Alternativas à teoria da Seleção Natural para explicar os processos evolutivos A partir de 1870 a ideia da evolução por descendência com modificação tornou-se amplamente aceita. Porém, sua explicação baseada no mecanismo da seleção natural sofreu diversas críticas. As principais razões eram: Ausência de um mecanismo convincente de herança; Aparente falta de direção do processo evolutivo. Nas três primeiras décadas após a publicação de “Origem das Espécies”, o darwinismo se caracterizava, dentre outras coisas, por uma postura mais flexível. Até Darwin atribuía um papel em suas teorias para a transmissão de caracteres adquiridos, embora a seleção natural fosse o “carro-chefe” de suas descobertas. Isso permitia que os críticos das ideias de Darwin mantivessem uma postura mais permissiva a esta linha de pensamento evolutivo. No final do século 19 o darwinismo adquiriu um caráter mais restritivo, atribuindo o processo evolutivo exclusivamente à seleção natural. Neste momento, vários cientistas “rompem” com o darwinismo, originando correntes de pensamento alternativas ao modelo de evolução proposto por Darwin (período que ficou conhecido como “Eclipse do Darwinismo”). Teorias alternativas: Neolamarckismo – baseava-se na herança dos caracteres adquiridos (lembre-se de que não era isso que Lamarck efetivamente defendia). No começo do século 20 essa teoria foi aceita devido à falta de conhecimento sobre os mecanismos de hereditariedade. Os experimentos para provar o neolamarckismo eram falhos. Além disso, a ascensão da genética mendeliana conduziu à construção de uma visão de herança segundo a qual somente as mudanças na linhagem germinativa de células (gametas) poderiam ser herdadas, pondo em descrédito a herança dos caracteres adquiridos em vida. Ortogênese – e evolução ocorria obedecendo a metas, seguindo um rumo pré-estabelecido. Essa teoria teve grande aceitação de paleontólogos, os quais viam no registro fóssil padrões que sustentavam a ideia de rumo pré-definido da evolução. Os defensores da ortogênese não conseguiram explicar o processo evolutivo que propunham e as análises do registro fóssil mostraram que as mudanças ocorridas também podiam ser explicadas pela seleção natural. Mutacionismo – elaborado na 1ª década do século 20, após a redescoberta dos trabalhos de Mendel. Experimentos de laboratório mostravam, sem dúvidas, que as mutações ocorriam continuamente. As variações observadas na natureza seriam, em última análise, resultantes das mutações. Na época, a seleção natural não era apoiada por dados experimentais, mas apenas por observações indiretas. Para que a seleção natural resultasse em evolução, era necessário que a variação entre os indivíduos provocasse reprodução diferencial entre eles. Porém, as diferenças mais sutis (onde a seleção natural atua) eram, na época, mal compreendidas. As mutações bem compreendidas pelos cientistas causavam mudanças mais bruscas de uma geração para outra. Parecia que as características herdáveis não eram as variações sutis, sobre as quais atuaria a seleção natural, mas sim as grandes variações. Assim, essas grandes variações explicariam, por si só, as mudanças evolutivas. Em outras palavras, as mutações sozinhas (sem a seleção natural) levariam às mudanças evolutivas. O Darwinismo ganha força novamente Somente no inicio da década de 1920, com os avanços científicos da genética, houve uma reconciliação entre o mendelismo (mutacionistas) e o darwinismo, originando a teoria sintética da evolução. Ao longo dos anos, a seleção natural passou a ser apoiada por experimentos com resultados sólidos, tornando essa teoria um dos alicerces da Biologia Evolutiva. Exemplo de Experimento: Bactérias evoluindo em Laboratório: A espécie de bactéria Escherichia coli (E. coli) possui um ciclo de vida de aproximadamente 20 minutos. Devido a esta característica, é possível verificar se alterações no meio de cultura em que ela se desenvolve podem resultar em seleção de determinadas linhagens de células mutantes, capazes de se desenvolver em ambientes desfavoráveis a linhagens selvagens de bactérias (ancestrais). Os resultados do experimento acima mostraram que quando se compara as bactérias ancestrais (inicialmente resfriadas) com as bactérias descendentes (linhagem presente no meio de cultura após 2000 gerações) houve grande diferença quanto à eficiência da utilização do carboidrato glicose como fonte de energia para as atividades celulares. A linhagem selecionada (descendente) era muito mais eficiente na utilização da glicose do que a linhagem ancestral, comprovando que a alteração ambiental (adição de glicose no meio de cultura) levou a uma transformação evolutiva em bactérias de uma mesma população (todas as bactérias do experimento são da mesma espécie: Escherichia coli)