XX SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GRUPO VII Versão 1.0 XXX.YY 22 a 25 Novembro de 2009 Recife - PE GRUPO DE ESTUDO DE PLANEJAMENTO DE SISTEMAS ELÉTRICOS - GPL UMA ABORDAGEM INICIAL SOBRE ENERGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AMÉRICA LATINA Milton Francisco dos Santos Junior* Ricardo Rothstein Fernando Giacomini Machado Rafael Rossitto Galerani Leonardo Guilherme Hardt COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA - COPEL RESUMO As diversas fontes de geração de energia e seu uso antrópico causam alterações no meio ambiente. Na esteira desse entendimento surge o conceito de desenvolvimento sustentável, que por sua vez correlaciona energia e meio ambiente. O artigo apresenta uma visão geral a respeito da situação energética dos países que compõem a América Latina e que possuem uma inter-relação de proximidade em termos de características culturais, étnicas, geográficas, políticas e econômicas. Faz análises e comparações entre os dados energéticos e econômicos dos países analisados e apresenta alguns indicadores de desempenho relacionando energia, economia, meio ambiente, desenvolvimento, qualidade de vida e sustentabilidade. PALAVRAS-CHAVE América Latina, energia, economia, qualidade de vida, desenvolvimento sustentável. 1.0 - INTRODUÇÃO O uso antrópico da energia causa diversos impactos no meio ambiente, o que nos remete ao conceito de sustentabilidade. Trata-se, em última instância, de não esgotar os recursos da natureza ou de retirar menos do que esta consegue repor. Nesse sentido, tenta-se buscar ações que melhorem esta relação, como ações de eficiência energética e de gestão de emissões de gases para a atmosfera. Para auxiliar nestas ações faz-se necessário a adoção de algumas práticas e ferramentas, como o estabelecimento do ciclo de vida dos produtos e de indicadores de desempenho, só para citar alguns exemplos. Em sintonia com estas premissas, o artigo tem a pretensão de apresentar uma visão geral a respeito da situação energética dos países que formam o bloco conhecido mundialmente como América Latina. São estudados vinte e um países, dentre os quais dois que estão relacionados dentre as doze maiores economias mundiais e três que podem ser considerados verdadeiras potências mundiais em termos produção de energia. São apresentados e analisados os dados e indicadores da atividade econômica, Produto Interno Bruto (PIB), Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), população, indicadores energéticos e de eletricidade, de emissão de gases de efeito estufa e o intrínseco relacionamento entre eles. O artigo não pretende esgotar o assunto, que é bastante amplo e complexo, pelo contrário, pretende fazer uma abordagem inicial do tema, apresentando dados consolidados para estimular a discussão e demonstrando através de constatações fáticas a inter-relação dos diversos aspectos abordados. 2.0 - A AMERICA LATINA Foram analisados dados da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai (*) Rua José Izidoro Biazetto, n˚ 158 – sala 217 - Bloco A – CEP 81.200-240 Curitiba, PR – Brasil Tel: (+55 41) 3331-2914 – Fax: (+55 41) 3331-3513– Email: [email protected] e Venezuela. Esses países são os formadores da América Latina, que concentra cerca de 7% da população do globo e 4,75% do PIB mundial (6% se utilizado o método da Paridade do Poder de Compra - PPC). Dentre os indicadores de destaque dos países latino americanos, cita-se que México e Venezuela estão na lista dos dez maiores produtores e exportadores de óleo cru do mundo. Segundo dados de 2007 da Agência Internacional de Energia (AIE), o México é responsável por 4,4% de toda produção mundial deste insumo e a Venezuela 3,5%. México e Venezuela exportam, respectivamente, 57% e 64% de toda sua produção interna de óleo cru. A Colômbia é a décima maior produtora mundial de carvão, com uma produção de 72 milhões de toneladas em 2007. No mesmo ano, exportou praticamente 93% da sua produção, o que a torna a quarta maior exportadora mundial desse insumo. Segundo dados da AIE, o Brasil gerou, em 2006, 2,2% de toda eletricidade produzida no planeta, o que o torna o nono maior produtor mundial de eletricidade. Brasil e Venezuela estão entre os dez maiores produtores mundiais de eletricidade a partir de fontes hidráulicas. Nesse sentido, ao se analisar apenas a eletricidade produzida por fontes hidráulicas tem-se que, em 2006, o Brasil produziu 11,2% de toda hidreletricidade gerada no planeta e a Venezuela 2,5%. A base da matriz de energia elétrica desses dois países é a hidreletricidade, tanto que, no mesmo ano, a eletricidade gerada a partir de fonte hidráulica representou 83,2% de toda eletricidade produzida no Brasil e 72% da produzida na Venezuela. Com relação aos indicadores econômicos tem-se que o Brasil é a maior economia da América Latina e a nona maior economia mundial. Faz parte do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que são considerados países em forte desenvolvimento. Todavia, o Chile é o país da América Latina que apresentou os maiores índices de crescimento da economia nos últimos anos. O destaque negativo da América Latina é a existência de grandes desigualdades sociais, econômicas e de distribuição de renda em praticamente todos os países do bloco. 3.0 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES ESTUDADOS Para que as análises fossem realizadas em uma mesma base de comparação, foram utilizados dados consolidados relativos ao ano de 2006, extraídos em sua maioria do relatório Key World Energy Statistics, publicado pela AIE. Algumas grandezas utilizadas neste estudo encontram-se conceituadas a seguir. O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador que representa a soma, em valores financeiros, de todas as riquezas finais produzidas em um país durante um período determinado. Para a conversão do PIB da moeda local para o valor em dólares pode ser utilizada a taxa nominal de câmbio ou o método da Paridade do Poder de Compra (PPC). O método PPC mede quanto uma determinada moeda pode comprar em termos internacionais (normalmente dólar), já que bens e serviços têm diferentes preços de um país para outro. A análise através do método PPC, nos permite levar em conta as diferenças de custo de vida dos países na comparação do tamanho de suas economias. A Tabela 1 apresenta os valores de população, PIB e PIB-PPC dos países analisados. Os países estão organizados por ordem decrescente de PIB-PPC. Cabe destacar que a diferença entre o método da PPC e o método da taxa de câmbio real pode ser significativa. Por exemplo, o PIB do Brasil em 2006 foi US$ 765,13 bilhões enquanto que com base na PPC ele passa para US$ 1.476,68 bilhões. Já Venezuela e Uruguai possuem valores de PIB e PIB-PPC mais próximos quando comparados aos demais países deste bloco econômico. Para fins das comparações realizadas nesse artigo, será considerado o PIB baseado na PPC, pois esse método resulta em valores mais próximos da situação econômica real de cada país. A Figura 1 ilustra a inter-relação existente entre a economia dos países e sua população. Observa-se que brasileiros e mexicanos juntos representam aproximadamente 53% de toda a população da América Latina e que o PIB-PPC do Brasil e México somados equivalem a 57% de toda a riqueza produzida pelo bloco econômico latino americano. O IDH é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. Os itens que compõem o cálculo do IDH são: Longevidade, Educação e Renda. Os valores de IDH apresentados na Tabela 2 foram extraídos do Relatório de Desenvolvimento Humano 2008/2009 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, com dados relativos a 2006. O IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total), sendo que, entre 0 e 0,499, os países são classificados com IDH baixo, entre 0,500 e 0,799 com IDH médio e IDH alto quando o índice está entre 0,800 e 1. TABELA 1: População, PIB e PIB-PPC (2). País Brasil México Colômbi a Argentina Peru Venezuela Chile Equador Guatemala Cuba Rep. Dominicana Haiti Bolívia Honduras El Salvador Paraguai Nicarágua Costa Rica Uruguai Panamá Jamai ca América Latina Mundo População (milhões) 189,32 104,75 45,56 39,13 27,59 27,02 16,43 13,20 13,03 11,27 9,62 9,45 9,35 6,97 6,76 6,02 5,53 4,40 3,31 3,29 2,67 554,67 6.536,00 PIB (bilhões US$ ref. 2000) PIB-PPC (b ilhões US$ ref. 2000) 765,13 665,50 105,55 340,15 70,60 146,64 96,17 21,42 22,85 39,90 25,90 3,83 10,19 7,53 15,19 8,34 4,75 21,03 23,16 15,47 8,97 2.418,27 37.759,00 1.476,68 1.030,48 313,70 534,09 162,41 175,24 179,96 53,41 53,55 92,07 73,24 12,79 24,10 23,32 33,39 26,28 18,58 42,33 32,79 23,76 10,41 4.392,58 57.564,00 FIGURA 1: População e PIB-PPC A Tabela 2 apresenta os indicadores de PIB-PPC per capita e IDHs dos países analisados. Os países estão organizados em ordem decrescente de IDH. A Figura 2 ilustra a relação entre o PIB-PPB per capita e o IDH. TABELA 2: IDH e PIB-PPC per capita (2, 3). País Chile Argentina Uruguai Cuba Costa Rica México Panamá Venezuela Brasil Equador Peru Colômbia Jamaica Rep. Dominicana Paraguai El Salvador Bolívia Honduras Nicarágua Guatemala Haiti América Latina Mundo Posição no ranking mundial de IDH 40 46 47 48 50 51 58 61 70 72 79 80 87 91 98 101 111 117 120 121 148 - IDH 0,874 0,860 0,859 0,855 0,847 0,842 0,832 0,826 0,807 0,807 0,788 0,787 0,771 0,768 0,752 0,747 0,723 0,714 0,699 0,696 0,521 0,766 0,800 PIB-PPC / Pop. (mil US$ ref. 2000 per capita ) 10,95 13,65 9,91 8,17 9,62 9,84 7,22 6,49 7,80 4,05 5,89 6,89 3,90 7,61 4,37 4,94 2,58 3,35 3,36 4,11 1,35 7,92 8,81 FIGURA 2: PIB-PPC per capita e IDH. O Chile é o país latino americano que possui maior IDH e possui níveis de desenvolvimento econômico, político e de indicadores sociais semelhantes a países desenvolvidos. Na seqüência está a Argentina, que também é o país da América Latina com o maior PIB-PPC per capita. Outro destaque é o IDH de Cuba, que é um país comunista e possui os indicadores de saúde e educação mais altos da região, fazendo com que seu IDH seja o quarto maior deste grupo de países. O Haiti é o país mais pobre do continente e um dos mais pobres do mundo. Possui também o pior IDH dentre os países analisados. Nota-se que os países com maiores PIB-PPC per capita são os que apresentam os maiores valores de IDH e, por conseguinte, melhores condições de qualidade de vida. O que se pode concluir é que o desenvolvimento humano da população de uma localidade é fortemente influenciado pela respectiva geração de riqueza. A geração de riqueza bruta, por sua vez, é influenciada pela quantidade populacional e, mais ainda pela população economicamente ativa, assim, quanto maior a geração de riqueza per capita, melhor a qualidade de vida de uma localidade. 4.0 - MACRO-INDICADORES DO SETOR ENERGÉTICO Fatores macroeconômicos, energéticos, sociais, institucionais, ambientais, tecnológicos, dentre outros, apresentam uma relação de interdependência entre si, configurando uma extensa rede de influências mútuas. Além disso, é ponto consensual que o contexto do crescimento da economia mundial, mesmo que arrefecido por eventuais crises, reflete no aumento da demanda por energia. O desenvolvimento e o crescimento econômico dos países estão diretamente relacionados à questão energética. Países buscam o aumento em sua oferta interna de energia para viabilizar o crescimento de suas economias e propiciar melhores condições de vida para sua população. Porém, para realmente se alcançar o objetivo visualizado, é essencial que os meios utilizados, isto é, as fontes primárias de energia, também estejam em sintonia com o conceito de sustentabilidade, sendo limpas e renováveis por exemplo. Desta forma, entende-se que o crescimento econômico passa necessariamente por investimentos em infra-estrutura, principalmente na área de energia, os quais devem ser feitos não apenas de forma sustentável, mas também de forma responsável sob os pontos de vista sócio-ambiental e econômico. Pela importância da relação existente entre economia e energia, a seguir serão apresentados alguns macroindicadores do setor energético dos países estudados. 4.1 Produção, importação e consumo de energia primária Para efeito de comparação do perfil energético dos paises estudados, considerando todos os recursos energéticos, foi utilizada como unidade de energia a tonelada equivalente de petróleo (tep). A Tabela 3 apresenta as quantidades de produção de energia primária, importação líquida, e consumo de energia primária para os países analisados. Os países estão organizados por ordem decrescente de consumo de energia primária. Nota-se que o Brasil, maior consumidor de energia do bloco, é responsável por cerca de 33% do consumo de energia primária na América Latina, e o México, maior produtor de energia do grupo, por outros 25%. Em comparação com o apresentado na Tabela 1 - População e PIB-PPC, destaca-se a inter-relação entre o consumo de energia e a geração de riqueza, pois os países que apresentam os maiores níveis de consumo de energia primária, não por coincidência, são os que possuem as maiores economias deste bloco econômico. A Figura 3 apresenta um panorama da América Latina quanto à importação e exportação líquida de energia. Destaca-se que dos 21 países analisados, apenas 7 exportam energia. Chile e Brasil são os maiores importadores de energia do bloco. O Chile necessita aproximadamente 221% mais energia do que é capaz de produzir. A importação líquida do Brasil é da ordem de 10% de sua produção. A dependência externa do Brasil é principalmente relacionada ao carvão mineral e gás natural. O maior exportador líquido de energia da América Latina é a Venezuela, que exporta 70% de sua produção. Restringindo-se a análise à energia elétrica temos que o Brasil é um dos maiores importadores de eletricidade do mundo, ao mesmo tempo em que o Paraguai é listado como o terceiro maior exportador mundial. Isso é reflexo da exportação ao Brasil da maior parte da cota paraguaia da energia proveniente de Itaipu Binacional. TABELA 3: Consumo, Produção e Importação de Energia Primária (2). País Brasil México Argentina Venezuela Colômbia Chile Peru Equador Cuba Guatemala Rep. Dominicana Bolívia El Salvador Jamaica Costa Rica Honduras Paraguai Nicarágua Uruguai Panamá Haiti Cons. Energia Primária (Mtep) 224,13 177,43 69,10 62,22 30,21 29,78 13,55 11,24 10,64 8,18 7,84 5,85 4,71 4,59 4,57 4,33 3,97 3,45 3,19 2,78 2,57 Prod. Energia (Mtep) 206,72 255,97 83,86 195,55 84,59 9,97 11,47 29,82 5,01 5,44 1,54 14,29 2,63 0,50 2,35 2,02 6,71 2,10 0,78 0,79 1,97 Importação Líquida (Mtep) 20,35 -76,75 -14,18 -136,82 -55,29 22,07 3,45 -18,27 5,75 2,67 6,29 -9,40 2,14 4,12 2,25 2,50 -2,75 1,37 2,68 1,99 0,60 FIGURA 3: Importação e Exportação Líquida de Energia Primária. 4.2 Indicadores de eletricidade A eletricidade é uma forma de energia amplamente utilizada em todos os ramos da economia, apresenta um 1 grande potencial exergético e, dependendo de sua forma de conversão, apresenta bons valores de rendimento. Para efeito de comparação entre os países foi utilizada a unidade Watt-hora (Wh) e múltiplos conforme prefixos do Sistema Internacional de unidades. A Tabela 4 apresenta o panorama latino americano com relação ao consumo de eletricidade. Os países estão organizados por ordem decrescente de consumo. O indicador do consumo de eletricidade por unidade de PIB-PPC reflete o desempenho da economia na utilização de eletricidade. Apresenta a quantidade de eletricidade necessária para se gerar uma unidade de riqueza e é influenciado também pelo nível de industrialização de cada país, base econômica, além das características de clima e eficiência enegética, dentre outros. Jamaica e Venezuela apresentam os maiores níveis de consumo de eletricidade por unidade de PIB-PPC. Os países mais desenvolvidos, e que proporcionam melhores condições de qualidade de vida para sua população possuem níveis de consumo de eletricidade per capita superiores à média da região. A grande diferença entre o consumo de eletricidade per capita entre as economias ditas emergentes e as subdesenvolvidas evidencia a relação direta entre o consumo de eletricidade e qualidade de vida. Esta análise ainda deve levar em consideração que, principalmente nos países com baixo IDH, atualmente ainda se encontram situações singulares relacionadas ao modo de vida de comunidades que não possuem acesso à energia elétrica. A Figura 4 mostra a relação entre consumo de eletricidade per capita e o IDH dos países analisados. Nota-se, que os países que apresentam os maiores índices de consumo per capita são os que possuem os maiores IDHs. Esta é a mesma situação verificada com relação ao suprimento de energia primária per capita, porém de forma mais significativa. Ressalta-se que uma análise sobre os itens que compõem o cálculo do IDH nos mostra que todos são influenciados pela energia elétrica. A longevidade está diretamente relacionada à quantidade e qualidade de hospitais e postos de saúde disponíveis à população, à qualidade dos alimentos consumidos que, com o auxílio da eletricidade podem permanecer conservados por um maior período de tempo. Igualmente, o item educação é influenciado diretamente pela infra-estrutura, de iluminação, informática, acesso à rede mundial de computadores, entre outros, que possibilite o estudo pelos interessados. E, por fim, a renda é intrinsecamente relacionada com a utilização de eletricidade, pois seja o local predominantemente rural, industrial e/ou comercial, todos necessitam e melhor se desenvolvem com a utilização de energia elétrica. 1 Exergia é a energia disponível para ser usada. A eletricidade é considerada praticamente exergia pura. TABELA 4: Consumo de eletricidade, consumo per capita e por unidade de PIB-PPC (2). País Consumo Eletricidade (TWh ) Brasil México Argentina Venezuela Chile Colômbia Peru Cuba Rep. Dominicana Equador Costa Rica Guatemala Uruguai Jamai ca Paraguai Panamá El Salvador Bolívia Honduras Nicarágua Haiti América Latina Mundo (a ) 389,95 208,77 102,53 85,79 52,70 42,05 24,81 13,87 12,58 10,02 7,92 6,89 6,77 6,53 5,42 4,95 4,88 4,53 4,47 2,36 0,35 860,96 17.377,00 Cons. Cons. Elet./ Elet./Pop. PIB-PPC (kWh per (kWh/US$ capita ) ref. 2000) 2.060,00 1.993,00 2.620,00 3.175,00 3.207,00 923,00 899,00 1.231,00 1.30 9,00 759,00 1.801,00 529,00 2.042,00 2.450,00 900,00 1.506,00 721,00 485,00 642,00 426,00 37,00 1.799,52 2.659,00 (a) Produção Bruta + importação – exportaç ão – perdas na transmissão e distribuição. 0,26 0,20 0,19 0,49 0,29 0,13 0,15 0,15 0,1 7 0,19 0,19 0,13 0,21 0,63 0,21 0,21 0,15 0,19 0,19 0,13 0,03 0,23 0,30 FIGURA 4: Consumo de eletricidade per capita e IDH 5.0 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL De acordo com o Relatório Brundtland de 1987, um documento das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é o “desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem prejudicar a capacidade das futuras gerações de atender as suas próprias necessidades”. O Protocolo de Quioto e a Agenda 21, entre outras conferências, têm aumentado a influência desse conceito. Ressalta-se que sustentabilidade é uma condição dinâmica que deve ser mantida ao longo do tempo. Acredita-se que pode ser alcançada através da conscientização mundial e, provavelmente de forma mais rápida, se acontecer através de discussões racionais, sem fundamentalismos, sensasionalismos ou radicalizações. 5.1 Indicadores de qualidade de vida e sustentabilidade Sustentabilidade deve ser pensada a longo prazo, em uma visão integrada de energia, desenvolvimento e infraestrutura para o desenvolvimento, utilizando-se as sinergias existentes entre esses principais componentes e também suas implicações nos mais diversos setores da economia além do setor energético, como nos setores de habitação, água, esgoto e saneamento básico, alimentação, transportes, e telecomunicações, dentre outros. A Tabela 5 apresenta alguns indicadores que estão relacionados com a questão da qualidade de vida e da sustentabilidade tais como, densidade populacional, área de floresta e população sem acesso à eletricidade nos países latino americanos. Os países estão realcionados por ordem decrescente de densidade populacional. A Figura 5 apresenta a relação existente entre a área de floresta e a população ainda sem acesso à eletricidade nos países analisados. De uma forma geral, destaca-se que os países que possuem as maiores áreas de florestas são aqueles que possuem a maior quantidade de população ainda sem acesso à eletricidade. Acredita-se que um balanço entre a preservação das áreas de florestas no mundo e o direito de desenvolvimento e acesso à eletricidade por todos os cidadãos do planeta, em especial aqueles que ainda vivem com baixíssimos níveis de qualidade de vida, devem estar na ordem do dia de qualquer discussão sobre sustentabilidade. Da mesma forma a densidade populacional, tendo em vista que a porção de terra per capita de um país pode representar a capacidade de produção de alimentos e riqueza, sempre no sentido de propiciar melhoria da qualidade de vida local. Nesse caso, porém, não é suficiente apresentar um bom indicador de densidade populacional, é necessário que haja uma harmônica distribuição de área para que se minimizem as desigualdades econômicas e sociais. TABELA 5: Densidade populacional, área de florestae população sem eletricidade (4). País Haiti El Salvador Jamaica Rep. Dominicana Guatemala Cuba Costa Rica Honduras México Equador Nicarágua Panamá Colômbia Venezuela Brasil Chile Peru Uruguai Paraguai Argentina Bolívia Densidade Populacional (hab./km²) Área de Floresta (mil km²) População sem eletricidade (milhões) 340,5 321,3 242,9 197,4 119,7 101,7 1,1 3 3,4 13,8 39,4 27,1 5,5 1,4 0,3 0,7 2,7 0,5 86,1 62,2 53,5 46,6 42,7 42,1 40,0 29,6 22,2 21,7 21,5 18,8 14,8 14,1 8,5 23,9 46,5 642,4 108,5 51,9 42,9 607,3 477,1 4777 161,2 687,4 15,1 184,8 330,2 587,4 0,1 2,7 0 1,3 1,7 0,5 6,3 0,4 6,5 0,2 7,7 0,2 0,9 1,8 3,3 FIGURA 5: Área de floresta e população sem eletricidade 5.2 Sustentabilidade no setor energético Os principais indicadores de sustentabilidade relacionados à questão energética fazem referência à emissão de CO2 para a atmosfera, que está relacionada com o efeito estufa e a poluição e contaminação do ar atmosférico. A Tabela 6 apresenta alguns indicadores sócio-ambientais dos países analisados com relação às emissões anuais de CO2. Os países estão organizados por ordem decrescente de emissões brutas provenientes de combustíveis. A Figura 6 relaciona as emissões de CO2 per capita com a geração de riqueza per capita dos países analisados. TABELA 6: Emissões de CO2 (2). País México Brasil Venezuela Argentina Chile Colômbia Peru Cuba Equador Rep. Dominicana Bolívia Jamaica Guatemala Honduras Uruguai Panamá Costa Rica El Salvador Nicarágua Paraguai Haiti CO 2 / CO 2 / Cons. Emissões Pop. Elet. CO2 (tCO2 per (tCO2 / (MtCO 2) capita ) kWh) 416,26 332,42 149,20 148,73 59,84 59,39 27,93 26,61 25,02 18,65 12,75 11,54 11,01 7,11 6,14 6,02 5,92 5,82 3,98 3,56 1,72 3,97 1,76 5,52 3,80 3,64 1,30 1,01 2,36 1,89 1,94 1,36 4,33 0,84 1,02 1,85 1,83 1,35 0,86 0,72 0,59 0,18 1,99 0,85 1,74 1,45 1,14 1,41 1,13 1,92 2,50 1,48 2,81 1,77 1,60 1,59 0,91 1,22 0,75 1,19 1,69 0,66 4,91 FIGURA 6: CO2 per capita e PIB-PPC per capita. Ressalta-se que a média de emissões per capita de CO2 dos países estudados é muito inferior a média mundial (2,42 contra 4,28tCO2 per capita). Apenas Venezuela e Jamaica apresentam indicadores superiores à média mundial. Com relação ao nível de emissões de CO2 por unidade de eletricidade consumida, nota-se que Paraguai, Costa Rica, Brasil e Uruguai apresentam bons indicadores. Isto porque esses países possuem uma matriz elétrica constituída predominantemente de fontes renováveis, principalmente a hidreletricidade. As emissões per capita de CO2 tendem a ser maiores nos países de maior renda per capita, porém alguns países que produzem mais energia de fonte renovável e/ou possuem maior eficiência energética apresentam rendas per capita maiores do que outros que possuem maior emissão per capita de CO2, mas que possuem a matriz energética baseada em combustíveis fósseis e pouco investem na eficientização de seu consumo. Ademais, verificam-se pressões ambientais crescentes na produção e no uso da energia e na busca de alternativas aos combustíveis fósseis. Há uma tendência mundial para a utilização de energias limpas e renováveis em sintonia com o conceito de desenvolvimento sustentável. 6.0 - CONCLUSÕES Em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento como os da América Latina ainda hoje se encontram diversas comunidades não atendidas por energia elétrica, sobrevivendo com baixíssima qualidade de vida. No que se refere à melhoria da qualidade de vida e sua inter-relação com a eletricidade, enfatiza-se que não é coincidência o fato de os países com maiores IDH serem os que apresentam os maiores índices de consumo de eletricidade per capita e os menores índices de pessoas sem acesso à eletricidade. É necessário o consenso em nível mundial de reconhecer o direito desses países mais pobres se desenvolverem em bases sustentáveis. No entanto, acredita-se não ser prudente defender o consumo desenfreado de energia para se obter qualidade de vida, o que se pretende é defender a possibilidade de acesso aos benefícios da eletricidade a toda população, principalmente para atendimento de necessidades básicas, sendo esse acesso à energia implantado, no mínimo, de forma responsável sócio-ambientalmente. 7.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre – “Paridade do poder de compra”, disponível em 04 de janeiro de 2009 em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paridade_ do_poder_de_compra. (2) IEA – International Energy Agency. Key World Energy Statistics, 2008. (3) HUMAN DEVELOPMENT REPORT 2007/2008 – “Fighting climate change: Human solidarity in a divided world”, disponível em 20 de fevereiro de 2009 em http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2007-2008/ (4) THE WORLD FACTBOOK 2008 - CIA – Central Intelligence Agency, disponível em 20 de fevereiro de 2009 em https://www.cia.gov/library/publications/download/ 8.0 - DADOS BIOGRÁFICOS Milton Francisco dos Santos Junior, nascido em Curitiba, PR em 21 de junho de 1978. Graduando em Direito: Universidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba Pós-Graduação em Eficiência Energética na Indústria (2006): UTFPR - Curitiba e MBA Gestão Financeira (2004): UTFPR - Curitiba Graduação em Engenharia Industrial Elétrica (2002): UTFPR - Curitiba Empresa: Copel Geração e Transmissão S.A., desde 2006 - Superintendência de Planejamento da Expansão, Engenharia e Construção da Geração Ricardo Rothstein, nascido em Ponta Grossa, PR em 11 de dezembro de 1982. Pós-Graduação em Patologia nas Obras Civis (2008): Universidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba Graduação em Engenharia Civil (2004): Universidade Estadual de Ponta Grossa Empresa: Copel Geração e Transmissão S.A., desde 2008 - Dpto. de Planejamento da Expansão da Geração Fernando Giacomini Machado, nascido em Curitiba, PR em 07 de novembro de 1981. Graduação em Engenharia Civil (2004): Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba Empresa: Copel Geração e Transmissão S.A., desde 2005 - Dpto. de Planejamento da Expansão da Geração Rafael Rossito Galerani, nascido em Curitiba, PR em 02 de janeiro de 1982. Graduação em Engenharia Civil (2004): Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba Empresa:Copel Geração e Transmissão S.A., desde 2008 - Dpto. de Planejamento da Expansão da Geração Leonardo Guilherme Hardt, nascido em Curitiba, PR em 17 de novembro de 1972. Graduação em Engenharia Civil (1994): Universidade Federal do Paraná - UFPR – Curitiba Empresa: Copel Geração e Transmissão S.A., desde 1996 - Dpto. de Planejamento da Expansão da Geração