ICOR cura corações e restitui alegria às famílias

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ICOR cura corações e restitui alegria às famílias
Escrito por {ga=redaccao}
Quinta, 15 Novembro 2012 16:35 - Actualizado em Quinta, 15 Novembro 2012 21:00
O coração humano, órgão que sustenta as actividades vitais do organismo, é responsável por
internamentos hospitalares devido às anomalias do seu funcionamento, cujo tratamento chega
a custar milhares de meticais ou de dólares, valores que muitas famílias moçambicanas não
têm para custear as despesas de reposição da sua saúde. Entretanto, o Instituto do Coração
(ICOR) tem vindo a garantir que vidas não se percam. “Repara” corações de gente desprovida
de meios para o efeito.
No ICOR, semanalmente são submetidas à cirurgia do coração duas pessoas, número que
aumenta quando há missões estrangeiras provenientes de Portugal, França e Suíça. Neste
contexto, recentemente o Instituto recebeu uma missão de cirurgiões portugueses que veio
curar 22 pacientes que padeciam de diferentes complicações no coração, dentre as quais
valvular reumática, mitral, isqueronia ou doença das artérias coronárias, em adultos. Do grupo
constam três crianças que sofriam de cardiopatia congénita.
João Macave, anestesista-animador do ICOR, contou ao @Verdade como é que decorreram
as cirurgias. Segundo ele, qualquer intervenção cirúrgica feita ao coração é complicada e
delicada, sobretudo quando o paciente é submetido a mais duas operações.
A complexidade varia de caso para caso. Há doentes que chegam numa fase avançada e
terminal da doença. Na última missão portuguesa os pacientes, provenientes de diferentes
partes do país, estavam em situações semelhantes. Mas as cirurgias foram um sucesso e eles
estão a recuperar gradualmente.
O nosso entrevistado refere que as doenças do coração, que têm apoquentado muita gente,
estão associadas à rotina diária e aos hábitos alimentares de cada pessoa. É preciso seguir
uma dieta alimentar variada e sem excessos, por exemplo de sal e gorduras porque debilitam o
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corpo humano e deixando o coração fraco e cansado.
O anestesista refere que nos adultos os problemas de coração mais frequentes são os
adquiridos. “Uma vez doente cardíaco, sempre o será, por isso tem que medicar por toda a
vida”.
A cardiopatia adquirida é causada por bactérias responsáveis pela produção de toxinas que
posteriormente se depositam nas válvulas, dificultando a circulação do sangue. Um dos
sintomas é a febre reumática.
Contrariamente aos adultos, as crianças nascem com uma má formação do coração e que só é
operada para se corrigir o defeito, o que não leva a uma medicação ininterrupta. E dos vários
problemas congénitos que afectam o coração, constam a troca de posições entre as cavidades
das aurículas e dos ventrículos e a existência de um ou mais buracos no coração, o que
provoca uma comunicação intra-ventricular.
Coronários, segundo a explicação de Macave, são vasos (canais que alimentam o coração),
que apesar de serem distribuidores do sangue, também precisam deste líquido vital para
poderem funcionar. Esses vasos são, muitas vezes, entupidos. Isto acontece geralmente em
adultos que são obesos.
João Macave aconselha as pessoas a encararem o coração como um sistema de canalização
da água, onde esta sai do rio, passa pela estação de tratamento, depois segue para os
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tanques, e por fim para as torneiras. Nunca no sentido contrário. O sistema das válvulas do
coração não tem muitas diferenças, o sangue não pode recuar e a válvula mitral é a peça
fundamental que se encontra no coração e impede o refluxo do sangue.
Os pacientes na primeira pessoa
Ziabe Carlos, de 18 anos de idade, vive na Zona Verde, arredores da cidade de Maputo. Foi
operada recentemente e está em recuperação. Ainda sente-se um pouco debilitada, mas os
especialistas garantiram-na que vai ficar bem porque o pior já passou.
À semelhança do que tem acontecido com muitos pacientes, ela deu voltas pelos hospitais da
praça. Enquanto os pais pensavam que a filha padecia de asma, alguns médicos sugeriam que
fosse malária.
Com o tempo a doença foi-se agravando e queixava-se de dores nas pernas, nos braços e no
peito. O corpo ficou inchado e não conseguia andar. Em Outubro de 2009, numa consulta no
Hospital Central de Maputo, foi diagnosticado que sofria de uma anomalia no coração.
A sua salvação chegou a 04 de Novembro corrente, quando o ICOR o submeteu a uma cirurgia
através do cardiologista português, professor Antunes, da Universidade de Coimbra. “Já estou
a melhorar e quero recuperar o tempo perdido na escola. Interrompi os estudos na 8ª classe”,
afirmou Ziabe, esperançada.
Lígia David Tembe, de 16 anos de idade, também residente em Maputo, acompanhava,
atentamente, a nossa a nossa conversa com a sua companheira de quarto no ICOR, Ziabe.
Timidamente contou-nos a sua história: “sofria deste problema desde criança.
Os meus pais viviam na África do Sul, onde o meu pai trabalhava como mineiro. Quiseram
operar-me lá, mas com medo fugiram comigo para Moçambique”.
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De acordo com ela, chegados a Maputo procuraram por um atendimento médico no Hospital
Central de Maputo, de onde foram transferidos para o ICOR. Na altura não podia ser operada
porque o seu peso estava abaixo do recomendado.
Esperou durante dois meses e em Novembro corrente conseguiu ser operada. Ela frequentava
7ª classe na Escola primária de Bagamoio e não foi a tempo de realizar os exames que
iniciaram esta segunda-feira.
Aida Domingos é acompanhante da sua filha, de 11 anos de idade. Veio da Beira e está
hospedada na pousada dos Caminhos de Ferro de Moçambique. Segundo conta a menina,
andou com os membros superiores e inferiores inchados e com dores no peito.
Levou-a a um centro de saúde em Tete e nada foi diagnosticado. Ela não melhorava. Rodou
por muitos hospitais até que um dia, no Hospital Provincial de Tete, um Raio X detectou que
tinha problemas de coração. Ficou um mês internada e tempos depois recebeu transferência
para o ICOR e a 08 deste mês foi operada.
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