Dissertacao de mestrado

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Agradecimentos
Agradeço aos professores da licenciatura e do mestrado que me deram bases e
conhecimento científico, que estimularam a vontade de aprender, querer fazer melhor,
que me levou a chegar até este momento.
Agradeço ao meu orientador Professor Doutor Paulo Moreira. Também expresso
o meu profundo agradecimento à Professora Doutora Joana Oliveira pelo
profissionalismo, foi determinante na conclusão desta Dissertação.
Agradeço a todos os responsáveis dos agrupamentos das escolas que
participaram neste estudo, e aos respetivos professores e alunos que me receberam de
forma carinhosa e colaboraram empenhadamente.
Agradeço ao meu amigo Fernando o apoio incondicional, a ajuda, a amizade e a
força constante que fez dissipar medos e inseguranças nas horas mais difíceis; agradeço
à minha irmã, o carinho e a disponibilidade, que tanto me ajudou nas deslocações às
escolas, nesta etapa tão importante da minha vida; agradeço à minha amiga Marta,
companheira solidária, a sua amizade, todo o apoio e partilha.
Finalmente, agradeço a Deus que colocou no meu caminho seres tão especiais
que me permitiram chegar até aqui, dar-me resiliência, manter a esperança e energia
para conseguir acabar a Dissertação.
I
Índice
Resumo
Abstract
1.Introdução
1
1.1. Definição de Resistência Psicológica
3
1.1.1. Componentes da Resistência Psicológica
9
1.1.2. Teoria da Resistência
12
1.1.3. Resistência Estado e Traço
14
1.2. Personalidade e Resistência Psicológica
15
1.2.1. Dimensões da Personalidade associadas à Resistência
19
1.2.2. Modelos da Personalidade
20
1.2.3. Estudos de dimensões da Personalidade
24
1.2.4. Resistência Psicológica e Impulsividade
27
1.3. Perspetiva Clínica da Resistência Psicológica
31
1.3.1. Resistência Psicológica e Autorregulação
31
1.3.2. Autorregulação a nível da Psicologia social
33
1.3.3. Autorregulação a nível da Psicopatologia
36
1.4. Modelos Integrativos da Personalidade e da Psicopatologia
38
1.5. Objetivo e hipóteses do estudo
40
2. Metodologia
41
2.1. Participantes
41
2.2. Instrumentos
41
2.2.1. Escala de Resistência Psicológica de Hong
42
II
2.2.2. Escala de Resistência Terapêutica de Dowd
42
2.2.3. Inventário do Temperamento e do Carácter para jovens de
Robert Cloninger
43
2.2.4. Questionário de Autoavaliação para Jovens de Achenbach 44
2.3. Procedimentos
46
2.3.1. Recolha de Dados
46
2.3.2. Análise de Dados
46
3. Resultados
47
4. Discussão dos Resultados
63
Referências Bibliográficas
III
Índice de Tabelas
Tabela 1. Síntese de abordagens clínicas da definição de resistência psicológica
9
Tabela 2. A resistência psicológica a nível social e da comunicação
9
Tabela 3. Síntese dos componentes da resistência psicológica
12
Tabela 4. Síntese de estudos da personalidade vs resistência psicológica
19
Tabela 5. Resumo das dimensões da personalidade associadas à resistência
psicológica
Tabela 6. Caraterização dos participantes em função do ano de escolaridade
20
41
Tabela 7. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos
ao nível da resistência psicológica
47
Tabela 8. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos
ao nível das dimensões da personalidade
48
Tabela 9. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos
ao nível da psicopatologia (YSR-Escala do DSM)
49
Tabela 10. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos
ao nível da psicopatologia (YSR-Escala de Problemas)
49
Tabela 11. Correlação de Pearson entre resistência psicológica e personalidade 52
Tabela 12. Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia
(Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala do DSM)
54
Tabela 13. Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas
da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala de Problemas)
56
Tabela 14. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI, YSREscala do DSM)
58
IV
Tabela 15. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong , JTCI, YSREscala do DSM)
59
Tabela 16. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e
YSR-Escala do DSM)
60
Tabela 17. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd , JTCI e YSREscala de Problemas)
60
Tabela 18. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI e YSREscala de Problemas)
61
Tabela 19. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e
YSR-Escala de Problemas)
61
Tabela 20. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI e YSRInternalização-Externalização)
62
Tabela 21. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI, YSRInternalização-Externalização)
62
Tabela 22. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong e Dowd, JTCI,
YSR-Internalização-Externalização)
63
V
Resumo
A personalidade é uma organização que prediz diversos estados de saúde quer
positivos quer negativos, como por exemplo a psicopatologia. Por outro lado, a
resistência psicológica tem sido encarada como uma manifestação de personalidade
normal (adaptativa com sentido de coerência), mas também como uma manifestação de
psicopatologia. Por exemplo, na adolescência há uma sobreposição dos sintomas de
perturbação do comportamento com sinais de resistência psicológica (um indivíduo
resistente tende, por exemplo, a opor-se à autoridade); contudo, permanece por
esclarecer se as manifestações de resistência na adolescência são melhor compreendidas
como manifestações de psicopatologia ou como uma caraterística de personalidade
normal do adolescente. O objetivo deste estudo foi descrever a relação entre a
resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia.
Os participantes deste estudo provêm de uma amostra de conveniência de 22
Agrupamentos de Escolas da Região Norte de Portugal, dos 8º e 11º anos de
escolaridade.
A resistência psicológica foi avaliada através da aplicação da Escala de
Resistência Psicológica de Hong e da Escala de Resistência Terapêutica de Dowd; a
personalidade foi avaliada através da aplicação da versão portuguesa do Inventário do
Temperamento e do Carácter para jovens de Robert Cloninger e a psicopatologia foi
avaliada aplicando o questionário de Autoavaliação para Jovens de Achenbach.
No estudo verificou-se que existe correlação entre a resistência psicológica, a
personalidade e a psicopatologia; através da análise dos dados constatou-se que os
valores registados nas dimensões da personalidade não variaram com a idade dos
participantes (8º ano e 11º ano); os participantes mais velhos (11º ano) apresentaram
maior sintomatologia e propensão a psicopatologias e a dimensão da personalidade
Procura de Novidade (NS) foi destacadamente identificada como fator preditor da
resistência psicológica em todos os modelos de regressão linear múltipla computados.
Palavras-Chave: Resistência Psicológica; Personalidade; Psicopatologia.
VI
Abstract
Personality is an organization that predicts several health states, both positive
and negative, such as psychopathology. On the other hand the psychological resistance
has been seen as an expression of normal personality (with adaptive sense of
coherence), but also as an expression of psychopathology. For example in adolescence
there is an overlap of symptoms of conduct disorder with signs of psychological
resistance (a resistant individual tends to oppose, for example towards authority);
however it remains unclear whether the manifestations of resistance in adolescence are
best understood as manifestations of psychopathology or as a feature of normal
personality of the teenager. The aim of this study was to describe the association
between psychological resistance, personality and psychopathology.
The participants of this study are from a convenience sample of 22 school
groups from northern Portugal, from the 8th and 11th grades.
Psychological resistance was assessed using the Hong Psychological Reactance
Scale and Dowd’s Therapeutic Reactance Scale; personality was assessed by applying
the Portuguese version of Robert Cloninger’s Junior Temperament and Character
Inventory, and psychopathology was assessed using Achenbach’s Youth Self-Report.
In this study it was found that there is a correlation between the psychological
resistance, personality and psychopathology; by analyzing the data it was found that the
values recorded in the personality dimensions did not vary with the age of the
participants (8th and 11th); older participants (11th) had higher propensity to symptoms
of psychopathology and the personality dimension of Novelty Seeking (NS) was
prominently identified as a predictor of psychological resistance in all computed models
of multiple linear regression.
Keywords: Psychological Resistance; Personality; Psychopathology.
VII
Lista de Abreviaturas
CBCL – Child Behavior Checklist
CID – Classificação Internacional de Doenças
CO – Cooperativeness
DA – Atividade Dopaminérgica
DP – Dysregulation Profile
DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
EBS – Escala de Busca de Sensação
FFM – Five-Factor Model
HA – Harm Avoidance
HP5I – Health-Relevant Personality Inventory
HPRS – Hong Psychological Reactance Scale
JTCI – Junior Temperament and Character Inventory
MCGF – Modelo dos Cinco Grandes Fatores
MMPI – Minnesota Multiphasic Personality Inventory
NE – Noradrenalina
NEO-PI-R – Revised NEO Personality Inventory
NS – Novelty Seeking
PEN – Psicoticismo, Extroversão e Neuroticismo
POC – Perturbação Obsessiva Compulsiva
PS – Persistence
PRF – Personality Research Form
QMPR – Questionnaire Measuring Psychological Reactance
VIII
RD – Reward Dependence
RTC – Resistance to Change
SD - Self-Directedness
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
ST – Self-Transcendence
TCI - Temperament and Character Inventory
TPB – Perturbação da Personalidade Borderline
TPQ – Tri-Dimensional Personality Questionnaire
TRS – Therapeutic Resistance Scale
YSR – Youth Self-Report
ZKPQ – Zuckerman-Kuhlman Personality Questionnaire
IX
1. Introdução
A resistência psicológica tem sido encarada como uma manifestação de
personalidade normal, mas também como uma manifestação de psicopatologia. Por
exemplo, na adolescência existe uma sobreposição dos sintomas de perturbação do
comportamento com sinais de resistência; contudo, permanece por esclarecer se as
manifestações de resistência na adolescência são melhor compreendidas como
manifestações de psicopatologia ou como uma caraterística de personalidade normal do
adolescente.
A resistência psicológica é um fenómeno próprio de cada indivíduo, por isso
depende da personalidade de cada um; Allport (1937) definiu a personalidade como
uma organização dinâmica (ativa/interação com o meio) de sistemas psicofísicos (bases
biológicas) do indivíduo, que determinam o seu comportamento característico e os seus
pensamentos. Trata-se de uma entidade única, que traduz a forma como o indivíduo
pensa, reflete, age e se comporta em diferentes situações. O autor Bastos (1997),
considera a personalidade um conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no
total das caraterísticas individuais, na sua relação com o meio, incluindo todos os
fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais da sua formação, conjugando
tendências inatas e experiências adquiridas no curso da sua existência; realça que é
relativamente estável ao longo da vida do indivíduo, e relativamente dinâmica, sujeita a
determinadas modificações, dependendo das mudanças existenciais ou alterações
neurobiológicas; a respetiva estrutura, por sua vez, mostra-se essencialmente dinâmica,
podendo ser dinâmica sem ser necessariamente instável e encontra-se em constante
desenvolvimento.
Segundo Watson (1969) a resistência não é uniforme, varia de indivíduo para
indivíduo, e de acordo com a fase do processo de mudança. Claiborn e Dowd (1985)
concluem que a resistência psicológica é a expressão da necessidade humana,
fundamental para proteger as estruturas básicas relativas ao significado, perante rápidas
mudanças, evitando a perda da identidade pessoal no processo. Só através de
intervenções graduais, de baixa discrepância, é que o indivíduo se pode acomodar
lentamente a novos dados na estrutura cognitiva existente, e modificá-la. Reforçando
esta perspetiva, Mahoney (1988) considera que a resistência é um mecanismo natural,
saudável e adaptativo, que protege os principais processos de organização mental,
1
perante um ataque reconstrutivo rápido ou devastador. Já Dowd e Seibel (1990)
consideram que a resistência psicológica tem origem na ocorrência de um evento
específico, que não confirma o esquema cognitivo do indivíduo, o qual não é capaz de
incorporar o significado do acontecimento na estrutura de significados existente.
A referida resistência psicológica a um acontecimento pode ser de tal modo
elevada que ocorra um desajuste, que provoque desequilíbrio e consequentemente
psicopatologia. Importa assim perceber, que a diferença entre os conceitos de
normalidade e patologia reside na maneira diferente e mais ou menos estável da
capacidade demonstrada pelo indivíduo para enfrentar eficazmente as situações no seu
meio (Kirchner, Torres & Forns, 1998). Para o autor Dalgalarrondo (2008), o campo da
psicopatologia inclui um elevado número de fenómenos humanos especiais, associados
ao que se denominou de doença mental: são vivências, estados mentais e padrões de
comportamento que apresentam, por um lado, uma especificidade psicológica (na qual
as vivências dos doentes mentais possuem uma dimensão própria, genuína, não sendo
apenas exageros do normal); por outro lado, são conexões complexas com a psicologia
do normal (o mundo da doença mental não é um mundo totalmente estranho ao mundo
das experiências psicológicas normais). Jaspers (1913) argumenta que a psicopatologia
é tanto uma ciência biológica natural que busca as causas neuropatológicas dos
principais tipos de psicose, como também uma ciência humana que diz respeito à
compreensão da experiência de sofrimento do paciente.
A resistência psicológica é um fator essencial, a ser considerado em qualquer
processo individual ou coletivo para se gerir adequadamente a própria resistência, sendo
a chave para o sucesso ou fracasso da mudança. O reconhecimento das fontes de
resistência orienta o desenvolvimento de um melhor entendimento da própria
resistência, que resulta de diferenças, tais como ideias, motivos, planos e prioridades,
aceitando-se que há diferentes pontos de vista que trabalham para integrar estas
diferenças; deve-se então entender as suas causas para criar resoluções e
consequentemente minimizar as resistências (O’Connor, 1993). É importante estudar a
resistência psicológica, na medida em que esta deveria ser usada para melhorar as
decisões dos indivíduos e para se conhecerem reações ambivalentes face à mudança,
que permitam gerar novas ideias e soluções (Oreg, 2006).
A resistência psicológica manifesta-se clinicamente ao longo dos processos
2
terapêuticos, através da rejeição ou aceitação da terapêutica (adesão); a nível social
(comportamentos de acordo / desacordo com as normas - conformidade) e a nível da
comunicação (persuasão).
O presente estudo visou analisar as relações entre a resistência psicológica, a
personalidade e a psicopatologia, evidenciando o modo como se interrelacionam e
influenciam.
1.1.Definição de Resistência Psicológica
A resistência psicológica surge na psicanálise desde o seu início, tal como a
transferência, como um componente intrínseco da prática psicanalítica; o termo
resistência psicológica é utilizado para designar o conjunto das reações de um paciente
cujas manifestações, em contexto de tratamento, criam barreiras ao desenvolvimento da
análise (Roudinesco & Plon, 1998). No vocabulário freudiano, a palavra resistência
aparece de acordo com três modalidades: uma inspira-se na reflexão sobre a técnica e as
práticas analíticas, cuja evolução determinaria o modo como evoluiu o estatuto atribuído
às possíveis formas de resistência do paciente; a segunda modalidade da resistência é de
ordem teórica, e foi fortemente afetada pelo aparecimento da segunda tópica; a terceira
modalidade é de ordem interpretativa: relaciona-se com as manifestações de hostilidade
e as formas de rejeição de que a psicanálise possa ter sido objeto. Freud interpretou
como respostas defensivas (resistências) as oposições à psicanálise, quaisquer que
fossem as origens e as razões explícitas. O método psicanalítico não colocou fim às
“resistências”; no entanto estas mudaram de estatuto, passando a ser passiveis de
interpretação e portanto passíveis de serem superadas (Roudinesco & Plon, 1998).
Freud (1912) situa a resistência psicológica à psicanálise não só como uma
forma do indivíduo defender a satisfação pulsional presente na formação sintomática,
como também localiza a resistência em momentos em que a teoria psicanalítica não é
suficiente para fornecer uma direção ao tratamento, ou seja, o conceito de resistência em
relação à psicanálise localiza momentos em que a teoria psicanalítica, ao invés de dar
contributos para o tratamento, acaba por impedi-lo. O autor Cesário (1996) considera
que o conceito de resistência psicológica utilizado por Freud refere-se aos obstáculos
que se impuseram no tratamento psicanalítico. Esses obstáculos eram apresentados,
principalmente, pelos pacientes no decorrer do tratamento e impediam que o processo
3
de análise prosseguisse.
De acordo com Ribeiro (2007) a resistência na psicanálise é uma barreira que
precisa de ser vencida e removida pelo terapeuta; e que a resistência na Gestalt, é algo
que precisa de ser visto como uma forma de expressão do indivíduo, como um sintoma
para o qual procura o equilíbrio, uma autorregulação, mesmo através de um equilíbrio
frágil e inadequado à expressão da sua totalidade. Fenomenologicamente, a resistência
psicológica emerge de um desejo que não pode ser realizado, tendo em vista que as
regras e os limites impostos pela realidade que cercam o indivíduo impedem que esse
fluxo de energia se concretize como deseja. É uma forma de contacto, que também
expressa uma oposição positiva de forças que mobilizam o indivíduo, estabelecendo um
nível mínimo e saudável de tensão, para que aquele se possa disponibilizar para uma
tomada de decisão e subsequente ação; também se trata de uma forma do organismo
tentar recuperar a sua homeostase, através das trocas que a relação indivíduo-mundo
ameaça romper. O autor ponderou que toda a ameaça, mesmo inadequada, de romper o
equilíbrio em que se mantém o organismo gera um movimento não consciente de
resistência, que pode parecer tão natural que leve a que escape à observação tanto do
terapeuta quanto do paciente. Para Ribeiro (2007), a resistência psicológica torna-se
neurótica quando mobiliza um elevado número de defesas, que provocam um bloqueio
entre as necessidades do organismo, logo que detetadas, e a realidade circunstante; se
uma dada resistência é parte integrante do funcionamento da personalidade, o ato de
resistir eficazmente poderá ser considerado como uma retirada técnica, a finalização do
ciclo de experiência, chamado de equilíbrio instável ou provisório. É uma forma do
indivíduo exercer algum tipo de controlo sobre a realidade, imobilizando-se para não se
permitir ser invadido. A resistência é, portanto, uma das formas que o indivíduo
encontrou para conciliar o desejo, a proibição e a realidade e assim manter o controlo
das suas emoções, ainda que, por vezes, manter a sensação de que a sua relação com o
mundo se encontra equilibrada possa originar patologia.
Watson (1971), do ponto de vista behaviorista, definiu a resistência psicológica
como “todas as forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da
personalidade ou social”. Salienta que a resistência à mudança tem sido, por vezes, mal
interpretada, como simples inércia da natureza humana; no entanto, quase todos sentem
ansiedade por alguma espécie de mudança de vida (a busca de uma vida melhor, com
mais dinheiro e mais liberdade para satisfazerem os seus desejos). Assim, a causa dos
4
indivíduos não mudarem deve-se às circunstâncias das forças naturais em direção à
inovação serem impedidas ou bloqueados por forças antagónicas.
Guilhardi (1987), de acordo com o behaviorismo radical e a ciência do
comportamento, considera a resistência psicológica não necessariamente indiciadora de
patologia psicológica, mas sim a função das relações de contingências que se operam
entre o paciente e o terapeuta. Em contexto da consulta terapêutica, identifica a
resistência psicológica do paciente como uma reação de controlo e contra controlo, que
se observa entre o comportamento do paciente e as contingências de reforço aplicadas
pelo terapeuta. Trata-se de uma classe de comportamentos sociais que seguem as
mesmas leis que regem qualquer outro comportamento humano. Em suma, o paciente
contra controla o terapeuta, exibindo comportamentos de fuga-evitamento, de extinção
ou de punição em relação aos comportamentos do terapeuta.
O autor Lewin (1951), de acordo com a psicologia da Gestalt, definiu a
resistência psicológica à mudança utilizando uma metáfora das ciências físicas, em que
salientava que se vivia num sistema de equilíbrio de forças, no qual se buscava a
estabilidade, ou seja, a manutenção do status quo. Este sistema, porém, não estava em
constante equilíbrio, apresentava flutuações em volta de um determinado nível. As
mudanças aconteciam quando uma das forças excedesse a outra em intensidade,
deslocando o equilíbrio para um novo patamar. Desta forma, a resistência psicológica
seria o resultado da intenção de um indivíduo ou de um grupo de se contrapor às forças
sociais que tinham como objetivo dirigir o sistema para uma nova posição de equilíbrio.
Do ponto de vista da perspetiva cognitivo-comportamental, a resistência
psicológica, para Meichenbaum e Gilmore (1982), é considerada uma força, como uma
recusa de considerar dados que não suportam a visão própria que se tem do mundo.
Trata-se de um ponto de vista da resistência a partir do processamento de informação,
no sentido em que considera que os indivíduos eliminam, de forma seletiva, os dados
que não confirmam as suas estruturas cognitivas. Nesta perspetiva, o objetivo da terapia
é encorajar o paciente a considerar a hipótese de que a cognição deve ser continuamente
comprovada pela realidade.
Beck e Freeman (1993) citam que a ênfase da terapia cognitiva encontra-se na
qualidade da relação terapêutica. No que se refere à resistência psicológica, é vista
como sendo promovida na maior parte das vezes, pelo paciente. Assim, consideram que
5
cabe ao terapeuta trabalhar as dificuldades do paciente a fim de facilitar a sua adesão ao
processo terapêutico. Defendem a ideia de que as dificuldades de cooperação
terapêutica não constituem um atributo exclusivo do paciente com uma perturbação da
personalidade. “Resistência”, “não-adesão”, “falta de adesão”, ou “transferência
negativa” são termos utilizados para denotar problemas na relação terapêutica, falta de
progresso na terapia, progresso terapêutico lento ou fim prematuro da terapia. Estes
autores consideram que as razões da não adesão terapêutica podem ser divididas em três
grupos, partindo do ponto de vista de quem promove e de onde parte essa resistência:
pode ser promovida pelo paciente; pelo terapeuta ou pela relação terapêutica.
Do ponto de vista da psicologia social, um dos primeiros estudos teóricos sobre
a resistência psicológica à mudança ocorreu com a teoria de inoculação, com McGuire
(1964), que estabeleceu os princípios motivacional e cognitivo, que podem ser a base da
resistência. Concluiu que as atitudes e as crenças são vulneráveis a um ataque
persuasivo pela oposição de argumentos, e que a proteção contra tais ataques pode ser
obtida pela exposição dos indivíduos a formas atenuadas da mensagem. Um ataque
relativamente atenuado deve encorajar o indivíduo a desenvolver defesas, não alterando
as suas atitudes ou crenças, ou seja, conferindo imunidade sem deixá-los doentes.
A teoria do equilíbrio e resistência psicológica à persuasão surge de uma
pesquisa relacionada com a teoria de inoculação, realizada por Tannenbaum (1967),
dentro da estrutura conceptual da teoria de congruência, uma das variantes da teoria de
equilíbrio. De acordo com a teoria de congruência e do equilíbrio, a incongruência (ou
desequilíbrio) que é motivo de resistência, ocorre quando uma fonte avaliada
favoravelmente rejeita (isto é, ataca) um conceito avaliado favoravelmente.
A resistência também foi definida por Ashforth e Mael (1998), como "atos
intencionais de comissão ou omissão que desafiam a vontade dos outros". Estes autores
propõem uma estrutura para a compreensão da resistência, descrevendo várias
dimensões sobrepostas ao fenómeno. Pode ser dirigida e orientada para a ameaça, ou
pode ser difusa, ou não dirigida à ameaça; mas, quanto mais poder o resistente tem,
maior será a probabilidade de que o ato seja orientado. Está implícito nesta definição
que a resistência é um exercício de poder em reação a um ato de controlo. Ou seja, é
uma resposta a uma definição institucional ou narrativa dominante, sendo ambas
poderosas, tanto em termos de significado como na formatação do discurso. O objetivo
6
da resistência é caminhar para a autodefinição e autoavaliação (Collins, 1986) através
de uma narrativa, discursos alternativos, ou da análise da resistência, o que implica
analisar os sistemas de poder, conflitos, mediação e cultura (Langhout, 2005).
De acordo com Langhout (2005) a resistência psicológica poderá ser individual
ou coletiva. Em todos os casos, a resistência é mais provável que ocorra quando uma
instituição tenta controlar a identidade, metas, valores e pressupostos, e quando
constitui uma ameaça para a identidade do indivíduo. Sem um diálogo ou discurso de
crítica, que pode ser verbal e/ou não verbal (Hermans, 2001; Lewis & Simon, 1986), o
comportamento é considerado de oposição, mas não de resistência (Aronowitz &
Giroux, 1985).
Finalmente na área da comunicação, importa estudar a resistência psicológica à
persuasão, tanto para indivíduos que querem resistir a mensagens persuasivas, como
para aqueles que pretendem criar mensagens persuasivas mais eficazes. Num contexto
mais amplo de pesquisa sobre resistência à persuasão, a reatância psicológica como
estado motivacional (Brehm, 1966) foi sugerida como uma das causas para a rejeição da
mensagem (Burgoon, Alvaro, Grandpre & Voloudakis, 2002; Dillard & Shen, 2005;
Jacks & Cameron, 2003). Dillard e Shen (2005), no Modelo do Processo Entrelaçado
Cognitivo-Afetivo, consideram que a resistência como resposta do indivíduo à
mensagem persuasiva resulta simultaneamente da emoção e da cognição.
De acordo com os autores Knowles e Linn (2004), foram identificadas três
fontes básicas de resistência que impedem a persuasão, a conformidade e a mudança.
São estas: (a) a resistência às tentativas de influência, também conhecida como
"reatância"; (b) resistência à proposta, também conhecida como "ceticismo"; e (c)
resistência à mudança, também conhecida como "inércia". Visualizar a resistência e a
conformidade como produtos de forças em conflito, implica várias formas de superar a
referida resistência à persuasão (Knowles & Linn, 2004). Primeiro, deve-se atuar com
vigor em ambas, independentemente de afetar a conformidade. Um comunicador pode
aumentar a força positiva para a conformidade, talvez se aumentar a sua credibilidade
ou atratividade. No entanto, o comunicador pode reduzir a força negativa, minando a
resistência (Davis & Knowles, 1999). Em segundo lugar, pode afetar ambas as forças de
modo simultâneo, aumentando a força positiva e diminuindo a força negativa, o que
deve afetar radicalmente a conformidade. Nesta alternativa há uma maior mudança da
7
proporção entre forças positivas e as forças negativas. Quando um comunicador entrega
uma mensagem contra atitudinal, a mensagem cria uma força positiva para agir em
conformidade, bem como uma força maior para resistir. Se a força negativa for reduzida
de modo a que as forças em presença sejam iguais, então não ocorrerá nenhuma atitude
de mudança e o indivíduo não se irá mostrar nem de acordo nem em desacordo. Se a
força negativa for bastante reduzida, de forma que a força positiva supere a força
negativa, então o indivíduo irá agir em conformidade. Alguns métodos para desviar a
resistência aumentam a força positiva; outros métodos diminuem a força negativa. Por
exemplo, comprometer os indivíduos a interagirem com o comunicador no futuro
aumenta a força para a conformidade (Pallak & Heller, 1971).
Uma das razões pelas quais é importante explorar como os indivíduos resistem à
mudança, é nomeadamente o falhanço das campanhas persuasivas de saúde (Backer,
Rogers & Sopory, 1992; Hornik, 2002; Salmon & Murray-Johnson, 2001), bem como
pelos efeitos relativamente reduzidos dessas campanhas (Snyder, 2001). O autor
Ringold (2002), por exemplo, atribui o insucesso da campanha destinada à redução do
consumo de álcool entre os jovens adultos à reatância, argumentando que as
intervenções, como ações educativas, avisos e restrições legais têm “produzido em
grande parte efeitos bumerangue… consistentes com as condições necessárias para, e
pelas respostas previstas pela teoria psicológica da reatância”. Limitando ou
ameaçando a liberdade, as mensagens de saúde avaliadas por Ringold (2002) têm o
potencial para provocar reatância e, como resultado, levar os indivíduos a ignorar a
mensagem, e a realizar o oposto do comportamento preconizado (ou seja, o efeito
bumerangue), ou qualquer outra tentativa de restaurar a sua liberdade ameaçada ou
perdida.
Na Tabela 1 apresenta-se a síntese da definição da resistência psicológica de
algumas abordagens clínicas da psicologia, e na Tabela 2 apresenta-se a síntese da
resistência psicológica a nível social e da comunicação.
8
Tabela 1
Síntese de abordagens clínicas da definição de resistência psicológica.
Correntes
Autor
Definição
Psicanalítica
Freud (1912)
Conjunto das reações de um paciente cujas
manifestações, em contexto de tratamento, criam
barreiras ao desenvolvimento da análise.
Behaviorismo
Watson (1971)
Conjunto das forças que contribuem para a estabilidade
nos sistemas da personalidade ou social.
Gestalt
Lewin (1951)
Resultado da intenção de um indivíduo ou de um grupo
de se contrapor às forças sociais que visam alterar o
sistema de equilíbrio presente para uma nova posição.
CognitivoComportamental
Meichenbaum e
Gilmore (1982)
Conjuntos de forças que se opõem à aceitação de dados
que não suportam a visão própria que se tem do mundo.
Cognitivista
Conjunto das dificuldades do processo terapêutico,
Beck e Freeman (1993) originadas pelo paciente, pelo terapeuta ou pela relação
terapêutica.
Tabela 2
A resistência psicológica a nível social e da comunicação.
Áreas
Autores
Contributos
McGuire (1964) Teoria da inoculação
Social
Tannenbaum
(1967)
Teoria do equilíbrio
Resistência
Princípios motivacional e cognitivo como
base da resistência.
Incongruência como motivo da resistência.
Proposta de estrutura
Ashforth e Mael
Resistência como exercício de poder em
para a compreensão da
(1998)
reação a um ato de controlo.
resistência
Langhout
(2005)
Comunicação
Análise dos sistemas de
poder,
conflitos, Ocorrência da resistência face à ameaça à
mediação e cultura na identidade do indivíduo.
resistência
Resistência como estado motivacional,
causa de rejeição da mensagem.
Brehm (1966)
Teoria da reatância
Dillard e Shen
(2005)
Modelo do Processo Resistência como traço; resposta do
Entrelaçado Cognitivo- indivíduo à mensagem como resultado
Afetivo
simultâneo de emoção e cognição.
Fontes básicas de resistência à persuasão:
Resistência
e
Knowles e Linn
reatância, ceticismo e inércia; formas de
conformidade
como
(2004)
comunicação
como
meio
de
sistema de forças
desviar/diminuir a resistência.
1.1.1. Componentes da Resistência Psicológica
Um trabalho de Judge, Thoresen, Pucik e Welbourne (1999) verificou a
9
existência de traços relacionados com a aceitação da mudança, sendo estes componentes
da resistência psicológica. Como resultado da pesquisa, Judge et al., (1999)
identificaram dois fatores: um dos fatores foi denominado de auto conceito positivo, que
compreende o lócus de controlo, auto eficácia, auto estima e afetividade positiva; nas
pesquisas, este fator relacionou-se com a capacidade de lidar com situações difíceis e de
stresse. O outro fator, que denominaram de risco, foi a tolerância, que abarca a abertura
à experiência, a ambiguidade, e aversão ao risco. Wanberg e Banas (2000) relacionaram
um conjunto de diferenças individuais e variáveis de contexto específicas que podem
predizer a abertura à mudança. Os autores (Judge et al., 1999; Wanberg & Banas, 2000)
relacionaram dentro das variáveis de diferenças individuais, a auto estima, o otimismo e
o controlo percebido, tendo considerado, como variáveis de contexto específicas, a
informação, a participação, a auto eficácia, o apoio social e o impacto pessoal.
Verificaram que baixos níveis de aceitação à mudança foram associados com uma baixa
satisfação com o trabalho, irritação no trabalho e alta intenção de sair. Interpretaram a
auto estima, o otimismo e o controlo percebido como medidas de resiliência
psicológica, para prever a capacidade para a aceitação de uma mudança.
Neiva, Ros e Paz (2004) propuseram e validaram uma escala de atitudes face à
mudança, com três fatores: ceticismo, temores e aceitação. Estes fatores representaram
três atitudes dos indivíduos perante a mudança, sendo componentes da resistência
psicológica. De acordo com Neiva (2004), as atitudes de aceitação retratam a avaliação
das crenças e comportamentos positivos dos indivíduos em relação aos processos de
mudança. As atitudes de temor retratam o medo da perda de poder, da perda de
benefícios e das incertezas vividas em situações de mudança. As atitudes de ceticismo
englobam crenças e comportamentos negativos em relação aos processos de mudança,
com ênfase no descrédito e na não-colaboração nos programas de mudança.
Oreg (2003) propôs uma escala para medir a resistência à mudança, entendida
como uma disposição para uma mudança em concreto, que avalia a inclinação da
personalidade para a resistência psicológica à mudança. Conclui do seu trabalho que os
indivíduos diferem uns dos outros na forma como resistem ou adotam mudanças
diferentes. Essas diferenças podem predizer atitudes específicas, voluntárias ou
impostas. A escala proposta abrange quatro dimensões, componentes da resistência
psicológica: busca-rotina, reação emocional, foco curto-prazo e rigidez cognitiva. A
dimensão busca-rotina diz respeito à medida da preferência dos indivíduos por tarefas
10
previsíveis, procedimentos e ambientes conhecidos. Reação emocional centra-se na
medida em que os indivíduos experimentam desconforto, falta de entusiasmo e
ansiedade, quando as mudanças são impostas. Foco curto-prazo aborda o grau com que
os indivíduos se preocupam com os inconvenientes e os desconfortos que a mudança
produz, ao invés de se concentrarem nos potenciais benefícios e no conforto que pode
trazer no longo prazo. A rigidez cognitiva traduz a inflexibilidade no pensamento do
indivíduo e a dificuldade em aceitar ideias, perspetivas e métodos alternativos.
Surgem novos conceitos quando os pesquisadores contemporâneos começam a
perceber a resistência psicológica de forma multifacetada, ou seja, considerando outros
aspetos além do componente comportamental (Cheng & Petrovic-Lazarevic, 2005). A
autora Piderit (2000), com a finalidade de introduzir a possibilidade de uma atitude
ambivalente na resposta inicial do indivíduo à mudança, empregou a visão “tripartite”
de atitudes da psicologia social. Assim, define resistência psicológica como uma atitude
tridimensional (negativa), incluindo componentes afetivos, comportamentais e
cognitivos. Estes componentes refletem três revelações diferentes da avaliação do
indivíduo, de um objeto, ou de uma situação. O componente afetivo está relacionado
com o sentimento diante da mudança (como revolta, ansiedade, medo, etc.), o
componente comportamental compreende as ações ou as intenções para agir em
resposta à mudança (por exemplo, reclamar sobre a mudança, tentar persuadir os outros
de que é ruim) e o componente cognitivo abrange o que o indivíduo pensa sobre a
mudança (como essa mudança é necessária, ou se será benéfica). Os três componentes
não são independentes uns dos outros, e o que os indivíduos sentem sobre uma mudança
frequentemente corresponde ao que pensam sobre a mudança e está de acordo com as
suas intenções comportamentais. Oreg (2006) considera que estes componentes são
distintos e cada um evidencia um aspeto diferente do fenómeno da resistência.
Foi proposto o Modelo teórico para a Resistência à Mudança, considerando o
conceito de resistência da autora Piderit (2000), que aborda as dimensões relacionadas
com a resistência dos indivíduos, que podem potencialmente influenciar as suas
atitudes, e relaciona as causas antecedentes da resistência e as do processo de mudança:
variáveis específicas de contexto, traços da personalidade e causas derivadas da própria
personalidade. As variáveis específicas de contexto tidas em consideração foram:
informação, participação, recompensa intrínseca (motivação), confiança hierárquica,
poder e prestígio, e segurança. O traço da personalidade ponderado foi a abertura à
11
experiência. As causas da resistência à mudança derivadas da personalidade do
indivíduo foram: medo ou receio em relação à mudança, preferência por rotina e
intolerância ao período de ajustamento envolvido na mudança. Estas dimensões estão
relacionadas com três componentes: afetivo, cognitivo e comportamental (Oreg, 2006).
A resistência pode frequentemente envolver um sentido de ambivalência com o
qual os sentimentos, comportamentos e pensamentos dos indivíduos sobre a mudança
podem não coincidir necessariamente. Assim, a resistência psicológica pode ser vista
como uma atitude multidimensional para a mudança, contendo componentes afetivos,
cognitivos e comportamentais (Piderit, 2000).
Apresenta-se na Tabela 3 uma síntese dos componentes da resistência psicológica.
Tabela 3
Síntese dos componentes da resistência psicológica.
Autores
Judge, Thoresen, Pucik e
Welbourne (1999)
Judge et al. (1999);
Wanberg e Banas (2000)
Neiva (2004)
Oreg (2003)
Piderit (2000)
Componentes
Auto conceito positivo, composto por: lócus de controlo, auto eficácia, auto
estima e afetividade positiva.
Tolerância, composta por: abertura à experiência, ambiguidade, e aversão
ao risco.
Variáveis de diferenças individuais: auto estima, otimismo e controlo
percebido.
Variáveis de contexto específicas: a informação, a participação, a auto
eficácia, o apoio social e o impacto pessoal.
Atitudes de aceitação: crenças e comportamentos positivos dos indivíduos.
Atitudes de temor: medo da perda de poder, da perda de benefícios e das
incertezas vividas.
Atitudes de ceticismo: crenças e comportamentos negativos.
Busca-rotina: preferência por tarefas previsíveis.
Reação emocional: desconforto, falta de entusiasmo e ansiedade.
Foco curto-prazo: grau com que os indivíduos se preocupam com os
inconvenientes e os desconfortos.
Rigidez cognitiva: inflexibilidade no pensamento.
Componentes afetivos: sentimento (ex. revolta, ansiedade, medo).
Comportamentais: ação (reclamar sobre a mudança, tentar persuadir).
Cognitivos: pensamento (como essa mudança é necessária, ou se será
benéfica).
1.1.2. Teoria da Resistência
Brehm (1966) propôs a teoria da “reatância” para se referir à reação emocional
negativa à usurpação da liberdade. A reatância ocorre quando um indivíduo sente que
alguém está a tirar as suas livres escolhas ou a limitar o seu conjunto de alternativas.
12
Rodrigues (1969) refere que Brehm apresentou os postulados fundamentais da
teoria que tende a explicar a motivação dos indivíduos na recuperação da sua liberdade,
sempre que essa liberdade é suprimida ou ameaçada de cessação. Ou seja, sempre que
existem ameaças à liberdade de um indivíduo em exibir um determinado
comportamento, ou real usurpação dessa liberdade, o indivíduo é motivado para
recuperar a liberdade ameaçada ou perdida.
Brehm e Brehm (1981) sublinharam que sendo elementos fundamentais a
liberdade, a ameaça à liberdade, a reatância e a restauração da liberdade, a reatância só
ocorre quando os indivíduos têm um sentido concreto da liberdade e a conhecem. Esta
força motivacional é direcionada para o restabelecimento das liberdades e pode
expressar-se através de várias formas, diretas e indiretas, por exemplo: aumento do
gosto e adesão à escolha que foi ameaçada (Brehm, Stires, Sensenig & Shaban, 1966;
Hammock & Brehm, 1966); derrogar a fonte (Kohn & Barnes, 1977); negar a ameaça
(Worchel, Andreoli & Archer, 1976); exercer uma liberdade diferente para ter um
sentimento de escolha e controlo (Wicklund, 1974) e efeito bumerangue na posição do
indivíduo sobre determinado assunto (Worchel & Brehm, 1970). Se um indivíduo é
livre de escolher uma entre várias formas de ação, mas, se por um motivo qualquer, a
sua liberdade de escolha for reduzida ou eliminada, as formas eliminadas tornam-se
mais atraentes para o indivíduo que está a fazer a escolha (Brehm & Brehm, 1981).
De acordo com o autor Silvia (2005), Brehm e Brehm (1981) e outros autores
(Knowles & Linn, 2004), na dinâmica de aproximação / evitamento da teoria da
reatância, previram que a similaridade interpessoal pode reduzir a reatividade,
aumentando a conformidade e reduzindo a resistência. Esta previsão decorreu da
seguinte experiência: a semelhança do comunicador para o participante foi manipulada
por nomes idênticos e aniversários (Experiência 1) e por valores congruentes
(Experiência 2). Os indivíduos leram ensaios em que o comunicador fez ou não ameaças
à sua liberdade de atitudes. As ameaças causaram efeito bumerangue, apenas quando a
semelhança do comunicador era baixa ou desconhecida. Quando o comunicador era
muito parecido com os participantes, estes concordaram fortemente com a mensagem,
independentemente da ameaça. A similaridade aumentou a força em direção à
persuasão, aumentando o gosto, e diminuiu a força em direção à resistência, fazendo a
mensagem parecer menos ameaçadora.
13
1.1.3. Resistência Estado e Traço
A resistência como estado é abordada na teoria da reatância de Brehm (1966)
sendo referida como um “estado motivacional” que ocorre em resposta a uma ameaça
ou à usurpação da liberdade. Resistência também foi definida como um “estado
emocional negativo” (Eagly & Chaiken, 1993); esta conceptualização tão ampla pode
ser uma construção baseada na afirmação de Brehm e Brehm (1981), de que a
resistência não pode ser medida diretamente, e só pode ser estudada através dos
resultados da mensagem de persuasão.
Dillard e Shen (2005) argumentaram que tal noção de resistência não é fiável.
Assim, conceptualizaram a resistência como cognições negativas, resultantes de uma
ameaça à liberdade do indivíduo, e testaram quatro modelos diferentes de processos de
resistência. A compreensão da cadeia de respostas cognitivas e afetivas envolvidas na
resistência é essencial para desenvolver mensagens persuasivas e eficazes no futuro. O
primeiro modelo de Dillard e Shen (2005) pressupunha que a resistência fosse
puramente cognitiva, desenvolvendo-se pensamentos negativos (por exemplo, contraargumentos). O segundo modelo testado, foi um modelo puramente afetivo, que se
baseava na ideia que a resistência se manifestava através da raiva. O terceiro modelo
proposto, considerou que a resistência poderia ser cognição e emoção, tendo estas
impactos distintos na resposta do indivíduo à mensagem, e consequentemente no seu
comportamento (designado por Modelo do Processo Dual Cognitivo-Afetivo). O quarto
modelo proposto, foi designado por Modelo do Processo Entrelaçado CognitivoAfetivo: a resposta do indivíduo à mensagem é um resultado simultâneo de emoção e
cognição.
Com base nos resultados do trabalho de Hong (1992) que construiu uma escala
do traço de resistência, Dillard e Shen (2005) avaliaram a relação entre o grau de
ameaça da mensagem e o traço da resistência, tendo concluído que o Modelo
Entrelaçado era o mais adequado no caso da sua investigação. Este estudo é de grande
importância para o efeito de avaliar a eficácia das mensagens de persuasão e
consequentemente os comportamentos de conformidade dos recetores das mensagens.
A resistência como traço remete para uma teoria cognitiva da resistência. A
terapia cognitiva evolutiva baseia-se num modelo construtivista, em vez de se basear
num modelo de processamento de informação. Assume que o indivíduo organiza e
14
constrói, ativamente, as suas perceções do mundo em sistemas significativos como os
esquemas cognitivos (Dowd & Seibel, 1990; Liotti, 1989). Estes esquemas constituem
marcos da organização cognitiva, que são criados através do ponto de vista
idiossincrático do indivíduo sobre a realidade. Com o tempo estes esquemas organizamse estruturalmente a nível central e periférico, desenvolvendo-se e diferenciando-se
através da incorporação progressiva de nova informação (Liotti, 1989). As estruturas
cognitivas centrais são mais resistentes à mudança, dado que se encontram envolvidas
em estruturas relativas ao significado.
Dowd (1989) propõe que a resistência vem de uma motivação para alcançar ou
voltar a ter controlo sobre si mesmo e sobre as situações. Essa motivação pode implicar
uma poderosa suposição cognitiva central: os indivíduos devem auto controlar-se, e
controlar as situações.
Nemiah (1984) refere que as teorias psicodinâmicas de mudança psicológica têm
assumido que a resistência é provocada por conflitos inconscientes e que se trata de uma
defesa psicológica contra a consciência das cognições inconscientes, reprimidas. Uma
técnica terapêutica psicodinâmica fundamental é a exploração desses conflitos e o
desaparecimento gradual da repressão, de modo a que os conflitos inconscientes se
tornem conscientes e a tranquilidade psicológica seja atingida.
1.2. Personalidade e Resistência Psicológica
Como já referido, Watson (1971) define a resistência psicológica como “todas
as forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da personalidade ou social”.
O conceito de personalidade está etimologicamente ligado à noção de um papel
desempenhado pelo indivíduo num contexto e face a um público. É um conjunto de
sistemas organizados que sustêm a conduta do indivíduo e pode ser definido como uma
característica relativamente estável e geral da maneira de ser do indivíduo, no seu modo
de reagir às situações nas quais se encontra (Cloninger, 1999).
Dowd, Milne e Wise (1991) empreenderam vários estudos destinados a
determinar as correlações entre a resistência psicológica, a personalidade e a motivação,
de modo a construir uma rede nomológica do conceito. Dowd e Wallbrown (1993) num
estudo de regressão múltipla, utilizando a Escala Terapêutica da Resistência (TRS –
Therapeutic Resistance Scale) e o QMPR (Questionnaire Measuring Psychological
15
Reactance), relacionando-os com o Inventário de Investigação da Personalidade
(Personality Research Form, PRF de Jackson, 1994), concluíram que a resistência
psicológica, mensurada pela TRS, está relacionada com: negação, sentimento de defesa,
incapacidade para aceitar a crítica, natureza dominadora e controladora, natureza
independente, individualista e auto determinada, e uma tendência para agir sem
ponderar devidamente as consequências potenciais de uma linha de comportamento.
Considerando o QMPR, a resistência psicológica surge associada com a defensividade,
e também com a facilidade de se sentir ofendido, falta de vontade em procurar simpatia
e proteção de outros, não se apresentar em termos favoráveis, e ainda com a agressão,
autonomia e impulsividade. Concluem que o indivíduo resistente aparece como uma
pessoa solitária, dominadora e individualista, a quem faltam relações fortes com outras
pessoas e que não está disposta a criar uma impressão favorável nos outros. Embora
tudo isto tenha nitidamente uma conotação negativa, estes indivíduos também podem
ser líderes fortes e efetivos em muitas situações.
O conceito de resistência disposicional à mudança, que incorpora diferenças
entre indivíduos, foi estabelecido num artigo publicado no Jornal de Psicologia
Aplicada (Oreg, 2003), bem como na respetiva escala de medição RTC (Resistance to
Change); foram desenvolvidos através de uma série de estudos nos quais a validade da
escala foi demonstrada do ponto de vista da estrutura e da sua capacidade preditiva,
tendo sido igualmente validado o próprio constructo. Os estudos de Oreg (2003)
demonstram que o traço de resistência disposicional à mudança está relacionado com
outros traços de personalidade (mas sendo deles distinto), como a intolerância à
ambiguidade (Budner, 1962), a busca de sensações (Zuckerman, 1994), o dogmatismo
(Rokeach, 1960), a aversão ao risco (Slovic, 1972), e a abertura à experiência (Digman,
1990). Em geral, os indivíduos que têm predisposição para a resistência psicológica à
mudança são menos propensos a iniciar voluntariamente mudanças e mais propensos a
formar atitudes negativas em relação às mudanças com que se deparam (Oreg, 2006).
O traço é composto por quatro dimensões: a busca de rotina que envolve a
medida pela qual o indivíduo gosta e procura ambientes estáveis e rotineiros; reação
emocional, que reflete o grau em que os indivíduos se sentem stressados e
desconfortáveis em resposta a uma mudança imposta; o foco curto-prazo, que diz
respeito à medida pela qual os indivíduos valorizam os inconvenientes de curto prazo da
mudança em relação aos respetivos benefícios potenciais de longo prazo; finalmente, a
16
rigidez cognitiva, que representa uma forma de teimosia e falta de vontade em admitir
ideias e perspetivas alternativas (Oreg, 2003; Oreg, 2006). Assim, a rigidez cognitiva
está relacionada com traços de personalidade, como por exemplo o dogmatismo ou a
rigidez; os indivíduos dogmáticos são mais inflexíveis e têm pouca abertura à novidade,
pelo que poderá ser possível prever-se a abordagem deles à mudança. Num estudo
empírico, Lau e Woodman (1995), concluíram que a rigidez cognitiva pode dar origem
a alguma resistência à mudança. No que diz respeito à flexibilidade, considera-se que os
indivíduos que são mais flexíveis irão estar mais abertos e mais disponíveis para
receberem uma mudança e colocarem-na em prática; os menos flexíveis resistem mais a
aceitar a mudança, pois se a aceitassem, estariam a admitir que o que era feito ou a
forma de executarem as suas obrigações, até ao momento, estaria errada, o que seria
difícil de compreenderem.
Em relação à preferência por baixos níveis de estimulação e novidade, existem
estudos que fazem a distinção entre indivíduos adaptativos e indivíduos inovadores
(Kirton, 1980). Os indivíduos adaptativos são os que melhor desempenham as suas
funções em ambiente estável, familiar, enquanto os indivíduos inovadores procuram
novas soluções, dado que sentem a necessidade de inovação e de desenvolver novos
estímulos. Daí que indivíduos que não sentem necessidade de procura de novidade
sejam mais propensos a resistir à mudança. A relutância em abandonar hábitos antigos,
é uma componente muito comum de resistência à mudança, pois para alguns indivíduos
é muito difícil abandonar o que já lhes é familiar, pelo que “quando se deparam com
novos estímulos, as respostas familiares podem ser incompatíveis com a nova situação,
produzindo desta forma stress, que posteriormente passará a ser associado aos novos
estímulos.” (Ribeiro, 2010).
Judson (1966) salienta que, num extremo, está a resistência ativa e, no outro, o
apoio entusiástico à mudança. Destaca também que a avaliação que um indivíduo pode
fazer do seu estado futuro, é influenciada pelos temores, desejos, suspeitas e crenças.
Desta forma, para se proteger e defender a sua posição, o indivíduo apresenta resistência
psicológica. A forma de resistência à mudança será variada, dependendo da
personalidade dos indivíduos, da natureza da mudança, das atitudes daqueles para com
tal mudança, e das forças que derivam do grupo e do seu contexto. Assim, aponta
algumas variáveis que podem intensificar ou reduzir os sentimentos de resistência,
agindo de forma articulada, originárias da própria personalidade de cada um ou do
17
ambiente e seu contexto: a) sentimentos de predisposição a respeito de qualquer
mudança – são intimamente enraizados e existem desde o nascimento e desenvolvem-se
numa contínua série de mudanças através da vida; são sentimentos vagos e
preestabelecidos; b) sentimentos de insegurança – fator da medida que o indivíduo tem
para a sua própria segurança; c) crenças culturais e normas de conduta – a cultura
exerce influência sobre as atitudes e comportamentos dos indivíduos, para que ajam de
acordo com as crenças e normas aceites; uma mudança pode alterar esta ordem implícita
e, se for não compreendida levará ao conflito; d) confiança – a disposição, vontade para
mudar, depende em parte do grau de confiança que existe entre indivíduos, e estende-se
para as relações sociais; e) acontecimentos históricos – os indivíduos encaram os
acontecimentos passados como precedentes do que provavelmente ocorrerá no futuro;
assim a suposição é a de que pelo facto dos acontecimentos terem seguido um certo
curso no passado, este mesmo padrão irá repetir-se no futuro; f) apreensões e esperanças
– constituem as dúvidas que surgem na mente dos indivíduos, relacionadas com as
novas formas de executar e as novas relações.
Relativamente às fontes de resistência psicológica na personalidade, Watson
(1969) descreve nove: a) a homeostase (mecanismos reguladores para manter constantes
os estados psicológicos); b) a primazia (a forma como o indivíduo lida pela primeira vez
com o sucesso e qual o modelo que o indivíduo tenta restituir); c) o hábito (sempre que
o familiar ou a rotina são preferidos); d) a perceção seletiva e a retenção (uma vez que
as atitudes são formadas, os indivíduos respondem a outras sugestões a partir da
moldura de uma perspetiva estabelecida); e) a dependência (o efeito de socialização e
adaptação para uma resposta de proteção ou inovadora); f) ilusão de impotência
(sentimento de impotência ou de vítima, através de distorção cognitiva); g) superego
(conceito Freudiano de restrição e tabus que estabelecem padrões para si mesmo); h)
autodesconfiança (distorção cognitiva e auto culpabilidade); i) insegurança e regressão
(dependência nostálgica do passado).
De acordo com os autores Rothbart (1989), Strelau e Eliaz (1994) a resistência
tem sido incluída como um dos traços centrais do temperamento em diferentes
abordagens teóricas.
Apresenta-se na Tabela 4, a síntese de alguns estudos que correlacionam a
personalidade e a resistência psicológica.
18
Tabela 4
Síntese de estudos da personalidade vs resistência psicológica.
Autores
Escalas
Aplicadas
Dowd e
Wallbrown
(1993)
TRS
Dowd e
Wallbrown
(1993)
QMPR
Oreg (2003)
RTC
Resultados na Resistência Psicológica
Resultados na Personalidade
Negação;
sentimento
de
defesa;
incapacidade para aceitar a crítica;
natureza dominadora e controladora;
natureza independente, individualista e
auto determinada; e uma tendência para
agir sem ponderar devidamente as
consequências potenciais de uma linha de
comportamento.
Defensividade; facilidade de se sentir
ofendido; falta de vontade em procurar
simpatia e proteção de outros; não se
apresentar
em
termos
favoráveis;
agressão; autonomia e impulsividade.
Pessoa solitária, dominadora
e individualista, a quem
faltam relações fortes com
outras pessoas e que não está
disposta
a
criar
uma
impressão favorável nos
outros. Também pode ser
líder forte e efetivo em muitas
situações.
Indivíduos com predisposição para a
resistência psicológica: são menos
propensos a iniciar voluntariamente
mudanças e mais propensos a formar
atitudes negativas em relação às mudanças
com que se deparam.
Traço
de
resistência
disposicional: intolerância à
ambiguidade; a busca de
sensações;
dogmatismo;
aversão ao risco; abertura à
experiência. Traço: busca de
rotina; reação emocional;
foco curto prazo; rigidez
cognitiva (representa uma
forma de teimosia e falta de
vontade em admitir ideias e
perspetivas alternativas).
Indivíduos
Adaptativos
Mais resistentes (relutância em abandonar
hábitos antigos). São os que melhor Propensão à não procura de
desempenham as suas funções em novidade.
ambiente estável e familiar.
Indivíduos
Inovadores
Mais propensos à mudança. Procuram
novas soluções, dado que sentem a Propensão
necessidade de inovação e de desenvolver novidade.
novos estímulos.
Kirton
(1980)
à
procura
de
1.2.1. Dimensões da Personalidade associadas à Resistência
Apresenta-se na Tabela 5 um resumo das dimensões da personalidade associadas
à resistência psicológica.
19
Tabela 5
Resumo das dimensões da personalidade associadas à resistência psicológica.
Modelos da
Personalidade
Eysenk (Eysenck &
Eysenck, 1985)
Dimensões da Personalidade
Psicoticismo
Extroversão vs Introversão
Neuroticismo
Five-Factor Model
(FFM) (Costa &
McCrae, 1992)
Neuroticismo: ansiedade, hostilidade, depressão, auto consciência,
impulsividade e vulnerabilidade.
Extroversão: acolhimento caloroso, gregarismo, assertividade,
atividade, procura de excitação e emoções positivas.
Amabilidade: confiança, retidão, altruísmo, complacência, modéstia
e sensibilidade.
Abertura à experiência: fantasia, estética, sentimentos, ações, ideias
e valores.
Conscienciosidade: competência, ordem, obediência ao dever,
esforço de realização, autodisciplina e deliberação.
Zuckerman-Kuhlman Atividade
Personality
Agressividade / Hostilidade
Questionnaire
(Zuckerman, 1994) Impulsividade (procura impulsiva de sensações)
Neuroticismo / Ansiedade
MMPI (Butcher &
Beutler, 2005;
Graham, 2000;
Green, 2000)
TCI Cloninger Temperamento
(Cloninger, 1998)
TCI Cloninger Carácter (Cloninger,
1998)
Resistência
- vs +
+
+
+
+
-
Sociabilidade
+
-
Agressividade
Psicoticismo
+
+
Desinibição
-
Neuroticismo
+
Introversão
+
Procura de Novidade (Excitabilidade exploratória; Impulsividade;
Extravagância e Desordem)
Evitamento do Perigo (Ansiedade antecipatória; Medo da incerteza;
Timidez e Fadiga)
Dependência da Recompensa (Sentimentalismo; Abertura à
comunicação; Apego e Dependência)
Persistência (Resistência ao esforço; Trabalho; Ambição e
Perfeccionismo)
Auto Diretividade (Responsabilidade; Propósito; Recursos;
Autoaceitação e Congruência)
Cooperação (Aceitação social; Empatia; Altruísmo; Compaixão e
Consciência)
Auto Transcendência (Abstração; Identificação transpessoal e
Espiritualidade)
+
+
-
1.2.2. Modelos da Personalidade
O Modelo de Eysenk é constituído pelas seguintes dimensões: psicoticismo vs
20
controlo de impulso; extroversão-introversão; neuroticismo (estabilidade emocional vs
instabilidade ou neurose). Neste modelo designado por PEN (psicoticismo, extroversão
e neuroticismo), as dimensões, ou super fatores, são baseadas em "fatores
constitucionais, genéticos ou inatos, que estão a ser descobertos na estrutura
fisiológica, neurológica e bioquímica do indivíduo" (Eysenck & Eysenck, 1985); foi
desenvolvido com base numa perspetiva genética e psicofisiológica da personalidade e
na aceitação dos aspetos da teoria comportamental; também se baseou em
procedimentos estatísticos e no conceito do traço. As três dimensões foram testadas em
estudos empíricos, sendo: “psicoticismo” (que inclui traços que os indivíduos
considerados normais compartilham com indivíduos psicóticos, como por exemplo: o
descuido ou a negligência em relação a si mesmos; desinteresse pelo senso comum e
expressão anormal das emoções); “extroversão/introversão” [extroversão que indica a
propensão para a atividade, energia, entusiasmo, procura pelos outros, assertividade, e a
introversão (que é o oposto)]; “neuroticismo” (com traços ansiosos como tensão,
preocupação, autocomiseração, instabilidade).
O modelo dos Cinco Fatores (Five Factor Model) derivou do trabalho de
Eysenck e Eysenck (1975), para apreender o conjunto dos traços de personalidade,
designadamente: neuroticismo, extroversão, amabilidade, abertura à experiência e
conscienciosidade. Desta hipótese surgiu um questionário para avaliar as cinco
dimensões fundamentais da personalidade: o NEO PI-R (NEO Personality Inventory Revised) (Hansenne, 2003). Segundo Costa e McCrae (1992), as facetas da
personalidade que compõem o neuroticismo são: ansiedade, hostilidade, depressão, auto
consciência, impulsividade e vulnerabilidade (esta dimensão diz respeito à
instabilidade/estabilidade emocional de um indivíduo); a extroversão é composta pelas
seguintes facetas: acolhimento caloroso, gregarismo, assertividade, atividade, procura
de excitação e emoções positivas (esta dimensão corresponde ao nível de sociabilidade
de um indivíduo); a amabilidade é composta por: confiança, retidão, altruísmo,
complacência, modéstia e sensibilidade (esta dimensão refere-se a traços que levam a
atitudes e a comportamentos pró-sociais); a abertura à experiência é composta por:
fantasia, estética, sentimentos, ações, ideias e valores (esta dimensão caracteriza-se por
um interesse intrínseco na experiência em múltiplas áreas); e a conscienciosidade é
composta pelas seguintes facetas: competência, ordem, obediência ao dever, esforço de
realização, autodisciplina e deliberação (esta dimensão refere-se ao sentido prático e de
21
contenção).
Laak (1996) faz um apanhado histórico do surgimento do Modelo dos Cinco
Grandes Fatores (MCGF) da personalidade, e comenta que as análises de correlação de
diversos instrumentos que medem os traços ou disposições, geralmente indicam duas
dimensões, interpretadas como extroversão e neuroticismo. As pesquisas correlacionais
com enfoque psicoléxico, ou seja, aquelas que utilizam adjetivos de personalidade,
levaram a agregar outras três dimensões: amabilidade, conscienciosidade e abertura à
experiência. Este novo conjunto de dimensões passou a ser conhecido como os Cinco
Grandes Fatores de Personalidade (Cattell, 1996; Goldberg, 1981).
O Zuckerman-Kuhlman Personality Questionnaire (ZKPQ; Zuckerman, 2002;
cit. in Mitrović, Čolović & Smederevac, 2009) incluiu cinco dimensões, que são:
atividade; agressividade / hostilidade; impulsividade (procura de sensações),
neuroticismo (ansiedade) e sociabilidade. Zuckerman (1994) buscou analisar e
aprimorar a teoria do traço, tendo verificado que o traço se apresenta em todos os
indivíduos, variando apenas na intensidade, e sendo observadas na faixa-etária que varia
entre os 16 e 20 anos as suas manifestações mais intensas; aquela faixa etária é apontada
na maioria das vezes como estando relacionada com comportamentos de risco, como,
por exemplo, uso de drogas, atividades de mergulho e de paraquedismo, e ainda
condução sob efeito do álcool (Lin & Tsai, 2002). Espera-se que a impulsividade (busca
impulsiva de sensações) prediga uma abertura à mudança, uma atitude recetiva em
relação às novas experiências, e a capacidade para tolerar sensações e ideias que são
estranhas para a maioria dos indivíduos. Estes indivíduos são também considerados
como mais sociáveis, impetuosos, assertivos, atrevidos e demonstram menos medo
(Aluja, 1989, 1990; Zuckerman, 1983, 1994; Zuckerman, Eysenck & Eysenck, 1978); a
atividade reflete uma necessidade de ação, inquietação e impaciência, além de uma
preferência por trabalhos desafiantes e difíceis; a agressividade / hostilidade refere-se à
agressão verbal, ao comportamento irrefletido ou antissocial, de despeito, irritadiço e de
impaciência com o outro; o neuroticismo / ansiedade envolve preocupações emocionais,
tensão, medo, indecisão obsessiva, falta de autoconfiança e sensibilidade à crítica e,
finalmente, a sociabilidade refere-se à preferência do indivíduo por festas e por estar
rodeado de muitos amigos e à intolerância por atividades solitárias ou introvertidas.
Para mensurar a busca de sensações, Zuckerman (1994) propôs a Escala de Busca de
Sensação (EBS).
22
MMPI (Minnesota Multiphasic Personality Inventory) é composto por cinco
dimensões: agressividade; psicoticismo; desinibição; neuroticismo e introversão. A
agressividade envolve a tendência para a hostilidade e comportamento combativo, com
ênfase na agressividade instrumental e ofensiva, bem como sentimentos de
grandiosidade face aos outros e desejo de poder e domínio social; o psicoticismo está
associado a fenómenos sensoriais e percetivos pouco usuais, com suspeição em relação
aos outros e probabilidade de exibição de comportamentos de natureza psicótica,
ansiedade e obsessões; a desinibição é caraterizada por uma tendência para ações
impulsivas, propensão para o risco, ausência de desejo por ordem e planos de ação e
dificuldade no cumprimento de regras; o neuroticismo corresponde a uma disposição
afetiva para experienciar emoções negativas, como ansiedade, nervosismo, preocupação
e culpa, o que leva a sofrimento interior; por fim, a introversão que se associa a uma
reduzida emocionalidade positiva, à tendência global para não procurar ou gostar de
experiências sociais (isolamento social e alienação) e à ausência de energia para se
orientar para atividades e objetivos de vida. Trata-se de um inventário com amplo
potencial descritivo de dimensões da personalidade e da psicopatologia, e evidencia-se
como instrumento privilegiado para identificar e caracterizar tais relações (Butcher &
Beutler, 2005; Graham, 2000; Green, 2000); trata-se também de um modelo descritivo
e dimensional de potenciais perturbações ao nível da personalidade, baseado num
sistema conceptual de cinco fatores principais (Archer, 2005) e que coloca a sua ênfase
em traços da personalidade ou diferenças disposicionais específicas (McNulty,
Harkness, Ben-Porath & Williams, 1997).
Cloninger (1986, 1987) apresentou a teoria biossocial unificada do
temperamento e da personalidade. Nesta teoria, a personalidade é conceptualizada como
uma combinação de traços hereditários e neurobiológicos (dimensões do temperamento)
e traços que refletem a aprendizagem sociocultural (dimensões do carácter). O Modelo
biopsicosocial designado por TCI (Cloninger, 1998) inventário do temperamento e do
carácter) é constituído por quatro dimensões do temperamento de ordem mais elevada,
para avaliar a personalidade, que estão relacionadas com a atividade em sistemas de
neurotransmissores centrais específicos: a procura de novidade (ativação - sistema
dopaminérgico) mede como o comportamento é ativado em resposta à novidade, à
tomada de decisão impulsiva, à extravagância na abordagem a estímulos de
recompensa, à perda de paciência e ao evitamento da frustração; o evitamento de dano
23
(inibição - sistema serotoninérgico) está associado à afetividade negativa, que é a
inibição ou cessação de comportamentos face a possibilidade de frustração ou ameaça,
como a preocupação pessimista em relação a problemas futuros, comportamentos de
esquiva, medo da incerteza, timidez em frente a estranhos e tendência à fadiga; a
dependência da recompensa (manutenção - sistema noradrenérgico) mede a manutenção
ou a continuidade de comportamentos que se manifestam como o sentimentalismo,
vínculos sociais e dependência de aprovação dos outros, de forma que o indivíduo
responda com o fim de obter uma recompensa, e está associada à afetividade positiva; e
a persistência (que descreve a tendência do indivíduo em prosseguir um determinado
comportamento, sem considerar as consequências); e três dimensões do carácter: auto
diretividade (maturidade individual) refere-se à autodeterminação e à força de vontade,
além da capacidade que o indivíduo tem de controlar, regular e adaptar o seu
comportamento de acordo com valores e metas; a cooperação (maturidade social)
compreende a tolerância social, a empatia, a prestatividade, a compaixão e princípios
morais que correspondem aos componentes de avaliação da personalidade; nesta
dimensão observa-se como o indivíduo se percebe como parte integrante da sociedade
como um todo; e a auto transcendência (maturidade espiritual) é uma dimensão descrita
como aceitação, identificação ou união espiritual com a natureza: o indivíduo percebese como parte integrante de um todo unificado; está associada a um julgamento altruísta
e humilde.
1.2.3. Estudos de dimensões da Personalidade
Filiando-se nos diferentes modelos da personalidade descritos, foram realizados
múltiplos estudos que relacionaram diferentes dimensões da personalidade, de que se
passam a expor alguns exemplos estudados.
No modelo dos cinco fatores, Nunes, Hutz e Nunes (2010) consideram que a
dimensão do neuroticismo está mais relacionada com as características emocionais dos
indivíduos; refere-se ao quanto o indivíduo é vulnerável e estável emocionalmente;
assim indivíduos com elevado neuroticismo tendem a vivenciar com maior intensidade
vivências negativas, valorizando pouco as vivências positivas. Leva também a que
sejam vivenciados mais intensamente sofrimentos emocionais, com dificuldades em
tolerar as frustrações (Hutz, Nunes, Silveira et al., 1998), e que os indivíduos
apresentem maiores sintomas de depressão e ansiedade. Indivíduos com baixo
24
neuroticismo são normalmente calmos, relaxados, com capacidade para enfrentar
situações de tensão, sem que isso os transforme (Costa & McCrae, 1992). A ansiedade
corresponde a indivíduos tensos, preocupados e apreensivos; quando os níveis são
baixos os indivíduos são calmos, estáveis e pouco apreensivos. A hostilidade
correlaciona-se positivamente com o baixo índice da faceta amabilidade; quando a
hostilidade é elevada há propensão ao sentimento de raiva, amargura e frustração,
quando é baixa, os indivíduos demonstram um temperamento moderado. A faceta
depressão carateriza indivíduos com pouca esperança, desespero, culpabilização, etc.;
quando apresenta baixo índice, os indivíduos são confiantes e raramente estão tristes. A
autoconsciência relaciona-se com emoções de vergonha, caraterística de indivíduos com
propensão para se sentirem inferiores; quando o nível é baixo, os indivíduos são mais
seguros de si e socialmente mais adequados. A impulsividade corresponde à
incapacidade de controlar e resistir às tentações; quando apresenta baixos níveis, os
indivíduos são mais resistentes às tentações e têm maior tolerância à frustração (Costa
& McCrae, 1992).
Os autores Nunes, Hutz e Nunes (2010) consideram que a faceta vulnerabilidade
avalia a fragilidade emocional que decorre da perceção do indivíduo; assim, o medo de
perder alguém em função dos erros cometidos é elevado. Indivíduos com elevada
vulnerabilidade tendem a agir de forma a agradar aos outros; indivíduos com baixa
vulnerabilidade podem possuir um elevado grau de individualismo e independência
emocional, que podem ser acompanhados por falta de sensibilidade em relação aos
sentimentos dos outros, não se preocupando com a opinião destes. A instabilidade
emocional retrata a forma como os indivíduos se vêm como irritáveis, nervosos e
propensos a oscilações do humor sem motivo aparente; quando os indivíduos têm
elevada instabilidade emocional, tendem a tomar decisões impulsivas e precipitadas
quando se sentem emocionalmente desconfortáveis, apresentando dificuldade em
controlar os sentimentos negativos, e têm baixa tolerância a frustrações.
No MMPI, o estudo de Carvalho e Novo (2014), avaliou a personalidade de
estudantes utilizando este modelo multimodal (MMPI), as dimensões da personalidade
que mais se destacaram foram a imaturidade, relacionada com a autoavaliação mais
negativa dos jovens enquanto estudantes, o que significa que os mais impulsivos, com
dificuldades de autocontrolo e propensos para o risco, se classificam de forma mais
negativa, um padrão de resultados que se verificou na transição entre as diferentes
25
categorias qualitativas de avaliação e que vem reiterar a importância das características
associadas à gestão dos impulsos e da autorregulação, para a adaptação a diferentes
contextos e fases do desenvolvimento, como seja a vida escolar na adolescência
(Carvalho & Novo, 2010).
Mais recentemente, têm sido desenvolvidos estudos, com base no modelo
psicobiológico de Cloninger, que apontam para a determinação genética dos traços de
personalidade.
De acordo com um estudo de Jingying, Huan, Hongxu, et al., (2011), os
polimorfismos no gene DARPP-32 estão envolvidos nos mecanismos biológicos que
conferem os traços de procura de novidade e de evitamento de danos. Um trabalho de
Reuter, Weber, Fiebach, Elger e Montag (2009), concluiu uma associação entre a
proteína DARPP-32 e o traço raiva em indivíduos caucasianos, sugerindo que DARPP32 pode estar envolvido no mecanismo biológico de alguns traços de personalidade. Os
traços de personalidade, compostos de temperamento e carácter, são influenciados tanto
por fatores genéticos como ambientais (Gardini, Cloninger & Venneri, 2009). No seu
estudo Jingying et al., recordam que foi Cloninger (1987) quem, em primeiro lugar,
propôs o modelo biossocial de traços de personalidade e desenvolveu o Tri-Dimensional
Personality Questionnaire (TPQ) que incluía três dimensões de temperamento: procura
de novidade (NS), evitamento do dano (HA), e dependência de recompensa (RD).
Procura de novidade (NS) refere-se a um acréscimo da importância para o
comportamento de novos estímulos durante o reforço positivo ou negativo, e é
caracterizado por exploração e impulsividade. Evitamento de dano (HA) refere-se ao
acrescido poder de estímulos perniciosos no reforço de comportamentos que visam
evitar a punição ou minimizar retornos negativos. Este fenótipo comportamental é
caracterizado pelo medo da incerteza, neofobia e ansiedade. Dependência da
recompensa (RD) refere-se ao aumento do poder de recompensa no reforço de
associações estímulo-resposta e à estabilidade de comportamentos que mantêm a
recompensa. Está associado com sentimentalismo e apego nos seres humanos. Como
Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993) predisseram, NS está associado com a atividade
dopaminérgica (DA), HA com a atividade serotoninérgica (5-HT), e RD com a
atividade noradrenalina (NE). De facto, outros estudos sobre ligação genética têm
demonstrado uma relação positiva entre estes traços de personalidade e genes que
codificam os já mencionados recetores ou transportadores de neurotransmissores
26
(Noble, Ozkaragoz, Ritchie et al., 1998; Strobel, Gutknecht & Rothe, 2003; Kim, Park
& Yoon et al., 2007; Serretti, Drago & Ronchi, 2007; Nyman, Loukola & Varilo et al.,
2009; Nakamura, Ito & Aleksic, 2010). O estudo de Jingying et al. (2011) conclui que
há um consenso emergente de que as alterações globais em sistemas neurotransmissores
centrais específicos podem influenciar os traços da personalidade. Para elucidar os
mecanismos biológicos que influenciam os traços de personalidade, o referido estudo
avaliou a relação putativa entre os polimorfismos do gene DARPP-32 (PPP1R1B) e os
traços de personalidade, tal como medidos pelo TPQ em indivíduos saudáveis chineses
da etnia Han.
Refere-se finalmente que um estudo de Hemphälä, Gustavsson e Tengström
(2012), com o objetivo de validar dois instrumentos da personalidade, o inventário HP5i
(Health-Relevant Personality Inventory) e o JTCI (Junior Temperament and Character
Inventory) em adolescentes com problemas de consumo de substâncias, encontram
convergência na validade em que a afetividade negativa (HP5i) e o evitamento de dano
(JTCI), traços que medem emoções negativas, foram correlacionadas com sintomas de
internalização; enquanto os traços impulsividade (HP5i) e a procura de novidade (JTCI),
foram correlacionadas com sintomas de externalização. Em suma, ambos os
instrumentos podem ser utilizados em amostras clínicas de adolescentes, para incluir a
avaliação da personalidade ao avaliar problemas psiquiátricos em adolescentes.
1.2.4. Resistência Psicológica e Impulsividade
Apesar de obsessão, impulsividade e compulsividade exibirem conceitos
distintos, os profissionais de saúde e a população leiga tornaram-nos similares, levando
a compulsão a ser abrangida pelo termo mais geral, impulsividade, mesmo nas
classificações nosológicas atuais do DSM IV-R (2002) e do CID 10 (1993). No entanto,
a compulsão e a obsessão podem confundir-se, situação que deriva do carácter
descritivo das classificações e da ocorrência da sobreposição de transtornos
compulsivos e impulsivos.
Laplanche e Pontalis (2001) a nível psicanalítico fazem a diferenciação de
impulso e compulsão:
Entre compulsão e impulso, o uso estabelece diferenças
sensíveis. Impulso designa o aparecimento súbito, sentido como
urgente, de uma tendência para realizar este ou aquele ato, este
27
efetuando-se fora de qualquer controlo e geralmente sob o domínio da
emoção; não se encontra nesse conceito nem a luta nem a
complexidade da compulsão obsessiva, nem o carácter organizado
segundo uma certa encenação fantasiosa da compulsão à repetição.
Laplanche e Pontalis (2001, p. 87)
Siever (1996) faz a analogia entre impulsividade, compulsividade e as forças
ying e yang, como reflexos da relação de forças opostas da dinâmica inconsciente.
Pondera que o desequilíbrio entre as duas forças levaria ao aparecimento de uma
psicopatologia. Também considera a espontaneidade uma característica impulsiva; no
entanto, quando esta não está presente, passa a ser um sintoma para uma perturbação de
personalidade obsessiva compulsiva (POC). Da mesma forma, a ausência de um grau
desejável de compulsividade, é considerada um aspeto patológico da perturbação da
personalidade borderline (TPB).
O autor Fuentes (2004) refere não existirem ainda consenso ou parâmetros
comuns que possam definir a impulsividade de forma evidente, mas ainda assim salienta
três propostas atuais:
i. Impulsividade como intolerância à frustração ou inabilidade em protelar a
recompensa. O indivíduo não pode conter o impulso, vivencia-o como um desejo
impreterível, intenso e não domável. Costa e McCrae (1992) haviam afirmado que a
avidez é um componente da impulsividade e também da personalidade;
ii. Impulsividade como capacidade reduzida de reflexão e precipitação para o ato. O
modelo é proposto por Barratt (1959) que correlaciona a impulsividade com
impaciência, ações rápidas, impensadas e com pouca reflexão, e com o défice de
atenção, sendo uma resposta comportamental, uma reação quase imediata a elementos
isolados;
iii. Impulsividade como desejo de experimentação. Mencionada nos modelos de
Zuckerman (1994) que contempla a classificação de um indivíduo impulsivo e ávido
por emoções, e de Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993) que consideram o indivíduo
sequioso de novidades e irreflexivo no evitamento de danos. Fuentes (2004) considera
que existe uma tendência para um dos três eixos do modelo de Cloninger remeter para
uma perturbação de personalidade, sendo que dois deles parecem estar intimamente
ligados à impulsividade e compulsividade: a procura de novidade e o evitamento do
28
dano. Os elevados índices de procura de novidade caracterizam o indivíduo impulsivo;
ao passo que o elevado evitamento carateriza o indivíduo compulsivo.
Para Tavares (2000) os atos impulsivos são fenómenos da vontade e
caracterizam-se pela incapacidade do indivíduo resistir à satisfação do impulso. No ato
impulsivo não há preparação prévia nem avaliação do risco. O autor verifica que a
resistência pode ser o ponto comum na diferenciação entre a impulsividade e a
compulsividade:
Parece que o ponto comum aos autores que buscam
caracterizar e diferenciar compulsividade e impulsividade é a
resistência. O ritual no TOC associa-se à reiteração da resistência a
uma ameaça ou a uma sensação subjetiva de desconforto. No
transtorno de impulso, o que se observa é a falência da resistência a
um desejo e a realização de um ato a despeito de consequências
ameaçadoras.
Tavares (2000, p. 16)
O autor Tavares (2000) também refere a representação mental experimentada na
forma de um pensamento ou impulso, designando-o por ato compulsivo devido ao
carácter da resistência; este desempenho conduz à divergência da representação mental
e do ato impulsivo, devido ao carácter da concessão, aquilo que leva à convergência
com a representação mental à qual se associa.
Para Borges e Jorge (2000) a falta de controlo sobre um ato está ligada à
impulsividade, que se encontra na psique, sendo um traço de personalidade, e que em
desequilíbrio leva a emergir um sintoma psicopatológico.
De acordo com Mitrović, Čolović e Smederevac (2009), a impulsividade é uma
das cinco dimensões da personalidade do ZKPQ (referindo-se à busca de sensações); no
modelo dos cinco fatores, Costa e McCrae (1992) consideram a impulsividade uma
faceta do neuroticismo (corresponde à incapacidade de controlar e resistir às tentações,
e quando apresenta baixos níveis os indivíduos são mais resistentes às tentações e têm
maior tolerância à frustração); o modelo de Cloninger (1987) inclui no temperamento a
dimensão procura de novidade, que se refere a um acréscimo da importância para o
comportamento de novos estímulos durante o reforço positivo ou negativo, e é
caracterizada por exploração e impulsividade.
A externalização e a internalização dos comportamentos têm baixo autocontrolo
29
em comum. Segundo Pitkänen (1969), os dois fatores temperamentais de personalidade
de Eysenck (1960) estão associados, no eixo vertical do modelo (atividade), com
extroversão vs introversão, e no eixo horizontal (baixo autocontrolo) com neuroticismo
versus estabilidade. Eysenck e Eysenck (1963) identificaram a natureza dual da
extroversão, e fizeram a distinção entre extroversão social e impulsiva. Dentro do
modelo bidimensional, extroversão impulsiva é menos controlada que a extroversão
social. As diferentes facetas de extroversão, cordialidade, sociabilidade, assertividade,
atividade, procura de excitação e emoções positivas, também são reconhecidas na
descrição da personalidade em cinco fatores (McCrae & Costa, 2003).
A literatura tem mostrado consistentemente que os problemas de externalização
se relacionam com a personalidade em diferentes estádios de desenvolvimento. Vários
estudos enfatizam como relevantes, para a compreensão de comportamentos problema
nos indivíduos, os traços da personalidade, a predominância da emocionalidade
negativa, a impulsividade e o sensation-seeking (Barnown, Lucht & Freyberger, 2005;
Cukrowicz, Taylor, Schatschneider & Iacono, 2006; Frick, 2004; Frick & Dantagnan,
2005; Hill, 2002; Joyce & Oakland, 2005; Miller & Lynam, 2001; Ruchkin, Koposov,
Eisemann & Hägglöf, 2001; Singh & Waldman, 2010). A impulsividade refere-se a uma
incapacidade de inibição e tendência para envolvimento imediato em situações, sem
planeamento ou consideração por implicações potenciais desse envolvimento
(Zuckerman & Kuhlman, 2000); já o sensation seeking envolve a procura de sensações
novas, intensas e variadas, suscetibilidade ao aborrecimento e disponibilidade para
envolvimento em riscos pessoais, como consequência dessas experiências (Cazenave,
Le Scanff & Woodman, 2007; Gute & Eshbaugh, 2008; Rolison & Scherman, 2002,
2003; Zuckerman & Kuhlman, 2000).
De acordo com o modelo psicobiológico da personalidade de Cloninger (1987;
Cloninger et al., 1993), Veríssimo (2008) refere que a base dopaminérgica está
relacionada com a ativação ou iniciação comportamental, própria da atividade
exploratória, e da fuga e evitamento ativo; os indivíduos são incentivados por novos
estímulos, pelo potencial de reforço positivo, ou pelo potencial de alívio da monotonia e
da punição. Assim a atração pela novidade caracteriza o comportamento exploratório, a
decisão impulsiva, a exuberância face à aproximação de indícios de recompensa, a
rápida perda da moderação e o evitamento ativo da frustração.
30
1.3. Perspetiva Clínica da Resistência Psicológica
Lawrence (1954) afirma que os sinais de resistência psicológica são úteis da
mesma forma que a dor é útil para o corpo, como um sinal de que as funções não se
encontram em forma. De acordo com Judson (1966) a resistência psicológica não é um
problema fundamental para ser resolvido e, pelo contrário, qualquer manifestação de
resistência psicológica é por norma um sintoma de problemas inerentes às situações
particulares. Portanto, a resistência pode servir como um sinal de alerta. Também
Bartlett e Kaiser (1973) vêm a resistência psicológica como um sintoma, que pode ser
mais útil para diagnosticar as suas causas quando ocorre, em vez de a inibir de imediato.
Argyris e Schon (1974) relataram que a resistência psicológica surge de rotinas
defensivas, e que manifesta sentimentos de frustração e ansiedade. Altorfer (1992)
considera que quando surge a resistência, é “hora” de descobrir o que está errado.
Acredita que não se deve tratar apenas o sintoma, pois se este for removido e restar a
causa, a resistência psicológica retorna. Esta visão permite captar a complexidade do
fenómeno da resistência, e facilitar uma melhor compreensão das relações entre a
resistência, seus antecedentes e as suas consequências.
Os autores Wadell e Sohal (1998) diante da questão: “de que modo se podem
prever as atitudes que os indivíduos teriam perante a mudança?”, referem que existe a
necessidade de se desenvolverem técnicas apropriadas, para medir a resistência
psicológica em diferentes situações. Esta questão deve-se ao facto da resistência
psicológica envolver um sentido de ambivalência, com o qual os sentimentos, os
comportamentos e os pensamentos sobre a mudança, podem não coincidir. Estes autores
consideram que a mudança é geralmente temida, dado que forma uma perturbação do
status quo, uma ameaça aos direitos adquiridos do indivíduo, e causa transtornos na
forma como desempenham as tarefas. Os indivíduos afetados pela mudança sentem
determinadas desordens emocionais, que envolvem a sensação de perda, de incerteza e
de ansiedade. Estes não resistem psicologicamente à mudança per se, pelo contrário,
resistem às incertezas e resultados potenciais que a mudança pode causar.
1.3.1. Resistência Psicológica e Autorregulação
O quadro da interpretação das conexões entre comportamentos deriva do modelo
de controlo do impulso e dos traços de personalidade. Este incluiu o constructo de
autocontrolo, no modelo de controlo de impulso (Pulkkinen, 1982), sendo redefinido o
31
nome para modelo de regulação emocional e comportamental, o que foi feito
juntamente com o estudo emergente da regulação emocional em psicologia nos anos 90
(Pulkkinen, 1995).
Posner e Rothbart (2000) consideram que o comportamento precoce no
indivíduo é resistente a estímulos externos e mudanças internas; no entanto os sistemas
de autorregulação posteriores, incluindo aspetos de inibição do medo e a flexibilidade
da atenção do controlo do esforço, desenvolvem-se para modular a resistência. O
controlo do esforço tem sido definido como ''a capacidade para inibir uma resposta
dominante executando uma resposta subdominante''.
Vohs e Baumeister (2004) referem que utilizam os conceitos de autocontrolo e
autorregulação como sinónimos, como é comumente feito. Assim, o autocontrolo é
comummente visto como a inibição ativa de respostas indesejadas que poderiam
interferir com o alcance dos objetivos desejados (Baumeister, 2005).
O constructo autocontrolo foi introduzido na literatura psicológica mais cedo do
que a autorregulação, tendo diferentes histórias, como revisto por Pulkkinen e Pitkänen
(2009). Ambos os constructos significam que o indivíduo exerce controlo sobre as suas
respostas (pensamentos, emoções, impulsos, performances), a fim de alcançar objetivos
e viver de acordo com padrões (ideais, metas, expectativas) de outros indivíduos
(Peterson & Seligman, 2004). O autocontrolo pode resultar em regulação da emoção
que se refere ao redireccionamento, controlo e modificação de um estado emocional, o
que permite que o indivíduo funcione de modo adaptativo (Eisenberg, Fabes, Guthrie &
Reiser, 2002). A investigação empírica mostra, por exemplo, que a fraca capacidade das
crianças em regular a atenção está associada com problemas de comportamento por
meio de défices na regulação de emoções negativas, enquanto o elevado controlo de
esforço está associado ao desenvolvimento positivo emocional, social e cognitivo
(Eisenberg, Smith, Sadovsky & Spinrad, 2004).
De acordo com Wheeler, Briñol e Hermann (2007), a resistência psicológica à
persuasão pode ser entendida como um processo autorregulatório. Os autores fazem a
ligação destes conceitos, sublinhando a natureza limitada dos recursos de
autorregulação, e referindo que o esgotamento desses recursos produz efeitos nos
processos de mudança de atitude. Para o autor Burkley (2008), a resistência psicológica
à persuasão exige, por parte dos indivíduos, não só o desejo de resistir como também
32
força de vontade para evitar a tentação de desistir, uma vez que em muitas
circunstâncias essa pode ser a atitude mais fácil. Portanto, a resistência psicológica à
persuasão é uma ação dirigida a objetivos e que exige recursos de autocontrolo
(Baumeister, Bratslavsky, Muraven & Tice, 1998; Muraven, Tice & Baumeister, 1998).
Quando os indivíduos não têm recursos de autocontrolo, a sua capacidade para resistir à
persuasão será diminuída e as suas atitudes serão abertas à mudança (Burkley, 2008).
As ligações mais marcantes e as falhas do autocontrolo podem-se encontrar em estudos
sobre doutrinação intensa, como lavagem cerebral, interrogatórios policiais, e
“iniciações em fraternidades”: todos envolvem uma fase inicial de "desgaste", que
consiste em privação de alimentos e do sono. O objetivo desta técnica é fatigar os alvos,
de modo a que se vão tornando abertos a várias formas de "reeducação" (Hunter, 1960;
Taylor, 2004).
Nem todas as formas de resistência requerem autocontrolo, uma vez que
algumas envolvem mais esforço que outras. Contudo, com alguns apelos persuasivos
(particularmente apelos com fortes argumentos, consistentes), o indivíduo tem que
despender esforço e portanto exercer autocontrolo, para resistir com sucesso (Burkley,
2008). O esgotamento regulatório afeta a resistência psicológica de modo independente
das respostas cognitivas, o que não quer dizer que o esgotamento não influencie nunca
os pensamentos sobre atitudes relevantes (Wheeler, Briñol & Hermann, 2007); o
esgotamento pode levar à persuasão, independentemente dos pensamentos, e assim
influenciar a capacidade do indivíduo resistir a mensagens persuasivas. Não é suficiente
manter os pensamentos na mente (para resistir); os indivíduos têm também que exercer
autocontrolo (força de vontade) para implementar de facto esses pensamentos na
mudança de comportamento. O autocontrolo é afirmado como um componente
subjacente ao processo de resistência psicológica, simultaneamente requerido e
consumido, e como tal desempenha um papel fundamental na persuasão. Os efeitos de
esgotamento são mais fortes para atitudes formadas recentemente ou fracamente
sustidas, porque os indivíduos colocam todos os seus recursos nas crenças que são
importantes para si (Burkley, 2008).
1.3.2. Autorregulação a nível da Psicologia Social
Erikson (1985) define a identidade psicossocial como o sentimento que faculta a
capacidade para experimentar o próprio Eu, como algo que tem continuidade e unidade,
33
permitindo que o indivíduo se insira no meio sociocultural de forma coerente. O
sentimento de identidade refere-se à sensação de pertencer a algo, de ser parte de algo.
A identidade psicossocial permite que o indivíduo se oriente em relação às outras
pessoas e ao seu meio ambiente, e que determine e trace as fronteiras do Eu corporal, do
Eu mental e do Eu sociocultural. E se a identidade é um processo que se localiza nas
entranhas do indivíduo, diz também respeito, e sobretudo, a elementos centrais da
cultura coletiva do indivíduo; Erikson (1985) considera que se deveria falar de
identidades e não de identidade no singular, já que tanto a cultura como o sujeito não
são homogéneos e unívocos, mas múltiplos.
Perrenoud (1999) concebe a autorregulação como as "capacidades do sujeito
para gerir ele próprio seus projetos, seus progressos, suas estratégias diante das
tarefas e obstáculos." Na realidade todos os indivíduos possuem um certo grau de
autorregulação, mas importa que esse grau, em especial para os processos de
aprendizagem escolar, seja elevado, o que favoreceria uma autonomia progressiva na
aprendizagem e, por extensão, na própria vida.
Os autores Knowles e Linn (2004), após investigação da literatura acerca da
persuasão, referem que se encontram suportes de ligação entre o autocontrolo e a
resistência psicológica à persuasão de natureza quase anedótica, citando por exemplo
que foi demonstrado que os indivíduos são mais favoráveis a um anúncio publicitário
quando este é apresentado no fim de uma série de anúncios, do que quando é
apresentado mais para o início. Este efeito sugere que os indivíduos podem perder a sua
capacidade de resistir depois de uma exposição repetida a apelos persuasivos. De modo
interessante, este efeito tem uma notável semelhança com a investigação sobre o
autocontrolo, em que a realização de tarefas anteriores de autocontrolo levou a uma
performance mais fraca em subsequentes tarefas da mesma natureza. O modelo de
autocontrolo fornece uma explicação para a razão pela qual os indivíduos são menos
capazes de resistir a múltiplas tentativas de persuasão, que ocorram ao longo do tempo
(Knowles & Linn, 2004); também sugere que os indivíduos podem estar mais
vulneráveis à persuasão ao final do dia, dada a acumulação do consumo de recursos que
ocorre ao longo do dia; finalmente também oferece sugestões de técnicas para aumentar
a resistência psicológica à persuasão, de que as primárias são o “aviso prévio”
(Freedman & Sears, 1965) e a inoculação (McGuire, 1964). Ambas funcionam pela
sensibilização do indivíduo para argumentos que poderão aparecer no futuro apelo
34
persuasivo (Burkley, 2008).
Shiner (2006) considera que o controlo do esforço ou autocontrolo também está
envolvido na afabilidade, mais orientado para as relações humanas do que para o
desempenho de tarefas; a afabilidade é preditora de bons relacionamentos com pares e
de adaptação escolar. Crianças extrovertidas podem ter fortes impulsos que devem
aprender a regular, como Shiner (2006) explica, e os riscos de regulação sem sucesso
podem ser maiores no género masculino. Pelo contrário, quando a extroversão é menos
controlada na infância (impulsiva e agressiva) trata-se de um risco, que aponta para
relações humanas conflituosas e é preditor de comportamento criminal na idade adulta,
para o género masculino (Pulkkinen, Lyyra & Kokko, 2009). Num estudo de Pulkkinen
(2009), os resultados confirmaram a hipótese acerca do papel do autocontrolo no
desenvolvimento do funcionamento social no que se refere a critérios externos (por
exemplo, educação, estabilidade do percurso de carreira, socialização, moderação no
consumo de álcool) no caso do comportamento adaptativo. No mesmo estudo sobre o
desenvolvimento com sucesso (Pulkkinen, Nygren & Kokko, 2002), as medidas dos
resultados também incluíam o funcionamento psicológico na idade adulta; neste caso
são considerados critérios internos de comportamento adaptativo, como bem-estar
psicológico, autoestima e satisfação com a vida. A hipótese colocada foi a de que o
autocontrolo na infância, as orientações cognitivo-motivacionais na escola e o ambiente
familiar explicariam tanto o funcionamento social como o psicológico, na idade adulta.
De acordo com os autores Gottfredson e Hirschi (1990) a teoria geral do crime
argumenta
que
os
indivíduos
que
possuem
elevado
autocontrolo
seriam
“substancialmente menos passíveis, em todos os períodos da vida, de se envolver em
atos criminoso” (p. 89). Ao passo que indivíduos que não têm autocontrolo tendem a
ser, por exemplo, impulsivos, insensíveis, propensos à assunção de riscos, e de vistas
curtas, “tendem portanto, a se envolver em atos criminosos e análogos”. Foi assumido
que o baixo autocontrolo pode ser identificado antes da idade da responsabilidade pelo
crime, e que isso tende a persistir ao longo da vida.
De acordo com Sameroff (2009) as capacidades autorregulatórias são fortemente
influenciadas pela experiência de regulação proporcionada pelos cuidadores da criança.
No início do desenvolvimento, a regulação move-se de processos biológicos primários
para processos psicológicos e sociais. Inicia-se a regulação com o processo de regulação
35
da temperatura, fome, e alerta, e passa para a regulação da atenção, comportamento e
interações sociais. Essas aquisições da autorregulação são fortemente influenciadas pela
regulação do outro. Os pais mantêm a criança aquecida, alimentada e acolhida quando
chora. Os pares (crianças na mesma fase de desenvolvimento) dão a noção à criança dos
limites do seu comportamento social; os professores socializam a criança dentro do
comportamento do grupo, e também regulam a cognição em domínios de conhecimento
socialmente construídos. Assim, o ambiente externo pode desencadear mecanismos de
proteção no desenvolvimento de crianças através de diferentes níveis de regulação
externa, denominados micro, mini e macro regulações, que se encontram em constante
interação e transação.
1.3.3. Autorregulação a nível da Psicopatologia
Os autores Derryberry e Rothbart (1988) definem a autorregulação como um:
“Processamento, ao mais alto nível operacional, da modulação e controlo dos estados
reativos dos sistemas somático, endócrino, autonómico e nervoso central”. Grotstein
(1986) refere que “Toda a psicopatologia tem fundamento em perturbações primárias e
secundárias da vinculação e manifesta-se por alterações da auto e hetero-regulação”.
Weiner (1989) diz que “A doença envolve obstrução ou alteração de redes
comunicativas, caraterizadas por um transtorno da sua regulação”. De acordo com
Cardoso (2001) a capacidade de experimentar e regular cognitivamente os afetos é
adquirida nos primeiros anos do desenvolvimento. Ao longo desse período são
múltiplas e frequentes as oportunidades de surgir perturbação. As consequências
revelam-se na vulnerabilidade à desregulação afetiva, visível em traços de
personalidade, psicopatologia e doença física.
Masten (2004) considera que é assumido que a psicopatologia surge de
interações complexas do organismo com os vários sistemas de vida em que está
inserido. É verosímil que as mudanças observáveis no comportamento resultem de
múltiplas causas (princípio de multi-causalidade), em múltiplos níveis de interação,
refletindo a ação conjunta do organismo e do meio ambiente, desde os genes à
sociedade. Como resultado, podem surgir caminhos e fins comuns, de diversas origens
(princípio da equifinalidade) e indivíduos que começam pelo mesmo caminho podem
acabar por ir por caminhos diferentes ao longo do tempo (princípio da multifinalidade).
A partir desta perspetiva, o mesmo problema na adolescência, quer se trate de violência,
36
gravidez, uso de álcool ou fumo, ou comportamento autoagressivo, apresenta múltiplas
causas e surge em diversos tipos de indivíduos por razões diversas. O estudo dos
fenómenos comportamentais de resiliência na psicopatologia do desenvolvimento pode
oferecer algumas pistas importantes sobre o significado dos processos regulatórios nas
passagens de sucesso pela adolescência e sobre o papel correspondente do
desenvolvimento do cérebro, nos processos de regulação do afeto, da excitação e do
comportamento. O estudo da resiliência teve o seu início no estudo das populações em
risco de psicopatologia, como parte de um esforço para estudar os processos etiológicos
(Masten, 2004). Para esta autora, vale a pena notar que os fatores mais fortemente
implicados associados à má adaptação ou à resiliência em adolescentes, implicam todos
o que poderia ser denominado de capital de regulação. Algumas crianças parecem entrar
no período desafiador da adolescência com competências regulatórias pobres, que
refletem processos e experiências anteriores: não têm o que é necessário para a
negociação segura dos desafios da adolescência, particularmente nos ambientes de risco
que é provável que venham a enfrentar. Outros casos demonstram que os adolescentes
parecem ter capacidade regulatória adequada, mas torna-se mal orientada (do ponto de
vista da sociedade), em direção a objetivos negativos ou mesmo cooptados pelos pares e
por adultos antissociais; tal é resultado de má vizinhança ou influências de pares, da
opressão ou discriminação real e percebida, da guerra, etc. (Masten, 2004). Outros
adolescentes ainda, podem florescer apesar de ambientes de risco ou de deficiências no
funcionamento do cérebro, através de processos de compensação. Assim, é sugerido que
para alguns adolescentes, o problema é de competências regulatórias pobres no
organismo, enquanto para outros o problema central é a disponibilidade de recursos
contextuais, e para outros ainda, a questão central é o modo como escolhem aplicar a
capacidade regulatória perfeitamente adequada. Conclui-se com o estudo de Masten
(2004) que é importante distinguir as capacidades pobres, de aplicações pobres das
capacidades, em estudos que liguem o desenvolvimento e funcionamento do cérebro
com o comportamento na adolescência. No entanto, a literatura sobre a resiliência
sugere geralmente que uma boa capacidade de regulação, utilizada de forma eficaz na
aquisição de competências em tarefas de desenvolvimento, é a chave para negociar com
sucesso a transição para a adolescência.
No estudo da autora Pulkkinen (2009), encontra-se explícito que o
comportamento ativo, mas emocionalmente desregulado, pode surgir em forma de
37
agressividade e de outros sintomas de externalização, enquanto o comportamento ativo
emocionalmente regulado pode manifestar-se como socialmente responsável e como um
comportamento construtivo. De modo correspondente, o comportamento passivo, mas
emocionalmente regulado, pode aparecer como prudente e comportamento de
conformidade, e o comportamento passivo emocionalmente desregulado pode
apresentar-se como ansiedade e outros sintomas de internalização. O estudo (Pulkkinen,
2009) também revela que fatores genéticos explicaram mais a variação na expressão de
baixo autocontrolo, que era menos típico do género ou de risco para o desenvolvimento
futuro (ansiedade nos homens, agressividade nas mulheres), enquanto os fatores comuns
ambientais contribuíram mais para os comportamentos de risco (agressão em homens, a
ansiedade nas mulheres). Os fatores ambientais incluem o ambiente físico e social.
Ambiente físico, como por exemplo, ruído, e hábitos de fumo e bebida durante a
gravidez, podem ter efeitos negativos nas funções cognitivas das crianças e no
comportamento socio emocional (Evans, 2006).
Althoff, Ayer, Crehan et al., (2012) referem ser crucial a caraterização da
autorregulação nas crianças, salientando a utilização do CBCL (Child Behavior
Checklist) para tal efeito; identificam que o perfil de desregulação (DP- Dysregulation
Profile) é um forte preditor do desenvolvimento de psicopatologias na idade adulta,
podendo atuações clínicas oportunas ter um grande impacto igualmente na prevenção de
comportamentos disruptivos, como por exemplo o abuso de substâncias, suicídio,
perturbações da ansiedade e do humor.
1.4. Modelos Integrativos da Personalidade e da Psicopatologia
Os autores De Bolle, Beyers, De Clercq e De Fruyt (2012), deram relevo a
quatro modelos com explicações etiológicas plausíveis para as relações entre a
personalidade geral e a psicopatologia:
i. o modelo da predisposição/vulnerabilidade afirma que a presença de traços
específicos da personalidade aumenta a probabilidade de se desenvolver um distúrbio
clínico;
ii. em contraste, o modelo da complicação/cicatriz postula que a existência de um
transtorno no Eixo I pode provocar alterações na personalidade;
iii. no modelo da exacerbação, a coocorrência de traços da personalidade e patologia no
38
Eixo I pode ter uma etiologia inicial independente; no entanto, a personalidade pode
influenciar o curso ou a manifestação de um transtorno do Eixo I;
iv. o espectro ou modelo "fator comum" pressupõe que os traços da personalidade e os
transtornos do Eixo I formam um espectro que varia dos traços gerais às características
subclínicas da psicopatologia, completamente instalada por compartilhar fatores
etiológicos subjacentes (Krueger & Tackett, 2003; Mineka, Watson & Clark, 1998).
O último modelo está intimamente ligado a um outro, modelo de continuidade, o
qual se refere à covariação sistemática fenomenológica da personalidade e da
psicopatologia através do tempo, sem se pronunciar sobre a etiologia ou causalidade
desta covariação. Existem argumentos de que todos os modelos são potencialmente
aplicáveis num único indivíduo em algum grau (Millon & Davis, 1996), e talvez
expliquem as diferentes classes de desordem (Dolan-Sewell, Krueger & Shea, 2001).
Os autores Krueger e Tackett (2003) delinearam um sistema de descrição
hierárquica, com base empírica, para os transtornos mentais mais dominantes,
proporcionando várias hipóteses sobre a natureza especial das relações da personalidade
e da psicopatologia. O modelo destes autores apresenta a internalização e a
externalização como dimensões fundamentais, que podem promover e serem
decompostas em quatro a cinco dimensões de ordem inferior, que se assemelham às que
compõem o Modelo dos Cinco Fatores (McCrae & Costa, 1999).
Mais especificamente: neuroticismo e extroversão estão especialmente
relacionados com o espectro de interiorização, ao passo que a amabilidade e a
conscienciosidade estão mais associadas com o espectro de externalização. O
neuroticismo também tem sido relacionado com a internalização e externalização de
comportamentos ou doenças: por exemplo, Keiley, Lofthouse, Bates, Dodge e Pettit
(2003); Lilienfeld (2003) sugerem que esta dimensão da personalidade é essencialmente
responsável pela correlação frequentemente encontrada entre as dimensões de
internalização e externalização.
O autor Clark (2005) integrou diferentes hipóteses das relações de personalidade
e da psicopatologia num modelo hierárquico abrangente e postula que os traços de
personalidade do adulto e as síndromes psicopatológicas ou doenças surgem através da
atividade diferencial de três dimensões comportamentais inatas: dois sistemas –
39
afetividade positiva e negativa, e um terceiro sistema regulatório, designado de
desinibição. Apesar de Clark (2005) e Krueger e Tackett (2003), argumentarem que a
ligação entre a personalidade e a psicopatologia é mais consistente com a hipótese da
continuidade, concordam que podem existir outros modelos etiológicos relevantes (ou
seja, modelo da vulnerabilidade, da complicação e da exacerbação) que ampliam o
modelo do "fator comum".
Estes modelos integrativos derivam em grande parte de provas de personalidade
e características psicopatológicas, observadas em amostras de adultos. Apesar da
crescente evidência de existirem fortes associações entre traços de personalidade e
transtornos mentais em crianças (Tackett, 2006), pouco se sabe acerca de como estas
descobertas podem ser integradas nos modelos integrativos hierárquicos propostos para
adultos. Todavia, existem evidências de que muitos, se não a maioria dos transtornos
psiquiátricos da vida, aparecem pela primeira vez na infância (Rutter, Kim-Cohen &
Maughan, 2006), tendo a maioria da infância problemas emocionais e comportamentais
que exibem uma meta estrutura similar à internalização e externalização, dimensões da
psicopatologia (Achenbach, 1991). Além disso, há evidências convincentes de que as
dimensões do Modelos dos Cinco Fatores da personalidade, observadas na idade adulta,
também são indicadores confiáveis e válidos de diferenças de personalidade na infância
e na adolescência (Caspi & Shiner, 2006; John, Caspi, Robins, Moffitt & StouthamerLoeber, 1994).
Esta estrutura comum de personalidade e da psicopatologia em toda a infância e
idade adulta facilita a pesquisa sobre a natureza das suas inter-relações desde a infância,
dentro de um quadro único, com base nos modelos conceptuais estabelecidos de
associações de personalidade e psicopatologia (Krueger & Tackett, 2003).
1.5. Objetivo e hipóteses do estudo
O objetivo deste estudo visou analisar a relação entre resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia, evidenciando o modo como se interrelacionam e
influenciam.
Hipótese nula (h0) do estudo: Não existe correlação entre a resistência
psicológica, a personalidade e a psicopatologia.
40
Hipótese (h1): Existe correlação entre a resistência psicológica e a personalidade.
Hipótese (h2): Existe correlação entre a resistência psicológica e a
psicopatologia.
Hipótese (h3): A resistência psicológica é influenciada pela personalidade e pela
psicopatolologia.
2. Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo correlacional prospetivo na medida em que foram
procuradas relações entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia.
2.1. Participantes
Participaram neste estudo 848 estudantes, de um total de 22 Agrupamentos de
Escolas portuguesas da Região Norte de Portugal.
No estudo desenvolvido a amostra foi constituída por 428 estudantes do ensino
básico (8º ano), com uma percentagem de 50,5% e 420 estudantes do ensino secundário
(11º ano), com uma percentagem de 49,5%, com idades compreendidas entre os 14 e os
17 anos.
Estes dados encontram-se representados na Tabela 6.
Tabela 6
Caraterização dos participantes em função do ano de escolaridade.
Ano
Idade
N
%
8º ano
14
428
50,5
11º ano
17
420
49,5
848
100,0
Total
N: amostra
2.2. Instrumentos
Os instrumentos selecionados para este estudo para avaliar a Resistência foram:
Hong Psychological Reactance Scale (HPRS) e o Therapeutic Reactance Scale de
Dowd (TRS); para avaliar a Personalidade foi selecionado o Junior Temperament and
Character Inventory (JTCI) (Cloninger, 1993; versão portuguesa Moreira, Oliveira,
41
Cloninger et al., 2012); para avaliar a Psicopatologia foi selecionado o Youth SelfReport (YSR), Questionário de Autoavaliação para Jovens (Achenbach, 1991; versão
portuguesa de Fonseca & Monteiro, 1999).
2.2.1. Escala de Resistência Psicológica de Hong
A Escala de Resistência Psicológica de Hong destina-se a medir o traço da
resistência, cuja validação tem sido discutida por vários autores (Thomas, Donnell &
Buboltz, 2001; Shen & Dillard, 2005). No presente estudo foi utilizada a escala
constituída por 14 itens de resposta da escala, pontuada de acordo com uma escala tipo
Likert, tendo sido adaptada para quatro pontos (1=Discordo Totalmente; 2=Discordo;
3=Concordo e 4=Concordo Totalmente). Os 14 itens encontram-se agrupados em quatro
fatores: a resistência à conformidade (itens 1, 2, 3 e 14); resistência à influência dos
outros (itens 10, 11, 12 e 13); resistência a conselhos e recomendações (itens 5 e 9) e
resposta emocional face a escolhas restritas (itens 4, 6, 7 e 8). Os quatro fatores no
estudo de Hong e Faedda (1996) são descritos da seguinte forma: “Resistência à
conformidade” (representa a tendência para resistir, em resposta ao conselho e sugestões
dadas por outras pessoas, que dizem respeito ao que o individuo deveria fazer); “Resistir
à Influência” (representa a tendência para resistir quando o indivíduo tem a perceção de
que outros estão a tentar controlar o seu comportamento); “Resistência à Adesão”
(tendência do indivíduo para resistir quando se espera que obedeça a regras ou desejos
de outras pessoas); e “Resposta Emocional” (tendência para resistir, quando o indivíduo
é incapaz de tomar decisões sem a interferência de outros) (Hong & Faedda, 1996). A
versão portuguesa da escala de Hong apresenta uma consistência interna aceitável de
.71 (Sousa, 2014).
2.2.2. Escala de Resistência Terapêutica de Dowd
A Escala de Resistência Terapêutica (Dowd, Milne & Wise, 1991) é utilizada
como uma medida da resistência psicológica. É uma medida de autorrelato, constituída
por 28 itens de resposta, pontuados de acordo com uma escala tipo Likert de quatro
pontos (1=Discordo Totalmente; 2=Discordo; 3=Concordo e 4=Concordo Totalmente).
Esta escala é composta por uma pontuação total (TRS: T) e duas subescalas derivadas
do fator de análise, identificadas como: Verbal (TRS: V) e Comportamental (TRS: B)
(Dowd, Milne & Wise, 1991). Apresentam-se como exemplo dos itens da subescala
42
verbal e do comportamento de oposição os seguintes itens: “Se me dizem o que fazer,
geralmente faço o oposto”; “Normalmente sigo os conselhos dos outros”. De acordo
com Dowd, Wallbrown, Sanders e Yesenosky (1994), os tipos de itens do TRS incluem
afirmações gerais que dizem respeito a um comportamento de oposição, verbal ou
comportamental. A versão portuguesa da escala de Hong apresenta uma consistência
interna aceitável de .81 (Sousa, 2014).
2.2.3. Inventário do Temperamento e do Carácter para jovens de Robert
Cloninger
A personalidade foi avaliada através da versão portuguesa do Junior
Temperament and Character Inventory (JTCI-R) (Cloninger et al., 1993), concebido
para quantificar as diferenças individuais de cada uma das 7 dimensões básicas da
personalidade postuladas pelo modelo psicobiológico de Cloninger et al., (1993). O
Inventário Júnior de Temperamento e Carácter é um instrumento de auto relato,
adaptado a crianças entre os 11 e os 18 anos (Moreira et al., 2012) e composto por 124
itens de resposta tipo Likert com cinco opções (1= Completamente Falso; 2=
Maioritariamente Falso; 3= Eu não consigo decidir!; 4= Maioritariamente Verdadeiro e
5= Completamente Verdadeiro). Inclui 26 subescalas (facetas), agrupadas em quatro
dimensões de Temperamento: Procura de Novidade (NS; 4 subescalas); Evitamento de
Dano (HA; 4 subescalas); Dependência de Recompensa (RD; 4 subescalas) e
Persistência (PS; 4 subescalas), e três dimensões de Carácter: Auto-Diretividade (SD; 4
subescalas); Cooperação (CO, 4 subescalas) e Auto Transcendência (ST; 2 subescalas).
De seguida mencionam-se as facetas das quatro dimensões do Temperamento,
acompanhadas de uma questão (exemplo) do inventário: Procura de Novidade: NS1:
Excitabilidade Exploratória (e.g. “Não tenho medo de experiências assustadoras como
andar numa montanha russa gigante”), NS2: Impulsividade (e.g. “Detesto esperar por
coisas que eu quero”, NS3: Extravagância (e.g. “Gostaria de ter roupas melhores que
as dos meus amigos”) e NS4: Desordem (e.g. “Consigo fazer com que os outros jovens
acreditem em mim quando estou a mentir”). Evitamento de Perigo: HA1: Ansiedade
antecipatória (e.g. “Não tenho grande esperança no futuro”), HA2: Medo da incerteza
(e.g. “Quando fico doente, fico muito assustado”), HA3: Timidez [e.g. “Fico nervoso(a)
quando tenho de falar em frente a pessoas (por exemplo, falar em frente da turma)”] e
HA4: Fadiga (e.g. “A seguir à escola, prefiro descansar do que sair para me divertir”).
43
Dependência de recompensa: RD1: Sentimentalismo (e.g. “Sou uma pessoa sensível”);
RD2: Abertura à comunicação (e.g. “Gostaria de ter mais privacidade”); RD3: Apego
(e.g. “É importante que pensem que sou boa pessoas”) e RD4: Dependência (e.g.
“Raramente gosto de ficar sozinho”). Persistência: PS1: Resistência ao esforço (e.g.
“Não gosto de me esforçar se não for preciso”), PS2: Trabalho (e.g. “Quanto mais fácil
é uma coisa, mais eu gosto de fazê-la”), PS3: Ambição (e.g. “Costumo dar o meu
melhor em tudo que faço”) e PS4: Perfeccionismo (e.g. “Não me preocupo muito com
as minhas notas”).
As três dimensões do Carácter são constituídas pelas seguintes facetas: Auto
Diretividade: SD1: Responsabilidade (e.g. “Se cometo um erro, admito-o”), SD2:
Propósito (e.g. “Frequentemente não sei o que quero”), SD3: Recursos (e.g. “Aguardo
que os outro assumam a liderança”), SD4: Autoaceitação (e.g. “Estou satisfeito com a
minha imagem”). Cooperação: CO1: Aceitação Social (e.g. “Fico chateado com pessoas
que não vêm as coisas à minha maneira”), CO2: Empatia (e.g. “Não me preocupo muito
com os sentimentos dos outros”), CO3: Altruísmo (e.g. “Gosto de ajudar os outros
colegas a aprender”) e CO4: Compaixão e valores (e.g. “Não costumo pedir desculpa,
mesmo que tenha tratado mal alguém”). Auto Transcendência: ST1: Fantasia e
Imaginação (e.g. “Divirto-me tanto ou mais a imaginar do que a fazer as coisas”) e
ST2: Espiritualidade (e.g. “Tudo tem uma razão de ser até mesmo as coisas más”).
Na versão portuguesa da escala foram encontradas boas características
psicométricas: a escala NS apresenta um valor alpha de Cronbach .76, HA de .67, RD
de .57, PS de .66, SD de .76, CO de .82 e ST de .69 (Moreira et al., 2012).
2.2.4. Questionário de Autoavaliação para Jovens de Achenbach
A psicopatologia foi avaliada através dos dados obtidos da adaptação portuguesa
do questionário Youth Self-Report de Achenbach (1991) levada a cabo por Fonseca e
Monteiro (1999) e do questionário Child Behavior Checklist de Achenbach (1991, adap.
portuguesa, Fonseca et al., 1994). O YSR é um questionário de autoavaliação para
jovens entre os 11 e os 18 anos, sendo composto por uma descrição simples de
comportamentos problemáticos, também com itens relativos a um conjunto de
competências – escolares, de atividades e sociais.
44
O questionário divide-se em duas partes: a primeira é relacionada com as
competências, atividades e interesses sociais do indivíduo (participação em atividades
desportivas e de lazer, relacionamento com amigos, pais e irmãos, grau de autonomia,
nível de desempenho escolar…); a segunda parte é constituída por 112 itens, que na sua
maioria são relacionados com problemas específicos do comportamento e os restantes
dizem respeito a comportamentos socialmente desejáveis (“sou muito honesto”, “gosto
de ajudar os outros quando eles precisam” ou “procuro ser justo para com os outros”)
(Fonseca & Monteiro, 1999). Assim, referem-se a comportamentos problemáticos que
se congregam em 8 categorias: 1) Evitamento Social: está associado a isolamento ou
mal-estar interpessoal e energia reduzida, que conduzem frequentemente o adolescente
a evitar determinados contactos sociais e a ser mais reservado; 2) Queixas somáticas; 3)
Ansiedade e Depressão; 4) Problemas Sociais: encontra-se relacionado, essencialmente,
com a qualidade das relações interpessoais e a aceitação social; 5) Problemas de
Atenção: associado ao diagnóstico categorial de perturbação de hiperatividade e défice
de atenção; 6) Problemas de Pensamento: pode surgir de forma elevada em perturbações
psicóticas ou em quadros obsessivo-compulsivos; 7) Comportamento Agressivo: fator
que representa um comportamento de desafio aberto e surge associado, entre outras, às
perturbações de desafio ou oposição e da conduta; 8) Comportamento Delinquente:
trata-se de um comportamento de desafio mais interiorizado, associado a características
típicas das perturbações de conduta e do comportamento desviante. Para extrair estas
categorias, Achenbach realizou várias análises fatoriais com amostras clínicas, dada a
variabilidade das respostas aos itens ser superior nestas, por comparação às amostras
normativas. Estas permitiram evidenciar oito síndromes. O autor efetuou, ainda,
análises fatoriais de segunda ordem, que permitiram extrair dois fatores –
designadamente “Externalização” e “Internalização”. O primeiro corresponde a
síndromes cujas problemáticas incidem em conflitos com o ambiente, enquanto os
problemas de internalização envolvem, essencialmente, conflitos com o self.
A subescala do YSR-Escala de Problemas deste estudo incluiu o seguinte
agrupamento de itens: Ansiedade / Depressão (constituída por treze itens); Isolamento /
Depressão (oito itens); Queixas Somáticas (dez itens); Problemas Sociais (onze itens);
Problemas de Pensamento (doze itens); Problemas de Atenção (nove itens);
Comportamento Delinquente (quinze itens); Comportamento Agressivo (dezassete
itens); Outros Problemas (dez itens).
45
A cotação das respostas ocorre seguinte forma: 0 (a afirmação não é verdadeira),
1 (a afirmação de alguma forma ou algumas vezes verdadeira) ou 2 (a afirmação é
muito verdadeira ou muitas vezes verdadeira). As questões do YSR foram elaboradas de
forma a obter-se a perceção do jovem sobre si mesmo e em relação às suas
competências ou dificuldades individuais ou grupais. O quadro temporal a que se
referem as questões situa-se nos últimos 6 meses que antecederam a resposta ao
questionário. A versão portuguesa do YSR tem qualidades psicométricas aceitáveis e
constitui um instrumento útil de investigação no domínio da psicopatologia infantil e
juvenil. Para além do score global de psicopatologia, fornece também indicações úteis
sobre diversos tipos mais específicos de distúrbios, o que pode alargar o seu campo de
aplicação. Na versão portuguesa da escala a consistência interna apresenta valores
aceitáveis que variam entre .70 e .80 (Fonseca & Monteiro, 1999).
2.3. Procedimentos
2.3.1. Recolha de Dados
No sentido de iniciar o procedimento de recolha de dados foi necessário obter
autorização por parte dos Agrupamentos de Escolas, para que posteriormente os pais e
os participantes recebessem o consentimento informado (assinado pelos encarregados
de educação); foi explicado o objetivo do estudo e os questionários foram
administrados, pedindo-se que os participantes indicassem o quanto cada enunciado se
aplicava a si mesmo, durante os últimos dias. Aqueles que mostraram alguma
dificuldade no preenchimento dos questionários contaram com a ajuda do responsável
pelo acompanhamento do preenchimento dos instrumentos. Na folha de rosto do
questionário, foram recolhidos alguns dados como a identificação do estudante, género,
idade e o ano de escolaridade. Foram porém garantidos o anonimato e a
confidencialidade dos dados dos participantes.
Os dados foram recolhidos em 2014 e introduzidos para análise com recurso ao
programa de estatística SPSS - versão 20.0 (Statistical Package for the Social Sciences).
2.3.2. Análise de Dados
Todas as análises foram feitas com recurso ao programa de estatística SPSS –
versão 20.0, nomeadamente a análise das frequências (diferença de médias), o estudo
46
das correlações de Pearson entre variáveis e regressões lineares múltiplas com vista à
seleção de preditores e determinação do respetivo modelo explicativo da resistência
psicológica.
3.Resultados
Serão apresentados em primeiro lugar alguns resultados estatísticos da amostra
nomeadamente as diferença de médias registadas, posteriormente as matrizes de
correlação e finalmente os modelos das regressões lineares múltiplas efetuadas.
Na Tabela 7 constam as diferenças de médias entre os grupos do 8º e 11º ano
quanto à resistência psicológica. Foi também considerada como variável a Resistência
Total como resultado da combinação das Escalas de Hong e de Dowd. As diferenças
entre os dois grupos não registam valores elevados; no entanto é possível verificar que a
resistência psicológica é maior no 8º ano, nos valores totais e em todas as subescalas,
com exceção da Dowd-Suscetibilidade à Influência (9,9821 – 8º ano e 10,2262 - 11º
ano) e Hong-Resposta Emocional (10,8764 – 8º ano e 11,1089 – 11º ano).
Tabela 7
Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da resistência
psicológica (Escalas da Resistência de Hong e Dowd).
8º ano
N
Dowd-Ressentimento à
Autoridade
Dowd-Suscetibilidade à
Influência
Dowd-Evitamento de
Conflitos
Dowd-Preservação da
Liberdade
Hong-Resposta Emocional
Hong-Resistência à
Conformidade
Hong-Resistência à
Influência
Hong-Resistência à Adesão
M
11º ano
DP
N
M
DP
t
428 11,9098 2,96215 420 11,7161 2,61103 1,011
df
p
836,467 ,000
428 9,9821 2,17816 420 10,2262 1,85820 -1,757 829,991 ,173
428 6,0437
1,1231 420
5,9596
1,01024 1,147
428 11,6731 1,83811 420 11,6326 1,56180
,346
839,686 ,028
829,088 ,007
428 10,8764 2,27249 420 11,1089 2,35142 -1,464 843,629 ,016
428 7,1062 2,80213 420
6,9951
1,63280
,707
689,489 ,004
428 5,3560 1,58874 420
5,2238
1,18400 1,376
789,420 ,017
428 4,6594 1,68423 420
4,5560
1,16366 1,042
760,160 ,000
Hong-Total
428 27,9979 5,53146 420 27,8838 4,62481
,326
825,261 ,004
Dowd-Total
428 39,6087 3,7944 420 39,5345 3,38600
,301
838,494 ,086
Resistência-Total
428 67,6066 7,95519 420 67,4183 6,94089
,367
834,608 ,026
N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância.
47
A Tabela 8 apresenta os valores médios da amostra dos grupos do 8º e 11º ano
de escolaridade para as dimensões da personalidade previstas no instrumento utilizado
(JTCI).
Tabela 8
Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível das dimensões da
personalidade (JTCI).
8º ano
N
M
11º ano
DP
N
M
DP
t
df
p
(NS) Procura de Novidade
428 70,5442 9,56478 420 70,1410 8,65812 ,644 840,558 ,003
(HA) Evitamento do Perigo
(RD) Dependência de
Recompensa
(PS) Persistência
428 57,8956 7,53319 420 57,8117 7,61192 ,161 845,275 ,902
(SD) Auto Diretividade
428 77,8087 6,58332 420 77,1430 6,09435 1,528 843,145 ,006
(CO) Cooperação
428 64,0411 5,41880 420 64,2534 5,03090 -,592 843,421 ,309
(ST) Auto Transcendência
428 32,2505 5,4448 420 31,9406 4,65660 ,891 830,538 ,070
428 49,9257 4,97242 420 49,8464 4,71777 ,238 845,043 ,051
428 55,5486 5,23763 420 54,5752 4,70768 2,848 839,575 ,008
N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância.
Na Tabela 8 verifica-se que os valores médios registados para as várias
dimensões da personalidade são muito idênticos entre os grupos, não se distinguindo
neste âmbito. Por exemplo, o valor médio da Procura de Novidade (NS) nos
participantes do 8º ano é de 70,5442, e o do 11º é de 70,1410; a mesma semelhança de
valores verifica-se na Cooperação (CO) e na Auto Diretividade (SD), com valores
médios de 64,0411 nos alunos do 8º e de 64,2534 no 11º na Cooperação (CO), e valores
de 77,8087 (8º) e 77,1430 (11º) quanto à Auto Diretividade (SD). Mesmo o desvio
padrão que se regista para todas as dimensões da personalidade apresenta expressão
idêntica nos dois grupos.
Na Tabela 9 constam os valores da psicopatologia resultantes do YSR na
subescala do DSM. Estes evidenciam distinção entre os dois grupos em todos os itens
com exceção dos fatores Somáticos que têm um comportamento idêntico às dimensões
de personalidade (1,9745 nos 8º e 1,9801 nos 11º). A Depressão apresenta um valor de
4,4049 no 8º ano e 5,0349 no 11º; o valor da Ansiedade apresentado é de 4,8123 no 8º e
de 5,2767 no 11º; o Deficit de Atenção apresenta um valor de 4,2432 no 8º e de 4,7094
no 11º; o Comportamento de Oposição tem valores de 2,5490 no 8º e 2,8507 no 11º.
Deste modo os valores registados parecem apontar para a conclusão de que os
participantes
mais
velhos
(11º
ano)
apresentam
maior
sintomatologia
e
48
consequentemente maior possibilidade de poderem vir a sofrer de psicopatologias
futuras.
Tabela 9
Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da psicopatologia
(YSR-Escala do DSM).
8º ano
N
DSM-Problemas Depressivos
M
11º ano
DP
N
M
t
DP
df
p
428 4,4049 4,37226 420 5,0349 4,00672 -2,188 842,076 ,378
DSM-Problemas de Ansiedade 428 4,8123 3,35006 420 5,2767 3,23164 - 2,055 845,753 ,117
DSM-Problemas Somáticos
428 1,9745 2,60415 420 1,9801 2,23365
-,034
DSM-Deficit de Atenção/
Hiperatividade
428 4,2432 3,00228 420 4,7094 2,80483 -2,337 843,967 ,091
DSM-Problemas de
Comportamento de Oposição
428 2,5490 2,22062 420 2,8507 2,14483 -2,013 845,788 ,189
DSM-Problemas de Conduta
428 3,5303 4,38619 420 3,2021 3,55341
1,199
831,166 ,014
816,822 ,009
N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância.
Na tabela 10 apresentam-se as diferenças de médias dos dois grupos na
psicopatologia na subescala do YSR - Escala de Problemas.
Tabela 10
Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da psicopatologia
(YSR-Escala de Problemas).
8º ano
N
M
11º ano
DP
N
M
DP
t
df
p
1. Ansiedade / Depressão
428 5,7923
5,7923
420
6,2506
4,35148
-1,480 843,868 ,147
2. Isolamento / Depressão
428 3,7588
2,75683 420
4,4068
2,68707
-3,466 845,962 ,678
3. Queixas Somáticas
428 3,2797
3,62796 420
3,5606
3,20510
-1,195 836,854 ,029
4. Problemas Sociais
5. Problemas de
Pensamento
6. Problemas de Atenção
7. Comportamento
Delinquente
8. Comportamento
Agressivo
9. Outros Problemas
428 3,2883
3,78591 420
2,9152
3,09871
1,572
428 3,9047
4,32413 420
4,3995
3,84062
-1,762 837,746 ,086
428 5,0046
3,58255 420
5,6037
3,27040
-2,544 841,626 ,056
428 3,9554
4,24591 420
4,6151
3,74665
-2,400 836,653 ,639
428 6,4530
5,51432 420
6,7765
4,79360
-,912
833,903 ,047
428 4,6853
3,36493 420
4,6937
2,83443
-,039
827,072 ,011
Internalização
428 12,8308 9,77427 420 14,2180
8,77275
-2,176 839,367 ,142
Externalização
428 10,4084 9,17221 420 11,3915
7,84259
-1,679 830,487 ,054
YSR-Total
428 40,1221 30,32282 420 43,2216 24,62951 -1,635 817,562 ,001
819,697 ,000
N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância.
Tal como na Escala do DSM, a Escala de Problemas apresenta no 11º ano
valores mais elevados, à exceção dos Problemas Sociais (3,2883 – 8º ano e 2,9152 – 11º
49
ano). Os resultados na Tabela 10 reforçam a conclusão do comentário da Tabela 9:
também estes apontam para a conclusão de que os participantes mais velhos (11º ano)
apresentam maior sintomatologia à propensão de psicopatologias.
Na Tabela 11 apresenta-se a correlação de Pearson entre as variáveis da escala
da resistência de Hong e Dowd e as dimensões da personalidade. Foi também
considerada como variável (Resistência Total) o resultado da combinação das referidas
Escalas de resistência.
Destacam-se algumas dimensões. A dimensão da personalidade Procura de
Novidade (NS) apresenta valores significativos e estáveis de correlação positiva com os
itens da escala da resistência de Hong (Hong Total), de Dowd (Dowd Total) e no
resultado da combinação das duas escalas (Resistência Total). Verifica-se assim um
valor significativo de correlação desta dimensão com a Hong Total de ,312, com Dowd
Total que regista ,232 e com a Resistência Total em que o valor é de ,325.
A dimensão Cooperação (CO) também apresenta valores estáveis e
significativos com as três variáveis. Assim, na Hong Total apresenta um valor de ,143;
na Dowd Total apresenta ,173 e na Resistência Total verifica-se um valor também
significativo de ,181.
Já a dimensão Dependência de Recompensa (SD) não apresenta correlação com
a resistência verificando-se que os valores da correlação com todas as variáveis são
pouco significativos. Apresenta um valor de ,54 na Hong Total, também ,54 na Dowd
Total e ,63 na Resistência Total.
Tal como medida na Escala de Dowd (Total) a resistência psicológica tem
valores de correlação positiva com as dimensões da personalidade menos expressivos
do que se regista com a escala de Hong (Total) e com a Resistência Total, apresentando
apesar disso valores significativos no que respeita às dimensões: Procura de Novidade
(NS) ,232; Cooperação (CO) ,173; Auto Transcendência (ST) ,149 e a Persistência (PS)
,108. Verifica-se que na escala de Dowd, o item Suscetibilidade à Influência regista
correlações negativas com cinco das dimensões da personalidade: Auto Diretividade
(SD) -,222; Procura de Novidade (NS) -,209; Evitamento (HA) -,163; Dependência de
Recompensa (RD) -,136 e Auto Transcendência (ST) -,104.
50
Na Escala de Hong (Total) as correlações positivas com as dimensões da
personalidade apresentam todas valores elevados e com significância dado que registam
um valor de p<0,01 [com a exceção da já referida Dependência da Recompensa (RD)
com ,054]; comparando a ordenação dos valores de correlação entre a escala de Hong e
a Resistência Total regista-se uma maior expressão relativa da Auto Diretividade (SD)
,166 na Hong, que troca de posição com a Cooperação (CO) (segundo valor mais
elevado na Resistência Total ,181); assinale-se ainda um valor comparativamente mais
baixo da Auto Transcendência ,091, em sexto lugar na ordenação dos valores de
correlação com as dimensões de personalidade na escala de Hong, que no caso da
Resistência Total é o quarto valor mais elevado de correlação com ,134.
51
Tabela 11
Correlação de Pearson entre resistência psicológica e personalidade (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e JTCI).
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1. (NS) Procura de
1
Novidade
2. (HA) Evitamento do
,395**
1
Perigo
3. (RD) Dependência de
,315** ,371**
1
Recompensa
4. (PS) Persistência
,396** ,335**
,334**
1
5. (SD) Auto Diretividade
,333** ,270**
,317** ,401**
1
6. (CO) Cooperação
,325** ,314**
,393** ,347** ,374**
1
7. (ST) Auto
,306** ,373**
,338** ,263** ,291** ,364**
1
Transcendência
8. Dowd-Ressentimento à
,302** ,126**
,048
,222** ,229** ,110** ,086*
1
Autoridade
9. Dowd-Suscetibilidade à
-,209** -,163** -,136** ,215** -222** ,107** -,104** -,532**
1
Influência
10. Dowd-Evitamento de
Conflitos
11. Dowd-Preservação da
Liberdade
12. Hong-Resposta
Emocional
13. Hong-Resistência à
Conformidade
14. Hong-Resistência à
Influência
15. Hong-Resistência à
Adesão
16. Hong-Total
17. Dowd-Total
18. Resistência-Total
10
11
12
13
14
15
16
17
18
,098**
,111**
,134**
,065
,045
,157**
,170**
,137**
-,139**
,183**
,072*
,114**
,079*
,045
,213**
,191**
,209**
-,134** ,466**
,229**
,097**
,044
,020
,060
,104**
,099**
,309**
-,152** ,179** ,327**
,215**
,128**
,037
,089** ,142** ,108**
,051
,403**
-,245**
,202**
,083*
,058
,107** ,114** ,127**
,062
,446**
-,249** ,150** ,203** ,306** ,222**
,196**
,054
,005
,115** ,154**
,021
,549**
-,385**
,312**
,232**
,325**
,140**
,073*
,131**
,054
,054
,063
,111** ,166** ,143**
,108** ,088 ,173**
,128** ,156** ,181**
,091**
,149**
,134**
,601**
,617**
,708**
-,387** ,167** ,302** ,721** ,717** ,609** ,645**
1
,046
,546** ,700** ,363** ,282** ,347** ,650** ,458** 1
-,222** ,377** ,544** ,668** ,625** ,583** ,558** ,904** ,795** 1
,045
1
1
1
,087* ,170** ,245**
,017
1
1
,076* ,256** ,331** ,332**
1
Nota:*p<0,05; **p<0,01
52
Na Tabela 12 encontram-se expressos os valores da correlação de Pearson entre
as variáveis Resistência Total, Dowd Total e Hong Total e a psicopatologia.
Assim, as psicopatologias Deficit de Atenção e o Comportamento de Oposição,
registam uma correlação positiva elevada com a resistência psicológica, tanto na Escala
de Hong (,187 e ,158 respetivamente), como na Escala de Dowd (,128 e ,121
respetivamente) e também com a Resistência Total (,189 e ,186 respetivamente).
Na Escala de Dowd a psicopatologia Deficit de Atenção é a que apresenta o
valor mais significativo ,128, com uma correlação positiva com a resistência
psicológica.
Na Escala de Hong todos os valores traduzem fortes correlações entre a
resistência psicológica e as psicopatologias, destacando-se o valor relativo aos
Problemas de Conduta, que, de entre as psicopatologias, é a que regista maior
correlação com a Resistência Total com um valor de ,090.
53
Tabela 12
Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala do DSM).
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1. DSM-Problemas
1
Depressivos
2. DSM-Problemas de
,668**
1
Ansiedade
3. DSM-Problemas
,656** ,511**
1
Somáticos
4. DSM-Deficit de Atenção/
,524** ,463** ,389**
1
Hiperatividade
5. DSM-Problemas de
,500**
Comportamento de Oposição
6. DSM Problemas Conduta
7. Dowd-Ressentimento à
Autoridade
8. Dowd-Suscetibilidade à
Influência
9. Dowd-Evitamento de
Conflitos
10. Dowd-Preservação da
Liberdade
11. Hong-Resposta
Emocional
12. Hong-Resistência à
Conformidade
13. Hong-Resistência à
Influência
14. Hong-Resistência à
Adesão
15. Hong_Total
16. Dowd_Total
17. Resistência_Total
Nota:*p<0,05; **p<0,01
,448**
,334**
,560**
,662**
,460**
,547**
,523** ,536**
,176**
,043
,118**
,185** ,141** ,237**
,180** -,133**
-,113** -,107**
13
14
15
16
17
1
-,063
1
1
-,202** -,532**
1
,025
,042
-,054
,039
,023
-,060
,137**
-,139**
1
-,026
,032
-,034
,069*
,085*
,000
,209**
-,134** ,466**
1
,141**
,089**
,065
,123** ,127** ,137**
,309**
-,152** ,179**
,327** 1
,141**
,067
,116**
,172** ,125** ,195**
,403**
-,245**
,099**
,025
,056
,088*
,076*
,099**
,446**
-,249** ,150** ,203** ,306**
,130**
,008
,097**
,103**
,083*
,224**
,549**
-,385**
,192**
,015
,139**
,080*
-,014
,048
,125**
-,004
,083*
,187** ,158** ,241**
,128** ,121** ,052
,189** ,166** ,190**
,601**
,617**
,708**
-,387** ,167** ,302** ,721** ,717** ,609** ,645** 1
,046 ,546** ,700** ,363** ,282** ,347** ,650** ,458**
1
-,222** ,377** ,544** ,668** ,625** ,583** ,558** ,904** ,795** 1
,087* ,170**
,017
,245** 1
,222**
1
,076* ,256** ,331** ,332**
1
54
Na Tabela 13 encontram-se expressos os valores da correlação de Pearson entre
as variáveis das Escalas da Resistência (Hong Total e Dowd Total); também foi
considerada como variável a Resistência Total . No YSR foram incluídas a subescala de
problemas, os valores do YSR Total, a Internalização e a Externalização.
O coeficiente de correlação mais elevado em relação à Resistência Total é a
Externalização (,223**), no entanto, todos itens apresentam correlações positivas com
valores significativos, designadamente o Comportamento Delinquente (,212**).
No que diz respeito à Hong Total também a correlação mais elevada se regista
em relação à Externalização (,252**), sendo o segundo valor mais elevado o
Comportamento Delinquente (,245**). Todos os itens nesta escala apresentam
correlações positivas com o YSR-Escala de Problemas com valores com significância
(**p<0,01).
Relativamente à variável Dowd Total, registam-se algumas correlações
negativas, as únicas das correlações em análise, mas com valores pouco expressivos:
Problemas Sociais com -,038; Isolamento / Depressão com -,002; Queixas Somáticas
com -,015 e a Internalização com -,006.
55
Tabela 13
Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala de Problemas).
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1. Ansiedade / Depressão
1
2. Isolamento / Depressão
,663**
3. Queixas Somáticas
,648** ,566**
4. Problemas Sociais
,707** ,614** ,655**
5. Problemas de Pensamento
,684** ,612** ,650** ,679**
6. Problemas de Atenção
7. Comportamento
Delinquente
8. Comportamento Agressivo
,572** 511** ,516** ,579** ,611**
9. Outros Problemas
,589** ,479** ,542** ,651** ,615** ,600** ,644** ,691**
10. Internalização
,918** ,824** ,849** ,765** ,751** ,617** ,560** ,677** ,626**
11. Externalização
,610** ,560** ,576** ,738** ,740** ,672** ,910** ,947** ,721** ,673**
12. YSR-Total
13. Hong_Total
,825** ,735** ,767** ,856** ,859** ,770** ,799** ,870** ,793** ,898** ,902**
1
,126** ,189** ,125** ,171** ,216** ,211** ,245** ,226** ,205** ,148** ,252** ,230**
13
14
15
1
1
1
1
1
,482** ,484** ,500** ,682** ,662** ,590**
1
,635** ,549** ,565** ,691** ,708** ,652** ,727**
14. Dowd_Total
,000
-,002
-,015
15. Resistência-Total
,086*
,094*
,078*
-,038
,058
,93**
,093
1
1
,103** ,108**
1
-,006
1
,106**
,058
1
,458**
1
,099** ,175** ,189** ,212** ,204** ,192** ,098** ,223** ,185** ,904** ,795**
1
Nota:*p<0,05; **p<0,01
56
Com vista a identificar quais os preditores da resistência psicológica efetuaramse regressões lineares múltiplas considerando como variáveis dependentes a resistência
psicológica (denominada como Resistência Total) resultante da combinação dos
resultados das Escalas da Resistência de Dowd (Dowd Total) e Hong (Hong Total) e os
próprios valores globais das referidas escalas. As variáveis independentes consideradas
foram as dimensões da personalidade (NS; HA; RD; PS; SD; CO e ST do modelo de
Cloninger), e as psicopatologias (Escala do YSR, com as subescalas do DSM e da
Escala de Problemas).
Para cada uma das variáveis dependentes e através do recurso ao método
stepwise foram identificados os preditores da resistência psicológica. Posteriormente
por recurso ao método backward obteve-se a respetiva confirmação, tendo sido
finalmente utilizado o método enter para cálculo dos resultados finais dos modelos.
Os preditores identificados foram:
- para a variável Dowd Total: a Procura de Novidade (NS) e a Cooperação (CO)
nas dimensões da personalidade, e na psicopatologia a Ansiedade e o Deficit de
Atenção, no que respeita à combinação entre a personalidade e a subescala do YSREscala do DSM (Tabela 14); quanto à combinação da personalidade e o YSR-Escala de
Problemas, os preditores identificados foram a Procura de Novidade (NS) e a
Cooperação (CO) nas dimensões de personalidade, e Problemas Sociais e
Externalização nas psicopatologias (Tabela 17); no que se refere à combinação entre
personalidade e Internalização / Externalização, os preditores identificados foram
Procura de Novidade (NS), Cooperação (CO), Internalização, Externalização e Auto
Transcendência (ST) (Tabela 20);
- para a variável Hong Total: a Procura de Novidade (NS) e Auto Diretividade
(SD) como dimensões da personalidade, e na psicopatologia a Ansiedade e Problemas
de Conduta, no que respeita à combinação entre a personalidade e a subescala YSREscala do DSM (Tabela 15); quanto à combinação personalidade e YSR-Escala de
Problemas, os preditores identificados foram Procura de Novidade (NS) e Auto
Diretividade (SD) nas dimensões de personalidade, e Comportamento Delinquente nas
psicopatologias (Tabela 18); no que se refere à combinação entre personalidade e
57
Internalização / Externalização, os preditores identificados foram a Procura de
Novidade (NS), Auto Diretividade (SD) e Externalização (Tabela 21);
- para a variável Resistência Total: a Procura de Novidade (NS) e Cooperação
(CO) como dimensões da personalidade, e na psicopatologia Problemas de Conduta e
Problemas de Ansiedade, no que respeita à combinação entre personalidade e a
subescala YSR-DSM (Tabela 16); quanto à combinação Personalidade e YSR-Escala de
Problemas, os preditores identificados foram Procura de Novidade (NS) e Cooperação
(CO) nas dimensões de personalidade, e Comportamento Delinquente e Problemas
Sociais nas psicopatologias (Tabela 19); no que se refere à combinação entre
Personalidade e Internalização / Externalização, os preditores identificados foram
Procura de Novidade (NS), Cooperação (CO) e Externalização e Internalização (Tabela
22).
Finalmente apresentam-se as Tabelas que traduzem os modelos de regressão
apurados.
Tabela14
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Dowd, JTCI e YSR-Escala do DSM).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
R² ajustado Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
1
,232a
,054
,053
2
,254b
,064
,062
3,49982
,054
48,190
1
846
,000
3,48221
,011
9,576
1
845
,002
3
,265c
,070
,067
3,47356
,006
5,217
1
844
,023
4
,279d
,078
,073
3,46158
,007
6,852
1
843
,009
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 5,4%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) 1,1%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) e DSM-Ansiedade 0,6%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), DSM-Ansiedade e DSM-Deficit de
Atenção/Hiperatividade 0,7%
e Variável Dependente: Dowd Total
Como se pode verificar na Tabela 14 a resistência, como avaliada na Escala de
Dowd, é explicada em 5,4% pela Procura da Novidade (NS), o preditor com maior
relevância. O segundo preditor, com maior influência na resistência psicológica, neste
modelo, é ainda uma dimensão de personalidade (JTCI), a Cooperação (CO) com 1,1%.
As psicopatologias (YSR-Escala do DSM) são o DSM-Ansiedade e o DSM-Deficit de
58
Atenção / Hiperatividade que explicam em conjunto 1,3% da resistência psicológica
neste modelo; o valor total do modelo explica 7,8% da resistência.
Para os resultados da resistência psicológica medidos na Escala de Hong (Tabela
15) na combinação entre as dimensões da personalidade (JTCI) e da psicopatologia
(YSR- Escala do DSM) o modelo apresenta melhores resultados já que no seu conjunto
os preditores identificados explicam 12,9%; assume largamente um maior destaque a
Procura de Novidade (NS) com 9,7%. Tem ainda algum relevo o valor registado pelo
preditor Problemas de Conduta com 2,3% (DSM).
Tabela 15
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Hong, JTCI e YSR-Escala do DSM).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
R² ajustado
Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
1
,312a
,097
,096
4,84791
,097
91,340
1
846
,000
2
,348b
,121
,119
4,78731
,023
22,554
1
845
,000
3
,354c
,126
,122
4,77758
,005
4,444
1
844
,035
4
,360d
,130
,125
4,46929
,004
3,938
1
843
,048
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 9,7%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta 2,3%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, SD (Auto Diretividade) 0,5%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, SD (Auto Diretividade), DSMAnsiedade 0,4%
e Variável Dependente: Hong Total
Na variável Resistência Total (Tabela 16) a dimensão Procura de Novidade (NS)
reforça o seu papel de preditor mais relevante com 10,6%, no que respeita à combinação
entre a personalidade (JTCI) e a psicopatologia (YSR-Escala do DSM). Sendo esta
variável resultante da junção das Escalas de Hong e de Dowd, o preditor Problemas de
Conduta (YSR-Escala do DSM) com 0,9% é o segundo mais relevante, sendo também
identificados com valores aproximados os preditores Cooperação (CO) e Problemas de
Ansiedade (YSR-Escala do DSM); em conjunto explicam 2,4% da resistência total.
59
Tabela 16
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia
(Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Escala do DSM).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
R² ajustado Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
1
,325a
,106
,105
7,06502
,106
99,937
1
846
,000
2
,339b
,115
,113
7,03328
,009
8,652
1
845
,003
3
,350c
,123
,119
7,00609
,008
7,572
1
844
,006
4
,360d
,130
,126
6,98147
,007
6,963
1
843
,008
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 10,6%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta 0,9%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, CO (Cooperação) 0,8%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, CO (Cooperação), DSMProblemas de Ansiedade 0,7%
e Variável Dependente: Resistência Total
As Tabelas 17, 18 e 19 dizem respeito à combinação entre as dimensões da
personalidade (JTCI) e da psicopatologia (resultados de acordo com a subescala YSREscala de Problemas). Os resultados dos modelos preditores reforçam a importância
relativa predominante da Procura de Novidade (NS).
Tabela 17
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Dowd, JTCI e YSR-Escala de Problemas).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
R² ajustado
Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
1
,232a
,054
,053
3,49982
,054
48,190
1
846
,000
2
,254b
,064
,062
3,48221
,011
9,576
1
845
,002
3
,269c
,072
,069
3,46961
,008
7,151
1
844
,008
4
,296d
,088
,083
3,44301
,015
14,092
1
843
,000
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 5,4%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) 1,1%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Problemas Socias 0,8%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Problemas Sociais, Externalização 1,5%
e Variável Dependente: Dowd Total
Para além da Procura de Novidade (NS) com 5,4%, na Tabela 17 surgem como
preditores a Cooperação (CO), os Problemas Sociais (YSR-Escala de Problemas) e a
Externalização que em conjunto representam 3,4% na explicação do valor de resistência
psicológica medida na Escala de Dowd.
60
Tabela 18
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Hong, JTCI e YSR-Escala de Problemas).
Variações Estatísticas
Modelo
1
2
3
R
R²
R² ajustado
Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
,312a
,347b
,353c
,097
,120
,125
,096
,118
,122
4,84791
4,78886
4,77935
,097
,023
,005
91,340
21,992
4,366
1
1
1
846
845
844
,000
,000
,037
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 9,7%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente 2,3%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente, SD (Auto
Diretividade) 0,5%
d Variável Dependente: Hong Total
No modelo da Tabela 18 registam-se apenas três preditores de resistência. Para
além da Procura de Novidade (NS) com 9,7%, figuram como preditores o
Comportamento Delinquente (YSR-Escala de Problemas) e a Auto Diretividade (SD),
que em conjunto representam 2,3% na explicação do valor de resistência psicológica
medida na Escala de Hong.
Tabela 19
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Escala de Problemas).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
R² ajustado
Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
1
,325a
,106
,105
7,06502
,106
99,937
1
846
,000
2
,344b
,118
,116
7,01947
,013
12,015
1
845
,001
3
,355c
,126
,123
6,99202
,008
7,647
1
844
,006
4
,361d
,130
,126
6,97900
,004
4,154
1
843
,042
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 10,6%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente 1,3%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente, CO (Cooperação) 0,8%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente, Co (Cooperação), Problemas
Sociais 0,4%
e Variável Dependente: Resistência Total
Mais uma vez, nesta combinação a Procura de Novidade (NS) apresenta-se na
Tabela 19 com um valor significativamente mais elevado de 10,6%; seguem-se: o
Comportamento Delinquente (YSR-Escala de Problemas), a Cooperação (CO) e os
Problemas Sociais (YSR-Escala de Problemas) que perfazem um valor de 2,5%,
traduzindo assim os registos verificados na variável resistência total como resultante das
variáveis dos modelos de Hong e Dowd.
61
As Tabelas 20, 21 e 22 contêm os modelos dos preditores identificados
considerando como variáveis independentes as dimensões da Personalidade (JTCI) e a
Internalização / Externalização (YSR).
A variável Dowd Total na Tabela 20 regista como preditores três dimensões da
personalidade [Procura de Novidade (NS), Cooperação (CO) e Auto Transcendência
(ST)] com um valor total de 7%, e a Internalização e a Externalização com um valor de
1,2%.
Tabela 20
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Dowd, JTCI e YSR-Internalização-Externalização).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
1
,232a
,054
2
,254b
3
,263c
4
5
R² ajustado
Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
,053
3,49982
,054
48,190
1
846 ,000
,064
,062
3,48221
,011
9,576
1
845 ,002
,069
,066
3,47551
,005
4,263
1
844 ,039
,277d
,077
,072
3,46355
,007
6,837
1
843 ,009
,286e
,082
,076
3,45577
,005
4,803
1
842 ,029
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 5,4%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) 1,1%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Internalização 0,5%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Internalização, Externalização 0,7%
e Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Internalização, Externalização, ST (Auto
Transcendência) 0,5%
f Variável Dependente: Dowd Total
Tabela 21
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala
da Resistência de Hong, JTCI e YSR-Internalização-Externalização).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
1
,312a
,097
,096
2
,343b ,117
3
,350c
,122
R² ajustado Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
4,84791
,097
91,340
1
846
,000
,115
4,79673
,020
19,150
1
845
,000
,119
4,78654
,005
4,604
1
844
,032
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 9,7%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização 2,0%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização, SD (Auto Diretividade) 0,5%
d Variável Dependente: Hong Total
62
Na Tabela 21 a variável Hong Total regista apenas três preditores, contendo duas
dimensões da personalidade [Procura de Novidade (NS) e Auto Diretividade (SD)] com
10,2% e a Externalização com 2,0%.
Tabela 22
Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia
(Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Internalização-Externalização).
Variações Estatísticas
Modelo
R
R²
R² ajustado
Erro estimado
R²
F
df1
df2
p
1
,325a
,106
,105
7,06502
,106
99,937
1
846 ,000
2
,341b
,117
,115
7,02574
,011
10,485
1
845 ,001
3
,352c
,124
,121
7,00149
,007
6,863
1
844 ,009
4
,359d
,129
,125
6,98577
,005
4,804
1
843 ,029
a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 10,6%
b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização 1,1%
c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização, CO (Cooperação) 0,75%
d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização, CO (Cooperação), Internalização 0,5%
e Variável Dependente: Resistência Total
Na Tabela 22 a variável Resistência Total regista como preditor com uma
percentagem elevada de 10,6% a Procura de Novidade (NS). Os restantes preditores
representam 2,35% sendo a Externalização, Cooperação (CO) e a Internalização.
4. Discussão dos Resultados
O objetivo deste estudo visou analisar a relação entre resistência psicológica,
personalidade e psicopatologia, evidenciando o modo como se interrelacionam e
influenciam, no qual foram testadas várias hipóteses, que serão discutidas:
Hipótese (h1): Existe correlação entre a resistência psicológica e a personalidade.
Os valores dos resultados das correlações entre a resistência psicológica e a
personalidade mostram que neste estudo se pode concluir uma resposta afirmativa à
hipótese formulada (h1). De facto, qualquer que seja a escala de medida adotada, é
muito significativa a existência de correlação positiva para todas as dimensões, com
valores particularmente fortes para a Procura de Novidade (NS); as únicas exceções são
a Dependência da Recompensa (RD) e, apenas no caso da Escala de Dowd, a Auto
Diretividade (SD) (cujo valor é porém o segundo mais elevado no caso da Escala de
Hong ,166, e o terceiro mais elevado quanto à variável Resistência Total ,156).
63
Confirmando a forte correlação com a resistência psicológica, a Procura de
Novidade (NS) evidencia-se sempre como sendo o primeiro preditor em todos os
modelos de regressão e, assim, como a variável mais importante na explicação da
resistência psicológica (responsável, neste estudo, por cerca de 10% da variação da
resistência psicológica). Compreende-se tal facto, uma vez que os elevados índices de
Procura de Novidade (NS) caracterizam o indivíduo impulsivo (Fuentes, 2004).
Cloninger (1987) refere que a Procura de Novidade (NS) se carateriza por exploração e
impulsividade. A impulsividade como capacidade reduzida de reflexão e precipitação
para o ato, é um modelo proposto por Barratt (1959), que correlacionou a impulsividade
com a impaciência, ações rápidas, impensadas, com a pouca reflexão, e com o défice de
atenção, sendo uma resposta comportamental e uma reação quase imediata a elementos
isolados. Para Borges e Jorge (2000) a falta de controlo sobre um ato está ligada à
impulsividade, que se encontra na psique, sendo um traço de personalidade, e que em
desequilíbrio leva a emergir um sintoma psicopatológico.
Cloninger (1998) reforça que a Procura de Novidade (NS) mede como o
comportamento é ativado em resposta à novidade, à tomada de decisão impulsiva, à
extravagância na abordagem a estímulos de recompensa, à perda de paciência e ao
evitamento da frustração, pelo que se justifica que indivíduos com valores mais
elevados registados na Procura de Novidade (NS) sejam indivíduos com maior
resistência psicológica.
É também identificado como fator de resistência psicológica a dimensão da
personalidade Cooperação (CO). Uma possível explicação para este facto é a de os
participantes (estudantes, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos) no
estudo valorizarem mais aspetos de colaboração entre os adolescentes, proporcionando
comportamentos grupais de maior resistência psicológica.
Cloninger (1998) refere que a cooperação (maturidade social) compreende a
tolerância social, a empatia, a prestatividade, a compaixão e princípios morais que
correspondem aos componentes de avaliação da personalidade. Esta faceta corresponde
a indivíduos que procuram o contacto social, e que mantêm um grande círculo de
amizades.
Hipótese (h2): Existe correlação entre a resistência psicológica e a
psicopatologia.
64
Também é afirmativa a resposta no caso da segunda hipótese formulada (h2):
existe correlação entre a sintomatologia de psicopatologias indiciada pelas respostas ao
questionário do YSR-Escala DSM e a resistência psicológica, como é evidenciado pelo
facto de, na Escala de Hong, as referidas medidas apresentarem, todas, valores de
correlação positiva estatisticamente significativos, o mesmo acontecendo com cinco das
seis psicopatologias consideradas, no que se refere à variável Resistência Total e com
duas delas no que diz respeito à Escala de Dowd. Os modelos de regressão computados
identificaram como preditores da resistência psicológica, no que concerne ao YSREscala DSM, os itens Problemas de Conduta e a Ansiedade, confirmando a importância
do significado dos valores das respetivas correlações.
Determinados comportamentos, como mentir e faltar às aulas, podem ser
observados no curso do desenvolvimento normal de crianças e adolescentes. No
entanto, para diferenciar normalidade de psicopatologia, é importante verificar a
respetiva duração, intensidade e frequência desses comportamentos, para determinar se
representam um desvio do padrão de comportamento esperado para adolescentes da
mesma idade e género em determinada cultura (Bordin & Offord, 2000). Neste estudo,
são apontados como preditores da resistência psicológica os Problemas de Conduta,
Comportamento Delinquente e Problemas Sociais que com base nos critérios
diagnósticos do DSM-IV (2002), são categorias diagnósticas usadas para crianças e
adolescentes. Os comportamentos antissociais são frequentemente observados no
período da adolescência como sintomas isolados e transitórios. Porém, podem surgir
precocemente na infância e persistir ao longo da vida, constituindo quadros
psiquiátricos de difícil tratamento. Podem resultar de fatores individuais, familiares e
sociais no desenvolvimento e na persistência do comportamento antissocial, interagindo
de forma complexa (Bordin & Offord, 2000). Também nos adolescentes, é comum
encontrar ansiedade relacionada à competência, às ameaças abstratas e às situações
sociais (Filho & Silva, 2013). Em termos psicopatológicos, os autores Filho e Silva
(2013) referem que a ansiedade é definida por como estado de humor desagradável,
apreensão negativa em relação ao futuro e inquietação desconfortável; inclui
manifestações somáticas (cefaleia, dispneia, taquicardia, tremores, vertigem, sudorese,
parestesias, náuseas, diarreia) e psíquicas (inquietação interna, insegurança, insónia,
irritabilidade, desconforto mental, dificuldade para se concentrar). Trata-se de uma
resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga e conflituosa; o que a diferencia do
65
medo, que embora seja um sinal de alerta semelhante, é em consequência a uma ameaça
conhecida, externa, definida e sem conflitos, geralmente um objeto preciso. Tendo os
indivíduos altos níveis de ansiedade, apresentam como caraterísticas ser tensos,
preocupados e apreensivos (Costa & McCrae, 1992) e tendem a desenvolver resistência
psicológica, pelo que se justifica a correlação positiva verificada no estudo.
No que se refere à correlação entre a resistência psicológica e o YSR-Escala de
Problemas, tanto na Escala de Hong como na variável Resistência Total, todos os itens
apresentam correlações positivas e na sua globalidade significativas.
Destacadamente
são
identificados
como
preditores
neste
estudo
o
Comportamento Delinquente e os Problemas Socias, o que parece naturalmente
justificado considerando a própria natureza da amostra (alunos do 8º ano e do 11º anos,
com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos).
Quanto aos problemas sociais, Lewin (1951) referiu que a resistência psicológica
pode ser o resultado da intenção de um indivíduo ou de um grupo se contrapor às forças
sociais que visavam dirigir o sistema para uma posição de equilíbrio diferente.
Langhout (2005) reforça que a resistência psicológica pode ser individual ou coletiva.
Neste sentido, entende-se a identificação daquele preditor.
Os modelos de regressão em que se consideram como variáveis independentes a
Internalização e a Externalização confirmaram, ao identificá-los como preditores de
resistência psicológica, o facto de registarem correlações com significado. Hemphälä,
Gustavsson e Tengström (2012), num estudo de validação do HP5i e do JTCI referiram
que a afetividade negativa (HP5i) e o evitamento de dano (JTCI), traços que medem
emoções negativas, foram correlacionados com sintomas de internalização; enquanto os
traços impulsividade (HP5i) e a procura de novidade (JTCI), foram correlacionadas com
sintomas de externalização. Também Krueger e Tackett (2003) na construção de um
sistema de descrição dos transtornos mentais mais dominantes avançaram várias
hipóteses sobre a natureza especial das relações da personalidade e da psicopatologia,
apresentando a internalização e a externalização como variáveis fundamentais.
Hipótese (h3): A resistência psicológica é influenciada pela personalidade e pela
psicopatologia.
Pela análise dos resultados das regressões lineares múltiplas efetuadas, a
66
resposta à h3 é naturalmente também afirmativa: os respetivos coeficientes de
correlação variam entre r = ,279 e r = ,361, e todos com significância (p<0,05); por
outro lado, os preditores identificados evidenciaram consistência no tratamento
estatístico quando sujeitos a diferentes métodos de análise. Deste modo, conclui-se que
tanto as dimensões da personalidade, como definidas no modelo psicobiológico de
Cloninger, como as sintomatologias de psicopatologias avaliadas no YSR, têm
influência na resistência psicológica, destacando-se como preditores relevantes a
Procura de Novidade (NS) e a Cooperação (CO), nas dimensões da personalidade,
Ansiedade e Problemas de Conduta, no que respeita às psicopatologias utilizando o
YSR-Escala do DSM e o Comportamento Delinquente e os Problemas Socias com o
YSR-Escala de Problema.
Em suma:
Neste estudo, no sentido de se verificar a relação entre a resistência psicológica,
a personalidade e a psicopatologia, foram utilizados quatro instrumentos: Escala de
Resistência Psicológica de Hong (HPRS), Escala de Resistência de Dowd (TRS), o
Inventário de Temperamento e de Caráter para Jovens de Cloninger (JTCI) e o
Questionário de Auto Avaliação para Jovens de Achenbach (YSR).
No estudo verificou-se que existe correlação entre a resistência psicológica, a
personalidade e a psicopatologia; através da análise dos dados constatou-se que os
valores registados nas dimensões de personalidade não variaram com a idade dos
participantes (8º ano e 11º ano); os participantes mais velhos (11º ano) apresentaram
maior sintomatologia à propensão de psicopatologias e a dimensão da personalidade
Procura de Novidade (NS) foi destacadamente identificada como fator preditor de
resistência psicológica em todos os modelos de regressão linear múltipla computados.
Limitações do estudo
Regista-se como limitação deste estudo não ter sido possível fazer análises sobre
eventuais diferenças entre géneros, em virtude de, no apuramento de dados, estes não
terem ficado assumidos. De igual modo a amostra centrou-se exclusivamente em zonas
67
da Região Norte de Portugal, quando poderia ter relevância nos resultados uma
diversidade regional mais ampla.
Implicações do estudo
O estudo sugere a dimensão da personalidade Cooperação (CO) como fator
preditor da resistência psicológica; atendendo às características desta dimensão, parece
relevante aprofundar em estudos futuros as razões pelas quais se verifica esta correlação
positiva.
68
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