Artrose de joelho e atividade física

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INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA
PORTADORES DE ARTROSE NO JOELHO
Palavra chave: Osteoartrose; Reabilitação; Exercício Terapêutico;
Cinesioterapia
Cristiane de Lima1
Rosa Falco Garcia1, 2
1
Programa de Pós-Graduação Lato Senso em Educação Física da Universidade
Gama Filho
Campo Grande, MS, Brasil.
Endereço para correspondência:
Rosa Maria Rubi Falco Garcia
Rua Bahia, nº 1133
e-mail: [email protected]
Resumo
O artigo tem como objetivo demonstrar possíveis influências dos exercícios
físicos sobre os elementos que compõem a articulação, levando em conta as
indicações e contra-indicações.
Introdução
A artrose constitui a forma mais comum de reumatismo, sendo na realidade,
uma das doenças mais freqüentes na espécie humana e um dos principais fatores de
incapacidade funcional principalmente dos idosos. A freqüência da artrose aumenta
marcadamente com a idade. Trata-se de uma doença que afeta cerca de 20% da
população aos 40 anos e quase 100% aos 80 anos (DIARTRO).
Segundo SÁ et al. (2001) e KAUFFMAN (1999), o tratamento da osteoatrose
foca basicamente em combater os sintomas da dor, diminuição da força muscular e
limitação de movimento, através de orientação, repouso, agentes farmacológicos,
atividade física e cirurgia em caso extremo.
É importante que seja considerado a fase do processo degenerativo da
osteoartrose, ao indicar um programa de exercícios, pois há uma variação no tipo e
na intensidade conforme cada fase (HALL & BRODY (1), apud LIMEIRA S).
DIAS J. (1999), evidenciou em sua tese de Doutorado, que uma alternativa
eficaz para a reabilitação da osteoartrose no joelho, são os exercícios isocinéticos
em velocidades decrescentes.
O presente estudo de revisão pretende analisar as possíveis indicações e
contra-indicações dos exercícios para os portadores de osteoartrose no joelho.
(1)
HALL CM. & BRODY LT. Therapeutic Exercise Moving Toward Function. Philadelphia, 1999.
3
O que é osteoartrose?
A osteoartrose resulta da degeneração progressiva dos elementos que
compõem as articulações, levando à destruição da cartilagem articular conduzindo à
instalação progressiva da dor, deformação e limitação dos movimentos. Certos
fatores como idade, peso e profissão podem interferir neste distúrbio, aumentando a
predisposição a osteoartrose. (DIARTRO)
Segundo CASH (1984), a osteoartrose primária ou idiopática possui causa
desconhecida, e é mais comum que se localize nas mãos, pés, joelhos, quadril e
coluna. Já a osteoartrose secundária, é decorrente de um outro problema, seja ele
de causa: traumática, congênita, metabólica, inflamatória, neurológica, infecciosa e
hematológica.
A SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA cita que, seja em qual for
a região, a artrose tem certa preferência pelas mulheres, e que as articulações mais
acometidas nas mulheres são nas mãos e joelhos; e nos homens, na articulação
coxofemoral.
O aspecto clínico da osteoartrose em joelho caracteriza-se por: dor, (indicando
o grau de irritabilidade); rigidez, (ocorrendo pela manhã, ou após um período de
inatividade, com duração de mais ou menos 15 a 25 minutos); limitação e
deformidade articular, (na maioria dos casos provocando desvio em varo).
Os exames laboratoriais ajudam apenas na exclusão de outras doenças, pois,
para a OA eles somente demonstram uma elevação do VHS. Já os exames clínicos
e radiológicos são mais precisos, pois, alterações radiológicas revelam a diminuição
do espaço articular, esclerose subcondral e a presença de cistos, osteofitoses e
deformidades articulares. É ressaltada a importância de sabermos que nem sempre
alterações radiológicas apresentam sintomatologias clínicas.
De acordo com a literatura de CASH (1984), a imobilização altera a
propriedade do tecido capsular e pode resultar em rigidez articular. Em certos casos,
a dor e a rigidez, justificam o uso de analgésicos (paracetamol, salicitatos,
dihidrocodeína, etc), e também de antiinflamatórios não hormonais, porém o uso de
corticosteróides não é bem vindo no tratamento da OA.
4
Se uma articulação se encontra inflamada, dolorida e edemaciada,
recomenda-se a injeção intra-articular de corticosteróides, proporcionando apenas
um alívio de curta duração. A cirurgia só é indicada nos últimos casos. Articulações
do quadril e do joelho podem ser substituídas por uma artificial, que leva a uma
diminuição da dor, melhorando os movimentos e a função da articulação. (MERCK,
2003)
Efeitos negativos da imobilização.
Autores de estudos que se referem a imobilização por tempo prolongado,
relatam mudanças em relação aos elementos que compõe a articulação.
Segundo GORDON(2) apud LIMEIRA S, ocorre uma diminuição no processo
inflamatório da articulação mediante repouso moderado e apropriado. Porém tornase paradoxal a recomendação de repouso prolongado quando a articulação se
encontra debilitada, pois, pesquisas recentes mostram que em uma semana de
imobilização, ocorre uma redução de 30% do tônus muscular, e por conseqüência,
reduz-se a aptidão física, que acarreta em uma perda da capacidade funcional,
prejudicando as AVDs (Atividades da Vida Diárias).
A atividade sintética dos condrócitos é reduzida pela imobilização (desuso),
não obstante a manutenção da integridade articular depende da mobilidade articular,
que é um importante estímulo para a ocorrência dos processos regenerativos de
seus constituíntes. (BUCKWALTER(3) ; SHIMITZU(4), apud EGRI et al, 1999)
GORDON(2) apud LIMEIRA S., enfatiza que após imobilização prolongada as
principais perdas no sistema músculo-esquelético são: a atrofia e encurtamento dos
músculos, tendões e ligamentos; contraturas; perda de força e massa óssea;
redução da mobilidade articular e degeneração da cartilagem.
______________________________
(2)
GORDON F. Arthritis Your Complete Exercise Guide. Dallas/Texas, 1993
(3)
BUCKWALTER:Osteoarthritis and articular cartilage use, disuse, and abuse: experimental studies.
J Rheumatol 22 (Suppl 43): 13-15, 1995.
(4)
SHIMITZU T, VIDEMAN T, SHIMAZAKI K, MOONEY V: Experimental study on the repair of full
thickness articular cartilage defects: effects of varying periods of continuous passive motion, cage activity, and
immobilization. J Orthop Res 5: 187-197, 1987.
5
O portador de OA pode apresentar: frouxidão ligamentar, fraqueza muscular,
contratura capsular, edema, espasmo, fibrose e diminuição ou perda dos
movimentos, levando a um déficit na realização das AVDs, interferindo assim, na
independência pessoal (MARKS(5), apud DIAS ,1999).
Conseqüências patológicas da osteoartrose
Um aspecto de relevante importância, diz respeito às alterações da
propiocepção. Estudos demonstram que o envelhecimento leva a uma deterioração
progressiva da propiocepção, e que em portadores de OA, essa deterioração é ainda
mais evidente. (BARRET(6) et al. apud DIAS, 1999)
DIAS J. (1999), nos diz que estudos realizados por PAI(7) et al; SHARMA(8) et
al, e MARKS(5), consideram que a redução na propriocepção provavelmente seja a
responsável pelo início ou avanço da degeneração no joelho. Baseiam-se no fato de
que a alteração da propriocepção, leva a um distúrbio na marcha, sobrecarregando
de uma maneira anormal a articulação, desencadeando assim, uma degeneração
progressiva na articulação do joelho.
A dificuldade apresentada pelos idosos para subir escadas e se levantar de
sofás, ocorre pela perda muscular, que se inicia na quarta década de vida, e se
aproxima de 1% ao ano, diminuindo assim a força e a potência muscular (ARAÚJO).
FISHER(9) et al. e MARKS(4), citado por DIAS J. (1999), relacionam a fraqueza
estática do músculo quadríceps femural, com a dificuldade apresentada pelo
portador de OA, na realização das atividades funcionais como subir e descer
escadas e na deambulação.
_________________________
(5)
MARKS, R. – Further evidence of impaired position sense in knee osteoarthritis. Physiother. Res.
International, 1 (2): 127-136, 1996
(6)
BARRETT, D.S., COBB, A.G.; BENTLEY, G. – Joint proprioception in normal, osteoarthritic and
replaced knees. J. Bone Jt. Sur., 73 – B. (1): 53-56, January, 1991
(7)
PAI, Y.C.; RYMER Z.; CHANG, R.W.; SHARMA, L. – Effect of age and osteoarthritis on knee
proprioception. Arthritis Rheum., 40 (12) 2260-2265, 1997
(8)
SHARMA, L.; PAI, Y-C.; HOLTKAMP, K; RYMER, W.Z. – Is knee joint proprioception worse in the
arthritic knee versus the unaffected knee in unilateral knee osteoarthritis? Arthritis Rheum. 40 (8): 15181525, 1997
(9)
FISHER, N.M.; GRESHAN, G.; PENDERGAST, D.R. – Effects of a quantitative progressive
rehabilitation program apllied unilaterally to the osteoarthritic knee. Arch. Phys. Med. Rehabil., 74: 13191326, 1993
6
Estudos realizados por SLEMENDA(10) et al; FISHER(9) et al; TAN(11) et al,
citados por DIAS J. (1999), evidenciaram que na osteoartrose de joelhos, não só o
grupo muscular dos extensores, como também dos flexores do joelho, sofrem
alterações na função muscular, tendo uma diminuição da força, resistência e
velocidade de contração. E, que indivíduos, mesmo que não apresentem dor ou
atrofia muscular, estão sujeitos a uma fraqueza dos músculos extensores
(quadríceps).
ROGIND(12) citado por DIAS J. (1999), relata que cerca de 80% dos pacientes
com O A no joelho e quadril, afirmam ter problemas relacionados com a função
muscular, que dizem respeito à força, resistência, coordenação e equilíbrio.
A dor e a efusão articular, advindas da O A no joelho, podem desencadear a
“inibição reflexa”, impedindo a força máxima muscular, contribuíndo assim para o
enfraquecimento do quadríceps. (LANKHOSRT(13) el al; SLEMENDA(10) et al, apud
DIAS (1999).
Durante a marcha, a crepitação, a dor súbita, o falseio e a fraqueza são sinais
de uma instabilidade articular.(COOKE(14) apud DIAS 1999)
Para TAN(11) et al, citado por DIAS (1999), a articulação do joelho é sustentada
e estabilizada por ligamentos, tendões e músculos, sendo o quadríceps o mais
importante estabilizador desta articulação.
_________________________
(10)
SLEMENDA, C.; HEILMAM, D.K.; BRANDT, K.D.; KATZ, B.P.; MAZZUCA, S.A.; BRAUNSTEIN,
E.M.; BYRD, D. – Reduced quadriceps stregth relative to body weight. Arthritis Rheum., 41 (11): 1951-1959,
1998.
(11)
TAN, J.; BALCI, N.; SEPICI, V.; GENER, F.A. 0 Isokinetic and isometric strength in osteoarthrosis of
the knee. Am. J. Phys. Med. Rehabil., 74 (5): 364-369, 1995
(12)
ROGIND, H.; BIBOW-NIELSEN, JENSEL B.; MOLLER, H.C.; MOLLER, H.F.; BLIDDAL, H. – The
effects of a physical training program on patients with osteoarthritis of the kness. Arch. Phys. Med.
Rehabil., 79: 1421-1427, 1998
(13)
LANKHORST, G.J.; VAN de STADT, R.J.; VAN de KORST, J.K. – The relationships of funtional
capacity, pain, and isometric and isokinetic torque in osteoarthrosis of the knee. Scand. J. Rehab. Med.., 17:
167-172, 1985
(14)
COOKE, T.D.V. – Pathogenic mechanisms in poliarticular osteoarthritis. Clinics Rheum. Dis., 11 (2)
203-238, 1985
7
Efeitos fisiológicos dos exercícios físicos.
Segundo COSTA M. (1996), no periósteo, nas cápsulas articulares, nos
tendões e ligamentos encontram-se os receptores sensoriais articulares, que são
estimulados através de sua deformação, remetendo ao sistema nervoso central
informação acerca do ângulo articular, da aceleração da articulação e do grau de
deformação produzido pela pressão. Os movimentos corporais são regulados
cinestesicamente pelos mecanismos proprioceptores, que por sua vez, relacionamse diretamente com o Sistema Nervoso Central; “através de ‘vias de feedback’, entre
um e outro, regulam e otimizam a performance” (COSTA MG, 1996).
O aprendizado motor é um fator importante na prescrição dos exercícios
terapêuticos. Consiste em usarmos padrões sensitivos pré-existentes, que estão
armazenados no córtex em forma de engramas sensitivos, para a comparação de
uma atividade motora já realizada, com uma nova atividade. A nova atividade motora
é percebida primeiramente pela forma sensitiva: visual, auditiva, tátil, etc., para
posteriormente passar para a fase motora, utilizando assim áreas corticais e
subcorticais, adaptando vias motoras já existentes às novas exigências. Com o
aperfeiçoamento da atividade, a comparação com o modelo sensitivo pré-existente
torna-se menos solicitada, criando-se assim um novo engrama motor. (JOYNT RL(15)
apud PLAPLER et al, 1999)
Quando a flexibilidade articular difere muito entre os lados dominantes e não
dominantes do corpo, ou quando ela é extremamente baixa ou alta, o risco de lesão
aumenta; fato esse, que torna o aumento da flexibilidade, feito através de
alongamento, um componente muito importante nos programas terapêuticos e de
reabilitação (HALL S.L, 2000).
Para FRANKEL & NORDIN (1980), a remodelação e a hipertrofia óssea, se dá
através de estímulo mecânico. Estudos mostram que atividades físicas regulares
deixam os ossos mais densos, e, portanto, mais mineralizados; e que estão
proporcionalmente ligados ao estresse aplicado. Quando os estresses exercidos pelo
suporte de cargas e/ou pela ação muscular são removidos, ocorre a atrofia óssea.
____________________________
(15)
JOYNT, R.L. Therapeutic Exercice in Rehabilitation Medicine: principles and practice. J. B. Lippincott,
Philadelphia, 1990.
8
De acordo com HALL S.L (2000), “O aumento da massa óssea não está tão
ligado à freqüência de sobrecarga, mas sim à magnitude da carga empregada”.
Sedentários obtêm um aumento na densidade óssea de seus corpos apenas com
caminhadas, pois a força da gravidade sobre o corpo é de uma magnitude suficiente
para fornecer esse estímulo.
A composição e as propriedades mecânicas da cartilagem e do osso
subcondral, são alteradas através do exercício físico moderado, ocorrendo uma
adaptação dos elementos à carga (BUKWALTER(3) apud EGRI et al, 1999). A
espessura da cartilagem aumenta, ocorre uma diminuição quantitativa de filamentos
intracitoplasmáticos, e uma estimulação dos condrócitos que aumentam a produção
dos elementos que compõe a matriz orgânica. (HAMRE CJ; CARVALHO A. (16) apud
EGRI et al, 1999)
HAMILL (1999), nos diz que a estrutura, os ligamentos, a cápsula e os
tendões, proporcionam estabilidade à articulação diartrorial. O vácuo na articulação
que a pressão atmosférica produz, e a força da gravidade, também contribuem à
estabilidade da mesma.
Assim como o osso, os tendões e ligamentos respondem ao estresse
mecânico habitual, alterados por hipertrofia ou atrofia de acordo com a vida ativa do
indivíduo, aumentando também a resistência das junções ligamentos – ossos, e
tendões – ossos (HALL 2000).
Tipos de exercícios e suas indicações.
Para BASMAJIAN (1980), exercícios sem resistência, são úteis para manter
ou aumentar a amplitude de movimento (AM) articular. Podem ser realizados
passivamente, através do terapeuta, ou ativamente, com ou sem ajuda do terapeuta.
_______________________
(16)
HAMRE CJ, YEAGER VL: Influence of denervated muscles on exostoses of rats fed a sweet-pea diet.
Arch Pathol 65: 215-227, 1958.
9
Quando um segmento do corpo é imobilizado por um certo período de tempo,
usa-se a amplitude de movimento articular nas regiões acima e abaixo do segmento
imobilizado para, manter as áreas em condições as mais normais possíveis e
preparar para novas atividades, como andar de muletas. Quando um paciente está
de repouso no leito a amplitude de movimento articular é usada para evitar as
complicações de diminuição na circulação, desmineralização óssea, e diminuição na
função cardíaca e respiratória. (KISNER. C; COLBY L. A., 1998).
Os exercícios de contrações intermitentes são de baixa intensidade, feitos
contra pouca ou nenhuma resistência. Quando usados na fase aguda da
cicatrização, melhoram a circulação e promovem relaxamento muscular, diminuindo
a dor e o espasmo. Podem retardar a atrofia muscular nos estágios iniciais de
reabilitação de um músculo ou articulação, caso a imobilização seja necessária.
É importante a realização diária de exercícios ativos livres sem carga, pois
promovem o movimento das superfícies articulares, umas sobre as outras,
aumentando a nutrição da cartilagem articular. (SOBAM On Line)
O exercício em cadeia aberta pode ser a única opção de exercício quando a
sustentação de peso está contra-indicada. Refere-se ao movimento no qual o
segmento distal se move livremente no espaço.
O uso terapêutico de resistência em um programa de exercício, aplicado
manual ou mecanicamente, é parte integral do plano de assistência quando a meta
final for aumentar a força, resistência à fadiga e função física geral. Ao elaborar um
programa de treinamento resistido, deve-se sempre considerar o nível geral de
preparo físico do paciente, o tipo de lesão ou enfermidade, o estágio de cicatrização
após a lesão, e principalmente, os resultados funcionais desejados. (KISNER. C;
COLBY L. A., 1998).
Cada programa de exercício resistido necessita de um tempo adequado para a
recuperação da fadiga, geralmente levando 3 a 4 minutos, com a recuperação mais
rápida ocorrendo no primeiro minuto. (DIARTRO)
Os exercícios resistidos podem ser isométricos, isotônicos ou isocinéticos.
Resultam de uma forma ativa de exercício, onde uma contração muscular estática ou
dinâmica é resistida por uma força externa, força esta, que pode ser aplicada manual
ou mecanicamente em cadeias abertas ou fechadas.
10
O exercício isométrico é um trabalho estático, onde o momento motor e o
momento de resistência são iguais, tendo como conseqüência o não movimento
(GÉNOT et al, 1989). Para obter um aumento na força e resistência à fadiga, as
contrações isométricas precisam ser mantidas contra resistência por pelo menos 6
segundos. Esse é o tempo necessário para ocorrer o desenvolvimento de um pico de
tensão, que leva o músculo a mudanças metabólicas em cada contração.
(DIARTRO)
Nos exercícios com resistência manual, a resistência é feita por um
profissional da saúde. É útil nos estágios iniciais, quando o músculo a ser fortalecido
está fraco a ponto de vencer apenas uma resistência fraca ou moderada. Nos
exercícios com resistência mecânica, a resistência é feita por equipamentos ou
aparelhos mecânicos. É útil quando é necessária uma resistência maior do que a que
o terapeuta pode aplicar. (DIARTRO)
Os exercícios isométricos resistidos, realizados contra a resistência
manual ou mecânica, são usados para desenvolver força muscular quando o
movimento articular é doloroso ou desaconselhável. Para BASMAJIAN (1980), eles
são úteis em casos de osteoartrose, pois, hipertrofiam e fortalecem os músculos,
com pouca movimentação articular e baixo índice de estresse mecânico. LEEK(17),
citado por PLAPLER et al (1999), sugere que os exercícios isométricos são os de
fortalecimento mais adequados para iniciar um programa de reabilitação nos casos
de osteoartrose.
Para desenvolver a força através da amplitude de movimento, a resistência
precisa ser aplicada contra contrações musculares estáticas com a articulação em
várias posições. (DIARTRO)
Para SÁ et al. (2001), os exercícios isométricos e isotônicos, orientados de
uma maneira progressiva, são mais eficientes para a melhoria da funcionalidade e
para o fortalecimento muscular, do que os exercícios globais que incluem treinos
funcionais.
_____________________
(17)
LEEK J.C. GERSHWIN M.E.; FOWLER W.M. Principies of Physical Medicine and Rehabilitation in the
Muskuloskeletal Diseases Grune & Stration, Orlando, 1986
11
O exercício resistido isotônico é uma forma dinâmica de exercício, executado
contra resistência à medida que o músculo se alonga ou encurta na amplitude de
movimento existente. Desenvolvem a força dinâmica, resistência muscular à fadiga e
potência. Envolvem uma combinação de exercícios concêntricos e excêntricos,
dependendo das capacidades de força e necessidades funcionais do paciente.
As contrações musculares excêntricas envolvem trabalho negativo, e ocorrem
em uma variedade de atividades funcionais tais como: abaixar o corpo contra a
gravidade, descer escadas, ou controlar e desacelerar o movimento do membro
durante alterações súbitas de direção. Nos estágios iniciais de um programa de
reabilitação, quando o movimento articular é permissível, porém o músculo está
muito fraco, contrações musculares excêntricas ativas podem ser mais fáceis para o
paciente que contrações concêntricas. Inicialmente a gravidade pode ser a única
fonte de resistência enquanto o paciente aprende a controlar a descida ou elevação
de um membro envolvido. Mais tarde uma resistência mecânica leve como um halter
de mão pode ser acrescentada para melhorar gradualmente a função muscular.
(DIARTRO)
Exercícios de estabilização são usados para desenvolver estabilidade articular
ou postural. A estabilidade é obtida ativando-se a co-contração, ou seja, a contração
dos músculos antagonistas que circundam as articulações proximais. A co-contração
é obtida por meio de manutenção isométrica no meio da amplitude, contra resistência
e em posições antigravitárias; são geralmente realizados em posturas de apoio de
peso, em uma cadeia cinética fechada. (DIARTRO)
Exercícios em cadeia fechada refere-se ao movimento no qual o corpo se
move sobre um segmento distal fixo. São feitos nas posturas funcionais, com algum
grau de apoio de peso, e podem envolver ação muscular concêntrica, excêntrica ou
isométrica. Exercem cargas sobre os músculos, ossos, articulações, ligamentos,
tendões,
cápsulas
articulares
e
são
mais
eficazes
na
estimulação
dos
mecanoreceptores, que estão dentro e ao redor das articulações. Estimulam a cocontração muscular, melhoram a força, a potência, a resistência à fadiga muscular, a
estabilidade, o equilíbrio, a coordenação e agilidade nas posturas funcionais de apoio
de peso. Quando o apoio de peso é contra-indicado, o exercício em cadeia fechada
não pode ser feito. (DIARTRO)
12
Exercício isocinético é uma forma de exercício dinâmico, onde a velocidade
de deslocamento do segmento é controlada por um equipamento que oferece
resistência ao membro em movimento, mantendo a velocidade angular constante em
toda a amplitude de movimento. (DELITTO(18) apud DIAS, 1999). Como a velocidade
do movimento permitida ao membro é constante, a resistência que a unidade de
exercício isocinético proporciona varia.
De acordo com NORDEM(19) et al e PERRIN(20), citados por DIAS (1999), o
que tornam os exercícios isocinéticos mais vantajosos, são os fatos de: não
sobrecarregam as articulações, e não dissiparem a energia com aceleração, sendo
esta energia toda canalizada para potencializar a ação muscular.
Estudos recentes mostram que, pacientes que fazem exercícios isocinéticos
tendem a ganhar força muscular mais rapidamente, e referem menor dolorimento
pós-exercícios, do que os que se exercitam de outras maneiras.
De acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, e
com a Secretaria do Estado de Assistência Social – SEAS, (1999), “Para as pessoas
da terceira idade que têm dores articulares por algum tipo de ‘reumatismo’, do tipo
‘inflamatório’, nos períodos sem dor, estão muito bem indicados a hidroginástica e
natação, que são excelentes meios para ampliar os movimentos das articulações,
uma vez que a água anula a força da gravidade e auxilia nos exercícios.
Contra-indicações.
Para DEKEL e WEISSMAN(21), citados por EGRI et al (1999), a superfície
articular não sofre alteração degenerativa com o uso contínuo da articulação sem
sobrecarga, porém cargas excessivas ou extenuantes, assim como praticar
exercícios na fase aguda da OA, ou quando existem alterações que comprometem a
estabilidade articular, levam articulações que suportam mais carga, sobretudo os
joelhos, à maior incidência de doenças degenerativas.
________________________
(18)
DELITTO, A. – Isokinetic dynamometry. Muscle Nerve, 13 (Suppl): S53-57, 1990.
NORDEM, D.K.; LEVENTHAL, L.J.; SHUMACHER, H.R. – Prescribing exercise for osteoarthritis of the
knee. J. Musculoskel. Med., 11 (9): 14-21, 1994
(20)
PERRIN, D.H. – Isokinetic Exercise and Assessement. 1st. Ed., Champaign Humam Kinetics Publishers,
1993. p 212.
(21)
DEKEL S, WEISSMAN SL: Joint changes after overuse and peak overloading of rabbit knees in vivo.
Acta Orthop Scand 49: 519-528, 1978.
(19)
13
Exercícios resistidos não são indicados quando músculos ou articulações
estão inflamados ou edemaciados. O uso de resistência pode levar a um aumento do
edema, e mais lesão nos músculos e articulações.
Exercícios isométricos de baixa intensidade podem ser realizados quando
houver inflamação, desde que a atividade não aumente a dor. (DIARTRO)
Na fase aguda da osteoartrose, orienta-se o paciente para evitar atividades
musculares de força e resistência muscular, que causam sobrecarga mecânica na
articulação e não tem efeito terapêutico, pela presença dos inibidores da atividade
reflexa muscular.
Para MCKINNEY e ANDERSEN(22), citados por LIMEIRA, ainda não está
completamente definido o tipo de exercício mais benéfico, porém algumas atividades
de alto-impacto, como a corrida, aumentam a probabilidade de desenvolver a
osteoartrose do joelho ou até piorar o estágio de degeneração, pelas tensões
excessivas nos ligamentos e meniscos.
Atividades de alto impacto e performance como a corrida, o ciclismo e
ginástica aeróbica, devem ser evitadas. A natação e a marcha são as melhores
atividades para portadores de OA. (LEEK(17) apud PLAPLER, 1999)
A manobra de Valsalva, que é um esforço expiratório contra a glote fechada,
precisa ser evitada durante os exercícios resistidos. É contra-indicado para os
cardiopatas, os hipertensos, pacientes geriátricos e com hérnias de abdômen.
(DIARTRO)
Conclusão
É notório um declínio crescente na qualidade de vida dos portadores de
osteoartrose, devido ao grau de inatividade que a patologia ocasiona. Sendo assim,
torna-se grande a necessidade de se estabelecer um programa de exercícios físicos
de rotina, específico para cada tipo de limitação ou deformidade, levando em conta a
modalidade do exercício praticado, a duração, a intensidade a e freqüência de
treinamento.
________________________
(22)
MICKINNEY R, ANDERSEN R E. Exercise benefits pacientes with osteoarthritis. The Physicial and
Sports Medicine. V.28, no10, October, 2000
14
Conclui-se que, os exercícios indicados somados a fatores genéticos,
anomalias anatômicas e história de trauma articular, são pontos crusciais a serem
avaliados, quando falamos em exercícios e osteoartrose, e que o tratamento seja
focado no alívio da dor e na melhoria da capacidade funcional do indivíduo.
.
Referências.
DIARTRO – Instituto de Ortopedia e Prótese Articular. Disponível
⟨http://www.alternet.pt/olympica/diartro/artrose.html⟩ Acesso em: 12/09/03
em:
SÁ, V.W.E.; SOUZA, T.P.S.; SILVA, D.A.E.; SILVA, J.M.F.; TEIXEIRA, E.C.S.. Doença
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KAUFFMAN, T. Manual de Reabilitação Geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara / Koogan,
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Medicina / Doutor 1999:133.
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