Artigo Original Estudo da resposta pulpar em pacientes portadores de neoplasias malignas de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia Evaluation of pulp response in patients undergone radiation therapy for treatment of head and neck cancer RESUMO Helen Mara Rodrigues1 Sergio Altino Franzi2 ABSTRACT Introdução: a radioterapia promove alterações na cavidade oral e na polpa dental que conduzem a mudanças na sensibilidade frente a estímulos em contato com a superfície dental. Torna-se necessário investigar a ocorrência dessas alterações e estabelecer o diagnóstico pulpar e perirradicular dos elementos remanescentes em áreas submetidas à irradiação ionizante, com o intuito de prevenirem-se os processos patológicos periapicais, descritos como fatores precipitadores de osteorradionecrose. Objetivo: avaliar as respostas pulpares ao teste de vitalidade com gás refrigerante tetrafluoroetano, em pacientes submetidos à radioterapia e em um grupo controle, em três grupamentos dentários distintos (incisivos inferiores, incisivos superiores e caninos). Casuística e método: foram testados 91 dentes hígidos de pacientes de ambos os gêneros submetidos à radioterapia para o tratamento de neoplasias malignas de cabeça e pescoço e 103 dentes de pacientes do grupo controle. Resultados: verificou-se diferença significativa (p< .05) entre os dois grupos com relação às respostas negativas apresentadas; não houve diferença entre os grupamentos dentários avaliados. Conclusão: os pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço apresentam maior número de elementos dentais com resposta negativa ao teste de vitalidade pulpar quando comparados com um grupo controle. Introduction: alterations promoted by radiation therapy in the oral cavity and in dental pulp leads to sensitiveness changes in enamel surface when in contact with some external stimuli. The investigation of these changes and the establishment of the pulpal and periapical diagnosis of the elements remained in irradiated sites, in order to prevent pathological process that have been described as osteoradionecrosis developing factors, is mandatory. Objective: to evaluate the pulp response obtained by tetrafluoroethane in patients undergone radiation therapy and in a control group, in three dental groups (maxillary incisors, mandibular incisors and canines). Patients and methods: 91 teeth were tested in patients in both genders submitted to radiation therapy for head and neck malignances and 103 teeth in a control group. Results: the results showed significant difference (p<.05) between the groups evaluated related to negative responses, despite no difference between the dental groups. Conclusion: patients undergoing radiation therapy in the head and neck present a greater number of teeth with negative response to the vitality test in comparison to the control group. Key words: Endodontics; dental pulp test, radiotherapy, head and neck cancer. Descritores: endodontia; teste da polpa dentária; radioterapia; câncer de cabeça e pescoço. INTRODUÇÃO A Endodontia é a especialidade da Odontologia que trata das alterações da polpa dental e dos tecidos perirradiculares e destina-se a avaliar sua morfologia, fisiologia e patologia. O estudo e a prática dessa área englobam as ciências básicas e clínicas, incluindo a biologia da polpa normal, a etiologia, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das doenças e injúrias que atingem a polpa, associadas ou não, às alterações perirradiculares1. O diagnóstico das alterações endodônticas é uma das etapas mais importantes para a correta terapêutica. O processo tem início a partir da história clínica pregressa do paciente, da interpretação dos sinais e sintomas e da realização dos testes de vitalidade pulpar que atuam como medidas semiotécnicas específicas, com intuito de desencadear, na polpa dentária, respostas frente aos estímulos empregados2,3 . Dentre os testes mais comumente utilizados para a determinação da vitalidade pulpar estão os testes térmicos com substâncias refrigerantes, que representam exames de eficácia clínica comprovada4. As reações inflamatórias apresentadas pela polpa dental podem ser provocadas por causas físicas, por substâncias químicas aplicadas diretamente sobre a dentina, por estimulação elétrica e utilização de irradiação. Na fase inflamatória reversível, uma vez removido o estímulo ou devidamente tratadas suas conseqüências, a normalidade do tecido pulpar pode ser restabelecida. No entanto, se houver contaminação microbiana associada ao trauma físico ou químico, as alterações patológicas tendem a ser agravadas culminando, na maioria das vezes, em intervenções endodônticas5. No tratamento do câncer de cabeça e pescoço, a radioterapia representa uma importante arma terapêutica, porém, é (1) Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – HOSPHEL, São Paulo; bolsita CAPES/MEC (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Ministério da Educação (2) Doutor em Medicina pelo Curso de Pós-Graduação em Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Docente do Curso de Pós- Graduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – HOSPHEL, São Paulo Instituição: Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – HOSPHEL, São Paulo Correspondência: Helen Mara Rodrigues, Rua Bela Cintra, 2262 ap. 52 – 01415-002 São Paulo, SP. E-mail: [email protected]. Recebido em: 5/10/2006; aceito para publicação em: 18/11/2006. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 36, nº 1, p. 23 - 26, janeiro / fevereiro / março 2007 23 responsável por alterações significativas na cavidade oral e, mais especificamente, na polpa dental, predispondo à ocorrência de infecções6. Em decorrência dos relatos de hipersensibilidade e, posteriormente, perda de sensibilidade dental apresentados por pacientes submetidos a esse tratamento, objetiva-se, por meio do presente estudo, avaliar as respostas pulpares ao teste de vitalidade com o gás refrigerante tetrafluoroetano nos pacientes submetidos à radioterapia e em um grupo controle. combinada com cirurgia e seis, combinada com quimioterapia. A média de tempo decorrido a partir do término da radioterapia foi de 4,3 meses. No grupo controle, os 12 pacientes incluídos apresentaram características clínicas odontológicas e demográficas semelhantes. A distribuição dos pacientes oncológicos e as variações apresentadas de acordo com a idade e as doses de radioterapia administradas nos respectivos campos pode ser observada na tabela 1. CASUÍSTICA E MÉTODO O presente estudo prospectivo teve início após sua aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Heliópolis, São Paulo. Os 24 pacientes incluídos nesse estudo foram examinados no período de fevereiro a junho de 2006 e, ao final da pesquisa, aqueles que tiveram diagnóstico de perda de vitalidade pulpar foram encaminhados para tratamento endodôntico. Foram avaliados pacientes de ambos os gêneros, sendo 12 submetidos à radioterapia para o tratamento de neoplasias malignas de cabeça e pescoço, dos quais foram selecionados 91 dentes hígidos e 12 pacientes pertencentes a um grupo controle, dos quais foram testados 103 dentes. Os elementos dentais testados foram divididos em grupamentos de incisivos inferiores, incisivos superiores e caninos. Após o preenchimento das fichas clínicas (dados pessoais e os dados referentes ao tratamento radioterápico), foram realizados os exames clínicos bucais e os testes de vitalidade pulpar dos elementos dentais selecionados, utilizando-se o gás refrigerante tetrafluoroetano. Foram excluídos da amostra os dentes que apresentaram cáries, alteração cromática da porção coronária, alteração periodontal significativa, fístula gengival, edema na região perirradicular, sintomatologia dolorosa e história de traumatismo dental prévio. Foram também excluídos da amostra pacientes que fizeram uso de anestésicos odontológicos (tópico e/ou injetável), analgésicos sistêmicos (carbamazepina e/ou opiáceos) e bebidas alcoólicas previamente à realização dos testes. Os pacientes foram instruídos a levantar o antebraço no momento em que fosse notada sensibilidade à aplicação do estímulo térmico. Os testes foram realizados sob isolamento relativo da região e secagem do dentes com gaze hidrófila. Com auxílio de hastes flexíveis de algodão embebidas em tetrafluroetano foi realizada a aplicação do agente na face vestibular, entre os terços cervical e médio, pelo período máximo de cinco segundos. Os testes foram realizados duas vezes em elementos dentais que apresentaram a primeira resposta negativa. A análise estatística utilizou o teste de freqüências do quiquadrado e o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Adotouse o nível de significância de 5%. RESULTADOS A média de idade foi de 54,4 anos (variando de 40 a 74 anos); 16 pacientes eram do gênero masculino e oito, do feminino. Dos 12 pacientes oncológicos, 10 receberam radioterapia para o tratamento de carcinomas espinocelular, um para melanoma maligno e um para carcinoma medular de tireóide. A localização dos tumores incluiu loja tonsilar (3 pacientes), borda de língua (2 pacientes), palato mole (1 paciente), base de língua (1 paciente), ventre de língua (1 paciente), pilar anterior (1 paciente), tireóide (1 paciente), região zigomática (1 paciente) e pescoço (1 paciente). As doses de radioterapia variaram de 1.400 a 7.120 cGy, de acordo com as áreas de aplicação (tumor primário, fossa clavicular, cérvico-facial), sendo que todos os pacientes receberam no mínimo 4500 cGy em algum dos sítios citados. Dos 12 pacientes, seis foram submetidos à radioterapia 24 Tabela 1 – Distribuição dos pacientes oncológicos de acordo com a idade e as doses de radioterapia administradas. Variável Idade Categoria n (%) Variação 40 – 74 Mediana 55,0 Média (desvio padrão) 57,4 (11,4) Dose RXT-TP n 8 Variação 14 – 71 Mediana 63 Média (desvio padrão) 55,8 (19,5) Dose RXT-FC n 10 Variação 45 – 71,2 Mediana 50,4 Média (desvio padrão) 54,1 (8,0) Dose RXT-CF n 6 Variação 50 – 71 Mediana 56,7 Média (desvio padrão) 59,3 (10,3) N – pacientes; RXT - radioterapia; TP - tmor primário; FC – fossa clavicular; CF – cérvico-facial. No grupo de pacientes submetidos à radioterapia, aproximadamente 28,6% dos elementos dentais testados não responderam ao teste com tetrafluoroetano enquanto 71,4% apresentaram resposta positiva. No grupo controle, a porcentagem foi de 11% para as respostas negativas e 89% de respostas positivas, com diferença estatisticamente significativa (Tabela 2). Tabela 2 – Associação entre as respostas pulpares com relação aos grupos tratados (casos) ou não (controles) por radioterapia. Resposta Grupo Caso n (%) 65 (71,4) 26 (28,6) Controle n (%) Positiva 92 (89,3) Negativa 11 (10,7) p 0,002 n – elementos dentais testados. A Tabela 3 mostra as freqüências, em porcentagem, das respostas obtidas positivas e negativas, quanto aos grupamentos dentais testados. O maior número de respostas negativas foi obtido no grupo dos caninos, enquanto os incisivos superiores apresentaram o maior número de respostas positivas. Tabela 3 – Distribuição dos dentes de acordo com as respostas apresentadas Incisivos Resposta Superiores N (%) Positiva 42 (87,5%) Negativa 6 (12,5%) Incisivos Inferiores N (%) 65 (82,3%) 14 (17,7%) Caninos p N (%) 50 (74,6%) 0,206 17 (25,4%) n – elementos dentais testados; p – valor obtido pelo teste do quiquadrado. Não foi observada associação entre as doses de radioterapia administradas e os elementos dentais que apresentaram respostas negativas no grupo oncológico (Tabela 4). Tabela 4 – Distribuição dos pacientes de acordo com as respostas pulpares obtidas e as doses de radioterapia administradas. Medidas Dose RXT-TP N Variação Mediana Média (desvio padrão) Dose RXT-FC N Variação Mediana Média (desvio padrão) Dose RXT-CF N Variação Mediana Média (desvio padrão) Incisivos superiores Incisivos inferiores Caninos 4 14,0 – 60,0 37 37,0 (26,5) 9 14,0 – 71,0 66 45,1 (29,5) 5 14,0 – 71,0 14 35,8 (29,9) 0,6023 6 50,4 – 60 50,4 53,6 (4,9) 9 50,4 – 50,4 50,4 50,4 (0) 9 50,4 – 71,2 50,4 55,1 (9,2) 0,5500 2 63,0 – 71,0 67 67,0 (5,6) 5 71,0 – 71,0 71 71 (0,0) 4 71,0 – 71,0 71 71 (0,0) 0,5698 p n – elementos dentais testados. DISCUSSÃO A necessidade de obter-se a confirmação precisa do conhecimento clínico da vitalidade pulpar depara-se com as dificuldades existentes nessa determinação, visto que a polpa dentária é uma estrutura contida em uma cavidade inexpansiva e que o suprimento vascular e nervoso que a sustenta está freqüentemente exposto a estímulos físicos, químicos e mecânicos de intensidades variadas7. Com o intuito de promover uma queda de temperatura capaz de desencadear respostas pulpares confiáveis, foi feita a opção pelo teste de vitalidade pulpar com gás refrigerante, diminuindo as limitações com relação às condições de ordem anatômica, física ou fisiológica que impedem a transmissão do estímulo frio4,8. Em pacientes submetidos à irradiação ionizante na cabeça e pescoço, o diagnóstico de vitalidade pulpar torna-se vital, uma vez que as alterações podem evoluir para processos patológicos com envolvimento do tecido ósseo perirradicular, fato que predispõe o paciente ao desenvolvimento de osteorradionecrose. As causas pelas quais essas alterações ocorrem e sua relação, direta ou indireta com a radioterapia, ainda são debatidas na literatura. No presente estudo, foi encontrada significância estatística (p<0,05) entre os grupos estudados com relação aos elementos dentais que não apresentaram resposta ao teste de vitalidade com tetrafluoroetano, que estão de acordo com a literatura9, apesar da utilização de outro método de determinação da vitalidade pulpar, obtendose respostas semelhantes em testes realizados com pacientes irradiados e grupo controle. Com referência aos grupamentos dentários avaliados, a escolha recaiu sobre elementos unirradiculares com o intuito de serem minimizadas quaisquer alterações que suscitassem dúvida com relação ao teste térmico utilizado. Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa das respostas pulpares obtidas entre os diferentes grupos avaliados. Com relação às doses de radioterapia e ao número de respostas negativas, não houve influência das doses administradas sobre as respostas obtidas, o que pode ser esclarecido pelo fato de todos os pacientes oncológicos terem recebido no mínimo 4.500 cGy em uma das áreas indicadas (tumor primário, fossa clavicular, cérvico-facial), de maneira que a variação das doses foi relativamente pequena, insuficiente para que fossem estabelecidos intervalos para a ocorrência de maior número de respostas negativas. As alterações provocadas pela radioterapia na polpa dental são significativas e predispõem a infecção. A camada odontoblástica passa a demonstrar fragilidade e atrofia; há uma diminuição dos elementos vasculares acompanhada de fibrose. A resposta pulpar à infecção, traumas e procedimentos dentários variados torna-se, conseqüentemente, comprometida6,9. É necessário esclarecer que, em situações de normalidade, o tecido pulpar é nutrido pelo fluxo sangüíneo proveniente da artéria dental, que penetra o dente pelos forames apicais juntamente com feixes nervosos, percorrendo a porção central da polpa e ramificando-se lateralmente na polpa coronária10. Em condições alteradas pela radioterapia, é possível que os danos sofridos pelo tecido ósseo como obliteração de pequenos vasos, diminuição do fluxo sangüíneo local e comprometimento de sua capacidade de regeneração e cicatrização11 interfiram na fisiopatologia do tecido pulpar. Também outros aspectos devem ser considerados, a fim de determinarem-se as causas das alterações das respostas pulpares em pacientes irradiados, como a xerostomia e danos ao ligamento periodontal. No presente estudo, a redução do fluxo salivar foi relatada por 92% dos pacientes oncológicos avaliados, provavelmente em função das doses de radioterapia administradas em áreas que incluíam glândulas salivares maiores. Isso poderia interferir indiretamente na fisiopatologia da polpa dentária, na medida em que ocorresse penetração microbiana no interior dos canalículos dentinários, devido à perda da camada salivar com função remineralizadora e da redução do pH na cavidade oral11. Finalmente, a contaminação do tecido pulpar pela via periodontal poderia ser facilitada, uma vez que alguns autores6,12,13 relatam um aumento na fragilidade das fibras constituintes desse ligamento que passa a apresentar capacidade reduzida de reparo e de regeneração, propiciando a penetração microbiana nos canalículos dentinários e, posteriormente, no tecido pulpar. CONCLUSÃO Os pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço apresentaram maior número de respostas negativas ao teste de vitalidade pulpar com o gás refrigerante tetrafluoroetano em relação ao grupo controle. Não houve diferença significativa das respostas entre os grupamentos dentais avaliados. REFERÊNCIAS 1. Walton RE, Torabinejad M. Principles and Practice of Endodontics. 2nd ed. Philadelphia: WB Saunders; 1994 2. Hyman JJ, Cohen ME. The predictive value of endodontic diagnostic tests. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1984;58(3):343-6 3. Pulver WH, Korzen BH. Endodontic diagnosis. Ont Dent. 1978;55(4):13-7 4. 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