Mapeamento das Características dos Domicílios Indigentes do Estado do Rio de Janeiro∗ Simone da Silva Figueiredo♣ Palavras-chave: Indigência; Testes; Custo; Pesquisa. Resumo Ao trabalhar na dissertação de mestrado com os microdados do Censo Demográfico de 1991 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística enfocando os domicílios de indigentes por uma ótica de implementação de políticas públicas para melhoria das condições domiciliares através do reconhecimento destes indigentes por estas mesmas condições, pude averiguar e avaliar que a focalização em políticas públicas é imprescindível para alocação de recursos de forma direcionada e que possibilite atender o real necessitado desta. A necessidade de focalizar o grupo populacional situado num espaço definido e conhecido a ser atendido é o enfoque deste artigo. O grupo populacional escolhido foram os indigentes recortados a partir do rendimento domiciliar per capita e o espaço foi o Estado do Rio de Janeiro. Ao escolher a renda como parâmetro fica implícito a definição de um grupo populacional apenas por um ângulo de observação, sem desta forma considerar o conjunto de relações que este grupo possa ter e as suas estratégias para sobreviver com a pouca renda auferida. Ao se escolher os domicílios como unidade analítica se perde a análise sobre o indivíduo, mas permite-se o conhecimento de como as estratégias destes indivíduos unidos numa mesma unidade de convivência refletem-se no seu modo de viver através de como isto se traduziu em benesses para estes mesmos indivíduos. Como foi utilizada a pesquisa censitária foi permitido observar as características dos indivíduos residentes em cada domicílio, apesar de não ter sido utilizada essas características para uma análise final, esta informação permitiu um melhor conhecimento da população caracterizada pela aplicação da linha de indigência. A caracterização da população indigente possibilita subsidiar trabalhos que tenham o enfoque da indigência no seu escopo dentro do ângulo social, geográfico e/ou do planejamento de políticas públicas do estado. ∗ Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em CaxambúMG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004 ♣ Mestre em Demografia pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. É Bacharel e Licenciada em Geografia pelo Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente trabalha como Assistente de Pesquisa da Fundação FORD na ENCE e leciona na Faculdade Moacyr Sreder Bastos. 1 Mapeamento das Características dos Domicílios Indigentes do Estado do Rio de Janeiro∗ Simone da Silva Figueiredo♣ Introdução Olhar para a “indigência” é ver que seu significado está intimamente ligado ao significado de pobreza, desta forma, a sua mensuração também. Segundo Rocha pobres são aqueles que não dispõem dos meios para atender as suas necessidades nutricionais e sociais. E de maneira mais restritiva indigentes são os incapazes de atender unicamente as suas necessidades nutricionais. Ao escolher a renda como parâmetro fica implícito a definição de um grupo populacional apenas por um ângulo de observação, sem desta forma considerar o conjunto de relações que este grupo possa ter e as suas estratégias para sobreviver com a pouca renda auferida. A caracterização da população indigente possibilita subsidiar trabalhos que tenham o enfoque da indigência no seu escopo dentro do ângulo social, geográfico e/ou do planejamento de políticas públicas do estado. Definir uma pessoa como “indigente” é um processo muito complexo, pois existem várias dimensões presentes nesta definição, como: alimentação, renda, educação, acesso aos serviços públicos, trabalho, habitação, etc. Mas, ao mesmo tempo não existem pesquisas aprofundadas que permitam avaliar em sincronia todos esses elementos. Logo, toda e qualquer forma de arbitrar parâmetros que indiquem quais são os indigentes será incompleta porque estará observando o problema por uma ótica reduzida. Ao se escolher a pesquisa censitária somente é possível conhecer as características da população de indigentes que residisse em domicílios particulares permanentes, portanto, não foram incluídos os residentes em domicílios particulares improvisados e coletivos. Além disso, obviamente, não foi considerada a população de rua. O estudo a seguir tem como questão proposta o conhecimento das condições domiciliares da população indigente do estado do Rio de Janeiro, caracterizada a partir da aplicação da linha de indigência. A forma de se alcançar esse conhecimento e este ser útil as políticas públicas desenvolvidas, ou que possam vir a ser, foi gerar uma metodologia de avaliação do custo de aplicação de pesquisas para estimar renda familiar (means tested) para posteriormente trabalhar-se com a complementação de renda. Para tanto, também, foi necessário criar formas de delimitação dessa população e dos gastos para com ela. Os indigentes neste estudo serão definidos segundo a linha de indigência calculada por Sonia Rocha1. ∗ Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em CaxambúMG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004 ♣ Mestre em Demografia pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. É Bacharel e Licenciada em Geografia pelo Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente trabalha como Assistente de Pesquisa da Fundação FORD na ENCE e leciona na Faculdade Moacyr Sreder Bastos. 1 ROCHA, 1995; p. 27 2 1. Indigência – Operacionalização do conceito Indigência é a falta do que é indispensável à vida; grande pobreza; miséria. Numa sociedade capitalista na qual a obtenção das necessidades do indivíduo ocorre, principalmente, através da compra, se torna imprescindível garantir uma renda que proporcione a obtenção destas necessidades. No que se refere as diferenciações espaciais do comportamento em relação ao consumo, verifica-se através da Endef, que a área rural tem um autoconsumo maior, ou seja, tem um consumo maior em alimentos por ela mesma produzidos ou adquiridos (definição do Endef), ao passo que as áreas com um maior nível de urbanização, apresentam um consumo preponderante de alimentos comprados. Este fato dificulta o processo de adoção de uma linha de indigência de forma direta, sendo que a pesquisa efetivamente irá procurar formas de adequar esta questão. Segundo Peliano trinta um milhões de pessoas se encontram na situação de indigência através da análise de sua renda mensal e segundo Rocha um pouco mais de 16 milhões de pessoas se encontram nesta situação. Em relação ao total de indigentes calculados por Peliano cabe a crítica feita por Beltrão & Oliveira (1993?). Eles salientam o fato de que para Peliano um a cada cinco brasileiros é um faminto e que a autora chega a esses números devido a não considerar o autoconsumo nas áreas rurais. Devido a esta questão metodológica qualquer análise resultante do trabalho é imprecisa. “Embora seja certo que os famintos se incluem neste grupo, nem todos deste grupo são famintos. O fato que, dos 32 milhões de indigentes, 16 milhões estariam na área rural é particularmente preocupante quanto à confiabilidade da estatística. E justamente na área rural que a existência de renda não monetária é mais freqüente – autoconsumo, escambo, etc. são a norma e não a exceção no campo.”2 O que podemos notar é que em relação ao Brasil a indigência se apresenta localizada na área rural de acordo com os estratos propostos por ambas. Apresentando um comportamento contraditório (Paradoxo de Simpson), o estado do Rio de Janeiro tem a indigência como sendo um fato metropolitano. A diferença dos totais e dos percentuais colocados pelas autoras demonstra a necessidade de avaliação de uma metodologia, que defina a linha de “indigência” de forma que o grupo selecionado como “indigente”, seja o mais próximo possível da realidade. “... O problema da fome existe e, provavelmente, é de consideráveis proporções. É entretanto, necessário e urgentíssimo aprofundar as pesquisas e estudos para saber quem são e onde estão os desnutridos, de modo a orientar um programa focalizado de renda mínima. Sem isto, corremos o risco de, apesar das boas intenções de alguns autores, vermos de novo montado o circo de esbanjamento de recursos em programas ineficazes e ineficientes de alívio à pobreza.”3 O esbanjamento de recursos proferidos por Beltrão & Oliveira encontrou eco nas declarações de Ricardo Paes de Barros a um telejornal. Este ao ser questionado sobre a necessidade de pesquisas para auxiliar nos programas de complementação de renda, afirma que se estas, as pesquisas, não forem feitas de forma aprofundada, a fim de permitir uma focalização do grupo populacional que será atendido, é preferível e menos custoso jogar dinheiro do helicóptero. 2 3 BELTRÃO & OLIVEIRA, 1993?; p. 1. BELTRÃO & OLIVEIRA, 1993?; p. 3. 3 1.1. A linha de indigência escolhida A escolha da linha de indigência a ser utilizada advém de uma avaliação segundo a adequação ao escopo deste estudo, que se utiliza dos dados do Censo-91 – Questionário da Amostra para o estado do Rio de Janeiro. Foi, então, definida a linha de indigência calculada por Rocha. A escolha desta linha perpassa por vantagens teóricas e analíticas de suas características básicas. A primeira vantagem é a de não ser uma linha normativa, não se refere a uma estrutura de consumo otimizado ou padrão, mas sim uma estrutura de consumo observado em populações de baixa renda a partir de pesquisas de observação do modo de aplicação do orçamento familiar (Endef). A segunda vantagem é a de considerar as discrepâncias entre padrões de consumo e preços ao consumidor entre as regiões e o local de residência Baseando-se nas cestas de consumo definidas pelo Endef, para cada região metropolitana, seus custos foram estimados ano a ano com base no Sistema Nacional de Índices de Preço ao Consumidor do IBGE. Somente é possível acompanhar a evolução do custo de vida para pobres nas regiões metropolitanas, devido só ocorrer pesquisas de preços ao consumidor nessas. Para obter estimativas acerca da pobreza no Brasil, Sonia Rocha supôs que os diferenciais de custo de vida intraregionais medidos pelo Endef se mantinham inalterados. 1.2. O rendimento médio mensal escolhido No trabalho “Governabilidade e pobreza: o desafio dos números” escrito por Sonia Rocha, a autora coloca o valor da linha de indigência que será utilizado por esse estudo. Mas, ela utiliza como renda a variável de rendimento familiar per capita da PNAD-90, por permitir considerar a família como unidade solidária de consumo e rendimento, que possibilita avaliar o tamanho da família como fator impactante dos indicadores de pobreza. No Censo Demográfico de 1991 família foi considerada como sendo as pessoas unidas por laço de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência; ou a pessoa que morasse sozinha; e ou o grupo de no máximo cinco pessoas que morassem juntas. E domicílio como sendo o local com uma estrutura independente que servisse de moradia. Por extensão o rendimento médio mensal familiar é a soma dos rendimentos das pessoas que foram consideradas uma família e o rendimento médio mensal domiciliar é a soma dos rendimentos das pessoas que residissem no mesmo domicílio. Tomando como prática usual das populações, principalmente as de baixa renda, as pessoas que residem num mesmo domicílio tendem a se ajudar mutuamente. Pois, se tratando de uma situação de indigência, onde o rendimento auferido na melhor das hipóteses consegue suprir somente as necessidades alimentares, é da prática usual que as famílias residentes num mesmo domicílio sejam solidárias umas com as outras. A pesquisa censitária ao trabalhar o conceito de famílias conviventes separou em duas ou mais famílias uma estrutura que desenvolve estratégias de sobrevivência unidas e dependentes. A pesquisa censitária considerou, por exemplo, se em um domicílio residisse pai, mãe, filha e neto como duas famílias. Porém, na prática essa estrutura funciona como uma família única. A separação deste grupo fará, na maioria das vezes, que a família composta pelo pai e a mãe apresente renda familiar diferente de zero e a família composta pela filha e o neto não apresente renda. No intuito de corrigir as inúmeras famílias que apareceriam sem rendimento e seriam incluídas na massa indigente, optou-se pela utilização do rendimento médio mensal domiciliar como variável de confronto para definir o domicílio como tendo os seus residentes em situação de indigência. 4 2. Metodologia No texto “Equívocos do Programa da Fome” Beltrão & Oliveira colocam o perigo da “interpretação incompleta das estatísticas” como sendo veículo da colocação do país num “ciclo de autocomiseração” e, assim, adentrarmos num “circo de esbanjamento de recursos em programas ineficazes e ineficientes de alívio à pobreza”. Esta parte, de maneira resumida, apresenta a metodologia adotada para avaliar os domicílios da população indigente do estado do Rio de Janeiro. Tem como preocupação primeira a interpretação das estatísticas para poder fornecer subsídios a programas de minimização do problema e assim evitar adentrar num circo de esbanjamento de recursos. 2.1. Atualização da linha de indigência A linha de indigência utilizada foi calculada por Sonia Rocha a partir da pesquisa PNAD-90. Para trazer os valores da data de referência da PNAD-90 para a data de referência do Censo-91 foi necessário corrigir monetariamente os valores. Para tal, utilizou-se o INPC do IBGE. 2.2. Levantamento dos domicílios estudados Os domicílios indigentes tiveram de ser identificados dentro do conjunto dos domicílios do estado do Rio de Janeiro para isso combinou-se dois passos (filtros). A partir do valor da linha de indigência calculada por estrato se aplica no banco de dados o filtro de rendimento per capita mensal domiciliar4 (filtro 1) e identificam-se os domicílios referidos.. Ao se analisar os dados verificou-se que entre os domicílios da população indigente configuravam alguns com características não próprias a esse grupo, como por exemplo apresentar a existência de freezer no domicílio e ao se observar as características das pessoas residentes notou-se que o nível educacional e a profissão também não condiziam com um prolongado estado de baixíssima renda. Verificou-se que estes domicílios têm rendimento nominal médio mensal domiciliar igual à zero ou muito próximo deste valor. Tal fato pode ser decorrente dos indivíduos deste domicílio não terem auferido renda no mês de agosto de 1991, o que ocorre entre os desempregados, por exemplo, mas, o que não significa que este domicílio se encontre em situação de indigência. Para corrigir essa informação, e a análise dos dados não ser comprometida, definiu-se como não indigente todos aqueles domicílios que tivessem renda acima da linha de indigência segundo o seu estrato geográfico e para os que tivessem abaixo ou na linha de indigência desde que se enquadrassem num dado perfil5 (filtro 2), que funcionará como um segundo filtro. 2.3. Escolha das variáveis utilizadas Foi selecionado um subconjunto das variáveis do Censo-91 - Questionário da Amostra referentes aos domicílios particulares permanentes, pois somente para esses são investigados as características domiciliares. A pesquisa censitária considerou como domicílio “a moradia estruturalmente independente, constituída por um ou mais cômodos, com entrada privativa”6. E considerou 4 O rendimento per capita médio mensal domiciliar é uma variável criada por este estudo, uma vez que o microdado da amostra não contém essa informação. A maneira de se obter essa informação é dividindo o Rendimento Nominal Médio Mensal Domiciliar pelo número de pessoas no domicílio, que é obtido pela soma do número de homens no domicílio com o de mulheres. 5 Esse perfil é dado pela existência no domicílio de um conjunto de bens. Os bens definidos para esse conjunto foram: existência de freezer, máquina de lavar, televisão à cores, geladeira, banheiro, ter iluminação via energia elétrica com medidor e abastecimento de água da rede geral. 6 IBGE, 1996; p.15. 5 domicílio particular permanente aquele que servisse de moradia para no máximo cinco famílias, que tivesse sido construído com a finalidade de ser residencial. Na intenção de se caracterizar os perfis domiciliares de indigentes e não indigentes foram selecionadas vinte variáveis7 censitárias, que são apresentadas em ordem de importância8, que tem a possibilidade de retratar as condições de domiciliares da população indigente. Essas variáveis foram selecionadas visando construir um retrato das condições domiciliares em que se encontram essas populações. A partir destas vinte variáveis formaram-se grupos que tem por função delinear uma porção deste retrato de forma que o conjunto possa criar um perfil. Estas foram agrupadas em: variáveis9 de acesso a serviço público, de estrutura física domiciliar e de bens de conforto. Algumas outras variáveis levantadas tiveram a função de auxiliar na análise das variáveis anteriores. As variáveis são: Mesorregião, microregião, município, situação do domicílio (urbano ou rural), população (total de homens e mulheres nos domicílios) e Rendimento Nominal Médio Mensal Domiciliar (soma dos rendimentos dos moradores do domicílio). O primeiro grupo é formado pelas variáveis10 de acesso à serviço público. Estas demonstram o quanto o domicílio é provido pelos serviços, na época do censo desenvolvido por organismos públicos. Em tratando-se de domicílios da população indigente esse conjunto de variáveis vem a tentar medir a carência da presença do governo constituído a qual esta população está submetida. O segundo grupo é formado pelas variáveis11 de estrutura física domiciliar. Estas demonstram a qualidade de vida, em primeira instância, que o domicílio pode proporcionar aos seus residentes. Esse conjunto de variáveis vem tentar medir o nível de qualidade de vida a qual essa população está submetida. O terceiro grupo é formado pelas variáveis12 de bens de conforto. Estas também demonstram a qualidade de vida que o domicílio pode proporcionar aos seus residentes, porém de forma mais refinada que o conjunto anterior, pois trata de acesso à informação e de possibilidades de melhoria da condição de vida. Esse conjunto de variáveis vem tentar auferir 7 Optamos por referir as variáveis conforme são nomeadas no Censo. Porém, para esclarecer o conteúdo das mesmas, nem sempre óbvio, adicionamos as explicações entre parênteses. 8 A importância das variáveis é dada pelo seu poder de explicação em relação as características domiciliares da população indigente. Ao construir perfis domiciliares utilizando-se as variáveis foi verificado que os arranjos possíveis feitos com elas alteravam os resultados obtidos. A partir da análise da freqüência das categorias de cada variável foi possível avaliar o poder de explicação de cada uma delas em relação à caracterização do domicílio. A ordenação das variáveis no grupo maior (20 variáveis), é dada pela sua importância, e define quais variáveis estarão presentes nos demais grupos, devido a estes se formarem pela exclusão da última variável do grupo antecedente. 9 As variáveis em ordem decrescente de importância: espécie de domicílio, abastecimento de água (origem do serviço ou fonte), instalação sanitária (tipo de escoadouro), destino do lixo (destino dos dejetos e indicação de serviço de coleta), iluminação (tipo de iluminação), localização (tipo de imóvel e lugar), cobertura (tipo de telhado), banheiros (número), uso da instalação sanitária (só de um domicílio ou compartilhado), condição de ocupação do domicílio (verifica a propriedade, aluguel e outros), paredes (tipo de material utilizado), rádio (existência), filtro de água (existência), geladeira (existência e modelo), televisão preto e branco (existência), televisão em cores (número), freezer (existência), máquina de lavar (existência), automóvel para trabalho (existência e tipo) e automóvel particular (existência e número). 10 As variáveis são: abastecimento de água (fornecimento de água), instalação sanitária (destinação do esgoto sanitário), destino do lixo (coleta domiciliar do lixo) e iluminação (fornecimento de energia elétrica). 11 As variáveis são: localização (tipo de residência e tipo de local), cobertura (tipos de telhado), banheiros (existência), uso da instalação sanitária (feito por um ou mais domicílios), condição de ocupação do domicílio (verifica a propriedade) e parede (tipos de parede). 12 As variáveis são: rádio, filtro de água, geladeira, televisão preto e branco, televisão em cores, freezer, máquina de lavar, automóvel para trabalho e automóvel particular. 6 as possibilidades de se informar e modificar com baixa interferência externa o padrão de vida desta população. 2.4. Confecção dos gráficos Para a construção dos gráficos que permitiram analisar os perfis domiciliares foram levantadas inicialmente vinte variáveis. Mas, para avaliarmos a quantidade necessária de variáveis foram feitos testes de vinte até sete variáveis, segundo o critério de importância das variáveis. A necessidade da aplicação destes testes advém do fato de se averiguar o custo de obtenção das respostas para as variáveis e assim sua viabilidade. Dependendo do assunto a qual a variável se refere esta tem um custo maior ou menor de levantamento. Variáveis que medem o acesso a serviços podem ser obtidas junto aos organismos que o fornecem, porém variáveis que medem estrutura física domiciliar e bens de conforto necessitam de pesquisa de campo. Quando as características pesquisadas forem externas ao domicílio necessitam de avaliação visual do pesquisador somente e quando estas forem de internas ao domicílio de aplicação de questionário, estas técnicas tem custo diferenciados e mais elevados do que as de serviço público. Por isso, as variáveis de acesso à serviço público aparecem em todos os testes e as demais variáveis vão sendo eliminadas do estudo de acordo com o grau de importância a elas atribuído. A partir das variáveis escolhidas para testes e dos agrupamentos propostos construiu cinco gráficos. Estes gráficos possibilitam avaliar a aplicação de pesquisas de levantamento domiciliar complementares ao estudo, no intuito de verificar a localização dos domicílios da população indigente dentro de cada município. Isto permitirá um maior conhecimento da situação municipal para os municípios que desejarem conhecer melhor a realidade da indigência domiciliar. O contingente dos domicílios da população indigente e sua relação com o total de domicílios do município será demonstrado nos mapas. 2.5. Confecção dos mapas Foram construídos mapas do estado do Rio de Janeiro por município. Os mapas apresentados são três de contingente domiciliar e um de estatística. O mapa de estatística foi construído a partir do cálculo da probabilidade de em um município o domicílio ser de população indigente. A divisão territorial por município dos mapas é a definida para o Censo Demográfico de 1991. Os mapas permitem uma análise espacial, principalmente o quarto mapa, da necessidade em cada município da interferência do poder municipal, estatal e/ou federal ou ainda de organismos privados na aliviação do problema. Os três primeiros mapas revelam o contingente de domicílios da população indigente, o quarto mapa revela quando esse contingente é proporcionalmente um problema maior. 3. Resultados e Análise O estudo apresenta um conjunto de considerações acerca da aplicação do valor de uma linha de indigência em uma determinada população para desta extrair uma subpopulação, a dos indigentes. Ao aplicar um determinado patamar de renda em uma população para definir uma subpopulação, está se presumindo que o parâmetro definidor desta subpopulação é exclusivamente a renda auferida. A prática nos informa que a população indigente tem outras características que a consolidam como um grupo e que estas deveriam ser levadas em consideração quando se define essa subpopulação. O estudo das características domiciliares possibilita um melhor conhecimento desta subpopulação e, também, de parte da população que não foi incluída neste grupo devido a sua renda, mas que apresenta condições de vida semelhantes a essa população e que tal qual a outra merece ser contemplada pelos programas aliviadores do problema. 7 Este estudo apresenta como resultados palpáveis um conjunto de cinco gráficos e quatro mapas. Será apresentado a seguir a análise do resultado de cada um dos gráficos e mapas confeccionados. 3.1. Análise dos gráficos Le Corbusier coloca a importância da habitação para o bem viver, o viver com qualidade e Villalobos lembra .que os instrumentos de focalização atendem aos grupos que demandam o Estado, fazendo com que os mais pobres sejam excluídos do processo devido a sua falta de acesso, ou sua falta de poder em criar demanda. O estudo observa as características domiciliares da população indigente no intuito de avaliar o quanto essa habitação não está contribuindo para o bem viver e ao mesmo tempo como forma de focar políticas sociais nesta população, através da demanda por condições de habitação condizentes para favorecer o processo de perpetuação da espécie como disse Le Corbusier. 9 “Percentagem dos domicílios indigentes atingidos como função dos domicílios totais necessários para avaliar” Mostra a probabilidade do domicílio ser de população indigente entre o conjunto de domicílios do estado, verificando quantos domicílios precisam ser investigados para se obter um dado percentual de domicílios da população indigente cobertos segundo o número de variáveis selecionadas. Para apresentação no gráfico de correlação da probabilidade do domicílio ser indigente selecionaram-se quatro grupos de variáveis, sendo: vinte, quinze, dez e sete variáveis. A análise deste gráfico permitiu a escolha de um patamar ideal de cobertura para a população alvo a partir do comportamento de cada grupo de variáveis em relação ao percentual necessário de cobertura do total da população. É possível notar que quanto maior o número de variáveis menor o número necessário de domicílios da população total para serem investigados. O gráfico também demonstra que a partir de um determinado percentual de cobertura dos domicílios da população indigente aumenta o número de domicílios da população total sendo investigados numa velocidade maior que os domicílios da população indigente. Sendo assim, escolheu-se o patamar de 79,14% do grupo de 20 variáveis por ser considerado o ponto ideal de cobertura e de mudança do comportamento da curva, que indica o quantitativo que possibilita inferir análises do padrão de comportamento das características domiciliares. 8 Percentagem dos domicílios indigentes atingidos como função dos domicílios totais necessários para avaliar. 100% Percentagem de domicílios indigentes cobertos 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 20 variáveis 15 variáveis 10 variáveis 7 variáveis 10% 0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Percentagem de domicílios totais cobertos 9 “Percentagem dos domicílios indigentes atingidos como função dos domicílios totais com probabilidade entre 0,15 e 0,10 de ser indigente.” Observa a probabilidade entre quinze e dez por cento do domicílio ser de população indigente. A mudança abrupta do ângulo formado pela linha do grupo de vinte variáveis e a linha estendida do eixo das abcissas no ponto próximo à oitenta por cento no gráfico anterior fez com que fosse escolhido esse patamar de probabilidade para avaliação da escolha da quantidade de variáveis ideais de acordo com a cobertura desejada. A análise deste gráfico permitiu verificar o comportamento dos grupos de variáveis na probabilidade escolhida permitindo a posteriori a escolha do número de variáveis ideais segundo o escopo das diferentes pesquisas, trabalhos e/ou estudos que venham a se utilizar deste gráfico como parâmetro. O percentual de domicílios da população total que necessita ser investigada para atingir a maior cobertura possível de domicílios indigentes e utilizando o menor número possível de variáveis é a combinação que permite um estudo racional das condições domiciliares e uso da verba destinada a pesquisa. Pela análise do gráfico obviamente o uso de vinte variáveis é o ideal, porém numa relação de custo o uso de quinze ou dezesseis variáveis consegue uma cobertura eficaz dos domicílios da população indigente. 9 A questão custo da pesquisa é imprescindível, pois isto é capaz de definir os rumos e as etapas que esta irá percorrer. Sendo assim, conseguir que uma determinada etapa da pesquisa tenha um menor custo, em muitas vezes, poderá ser a diferença entre a realização ou não desta etapa. E se esta for muito importante, terá um grande peso na qualidade do produto final. A escolha do número de variáveis que serão aplicadas numa pesquisa de aprofundamento dos dados e embasamento de decisões governamentais quanto a que empreendimentos deverá ser realizado para aliviar os problemas da população indigente implica na definição da verba destinada à fase de pesquisa. Por isso, é importante um estudo de custo para avaliar o grupo de variáveis escolhido para aplicação de pesquisa de campo. O gráfico permite essa seleção a partir do conhecimento do tamanho da subpopulação obtida de acordo com a população a qual será aplicada à pesquisa de campo. Percentagem dos domicílios indigentes atingidos como função dos domicílios totais com probabilidade entre 0,15 e 0,10 de ser indigente. 80% Domicílios Indigentes Domicílios Totais Percentagem de domicílios cobertos 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 Número de variáveis utilizadas 9 “Custo da aplicação de uma pesquisa de acordo com o número de variáveis escolhidas, o custo das variáveis e a probabilidade = 1 de ser indigente.” Este gráfico correlaciona o número de domicílios da população indigente com probabilidade igual a um de ocorrência com o número total de domicílios do estado e com o custo de levantamento das variáveis segundo a quantidade de variáveis escolhidas, podendo estas ser de vinte até sete. Foi criado para a pesquisa a unidade de valor (UVL13). Os valores relativos aos custos das variáveis utilizados apenas como um exemplo e um exercício deste estudo, permitindo assim refazer os gráficos com outros valores relativos. A fórmula utilizada para o cálculo do valor final do custo do grupo de variáveis em UVL é expressa a seguir: CF = (SV * UVL) * (D1 / DT) CF = custo final. SV = soma dos valores em UVL das variáveis do grupo. 13 A unidade de valor (UVL) é um valor de referência com a função de correlacionar o custo de levantamento das diferentes variáveis e que pode ser associada a qualquer moeda corrente. Assim, permite a pesquisa relacionar as variáveis, fazer estimativas de custo da pesquisa sem que tenha de fazer referência à moedas correntes. 10 UVL = unidade de valor, foi igualada à cem. D1 = Número de domicílios de população indigente com probabilidade igual a um de acordo com o grupo de variáveis. DT = Número de domicílios da população total, que é igual à 3.521.690. As variáveis foram classificadas de acordo com o método de obtenção da informação em levantadas, observadas e pesquisadas. Essa classificação permitiu a definição de custos diferenciados na obtenção da informação. Foram formados grupos de variáveis de vinte até sete variáveis, esse agrupamento permitiu a formação de diferentes perfis domiciliares. As variáveis levantadas são aquelas possíveis de se obter através de mapeamento anterior junto aos organismos que oferecem os serviços. Devido a essa facilidade de levantamento desse tipo de informação, essas variáveis são as menos custosas para a pesquisa e por isso foram avaliadas como ocupando a menor quantidade de UVL por domicílio da população indigente. As variáveis observadas são aquelas possíveis de se obter através de pesquisa de campo, mas se utilizando apenas a observação do pesquisador, sem a necessidade de aplicação de questionário direto ao residente no domicílio. Devido à necessidade de se colocar pesquisadores em campo, junto com todo o arcabouço de custo de preparação destes, essas variáveis são mais custosas que as anteriores. Porém, como não há necessidade de se aplicar questionário aos residentes, o que acelera a obtenção de respostas e diminui o número necessário de pesquisadores, essas variáveis foram avaliadas como ocupando o segundo valor em UVLs por domicílio da população indigente. As variáveis perguntadas são aquelas possíveis apenas de se obter com aplicação direta de questionário. Como o conjunto anterior, há a necessidade de se colocar pesquisadores em campo, contando com todos os custos que esse empreendimento solicita. Porém, essas variáveis são as mais custosas dentre todas, pois o número de questionários levantados por pesquisador é menor que o conjunto anterior e o tempo de obtenção destes é maior. Devido ser inerente a aplicação de questionários um conjunto de entraves maior que apenas o levantamento de informação por observação em campo, essas variáveis foram avaliadas como ocupando o máximo de UVLs por domicílio da população indigente. Foram realizados três testes de valoração em relação aos tipos de variáveis. Nos testes as variáveis levantadas tem sempre valor 1. As observadas no teste 1 tem valor 4, no teste 2 tem valor 5 e no teste 3 tem valor 3. E as perguntadas no teste 1 tem valor 10, no teste 2 tem valor 8 e no teste 3 tem valor 6. A análise dos custos pode ser refeita com outras relações diferenciadas das que foram colocadas. Essa valoração foi feita como um exercício no intuito de expor resultados de avaliação do fenômeno. Em diferentes circunstâncias de trabalhos de pesquisa, a relação de custo das variáveis pode, e em geral é, diferente das aqui expostas. Logo, as relações de custo colocadas neste estudo se aplicam como exercício, mas devem ser relativizadas de acordo com as circunstâncias que envolvam as diferentes pesquisas. O custo da variável depende do método de obtenção e o custo do grupo da quantidade e tipo de variável utilizada para formá-lo. Sendo assim, é imprescindível para uma pesquisa de caracterização dos domicílios a definição do número e do tipo de variáveis que serão utilizadas. No gráfico é demonstrado esse custo de cada grupo de variáveis por domicílio em relação ao conjunto de domicílios com probabilidade igual a um de ser indigente. Desta forma, é possível analisar um cenário hipotético14 onde a pesquisa fosse aplicada somente aos domicílios de população indigente. Levando em consideração o número de domicílios com 14 O cenário é chamado de hipotético devido a não existir uma forma de identificação dos domicílios quanto ao fenômeno da indigência prévia à aplicação da pesquisa, o que torna impossível a uma pesquisa domiciliar efetiva levantar apenas os domicílios desejados. 11 probabilidade igual a um de ser indigente o valor em UVL para cada grupo de variáveis se altera, pois passa a se considerar o tamanho da amostra. O que se pode inferir é que o custo da pesquisa e seu poder de identificação dos domicílios quanto ao fenômeno da indigência é mais elevado conforme o aumento do número de variáveis utilizadas. Também verifica-se que o aumento deste custo não é linear, devido as diferenças de valores entre os diferentes tipos de variáveis. A utilização desse gráfico serve para auxiliar na escolha do grupo de variáveis do escopo da pesquisa de caracterização domiciliar, propiciando uma percepção do custo de aplicação e do tamanho da amostra obtido. Também permite escolher o custo aplicado às variáveis que serão utilizados para gerar os gráficos a seguir. A informação do custo de cada grupo de variáveis do teste 1 foi utilizada para a confecção de ambos os gráficos que serão explicados posteriormente a este. Custo da aplicação de uma pesquisa de acordo com o número de variáveis escolhidas, o custo das variáveis e a probabilidade = 1 de ser indigente. 240 Custo da Aplicação da Pesquisa 210 180 150 120 90 60 30 0 teste 1 = 1;4;10 7 8 9 10 11 12 13 14 0,80 1,99 3,46 12,35 17,44 31,66 50,70 80,38 114,28 142,35 160,35 179,47 199,71 223,99 15 16 17 18 19 20 teste 2 = 1;5;8 0,95 2,07 3,36 11,54 16,74 29,55 46,36 72,34 101,58 125,27 139,94 155,54 172,05 191,99 teste 3 = 1;3;6 0,65 1,46 2,40 8,32 11,86 21,10 33,32 52,25 73,65 91,11 102,04 113,67 125,97 140,79 Número de Variáveis 9 “Custo da distribuição de 1.000 UVLs por domicílio” Demonstra o custo da distribuição de mil unidades de valor para cada chefe de domicílio15 do estado independente deste ser indigente ou não. A intenção é verificar a partir de que patamar a aplicação da pesquisa se torna economicamente viável. Analisando a verba que seria destinada para todos os domicílios é desnecessária a pesquisa. Porém, se for analisar até um determinado patamar definido pela probabilidade de ocorrência do fenômeno indigência, passa ser importante o número de variáveis utilizadas, pois essa escolha determina a quantidade de domicílios que receberão o complemento de renda. Foi colocado no gráfico uma linha que indica o custo de distribuição da complementação de renda sem a aplicação de pesquisa de campo. Essa linha indica o valor máximo esperado para a complementação de renda. 15 Categoria da variável “Condição no domicílio” que tem como definição ser a pessoa (homem ou mulher) responsável pelo domicílio. 12 Considerando a linha que indica o valor máximo do custo de distribuição da complementação de renda o grupo de variáveis que tem o comportamento mais próximo é o de vinte variáveis. A velocidade do crescimento do valor distribuído como função da probabilidade do domicílio ser de população indigente é menor neste grupo do que nos demais. Caso se faça necessário um corte pela probabilidade de ocorrência do fato, a utilização do conjunto de informações fornecido por este grupo de variáveis permite que um número maior de domicílios da população indigente seja contemplado. Verifica-se que o grupo de vinte variáveis aloca uma maior verba de complementação de renda. Isso ocorre devido a esse grupo conseguir identificar um maior número de domicílios de população indigente. Sendo assim, podemos dizer que quanto mais variáveis tiver o grupo escolhido maior será a verba alocada nas probabilidades mais elevadas do domicílios ser indigente. Também podemos dizer que quanto mais variáveis tiver o grupo selecionado menor será a verba alocada para domicílios que não são de população indigente. Claro que as duas considerações somente se aplicam se houver um nível selecionado de probabilidade do fenômeno. Custo da distribuição de 1.000 UVLs por domicílio 1,2 Distribuído por unidade domiciliar segundo valor das variáveis 1,0 Gasto sem custo 20 variáveis 15 variáveis 10 variáveis 07 variáveis 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 1 10 UVL - unidade de valor 9 “Custo da distribuição de 1.000 unidades por domicílio com um teste unitário a valor variável” Verifica a partir do custo final segundo o tamanho da amostra de domicílios com probabilidade igual a um de ser indigente, que varia conforme o grupo de variáveis selecionado, como se daria a distribuição da complementação de renda de mil UVLs para cada chefe de domicílio do estado independente deste ser indigente ou não. Porém diferentemente do gráfico anterior16, considera o valor em UVL de cada grupo de variáveis. Tal qual o gráfico anterior, verifica-se que o grupo de vinte variáveis aloca uma maior verba de complementação de renda, devido a esse grupo conseguir identificar um maior número de domicílios de população indigente. Os valores representados neste são mais 16 De maneira mais refinada que o gráfico anterior, este tem também a intenção de avaliar a partir de que patamar a aplicação da pesquisa se torna viável, ou até que ponto é mais interessante distribuir complementação de renda ao conjunto de domicílios da unidade geográfica pesquisada, independente de seus residentes estarem ou não em condição de indigência. 13 elevados que os do gráfico anterior por considerar o valor de aplicação da pesquisa. Permitindo uma visualização mais realista dos custos de aplicação da pesquisa para todos os patamares de probabilidade de ocorrência do fenômeno da indigência. A partir da análise do conjunto de gráficos podemos concluir que o grupo de variáveis com maior capacidade de identificação do fenômeno da indigência é o de vinte variáveis. Esse grupo é o que aloca maior custo de confecção de pesquisa domiciliar, porém, permite que a distribuição do complemento de renda seja mais focada nos domicílios que apresentam população indigente do que os outros grupos. Sendo que essa capacidade é declinante entre os grupos conforme a diminuição do numero de variáveis por eles utilizada. Custo da distribuição de 1.000 UVLs por domicílio com um teste unitário a valor variável. 1200 20 variáveis 15 variáveis 10 variáveis 7 variáveis 1000 Milhões de UVLs 800 600 400 200 0 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Percentagem dos domicílios indigentes cobertos UVL - unidade de valor 3.2. Análise dos mapas Os mapas de contingente de domicílios tiveram os municípios que compõem o estado do Rio de Janeiro dividido em seis categorias17. E similarmente aos mapas de contingente domiciliar, o mapa de estatística também foi dividido em seis categorias18 de probabilidade do domicílio ser de população indigente, esta variava entre 0,03 e 0,27 Milton Santos em "Metamorfoses do espaço habitado" coloca o espaço como resultante da ação humana, sendo este o conjunto produzido pela soma do passado com o presente vindo pelas ações humanas. A indigência fenômeno social produzido pela exclusão de um grupo populacional em acessar o mínimo necessário para a sobrevivência, o alimento, é um fenômeno também espacial. Como fenômeno espacial advém de uma paisagem sempre alterada, pois é dinâmica, pela sociedade, tendo a cada momento histórico uma determinada espacialidade. E é essa espacialidade do fenômeno da indigência estudado através das 17 Estas foram criadas para apresentarem a mesma quantidade de municípios. A última faixa é uma exceção pois apresenta apenas o município com o valor extremo. Esta providência deveu-se ao fato de que este município apresentava um valor muito maior que os municípios da categoria anterior. 18 As categorias deveriam ter em média quatorze municípios, como ao tentar grupá-los ficariam em grupos diferentes municípios com probabilidade igual, os grupos não terão o mesmo número de municípios. Ao ordenar os municípios em ordem crescente segundo essa probabilidade apresentou-se um salto entre o penúltimo e o último município, o penúltimo município (Rio Bonito) tem 0,17 de probabilidade e o último (Paracambi) 0,27. Desta forma, considerou-se melhor separá-los em duas categorias, constituindo a probabilidade de 0,27 uma categoria. 14 características domiciliares da população indigente do estado do Rio de Janeiro que foi mapeada e tem sua análise a seguir. 9 “Domicílios totais.” É o primeiro mapa de contingente domiciliar, tem a importância de mostrar espacialmente como os domicílios por município encontram-se distribuídos no estado. É possível avaliar se o baixo número de domicílios, quer seja com residentes em condição de indigência ou não, tem alguma importância. Milton Santos em "A urbanização brasileira" coloca que o processo de urbanização faz um novo desenho a partir dos anos 70. Este desenho neste mapa se traduz na colocação do município do Rio de Janeiro na categoria máxima, o descrevendo como uma cidade milionária19 e os municípios do seu entorno com um número elevado de domicílios, que podem ser comparados à idéia de cidade média. Podemos verificar que ao afastarmos o olhar do município do Rio de Janeiro para os extremos do estado há um clareamento do mapa. Usando-se a dicotomia de centro/periferia20, tão desenvolvida para o aspecto citadino, a aplicação para o aspecto estadual no caso se faz possível. O município do Rio de Janeiro e seu entorno se apresenta com tons mais fortes no mapa fulgurando como sendo o centro, figura primeira desta dicotomia. E os outros municípios, com tons mais claros fulguram como sendo a periferia, mais ou menos integrada a esse centro. Os fluxos21 desenhados pelo mapa já ocorreram e referem-se ao deslocamento da população do espaço rural para o espaço urbano. Processo evidenciado por vários autores como ocorrendo no estado do Rio de Janeiro de forma acelerada22. A transferência da população no espaço implica alterações em outras escalas, transferencia de costumes, estratégias de sobrevivência e alteração no desenho do espaço estadual. Observando o mapa, identifica-se uma região formada pelos municípios de parte da Região Metropolitana. Isso deve-se ao processo colocado anteriormente, claro que nesta região formada, alguns municípios ainda apresentam áreas rurais, mas pode-se colocar como característica principal destes mesmos municípios a sua relação com o município central, o Rio de Janeiro. O que caracteriza a formação da estrutura de centro/periferia e também desses como essencialmente urbanos. A concentração populacional no estado do Rio de Janeiro é metropolitana. O restante do mapa apresenta municípios nas cinco primeiras categorias, mas sem formar um grupo de municípios na mesma categoria de forma expressiva. Ou seja, o estado não forma regiões com municípios com o mesmo padrão de contingente domiciliar. Apresentando um colorido variado que caracteriza uma não padronização. 19 No caso do município do Rio de Janeiro utilizar município e cidade como sinônimos é possível devido os limites de ambas as estruturas espaciais e administrativas serem os mesmos. 20 A dicotomia de centro/periferia a qual me refiro é a colocada por Walter Christaller em 1933. Pode-se consultá-la em CORRÊA, 1995. 21 Corrêa evidencia é a constante troca entre os espaços mostrando entre eles dependência, os fluxos. 22 . Se em 1960 vinte um por cento da população do estado estavam presentes no espaço rural em 1991 menos de cinco por cento aí se encontram. 15 MAPA 1 Domicílios Totais Estado do Rio de Janeiro 7525; 842 Legenda: N de 1.643 até 3.957 domicílios de 3.958 até 5.858 domicílios de 5.859 até 12.631 domicílios de 12.632 até 41.146 domicílios de 41.147 até 330.352 domicílios de 330.353 até 1.601.282 domicílios SANTO Natividade Laje do Muriaé MINAS Miracema GERAIS Santo Antonio de Pádua Itaocara Campos Sapucaia Três Rios Paraíba do Sul Duas ouro Barras mid Su Cordeiro Bom Jardim 5 ão sti ba o Se lt o oA ã d Santa Maria S Madalena Cantagalo Carmo Rio das Flores São João da Barra Italva Cambuci São Fidélis *1 - Eng Paulo de Frontin *4 - São João de Meriti *5 - São José do Vale do *2 - Mendes Rio Preto *3 - Nilópolis MINAS Bo m Ita Jes ba us po d an e a Itaperuna o GERAIS ESPÍRITO Porciúncula Trajano de Moraes Conceição de Macacu Quissamã Valença Teresópolis Resende Volta Redonda Itatiaia 2 Piraí SÃO PAULO Angra dos Reis Vassouras Barra do Piraí Rio Claro Mangaratiba mbi aca Par 1 Paty do Alferes Miguel Pereira Nova Iguaçú Cachoeiras de Macacu Duque de Caxias 4 Itaguaí Nova Friburgo 3 Rio de Janeiro Macaé Petrópolis Magé Itaboraí São Gonçalo Niterói Casimiro de Abreu Silva Jardim Rio Bonito Saquarema Maricá Araruama São Pedro da Aldeia Arra ial d o OC Parati Cabo Frio Cab o IC O Barra Mansa NT TLÂ A O EAN 40km 7436; 720 Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1991. Domicílios particulares permanentes (unidade). Nota: Os limites municipais registrados resultam de pesquisas feitas pelo CIDE - IBGE. 9 “Domicílios de indigentes.” É também um mapa de contingente domiciliar tem a importância de mostrar espacialmente como ocorre o fenômeno da indigência, verificando se existe a formação de bolsões de miséria aglutinando vários municípios onde o seu número seja considerado elevado em relação ao total de municípios do estado. O estudo da alocação espacial no estado dos domicílios da população de indigentes nos remete à questão da habitação23, ponto chave e central do estudo. Onde os domicílios de indigentes se localizam e como eles se apresentam é o ponto focal do estudo. Como enfatiza Corrêa as diferenças sociais aparecem no acesso aos bens e serviços produzidos socialmente e habitação é um bem. No mapa a concentração de domicílios de população indigente repete, quase que totalmente, a imagem do mapa de domicílios totais do estado do Rio de Janeiro. Demonstrando que não somente a população como um todo, mas a subpopulação dos indigentes também se transferiu para a região metropolitana. A mancha de maior concentração formada na região metropolitana no mapa de domicílios totais é aumentada neste mapa, passa a incluir os municípios de Paracambi, Itaguaí e Teresópolis. O restante do mapa também apresenta municípios nas cinco primeiras categorias sem formar 23 Habitação e domicílio no estudo podem ser usados como sinônimo, uma vez que se referem a residência fixa. 16 um grupo de municípios na mesma categoria de forma expressiva. Apresentando, também, um colorido variado que caracteriza uma não padronização, porém, com tons mais fortes que o mapa de domicílios totais do estado. Esta subpopulação a dos indigentes quando se encontra na região metropolitana, vinda do interior do estado passa a engendrar novas estratégias de sobrevivência. Tais estratégias se expressam em criar domicílios que possam garantir a sua sobrevivência. Criam domicílios marcados pelo “não”. Domicílios onde não se tem abastecimento de água proveniente do serviço público, esgotamento sanitário ligado a rede geral, domicílios onde o lixo não é coletado. 9 “Domicílios de não indigentes.” Mapa 2 Domicílios de Indigentes Estado do Rio de Janeiro 7525; 842 Legenda: N 131 até 256 domicílios de 257 até 590 domicílios de 591 até 1.104 domicílios de 1.105 até 2.533 domicílios de 2.534 até 36.111 domicílios de 36.112 até 91.218 domicílios SANTO Natividade Laje do Muriaé MINAS São João da Barra Miracema GERAIS Santo Antonio de Pádua Itaocara Campos Sapucaia ouro Duas Barras mid Su Três Rios Paraíba do Sul Cordeiro Bom Jardim 5 ão sti ba o Se lt o oA ã Santa Maria S d Madalena Cantagalo Carmo Rio das Flores Italva Cambuci São Fidélis *1 - Eng Paulo de Frontin *4 - São João de Meriti *5 - São José do Vale do *2 - Mendes Rio Preto *3 - Nilópolis MINAS Bo m Ita Jes ba us po d an e a Itaperuna o GERAIS ESPÍRITO Porciúncula Trajano de Moraes Conceição de Macacu Quissamã Valença Teresópolis Barra Mansa Resende Volta Redonda Itatiaia Barra do Piraí 2 Piraí SÃO PAULO Angra dos Reis Vassouras Rio Claro Mangaratiba bi cam Para Itaguaí 1 Paty do Alferes Miguel Pereira Nova Iguaçú Nova Friburgo Cachoeiras de Macacu Duque de Caxias 4 3 Rio de Janeiro Macaé Petrópolis Magé Itaboraí São Gonçalo Niterói Casimiro de Abreu Silva Jardim Rio Bonito Saquarema Maricá Araruama São Pedro da Aldeia Arra ial d o Cabo Frio Cab o IC O de T ÂN ATL O EAN OC Parati 40km 7436; 720 Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1991. Domicílios particulares permanentes (unidade). Nota: Os limites municipais registrados resultam de pesquisas feitas pelo CIDE - IBGE. É o terceiro mapa de contingente domiciliar tem a importância de mostrar espacialmente como está alocada a população não considerada pelo estudo, verificando se existe a formação de áreas extensas aglutinando vários municípios e avaliando porque destes municípios encontram-se neste padrão espacial. Segundo Souza a família é uma instituição que redistribui os recursos entre seus membros afetando-os de forma direta e indireta. Logo, toda a política social tem impactos sobre os membros da família. Sendo assim conhecer a família é importante para definir quais políticas sociais que visem minorar o problema da indigência, que as acomete. No estudo das características domiciliares da população de indigentes é visto um quadro das estratégias desenvolvidas pelas famílias para sobreviverem e ao mesmo tempo 17 verificar o quadro de suas necessidades. Estudar a distribuição espacial dos domicílios da população dos não indigentes é melhorar os critérios de focalização destas políticas sociais. Também de acordo com Souza as oportunidades de bem-estar mudam conforme os tipos e estruturas familiares, então o sucesso de cada política pode ser alcançado ou não de acordo com as peculiaridades de cada família, pois estas indicam potenciais vulnerabilidades. Logo, o conhecimento da distribuição espacial dos domicílios não atingidos pelo fenômeno da indigência ajuda na focalização das políticas sociais. Quantitativamente os domicílios se encontram na região metropolitana, e nesta deve-se concentrar as atenções. Mas, para que se altere essa concentração espacial em torno da metrópole urge olharmos para o interior do estado. Milton Santos em "A urbanização brasileira" alude para o fato de que a população está se transferindo das cidades milionárias para as cidades médias e ao mesmo tempo coloca a perda da importância da metrópole. Tal dissolução ocorre pela perda da importância relativa, devido ao surgimento de novos centros de menor importância, que oferecem os mesmos serviços. Para que esta tendência à desmetropolização ocorra de forma efetiva é necessário atrair a população para as cidades médias e para o espaço rural. Sendo feito de forma estudada, pode-se utilizar como forma de atração populacional para estes antigos espaços, políticas Mapa 3 Domicílios de Não Indigentes Estado do Rio de Janeiro 7525; 842 Legenda: N de 1.456 até 3.584 domicílios de 3.585 até 5.590 domicílios de 5.591 até 11.301 domicílios de 11.302 até 36.634 domicílios de 35.635 até 294.241 domicílios de 294.242 até 1.510.064 domicílios SANTO Natividade Laje do Muriaé MINAS Miracema GERAIS Santo Antonio de Pádua Itaocara Campos Sapucaia Três Rios Paraíba do Sul ro Duas ou Barras mid Su Cordeiro Bom Jardim 5 ão sti ba o Se lt o oA ã d Santa Maria S Madalena Cantagalo Carmo Rio das Flores São João da Barra Italva Cambuci São Fidélis *1 - Eng Paulo de Frontin *4 - São João de Meriti *5 - São José do Vale do *2 - Mendes Rio Preto *3 - Nilópolis MINAS Bo m Ita Jes ba us po d an e a Itaperuna o GERAIS ESPÍRITO Porciúncula Trajano de Moraes Conceição de Macacu Quissamã Valença Teresópolis Resende Volta Redonda Itatiaia 2 Piraí SÃO PAULO Angra dos Reis Vassouras Barra do Piraí Rio Claro Mangaratiba mbi aca Par Itaguaí 1 Paty do Alferes Miguel Pereira Nova Iguaçú Nova Friburgo Cachoeiras de Macacu Duque de Caxias 4 3 Rio de Janeiro Macaé Petrópolis Magé Itaboraí São Gonçalo Niterói Casimiro de Abreu Silva Jardim Rio Bonito Saquarema Maricá Araruama São Pedro da Aldeia Arra ial d o OC Parati Cabo Frio Cab o IC O Barra Mansa NT TLÂ A O EAN 40km 7436; 720 Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1991. Domicílios particulares permanentes (unidade). Nota: Os limites municipais registrados resultam de pesquisas feitas pelo CIDE - IBGE. 18 sociais focalizadas que permitam atrair famílias de indigentes, e os tornando não indigentes no novo espaço. 9 “Probabilidade do domicílio ser de população indigente no estado do Rio de Janeiro” É um mapa de estatística. É importante por relacionar o número de domicílios de população indigente com o todo, possibilitando a comparação entre municípios com total de domicílios diferentes. Esta viabilidade ocorre devido a relação entre esses estoques ser expressa não mais como um contingente, um estoque, mas como uma relação. E assim, avaliando a formação de regiões comportamentais quanto ao fenômeno. A área metropolitana do estado do Rio de Janeiro apresenta os tons mais fortes, porém não mais de forma tão concentrada como nos mapas anteriores. A categoria máxima mudou de lugar, se nos outros mapas essa categoria se localizou no município do Rio de Janeiro, neste mapa passa a estar no município de Paracambi. O restante do estado apresenta todos os tons, isso indica uma mesclagem dos tipos de municípios no que se refere à probabilidade do domicilio ser de população indigente. Dentro da região do Médio Paraíba24 quatro municípios25 se aglutinam formando uma sub-região com a característica de apresentar níveis bem baixos de probabilidade do domicílio ser de população indigente. A região do Médio Paraíba é caracterizada por ser, entre outras características, uma área de passagem e escoamento de produtos entre as duas cidades mais importantes do país, Rio de Janeiro e São Paulo. Essa característica propicia nesta área uma ordenação espacial intracitadina própria, onde a proximidade da rodovia dita a valoração do território. Ao mesmo tempo, o fato de ser área de passagem e escoamento de produtos entre essas cidades, que ocorre durante todo o ano sem apresentar sazonalidade, permite que as cidades aufiram uma renda proveniente das atividades de suporte ao sistema de transporte. Essa renda auferida permite que essa sub-região se mostre como menos permissiva ao desenvolvimento da indigência. Uma outra sub-região se forma com parte dos municípios26 das regiões do Norte e Noroeste Fluminense do estado. Essa região é caracterizada por estar na categoria com probabilidade entre 0,09 e 0,11 do domicílio ser de população indigente. Uma terceira sub-região se forma na região Serrana seis municípios27 se aglutinam formando, também, uma sub-região com a característica de apresentar níveis bem baixos de probabilidade do domicílio ser de população indigente. A região do Norte Fluminense é caracterizada por vastas propriedades rurais voltadas para a indústria açucareira. Atividade essa que não enraíza grandes contingentes populacionais por ter uma necessidade de mão de obra sazonal, incentivando e mantendo o trabalho temporário. A região Serrana por ter sido colonizada por imigrantes do norte da Europa, tem como característica pequenas propriedades rurais, o que entre outros elementos auxilia no enraizamento da população devido a uma gama maior de oferta de trabalho. É uma região de economia agrária voltada para as hortaliças e para turismo de inverno. Esta diversificação promove uma maior facilidade da região de auferir renda, o que se torna um dificultador para o desenvolvimento da indigência. 24 Divisão política-administrativa do estado do Rio de Janeiro em regiões do governo. Essa sub-região é formada pelos municípios de Barra Mansa, Itatiaia, Resende e Volta Redonda. 26 Os municípios componentes dessa sub-região são: Bom Jesus de Itabapoana, Campos de Goytacazes, Natividade, São Fidélis, São João da Barra, São Sebastião do Alto e Trajano de Moraes. 27 Essa sub-região é formada pelos municípios de Bom Jardim, Cantagalo, Cordeiro, Macaé, Nova Friburgo e Sumidouro. 25 19 4. Considerações Gerais A indigência é um fenômeno que atinge a muitas famílias no estado do Rio de Janeiro e se expressa, também, nas características dos domicílios dessa população. Este estudo mostrou Mapa 4 Probabilidade do Domicílio ser de Indigentes Estado do Rio de Janeiro 7525; 842 Legenda: N até 0,05 ESPÍRITO Porciúncula acima de 0,05 até 0,07 acima de 0,07 até 0,08 acima de 0,08 até 0,11 acima de 0,11 até 0,17 acima de 0,17 Laje do Muriaé MINAS Miracema GERAIS Santo Antonio de Pádua Itaocara Campos Sapucaia Três Rios Paraíba do Sul Duas ouro Barras mid Su Cordeiro Bom Jardim 5 ão sti ba o Se lt o oA ã d Santa Maria S Madalena Cantagalo Carmo Rio das Flores São João da Barra Italva Cambuci São Fidélis *1 - Eng Paulo de Frontin *4 - São João de Meriti *5 - São José do Vale do *2 - Mendes Rio Preto *3 - Nilópolis MINAS Bo m Ita Jes ba us po d an e a Itaperuna o GERAIS SANTO Natividade Trajano de Moraes Conceição de Macacu Quissamã Valença Teresópolis Resende Volta Redonda Itatiaia 2 Piraí SÃO PAULO Angra dos Reis Vassouras Barra do Piraí Rio Claro Mangaratiba mbi aca Par Itaguaí 1 Paty do Alferes Miguel Pereira Nova Iguaçú Nova Friburgo Cachoeiras de Macacu Duque de Caxias 4 3 Rio de Janeiro Macaé Petrópolis Magé Itaboraí São Gonçalo Niterói Casimiro de Abreu Silva Jardim Rio Bonito Saquarema Maricá Araruama São Pedro da Aldeia Arra ial d o OC Parati Cabo Frio Cab o IC O Barra Mansa NT TLÂ A O EAN 40km 7436; 720 Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1991. Domicílios particulares permanentes (unidade). Nota: Os limites municipais registrados resultam de pesquisas feitas pelo CIDE - IBGE. a indigência nas suas características domiciliares aglutinadas por domicílio, permitindo visualizar espacialmente a ocorrência do fenômeno. Pelo que podemos perceber estar em condição de indigência é algo que vai além de ter, ou melhor, de não ter uma renda que o coloque em condição digna de sobrevivência. Estar em condição de indigência é teoricamente, no máximo, poder garantir as suas necessidades nutricionais. Na prática, auferir renda compatível com essas necessidades apenas significa não atendê-las, pois existe um conjunto de outras necessidades, classificadas como sociais, que solicitam a renda. Indico, então, como continuação deste estudo uma análise da população do estado do Rio de Janeiro através de suas características domiciliares, observando o grupo com características similares independente da renda auferida, possibilitando uma nova forma de definir indigentes. Os gráficos confeccionados mostraram o poder de explicação dos grupos de variáveis propostos e seu respectivo custo de aplicação em pesquisa de campo. Através deles foi possível definir que o grupo de vinte variáveis é o que tem o maior poder de explicação do 20 fenômeno, mas é também o de custo mais elevado para pesquisa. De forma contrária, o grupo de sete variáveis tem o menor poder de explicação, mas é de melhor viabilidade econômica. Mediante estes parâmetros de análise, indico o grupo de quinze variáveis como sendo o mais plausível, pois permite uma boa explicação do fenômeno da indigência e ao mesmo tempo não inviabiliza a pesquisa economicamente. 5. 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