DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE ABATE DE SUÍNOS EM ENSAIOS

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DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE ABATE DE SUÍNOS EM ENSAIOS DE
DIGESTIBILIDADE PELO MÉTODO DO SACRIFÍCIO
Marcia de Souza Vieira1, Antônio Assis Vieira2
1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Instituto de Zootecnia, Seropédica, RJ,
Brasil. Bolsista CNPq. e-mail: [email protected]
2
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Instituto de Zootecnia, Seropédica, RJ,
Brasil. e-mail: [email protected]
Resumo- O objetivo deste trabalho foi de elaborar um protocolo experimental para se determinar o
momento adequado de abate de suínos em terminação, em ensaios de digestibilidade pelo método
do sacrifício. Foram utilizados três suínos machos e três fêmeas em fase de terminação. Os animais
foram alimentados com dietas contendo 0,5% de óxido férrico, às cinco horas da manhã e abatidos 3,
6 e 9 horas após o arraçoamento. Após o abate e a depilação, cada animal foi aberto por uma incisão
ventral e retirado todo o trato gastrintestinal para serem realizadas as medidas de comprimento do
intestino delgado, intestino grosso e identificar o ponto onde havia digesta marcada. Após a
identificação de digesta na porção do íleo terminal foi coletada uma porção de 20 cm deste para
serem realizadas as análises de matéria seca. Nos animais abatidos 9 horas após o fornecimento da
ração foi observado que havia digesta marcada ao longo de todo o trato, além disto, estes animais
apresentaram maiores volumes de digesta ileal. Concluiu-se que os animais devem ser abatidos
aproximadamente sete horas e meia após serem alimentados.
Palavras-chave: protocolo de abate, metodologia, trato gastrintestinal, digesta, íleo
Área do Conhecimento: Ciências Agrárias
Introdução
Para se determinar a digestibilidade dos
alimentos utilizados em rações para suínos
são utilizados diversos métodos, dentre eles
pode-se destacar a coleta total de fezes,
anastomose íleo-retal, a técnica da cânula T e
o método do sacrifício. Essas técnicas, ao
contrário da técnica de coleta total de fezes,
leva em consideração as transformações
sofrida pelos nutrientes na porção distal do
trato gastrintestinal. Segundo Souza (1999), a
técnica do sacrifício obteve valores mais
coerentes com a literatura e com menor
coeficiente de variação, além de ser uma
técnica menos combatida pelos defensores do
bem-estar animal de que a técnica da
anastomose íleo-retal. O objetivo deste
trabalho
foi
elaborar
um
protocolo
experimental para se determinar o momento
adequado de abate de suínos em terminação,
após a refeição, com a finalidade de utilizá-lo
no método do sacrifício, na determinação da
digestibilidade ileal de nutrientes de modo a
garantir que a digesta referente ao estudo
esteja no final do íleo.
Metodologia
O ensaio foi realizado no Setor de
Suinocultura da FAIZ/UFRRJ, RJ. Foram
utilizados três suínos machos e três fêmeas
com peso médio de 71,0 kg. Os leitões foram
alojados em baia de alvenaria, providas de
comedouro e bebedouro tipo chupeta. A ração
foi formulada de modo a atender às exigências
nutricionais de suínos em terminação, de
acordo com Rostagno et. al (2005), Tabela 1.
Foi utilizado óxido férrico (Fe2O3) como
marcador fecal para se determinar o momento
em que os animais começariam a apresentar a
digesta marcada na porção final do íleo ou a
excretar fezes marcadas. O protocolo consistiu
em fornecer a dieta teste por um período de
sete dias para adaptação dos animais.
Determinou-se que cada dupla, sendo um
macho e uma fêmea, seriam abatidos em
intervalos de três horas após o fornecimento
da ração marcada com óxido férrico. A dieta
marcada foi fornecida aos animais em teste ás
cinco horas da manhã e procedido o abate os
abates em 3, 6 e 9 horas após a alimentação.
Após o abate as carcaças foram depiladas,
abertas por incisão ventral longitudinal e em
seguida, evisceradas. O trato gastrintestinal foi
separado e os intestinos, delgado e grosso
foram expostos longitudinalmente, para
medida de comprimento e para identificar a
posição dos mesmos onde estaria a digesta
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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marcada, bem como a coleta de uma porção
de 20 cm do íleo terminal. O íleo terminal foi
identificado com seu encontro com o intestino
grosso, pela localização da prega íleo-cecal e
a válvula íleo-cecal. Este segmento foi lavado
com água destilada e seco em pano limpo,
identificado, pesado e levado para o
laboratório para análise de matéria seca da
digesta. As amostras de cada dupla foram
misturadas para fornecer um volume suficiente
para análise de matéria seca. Foi considerado
o momento adequado de abate quando se
identificou a presença de digesta marcada na
porção terminal do íleo e pelo menos no início
do ceco. Os dados foram analisados por
observação, não foi feita análise estatística.
Resultados
Os resultados de comprimento das diferentes
partes do trato gastrintestinal, volume da
digesta ileal, presença de digesta marcada e
quantidade de matéria seca são apresentados
na Tabela 2. Foi observada uma média de
28,97, 31,35 e 33,96 metros de comprimento
total de intestino para as duplas de oito, onze
e quatorze horas, respectivamente. Nos
animais abatidos três horas após o
fornecimento da ração marcada, foram
encontradas digesta marcada apenas no
intestino delgado, sem ter alcançado a válvula
íleo-cecal. Nos animais abatidos seis horas
após o arraçoamento foi encontrada digesta
marcada até aproximadamente metade do
intestino grosso. Foi observado que os animais
abatidos nove horas após o arraçoamento
apresentavam dieta marcada por todo o TGI e
com maior volume. Observou-se ainda que os
animais abatidos as 14:00 hs já estavam
excretando fezes marcadas. Observou-se
aumento no volume e redução na quantidade
de matéria seca no conteúdo de amostra de
digesta contido na porção de íleo terminal
coletada.
Tabela 1. Composição percentual da ração
experimental.
Ingredientes (%)
Milho
Farelo de soja
Bagaço de cevada
Óleo de soja
Fosfato Bicálcico
Suplemento Vitamínico
Calcário
Quantidade (kg)
56,410
17,097
15,000
8,888
0,863
0,500
0,420
Sal
Óxido férrico
Total
0,322
0,500
100,00
Discussão
Os valores de comprimento das partes do TGI
estiveram compatíveis com aqueles valores
encontrados na literatura para comprimento de
intestino de suínos adultos (BERTOLIN, 1992).
Os resultados de tempo de abate concorda
com o encontrado por Apolônio et al. (2002).
Através de seu protocolo experimental eles
determinaram um período de sete horas para
abate dos animais. Já Souza (1999),
trabalhando com suínos em fase de
crescimento determinou, em seu protocolo,
tempo médio de quatro horas e meia. Apesar
do volume de digesta ileal ter aumentado foi
observado que ela estava nitidamente mais
líquida, o que explica os resultados de
diminuição na quantidade de matéria seca.
Tabela 2. Comprimento do IG, ID, presença de
digesta marcada, matéria seca (MS) e volume
da digesta ileal.
Ítens
ID (m)
IG (m)
Total
SDM (M)
VDI (g)
MS (%)
8:00
23,36
5,61
28,97
6,19
14
14,29
Hora de abate
11:00
14:00
25,96
28,02
5,39
5,34
31,35
33,96
1,81
0
21
25
9,52
8,7
ID – intestino delgado, IG – intestino grosso, SDM –
sem digesta marcada, VDI – volume digesta ileal.
Conclusão
Concluiu-se com este ensaio que o melhor
protocolo para coleta de digesta ileal, para o
método do sacrifício, seria o abate dos animais
aproximadamente sete horas e meia após o
fornecimento da dieta teste
Referências
BERTOLIN, A. Suínos. 1 ed. Curitiba: Editora
Lítero-Técnica, 1992, 308 p.
ROSTAGNO, H.S, ALBINO, L.F.T.; DONZELE,
J.L.; GOMES, P.C.; FERREIRA, A.S.;
OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C. Tabelas
Brasileiras para Aves e Suínos, Composição
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2.ed.
Viçosa:MG, 2005. 141 p.
SOUZA, A.V.C. Composição química e valor
nutritivo do milho com diferentes níveis de
carunchamento para suínos. Viçosa, MG,
1999. 185 p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa.
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IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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