Agradecimentos Agradeço aos professores da licenciatura e do mestrado que me deram bases e conhecimento científico, que estimularam a vontade de aprender, querer fazer melhor, que me levou a chegar até este momento. Agradeço ao meu orientador Professor Doutor Paulo Moreira. Também expresso o meu profundo agradecimento à Professora Doutora Joana Oliveira pelo profissionalismo, foi determinante na conclusão desta Dissertação. Agradeço a todos os responsáveis dos agrupamentos das escolas que participaram neste estudo, e aos respetivos professores e alunos que me receberam de forma carinhosa e colaboraram empenhadamente. Agradeço ao meu amigo Fernando o apoio incondicional, a ajuda, a amizade e a força constante que fez dissipar medos e inseguranças nas horas mais difíceis; agradeço à minha irmã, o carinho e a disponibilidade, que tanto me ajudou nas deslocações às escolas, nesta etapa tão importante da minha vida; agradeço à minha amiga Marta, companheira solidária, a sua amizade, todo o apoio e partilha. Finalmente, agradeço a Deus que colocou no meu caminho seres tão especiais que me permitiram chegar até aqui, dar-me resiliência, manter a esperança e energia para conseguir acabar a Dissertação. I Índice Resumo Abstract 1.Introdução 1 1.1. Definição de Resistência Psicológica 3 1.1.1. Componentes da Resistência Psicológica 9 1.1.2. Teoria da Resistência 12 1.1.3. Resistência Estado e Traço 14 1.2. Personalidade e Resistência Psicológica 15 1.2.1. Dimensões da Personalidade associadas à Resistência 19 1.2.2. Modelos da Personalidade 20 1.2.3. Estudos de dimensões da Personalidade 24 1.2.4. Resistência Psicológica e Impulsividade 27 1.3. Perspetiva Clínica da Resistência Psicológica 31 1.3.1. Resistência Psicológica e Autorregulação 31 1.3.2. Autorregulação a nível da Psicologia social 33 1.3.3. Autorregulação a nível da Psicopatologia 36 1.4. Modelos Integrativos da Personalidade e da Psicopatologia 38 1.5. Objetivo e hipóteses do estudo 40 2. Metodologia 41 2.1. Participantes 41 2.2. Instrumentos 41 2.2.1. Escala de Resistência Psicológica de Hong 42 II 2.2.2. Escala de Resistência Terapêutica de Dowd 42 2.2.3. Inventário do Temperamento e do Carácter para jovens de Robert Cloninger 43 2.2.4. Questionário de Autoavaliação para Jovens de Achenbach 44 2.3. Procedimentos 46 2.3.1. Recolha de Dados 46 2.3.2. Análise de Dados 46 3. Resultados 47 4. Discussão dos Resultados 63 Referências Bibliográficas III Índice de Tabelas Tabela 1. Síntese de abordagens clínicas da definição de resistência psicológica 9 Tabela 2. A resistência psicológica a nível social e da comunicação 9 Tabela 3. Síntese dos componentes da resistência psicológica 12 Tabela 4. Síntese de estudos da personalidade vs resistência psicológica 19 Tabela 5. Resumo das dimensões da personalidade associadas à resistência psicológica Tabela 6. Caraterização dos participantes em função do ano de escolaridade 20 41 Tabela 7. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da resistência psicológica 47 Tabela 8. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível das dimensões da personalidade 48 Tabela 9. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da psicopatologia (YSR-Escala do DSM) 49 Tabela 10. Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da psicopatologia (YSR-Escala de Problemas) 49 Tabela 11. Correlação de Pearson entre resistência psicológica e personalidade 52 Tabela 12. Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala do DSM) 54 Tabela 13. Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala de Problemas) 56 Tabela 14. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI, YSREscala do DSM) 58 IV Tabela 15. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong , JTCI, YSREscala do DSM) 59 Tabela 16. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Escala do DSM) 60 Tabela 17. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd , JTCI e YSREscala de Problemas) 60 Tabela 18. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI e YSREscala de Problemas) 61 Tabela 19. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Escala de Problemas) 61 Tabela 20. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI e YSRInternalização-Externalização) 62 Tabela 21. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI, YSRInternalização-Externalização) 62 Tabela 22. Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong e Dowd, JTCI, YSR-Internalização-Externalização) 63 V Resumo A personalidade é uma organização que prediz diversos estados de saúde quer positivos quer negativos, como por exemplo a psicopatologia. Por outro lado, a resistência psicológica tem sido encarada como uma manifestação de personalidade normal (adaptativa com sentido de coerência), mas também como uma manifestação de psicopatologia. Por exemplo, na adolescência há uma sobreposição dos sintomas de perturbação do comportamento com sinais de resistência psicológica (um indivíduo resistente tende, por exemplo, a opor-se à autoridade); contudo, permanece por esclarecer se as manifestações de resistência na adolescência são melhor compreendidas como manifestações de psicopatologia ou como uma caraterística de personalidade normal do adolescente. O objetivo deste estudo foi descrever a relação entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia. Os participantes deste estudo provêm de uma amostra de conveniência de 22 Agrupamentos de Escolas da Região Norte de Portugal, dos 8º e 11º anos de escolaridade. A resistência psicológica foi avaliada através da aplicação da Escala de Resistência Psicológica de Hong e da Escala de Resistência Terapêutica de Dowd; a personalidade foi avaliada através da aplicação da versão portuguesa do Inventário do Temperamento e do Carácter para jovens de Robert Cloninger e a psicopatologia foi avaliada aplicando o questionário de Autoavaliação para Jovens de Achenbach. No estudo verificou-se que existe correlação entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia; através da análise dos dados constatou-se que os valores registados nas dimensões da personalidade não variaram com a idade dos participantes (8º ano e 11º ano); os participantes mais velhos (11º ano) apresentaram maior sintomatologia e propensão a psicopatologias e a dimensão da personalidade Procura de Novidade (NS) foi destacadamente identificada como fator preditor da resistência psicológica em todos os modelos de regressão linear múltipla computados. Palavras-Chave: Resistência Psicológica; Personalidade; Psicopatologia. VI Abstract Personality is an organization that predicts several health states, both positive and negative, such as psychopathology. On the other hand the psychological resistance has been seen as an expression of normal personality (with adaptive sense of coherence), but also as an expression of psychopathology. For example in adolescence there is an overlap of symptoms of conduct disorder with signs of psychological resistance (a resistant individual tends to oppose, for example towards authority); however it remains unclear whether the manifestations of resistance in adolescence are best understood as manifestations of psychopathology or as a feature of normal personality of the teenager. The aim of this study was to describe the association between psychological resistance, personality and psychopathology. The participants of this study are from a convenience sample of 22 school groups from northern Portugal, from the 8th and 11th grades. Psychological resistance was assessed using the Hong Psychological Reactance Scale and Dowd’s Therapeutic Reactance Scale; personality was assessed by applying the Portuguese version of Robert Cloninger’s Junior Temperament and Character Inventory, and psychopathology was assessed using Achenbach’s Youth Self-Report. In this study it was found that there is a correlation between the psychological resistance, personality and psychopathology; by analyzing the data it was found that the values recorded in the personality dimensions did not vary with the age of the participants (8th and 11th); older participants (11th) had higher propensity to symptoms of psychopathology and the personality dimension of Novelty Seeking (NS) was prominently identified as a predictor of psychological resistance in all computed models of multiple linear regression. Keywords: Psychological Resistance; Personality; Psychopathology. VII Lista de Abreviaturas CBCL – Child Behavior Checklist CID – Classificação Internacional de Doenças CO – Cooperativeness DA – Atividade Dopaminérgica DP – Dysregulation Profile DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders EBS – Escala de Busca de Sensação FFM – Five-Factor Model HA – Harm Avoidance HP5I – Health-Relevant Personality Inventory HPRS – Hong Psychological Reactance Scale JTCI – Junior Temperament and Character Inventory MCGF – Modelo dos Cinco Grandes Fatores MMPI – Minnesota Multiphasic Personality Inventory NE – Noradrenalina NEO-PI-R – Revised NEO Personality Inventory NS – Novelty Seeking PEN – Psicoticismo, Extroversão e Neuroticismo POC – Perturbação Obsessiva Compulsiva PS – Persistence PRF – Personality Research Form QMPR – Questionnaire Measuring Psychological Reactance VIII RD – Reward Dependence RTC – Resistance to Change SD - Self-Directedness SPSS – Statistical Package for the Social Sciences ST – Self-Transcendence TCI - Temperament and Character Inventory TPB – Perturbação da Personalidade Borderline TPQ – Tri-Dimensional Personality Questionnaire TRS – Therapeutic Resistance Scale YSR – Youth Self-Report ZKPQ – Zuckerman-Kuhlman Personality Questionnaire IX 1. Introdução A resistência psicológica tem sido encarada como uma manifestação de personalidade normal, mas também como uma manifestação de psicopatologia. Por exemplo, na adolescência existe uma sobreposição dos sintomas de perturbação do comportamento com sinais de resistência; contudo, permanece por esclarecer se as manifestações de resistência na adolescência são melhor compreendidas como manifestações de psicopatologia ou como uma caraterística de personalidade normal do adolescente. A resistência psicológica é um fenómeno próprio de cada indivíduo, por isso depende da personalidade de cada um; Allport (1937) definiu a personalidade como uma organização dinâmica (ativa/interação com o meio) de sistemas psicofísicos (bases biológicas) do indivíduo, que determinam o seu comportamento característico e os seus pensamentos. Trata-se de uma entidade única, que traduz a forma como o indivíduo pensa, reflete, age e se comporta em diferentes situações. O autor Bastos (1997), considera a personalidade um conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das caraterísticas individuais, na sua relação com o meio, incluindo todos os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais da sua formação, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso da sua existência; realça que é relativamente estável ao longo da vida do indivíduo, e relativamente dinâmica, sujeita a determinadas modificações, dependendo das mudanças existenciais ou alterações neurobiológicas; a respetiva estrutura, por sua vez, mostra-se essencialmente dinâmica, podendo ser dinâmica sem ser necessariamente instável e encontra-se em constante desenvolvimento. Segundo Watson (1969) a resistência não é uniforme, varia de indivíduo para indivíduo, e de acordo com a fase do processo de mudança. Claiborn e Dowd (1985) concluem que a resistência psicológica é a expressão da necessidade humana, fundamental para proteger as estruturas básicas relativas ao significado, perante rápidas mudanças, evitando a perda da identidade pessoal no processo. Só através de intervenções graduais, de baixa discrepância, é que o indivíduo se pode acomodar lentamente a novos dados na estrutura cognitiva existente, e modificá-la. Reforçando esta perspetiva, Mahoney (1988) considera que a resistência é um mecanismo natural, saudável e adaptativo, que protege os principais processos de organização mental, 1 perante um ataque reconstrutivo rápido ou devastador. Já Dowd e Seibel (1990) consideram que a resistência psicológica tem origem na ocorrência de um evento específico, que não confirma o esquema cognitivo do indivíduo, o qual não é capaz de incorporar o significado do acontecimento na estrutura de significados existente. A referida resistência psicológica a um acontecimento pode ser de tal modo elevada que ocorra um desajuste, que provoque desequilíbrio e consequentemente psicopatologia. Importa assim perceber, que a diferença entre os conceitos de normalidade e patologia reside na maneira diferente e mais ou menos estável da capacidade demonstrada pelo indivíduo para enfrentar eficazmente as situações no seu meio (Kirchner, Torres & Forns, 1998). Para o autor Dalgalarrondo (2008), o campo da psicopatologia inclui um elevado número de fenómenos humanos especiais, associados ao que se denominou de doença mental: são vivências, estados mentais e padrões de comportamento que apresentam, por um lado, uma especificidade psicológica (na qual as vivências dos doentes mentais possuem uma dimensão própria, genuína, não sendo apenas exageros do normal); por outro lado, são conexões complexas com a psicologia do normal (o mundo da doença mental não é um mundo totalmente estranho ao mundo das experiências psicológicas normais). Jaspers (1913) argumenta que a psicopatologia é tanto uma ciência biológica natural que busca as causas neuropatológicas dos principais tipos de psicose, como também uma ciência humana que diz respeito à compreensão da experiência de sofrimento do paciente. A resistência psicológica é um fator essencial, a ser considerado em qualquer processo individual ou coletivo para se gerir adequadamente a própria resistência, sendo a chave para o sucesso ou fracasso da mudança. O reconhecimento das fontes de resistência orienta o desenvolvimento de um melhor entendimento da própria resistência, que resulta de diferenças, tais como ideias, motivos, planos e prioridades, aceitando-se que há diferentes pontos de vista que trabalham para integrar estas diferenças; deve-se então entender as suas causas para criar resoluções e consequentemente minimizar as resistências (O’Connor, 1993). É importante estudar a resistência psicológica, na medida em que esta deveria ser usada para melhorar as decisões dos indivíduos e para se conhecerem reações ambivalentes face à mudança, que permitam gerar novas ideias e soluções (Oreg, 2006). A resistência psicológica manifesta-se clinicamente ao longo dos processos 2 terapêuticos, através da rejeição ou aceitação da terapêutica (adesão); a nível social (comportamentos de acordo / desacordo com as normas - conformidade) e a nível da comunicação (persuasão). O presente estudo visou analisar as relações entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia, evidenciando o modo como se interrelacionam e influenciam. 1.1.Definição de Resistência Psicológica A resistência psicológica surge na psicanálise desde o seu início, tal como a transferência, como um componente intrínseco da prática psicanalítica; o termo resistência psicológica é utilizado para designar o conjunto das reações de um paciente cujas manifestações, em contexto de tratamento, criam barreiras ao desenvolvimento da análise (Roudinesco & Plon, 1998). No vocabulário freudiano, a palavra resistência aparece de acordo com três modalidades: uma inspira-se na reflexão sobre a técnica e as práticas analíticas, cuja evolução determinaria o modo como evoluiu o estatuto atribuído às possíveis formas de resistência do paciente; a segunda modalidade da resistência é de ordem teórica, e foi fortemente afetada pelo aparecimento da segunda tópica; a terceira modalidade é de ordem interpretativa: relaciona-se com as manifestações de hostilidade e as formas de rejeição de que a psicanálise possa ter sido objeto. Freud interpretou como respostas defensivas (resistências) as oposições à psicanálise, quaisquer que fossem as origens e as razões explícitas. O método psicanalítico não colocou fim às “resistências”; no entanto estas mudaram de estatuto, passando a ser passiveis de interpretação e portanto passíveis de serem superadas (Roudinesco & Plon, 1998). Freud (1912) situa a resistência psicológica à psicanálise não só como uma forma do indivíduo defender a satisfação pulsional presente na formação sintomática, como também localiza a resistência em momentos em que a teoria psicanalítica não é suficiente para fornecer uma direção ao tratamento, ou seja, o conceito de resistência em relação à psicanálise localiza momentos em que a teoria psicanalítica, ao invés de dar contributos para o tratamento, acaba por impedi-lo. O autor Cesário (1996) considera que o conceito de resistência psicológica utilizado por Freud refere-se aos obstáculos que se impuseram no tratamento psicanalítico. Esses obstáculos eram apresentados, principalmente, pelos pacientes no decorrer do tratamento e impediam que o processo 3 de análise prosseguisse. De acordo com Ribeiro (2007) a resistência na psicanálise é uma barreira que precisa de ser vencida e removida pelo terapeuta; e que a resistência na Gestalt, é algo que precisa de ser visto como uma forma de expressão do indivíduo, como um sintoma para o qual procura o equilíbrio, uma autorregulação, mesmo através de um equilíbrio frágil e inadequado à expressão da sua totalidade. Fenomenologicamente, a resistência psicológica emerge de um desejo que não pode ser realizado, tendo em vista que as regras e os limites impostos pela realidade que cercam o indivíduo impedem que esse fluxo de energia se concretize como deseja. É uma forma de contacto, que também expressa uma oposição positiva de forças que mobilizam o indivíduo, estabelecendo um nível mínimo e saudável de tensão, para que aquele se possa disponibilizar para uma tomada de decisão e subsequente ação; também se trata de uma forma do organismo tentar recuperar a sua homeostase, através das trocas que a relação indivíduo-mundo ameaça romper. O autor ponderou que toda a ameaça, mesmo inadequada, de romper o equilíbrio em que se mantém o organismo gera um movimento não consciente de resistência, que pode parecer tão natural que leve a que escape à observação tanto do terapeuta quanto do paciente. Para Ribeiro (2007), a resistência psicológica torna-se neurótica quando mobiliza um elevado número de defesas, que provocam um bloqueio entre as necessidades do organismo, logo que detetadas, e a realidade circunstante; se uma dada resistência é parte integrante do funcionamento da personalidade, o ato de resistir eficazmente poderá ser considerado como uma retirada técnica, a finalização do ciclo de experiência, chamado de equilíbrio instável ou provisório. É uma forma do indivíduo exercer algum tipo de controlo sobre a realidade, imobilizando-se para não se permitir ser invadido. A resistência é, portanto, uma das formas que o indivíduo encontrou para conciliar o desejo, a proibição e a realidade e assim manter o controlo das suas emoções, ainda que, por vezes, manter a sensação de que a sua relação com o mundo se encontra equilibrada possa originar patologia. Watson (1971), do ponto de vista behaviorista, definiu a resistência psicológica como “todas as forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da personalidade ou social”. Salienta que a resistência à mudança tem sido, por vezes, mal interpretada, como simples inércia da natureza humana; no entanto, quase todos sentem ansiedade por alguma espécie de mudança de vida (a busca de uma vida melhor, com mais dinheiro e mais liberdade para satisfazerem os seus desejos). Assim, a causa dos 4 indivíduos não mudarem deve-se às circunstâncias das forças naturais em direção à inovação serem impedidas ou bloqueados por forças antagónicas. Guilhardi (1987), de acordo com o behaviorismo radical e a ciência do comportamento, considera a resistência psicológica não necessariamente indiciadora de patologia psicológica, mas sim a função das relações de contingências que se operam entre o paciente e o terapeuta. Em contexto da consulta terapêutica, identifica a resistência psicológica do paciente como uma reação de controlo e contra controlo, que se observa entre o comportamento do paciente e as contingências de reforço aplicadas pelo terapeuta. Trata-se de uma classe de comportamentos sociais que seguem as mesmas leis que regem qualquer outro comportamento humano. Em suma, o paciente contra controla o terapeuta, exibindo comportamentos de fuga-evitamento, de extinção ou de punição em relação aos comportamentos do terapeuta. O autor Lewin (1951), de acordo com a psicologia da Gestalt, definiu a resistência psicológica à mudança utilizando uma metáfora das ciências físicas, em que salientava que se vivia num sistema de equilíbrio de forças, no qual se buscava a estabilidade, ou seja, a manutenção do status quo. Este sistema, porém, não estava em constante equilíbrio, apresentava flutuações em volta de um determinado nível. As mudanças aconteciam quando uma das forças excedesse a outra em intensidade, deslocando o equilíbrio para um novo patamar. Desta forma, a resistência psicológica seria o resultado da intenção de um indivíduo ou de um grupo de se contrapor às forças sociais que tinham como objetivo dirigir o sistema para uma nova posição de equilíbrio. Do ponto de vista da perspetiva cognitivo-comportamental, a resistência psicológica, para Meichenbaum e Gilmore (1982), é considerada uma força, como uma recusa de considerar dados que não suportam a visão própria que se tem do mundo. Trata-se de um ponto de vista da resistência a partir do processamento de informação, no sentido em que considera que os indivíduos eliminam, de forma seletiva, os dados que não confirmam as suas estruturas cognitivas. Nesta perspetiva, o objetivo da terapia é encorajar o paciente a considerar a hipótese de que a cognição deve ser continuamente comprovada pela realidade. Beck e Freeman (1993) citam que a ênfase da terapia cognitiva encontra-se na qualidade da relação terapêutica. No que se refere à resistência psicológica, é vista como sendo promovida na maior parte das vezes, pelo paciente. Assim, consideram que 5 cabe ao terapeuta trabalhar as dificuldades do paciente a fim de facilitar a sua adesão ao processo terapêutico. Defendem a ideia de que as dificuldades de cooperação terapêutica não constituem um atributo exclusivo do paciente com uma perturbação da personalidade. “Resistência”, “não-adesão”, “falta de adesão”, ou “transferência negativa” são termos utilizados para denotar problemas na relação terapêutica, falta de progresso na terapia, progresso terapêutico lento ou fim prematuro da terapia. Estes autores consideram que as razões da não adesão terapêutica podem ser divididas em três grupos, partindo do ponto de vista de quem promove e de onde parte essa resistência: pode ser promovida pelo paciente; pelo terapeuta ou pela relação terapêutica. Do ponto de vista da psicologia social, um dos primeiros estudos teóricos sobre a resistência psicológica à mudança ocorreu com a teoria de inoculação, com McGuire (1964), que estabeleceu os princípios motivacional e cognitivo, que podem ser a base da resistência. Concluiu que as atitudes e as crenças são vulneráveis a um ataque persuasivo pela oposição de argumentos, e que a proteção contra tais ataques pode ser obtida pela exposição dos indivíduos a formas atenuadas da mensagem. Um ataque relativamente atenuado deve encorajar o indivíduo a desenvolver defesas, não alterando as suas atitudes ou crenças, ou seja, conferindo imunidade sem deixá-los doentes. A teoria do equilíbrio e resistência psicológica à persuasão surge de uma pesquisa relacionada com a teoria de inoculação, realizada por Tannenbaum (1967), dentro da estrutura conceptual da teoria de congruência, uma das variantes da teoria de equilíbrio. De acordo com a teoria de congruência e do equilíbrio, a incongruência (ou desequilíbrio) que é motivo de resistência, ocorre quando uma fonte avaliada favoravelmente rejeita (isto é, ataca) um conceito avaliado favoravelmente. A resistência também foi definida por Ashforth e Mael (1998), como "atos intencionais de comissão ou omissão que desafiam a vontade dos outros". Estes autores propõem uma estrutura para a compreensão da resistência, descrevendo várias dimensões sobrepostas ao fenómeno. Pode ser dirigida e orientada para a ameaça, ou pode ser difusa, ou não dirigida à ameaça; mas, quanto mais poder o resistente tem, maior será a probabilidade de que o ato seja orientado. Está implícito nesta definição que a resistência é um exercício de poder em reação a um ato de controlo. Ou seja, é uma resposta a uma definição institucional ou narrativa dominante, sendo ambas poderosas, tanto em termos de significado como na formatação do discurso. O objetivo 6 da resistência é caminhar para a autodefinição e autoavaliação (Collins, 1986) através de uma narrativa, discursos alternativos, ou da análise da resistência, o que implica analisar os sistemas de poder, conflitos, mediação e cultura (Langhout, 2005). De acordo com Langhout (2005) a resistência psicológica poderá ser individual ou coletiva. Em todos os casos, a resistência é mais provável que ocorra quando uma instituição tenta controlar a identidade, metas, valores e pressupostos, e quando constitui uma ameaça para a identidade do indivíduo. Sem um diálogo ou discurso de crítica, que pode ser verbal e/ou não verbal (Hermans, 2001; Lewis & Simon, 1986), o comportamento é considerado de oposição, mas não de resistência (Aronowitz & Giroux, 1985). Finalmente na área da comunicação, importa estudar a resistência psicológica à persuasão, tanto para indivíduos que querem resistir a mensagens persuasivas, como para aqueles que pretendem criar mensagens persuasivas mais eficazes. Num contexto mais amplo de pesquisa sobre resistência à persuasão, a reatância psicológica como estado motivacional (Brehm, 1966) foi sugerida como uma das causas para a rejeição da mensagem (Burgoon, Alvaro, Grandpre & Voloudakis, 2002; Dillard & Shen, 2005; Jacks & Cameron, 2003). Dillard e Shen (2005), no Modelo do Processo Entrelaçado Cognitivo-Afetivo, consideram que a resistência como resposta do indivíduo à mensagem persuasiva resulta simultaneamente da emoção e da cognição. De acordo com os autores Knowles e Linn (2004), foram identificadas três fontes básicas de resistência que impedem a persuasão, a conformidade e a mudança. São estas: (a) a resistência às tentativas de influência, também conhecida como "reatância"; (b) resistência à proposta, também conhecida como "ceticismo"; e (c) resistência à mudança, também conhecida como "inércia". Visualizar a resistência e a conformidade como produtos de forças em conflito, implica várias formas de superar a referida resistência à persuasão (Knowles & Linn, 2004). Primeiro, deve-se atuar com vigor em ambas, independentemente de afetar a conformidade. Um comunicador pode aumentar a força positiva para a conformidade, talvez se aumentar a sua credibilidade ou atratividade. No entanto, o comunicador pode reduzir a força negativa, minando a resistência (Davis & Knowles, 1999). Em segundo lugar, pode afetar ambas as forças de modo simultâneo, aumentando a força positiva e diminuindo a força negativa, o que deve afetar radicalmente a conformidade. Nesta alternativa há uma maior mudança da 7 proporção entre forças positivas e as forças negativas. Quando um comunicador entrega uma mensagem contra atitudinal, a mensagem cria uma força positiva para agir em conformidade, bem como uma força maior para resistir. Se a força negativa for reduzida de modo a que as forças em presença sejam iguais, então não ocorrerá nenhuma atitude de mudança e o indivíduo não se irá mostrar nem de acordo nem em desacordo. Se a força negativa for bastante reduzida, de forma que a força positiva supere a força negativa, então o indivíduo irá agir em conformidade. Alguns métodos para desviar a resistência aumentam a força positiva; outros métodos diminuem a força negativa. Por exemplo, comprometer os indivíduos a interagirem com o comunicador no futuro aumenta a força para a conformidade (Pallak & Heller, 1971). Uma das razões pelas quais é importante explorar como os indivíduos resistem à mudança, é nomeadamente o falhanço das campanhas persuasivas de saúde (Backer, Rogers & Sopory, 1992; Hornik, 2002; Salmon & Murray-Johnson, 2001), bem como pelos efeitos relativamente reduzidos dessas campanhas (Snyder, 2001). O autor Ringold (2002), por exemplo, atribui o insucesso da campanha destinada à redução do consumo de álcool entre os jovens adultos à reatância, argumentando que as intervenções, como ações educativas, avisos e restrições legais têm “produzido em grande parte efeitos bumerangue… consistentes com as condições necessárias para, e pelas respostas previstas pela teoria psicológica da reatância”. Limitando ou ameaçando a liberdade, as mensagens de saúde avaliadas por Ringold (2002) têm o potencial para provocar reatância e, como resultado, levar os indivíduos a ignorar a mensagem, e a realizar o oposto do comportamento preconizado (ou seja, o efeito bumerangue), ou qualquer outra tentativa de restaurar a sua liberdade ameaçada ou perdida. Na Tabela 1 apresenta-se a síntese da definição da resistência psicológica de algumas abordagens clínicas da psicologia, e na Tabela 2 apresenta-se a síntese da resistência psicológica a nível social e da comunicação. 8 Tabela 1 Síntese de abordagens clínicas da definição de resistência psicológica. Correntes Autor Definição Psicanalítica Freud (1912) Conjunto das reações de um paciente cujas manifestações, em contexto de tratamento, criam barreiras ao desenvolvimento da análise. Behaviorismo Watson (1971) Conjunto das forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da personalidade ou social. Gestalt Lewin (1951) Resultado da intenção de um indivíduo ou de um grupo de se contrapor às forças sociais que visam alterar o sistema de equilíbrio presente para uma nova posição. CognitivoComportamental Meichenbaum e Gilmore (1982) Conjuntos de forças que se opõem à aceitação de dados que não suportam a visão própria que se tem do mundo. Cognitivista Conjunto das dificuldades do processo terapêutico, Beck e Freeman (1993) originadas pelo paciente, pelo terapeuta ou pela relação terapêutica. Tabela 2 A resistência psicológica a nível social e da comunicação. Áreas Autores Contributos McGuire (1964) Teoria da inoculação Social Tannenbaum (1967) Teoria do equilíbrio Resistência Princípios motivacional e cognitivo como base da resistência. Incongruência como motivo da resistência. Proposta de estrutura Ashforth e Mael Resistência como exercício de poder em para a compreensão da (1998) reação a um ato de controlo. resistência Langhout (2005) Comunicação Análise dos sistemas de poder, conflitos, Ocorrência da resistência face à ameaça à mediação e cultura na identidade do indivíduo. resistência Resistência como estado motivacional, causa de rejeição da mensagem. Brehm (1966) Teoria da reatância Dillard e Shen (2005) Modelo do Processo Resistência como traço; resposta do Entrelaçado Cognitivo- indivíduo à mensagem como resultado Afetivo simultâneo de emoção e cognição. Fontes básicas de resistência à persuasão: Resistência e Knowles e Linn reatância, ceticismo e inércia; formas de conformidade como (2004) comunicação como meio de sistema de forças desviar/diminuir a resistência. 1.1.1. Componentes da Resistência Psicológica Um trabalho de Judge, Thoresen, Pucik e Welbourne (1999) verificou a 9 existência de traços relacionados com a aceitação da mudança, sendo estes componentes da resistência psicológica. Como resultado da pesquisa, Judge et al., (1999) identificaram dois fatores: um dos fatores foi denominado de auto conceito positivo, que compreende o lócus de controlo, auto eficácia, auto estima e afetividade positiva; nas pesquisas, este fator relacionou-se com a capacidade de lidar com situações difíceis e de stresse. O outro fator, que denominaram de risco, foi a tolerância, que abarca a abertura à experiência, a ambiguidade, e aversão ao risco. Wanberg e Banas (2000) relacionaram um conjunto de diferenças individuais e variáveis de contexto específicas que podem predizer a abertura à mudança. Os autores (Judge et al., 1999; Wanberg & Banas, 2000) relacionaram dentro das variáveis de diferenças individuais, a auto estima, o otimismo e o controlo percebido, tendo considerado, como variáveis de contexto específicas, a informação, a participação, a auto eficácia, o apoio social e o impacto pessoal. Verificaram que baixos níveis de aceitação à mudança foram associados com uma baixa satisfação com o trabalho, irritação no trabalho e alta intenção de sair. Interpretaram a auto estima, o otimismo e o controlo percebido como medidas de resiliência psicológica, para prever a capacidade para a aceitação de uma mudança. Neiva, Ros e Paz (2004) propuseram e validaram uma escala de atitudes face à mudança, com três fatores: ceticismo, temores e aceitação. Estes fatores representaram três atitudes dos indivíduos perante a mudança, sendo componentes da resistência psicológica. De acordo com Neiva (2004), as atitudes de aceitação retratam a avaliação das crenças e comportamentos positivos dos indivíduos em relação aos processos de mudança. As atitudes de temor retratam o medo da perda de poder, da perda de benefícios e das incertezas vividas em situações de mudança. As atitudes de ceticismo englobam crenças e comportamentos negativos em relação aos processos de mudança, com ênfase no descrédito e na não-colaboração nos programas de mudança. Oreg (2003) propôs uma escala para medir a resistência à mudança, entendida como uma disposição para uma mudança em concreto, que avalia a inclinação da personalidade para a resistência psicológica à mudança. Conclui do seu trabalho que os indivíduos diferem uns dos outros na forma como resistem ou adotam mudanças diferentes. Essas diferenças podem predizer atitudes específicas, voluntárias ou impostas. A escala proposta abrange quatro dimensões, componentes da resistência psicológica: busca-rotina, reação emocional, foco curto-prazo e rigidez cognitiva. A dimensão busca-rotina diz respeito à medida da preferência dos indivíduos por tarefas 10 previsíveis, procedimentos e ambientes conhecidos. Reação emocional centra-se na medida em que os indivíduos experimentam desconforto, falta de entusiasmo e ansiedade, quando as mudanças são impostas. Foco curto-prazo aborda o grau com que os indivíduos se preocupam com os inconvenientes e os desconfortos que a mudança produz, ao invés de se concentrarem nos potenciais benefícios e no conforto que pode trazer no longo prazo. A rigidez cognitiva traduz a inflexibilidade no pensamento do indivíduo e a dificuldade em aceitar ideias, perspetivas e métodos alternativos. Surgem novos conceitos quando os pesquisadores contemporâneos começam a perceber a resistência psicológica de forma multifacetada, ou seja, considerando outros aspetos além do componente comportamental (Cheng & Petrovic-Lazarevic, 2005). A autora Piderit (2000), com a finalidade de introduzir a possibilidade de uma atitude ambivalente na resposta inicial do indivíduo à mudança, empregou a visão “tripartite” de atitudes da psicologia social. Assim, define resistência psicológica como uma atitude tridimensional (negativa), incluindo componentes afetivos, comportamentais e cognitivos. Estes componentes refletem três revelações diferentes da avaliação do indivíduo, de um objeto, ou de uma situação. O componente afetivo está relacionado com o sentimento diante da mudança (como revolta, ansiedade, medo, etc.), o componente comportamental compreende as ações ou as intenções para agir em resposta à mudança (por exemplo, reclamar sobre a mudança, tentar persuadir os outros de que é ruim) e o componente cognitivo abrange o que o indivíduo pensa sobre a mudança (como essa mudança é necessária, ou se será benéfica). Os três componentes não são independentes uns dos outros, e o que os indivíduos sentem sobre uma mudança frequentemente corresponde ao que pensam sobre a mudança e está de acordo com as suas intenções comportamentais. Oreg (2006) considera que estes componentes são distintos e cada um evidencia um aspeto diferente do fenómeno da resistência. Foi proposto o Modelo teórico para a Resistência à Mudança, considerando o conceito de resistência da autora Piderit (2000), que aborda as dimensões relacionadas com a resistência dos indivíduos, que podem potencialmente influenciar as suas atitudes, e relaciona as causas antecedentes da resistência e as do processo de mudança: variáveis específicas de contexto, traços da personalidade e causas derivadas da própria personalidade. As variáveis específicas de contexto tidas em consideração foram: informação, participação, recompensa intrínseca (motivação), confiança hierárquica, poder e prestígio, e segurança. O traço da personalidade ponderado foi a abertura à 11 experiência. As causas da resistência à mudança derivadas da personalidade do indivíduo foram: medo ou receio em relação à mudança, preferência por rotina e intolerância ao período de ajustamento envolvido na mudança. Estas dimensões estão relacionadas com três componentes: afetivo, cognitivo e comportamental (Oreg, 2006). A resistência pode frequentemente envolver um sentido de ambivalência com o qual os sentimentos, comportamentos e pensamentos dos indivíduos sobre a mudança podem não coincidir necessariamente. Assim, a resistência psicológica pode ser vista como uma atitude multidimensional para a mudança, contendo componentes afetivos, cognitivos e comportamentais (Piderit, 2000). Apresenta-se na Tabela 3 uma síntese dos componentes da resistência psicológica. Tabela 3 Síntese dos componentes da resistência psicológica. Autores Judge, Thoresen, Pucik e Welbourne (1999) Judge et al. (1999); Wanberg e Banas (2000) Neiva (2004) Oreg (2003) Piderit (2000) Componentes Auto conceito positivo, composto por: lócus de controlo, auto eficácia, auto estima e afetividade positiva. Tolerância, composta por: abertura à experiência, ambiguidade, e aversão ao risco. Variáveis de diferenças individuais: auto estima, otimismo e controlo percebido. Variáveis de contexto específicas: a informação, a participação, a auto eficácia, o apoio social e o impacto pessoal. Atitudes de aceitação: crenças e comportamentos positivos dos indivíduos. Atitudes de temor: medo da perda de poder, da perda de benefícios e das incertezas vividas. Atitudes de ceticismo: crenças e comportamentos negativos. Busca-rotina: preferência por tarefas previsíveis. Reação emocional: desconforto, falta de entusiasmo e ansiedade. Foco curto-prazo: grau com que os indivíduos se preocupam com os inconvenientes e os desconfortos. Rigidez cognitiva: inflexibilidade no pensamento. Componentes afetivos: sentimento (ex. revolta, ansiedade, medo). Comportamentais: ação (reclamar sobre a mudança, tentar persuadir). Cognitivos: pensamento (como essa mudança é necessária, ou se será benéfica). 1.1.2. Teoria da Resistência Brehm (1966) propôs a teoria da “reatância” para se referir à reação emocional negativa à usurpação da liberdade. A reatância ocorre quando um indivíduo sente que alguém está a tirar as suas livres escolhas ou a limitar o seu conjunto de alternativas. 12 Rodrigues (1969) refere que Brehm apresentou os postulados fundamentais da teoria que tende a explicar a motivação dos indivíduos na recuperação da sua liberdade, sempre que essa liberdade é suprimida ou ameaçada de cessação. Ou seja, sempre que existem ameaças à liberdade de um indivíduo em exibir um determinado comportamento, ou real usurpação dessa liberdade, o indivíduo é motivado para recuperar a liberdade ameaçada ou perdida. Brehm e Brehm (1981) sublinharam que sendo elementos fundamentais a liberdade, a ameaça à liberdade, a reatância e a restauração da liberdade, a reatância só ocorre quando os indivíduos têm um sentido concreto da liberdade e a conhecem. Esta força motivacional é direcionada para o restabelecimento das liberdades e pode expressar-se através de várias formas, diretas e indiretas, por exemplo: aumento do gosto e adesão à escolha que foi ameaçada (Brehm, Stires, Sensenig & Shaban, 1966; Hammock & Brehm, 1966); derrogar a fonte (Kohn & Barnes, 1977); negar a ameaça (Worchel, Andreoli & Archer, 1976); exercer uma liberdade diferente para ter um sentimento de escolha e controlo (Wicklund, 1974) e efeito bumerangue na posição do indivíduo sobre determinado assunto (Worchel & Brehm, 1970). Se um indivíduo é livre de escolher uma entre várias formas de ação, mas, se por um motivo qualquer, a sua liberdade de escolha for reduzida ou eliminada, as formas eliminadas tornam-se mais atraentes para o indivíduo que está a fazer a escolha (Brehm & Brehm, 1981). De acordo com o autor Silvia (2005), Brehm e Brehm (1981) e outros autores (Knowles & Linn, 2004), na dinâmica de aproximação / evitamento da teoria da reatância, previram que a similaridade interpessoal pode reduzir a reatividade, aumentando a conformidade e reduzindo a resistência. Esta previsão decorreu da seguinte experiência: a semelhança do comunicador para o participante foi manipulada por nomes idênticos e aniversários (Experiência 1) e por valores congruentes (Experiência 2). Os indivíduos leram ensaios em que o comunicador fez ou não ameaças à sua liberdade de atitudes. As ameaças causaram efeito bumerangue, apenas quando a semelhança do comunicador era baixa ou desconhecida. Quando o comunicador era muito parecido com os participantes, estes concordaram fortemente com a mensagem, independentemente da ameaça. A similaridade aumentou a força em direção à persuasão, aumentando o gosto, e diminuiu a força em direção à resistência, fazendo a mensagem parecer menos ameaçadora. 13 1.1.3. Resistência Estado e Traço A resistência como estado é abordada na teoria da reatância de Brehm (1966) sendo referida como um “estado motivacional” que ocorre em resposta a uma ameaça ou à usurpação da liberdade. Resistência também foi definida como um “estado emocional negativo” (Eagly & Chaiken, 1993); esta conceptualização tão ampla pode ser uma construção baseada na afirmação de Brehm e Brehm (1981), de que a resistência não pode ser medida diretamente, e só pode ser estudada através dos resultados da mensagem de persuasão. Dillard e Shen (2005) argumentaram que tal noção de resistência não é fiável. Assim, conceptualizaram a resistência como cognições negativas, resultantes de uma ameaça à liberdade do indivíduo, e testaram quatro modelos diferentes de processos de resistência. A compreensão da cadeia de respostas cognitivas e afetivas envolvidas na resistência é essencial para desenvolver mensagens persuasivas e eficazes no futuro. O primeiro modelo de Dillard e Shen (2005) pressupunha que a resistência fosse puramente cognitiva, desenvolvendo-se pensamentos negativos (por exemplo, contraargumentos). O segundo modelo testado, foi um modelo puramente afetivo, que se baseava na ideia que a resistência se manifestava através da raiva. O terceiro modelo proposto, considerou que a resistência poderia ser cognição e emoção, tendo estas impactos distintos na resposta do indivíduo à mensagem, e consequentemente no seu comportamento (designado por Modelo do Processo Dual Cognitivo-Afetivo). O quarto modelo proposto, foi designado por Modelo do Processo Entrelaçado CognitivoAfetivo: a resposta do indivíduo à mensagem é um resultado simultâneo de emoção e cognição. Com base nos resultados do trabalho de Hong (1992) que construiu uma escala do traço de resistência, Dillard e Shen (2005) avaliaram a relação entre o grau de ameaça da mensagem e o traço da resistência, tendo concluído que o Modelo Entrelaçado era o mais adequado no caso da sua investigação. Este estudo é de grande importância para o efeito de avaliar a eficácia das mensagens de persuasão e consequentemente os comportamentos de conformidade dos recetores das mensagens. A resistência como traço remete para uma teoria cognitiva da resistência. A terapia cognitiva evolutiva baseia-se num modelo construtivista, em vez de se basear num modelo de processamento de informação. Assume que o indivíduo organiza e 14 constrói, ativamente, as suas perceções do mundo em sistemas significativos como os esquemas cognitivos (Dowd & Seibel, 1990; Liotti, 1989). Estes esquemas constituem marcos da organização cognitiva, que são criados através do ponto de vista idiossincrático do indivíduo sobre a realidade. Com o tempo estes esquemas organizamse estruturalmente a nível central e periférico, desenvolvendo-se e diferenciando-se através da incorporação progressiva de nova informação (Liotti, 1989). As estruturas cognitivas centrais são mais resistentes à mudança, dado que se encontram envolvidas em estruturas relativas ao significado. Dowd (1989) propõe que a resistência vem de uma motivação para alcançar ou voltar a ter controlo sobre si mesmo e sobre as situações. Essa motivação pode implicar uma poderosa suposição cognitiva central: os indivíduos devem auto controlar-se, e controlar as situações. Nemiah (1984) refere que as teorias psicodinâmicas de mudança psicológica têm assumido que a resistência é provocada por conflitos inconscientes e que se trata de uma defesa psicológica contra a consciência das cognições inconscientes, reprimidas. Uma técnica terapêutica psicodinâmica fundamental é a exploração desses conflitos e o desaparecimento gradual da repressão, de modo a que os conflitos inconscientes se tornem conscientes e a tranquilidade psicológica seja atingida. 1.2. Personalidade e Resistência Psicológica Como já referido, Watson (1971) define a resistência psicológica como “todas as forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da personalidade ou social”. O conceito de personalidade está etimologicamente ligado à noção de um papel desempenhado pelo indivíduo num contexto e face a um público. É um conjunto de sistemas organizados que sustêm a conduta do indivíduo e pode ser definido como uma característica relativamente estável e geral da maneira de ser do indivíduo, no seu modo de reagir às situações nas quais se encontra (Cloninger, 1999). Dowd, Milne e Wise (1991) empreenderam vários estudos destinados a determinar as correlações entre a resistência psicológica, a personalidade e a motivação, de modo a construir uma rede nomológica do conceito. Dowd e Wallbrown (1993) num estudo de regressão múltipla, utilizando a Escala Terapêutica da Resistência (TRS – Therapeutic Resistance Scale) e o QMPR (Questionnaire Measuring Psychological 15 Reactance), relacionando-os com o Inventário de Investigação da Personalidade (Personality Research Form, PRF de Jackson, 1994), concluíram que a resistência psicológica, mensurada pela TRS, está relacionada com: negação, sentimento de defesa, incapacidade para aceitar a crítica, natureza dominadora e controladora, natureza independente, individualista e auto determinada, e uma tendência para agir sem ponderar devidamente as consequências potenciais de uma linha de comportamento. Considerando o QMPR, a resistência psicológica surge associada com a defensividade, e também com a facilidade de se sentir ofendido, falta de vontade em procurar simpatia e proteção de outros, não se apresentar em termos favoráveis, e ainda com a agressão, autonomia e impulsividade. Concluem que o indivíduo resistente aparece como uma pessoa solitária, dominadora e individualista, a quem faltam relações fortes com outras pessoas e que não está disposta a criar uma impressão favorável nos outros. Embora tudo isto tenha nitidamente uma conotação negativa, estes indivíduos também podem ser líderes fortes e efetivos em muitas situações. O conceito de resistência disposicional à mudança, que incorpora diferenças entre indivíduos, foi estabelecido num artigo publicado no Jornal de Psicologia Aplicada (Oreg, 2003), bem como na respetiva escala de medição RTC (Resistance to Change); foram desenvolvidos através de uma série de estudos nos quais a validade da escala foi demonstrada do ponto de vista da estrutura e da sua capacidade preditiva, tendo sido igualmente validado o próprio constructo. Os estudos de Oreg (2003) demonstram que o traço de resistência disposicional à mudança está relacionado com outros traços de personalidade (mas sendo deles distinto), como a intolerância à ambiguidade (Budner, 1962), a busca de sensações (Zuckerman, 1994), o dogmatismo (Rokeach, 1960), a aversão ao risco (Slovic, 1972), e a abertura à experiência (Digman, 1990). Em geral, os indivíduos que têm predisposição para a resistência psicológica à mudança são menos propensos a iniciar voluntariamente mudanças e mais propensos a formar atitudes negativas em relação às mudanças com que se deparam (Oreg, 2006). O traço é composto por quatro dimensões: a busca de rotina que envolve a medida pela qual o indivíduo gosta e procura ambientes estáveis e rotineiros; reação emocional, que reflete o grau em que os indivíduos se sentem stressados e desconfortáveis em resposta a uma mudança imposta; o foco curto-prazo, que diz respeito à medida pela qual os indivíduos valorizam os inconvenientes de curto prazo da mudança em relação aos respetivos benefícios potenciais de longo prazo; finalmente, a 16 rigidez cognitiva, que representa uma forma de teimosia e falta de vontade em admitir ideias e perspetivas alternativas (Oreg, 2003; Oreg, 2006). Assim, a rigidez cognitiva está relacionada com traços de personalidade, como por exemplo o dogmatismo ou a rigidez; os indivíduos dogmáticos são mais inflexíveis e têm pouca abertura à novidade, pelo que poderá ser possível prever-se a abordagem deles à mudança. Num estudo empírico, Lau e Woodman (1995), concluíram que a rigidez cognitiva pode dar origem a alguma resistência à mudança. No que diz respeito à flexibilidade, considera-se que os indivíduos que são mais flexíveis irão estar mais abertos e mais disponíveis para receberem uma mudança e colocarem-na em prática; os menos flexíveis resistem mais a aceitar a mudança, pois se a aceitassem, estariam a admitir que o que era feito ou a forma de executarem as suas obrigações, até ao momento, estaria errada, o que seria difícil de compreenderem. Em relação à preferência por baixos níveis de estimulação e novidade, existem estudos que fazem a distinção entre indivíduos adaptativos e indivíduos inovadores (Kirton, 1980). Os indivíduos adaptativos são os que melhor desempenham as suas funções em ambiente estável, familiar, enquanto os indivíduos inovadores procuram novas soluções, dado que sentem a necessidade de inovação e de desenvolver novos estímulos. Daí que indivíduos que não sentem necessidade de procura de novidade sejam mais propensos a resistir à mudança. A relutância em abandonar hábitos antigos, é uma componente muito comum de resistência à mudança, pois para alguns indivíduos é muito difícil abandonar o que já lhes é familiar, pelo que “quando se deparam com novos estímulos, as respostas familiares podem ser incompatíveis com a nova situação, produzindo desta forma stress, que posteriormente passará a ser associado aos novos estímulos.” (Ribeiro, 2010). Judson (1966) salienta que, num extremo, está a resistência ativa e, no outro, o apoio entusiástico à mudança. Destaca também que a avaliação que um indivíduo pode fazer do seu estado futuro, é influenciada pelos temores, desejos, suspeitas e crenças. Desta forma, para se proteger e defender a sua posição, o indivíduo apresenta resistência psicológica. A forma de resistência à mudança será variada, dependendo da personalidade dos indivíduos, da natureza da mudança, das atitudes daqueles para com tal mudança, e das forças que derivam do grupo e do seu contexto. Assim, aponta algumas variáveis que podem intensificar ou reduzir os sentimentos de resistência, agindo de forma articulada, originárias da própria personalidade de cada um ou do 17 ambiente e seu contexto: a) sentimentos de predisposição a respeito de qualquer mudança – são intimamente enraizados e existem desde o nascimento e desenvolvem-se numa contínua série de mudanças através da vida; são sentimentos vagos e preestabelecidos; b) sentimentos de insegurança – fator da medida que o indivíduo tem para a sua própria segurança; c) crenças culturais e normas de conduta – a cultura exerce influência sobre as atitudes e comportamentos dos indivíduos, para que ajam de acordo com as crenças e normas aceites; uma mudança pode alterar esta ordem implícita e, se for não compreendida levará ao conflito; d) confiança – a disposição, vontade para mudar, depende em parte do grau de confiança que existe entre indivíduos, e estende-se para as relações sociais; e) acontecimentos históricos – os indivíduos encaram os acontecimentos passados como precedentes do que provavelmente ocorrerá no futuro; assim a suposição é a de que pelo facto dos acontecimentos terem seguido um certo curso no passado, este mesmo padrão irá repetir-se no futuro; f) apreensões e esperanças – constituem as dúvidas que surgem na mente dos indivíduos, relacionadas com as novas formas de executar e as novas relações. Relativamente às fontes de resistência psicológica na personalidade, Watson (1969) descreve nove: a) a homeostase (mecanismos reguladores para manter constantes os estados psicológicos); b) a primazia (a forma como o indivíduo lida pela primeira vez com o sucesso e qual o modelo que o indivíduo tenta restituir); c) o hábito (sempre que o familiar ou a rotina são preferidos); d) a perceção seletiva e a retenção (uma vez que as atitudes são formadas, os indivíduos respondem a outras sugestões a partir da moldura de uma perspetiva estabelecida); e) a dependência (o efeito de socialização e adaptação para uma resposta de proteção ou inovadora); f) ilusão de impotência (sentimento de impotência ou de vítima, através de distorção cognitiva); g) superego (conceito Freudiano de restrição e tabus que estabelecem padrões para si mesmo); h) autodesconfiança (distorção cognitiva e auto culpabilidade); i) insegurança e regressão (dependência nostálgica do passado). De acordo com os autores Rothbart (1989), Strelau e Eliaz (1994) a resistência tem sido incluída como um dos traços centrais do temperamento em diferentes abordagens teóricas. Apresenta-se na Tabela 4, a síntese de alguns estudos que correlacionam a personalidade e a resistência psicológica. 18 Tabela 4 Síntese de estudos da personalidade vs resistência psicológica. Autores Escalas Aplicadas Dowd e Wallbrown (1993) TRS Dowd e Wallbrown (1993) QMPR Oreg (2003) RTC Resultados na Resistência Psicológica Resultados na Personalidade Negação; sentimento de defesa; incapacidade para aceitar a crítica; natureza dominadora e controladora; natureza independente, individualista e auto determinada; e uma tendência para agir sem ponderar devidamente as consequências potenciais de uma linha de comportamento. Defensividade; facilidade de se sentir ofendido; falta de vontade em procurar simpatia e proteção de outros; não se apresentar em termos favoráveis; agressão; autonomia e impulsividade. Pessoa solitária, dominadora e individualista, a quem faltam relações fortes com outras pessoas e que não está disposta a criar uma impressão favorável nos outros. Também pode ser líder forte e efetivo em muitas situações. Indivíduos com predisposição para a resistência psicológica: são menos propensos a iniciar voluntariamente mudanças e mais propensos a formar atitudes negativas em relação às mudanças com que se deparam. Traço de resistência disposicional: intolerância à ambiguidade; a busca de sensações; dogmatismo; aversão ao risco; abertura à experiência. Traço: busca de rotina; reação emocional; foco curto prazo; rigidez cognitiva (representa uma forma de teimosia e falta de vontade em admitir ideias e perspetivas alternativas). Indivíduos Adaptativos Mais resistentes (relutância em abandonar hábitos antigos). São os que melhor Propensão à não procura de desempenham as suas funções em novidade. ambiente estável e familiar. Indivíduos Inovadores Mais propensos à mudança. Procuram novas soluções, dado que sentem a Propensão necessidade de inovação e de desenvolver novidade. novos estímulos. Kirton (1980) à procura de 1.2.1. Dimensões da Personalidade associadas à Resistência Apresenta-se na Tabela 5 um resumo das dimensões da personalidade associadas à resistência psicológica. 19 Tabela 5 Resumo das dimensões da personalidade associadas à resistência psicológica. Modelos da Personalidade Eysenk (Eysenck & Eysenck, 1985) Dimensões da Personalidade Psicoticismo Extroversão vs Introversão Neuroticismo Five-Factor Model (FFM) (Costa & McCrae, 1992) Neuroticismo: ansiedade, hostilidade, depressão, auto consciência, impulsividade e vulnerabilidade. Extroversão: acolhimento caloroso, gregarismo, assertividade, atividade, procura de excitação e emoções positivas. Amabilidade: confiança, retidão, altruísmo, complacência, modéstia e sensibilidade. Abertura à experiência: fantasia, estética, sentimentos, ações, ideias e valores. Conscienciosidade: competência, ordem, obediência ao dever, esforço de realização, autodisciplina e deliberação. Zuckerman-Kuhlman Atividade Personality Agressividade / Hostilidade Questionnaire (Zuckerman, 1994) Impulsividade (procura impulsiva de sensações) Neuroticismo / Ansiedade MMPI (Butcher & Beutler, 2005; Graham, 2000; Green, 2000) TCI Cloninger Temperamento (Cloninger, 1998) TCI Cloninger Carácter (Cloninger, 1998) Resistência - vs + + + + + - Sociabilidade + - Agressividade Psicoticismo + + Desinibição - Neuroticismo + Introversão + Procura de Novidade (Excitabilidade exploratória; Impulsividade; Extravagância e Desordem) Evitamento do Perigo (Ansiedade antecipatória; Medo da incerteza; Timidez e Fadiga) Dependência da Recompensa (Sentimentalismo; Abertura à comunicação; Apego e Dependência) Persistência (Resistência ao esforço; Trabalho; Ambição e Perfeccionismo) Auto Diretividade (Responsabilidade; Propósito; Recursos; Autoaceitação e Congruência) Cooperação (Aceitação social; Empatia; Altruísmo; Compaixão e Consciência) Auto Transcendência (Abstração; Identificação transpessoal e Espiritualidade) + + - 1.2.2. Modelos da Personalidade O Modelo de Eysenk é constituído pelas seguintes dimensões: psicoticismo vs 20 controlo de impulso; extroversão-introversão; neuroticismo (estabilidade emocional vs instabilidade ou neurose). Neste modelo designado por PEN (psicoticismo, extroversão e neuroticismo), as dimensões, ou super fatores, são baseadas em "fatores constitucionais, genéticos ou inatos, que estão a ser descobertos na estrutura fisiológica, neurológica e bioquímica do indivíduo" (Eysenck & Eysenck, 1985); foi desenvolvido com base numa perspetiva genética e psicofisiológica da personalidade e na aceitação dos aspetos da teoria comportamental; também se baseou em procedimentos estatísticos e no conceito do traço. As três dimensões foram testadas em estudos empíricos, sendo: “psicoticismo” (que inclui traços que os indivíduos considerados normais compartilham com indivíduos psicóticos, como por exemplo: o descuido ou a negligência em relação a si mesmos; desinteresse pelo senso comum e expressão anormal das emoções); “extroversão/introversão” [extroversão que indica a propensão para a atividade, energia, entusiasmo, procura pelos outros, assertividade, e a introversão (que é o oposto)]; “neuroticismo” (com traços ansiosos como tensão, preocupação, autocomiseração, instabilidade). O modelo dos Cinco Fatores (Five Factor Model) derivou do trabalho de Eysenck e Eysenck (1975), para apreender o conjunto dos traços de personalidade, designadamente: neuroticismo, extroversão, amabilidade, abertura à experiência e conscienciosidade. Desta hipótese surgiu um questionário para avaliar as cinco dimensões fundamentais da personalidade: o NEO PI-R (NEO Personality Inventory Revised) (Hansenne, 2003). Segundo Costa e McCrae (1992), as facetas da personalidade que compõem o neuroticismo são: ansiedade, hostilidade, depressão, auto consciência, impulsividade e vulnerabilidade (esta dimensão diz respeito à instabilidade/estabilidade emocional de um indivíduo); a extroversão é composta pelas seguintes facetas: acolhimento caloroso, gregarismo, assertividade, atividade, procura de excitação e emoções positivas (esta dimensão corresponde ao nível de sociabilidade de um indivíduo); a amabilidade é composta por: confiança, retidão, altruísmo, complacência, modéstia e sensibilidade (esta dimensão refere-se a traços que levam a atitudes e a comportamentos pró-sociais); a abertura à experiência é composta por: fantasia, estética, sentimentos, ações, ideias e valores (esta dimensão caracteriza-se por um interesse intrínseco na experiência em múltiplas áreas); e a conscienciosidade é composta pelas seguintes facetas: competência, ordem, obediência ao dever, esforço de realização, autodisciplina e deliberação (esta dimensão refere-se ao sentido prático e de 21 contenção). Laak (1996) faz um apanhado histórico do surgimento do Modelo dos Cinco Grandes Fatores (MCGF) da personalidade, e comenta que as análises de correlação de diversos instrumentos que medem os traços ou disposições, geralmente indicam duas dimensões, interpretadas como extroversão e neuroticismo. As pesquisas correlacionais com enfoque psicoléxico, ou seja, aquelas que utilizam adjetivos de personalidade, levaram a agregar outras três dimensões: amabilidade, conscienciosidade e abertura à experiência. Este novo conjunto de dimensões passou a ser conhecido como os Cinco Grandes Fatores de Personalidade (Cattell, 1996; Goldberg, 1981). O Zuckerman-Kuhlman Personality Questionnaire (ZKPQ; Zuckerman, 2002; cit. in Mitrović, Čolović & Smederevac, 2009) incluiu cinco dimensões, que são: atividade; agressividade / hostilidade; impulsividade (procura de sensações), neuroticismo (ansiedade) e sociabilidade. Zuckerman (1994) buscou analisar e aprimorar a teoria do traço, tendo verificado que o traço se apresenta em todos os indivíduos, variando apenas na intensidade, e sendo observadas na faixa-etária que varia entre os 16 e 20 anos as suas manifestações mais intensas; aquela faixa etária é apontada na maioria das vezes como estando relacionada com comportamentos de risco, como, por exemplo, uso de drogas, atividades de mergulho e de paraquedismo, e ainda condução sob efeito do álcool (Lin & Tsai, 2002). Espera-se que a impulsividade (busca impulsiva de sensações) prediga uma abertura à mudança, uma atitude recetiva em relação às novas experiências, e a capacidade para tolerar sensações e ideias que são estranhas para a maioria dos indivíduos. Estes indivíduos são também considerados como mais sociáveis, impetuosos, assertivos, atrevidos e demonstram menos medo (Aluja, 1989, 1990; Zuckerman, 1983, 1994; Zuckerman, Eysenck & Eysenck, 1978); a atividade reflete uma necessidade de ação, inquietação e impaciência, além de uma preferência por trabalhos desafiantes e difíceis; a agressividade / hostilidade refere-se à agressão verbal, ao comportamento irrefletido ou antissocial, de despeito, irritadiço e de impaciência com o outro; o neuroticismo / ansiedade envolve preocupações emocionais, tensão, medo, indecisão obsessiva, falta de autoconfiança e sensibilidade à crítica e, finalmente, a sociabilidade refere-se à preferência do indivíduo por festas e por estar rodeado de muitos amigos e à intolerância por atividades solitárias ou introvertidas. Para mensurar a busca de sensações, Zuckerman (1994) propôs a Escala de Busca de Sensação (EBS). 22 MMPI (Minnesota Multiphasic Personality Inventory) é composto por cinco dimensões: agressividade; psicoticismo; desinibição; neuroticismo e introversão. A agressividade envolve a tendência para a hostilidade e comportamento combativo, com ênfase na agressividade instrumental e ofensiva, bem como sentimentos de grandiosidade face aos outros e desejo de poder e domínio social; o psicoticismo está associado a fenómenos sensoriais e percetivos pouco usuais, com suspeição em relação aos outros e probabilidade de exibição de comportamentos de natureza psicótica, ansiedade e obsessões; a desinibição é caraterizada por uma tendência para ações impulsivas, propensão para o risco, ausência de desejo por ordem e planos de ação e dificuldade no cumprimento de regras; o neuroticismo corresponde a uma disposição afetiva para experienciar emoções negativas, como ansiedade, nervosismo, preocupação e culpa, o que leva a sofrimento interior; por fim, a introversão que se associa a uma reduzida emocionalidade positiva, à tendência global para não procurar ou gostar de experiências sociais (isolamento social e alienação) e à ausência de energia para se orientar para atividades e objetivos de vida. Trata-se de um inventário com amplo potencial descritivo de dimensões da personalidade e da psicopatologia, e evidencia-se como instrumento privilegiado para identificar e caracterizar tais relações (Butcher & Beutler, 2005; Graham, 2000; Green, 2000); trata-se também de um modelo descritivo e dimensional de potenciais perturbações ao nível da personalidade, baseado num sistema conceptual de cinco fatores principais (Archer, 2005) e que coloca a sua ênfase em traços da personalidade ou diferenças disposicionais específicas (McNulty, Harkness, Ben-Porath & Williams, 1997). Cloninger (1986, 1987) apresentou a teoria biossocial unificada do temperamento e da personalidade. Nesta teoria, a personalidade é conceptualizada como uma combinação de traços hereditários e neurobiológicos (dimensões do temperamento) e traços que refletem a aprendizagem sociocultural (dimensões do carácter). O Modelo biopsicosocial designado por TCI (Cloninger, 1998) inventário do temperamento e do carácter) é constituído por quatro dimensões do temperamento de ordem mais elevada, para avaliar a personalidade, que estão relacionadas com a atividade em sistemas de neurotransmissores centrais específicos: a procura de novidade (ativação - sistema dopaminérgico) mede como o comportamento é ativado em resposta à novidade, à tomada de decisão impulsiva, à extravagância na abordagem a estímulos de recompensa, à perda de paciência e ao evitamento da frustração; o evitamento de dano 23 (inibição - sistema serotoninérgico) está associado à afetividade negativa, que é a inibição ou cessação de comportamentos face a possibilidade de frustração ou ameaça, como a preocupação pessimista em relação a problemas futuros, comportamentos de esquiva, medo da incerteza, timidez em frente a estranhos e tendência à fadiga; a dependência da recompensa (manutenção - sistema noradrenérgico) mede a manutenção ou a continuidade de comportamentos que se manifestam como o sentimentalismo, vínculos sociais e dependência de aprovação dos outros, de forma que o indivíduo responda com o fim de obter uma recompensa, e está associada à afetividade positiva; e a persistência (que descreve a tendência do indivíduo em prosseguir um determinado comportamento, sem considerar as consequências); e três dimensões do carácter: auto diretividade (maturidade individual) refere-se à autodeterminação e à força de vontade, além da capacidade que o indivíduo tem de controlar, regular e adaptar o seu comportamento de acordo com valores e metas; a cooperação (maturidade social) compreende a tolerância social, a empatia, a prestatividade, a compaixão e princípios morais que correspondem aos componentes de avaliação da personalidade; nesta dimensão observa-se como o indivíduo se percebe como parte integrante da sociedade como um todo; e a auto transcendência (maturidade espiritual) é uma dimensão descrita como aceitação, identificação ou união espiritual com a natureza: o indivíduo percebese como parte integrante de um todo unificado; está associada a um julgamento altruísta e humilde. 1.2.3. Estudos de dimensões da Personalidade Filiando-se nos diferentes modelos da personalidade descritos, foram realizados múltiplos estudos que relacionaram diferentes dimensões da personalidade, de que se passam a expor alguns exemplos estudados. No modelo dos cinco fatores, Nunes, Hutz e Nunes (2010) consideram que a dimensão do neuroticismo está mais relacionada com as características emocionais dos indivíduos; refere-se ao quanto o indivíduo é vulnerável e estável emocionalmente; assim indivíduos com elevado neuroticismo tendem a vivenciar com maior intensidade vivências negativas, valorizando pouco as vivências positivas. Leva também a que sejam vivenciados mais intensamente sofrimentos emocionais, com dificuldades em tolerar as frustrações (Hutz, Nunes, Silveira et al., 1998), e que os indivíduos apresentem maiores sintomas de depressão e ansiedade. Indivíduos com baixo 24 neuroticismo são normalmente calmos, relaxados, com capacidade para enfrentar situações de tensão, sem que isso os transforme (Costa & McCrae, 1992). A ansiedade corresponde a indivíduos tensos, preocupados e apreensivos; quando os níveis são baixos os indivíduos são calmos, estáveis e pouco apreensivos. A hostilidade correlaciona-se positivamente com o baixo índice da faceta amabilidade; quando a hostilidade é elevada há propensão ao sentimento de raiva, amargura e frustração, quando é baixa, os indivíduos demonstram um temperamento moderado. A faceta depressão carateriza indivíduos com pouca esperança, desespero, culpabilização, etc.; quando apresenta baixo índice, os indivíduos são confiantes e raramente estão tristes. A autoconsciência relaciona-se com emoções de vergonha, caraterística de indivíduos com propensão para se sentirem inferiores; quando o nível é baixo, os indivíduos são mais seguros de si e socialmente mais adequados. A impulsividade corresponde à incapacidade de controlar e resistir às tentações; quando apresenta baixos níveis, os indivíduos são mais resistentes às tentações e têm maior tolerância à frustração (Costa & McCrae, 1992). Os autores Nunes, Hutz e Nunes (2010) consideram que a faceta vulnerabilidade avalia a fragilidade emocional que decorre da perceção do indivíduo; assim, o medo de perder alguém em função dos erros cometidos é elevado. Indivíduos com elevada vulnerabilidade tendem a agir de forma a agradar aos outros; indivíduos com baixa vulnerabilidade podem possuir um elevado grau de individualismo e independência emocional, que podem ser acompanhados por falta de sensibilidade em relação aos sentimentos dos outros, não se preocupando com a opinião destes. A instabilidade emocional retrata a forma como os indivíduos se vêm como irritáveis, nervosos e propensos a oscilações do humor sem motivo aparente; quando os indivíduos têm elevada instabilidade emocional, tendem a tomar decisões impulsivas e precipitadas quando se sentem emocionalmente desconfortáveis, apresentando dificuldade em controlar os sentimentos negativos, e têm baixa tolerância a frustrações. No MMPI, o estudo de Carvalho e Novo (2014), avaliou a personalidade de estudantes utilizando este modelo multimodal (MMPI), as dimensões da personalidade que mais se destacaram foram a imaturidade, relacionada com a autoavaliação mais negativa dos jovens enquanto estudantes, o que significa que os mais impulsivos, com dificuldades de autocontrolo e propensos para o risco, se classificam de forma mais negativa, um padrão de resultados que se verificou na transição entre as diferentes 25 categorias qualitativas de avaliação e que vem reiterar a importância das características associadas à gestão dos impulsos e da autorregulação, para a adaptação a diferentes contextos e fases do desenvolvimento, como seja a vida escolar na adolescência (Carvalho & Novo, 2010). Mais recentemente, têm sido desenvolvidos estudos, com base no modelo psicobiológico de Cloninger, que apontam para a determinação genética dos traços de personalidade. De acordo com um estudo de Jingying, Huan, Hongxu, et al., (2011), os polimorfismos no gene DARPP-32 estão envolvidos nos mecanismos biológicos que conferem os traços de procura de novidade e de evitamento de danos. Um trabalho de Reuter, Weber, Fiebach, Elger e Montag (2009), concluiu uma associação entre a proteína DARPP-32 e o traço raiva em indivíduos caucasianos, sugerindo que DARPP32 pode estar envolvido no mecanismo biológico de alguns traços de personalidade. Os traços de personalidade, compostos de temperamento e carácter, são influenciados tanto por fatores genéticos como ambientais (Gardini, Cloninger & Venneri, 2009). No seu estudo Jingying et al., recordam que foi Cloninger (1987) quem, em primeiro lugar, propôs o modelo biossocial de traços de personalidade e desenvolveu o Tri-Dimensional Personality Questionnaire (TPQ) que incluía três dimensões de temperamento: procura de novidade (NS), evitamento do dano (HA), e dependência de recompensa (RD). Procura de novidade (NS) refere-se a um acréscimo da importância para o comportamento de novos estímulos durante o reforço positivo ou negativo, e é caracterizado por exploração e impulsividade. Evitamento de dano (HA) refere-se ao acrescido poder de estímulos perniciosos no reforço de comportamentos que visam evitar a punição ou minimizar retornos negativos. Este fenótipo comportamental é caracterizado pelo medo da incerteza, neofobia e ansiedade. Dependência da recompensa (RD) refere-se ao aumento do poder de recompensa no reforço de associações estímulo-resposta e à estabilidade de comportamentos que mantêm a recompensa. Está associado com sentimentalismo e apego nos seres humanos. Como Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993) predisseram, NS está associado com a atividade dopaminérgica (DA), HA com a atividade serotoninérgica (5-HT), e RD com a atividade noradrenalina (NE). De facto, outros estudos sobre ligação genética têm demonstrado uma relação positiva entre estes traços de personalidade e genes que codificam os já mencionados recetores ou transportadores de neurotransmissores 26 (Noble, Ozkaragoz, Ritchie et al., 1998; Strobel, Gutknecht & Rothe, 2003; Kim, Park & Yoon et al., 2007; Serretti, Drago & Ronchi, 2007; Nyman, Loukola & Varilo et al., 2009; Nakamura, Ito & Aleksic, 2010). O estudo de Jingying et al. (2011) conclui que há um consenso emergente de que as alterações globais em sistemas neurotransmissores centrais específicos podem influenciar os traços da personalidade. Para elucidar os mecanismos biológicos que influenciam os traços de personalidade, o referido estudo avaliou a relação putativa entre os polimorfismos do gene DARPP-32 (PPP1R1B) e os traços de personalidade, tal como medidos pelo TPQ em indivíduos saudáveis chineses da etnia Han. Refere-se finalmente que um estudo de Hemphälä, Gustavsson e Tengström (2012), com o objetivo de validar dois instrumentos da personalidade, o inventário HP5i (Health-Relevant Personality Inventory) e o JTCI (Junior Temperament and Character Inventory) em adolescentes com problemas de consumo de substâncias, encontram convergência na validade em que a afetividade negativa (HP5i) e o evitamento de dano (JTCI), traços que medem emoções negativas, foram correlacionadas com sintomas de internalização; enquanto os traços impulsividade (HP5i) e a procura de novidade (JTCI), foram correlacionadas com sintomas de externalização. Em suma, ambos os instrumentos podem ser utilizados em amostras clínicas de adolescentes, para incluir a avaliação da personalidade ao avaliar problemas psiquiátricos em adolescentes. 1.2.4. Resistência Psicológica e Impulsividade Apesar de obsessão, impulsividade e compulsividade exibirem conceitos distintos, os profissionais de saúde e a população leiga tornaram-nos similares, levando a compulsão a ser abrangida pelo termo mais geral, impulsividade, mesmo nas classificações nosológicas atuais do DSM IV-R (2002) e do CID 10 (1993). No entanto, a compulsão e a obsessão podem confundir-se, situação que deriva do carácter descritivo das classificações e da ocorrência da sobreposição de transtornos compulsivos e impulsivos. Laplanche e Pontalis (2001) a nível psicanalítico fazem a diferenciação de impulso e compulsão: Entre compulsão e impulso, o uso estabelece diferenças sensíveis. Impulso designa o aparecimento súbito, sentido como urgente, de uma tendência para realizar este ou aquele ato, este 27 efetuando-se fora de qualquer controlo e geralmente sob o domínio da emoção; não se encontra nesse conceito nem a luta nem a complexidade da compulsão obsessiva, nem o carácter organizado segundo uma certa encenação fantasiosa da compulsão à repetição. Laplanche e Pontalis (2001, p. 87) Siever (1996) faz a analogia entre impulsividade, compulsividade e as forças ying e yang, como reflexos da relação de forças opostas da dinâmica inconsciente. Pondera que o desequilíbrio entre as duas forças levaria ao aparecimento de uma psicopatologia. Também considera a espontaneidade uma característica impulsiva; no entanto, quando esta não está presente, passa a ser um sintoma para uma perturbação de personalidade obsessiva compulsiva (POC). Da mesma forma, a ausência de um grau desejável de compulsividade, é considerada um aspeto patológico da perturbação da personalidade borderline (TPB). O autor Fuentes (2004) refere não existirem ainda consenso ou parâmetros comuns que possam definir a impulsividade de forma evidente, mas ainda assim salienta três propostas atuais: i. Impulsividade como intolerância à frustração ou inabilidade em protelar a recompensa. O indivíduo não pode conter o impulso, vivencia-o como um desejo impreterível, intenso e não domável. Costa e McCrae (1992) haviam afirmado que a avidez é um componente da impulsividade e também da personalidade; ii. Impulsividade como capacidade reduzida de reflexão e precipitação para o ato. O modelo é proposto por Barratt (1959) que correlaciona a impulsividade com impaciência, ações rápidas, impensadas e com pouca reflexão, e com o défice de atenção, sendo uma resposta comportamental, uma reação quase imediata a elementos isolados; iii. Impulsividade como desejo de experimentação. Mencionada nos modelos de Zuckerman (1994) que contempla a classificação de um indivíduo impulsivo e ávido por emoções, e de Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993) que consideram o indivíduo sequioso de novidades e irreflexivo no evitamento de danos. Fuentes (2004) considera que existe uma tendência para um dos três eixos do modelo de Cloninger remeter para uma perturbação de personalidade, sendo que dois deles parecem estar intimamente ligados à impulsividade e compulsividade: a procura de novidade e o evitamento do 28 dano. Os elevados índices de procura de novidade caracterizam o indivíduo impulsivo; ao passo que o elevado evitamento carateriza o indivíduo compulsivo. Para Tavares (2000) os atos impulsivos são fenómenos da vontade e caracterizam-se pela incapacidade do indivíduo resistir à satisfação do impulso. No ato impulsivo não há preparação prévia nem avaliação do risco. O autor verifica que a resistência pode ser o ponto comum na diferenciação entre a impulsividade e a compulsividade: Parece que o ponto comum aos autores que buscam caracterizar e diferenciar compulsividade e impulsividade é a resistência. O ritual no TOC associa-se à reiteração da resistência a uma ameaça ou a uma sensação subjetiva de desconforto. No transtorno de impulso, o que se observa é a falência da resistência a um desejo e a realização de um ato a despeito de consequências ameaçadoras. Tavares (2000, p. 16) O autor Tavares (2000) também refere a representação mental experimentada na forma de um pensamento ou impulso, designando-o por ato compulsivo devido ao carácter da resistência; este desempenho conduz à divergência da representação mental e do ato impulsivo, devido ao carácter da concessão, aquilo que leva à convergência com a representação mental à qual se associa. Para Borges e Jorge (2000) a falta de controlo sobre um ato está ligada à impulsividade, que se encontra na psique, sendo um traço de personalidade, e que em desequilíbrio leva a emergir um sintoma psicopatológico. De acordo com Mitrović, Čolović e Smederevac (2009), a impulsividade é uma das cinco dimensões da personalidade do ZKPQ (referindo-se à busca de sensações); no modelo dos cinco fatores, Costa e McCrae (1992) consideram a impulsividade uma faceta do neuroticismo (corresponde à incapacidade de controlar e resistir às tentações, e quando apresenta baixos níveis os indivíduos são mais resistentes às tentações e têm maior tolerância à frustração); o modelo de Cloninger (1987) inclui no temperamento a dimensão procura de novidade, que se refere a um acréscimo da importância para o comportamento de novos estímulos durante o reforço positivo ou negativo, e é caracterizada por exploração e impulsividade. A externalização e a internalização dos comportamentos têm baixo autocontrolo 29 em comum. Segundo Pitkänen (1969), os dois fatores temperamentais de personalidade de Eysenck (1960) estão associados, no eixo vertical do modelo (atividade), com extroversão vs introversão, e no eixo horizontal (baixo autocontrolo) com neuroticismo versus estabilidade. Eysenck e Eysenck (1963) identificaram a natureza dual da extroversão, e fizeram a distinção entre extroversão social e impulsiva. Dentro do modelo bidimensional, extroversão impulsiva é menos controlada que a extroversão social. As diferentes facetas de extroversão, cordialidade, sociabilidade, assertividade, atividade, procura de excitação e emoções positivas, também são reconhecidas na descrição da personalidade em cinco fatores (McCrae & Costa, 2003). A literatura tem mostrado consistentemente que os problemas de externalização se relacionam com a personalidade em diferentes estádios de desenvolvimento. Vários estudos enfatizam como relevantes, para a compreensão de comportamentos problema nos indivíduos, os traços da personalidade, a predominância da emocionalidade negativa, a impulsividade e o sensation-seeking (Barnown, Lucht & Freyberger, 2005; Cukrowicz, Taylor, Schatschneider & Iacono, 2006; Frick, 2004; Frick & Dantagnan, 2005; Hill, 2002; Joyce & Oakland, 2005; Miller & Lynam, 2001; Ruchkin, Koposov, Eisemann & Hägglöf, 2001; Singh & Waldman, 2010). A impulsividade refere-se a uma incapacidade de inibição e tendência para envolvimento imediato em situações, sem planeamento ou consideração por implicações potenciais desse envolvimento (Zuckerman & Kuhlman, 2000); já o sensation seeking envolve a procura de sensações novas, intensas e variadas, suscetibilidade ao aborrecimento e disponibilidade para envolvimento em riscos pessoais, como consequência dessas experiências (Cazenave, Le Scanff & Woodman, 2007; Gute & Eshbaugh, 2008; Rolison & Scherman, 2002, 2003; Zuckerman & Kuhlman, 2000). De acordo com o modelo psicobiológico da personalidade de Cloninger (1987; Cloninger et al., 1993), Veríssimo (2008) refere que a base dopaminérgica está relacionada com a ativação ou iniciação comportamental, própria da atividade exploratória, e da fuga e evitamento ativo; os indivíduos são incentivados por novos estímulos, pelo potencial de reforço positivo, ou pelo potencial de alívio da monotonia e da punição. Assim a atração pela novidade caracteriza o comportamento exploratório, a decisão impulsiva, a exuberância face à aproximação de indícios de recompensa, a rápida perda da moderação e o evitamento ativo da frustração. 30 1.3. Perspetiva Clínica da Resistência Psicológica Lawrence (1954) afirma que os sinais de resistência psicológica são úteis da mesma forma que a dor é útil para o corpo, como um sinal de que as funções não se encontram em forma. De acordo com Judson (1966) a resistência psicológica não é um problema fundamental para ser resolvido e, pelo contrário, qualquer manifestação de resistência psicológica é por norma um sintoma de problemas inerentes às situações particulares. Portanto, a resistência pode servir como um sinal de alerta. Também Bartlett e Kaiser (1973) vêm a resistência psicológica como um sintoma, que pode ser mais útil para diagnosticar as suas causas quando ocorre, em vez de a inibir de imediato. Argyris e Schon (1974) relataram que a resistência psicológica surge de rotinas defensivas, e que manifesta sentimentos de frustração e ansiedade. Altorfer (1992) considera que quando surge a resistência, é “hora” de descobrir o que está errado. Acredita que não se deve tratar apenas o sintoma, pois se este for removido e restar a causa, a resistência psicológica retorna. Esta visão permite captar a complexidade do fenómeno da resistência, e facilitar uma melhor compreensão das relações entre a resistência, seus antecedentes e as suas consequências. Os autores Wadell e Sohal (1998) diante da questão: “de que modo se podem prever as atitudes que os indivíduos teriam perante a mudança?”, referem que existe a necessidade de se desenvolverem técnicas apropriadas, para medir a resistência psicológica em diferentes situações. Esta questão deve-se ao facto da resistência psicológica envolver um sentido de ambivalência, com o qual os sentimentos, os comportamentos e os pensamentos sobre a mudança, podem não coincidir. Estes autores consideram que a mudança é geralmente temida, dado que forma uma perturbação do status quo, uma ameaça aos direitos adquiridos do indivíduo, e causa transtornos na forma como desempenham as tarefas. Os indivíduos afetados pela mudança sentem determinadas desordens emocionais, que envolvem a sensação de perda, de incerteza e de ansiedade. Estes não resistem psicologicamente à mudança per se, pelo contrário, resistem às incertezas e resultados potenciais que a mudança pode causar. 1.3.1. Resistência Psicológica e Autorregulação O quadro da interpretação das conexões entre comportamentos deriva do modelo de controlo do impulso e dos traços de personalidade. Este incluiu o constructo de autocontrolo, no modelo de controlo de impulso (Pulkkinen, 1982), sendo redefinido o 31 nome para modelo de regulação emocional e comportamental, o que foi feito juntamente com o estudo emergente da regulação emocional em psicologia nos anos 90 (Pulkkinen, 1995). Posner e Rothbart (2000) consideram que o comportamento precoce no indivíduo é resistente a estímulos externos e mudanças internas; no entanto os sistemas de autorregulação posteriores, incluindo aspetos de inibição do medo e a flexibilidade da atenção do controlo do esforço, desenvolvem-se para modular a resistência. O controlo do esforço tem sido definido como ''a capacidade para inibir uma resposta dominante executando uma resposta subdominante''. Vohs e Baumeister (2004) referem que utilizam os conceitos de autocontrolo e autorregulação como sinónimos, como é comumente feito. Assim, o autocontrolo é comummente visto como a inibição ativa de respostas indesejadas que poderiam interferir com o alcance dos objetivos desejados (Baumeister, 2005). O constructo autocontrolo foi introduzido na literatura psicológica mais cedo do que a autorregulação, tendo diferentes histórias, como revisto por Pulkkinen e Pitkänen (2009). Ambos os constructos significam que o indivíduo exerce controlo sobre as suas respostas (pensamentos, emoções, impulsos, performances), a fim de alcançar objetivos e viver de acordo com padrões (ideais, metas, expectativas) de outros indivíduos (Peterson & Seligman, 2004). O autocontrolo pode resultar em regulação da emoção que se refere ao redireccionamento, controlo e modificação de um estado emocional, o que permite que o indivíduo funcione de modo adaptativo (Eisenberg, Fabes, Guthrie & Reiser, 2002). A investigação empírica mostra, por exemplo, que a fraca capacidade das crianças em regular a atenção está associada com problemas de comportamento por meio de défices na regulação de emoções negativas, enquanto o elevado controlo de esforço está associado ao desenvolvimento positivo emocional, social e cognitivo (Eisenberg, Smith, Sadovsky & Spinrad, 2004). De acordo com Wheeler, Briñol e Hermann (2007), a resistência psicológica à persuasão pode ser entendida como um processo autorregulatório. Os autores fazem a ligação destes conceitos, sublinhando a natureza limitada dos recursos de autorregulação, e referindo que o esgotamento desses recursos produz efeitos nos processos de mudança de atitude. Para o autor Burkley (2008), a resistência psicológica à persuasão exige, por parte dos indivíduos, não só o desejo de resistir como também 32 força de vontade para evitar a tentação de desistir, uma vez que em muitas circunstâncias essa pode ser a atitude mais fácil. Portanto, a resistência psicológica à persuasão é uma ação dirigida a objetivos e que exige recursos de autocontrolo (Baumeister, Bratslavsky, Muraven & Tice, 1998; Muraven, Tice & Baumeister, 1998). Quando os indivíduos não têm recursos de autocontrolo, a sua capacidade para resistir à persuasão será diminuída e as suas atitudes serão abertas à mudança (Burkley, 2008). As ligações mais marcantes e as falhas do autocontrolo podem-se encontrar em estudos sobre doutrinação intensa, como lavagem cerebral, interrogatórios policiais, e “iniciações em fraternidades”: todos envolvem uma fase inicial de "desgaste", que consiste em privação de alimentos e do sono. O objetivo desta técnica é fatigar os alvos, de modo a que se vão tornando abertos a várias formas de "reeducação" (Hunter, 1960; Taylor, 2004). Nem todas as formas de resistência requerem autocontrolo, uma vez que algumas envolvem mais esforço que outras. Contudo, com alguns apelos persuasivos (particularmente apelos com fortes argumentos, consistentes), o indivíduo tem que despender esforço e portanto exercer autocontrolo, para resistir com sucesso (Burkley, 2008). O esgotamento regulatório afeta a resistência psicológica de modo independente das respostas cognitivas, o que não quer dizer que o esgotamento não influencie nunca os pensamentos sobre atitudes relevantes (Wheeler, Briñol & Hermann, 2007); o esgotamento pode levar à persuasão, independentemente dos pensamentos, e assim influenciar a capacidade do indivíduo resistir a mensagens persuasivas. Não é suficiente manter os pensamentos na mente (para resistir); os indivíduos têm também que exercer autocontrolo (força de vontade) para implementar de facto esses pensamentos na mudança de comportamento. O autocontrolo é afirmado como um componente subjacente ao processo de resistência psicológica, simultaneamente requerido e consumido, e como tal desempenha um papel fundamental na persuasão. Os efeitos de esgotamento são mais fortes para atitudes formadas recentemente ou fracamente sustidas, porque os indivíduos colocam todos os seus recursos nas crenças que são importantes para si (Burkley, 2008). 1.3.2. Autorregulação a nível da Psicologia Social Erikson (1985) define a identidade psicossocial como o sentimento que faculta a capacidade para experimentar o próprio Eu, como algo que tem continuidade e unidade, 33 permitindo que o indivíduo se insira no meio sociocultural de forma coerente. O sentimento de identidade refere-se à sensação de pertencer a algo, de ser parte de algo. A identidade psicossocial permite que o indivíduo se oriente em relação às outras pessoas e ao seu meio ambiente, e que determine e trace as fronteiras do Eu corporal, do Eu mental e do Eu sociocultural. E se a identidade é um processo que se localiza nas entranhas do indivíduo, diz também respeito, e sobretudo, a elementos centrais da cultura coletiva do indivíduo; Erikson (1985) considera que se deveria falar de identidades e não de identidade no singular, já que tanto a cultura como o sujeito não são homogéneos e unívocos, mas múltiplos. Perrenoud (1999) concebe a autorregulação como as "capacidades do sujeito para gerir ele próprio seus projetos, seus progressos, suas estratégias diante das tarefas e obstáculos." Na realidade todos os indivíduos possuem um certo grau de autorregulação, mas importa que esse grau, em especial para os processos de aprendizagem escolar, seja elevado, o que favoreceria uma autonomia progressiva na aprendizagem e, por extensão, na própria vida. Os autores Knowles e Linn (2004), após investigação da literatura acerca da persuasão, referem que se encontram suportes de ligação entre o autocontrolo e a resistência psicológica à persuasão de natureza quase anedótica, citando por exemplo que foi demonstrado que os indivíduos são mais favoráveis a um anúncio publicitário quando este é apresentado no fim de uma série de anúncios, do que quando é apresentado mais para o início. Este efeito sugere que os indivíduos podem perder a sua capacidade de resistir depois de uma exposição repetida a apelos persuasivos. De modo interessante, este efeito tem uma notável semelhança com a investigação sobre o autocontrolo, em que a realização de tarefas anteriores de autocontrolo levou a uma performance mais fraca em subsequentes tarefas da mesma natureza. O modelo de autocontrolo fornece uma explicação para a razão pela qual os indivíduos são menos capazes de resistir a múltiplas tentativas de persuasão, que ocorram ao longo do tempo (Knowles & Linn, 2004); também sugere que os indivíduos podem estar mais vulneráveis à persuasão ao final do dia, dada a acumulação do consumo de recursos que ocorre ao longo do dia; finalmente também oferece sugestões de técnicas para aumentar a resistência psicológica à persuasão, de que as primárias são o “aviso prévio” (Freedman & Sears, 1965) e a inoculação (McGuire, 1964). Ambas funcionam pela sensibilização do indivíduo para argumentos que poderão aparecer no futuro apelo 34 persuasivo (Burkley, 2008). Shiner (2006) considera que o controlo do esforço ou autocontrolo também está envolvido na afabilidade, mais orientado para as relações humanas do que para o desempenho de tarefas; a afabilidade é preditora de bons relacionamentos com pares e de adaptação escolar. Crianças extrovertidas podem ter fortes impulsos que devem aprender a regular, como Shiner (2006) explica, e os riscos de regulação sem sucesso podem ser maiores no género masculino. Pelo contrário, quando a extroversão é menos controlada na infância (impulsiva e agressiva) trata-se de um risco, que aponta para relações humanas conflituosas e é preditor de comportamento criminal na idade adulta, para o género masculino (Pulkkinen, Lyyra & Kokko, 2009). Num estudo de Pulkkinen (2009), os resultados confirmaram a hipótese acerca do papel do autocontrolo no desenvolvimento do funcionamento social no que se refere a critérios externos (por exemplo, educação, estabilidade do percurso de carreira, socialização, moderação no consumo de álcool) no caso do comportamento adaptativo. No mesmo estudo sobre o desenvolvimento com sucesso (Pulkkinen, Nygren & Kokko, 2002), as medidas dos resultados também incluíam o funcionamento psicológico na idade adulta; neste caso são considerados critérios internos de comportamento adaptativo, como bem-estar psicológico, autoestima e satisfação com a vida. A hipótese colocada foi a de que o autocontrolo na infância, as orientações cognitivo-motivacionais na escola e o ambiente familiar explicariam tanto o funcionamento social como o psicológico, na idade adulta. De acordo com os autores Gottfredson e Hirschi (1990) a teoria geral do crime argumenta que os indivíduos que possuem elevado autocontrolo seriam “substancialmente menos passíveis, em todos os períodos da vida, de se envolver em atos criminoso” (p. 89). Ao passo que indivíduos que não têm autocontrolo tendem a ser, por exemplo, impulsivos, insensíveis, propensos à assunção de riscos, e de vistas curtas, “tendem portanto, a se envolver em atos criminosos e análogos”. Foi assumido que o baixo autocontrolo pode ser identificado antes da idade da responsabilidade pelo crime, e que isso tende a persistir ao longo da vida. De acordo com Sameroff (2009) as capacidades autorregulatórias são fortemente influenciadas pela experiência de regulação proporcionada pelos cuidadores da criança. No início do desenvolvimento, a regulação move-se de processos biológicos primários para processos psicológicos e sociais. Inicia-se a regulação com o processo de regulação 35 da temperatura, fome, e alerta, e passa para a regulação da atenção, comportamento e interações sociais. Essas aquisições da autorregulação são fortemente influenciadas pela regulação do outro. Os pais mantêm a criança aquecida, alimentada e acolhida quando chora. Os pares (crianças na mesma fase de desenvolvimento) dão a noção à criança dos limites do seu comportamento social; os professores socializam a criança dentro do comportamento do grupo, e também regulam a cognição em domínios de conhecimento socialmente construídos. Assim, o ambiente externo pode desencadear mecanismos de proteção no desenvolvimento de crianças através de diferentes níveis de regulação externa, denominados micro, mini e macro regulações, que se encontram em constante interação e transação. 1.3.3. Autorregulação a nível da Psicopatologia Os autores Derryberry e Rothbart (1988) definem a autorregulação como um: “Processamento, ao mais alto nível operacional, da modulação e controlo dos estados reativos dos sistemas somático, endócrino, autonómico e nervoso central”. Grotstein (1986) refere que “Toda a psicopatologia tem fundamento em perturbações primárias e secundárias da vinculação e manifesta-se por alterações da auto e hetero-regulação”. Weiner (1989) diz que “A doença envolve obstrução ou alteração de redes comunicativas, caraterizadas por um transtorno da sua regulação”. De acordo com Cardoso (2001) a capacidade de experimentar e regular cognitivamente os afetos é adquirida nos primeiros anos do desenvolvimento. Ao longo desse período são múltiplas e frequentes as oportunidades de surgir perturbação. As consequências revelam-se na vulnerabilidade à desregulação afetiva, visível em traços de personalidade, psicopatologia e doença física. Masten (2004) considera que é assumido que a psicopatologia surge de interações complexas do organismo com os vários sistemas de vida em que está inserido. É verosímil que as mudanças observáveis no comportamento resultem de múltiplas causas (princípio de multi-causalidade), em múltiplos níveis de interação, refletindo a ação conjunta do organismo e do meio ambiente, desde os genes à sociedade. Como resultado, podem surgir caminhos e fins comuns, de diversas origens (princípio da equifinalidade) e indivíduos que começam pelo mesmo caminho podem acabar por ir por caminhos diferentes ao longo do tempo (princípio da multifinalidade). A partir desta perspetiva, o mesmo problema na adolescência, quer se trate de violência, 36 gravidez, uso de álcool ou fumo, ou comportamento autoagressivo, apresenta múltiplas causas e surge em diversos tipos de indivíduos por razões diversas. O estudo dos fenómenos comportamentais de resiliência na psicopatologia do desenvolvimento pode oferecer algumas pistas importantes sobre o significado dos processos regulatórios nas passagens de sucesso pela adolescência e sobre o papel correspondente do desenvolvimento do cérebro, nos processos de regulação do afeto, da excitação e do comportamento. O estudo da resiliência teve o seu início no estudo das populações em risco de psicopatologia, como parte de um esforço para estudar os processos etiológicos (Masten, 2004). Para esta autora, vale a pena notar que os fatores mais fortemente implicados associados à má adaptação ou à resiliência em adolescentes, implicam todos o que poderia ser denominado de capital de regulação. Algumas crianças parecem entrar no período desafiador da adolescência com competências regulatórias pobres, que refletem processos e experiências anteriores: não têm o que é necessário para a negociação segura dos desafios da adolescência, particularmente nos ambientes de risco que é provável que venham a enfrentar. Outros casos demonstram que os adolescentes parecem ter capacidade regulatória adequada, mas torna-se mal orientada (do ponto de vista da sociedade), em direção a objetivos negativos ou mesmo cooptados pelos pares e por adultos antissociais; tal é resultado de má vizinhança ou influências de pares, da opressão ou discriminação real e percebida, da guerra, etc. (Masten, 2004). Outros adolescentes ainda, podem florescer apesar de ambientes de risco ou de deficiências no funcionamento do cérebro, através de processos de compensação. Assim, é sugerido que para alguns adolescentes, o problema é de competências regulatórias pobres no organismo, enquanto para outros o problema central é a disponibilidade de recursos contextuais, e para outros ainda, a questão central é o modo como escolhem aplicar a capacidade regulatória perfeitamente adequada. Conclui-se com o estudo de Masten (2004) que é importante distinguir as capacidades pobres, de aplicações pobres das capacidades, em estudos que liguem o desenvolvimento e funcionamento do cérebro com o comportamento na adolescência. No entanto, a literatura sobre a resiliência sugere geralmente que uma boa capacidade de regulação, utilizada de forma eficaz na aquisição de competências em tarefas de desenvolvimento, é a chave para negociar com sucesso a transição para a adolescência. No estudo da autora Pulkkinen (2009), encontra-se explícito que o comportamento ativo, mas emocionalmente desregulado, pode surgir em forma de 37 agressividade e de outros sintomas de externalização, enquanto o comportamento ativo emocionalmente regulado pode manifestar-se como socialmente responsável e como um comportamento construtivo. De modo correspondente, o comportamento passivo, mas emocionalmente regulado, pode aparecer como prudente e comportamento de conformidade, e o comportamento passivo emocionalmente desregulado pode apresentar-se como ansiedade e outros sintomas de internalização. O estudo (Pulkkinen, 2009) também revela que fatores genéticos explicaram mais a variação na expressão de baixo autocontrolo, que era menos típico do género ou de risco para o desenvolvimento futuro (ansiedade nos homens, agressividade nas mulheres), enquanto os fatores comuns ambientais contribuíram mais para os comportamentos de risco (agressão em homens, a ansiedade nas mulheres). Os fatores ambientais incluem o ambiente físico e social. Ambiente físico, como por exemplo, ruído, e hábitos de fumo e bebida durante a gravidez, podem ter efeitos negativos nas funções cognitivas das crianças e no comportamento socio emocional (Evans, 2006). Althoff, Ayer, Crehan et al., (2012) referem ser crucial a caraterização da autorregulação nas crianças, salientando a utilização do CBCL (Child Behavior Checklist) para tal efeito; identificam que o perfil de desregulação (DP- Dysregulation Profile) é um forte preditor do desenvolvimento de psicopatologias na idade adulta, podendo atuações clínicas oportunas ter um grande impacto igualmente na prevenção de comportamentos disruptivos, como por exemplo o abuso de substâncias, suicídio, perturbações da ansiedade e do humor. 1.4. Modelos Integrativos da Personalidade e da Psicopatologia Os autores De Bolle, Beyers, De Clercq e De Fruyt (2012), deram relevo a quatro modelos com explicações etiológicas plausíveis para as relações entre a personalidade geral e a psicopatologia: i. o modelo da predisposição/vulnerabilidade afirma que a presença de traços específicos da personalidade aumenta a probabilidade de se desenvolver um distúrbio clínico; ii. em contraste, o modelo da complicação/cicatriz postula que a existência de um transtorno no Eixo I pode provocar alterações na personalidade; iii. no modelo da exacerbação, a coocorrência de traços da personalidade e patologia no 38 Eixo I pode ter uma etiologia inicial independente; no entanto, a personalidade pode influenciar o curso ou a manifestação de um transtorno do Eixo I; iv. o espectro ou modelo "fator comum" pressupõe que os traços da personalidade e os transtornos do Eixo I formam um espectro que varia dos traços gerais às características subclínicas da psicopatologia, completamente instalada por compartilhar fatores etiológicos subjacentes (Krueger & Tackett, 2003; Mineka, Watson & Clark, 1998). O último modelo está intimamente ligado a um outro, modelo de continuidade, o qual se refere à covariação sistemática fenomenológica da personalidade e da psicopatologia através do tempo, sem se pronunciar sobre a etiologia ou causalidade desta covariação. Existem argumentos de que todos os modelos são potencialmente aplicáveis num único indivíduo em algum grau (Millon & Davis, 1996), e talvez expliquem as diferentes classes de desordem (Dolan-Sewell, Krueger & Shea, 2001). Os autores Krueger e Tackett (2003) delinearam um sistema de descrição hierárquica, com base empírica, para os transtornos mentais mais dominantes, proporcionando várias hipóteses sobre a natureza especial das relações da personalidade e da psicopatologia. O modelo destes autores apresenta a internalização e a externalização como dimensões fundamentais, que podem promover e serem decompostas em quatro a cinco dimensões de ordem inferior, que se assemelham às que compõem o Modelo dos Cinco Fatores (McCrae & Costa, 1999). Mais especificamente: neuroticismo e extroversão estão especialmente relacionados com o espectro de interiorização, ao passo que a amabilidade e a conscienciosidade estão mais associadas com o espectro de externalização. O neuroticismo também tem sido relacionado com a internalização e externalização de comportamentos ou doenças: por exemplo, Keiley, Lofthouse, Bates, Dodge e Pettit (2003); Lilienfeld (2003) sugerem que esta dimensão da personalidade é essencialmente responsável pela correlação frequentemente encontrada entre as dimensões de internalização e externalização. O autor Clark (2005) integrou diferentes hipóteses das relações de personalidade e da psicopatologia num modelo hierárquico abrangente e postula que os traços de personalidade do adulto e as síndromes psicopatológicas ou doenças surgem através da atividade diferencial de três dimensões comportamentais inatas: dois sistemas – 39 afetividade positiva e negativa, e um terceiro sistema regulatório, designado de desinibição. Apesar de Clark (2005) e Krueger e Tackett (2003), argumentarem que a ligação entre a personalidade e a psicopatologia é mais consistente com a hipótese da continuidade, concordam que podem existir outros modelos etiológicos relevantes (ou seja, modelo da vulnerabilidade, da complicação e da exacerbação) que ampliam o modelo do "fator comum". Estes modelos integrativos derivam em grande parte de provas de personalidade e características psicopatológicas, observadas em amostras de adultos. Apesar da crescente evidência de existirem fortes associações entre traços de personalidade e transtornos mentais em crianças (Tackett, 2006), pouco se sabe acerca de como estas descobertas podem ser integradas nos modelos integrativos hierárquicos propostos para adultos. Todavia, existem evidências de que muitos, se não a maioria dos transtornos psiquiátricos da vida, aparecem pela primeira vez na infância (Rutter, Kim-Cohen & Maughan, 2006), tendo a maioria da infância problemas emocionais e comportamentais que exibem uma meta estrutura similar à internalização e externalização, dimensões da psicopatologia (Achenbach, 1991). Além disso, há evidências convincentes de que as dimensões do Modelos dos Cinco Fatores da personalidade, observadas na idade adulta, também são indicadores confiáveis e válidos de diferenças de personalidade na infância e na adolescência (Caspi & Shiner, 2006; John, Caspi, Robins, Moffitt & StouthamerLoeber, 1994). Esta estrutura comum de personalidade e da psicopatologia em toda a infância e idade adulta facilita a pesquisa sobre a natureza das suas inter-relações desde a infância, dentro de um quadro único, com base nos modelos conceptuais estabelecidos de associações de personalidade e psicopatologia (Krueger & Tackett, 2003). 1.5. Objetivo e hipóteses do estudo O objetivo deste estudo visou analisar a relação entre resistência psicológica, personalidade e psicopatologia, evidenciando o modo como se interrelacionam e influenciam. Hipótese nula (h0) do estudo: Não existe correlação entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia. 40 Hipótese (h1): Existe correlação entre a resistência psicológica e a personalidade. Hipótese (h2): Existe correlação entre a resistência psicológica e a psicopatologia. Hipótese (h3): A resistência psicológica é influenciada pela personalidade e pela psicopatolologia. 2. Metodologia Trata-se de um estudo do tipo correlacional prospetivo na medida em que foram procuradas relações entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia. 2.1. Participantes Participaram neste estudo 848 estudantes, de um total de 22 Agrupamentos de Escolas portuguesas da Região Norte de Portugal. No estudo desenvolvido a amostra foi constituída por 428 estudantes do ensino básico (8º ano), com uma percentagem de 50,5% e 420 estudantes do ensino secundário (11º ano), com uma percentagem de 49,5%, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos. Estes dados encontram-se representados na Tabela 6. Tabela 6 Caraterização dos participantes em função do ano de escolaridade. Ano Idade N % 8º ano 14 428 50,5 11º ano 17 420 49,5 848 100,0 Total N: amostra 2.2. Instrumentos Os instrumentos selecionados para este estudo para avaliar a Resistência foram: Hong Psychological Reactance Scale (HPRS) e o Therapeutic Reactance Scale de Dowd (TRS); para avaliar a Personalidade foi selecionado o Junior Temperament and Character Inventory (JTCI) (Cloninger, 1993; versão portuguesa Moreira, Oliveira, 41 Cloninger et al., 2012); para avaliar a Psicopatologia foi selecionado o Youth SelfReport (YSR), Questionário de Autoavaliação para Jovens (Achenbach, 1991; versão portuguesa de Fonseca & Monteiro, 1999). 2.2.1. Escala de Resistência Psicológica de Hong A Escala de Resistência Psicológica de Hong destina-se a medir o traço da resistência, cuja validação tem sido discutida por vários autores (Thomas, Donnell & Buboltz, 2001; Shen & Dillard, 2005). No presente estudo foi utilizada a escala constituída por 14 itens de resposta da escala, pontuada de acordo com uma escala tipo Likert, tendo sido adaptada para quatro pontos (1=Discordo Totalmente; 2=Discordo; 3=Concordo e 4=Concordo Totalmente). Os 14 itens encontram-se agrupados em quatro fatores: a resistência à conformidade (itens 1, 2, 3 e 14); resistência à influência dos outros (itens 10, 11, 12 e 13); resistência a conselhos e recomendações (itens 5 e 9) e resposta emocional face a escolhas restritas (itens 4, 6, 7 e 8). Os quatro fatores no estudo de Hong e Faedda (1996) são descritos da seguinte forma: “Resistência à conformidade” (representa a tendência para resistir, em resposta ao conselho e sugestões dadas por outras pessoas, que dizem respeito ao que o individuo deveria fazer); “Resistir à Influência” (representa a tendência para resistir quando o indivíduo tem a perceção de que outros estão a tentar controlar o seu comportamento); “Resistência à Adesão” (tendência do indivíduo para resistir quando se espera que obedeça a regras ou desejos de outras pessoas); e “Resposta Emocional” (tendência para resistir, quando o indivíduo é incapaz de tomar decisões sem a interferência de outros) (Hong & Faedda, 1996). A versão portuguesa da escala de Hong apresenta uma consistência interna aceitável de .71 (Sousa, 2014). 2.2.2. Escala de Resistência Terapêutica de Dowd A Escala de Resistência Terapêutica (Dowd, Milne & Wise, 1991) é utilizada como uma medida da resistência psicológica. É uma medida de autorrelato, constituída por 28 itens de resposta, pontuados de acordo com uma escala tipo Likert de quatro pontos (1=Discordo Totalmente; 2=Discordo; 3=Concordo e 4=Concordo Totalmente). Esta escala é composta por uma pontuação total (TRS: T) e duas subescalas derivadas do fator de análise, identificadas como: Verbal (TRS: V) e Comportamental (TRS: B) (Dowd, Milne & Wise, 1991). Apresentam-se como exemplo dos itens da subescala 42 verbal e do comportamento de oposição os seguintes itens: “Se me dizem o que fazer, geralmente faço o oposto”; “Normalmente sigo os conselhos dos outros”. De acordo com Dowd, Wallbrown, Sanders e Yesenosky (1994), os tipos de itens do TRS incluem afirmações gerais que dizem respeito a um comportamento de oposição, verbal ou comportamental. A versão portuguesa da escala de Hong apresenta uma consistência interna aceitável de .81 (Sousa, 2014). 2.2.3. Inventário do Temperamento e do Carácter para jovens de Robert Cloninger A personalidade foi avaliada através da versão portuguesa do Junior Temperament and Character Inventory (JTCI-R) (Cloninger et al., 1993), concebido para quantificar as diferenças individuais de cada uma das 7 dimensões básicas da personalidade postuladas pelo modelo psicobiológico de Cloninger et al., (1993). O Inventário Júnior de Temperamento e Carácter é um instrumento de auto relato, adaptado a crianças entre os 11 e os 18 anos (Moreira et al., 2012) e composto por 124 itens de resposta tipo Likert com cinco opções (1= Completamente Falso; 2= Maioritariamente Falso; 3= Eu não consigo decidir!; 4= Maioritariamente Verdadeiro e 5= Completamente Verdadeiro). Inclui 26 subescalas (facetas), agrupadas em quatro dimensões de Temperamento: Procura de Novidade (NS; 4 subescalas); Evitamento de Dano (HA; 4 subescalas); Dependência de Recompensa (RD; 4 subescalas) e Persistência (PS; 4 subescalas), e três dimensões de Carácter: Auto-Diretividade (SD; 4 subescalas); Cooperação (CO, 4 subescalas) e Auto Transcendência (ST; 2 subescalas). De seguida mencionam-se as facetas das quatro dimensões do Temperamento, acompanhadas de uma questão (exemplo) do inventário: Procura de Novidade: NS1: Excitabilidade Exploratória (e.g. “Não tenho medo de experiências assustadoras como andar numa montanha russa gigante”), NS2: Impulsividade (e.g. “Detesto esperar por coisas que eu quero”, NS3: Extravagância (e.g. “Gostaria de ter roupas melhores que as dos meus amigos”) e NS4: Desordem (e.g. “Consigo fazer com que os outros jovens acreditem em mim quando estou a mentir”). Evitamento de Perigo: HA1: Ansiedade antecipatória (e.g. “Não tenho grande esperança no futuro”), HA2: Medo da incerteza (e.g. “Quando fico doente, fico muito assustado”), HA3: Timidez [e.g. “Fico nervoso(a) quando tenho de falar em frente a pessoas (por exemplo, falar em frente da turma)”] e HA4: Fadiga (e.g. “A seguir à escola, prefiro descansar do que sair para me divertir”). 43 Dependência de recompensa: RD1: Sentimentalismo (e.g. “Sou uma pessoa sensível”); RD2: Abertura à comunicação (e.g. “Gostaria de ter mais privacidade”); RD3: Apego (e.g. “É importante que pensem que sou boa pessoas”) e RD4: Dependência (e.g. “Raramente gosto de ficar sozinho”). Persistência: PS1: Resistência ao esforço (e.g. “Não gosto de me esforçar se não for preciso”), PS2: Trabalho (e.g. “Quanto mais fácil é uma coisa, mais eu gosto de fazê-la”), PS3: Ambição (e.g. “Costumo dar o meu melhor em tudo que faço”) e PS4: Perfeccionismo (e.g. “Não me preocupo muito com as minhas notas”). As três dimensões do Carácter são constituídas pelas seguintes facetas: Auto Diretividade: SD1: Responsabilidade (e.g. “Se cometo um erro, admito-o”), SD2: Propósito (e.g. “Frequentemente não sei o que quero”), SD3: Recursos (e.g. “Aguardo que os outro assumam a liderança”), SD4: Autoaceitação (e.g. “Estou satisfeito com a minha imagem”). Cooperação: CO1: Aceitação Social (e.g. “Fico chateado com pessoas que não vêm as coisas à minha maneira”), CO2: Empatia (e.g. “Não me preocupo muito com os sentimentos dos outros”), CO3: Altruísmo (e.g. “Gosto de ajudar os outros colegas a aprender”) e CO4: Compaixão e valores (e.g. “Não costumo pedir desculpa, mesmo que tenha tratado mal alguém”). Auto Transcendência: ST1: Fantasia e Imaginação (e.g. “Divirto-me tanto ou mais a imaginar do que a fazer as coisas”) e ST2: Espiritualidade (e.g. “Tudo tem uma razão de ser até mesmo as coisas más”). Na versão portuguesa da escala foram encontradas boas características psicométricas: a escala NS apresenta um valor alpha de Cronbach .76, HA de .67, RD de .57, PS de .66, SD de .76, CO de .82 e ST de .69 (Moreira et al., 2012). 2.2.4. Questionário de Autoavaliação para Jovens de Achenbach A psicopatologia foi avaliada através dos dados obtidos da adaptação portuguesa do questionário Youth Self-Report de Achenbach (1991) levada a cabo por Fonseca e Monteiro (1999) e do questionário Child Behavior Checklist de Achenbach (1991, adap. portuguesa, Fonseca et al., 1994). O YSR é um questionário de autoavaliação para jovens entre os 11 e os 18 anos, sendo composto por uma descrição simples de comportamentos problemáticos, também com itens relativos a um conjunto de competências – escolares, de atividades e sociais. 44 O questionário divide-se em duas partes: a primeira é relacionada com as competências, atividades e interesses sociais do indivíduo (participação em atividades desportivas e de lazer, relacionamento com amigos, pais e irmãos, grau de autonomia, nível de desempenho escolar…); a segunda parte é constituída por 112 itens, que na sua maioria são relacionados com problemas específicos do comportamento e os restantes dizem respeito a comportamentos socialmente desejáveis (“sou muito honesto”, “gosto de ajudar os outros quando eles precisam” ou “procuro ser justo para com os outros”) (Fonseca & Monteiro, 1999). Assim, referem-se a comportamentos problemáticos que se congregam em 8 categorias: 1) Evitamento Social: está associado a isolamento ou mal-estar interpessoal e energia reduzida, que conduzem frequentemente o adolescente a evitar determinados contactos sociais e a ser mais reservado; 2) Queixas somáticas; 3) Ansiedade e Depressão; 4) Problemas Sociais: encontra-se relacionado, essencialmente, com a qualidade das relações interpessoais e a aceitação social; 5) Problemas de Atenção: associado ao diagnóstico categorial de perturbação de hiperatividade e défice de atenção; 6) Problemas de Pensamento: pode surgir de forma elevada em perturbações psicóticas ou em quadros obsessivo-compulsivos; 7) Comportamento Agressivo: fator que representa um comportamento de desafio aberto e surge associado, entre outras, às perturbações de desafio ou oposição e da conduta; 8) Comportamento Delinquente: trata-se de um comportamento de desafio mais interiorizado, associado a características típicas das perturbações de conduta e do comportamento desviante. Para extrair estas categorias, Achenbach realizou várias análises fatoriais com amostras clínicas, dada a variabilidade das respostas aos itens ser superior nestas, por comparação às amostras normativas. Estas permitiram evidenciar oito síndromes. O autor efetuou, ainda, análises fatoriais de segunda ordem, que permitiram extrair dois fatores – designadamente “Externalização” e “Internalização”. O primeiro corresponde a síndromes cujas problemáticas incidem em conflitos com o ambiente, enquanto os problemas de internalização envolvem, essencialmente, conflitos com o self. A subescala do YSR-Escala de Problemas deste estudo incluiu o seguinte agrupamento de itens: Ansiedade / Depressão (constituída por treze itens); Isolamento / Depressão (oito itens); Queixas Somáticas (dez itens); Problemas Sociais (onze itens); Problemas de Pensamento (doze itens); Problemas de Atenção (nove itens); Comportamento Delinquente (quinze itens); Comportamento Agressivo (dezassete itens); Outros Problemas (dez itens). 45 A cotação das respostas ocorre seguinte forma: 0 (a afirmação não é verdadeira), 1 (a afirmação de alguma forma ou algumas vezes verdadeira) ou 2 (a afirmação é muito verdadeira ou muitas vezes verdadeira). As questões do YSR foram elaboradas de forma a obter-se a perceção do jovem sobre si mesmo e em relação às suas competências ou dificuldades individuais ou grupais. O quadro temporal a que se referem as questões situa-se nos últimos 6 meses que antecederam a resposta ao questionário. A versão portuguesa do YSR tem qualidades psicométricas aceitáveis e constitui um instrumento útil de investigação no domínio da psicopatologia infantil e juvenil. Para além do score global de psicopatologia, fornece também indicações úteis sobre diversos tipos mais específicos de distúrbios, o que pode alargar o seu campo de aplicação. Na versão portuguesa da escala a consistência interna apresenta valores aceitáveis que variam entre .70 e .80 (Fonseca & Monteiro, 1999). 2.3. Procedimentos 2.3.1. Recolha de Dados No sentido de iniciar o procedimento de recolha de dados foi necessário obter autorização por parte dos Agrupamentos de Escolas, para que posteriormente os pais e os participantes recebessem o consentimento informado (assinado pelos encarregados de educação); foi explicado o objetivo do estudo e os questionários foram administrados, pedindo-se que os participantes indicassem o quanto cada enunciado se aplicava a si mesmo, durante os últimos dias. Aqueles que mostraram alguma dificuldade no preenchimento dos questionários contaram com a ajuda do responsável pelo acompanhamento do preenchimento dos instrumentos. Na folha de rosto do questionário, foram recolhidos alguns dados como a identificação do estudante, género, idade e o ano de escolaridade. Foram porém garantidos o anonimato e a confidencialidade dos dados dos participantes. Os dados foram recolhidos em 2014 e introduzidos para análise com recurso ao programa de estatística SPSS - versão 20.0 (Statistical Package for the Social Sciences). 2.3.2. Análise de Dados Todas as análises foram feitas com recurso ao programa de estatística SPSS – versão 20.0, nomeadamente a análise das frequências (diferença de médias), o estudo 46 das correlações de Pearson entre variáveis e regressões lineares múltiplas com vista à seleção de preditores e determinação do respetivo modelo explicativo da resistência psicológica. 3.Resultados Serão apresentados em primeiro lugar alguns resultados estatísticos da amostra nomeadamente as diferença de médias registadas, posteriormente as matrizes de correlação e finalmente os modelos das regressões lineares múltiplas efetuadas. Na Tabela 7 constam as diferenças de médias entre os grupos do 8º e 11º ano quanto à resistência psicológica. Foi também considerada como variável a Resistência Total como resultado da combinação das Escalas de Hong e de Dowd. As diferenças entre os dois grupos não registam valores elevados; no entanto é possível verificar que a resistência psicológica é maior no 8º ano, nos valores totais e em todas as subescalas, com exceção da Dowd-Suscetibilidade à Influência (9,9821 – 8º ano e 10,2262 - 11º ano) e Hong-Resposta Emocional (10,8764 – 8º ano e 11,1089 – 11º ano). Tabela 7 Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da resistência psicológica (Escalas da Resistência de Hong e Dowd). 8º ano N Dowd-Ressentimento à Autoridade Dowd-Suscetibilidade à Influência Dowd-Evitamento de Conflitos Dowd-Preservação da Liberdade Hong-Resposta Emocional Hong-Resistência à Conformidade Hong-Resistência à Influência Hong-Resistência à Adesão M 11º ano DP N M DP t 428 11,9098 2,96215 420 11,7161 2,61103 1,011 df p 836,467 ,000 428 9,9821 2,17816 420 10,2262 1,85820 -1,757 829,991 ,173 428 6,0437 1,1231 420 5,9596 1,01024 1,147 428 11,6731 1,83811 420 11,6326 1,56180 ,346 839,686 ,028 829,088 ,007 428 10,8764 2,27249 420 11,1089 2,35142 -1,464 843,629 ,016 428 7,1062 2,80213 420 6,9951 1,63280 ,707 689,489 ,004 428 5,3560 1,58874 420 5,2238 1,18400 1,376 789,420 ,017 428 4,6594 1,68423 420 4,5560 1,16366 1,042 760,160 ,000 Hong-Total 428 27,9979 5,53146 420 27,8838 4,62481 ,326 825,261 ,004 Dowd-Total 428 39,6087 3,7944 420 39,5345 3,38600 ,301 838,494 ,086 Resistência-Total 428 67,6066 7,95519 420 67,4183 6,94089 ,367 834,608 ,026 N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância. 47 A Tabela 8 apresenta os valores médios da amostra dos grupos do 8º e 11º ano de escolaridade para as dimensões da personalidade previstas no instrumento utilizado (JTCI). Tabela 8 Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível das dimensões da personalidade (JTCI). 8º ano N M 11º ano DP N M DP t df p (NS) Procura de Novidade 428 70,5442 9,56478 420 70,1410 8,65812 ,644 840,558 ,003 (HA) Evitamento do Perigo (RD) Dependência de Recompensa (PS) Persistência 428 57,8956 7,53319 420 57,8117 7,61192 ,161 845,275 ,902 (SD) Auto Diretividade 428 77,8087 6,58332 420 77,1430 6,09435 1,528 843,145 ,006 (CO) Cooperação 428 64,0411 5,41880 420 64,2534 5,03090 -,592 843,421 ,309 (ST) Auto Transcendência 428 32,2505 5,4448 420 31,9406 4,65660 ,891 830,538 ,070 428 49,9257 4,97242 420 49,8464 4,71777 ,238 845,043 ,051 428 55,5486 5,23763 420 54,5752 4,70768 2,848 839,575 ,008 N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância. Na Tabela 8 verifica-se que os valores médios registados para as várias dimensões da personalidade são muito idênticos entre os grupos, não se distinguindo neste âmbito. Por exemplo, o valor médio da Procura de Novidade (NS) nos participantes do 8º ano é de 70,5442, e o do 11º é de 70,1410; a mesma semelhança de valores verifica-se na Cooperação (CO) e na Auto Diretividade (SD), com valores médios de 64,0411 nos alunos do 8º e de 64,2534 no 11º na Cooperação (CO), e valores de 77,8087 (8º) e 77,1430 (11º) quanto à Auto Diretividade (SD). Mesmo o desvio padrão que se regista para todas as dimensões da personalidade apresenta expressão idêntica nos dois grupos. Na Tabela 9 constam os valores da psicopatologia resultantes do YSR na subescala do DSM. Estes evidenciam distinção entre os dois grupos em todos os itens com exceção dos fatores Somáticos que têm um comportamento idêntico às dimensões de personalidade (1,9745 nos 8º e 1,9801 nos 11º). A Depressão apresenta um valor de 4,4049 no 8º ano e 5,0349 no 11º; o valor da Ansiedade apresentado é de 4,8123 no 8º e de 5,2767 no 11º; o Deficit de Atenção apresenta um valor de 4,2432 no 8º e de 4,7094 no 11º; o Comportamento de Oposição tem valores de 2,5490 no 8º e 2,8507 no 11º. Deste modo os valores registados parecem apontar para a conclusão de que os participantes mais velhos (11º ano) apresentam maior sintomatologia e 48 consequentemente maior possibilidade de poderem vir a sofrer de psicopatologias futuras. Tabela 9 Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da psicopatologia (YSR-Escala do DSM). 8º ano N DSM-Problemas Depressivos M 11º ano DP N M t DP df p 428 4,4049 4,37226 420 5,0349 4,00672 -2,188 842,076 ,378 DSM-Problemas de Ansiedade 428 4,8123 3,35006 420 5,2767 3,23164 - 2,055 845,753 ,117 DSM-Problemas Somáticos 428 1,9745 2,60415 420 1,9801 2,23365 -,034 DSM-Deficit de Atenção/ Hiperatividade 428 4,2432 3,00228 420 4,7094 2,80483 -2,337 843,967 ,091 DSM-Problemas de Comportamento de Oposição 428 2,5490 2,22062 420 2,8507 2,14483 -2,013 845,788 ,189 DSM-Problemas de Conduta 428 3,5303 4,38619 420 3,2021 3,55341 1,199 831,166 ,014 816,822 ,009 N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância. Na tabela 10 apresentam-se as diferenças de médias dos dois grupos na psicopatologia na subescala do YSR - Escala de Problemas. Tabela 10 Média, Desvio Padrão e valores t test para diferença de médias entre grupos ao nível da psicopatologia (YSR-Escala de Problemas). 8º ano N M 11º ano DP N M DP t df p 1. Ansiedade / Depressão 428 5,7923 5,7923 420 6,2506 4,35148 -1,480 843,868 ,147 2. Isolamento / Depressão 428 3,7588 2,75683 420 4,4068 2,68707 -3,466 845,962 ,678 3. Queixas Somáticas 428 3,2797 3,62796 420 3,5606 3,20510 -1,195 836,854 ,029 4. Problemas Sociais 5. Problemas de Pensamento 6. Problemas de Atenção 7. Comportamento Delinquente 8. Comportamento Agressivo 9. Outros Problemas 428 3,2883 3,78591 420 2,9152 3,09871 1,572 428 3,9047 4,32413 420 4,3995 3,84062 -1,762 837,746 ,086 428 5,0046 3,58255 420 5,6037 3,27040 -2,544 841,626 ,056 428 3,9554 4,24591 420 4,6151 3,74665 -2,400 836,653 ,639 428 6,4530 5,51432 420 6,7765 4,79360 -,912 833,903 ,047 428 4,6853 3,36493 420 4,6937 2,83443 -,039 827,072 ,011 Internalização 428 12,8308 9,77427 420 14,2180 8,77275 -2,176 839,367 ,142 Externalização 428 10,4084 9,17221 420 11,3915 7,84259 -1,679 830,487 ,054 YSR-Total 428 40,1221 30,32282 420 43,2216 24,62951 -1,635 817,562 ,001 819,697 ,000 N: Amostra; M: Média; DP: Desvio Padrão; t=t-test; df=Graus de liberdade; p=significância. Tal como na Escala do DSM, a Escala de Problemas apresenta no 11º ano valores mais elevados, à exceção dos Problemas Sociais (3,2883 – 8º ano e 2,9152 – 11º 49 ano). Os resultados na Tabela 10 reforçam a conclusão do comentário da Tabela 9: também estes apontam para a conclusão de que os participantes mais velhos (11º ano) apresentam maior sintomatologia à propensão de psicopatologias. Na Tabela 11 apresenta-se a correlação de Pearson entre as variáveis da escala da resistência de Hong e Dowd e as dimensões da personalidade. Foi também considerada como variável (Resistência Total) o resultado da combinação das referidas Escalas de resistência. Destacam-se algumas dimensões. A dimensão da personalidade Procura de Novidade (NS) apresenta valores significativos e estáveis de correlação positiva com os itens da escala da resistência de Hong (Hong Total), de Dowd (Dowd Total) e no resultado da combinação das duas escalas (Resistência Total). Verifica-se assim um valor significativo de correlação desta dimensão com a Hong Total de ,312, com Dowd Total que regista ,232 e com a Resistência Total em que o valor é de ,325. A dimensão Cooperação (CO) também apresenta valores estáveis e significativos com as três variáveis. Assim, na Hong Total apresenta um valor de ,143; na Dowd Total apresenta ,173 e na Resistência Total verifica-se um valor também significativo de ,181. Já a dimensão Dependência de Recompensa (SD) não apresenta correlação com a resistência verificando-se que os valores da correlação com todas as variáveis são pouco significativos. Apresenta um valor de ,54 na Hong Total, também ,54 na Dowd Total e ,63 na Resistência Total. Tal como medida na Escala de Dowd (Total) a resistência psicológica tem valores de correlação positiva com as dimensões da personalidade menos expressivos do que se regista com a escala de Hong (Total) e com a Resistência Total, apresentando apesar disso valores significativos no que respeita às dimensões: Procura de Novidade (NS) ,232; Cooperação (CO) ,173; Auto Transcendência (ST) ,149 e a Persistência (PS) ,108. Verifica-se que na escala de Dowd, o item Suscetibilidade à Influência regista correlações negativas com cinco das dimensões da personalidade: Auto Diretividade (SD) -,222; Procura de Novidade (NS) -,209; Evitamento (HA) -,163; Dependência de Recompensa (RD) -,136 e Auto Transcendência (ST) -,104. 50 Na Escala de Hong (Total) as correlações positivas com as dimensões da personalidade apresentam todas valores elevados e com significância dado que registam um valor de p<0,01 [com a exceção da já referida Dependência da Recompensa (RD) com ,054]; comparando a ordenação dos valores de correlação entre a escala de Hong e a Resistência Total regista-se uma maior expressão relativa da Auto Diretividade (SD) ,166 na Hong, que troca de posição com a Cooperação (CO) (segundo valor mais elevado na Resistência Total ,181); assinale-se ainda um valor comparativamente mais baixo da Auto Transcendência ,091, em sexto lugar na ordenação dos valores de correlação com as dimensões de personalidade na escala de Hong, que no caso da Resistência Total é o quarto valor mais elevado de correlação com ,134. 51 Tabela 11 Correlação de Pearson entre resistência psicológica e personalidade (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e JTCI). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1. (NS) Procura de 1 Novidade 2. (HA) Evitamento do ,395** 1 Perigo 3. (RD) Dependência de ,315** ,371** 1 Recompensa 4. (PS) Persistência ,396** ,335** ,334** 1 5. (SD) Auto Diretividade ,333** ,270** ,317** ,401** 1 6. (CO) Cooperação ,325** ,314** ,393** ,347** ,374** 1 7. (ST) Auto ,306** ,373** ,338** ,263** ,291** ,364** 1 Transcendência 8. Dowd-Ressentimento à ,302** ,126** ,048 ,222** ,229** ,110** ,086* 1 Autoridade 9. Dowd-Suscetibilidade à -,209** -,163** -,136** ,215** -222** ,107** -,104** -,532** 1 Influência 10. Dowd-Evitamento de Conflitos 11. Dowd-Preservação da Liberdade 12. Hong-Resposta Emocional 13. Hong-Resistência à Conformidade 14. Hong-Resistência à Influência 15. Hong-Resistência à Adesão 16. Hong-Total 17. Dowd-Total 18. Resistência-Total 10 11 12 13 14 15 16 17 18 ,098** ,111** ,134** ,065 ,045 ,157** ,170** ,137** -,139** ,183** ,072* ,114** ,079* ,045 ,213** ,191** ,209** -,134** ,466** ,229** ,097** ,044 ,020 ,060 ,104** ,099** ,309** -,152** ,179** ,327** ,215** ,128** ,037 ,089** ,142** ,108** ,051 ,403** -,245** ,202** ,083* ,058 ,107** ,114** ,127** ,062 ,446** -,249** ,150** ,203** ,306** ,222** ,196** ,054 ,005 ,115** ,154** ,021 ,549** -,385** ,312** ,232** ,325** ,140** ,073* ,131** ,054 ,054 ,063 ,111** ,166** ,143** ,108** ,088 ,173** ,128** ,156** ,181** ,091** ,149** ,134** ,601** ,617** ,708** -,387** ,167** ,302** ,721** ,717** ,609** ,645** 1 ,046 ,546** ,700** ,363** ,282** ,347** ,650** ,458** 1 -,222** ,377** ,544** ,668** ,625** ,583** ,558** ,904** ,795** 1 ,045 1 1 1 ,087* ,170** ,245** ,017 1 1 ,076* ,256** ,331** ,332** 1 Nota:*p<0,05; **p<0,01 52 Na Tabela 12 encontram-se expressos os valores da correlação de Pearson entre as variáveis Resistência Total, Dowd Total e Hong Total e a psicopatologia. Assim, as psicopatologias Deficit de Atenção e o Comportamento de Oposição, registam uma correlação positiva elevada com a resistência psicológica, tanto na Escala de Hong (,187 e ,158 respetivamente), como na Escala de Dowd (,128 e ,121 respetivamente) e também com a Resistência Total (,189 e ,186 respetivamente). Na Escala de Dowd a psicopatologia Deficit de Atenção é a que apresenta o valor mais significativo ,128, com uma correlação positiva com a resistência psicológica. Na Escala de Hong todos os valores traduzem fortes correlações entre a resistência psicológica e as psicopatologias, destacando-se o valor relativo aos Problemas de Conduta, que, de entre as psicopatologias, é a que regista maior correlação com a Resistência Total com um valor de ,090. 53 Tabela 12 Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala do DSM). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1. DSM-Problemas 1 Depressivos 2. DSM-Problemas de ,668** 1 Ansiedade 3. DSM-Problemas ,656** ,511** 1 Somáticos 4. DSM-Deficit de Atenção/ ,524** ,463** ,389** 1 Hiperatividade 5. DSM-Problemas de ,500** Comportamento de Oposição 6. DSM Problemas Conduta 7. Dowd-Ressentimento à Autoridade 8. Dowd-Suscetibilidade à Influência 9. Dowd-Evitamento de Conflitos 10. Dowd-Preservação da Liberdade 11. Hong-Resposta Emocional 12. Hong-Resistência à Conformidade 13. Hong-Resistência à Influência 14. Hong-Resistência à Adesão 15. Hong_Total 16. Dowd_Total 17. Resistência_Total Nota:*p<0,05; **p<0,01 ,448** ,334** ,560** ,662** ,460** ,547** ,523** ,536** ,176** ,043 ,118** ,185** ,141** ,237** ,180** -,133** -,113** -,107** 13 14 15 16 17 1 -,063 1 1 -,202** -,532** 1 ,025 ,042 -,054 ,039 ,023 -,060 ,137** -,139** 1 -,026 ,032 -,034 ,069* ,085* ,000 ,209** -,134** ,466** 1 ,141** ,089** ,065 ,123** ,127** ,137** ,309** -,152** ,179** ,327** 1 ,141** ,067 ,116** ,172** ,125** ,195** ,403** -,245** ,099** ,025 ,056 ,088* ,076* ,099** ,446** -,249** ,150** ,203** ,306** ,130** ,008 ,097** ,103** ,083* ,224** ,549** -,385** ,192** ,015 ,139** ,080* -,014 ,048 ,125** -,004 ,083* ,187** ,158** ,241** ,128** ,121** ,052 ,189** ,166** ,190** ,601** ,617** ,708** -,387** ,167** ,302** ,721** ,717** ,609** ,645** 1 ,046 ,546** ,700** ,363** ,282** ,347** ,650** ,458** 1 -,222** ,377** ,544** ,668** ,625** ,583** ,558** ,904** ,795** 1 ,087* ,170** ,017 ,245** 1 ,222** 1 ,076* ,256** ,331** ,332** 1 54 Na Tabela 13 encontram-se expressos os valores da correlação de Pearson entre as variáveis das Escalas da Resistência (Hong Total e Dowd Total); também foi considerada como variável a Resistência Total . No YSR foram incluídas a subescala de problemas, os valores do YSR Total, a Internalização e a Externalização. O coeficiente de correlação mais elevado em relação à Resistência Total é a Externalização (,223**), no entanto, todos itens apresentam correlações positivas com valores significativos, designadamente o Comportamento Delinquente (,212**). No que diz respeito à Hong Total também a correlação mais elevada se regista em relação à Externalização (,252**), sendo o segundo valor mais elevado o Comportamento Delinquente (,245**). Todos os itens nesta escala apresentam correlações positivas com o YSR-Escala de Problemas com valores com significância (**p<0,01). Relativamente à variável Dowd Total, registam-se algumas correlações negativas, as únicas das correlações em análise, mas com valores pouco expressivos: Problemas Sociais com -,038; Isolamento / Depressão com -,002; Queixas Somáticas com -,015 e a Internalização com -,006. 55 Tabela 13 Correlação de Pearson entre resistência psicológica e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd e YSR-Escala de Problemas). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1. Ansiedade / Depressão 1 2. Isolamento / Depressão ,663** 3. Queixas Somáticas ,648** ,566** 4. Problemas Sociais ,707** ,614** ,655** 5. Problemas de Pensamento ,684** ,612** ,650** ,679** 6. Problemas de Atenção 7. Comportamento Delinquente 8. Comportamento Agressivo ,572** 511** ,516** ,579** ,611** 9. Outros Problemas ,589** ,479** ,542** ,651** ,615** ,600** ,644** ,691** 10. Internalização ,918** ,824** ,849** ,765** ,751** ,617** ,560** ,677** ,626** 11. Externalização ,610** ,560** ,576** ,738** ,740** ,672** ,910** ,947** ,721** ,673** 12. YSR-Total 13. Hong_Total ,825** ,735** ,767** ,856** ,859** ,770** ,799** ,870** ,793** ,898** ,902** 1 ,126** ,189** ,125** ,171** ,216** ,211** ,245** ,226** ,205** ,148** ,252** ,230** 13 14 15 1 1 1 1 1 ,482** ,484** ,500** ,682** ,662** ,590** 1 ,635** ,549** ,565** ,691** ,708** ,652** ,727** 14. Dowd_Total ,000 -,002 -,015 15. Resistência-Total ,086* ,094* ,078* -,038 ,058 ,93** ,093 1 1 ,103** ,108** 1 -,006 1 ,106** ,058 1 ,458** 1 ,099** ,175** ,189** ,212** ,204** ,192** ,098** ,223** ,185** ,904** ,795** 1 Nota:*p<0,05; **p<0,01 56 Com vista a identificar quais os preditores da resistência psicológica efetuaramse regressões lineares múltiplas considerando como variáveis dependentes a resistência psicológica (denominada como Resistência Total) resultante da combinação dos resultados das Escalas da Resistência de Dowd (Dowd Total) e Hong (Hong Total) e os próprios valores globais das referidas escalas. As variáveis independentes consideradas foram as dimensões da personalidade (NS; HA; RD; PS; SD; CO e ST do modelo de Cloninger), e as psicopatologias (Escala do YSR, com as subescalas do DSM e da Escala de Problemas). Para cada uma das variáveis dependentes e através do recurso ao método stepwise foram identificados os preditores da resistência psicológica. Posteriormente por recurso ao método backward obteve-se a respetiva confirmação, tendo sido finalmente utilizado o método enter para cálculo dos resultados finais dos modelos. Os preditores identificados foram: - para a variável Dowd Total: a Procura de Novidade (NS) e a Cooperação (CO) nas dimensões da personalidade, e na psicopatologia a Ansiedade e o Deficit de Atenção, no que respeita à combinação entre a personalidade e a subescala do YSREscala do DSM (Tabela 14); quanto à combinação da personalidade e o YSR-Escala de Problemas, os preditores identificados foram a Procura de Novidade (NS) e a Cooperação (CO) nas dimensões de personalidade, e Problemas Sociais e Externalização nas psicopatologias (Tabela 17); no que se refere à combinação entre personalidade e Internalização / Externalização, os preditores identificados foram Procura de Novidade (NS), Cooperação (CO), Internalização, Externalização e Auto Transcendência (ST) (Tabela 20); - para a variável Hong Total: a Procura de Novidade (NS) e Auto Diretividade (SD) como dimensões da personalidade, e na psicopatologia a Ansiedade e Problemas de Conduta, no que respeita à combinação entre a personalidade e a subescala YSREscala do DSM (Tabela 15); quanto à combinação personalidade e YSR-Escala de Problemas, os preditores identificados foram Procura de Novidade (NS) e Auto Diretividade (SD) nas dimensões de personalidade, e Comportamento Delinquente nas psicopatologias (Tabela 18); no que se refere à combinação entre personalidade e 57 Internalização / Externalização, os preditores identificados foram a Procura de Novidade (NS), Auto Diretividade (SD) e Externalização (Tabela 21); - para a variável Resistência Total: a Procura de Novidade (NS) e Cooperação (CO) como dimensões da personalidade, e na psicopatologia Problemas de Conduta e Problemas de Ansiedade, no que respeita à combinação entre personalidade e a subescala YSR-DSM (Tabela 16); quanto à combinação Personalidade e YSR-Escala de Problemas, os preditores identificados foram Procura de Novidade (NS) e Cooperação (CO) nas dimensões de personalidade, e Comportamento Delinquente e Problemas Sociais nas psicopatologias (Tabela 19); no que se refere à combinação entre Personalidade e Internalização / Externalização, os preditores identificados foram Procura de Novidade (NS), Cooperação (CO) e Externalização e Internalização (Tabela 22). Finalmente apresentam-se as Tabelas que traduzem os modelos de regressão apurados. Tabela14 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI e YSR-Escala do DSM). Variações Estatísticas Modelo R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 1 ,232a ,054 ,053 2 ,254b ,064 ,062 3,49982 ,054 48,190 1 846 ,000 3,48221 ,011 9,576 1 845 ,002 3 ,265c ,070 ,067 3,47356 ,006 5,217 1 844 ,023 4 ,279d ,078 ,073 3,46158 ,007 6,852 1 843 ,009 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 5,4% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) 1,1% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) e DSM-Ansiedade 0,6% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), DSM-Ansiedade e DSM-Deficit de Atenção/Hiperatividade 0,7% e Variável Dependente: Dowd Total Como se pode verificar na Tabela 14 a resistência, como avaliada na Escala de Dowd, é explicada em 5,4% pela Procura da Novidade (NS), o preditor com maior relevância. O segundo preditor, com maior influência na resistência psicológica, neste modelo, é ainda uma dimensão de personalidade (JTCI), a Cooperação (CO) com 1,1%. As psicopatologias (YSR-Escala do DSM) são o DSM-Ansiedade e o DSM-Deficit de 58 Atenção / Hiperatividade que explicam em conjunto 1,3% da resistência psicológica neste modelo; o valor total do modelo explica 7,8% da resistência. Para os resultados da resistência psicológica medidos na Escala de Hong (Tabela 15) na combinação entre as dimensões da personalidade (JTCI) e da psicopatologia (YSR- Escala do DSM) o modelo apresenta melhores resultados já que no seu conjunto os preditores identificados explicam 12,9%; assume largamente um maior destaque a Procura de Novidade (NS) com 9,7%. Tem ainda algum relevo o valor registado pelo preditor Problemas de Conduta com 2,3% (DSM). Tabela 15 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI e YSR-Escala do DSM). Variações Estatísticas Modelo R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 1 ,312a ,097 ,096 4,84791 ,097 91,340 1 846 ,000 2 ,348b ,121 ,119 4,78731 ,023 22,554 1 845 ,000 3 ,354c ,126 ,122 4,77758 ,005 4,444 1 844 ,035 4 ,360d ,130 ,125 4,46929 ,004 3,938 1 843 ,048 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 9,7% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta 2,3% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, SD (Auto Diretividade) 0,5% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, SD (Auto Diretividade), DSMAnsiedade 0,4% e Variável Dependente: Hong Total Na variável Resistência Total (Tabela 16) a dimensão Procura de Novidade (NS) reforça o seu papel de preditor mais relevante com 10,6%, no que respeita à combinação entre a personalidade (JTCI) e a psicopatologia (YSR-Escala do DSM). Sendo esta variável resultante da junção das Escalas de Hong e de Dowd, o preditor Problemas de Conduta (YSR-Escala do DSM) com 0,9% é o segundo mais relevante, sendo também identificados com valores aproximados os preditores Cooperação (CO) e Problemas de Ansiedade (YSR-Escala do DSM); em conjunto explicam 2,4% da resistência total. 59 Tabela 16 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Escala do DSM). Variações Estatísticas Modelo R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 1 ,325a ,106 ,105 7,06502 ,106 99,937 1 846 ,000 2 ,339b ,115 ,113 7,03328 ,009 8,652 1 845 ,003 3 ,350c ,123 ,119 7,00609 ,008 7,572 1 844 ,006 4 ,360d ,130 ,126 6,98147 ,007 6,963 1 843 ,008 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 10,6% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta 0,9% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, CO (Cooperação) 0,8% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), DSM-Problemas de Conduta, CO (Cooperação), DSMProblemas de Ansiedade 0,7% e Variável Dependente: Resistência Total As Tabelas 17, 18 e 19 dizem respeito à combinação entre as dimensões da personalidade (JTCI) e da psicopatologia (resultados de acordo com a subescala YSREscala de Problemas). Os resultados dos modelos preditores reforçam a importância relativa predominante da Procura de Novidade (NS). Tabela 17 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI e YSR-Escala de Problemas). Variações Estatísticas Modelo R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 1 ,232a ,054 ,053 3,49982 ,054 48,190 1 846 ,000 2 ,254b ,064 ,062 3,48221 ,011 9,576 1 845 ,002 3 ,269c ,072 ,069 3,46961 ,008 7,151 1 844 ,008 4 ,296d ,088 ,083 3,44301 ,015 14,092 1 843 ,000 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 5,4% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) 1,1% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Problemas Socias 0,8% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Problemas Sociais, Externalização 1,5% e Variável Dependente: Dowd Total Para além da Procura de Novidade (NS) com 5,4%, na Tabela 17 surgem como preditores a Cooperação (CO), os Problemas Sociais (YSR-Escala de Problemas) e a Externalização que em conjunto representam 3,4% na explicação do valor de resistência psicológica medida na Escala de Dowd. 60 Tabela 18 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI e YSR-Escala de Problemas). Variações Estatísticas Modelo 1 2 3 R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p ,312a ,347b ,353c ,097 ,120 ,125 ,096 ,118 ,122 4,84791 4,78886 4,77935 ,097 ,023 ,005 91,340 21,992 4,366 1 1 1 846 845 844 ,000 ,000 ,037 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 9,7% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente 2,3% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente, SD (Auto Diretividade) 0,5% d Variável Dependente: Hong Total No modelo da Tabela 18 registam-se apenas três preditores de resistência. Para além da Procura de Novidade (NS) com 9,7%, figuram como preditores o Comportamento Delinquente (YSR-Escala de Problemas) e a Auto Diretividade (SD), que em conjunto representam 2,3% na explicação do valor de resistência psicológica medida na Escala de Hong. Tabela 19 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Escala de Problemas). Variações Estatísticas Modelo R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 1 ,325a ,106 ,105 7,06502 ,106 99,937 1 846 ,000 2 ,344b ,118 ,116 7,01947 ,013 12,015 1 845 ,001 3 ,355c ,126 ,123 6,99202 ,008 7,647 1 844 ,006 4 ,361d ,130 ,126 6,97900 ,004 4,154 1 843 ,042 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 10,6% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente 1,3% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente, CO (Cooperação) 0,8% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Comportamento Delinquente, Co (Cooperação), Problemas Sociais 0,4% e Variável Dependente: Resistência Total Mais uma vez, nesta combinação a Procura de Novidade (NS) apresenta-se na Tabela 19 com um valor significativamente mais elevado de 10,6%; seguem-se: o Comportamento Delinquente (YSR-Escala de Problemas), a Cooperação (CO) e os Problemas Sociais (YSR-Escala de Problemas) que perfazem um valor de 2,5%, traduzindo assim os registos verificados na variável resistência total como resultante das variáveis dos modelos de Hong e Dowd. 61 As Tabelas 20, 21 e 22 contêm os modelos dos preditores identificados considerando como variáveis independentes as dimensões da Personalidade (JTCI) e a Internalização / Externalização (YSR). A variável Dowd Total na Tabela 20 regista como preditores três dimensões da personalidade [Procura de Novidade (NS), Cooperação (CO) e Auto Transcendência (ST)] com um valor total de 7%, e a Internalização e a Externalização com um valor de 1,2%. Tabela 20 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Dowd, JTCI e YSR-Internalização-Externalização). Variações Estatísticas Modelo R R² 1 ,232a ,054 2 ,254b 3 ,263c 4 5 R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p ,053 3,49982 ,054 48,190 1 846 ,000 ,064 ,062 3,48221 ,011 9,576 1 845 ,002 ,069 ,066 3,47551 ,005 4,263 1 844 ,039 ,277d ,077 ,072 3,46355 ,007 6,837 1 843 ,009 ,286e ,082 ,076 3,45577 ,005 4,803 1 842 ,029 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 5,4% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação) 1,1% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Internalização 0,5% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Internalização, Externalização 0,7% e Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), CO (Cooperação), Internalização, Externalização, ST (Auto Transcendência) 0,5% f Variável Dependente: Dowd Total Tabela 21 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escala da Resistência de Hong, JTCI e YSR-Internalização-Externalização). Variações Estatísticas Modelo R R² 1 ,312a ,097 ,096 2 ,343b ,117 3 ,350c ,122 R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 4,84791 ,097 91,340 1 846 ,000 ,115 4,79673 ,020 19,150 1 845 ,000 ,119 4,78654 ,005 4,604 1 844 ,032 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 9,7% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização 2,0% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização, SD (Auto Diretividade) 0,5% d Variável Dependente: Hong Total 62 Na Tabela 21 a variável Hong Total regista apenas três preditores, contendo duas dimensões da personalidade [Procura de Novidade (NS) e Auto Diretividade (SD)] com 10,2% e a Externalização com 2,0%. Tabela 22 Modelo de regressão linear múltipla para a resistência psicológica, personalidade e psicopatologia (Escalas da Resistência de Hong e Dowd, JTCI e YSR-Internalização-Externalização). Variações Estatísticas Modelo R R² R² ajustado Erro estimado R² F df1 df2 p 1 ,325a ,106 ,105 7,06502 ,106 99,937 1 846 ,000 2 ,341b ,117 ,115 7,02574 ,011 10,485 1 845 ,001 3 ,352c ,124 ,121 7,00149 ,007 6,863 1 844 ,009 4 ,359d ,129 ,125 6,98577 ,005 4,804 1 843 ,029 a Preditores: (Constante); NS (Procura de Novidade) 10,6% b Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização 1,1% c Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização, CO (Cooperação) 0,75% d Preditores: (Constante), NS (Procura de Novidade), Externalização, CO (Cooperação), Internalização 0,5% e Variável Dependente: Resistência Total Na Tabela 22 a variável Resistência Total regista como preditor com uma percentagem elevada de 10,6% a Procura de Novidade (NS). Os restantes preditores representam 2,35% sendo a Externalização, Cooperação (CO) e a Internalização. 4. Discussão dos Resultados O objetivo deste estudo visou analisar a relação entre resistência psicológica, personalidade e psicopatologia, evidenciando o modo como se interrelacionam e influenciam, no qual foram testadas várias hipóteses, que serão discutidas: Hipótese (h1): Existe correlação entre a resistência psicológica e a personalidade. Os valores dos resultados das correlações entre a resistência psicológica e a personalidade mostram que neste estudo se pode concluir uma resposta afirmativa à hipótese formulada (h1). De facto, qualquer que seja a escala de medida adotada, é muito significativa a existência de correlação positiva para todas as dimensões, com valores particularmente fortes para a Procura de Novidade (NS); as únicas exceções são a Dependência da Recompensa (RD) e, apenas no caso da Escala de Dowd, a Auto Diretividade (SD) (cujo valor é porém o segundo mais elevado no caso da Escala de Hong ,166, e o terceiro mais elevado quanto à variável Resistência Total ,156). 63 Confirmando a forte correlação com a resistência psicológica, a Procura de Novidade (NS) evidencia-se sempre como sendo o primeiro preditor em todos os modelos de regressão e, assim, como a variável mais importante na explicação da resistência psicológica (responsável, neste estudo, por cerca de 10% da variação da resistência psicológica). Compreende-se tal facto, uma vez que os elevados índices de Procura de Novidade (NS) caracterizam o indivíduo impulsivo (Fuentes, 2004). Cloninger (1987) refere que a Procura de Novidade (NS) se carateriza por exploração e impulsividade. A impulsividade como capacidade reduzida de reflexão e precipitação para o ato, é um modelo proposto por Barratt (1959), que correlacionou a impulsividade com a impaciência, ações rápidas, impensadas, com a pouca reflexão, e com o défice de atenção, sendo uma resposta comportamental e uma reação quase imediata a elementos isolados. Para Borges e Jorge (2000) a falta de controlo sobre um ato está ligada à impulsividade, que se encontra na psique, sendo um traço de personalidade, e que em desequilíbrio leva a emergir um sintoma psicopatológico. Cloninger (1998) reforça que a Procura de Novidade (NS) mede como o comportamento é ativado em resposta à novidade, à tomada de decisão impulsiva, à extravagância na abordagem a estímulos de recompensa, à perda de paciência e ao evitamento da frustração, pelo que se justifica que indivíduos com valores mais elevados registados na Procura de Novidade (NS) sejam indivíduos com maior resistência psicológica. É também identificado como fator de resistência psicológica a dimensão da personalidade Cooperação (CO). Uma possível explicação para este facto é a de os participantes (estudantes, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos) no estudo valorizarem mais aspetos de colaboração entre os adolescentes, proporcionando comportamentos grupais de maior resistência psicológica. Cloninger (1998) refere que a cooperação (maturidade social) compreende a tolerância social, a empatia, a prestatividade, a compaixão e princípios morais que correspondem aos componentes de avaliação da personalidade. Esta faceta corresponde a indivíduos que procuram o contacto social, e que mantêm um grande círculo de amizades. Hipótese (h2): Existe correlação entre a resistência psicológica e a psicopatologia. 64 Também é afirmativa a resposta no caso da segunda hipótese formulada (h2): existe correlação entre a sintomatologia de psicopatologias indiciada pelas respostas ao questionário do YSR-Escala DSM e a resistência psicológica, como é evidenciado pelo facto de, na Escala de Hong, as referidas medidas apresentarem, todas, valores de correlação positiva estatisticamente significativos, o mesmo acontecendo com cinco das seis psicopatologias consideradas, no que se refere à variável Resistência Total e com duas delas no que diz respeito à Escala de Dowd. Os modelos de regressão computados identificaram como preditores da resistência psicológica, no que concerne ao YSREscala DSM, os itens Problemas de Conduta e a Ansiedade, confirmando a importância do significado dos valores das respetivas correlações. Determinados comportamentos, como mentir e faltar às aulas, podem ser observados no curso do desenvolvimento normal de crianças e adolescentes. No entanto, para diferenciar normalidade de psicopatologia, é importante verificar a respetiva duração, intensidade e frequência desses comportamentos, para determinar se representam um desvio do padrão de comportamento esperado para adolescentes da mesma idade e género em determinada cultura (Bordin & Offord, 2000). Neste estudo, são apontados como preditores da resistência psicológica os Problemas de Conduta, Comportamento Delinquente e Problemas Sociais que com base nos critérios diagnósticos do DSM-IV (2002), são categorias diagnósticas usadas para crianças e adolescentes. Os comportamentos antissociais são frequentemente observados no período da adolescência como sintomas isolados e transitórios. Porém, podem surgir precocemente na infância e persistir ao longo da vida, constituindo quadros psiquiátricos de difícil tratamento. Podem resultar de fatores individuais, familiares e sociais no desenvolvimento e na persistência do comportamento antissocial, interagindo de forma complexa (Bordin & Offord, 2000). Também nos adolescentes, é comum encontrar ansiedade relacionada à competência, às ameaças abstratas e às situações sociais (Filho & Silva, 2013). Em termos psicopatológicos, os autores Filho e Silva (2013) referem que a ansiedade é definida por como estado de humor desagradável, apreensão negativa em relação ao futuro e inquietação desconfortável; inclui manifestações somáticas (cefaleia, dispneia, taquicardia, tremores, vertigem, sudorese, parestesias, náuseas, diarreia) e psíquicas (inquietação interna, insegurança, insónia, irritabilidade, desconforto mental, dificuldade para se concentrar). Trata-se de uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga e conflituosa; o que a diferencia do 65 medo, que embora seja um sinal de alerta semelhante, é em consequência a uma ameaça conhecida, externa, definida e sem conflitos, geralmente um objeto preciso. Tendo os indivíduos altos níveis de ansiedade, apresentam como caraterísticas ser tensos, preocupados e apreensivos (Costa & McCrae, 1992) e tendem a desenvolver resistência psicológica, pelo que se justifica a correlação positiva verificada no estudo. No que se refere à correlação entre a resistência psicológica e o YSR-Escala de Problemas, tanto na Escala de Hong como na variável Resistência Total, todos os itens apresentam correlações positivas e na sua globalidade significativas. Destacadamente são identificados como preditores neste estudo o Comportamento Delinquente e os Problemas Socias, o que parece naturalmente justificado considerando a própria natureza da amostra (alunos do 8º ano e do 11º anos, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos). Quanto aos problemas sociais, Lewin (1951) referiu que a resistência psicológica pode ser o resultado da intenção de um indivíduo ou de um grupo se contrapor às forças sociais que visavam dirigir o sistema para uma posição de equilíbrio diferente. Langhout (2005) reforça que a resistência psicológica pode ser individual ou coletiva. Neste sentido, entende-se a identificação daquele preditor. Os modelos de regressão em que se consideram como variáveis independentes a Internalização e a Externalização confirmaram, ao identificá-los como preditores de resistência psicológica, o facto de registarem correlações com significado. Hemphälä, Gustavsson e Tengström (2012), num estudo de validação do HP5i e do JTCI referiram que a afetividade negativa (HP5i) e o evitamento de dano (JTCI), traços que medem emoções negativas, foram correlacionados com sintomas de internalização; enquanto os traços impulsividade (HP5i) e a procura de novidade (JTCI), foram correlacionadas com sintomas de externalização. Também Krueger e Tackett (2003) na construção de um sistema de descrição dos transtornos mentais mais dominantes avançaram várias hipóteses sobre a natureza especial das relações da personalidade e da psicopatologia, apresentando a internalização e a externalização como variáveis fundamentais. Hipótese (h3): A resistência psicológica é influenciada pela personalidade e pela psicopatologia. Pela análise dos resultados das regressões lineares múltiplas efetuadas, a 66 resposta à h3 é naturalmente também afirmativa: os respetivos coeficientes de correlação variam entre r = ,279 e r = ,361, e todos com significância (p<0,05); por outro lado, os preditores identificados evidenciaram consistência no tratamento estatístico quando sujeitos a diferentes métodos de análise. Deste modo, conclui-se que tanto as dimensões da personalidade, como definidas no modelo psicobiológico de Cloninger, como as sintomatologias de psicopatologias avaliadas no YSR, têm influência na resistência psicológica, destacando-se como preditores relevantes a Procura de Novidade (NS) e a Cooperação (CO), nas dimensões da personalidade, Ansiedade e Problemas de Conduta, no que respeita às psicopatologias utilizando o YSR-Escala do DSM e o Comportamento Delinquente e os Problemas Socias com o YSR-Escala de Problema. Em suma: Neste estudo, no sentido de se verificar a relação entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia, foram utilizados quatro instrumentos: Escala de Resistência Psicológica de Hong (HPRS), Escala de Resistência de Dowd (TRS), o Inventário de Temperamento e de Caráter para Jovens de Cloninger (JTCI) e o Questionário de Auto Avaliação para Jovens de Achenbach (YSR). No estudo verificou-se que existe correlação entre a resistência psicológica, a personalidade e a psicopatologia; através da análise dos dados constatou-se que os valores registados nas dimensões de personalidade não variaram com a idade dos participantes (8º ano e 11º ano); os participantes mais velhos (11º ano) apresentaram maior sintomatologia à propensão de psicopatologias e a dimensão da personalidade Procura de Novidade (NS) foi destacadamente identificada como fator preditor de resistência psicológica em todos os modelos de regressão linear múltipla computados. Limitações do estudo Regista-se como limitação deste estudo não ter sido possível fazer análises sobre eventuais diferenças entre géneros, em virtude de, no apuramento de dados, estes não terem ficado assumidos. De igual modo a amostra centrou-se exclusivamente em zonas 67 da Região Norte de Portugal, quando poderia ter relevância nos resultados uma diversidade regional mais ampla. Implicações do estudo O estudo sugere a dimensão da personalidade Cooperação (CO) como fator preditor da resistência psicológica; atendendo às características desta dimensão, parece relevante aprofundar em estudos futuros as razões pelas quais se verifica esta correlação positiva. 68 Referências Bibliográficas Achenbach, T. M. (1991). Integrative Guide for the 1991 Child Behaviour Checklist 418, YSR and TRF Profile. Burlington: University of Vermont Department of Psychiatry. Allport, G. W. (1937). Personality – a psychological interpretation. New York: Henry Holt and Company. Althoff, R. R., Ayer, L. A., Crehan, E. T., Rettew, D. C., Baer, J. R. & Hudziak, J. J. (2012). Temperament Profiles of Dysregulated Children. Child Psychiatry Human Development, 43(4), 511-22. Altorfer, O. (1992). How Can We Help One Worker?. The Journal for Quality and Participation, Cincinnati, 15(4), 88. Aluja, A. (1989). El rasgo de personalidad "Búsqueda de Sensaciones": una teoría psicobiológica. 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