguidores que a instituição não veicula informações apenas da instituição, mas está interessada nos fatos da sociedade da qual faz parte. A realização da função de prestação de conta dos alicerces de uma IES é percebida no exemplo (34), em que o perfil @fsateresina, diz para a sociedade em geral que a instituição realiza pesquisas, e promove encontros para debate entre os acadêmicos. No exemplo (35), podemos observar a realização da atividade comunicativa de mostrar transparência, em que, a partir da notícia, torna-se público as contas da IES. Essa ação se confere apenas nos perfis de IES de natureza jurídica pública, porque além de ser um princípio da administração pública, essa ação também procura desfazer estereótipos negativos em relação à administração pública (ineficiência, corrupção, abuso de poder econômico etc.) Considerações finais É importante salientar que o estudo em questão possui algumas lacunas, tais como: o análise que mostre as diferenças entre as postagens das IES públicas e privadas, a relação da estrutura técnica do Twitter com as funções realizadas, a opinião dos autores e dos leitores, figurando como principal fonte de análise o corpus, algumas notícias relacionas e a visão do pesquisador. Esses aspectos serão contemplados em pesquisas posteriores, visto que o presente artigo fornecerá a base para esses estudos futuros. No presente estudo pudemos observar que o Twitter relacionado a um tipo de perfil, ou seja, a um domínio discursivo específico, pode ser considerado como gênero, visto que dentro desse tipo de perfil selecionado, constatamos que os sujeitos agem de forma semelhante ao utilizarem o Twitter. As funções retóricas recorrentes são as de promoção, enaltecimento e humanização, sendo que essas funções colaboram para as ações de marketing a qual o perfil no Twitter dessas IES realizam comunicativamente. A partir do corpus selecionado foi chegamos a essas três funções retóricas recorrentes e examinamos o que as IES pesquisadas objetivavam ao tuitar. Verificamos, então, que a ação de noticiar é, por enquanto a mais recorrente nos perfis institucionais das IES piauienses, que, segundo constatamos, se deve à base de informações desse tipo de Twitter que é a página de notícias do site da IES dona do perfil. Além da ação de noticiar, verificamos outras realizações: destacar uma personalidade, tornar público e oficial, responder, perguntar, cumprimentar e avisar sobre transtornos. Essas atendem à necessidade de divulgação das notícias do site da IES, tratando o Twitter como difusor de conteúdo institucional de maior alcance que, até, o próprio site. Com essa análise percebemos também que essas ações colaboram para legitimar os discursos da instituição, enaltecendo, promovendo, humanizando, prestando contas e mostrando transparência. Ou seja, alicerçam o marketing da IES, contribuindo para a construção de uma imagem positiva da instituição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES FILHO, F.; SILVA, L. S.. A retórica do gênero entrevista de emprego. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS, 1., 2010, Maringá. Anais do 1. CIELLI - Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários. Maringá-PR: UEM-PLE, 2010 ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO IFPI. Redes Sociais ganham destaque no portal do IFPI. Teresina, 04 fev. 2011. Disponível em: <http://www3.ifpi.edu.br/Sitio/publico/sitio_abrirNoticia?idBusca=680> Acesso em: 07 fev. 2011. ASSESSORIA DE IMPRENSA NOVAFAPI. NOVAFAPI lança micro-blog no Twitter. Teresina, 09 out. 2009. Disponível em: <http://www.novafapi.com.br/?dir=noticias&view=371>. Acesso em: 07 fev. 2011 BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da Criação verbal. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. BAZERMAN, C. Atos de Fala, Gêneros Textuais e Sistemas de Atividades: como os textos organizam atividades e pessoas. In: Gêneros Textuais, Tipificação e Interação. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2005. BORN, A. M. H.. Mídia e Vida Social: Uma Reflexão Sobre Categoria, Gênero e Subgênero. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL, 11., 2010, Novo Hamburgo. São Paulo: Intercom. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2010/resumos/R20-0523-1.pdf> BRASIL, Decreto-lei Nº 5.773, de 9 de maio de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 10 de maio de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/Decreto/D5773compilado.htm>. Acesso em: 25/02/2011 BRASIL, Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 30 de dezembro de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm>. em: 25/02/2011 Acesso BRONNEMANN, M. R.; SILVEIRA, A.. Marketing em Instituições de Ensino Superior: A Promoção do Processo Seletivo. In: Pedro Antônio de Melo; Nelson Colossi. (Org.). Cenários da Gestão Universitária na Contemporaneidade. 1 ed. Florianópolis: Editora Insular, 2004, v. 1, p. 97-114. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais no ensino de Língua. In: Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008, p. 146-224 MILLER, C. R. Estudos sobre Gênero textual, Agência e Tecnologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009. ORIHUELA, J. L.. Twitter y el boom del microblogging. Perspectivas del Mundo de la Comunicación, Pamplona, n. 43, p. 2-3, nov./dic. 2007. Disponível em: <http://www.unav.es/fcom/perspectivas/pdf/persp43.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2010. SAGOLLA, D.. How Twitter Was Born. 2009. San Francisco, 30 jan. 2009. Disponível em: <http://www.140characters.com/2009/01/30/how-Twitter-was-born/> Acesso em: 28 set. 2010. SPYER, J.. Tudo o que você precisa saber sobre o Twitter (você já aprendeu em uma mesa de bar). São Paulo: Talk Interactive, 2009. Disponível em: <http://www.talk2.com.br/geral/baixe-o-guia-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-oTwitter/> Acesso em: 22 jul. 2010. TRAVAGLIA, L.C. Gêneros de texto definidos por atos de fala. In: ZANDWAIS, A. (Org.). Relações entre pragmática e enunciação. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2002. p.129-153