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Técnica molecular elimina o HIV de células infectadas!
Apesar das mudanças e melhora na vida de pacientes HIV positivos, o vírus da AIDS permanece no
ranking das doenças humanas mais desafiadoras. Atualmente, cerca de 35 milhões de pessoas estão
contaminadas com o vírus em todo o mundo, e estes números crescem cada vez mais, com dois milhões de
pessoas contaminadas a cada ano.
Com o avanço das pesquisas e o desenvolvimento de terapias antiretrovirais, tem avançado também a
estimativa de vida de pacientes HIV positivos, que hoje em dia conseguem não apenas sobreviver ao vírus,
mas também viver uma vida saudável e sem grandes dificuldades.
Porém, ainda que os medicamentos minimizem os efeitos virais e restaurem as células imunes dos
pacientes, nenhum deles consegue, por enquanto, eliminar totalmente o vírus. Isto porque, durante o
tratamento antiretroviral, o vírus permanece em um estado dormente nas células, sendo reativado pouco
tempo após a interrupção no uso de medicamentos.
Ainda que os medicamentos controlem o vírus e tragam maior qualidade de vida aos pacientes, a medicina
ainda não conseguiu desenvolver uma cura para o HIV.
Durante o tratamento, o HIV mantém-se na forma de provírus – estado latente do RNA, incorporado ao
DNA da célula hospedeira – sendo reativado com a ativação das células T – glóbulos brancos responsáveis
pela defesa do organismo. Por isso, uma das metodologias pesquisadas em busca da eliminação total do
vírus é a sua eliminação durante o período de dormência, ainda sob a forma de provírus.
Pensando nisso, pesquisadores da Escola de Medicina da Temple University, nos Estados Unidos,
desenvolveram uma metodologia que se utiliza da técnica molecular CRISPR/Cas9 (Repetições
Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) para que esta identifique sequências do
DNA viral, eliminando-o das células infectadas.
O CRISPR/Cas9 é uma técnica molecular que permite o direcionamento e a modificação de qualquer
sequência genômica. O complexo, formado por uma nuclease guiada por RNAs, consegue clivar uma
sequência genômica com grande especificidade e eficácia, tendo se tornado uma das mais valiosas
ferramentas da biologia molecular moderna.
Micrografia eletrônica de uma célula T infectada pelo vírus HIV. A nova técnica eliminou o HIV de
células T, responsáveis pela defesa do organismo, e animou os pesquisadores.
De acordo com os pesquisadores envolvidos, os resultados deste estudo pioneiro mostraram-se bastante
promissores, potencialmente abrindo portas para uma futura nova técnica terapêutica contra o vírus da
AIDS.
Além de eliminar o vírus do DNA das células infectadas, a nova técnica de edição genética também
conseguiu introduzir mutações no genoma viral, impedindo que este conseguisse replicar-se nas células e
protegendo-as de uma nova infecção. Além disso, a metodologia não gerou nenhum efeito tóxico ao DNA
das células hospedeiras, mostrando-se potencialmente segura para testes novos e mais avançados.
Segundo os pesquisadores, novos experimentos devem ser realizados em breve, e cada nova conquista
permitida pela técnica nos permitirá avançar em direção aos testes pré-clínicos e clínicos. Porém, estes
resultados foram obtidos apenas em testes com culturas de células. Resta-nos esperar e torcer para que os
próximos testes continuem apresentando resultados promissores!
O HIV venceu novamente: técnica com método CRISPR/Cas9 não funciona!
14 de Abril de 2016
Recentemente, divulgamos aqui no blog sobre uma nova e promissora técnica molecular para eliminação do
vírus HIV de células T. Quase dois meses após a publicação do artigo na prestigiada revista Nature, porém, os
pesquisadores se retrataram e afirmaram que, após um curto período de tempo, o HIV consegue derrotar a técnica
e volta a dominar a célula infectada.
O CRISPR/Cas9 é uma técnica molecular que permite o direcionamento e a modificação de qualquer sequência
genômica. O complexo, formado por uma nuclease guiada por RNAs, consegue clivar uma sequência genômica
com grande especificidade e eficácia, tendo se tornado uma das mais valiosas ferramentas da biologia molecular
moderna.
A técnica havia sido utilizada para a eliminação do HIV em estado de dormência – provírus – através de culturas
de linfócitos T – responsáveis pela defesa do organismo – infectados. Para a infelicidade dos pesquisadores,
porém, cerca de duas semanas após a elaboração da técnica e possível eliminação do vírus, os linfócitos T
passaram a bombear cópias das partículas virais que haviam escapado da eliminação molecular.
O HIV havia sido eliminado de culturas de linfócito T – as células responsáveis pela defesa imunológica. Pouco
tempo depois, porém, estas mesmas células passaram a bombear novas e modificadas cópias do DNA viral,
indicando que o vírus havia sofrido mutação para resistência à técnica.
O sequenciamento das partículas que haviam sido liberadas pelas células permitiu que os pesquisadores
observassem alterações genéticas no vírus, indicando que este havia sofrido mutações em locais muito próximos
aos atacados pela técnica de CRISPR/Cas9.
O vírus HIV já demonstrou seu alto poder de resistência durante o desenvolvimento de demais técnicas,
especialmente após o uso constante de drogas anti-retrovirais. Este é, justamente, um dos maiores desafios
enfrentados por virologistas e pesquisadores da área.
Os pesquisadores não desanimaram e já formularam algumas ideias para tentar contornar o novo problema.
Durante os próximos meses, eles pretendem reforçar a técnica, utilizando-a em combinação com o uso de
medicamentos anti-HIV. Outra ideia seria utilizar a técnica CRISPR/Cas9 para a inativação de diversos genes
virais de uma só vez, tornando, assim, mais difícil para o vírus reforçar-se.
Outros pesquisadores também têm desenvolvido técnicas diferenciadas no combate ao HIV. Uma das
abordagens em andamento seria a utilização de técnicas de edição gênica para tornar as células imunológicas do
hospedeiro – dentre elas, os linfócitos T – mais resistentes ao HIV.
Fonte: Cell Reports.
De origem africana, o vírus Chikungunya (ou VCHIK) chegou recentemente às Américas, incluindo o Brasil. Em
nosso país, ele poderá se tornar um caso sério de saúde pública porque pode ser transmitido pelos mosquitos
Aedes aegypti e Aedes albopictus, por apresentar um elevado número de vírus no sangue na fase aguda da doença
e pela falta de imunidade da população brasileira. O genoma desse vírus é composto de uma molécula de ácido
ribonucleico (RNA) de cadeia simples. Assim que invade o citoplasma da célula hospedeira, esse RNA costuma
servir de molde para a síntese das proteínas responsáveis pela sua replicação e pela formação do seu envoltório
viral. Ao contrário dos retrovírus, como o HIV, ele não produz transcriptase reversa. Além disso, este tipo de
vírus costuma apresentar alta taxa de erros em sua replicação, o que aumenta a chance de que algumas de suas
variantes se adaptem a novas condições ambientais.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre genética e evolução, responda aos itens a seguir.
a) O esquema a seguir é uma representação simplificada de como a maioria dos organismos vivos da Terra, como
bactérias, eucariotos, retrovírus etc., se replicam e expressam a informação genética.
Reproduza o esquema incluindo as informações referentes à forma de replicação e à expressão gênica dos vírus
semelhantes ao Chikungunya.
b) Dentro da teoria evolutiva moderna, de que forma a mutação contribui para o processo evolucionário?
Resposta:
a) O esquema reproduzido deverá ser:
b) "A mutação é a fonte de novos genes, ou seja, ela aumenta a variabilidade (ou diversidade) genética das
espécies" ou "A mutação é a fonte de novos alelos e ela pode criar variantes capazes de se adaptarem a novas
condições ambientais".
Novo tratamento contra o câncer promete melhorar o sistema imune dos pacientes!
O câncer ainda é uma das doenças mais temidas por todos. Isto porque os tratamentos contra a doença,
apesar de serem muitas vezes eficientes, trazem consigo uma gama de efeitos colaterais terríveis. A
quimioterapia e a radioterapia, por exemplo, destroem não apenas as células tumorais, mas também as
células saudáveis – por isso resultam em mal estar, fadiga, queda de cabelo, vulnerabilidade a infecções,
dentre outros sintomas.
Por isso, pesquisadores de todo o mundo buscam por novos métodos de tratamentos contra os mais diversos
tipos tumorais. Muitas novas técnicas aparentemente promissoras mostram-se ineficientes depois de
alguns testes, porém esta "corrida científica" em busca de melhores tratamentos é extremamente
importante tanto para o câncer como para tantas outras doenças.
Uma das novas e promissoras técnicas para o tratamento de tumores é a chamada imunoterapia. A
imunoterapia busca aperfeiçoar o sistema imune dos pacientes para que este possa lutar contra a doença.
Mas para entender como funciona a imunoterapia, precisamos primeiro entender como funciona o nosso
sistema imunológico.
Nosso sistema imunológico funciona como uma barreira contra células ou organismos desconhecidos.
Quando ficamos doentes, as células sanguíneas, denominadas glóbulos brancos ou leucócitos, são as
responsáveis por identificar os organismos responsáveis por causar a doença – ou as células infectadas, no
caso do câncer – apresentando-os, então, aos leucócitos responsáveis por destruir as células infectadas.
Os leucócitos são produzidos a partir das células-tronco da medula óssea, e diferenciam-se em monócitos,
eosinofilos, basófilos, linfócitos e neutrófilos, de acordo com sua função. Imagem traduzida de: Bruce
Blaus, Wikiversity Journal of Medicine.
No caso dos pacientes com câncer, infelizmente, o organismo acaba sendo "enganado" pela doença, que
desenvolve mecanismos de barreira contra a identificação dos leucócitos. Além disso, como as células
cancerígenas já foram saudáveis, o sistema imune também acaba não reconhecendo-as como um perigo
para o organismo, e a doença acaba passando despercebida.
Por isso, técnicas para o melhoramento do nosso sistema imune em casos como estes são tão importantes.
Agora, uma nova pesquisa divulgada pela revista científica Science demonstrou a eficácia de uma técnica
que utiliza o sistema imune de um paciente saudável como um "impulsionador" do sistema imune de um
paciente com câncer.
Para o estudo, os pesquisadores do Instituto do Câncer dos Países Baixos e da Universidade de Oslo, na
Noruega, coletaram amostras sanguíneas de pacientes saudáveis e extraíram as células T – um tipo de
leucócito – destas amostras sanguíneas. Estas células foram então modificadas através da inserção de
partes do DNA de células tumorais extraídas de pacientes em tratamento contra o câncer.
Estes leucócitos geneticamente modificados foram, então, transplantados nos pacientes com câncer, e,
segundo os testes realizados, o tratamento melhorou significativamente a resposta imunológica dos
pacientes. Isto porque o DNA inserido nos leucócitos possuía sequências genéticas para fragmentos
proteicos encontrados na superfície das células tumorais, conhecidos como neoantígenos.
A imunoterapia é uma promissora nova técnica para o melhoramento genético de células do sistema
imunológico de pacientes com câncer.
A partir destes fragmentos de DNA, as células seriam então "ensinadas" sobre como identificar as células
contaminadas pelo tumor, melhorando sua eficiência em destruir estas células. Além disso, o estudo
demonstra a possibilidade de criação de tratamentos específicos para cada paciente, de acordo com o
genoma das células tumorais, o qual pode variar entre os pacientes.
Por enquanto, a nova técnica foi testada em apenas três pacientes. Porém, os resultados são promissores e
abrem portas para novos testes, com um maior número de pacientes. Esperamos que estes novos
tratamentos sejam melhorados e que seus resultados possam trazer esperança aos pacientes com câncer!
Fonte: Science.
Fisiologia é a segunda área que mais cai em Biologia no ENEM, e dentro dela, a maior parte das questões
é sobre Sistema Imunológico! Por isso fique ligado, este tema pode aparecer na sua prova do ENEM e
demais vestibulares! Veja abaixo uma questão sobre imunoterapia que caiu na prova da UFSC em 2005.
"Nos últimos 10 anos, os imunologistas realizaram avanços impressionantes no conhecimento sobre a
geração de respostas imunes para a defesa do organismo. Um dos resultados mais promissores levou à
retomada dos estudos de imunoterapia para controlar o crescimento de tumores."
(Trecho extraído da revista "Ciência Hoje", volume 35 (207), p. 28, agosto de 2004).
Com relação aos assuntos citados no texto, é CORRETO afirmar que:
01) o corpo humano tem suas defesas, que formam o chamado sistema fisiológico.
02) o câncer é o resultado de modificações genéticas produzidas em células, seja por vírus ou por agentes
externos, como radiação ou substâncias químicas.
04) os leucócitos (células brancas) e as hemácias (células vermelhas) são "unidades móveis" que atuam na
defesa dos organismos.
08) as células imunes, ricas em lisossomos, penetram nos tecidos de todo o corpo através da intermediação
de enzimas especiais que possibilitam a realização do transporte ativo.
16) a medula óssea está envolvida com a produção de células do sistema imune.
32) quando do surgimento de um tumor, células normais sofrem alterações que afetam sua capacidade de
divisão.
Resposta: 02 + 16 + 32 = 50
Quais os perigos da lama 'tóxica' do desastre de Minas Gerais?
O rompimento de duas barragens, na cidade mineira de Mariana, no final da última semana, causou mais
do que vítimas fatais, pessoas feridas e a morte de animais. A lama que foi produzida durante o acidente
pode se tornar 'tóxica'! No que se refere a mortes, também há informações de que o número de óbitos seja
maior que o noticiado até agora – já que o acesso ao local do ocorrido é restrito à empresa responsável.
Toneladas de lama foram despejadas de uma mineradora. E, apesar de os responsáveis técnicos da empresa
garantirem que o material não é tóxico, há indícios de que existem riscos para o meio ambiente.
Isto por que foram despejados 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no local. O
material é formado, principalmente por sílica e ferro. Especialistas afirmam que os riscos não são para os
seres humanos diretamente, mas para o meio ambiente, e podem se estender por anos, afetando assim todos
os ecossistemas interligados.
O principal problema é que a agricultura pode ser afetada por estas substâncias, conforme explicou o
consultor de meio ambiente da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Cleuber Moraes Brito. Ele
explicou ainda que a fauna, flora e rios também podem ser ‘afetados’ por estas substâncias na natureza.
Os danos ao meio ambiente no entorno da barragem podem ser, a grosso modo, químicos ou de ordem
física. O primeiro diz respeito à desestruturação química do solo, não só pelo ferro, mas também por outros
metais secundários descartados durante o processo de mineração. Segundo Cleuber, este solo recebe uma
incorporação química anormal, já que o resíduo tem excesso de ferro, que pode alterar o pH da terra.
Já o impacto físico dos rompimentos diz respeito à quantidade de lama - e não à composição. Outro risco
é o de que muitas nascentes sejam soterradas. Este impacto nos recursos hídricos também afeta sua fauna,
especialmente peixes e microrganismos que compõem a cadeia alimentar dos rios.
Os especialistas salientam que é preciso fazer um levantamento do impacto, sendo que uma das primeiras
medidas reais será retirar a lama o quanto antes, principalmente por meio de escavações
A Bioquímica da Fosfoetanolamina!
Este ano, um composto químico está causando muita polêmica e discussão: trata-se da Fosfoetanolamina.
Após a divulgação de notícias sobre seus possíveis efeitos, a fosfoetanolamina passou a ser procurada por
diversas pessoas diagnosticadas com câncer.
Mas, afinal, o que é a fosfoetanolamina? Quais características fazem deste composto um potencial
tratamento contra o câncer? Do ponto de vista bioquímico, trata-se de uma amina primária (composto
químico) envolvida na biossíntese (fabricação) de lipídeos. Além da função estrutural, de formar
a membrana celular, ela possui ainda uma função sinalizadora, ou seja, a fosfoetanolamina informa o
organismo de algumas situações que as células estão passando.
A fosfoetanolamina é produzida naturalmente pelo nosso organismo, com uma importante função no
metabolismo celular – que é agir no transporte de ácidos graxos para as mitocôndrias – responsáveis pela
produção de energia na célula.
A fosfoetanolamina foi isolada pela primeira vez em 1936, após sua extração de tumores malignos de
bovinos. A partir de então, descobriu-se que a fosfoetanolamina é um tipo de fosfolipídeo, um monoéster,
que compõe a estrutura de membranas celulares. Por incrível que pareça, este composto está presente em
todos os tecidos e órgãos animais! E por isso surgiu o interesse dos pesquisadores em elucidarem a
bioquímica da fosfoetanolamina.
Após a descoberta do composto, algumas pesquisas demonstraram uma relação entre a sua concentração
no tecido e a existência de tumores. A fosfoetanolamina é encontrada em grandes quantidades em cérebros
saudáveis, por exemplo, mas sua concentração pode ser 10 vezes maior, caso exista a presença de um tumor
no tecido cerebral. Além disso, alguns estudos demonstraram que patologias do sistema nervoso central,
como a doença de Alzheimer, poderiam estar relacionadas à deficiência de fosfoetanolamina.
Atualmente, pesquisadores da área têm focado nos possíveis efeitos da fosfoetanolamina sobre os tumores,
com a intenção de utilizar este composto em tratamentos anti-tumorais. Estes estudos geralmente utilizam
culturas de células e camundongos para a realização dos tratamentos, por ser mais fácil a visualização dos
processos bioquímicos.
De acordo com as pesquisas publicadas, o tratamento de animais com fosfoetanolamina resultou em
redução da massa tumoral de melanomas (câncer de pele). Já as pesquisas com culturas celulares
utilizaram o composto no tratamento de células hepáticas tumorais e demonstraram dois possíveis fatores
para a diminuição dos tumores: um aumento na indução da apoptose (morte) das células e uma diminuição
no potencial de membrana das mitocôndrias.
Estes e outros estudos apresentam resultados aparentemente bastante promissores, mas devemos sempre
ter em mente que as pesquisas foram realizadas apenas em células e em animais não-humanos. Por diversas
vezes medicamentos que apresentaram resultados satisfatórios em pesquisas celulares e de laboratório
falharam durante os testes clínicos com pacientes humanos. Isto se deve às diferenças
bioquímicas existentes entre os modelos utilizados em testes laboratoriais, geralmente roedores, e
humanos. E são justamente estas diferenças que tornam a busca por novos medicamentos tão minuciosa.
Diversos fatores com relação aos efeitos da fosfoetanolamina no organismo humano ainda são
desconhecidos, dentre eles o envolvimento do sistema imunológico e os mediadores ativados durante os
tratamentos com o composto. Esperamos que as pesquisas com a Fosfoetanolamina sejam incentivadas e
recebam os investimentos necessários. Porém, assim como todas as demais pesquisas farmacêuticas, estas
devem ser realizadas com um grande senso crítico, afinal, vidas humanas serão tratadas com os possíveis
medicamentos liberados para comercialização.
A polêmica da fosfoetanolamina: novo estudo apresenta resultados negativos
Ano passado, a divulgação de notícias sobre os possíveis efeitos “milagrosos” das pílulas de
fosfoetanolamina sobre células tumorais iniciaram calorosas discussões a respeito da validade científica do
composto. O composto, encontrado naturalmente em tecidos humanos, apresentaria efeitos
surpreendentes contra os mais diversos tipos cancerígenos.
Algumas pesquisas sugerem que a fosfoetanolamina sintética possui atividades antitumorais com eficácia
em pesquisas in vitro – em células – e in vivo – em animais de laboratório. Pacientes na luta contra o câncer
buscaram, então, a liberação do composto em tratamentos contra a doença. Médicos e pesquisadores, por
outro lado, lutaram para que mais pesquisas pudessem ser realizadas, em busca de comprovações quanto
à real eficácia do composto.
A discussão sobre prós e contras a fosfoetanolamina tomou proporções enormes, e o composto acabou
sendo recentemente liberado para utilização em tratamentos, sob a responsabilidade dos pacientes. Porém,
os resultados de pesquisas divulgadas nos últimos dias não são os mais animadores – de acordo com os
testes iniciais, encomendados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o composto não possui
qualquer eficácia sobre células cancerígenas!
Inicialmente, análises químicas realizadas pelo Instituto de Química de São Carlos (USP) demonstraram
que a fosfoetanolamina sintética não era 100% pura, sendo composta, também, por outras moléculas,
dentre elas a monoetanolamina e a fosfobisetanolamina. Os três compostos foram, então, testados em
ensaios sobre células tumorais.
Os estudos analisaram os efeitos dos compostos sobre células humanas de carcinoma de pâncreas e
melanoma, através de três diferentes metodologias de avaliação da viabilidade celular, denominados MTT,
vermelho neutro e sulforrodamina B. O resultado esperado das análises seria que quanto menor fosse a
viabilidade das células estudadas, maior deveria ser a eficácia dos compostos, que estariam, então, inibindo
a proliferação das células cancerígenas e estimulando a morte das células já proliferadas.
Porém, os resultados obtidos foram bastante desanimadores. A fosfoetanolamina sintética não apresentou
qualquer atividade citotóxica ou antiproliferativa sobre nenhum dos tumores analisados, em nenhuma das
três metodologias utilizadas. A monoetanolamina e a fosfobisetanolamina, por outro lado, apresentaram
alguma atividade citotóxica sobre os cânceres estudados. Entretanto, para isto, estes compostos
precisariam ser utilizados em concentrações enormes, muito acima das concentrações medicamentosas
utilizadas atualmente.
A molécula da fosfoetanolamina, um dos compostos analisados nos estudos.
Para se ter uma ideia, a monoetanolamina conseguiu destruir até metade das células de melanoma em
concentrações que variaram entre 7 a 10 mil micromolar do composto. A cisplatina, um agente antitumoral
bastante estudado e com grande desempenho em tratamentos contra o câncer, apresenta atividade
semelhante em concentrações muito menores, entre 1 a 4 micromolar.
Em carcinoma de pâncreas, a monoetanolamina também apresentou atividade antitumoral, em
concentrações variando entre 3 a 7 mil micromolar do composto. Neste tipo de carcinoma, o agente
antitumoral gentabicina apresenta atividades semelhantes utilizando-se menos que 0,1 micromolar do
composto.
Estes resultados demonstram que tanto a fosfoetanolamina, como a monoetanolamina ou a
fosfobisetanolamina apresentam pouca ou nenhuma atividade in vitro contra os tipos tumorais estudados.
Segundo os pesquisadores, os próximos passos das pesquisas incluem ensaios para analisar a atividade dos
mesmos compostos em outros tipos de câncer, além de ensaios in vivo em melanoma de camundongos.
Vamos aguardar os próximos resultados!
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Toda essa polêmica em torno da fosfoetanolamina é super atual e pode aparecer no seu vestibular ou no
ENEM na prova de biologia! Este caso ilustra bem a necessidade de se testar cientificamente novos
medicamentos antes de serem liberados. Assim, este tema pode aparecer na sua prova em uma questão de
metodologia científica. Veja abaixo um exemplo que caiu na prova da UERN em 2013:
A metodologia científica está presente em todas as áreas do conhecimento, objetivando solucionar
problemas do mundo real, assim como novas descobertas, através de resultados metodicamente
sistematizados, confiáveis e verificáveis. Acerca dos objetivos e conceitos epigrafados anteriormente, é
incorreto afirmar que
a) a hipótese, quando confirmada por grande número de experimentações, e conhecida como teoria,
embora nunca seja considerada uma verdade absoluta.
b) após realizar a dedução, não são necessárias novas observações ou experimentações, permitindo que se
tirem, a partir desta dedução, uma conclusão sobre o assunto.
c) um aspecto importante da ciência é que os conhecimentos científicos mudam sempre e, com base nesses
conhecimentos, novas teorias são formuladas, substituindo, muitas vezes, outras aceitas anteriormente.
d) ao formularem uma hipótese, os cientistas buscam reunir várias informações disponíveis sobre o
assunto. Uma vez levantada a hipótese, ocorre a dedução, prevendo o que pode acontecer se a hipótese for
verdadeira.
COP 21 em Paris!
Terminou neste sábado (12/12/2015), em Paris, a 21ª edição da Conferência do Clima (COP 21), evento
promovido pela ONU para discutir sobre mudanças climáticas.
O que é a COP?
A COP (conferência das partes) ocorre desde 1995. Neste evento, autoridades de diversos países se reúnem
para discutir um tratado que visa diminuir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, a fim de
evitar que o planeta se aqueça a um nível crítico.
Mas o que são gases de efeito estufa?
Grande parte da radiação solar que incide sobre a superfície terrestre retorna para o espaço. Entretanto,
os gases de efeito estufa (ex: gás carbônico e metano) absorvem parte dessa radiação emitida pela Terra,
retendo o calor na superfície terrestre. Este processo, conhecido como efeito estufa, é um processo natural.
Sem estes gases a superfície terrestre seria congelante (cerca de 18º C negativos) e a maior parte dos
organismos que conhecemos provavelmente não sobreviveria.
O problema é que a concentração destes gases na atmosfera vem aumentando desde a revolução
industrial devido às ações antrópicas (as alterações realizadas pelo homem), causando um aumento
acentuado e acelerado da temperatura na Terra. Embora uma minoria acredite que o aquecimento do
planeta é um processo natural, a imensa maioria dos cientistas defende que a ação do homem tem um papel
fundamental neste processo, principalmente por conta do uso desenfreado de combustíveis fósseis (como o
carvão, o petróleo e o gás natural, PECUARIA E AGRICULTURA).
Mulher chinesa usando máscara para se proteger da poluição causada pela queima de combustíveis fósseis.
Fonte: Let Ideas Compete (Flickr)
Principais metas do tratado
O acordo histórico foi assinado por 195 países, incluindo a China, e os principais pontos estabelecidos
foram os seguintes:
1) As nações devem trabalhar para que o aquecimento até o final do século seja bem abaixo de 2º C,
buscando limitá-lo a 1.5 °C.
Mas como isso será feito? Este é um dos pontos que enfraquece esta meta, já que ela não vem acompanhada
de um roteiro estabelecendo como os países deverão alcançá-la. Embora a redução da emissão de gasesestufa também seja uma meta, não há menção à porcentagem de corte de emissão desses gases necessária
e nem quando elas precisam parar de subir!
2) O acordo deve ser revisto a cada cinco anos.
A cada cinco anos, a partir de 2023, deverão ser feitos ajustes nas metas estipuladas. Isto porque as metas
apresentadas voluntariamente por alguns países até o momento não serão capazes de impedir o aumento
da temperatura dentro do patamar estipulado. Mas, no acordo não há nenhum referencial para estes
ajustes. Apenas consta que até a segunda metade do século deverá ser atingido um equilíbrio entre as
emissões e o sequestro de carbono.
3) Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano entre 2020 e 2025.
Um dos pontos que gerou mais discussões na COP 21 foi a questão do financiamento de US$ 100 bilhões
por ano que os países ricos deverão transferir aos mais pobres, a fim de que estes se adaptem para conter
o aquecimento global. Entretanto, muitos pontos do texto não são claros, como o fato de não constar se
depois de 2025 o patamar de US$ 100 bilhões será aumentado e nem mesmo se ele será mantido.
Principais desafios
Embora o acordo sinalize que as nações estão cientes de que é preciso frear o aquecimento global, é
importante que os setores público e privado sejam pressionados (por ONG's e pela sociedade civil, por
exemplo) para que o tratado seja cumprido.
É fundamental que os países estejam realmente comprometidos em diminuir (com urgência) a emissão de
gases-estufa, por exemplo, investindo em fontes renováveis de energia, como a energia solar e a eólica; o que
é um grande desafio, já que o custo do investimento nessas fontes é bem mais alto do que o de continuar
utilizando combustíveis fósseis. Até o momento já foi emitido mais da metade de carbono que pode ser
queimado para não ultrapassar o limiar de temperatura seguro.
Outro ponto importante, mas com menor destaque no evento, é a necessidade do desenvolvimento
de políticas para conter o desmatamento, já que as florestas têm um papel fundamental na assimilação do
carbono da atmosfera. Na COP 21, embora a importância das florestas tenha sido reconhecida, também
não ficou claro como os recursos financeiros deverão ser utilizados para sua preservação.
É necessário pensar no custo ambiental antes que seja tarde demais. Torçamos pelo planeta!
Por que o Zika virou um problema no Brasil?
Inúmeras perguntas estão chegando ao meu site referentes a um dos assuntos mais polêmicos do momento:
o Zika vírus e sua relação com o surto de microcefalia no Brasil.
O Zika vírus
Vamos começar falando sobre o vírus. Ele foi descoberto no ano de 1947 na floresta de Zika, em Uganda,
em macacos usados como sentinelas da febre amarela (animais usados para que se monitore o
aparecimento de uma doença). O Zika é natural da África e do Sudeste da Ásia. Mas, até 2007, ele era
relativamente desconhecido, até que surgiu um grande surto em ilhas próximas aos Estados Federados da
Micronésia (acima da Austrália).
Localização geográfica dos Estados Federados da Micronésia. Fonte: Autor desconhecido
Após esse primeiro episódio, foram identificadas outras epidemias de Zika em outros países. Houve alguns
casos na Tailândia entre 2012 e 2014 e 8.264 casos suspeitos na Polinésia Francesa, entre dezembro de 2013
e fevereiro de 2014. Nesta ocasião, foram identificados 38 casos de pessoas que haviam sido infectadas pelo
Zika e que desenvolveram a síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune caracterizada por uma
inflamação aguda do sistema nervoso. Isso seria um indício de que o Zika já tem uma relação com o sistema
nervoso, que pode fornecer pistas para entender a relação da microcefalia com o vírus. Além disso, já existe
documentado na literatura científica internacional a relação entre o Zika, gestantes e problemas
neurológicos nos bebês.
O primeiro relato correlacionando microcefalia e o Zika foi identificado pela Fiocruz no mês passado. A
descoberta inédita feita pelo Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz) foi que
o Zika vírus é capaz de atravessar a barreira placentária e chegar até o líquido amniótico – fluido que
envolve o feto durante a gravidez. Para isso, foram realizados testes com o líquido amniótico de duas
mulheres que tiveram contato com o Zika vírus e que já tiveram o resultado positivo de Microcefalia
em seus bebês, dentro do útero.
Em um comunicado emitido no dia 01/12/2015 pela Organização Mundial de Saúde e a Organização PanAmericana de Saúde foi reconhecido pela primeira vez oficialmente a relação entre o Zika e os casos de
microcefalia.
E por que houve tantos casos associados ao Zika no Brasil?
Entre as explicações possíveis para isso, estão a questão genética do hospedeiro (cada pessoa tem um perfil
genético que determina sua sensibilidade para desenvolver uma doença) e as diferentes respostas do
sistema imunológico (de defesa). Uma vez que o Zika não é natural do nosso país e, portanto, a população
nunca teve contato com o vírus anteriormente. A ausência deste contato anterior faz com que a pessoa não
tenha anticorpos específicos para enfrentar a doença.
Na África, onde o vírus foi descoberto,a população já teve um contato anterior com o vírus, o que
provavelmente possibilitou uma “resistência” à doença. Isso é possível, pois o sistema imunológico possui
capacidade de responder de forma rápida e efetivaa patógenos encontrados anteriormente, processo
chamado de memória imunológica.
As informações sobre má formação na África são escassas, pois nos países onde o vírus prevalece, como
Nigéria e Uganda, a mortalidade infantil é muito alta e falta documentação básica como registro de
nascimento. Mesmo no Brasil, até pouco tempo atrás, muitas crianças não eram nem registradas. Na
Polinésia Francesa, que é um território dependente da França, a interrupção da gestação é legal,
diferentemente do Brasil. Lá, foi observado nos ultrassons durante a gravidez, alterações do cérebro muito
parecidas com as que observamos agora (AMB).
Outro ponto importante a ser levado em conta é a presença do vetor do Zika vírus no Brasil. O Zika é
transmitido pela picada de mosquitos infectados, e foi isolado a partir de várias espécies de mosquitos
Aedes, nomeadamente Aedes aegypti, que é difundido em regiões tropicais e subtropicais, e Aedes
albopictus, que é estabelecido em muitas partes da Europa, especialmente nos países mediterrânicos.
A presença do vetor em abundância, como é o caso do Aedes aegypti, possibilitou a chance de transmissão
da doença no Brasil. As autoridades de saúde acreditam que o vírus chegou ao Brasil por causa do aumento
no número de turistas que visitou o país na Copa do Mundo de 2014, ou até mesmo durante uma
competição internacional de canoagem, quando atletas da Polinésia Francesa vieram para o Rio de Janeiro
em agosto.
Boato: Microcefalia x Vacina contra rubéola fora da validade
Um boato que circulou na internet, levanta a hipótese do desenvolvimento da microcefalia estar
relacionado com a vacinação (vencida) de gestantes contra rubéola. Entretanto, a recomendação do
Ministério da Saúde a ser seguida é de não se vacinar se estiver grávida e evitar a gravidez por, no mínimo,
30 dias após a vacinação (aquisição de proteção imunológica contra uma doença infecciosa).
A lógica da vacina é tentar estimular o organismo a produzir estes anticorpos sem que tenhamos que ficar
previamente doentes. A vacina apresenta ao sistema imune uma bactéria ou vírus a fim de que haja
estímulo para produção de anticorpos. E não existe, até o momento, na literatura cientifica nacional e
internacional, nunhum caso de microcefalia causada pela vacina contra a rubéola. As mulheres que foram
vacinadas contra a rubéola e não sabiam que estavam grávidas não tiveram filhos com microcefalia ou
qualquer outro problema. Além disso, todas tiveram acompanhamento médico.
De qualquer maneira, para especialistas o caso já demonstra a incapacidade do Brasil de conseguir
controlar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor de DENGUE, do CHIKUNGUNYA e do Zika. A
única ferramenta efetiva para combater a doença é controlar o vetor.
Vacina contra a Dengue é aprovada no Brasil!
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no início desta semana, a primeira vacina
contra Dengue (Dengvaxia®) no Brasil. Entretanto, a vacina produzida pela empresa francesa Sanofi
Pasteur ainda levará um tempo para ser comercializada, pois a Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos ainda precisa definir o valor de cada uma das doses. A previsão é de a imunização chegue
ao mercado no primeiro semestre de 2016 e ainda será avaliado se ela será incorporada ao sistema público
de saúde.
A Dengvaxia® é feita com o vírus “enfraquecido” da Dengue, de forma que nosso sistema imunológico
consegue reconhecê-lo e produzir anticorpos, gerando proteção sem que a doença se desenvolva. Ela deverá
ser aplicada em três doses, em intervalos de seis meses. Isso porque a proteção vai caindo ao longo do
tempo, mas de acordo com a Sanofi Pasteur 70% das pessoas são imunizadas de maneira eficaz a partir
da primeira dose da vacina.
O imunizante apresentou uma eficácia global (contra qualquer sorotipo da Dengue) de 65,5% na
população acima de 9 anos de idade. No entanto, com relação aos casos de Dengue mais severos – aqueles
que levam à hospitalização –, a eficácia foi de 80,8%!
O preço irá depender da estratégia que o governo federal irá adotar para ofertar o produto à população,
mas o custo é visto como um problema pelo ministério da saúde. Cada dose da vacina custa em torno de
R$ 84,00!
Por isso, uma ideia preliminar considerada, seria imunizar crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos,
baseada no argumento de que estas pessoas se movimentam mais e, portanto estariam mais sujeitas à
contaminação. No entanto, isso não faz sentido se considerarmos que grande parte das pessoas é
contaminada na sua própria casa ou arredores.
Além do custo elevado, há ainda outro problema. A empresa francesa consegue produzir apenas 100
milhões de doses por ano, logo não há vacina para todos!
Portanto, se a vacina não for incorporada no sistema público, poucas pessoas terão acesso à imunização!
Uma vez que problemas de saneamento básico estão associados com a prevalência do mosquito Aedes
aegypti, e são maiores em locais carentes, as pessoas mais suscetíveis não teriam acesso.
Além disso, vale ressaltar que a imunização contra a Dengue não protege contra os vírus Chikungunya e
Zika, também transmitidos pelo Aedes aegypti. Por isso é importante que as campanhas de combate ao
mosquito continuem para que a população não relaxe!
Aedes aegypti, mosquito transmissor da Dengue, Chikungunya e Zika. Foto: James Gathany
Vestibulandos, fiquem ligados! Que este assunto está em alta e há grandes chances dele ser cobrado nos
vestibulares! Veja abaixo uma questão da primeira fase da UNESP deste ano exatamente sobre este
assunto:
(UNESP 2016) Considere as seguintes manchetes, noticiadas por diferentes meios de comunicação no
primeiro semestre de 2015:
Brasil pode ser o primeiro país a ter vacina contra a Dengue
Mosquito da Dengue é o mesmo que transmite a febre chikungunya
Sobre a relação existente entre esses dois temas, vacina contra dengue e febre chikungunya, é correto
afirmar que a vacina
(A) diminuirá o número de casos de dengue, mas poderá contribuir para o aumento do número de pessoas
com febre chikungunya.
(B) fará diminuir o tamanho das populações de Aedes aegypti, diminuindo o número de casos de dengue e
o número de casos de febre chikungunya.
(C) tornará as pessoas imunes a ambas as doenças, mas a presença de mosquitos Aedes aegypti no ambiente
continuará alta.
(D) tornará as pessoas imunes ao mosquito Aedes aegypti, mas não imunes aos agentes etiológicos da dengue
e da febre chikungunya.
(E) protegerá contra a febre chikungunya apenas nos casos em que o Aedes aegypti for portador de ambos
os agentes etiológicos.
Resposta: alternativa a. A vacina fará diminuir a incidência de casos da dengue. Com isso, por conta da
certeza de proteção imunológica, as medidas de combate ao mosquito podem relaxar, levando ao aumento
do número de pessoas com a febre chikungunya.
Controle biológico do “Aedes aegypti” é estudado por brasileiros
15 de Julho de 2016
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Transmissor de diversas doenças virais, como a dengue, zika e chikungunya, o Aedes aegypti já entrou pra lista
de animais mais temidos pela população humana. Somente a dengue infecta centenas de milhões de pessoas todos
os anos. Para piorar, as alterações climáticas têm aumentado o alcance destes mosquitos, expandindo as áreas
infectadas pelas doenças, e os inseticidas normalmente utilizados já não fazem mais efeito.
Pensando nisso, pesquisadores brasileiros resolveram estudar mais a fundo uma possível alternativa de controle
biológico do Aedes aegypti – o fungo da espécie Metarhizium brunneum. O controle biológico consiste em uma
técnica que utiliza meios naturais para diminuir a população de outros organismos. Esta é uma técnica
interessante, pois pode ser capaz de combater espécies transmissoras de doenças sem causar riscos à saúde
humana ou ao meio ambiente. Os pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense, em parceria
com a Universidade de Swansea, no Reino Unido, estudaram as diferenças entre duas formas patogênicas do
fungo, analisando qual delas seria mais eficiente no combate ao Aedes aegypti.
Os blastosporos e conídios são os esporos que podem ser produzidos pelos fungos. Os blastosporos possuem uma
parede fina e são formados quando o fungo entra em contato com a água, enquanto que os conídios são formados
em ambientes mais secos e sólidos. Para comparar a ação dos esporos sobre as larvas de Aedes aegypti, os
pesquisadores infectaram diferentes larvas com conídios e blastosporos, comparando suas atividades através de
diversos métodos analíticos.
Os esporos (em verde) invadem as larvas do mosquito e são transportados via corrente sanguínea. Imagem: Butt
et al., 2013.
Apesar de possuírem um menor tempo de vida, os blastosporos apresentaram métodos mais eficientes na luta
contra as larvas do mosquito. Segundo o artigo, eles conseguem invadir as larvas utilizando-se de força mecânica,
enquanto que os conídios precisam liberar enzimas que digerem a cutícula para então invadir os animais. Além
disso, os blastosporos conseguem formar diversos pontos de entrada na cutícula dos animais e, uma vez dentro
dos organismos, estes esporos reproduzem-se rapidamente e logo invadem a corrente sanguínea, levando-os à
morte.
Os blastosporos (BS) apresentaram maior eficácia no controle biológico do Aedes aegypti. Imagens: Alkhaibari
et al., 2016.
Além de todas as vantagens biológicas apresentadas pelos blastosporos, estes ainda possuem um baixo custo de
cultivo, podem ser rapidamente produzidos e não apresentam qualquer risco à saúde humana ou ao meio
ambiente. Os pesquisadores pretendem continuar estudando a biologia e o método de ação destes esporos para,
um dia, poder utilizá-los na luta contra o Aedes aegypti.
Fonte: FAPERJ e PLOS Pathogens.
Foto capa: Alex Wild.
Fiquem ligados, pois assuntos como este podem aparecer na sua prova do ENEM e demais vestibulares. Veja
abaixo uma questão sobre o assunto que caiu no ENEM PPL de 2015.
Os parasitoides são insetos diminutos, que têm hábitos bastante peculiares: suas larvas se desenvolvem dentro do
corpo de outros animais. Em geral, cada parasitoide ataca hospedeiros de determinada espécie e, por isso, esses
organismos vêm sendo amplamente usados para o controle biológico de pragas agrícolas.
Santo, M. M. E. et al. Parasitoides: insetos benéficos e cruéis.
Ciência Hoje, n. 291, abr. 2012 (adaptado).
O uso desses insetos na agricultura traz benefícios ambientais, pois diminui o(a)
a) tempo de produção agrícola.
b) diversidade de insetos-praga.
c) aplicação de inseticidas tóxicos.
d) emprego de fertilizantes agrícolas.
e) necessidade de combate a ervas daninhas.
Resposta: alternativa c. A utilização de parasitoides como controle biológico de pragas agrícolas resulta na menor
utilização de inseticidas tóxicos na prática agrícola e, consequentemente, em menor impacto ambiental.
Mudanças climáticas podem favorecer bactérias causadoras de doenças!
Apesar de ainda serem consideradas um mito por algumas pessoas, as mudanças climáticas têm sido
comprovadas por pesquisadores de todo o mundo, assim como seus impactos aos mais diversos organismos.
O aumento na temperatura da água tem resultado, por exemplo, em alterações ecológicas, pois afeta
negativamente a fisiologia de plantas e animais marinhos. Mas parece que nem todos os organismos estão
se dando mal nessa história.
Segundo um artigo publicado recentemente na revista científica PNAS, águas mais quentes podem
favorecer alguns microrganismos procariontes, especialmente bactérias potencialmente causadoras de
doenças. As bactérias do gênero Vibrio, transmissoras da cólera e responsáveis pela morte de mais de 100
mil pessoas por ano, estão entre os microrganismos favorecidos pelo aumento na temperatura da água.
Para o estudo, pesquisadores europeus e americanos analisaram amostras de microrganismos marinhos
coletados entre os anos de 1958 e 2011 e as relacionaram com os padrões de temperatura da água em todos
estes anos. Seus resultados indicam que um aumento de apenas 1.5 °C na temperatura da água já foi
suficiente para promover um aumento nas populações da bactéria ao longo dos 54 anos analisados. Além
disso, este aumento na temperatura da água pode tornar ambientes antes inabitáveis mais propensos a
serem habitados pelas bactérias, facilitando a dispersão de novas doenças por todo o planeta.
De acordo com os pesquisadores, o grande problema a ser enfrentado nos próximos anos será a dificuldade
em controlar esta e outras espécies de bactérias patogênicas em países em desenvolvimento, onde os
sistemas sanitários ainda não eliminam de forma eficiente estes e outros microrganismos transmissores de
doenças. Um aumento no nível das águas em regiões costeiras também pode representar perigo para
populações humanas, pois reflete em uma maior exposição de pessoas aos microrganismos.
A partir de agora, os pesquisadores afirmam que este devem ser desenvolvidos novos métodos de detecção
de microrganismos marinhos, de forma que um aumento na população destes organismos possa ser
detectado de forma antecipada, facilitando o uso de ferramentas de para reduzir o impacto e proteger
populações humanas.
Fonte: PNAS
Este é um assunto que pode aparecer na sua prova do ENEM e demais vestibulares, contextualizando
questões de diversas áreas, como Ecologia, Parasitologia e Microbiologia. Confira a questão abaixo!
A cólera é uma doença infecciosa causada por uma bactéria descoberta em 1884, que posteriormente
recebeu o nome de Vibrio cholerae. Essa bactéria ataca o intestino humano fazendo com que o organismo
elimine grande quantidade de água e sais minerais, causando desidratação. Dentre as alternativas a seguir,
assinale aquela que NÃO é medida de prevenção desta doença.
a) Beber somente água filtrada ou fervida.
b) Lavar as mãos com sabão antes das refeições e ao deixar o sanitário.
c) Tomar vacina tríplice periodicamente.
d) Lavar, muito bem, e com água limpa, frutas, legumes e verduras antes de comê-los.
e) Evitar comer alimentos crus, principalmente verduras e peixes.
Resposta: alternativa c.
Alerta: DSTs causadas por bactérias estão se tornando intratáveis
Estamos em pleno ano de 2016 e apesar de toda a abundância de informação ainda ouvimos falar – e muito!
– sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Agora, segundo a OMS (Organização Mundial da
Saúde), um novo problema relacionado a essas doenças tem preocupado especialistas: algumas delas estão
se tornando intratáveis devido ao uso indiscriminado de antibióticos, é o caso da sífilis, gonorreia e
clamídia.
Sífilis, gonorreia e clamídia, graves problemas de saúde em todo mundo, são doenças sexualmente
transmissíveis causadas por bactérias e, por isso, na maior parte dos casos são tratadas com antibióticos.
Porém, já não é novidade que usar este tipo de medicamento de forma errada resulta na seleção de
bactérias resistentes, reduzindo as opções de tratamento e tornando as infecções por estas doenças
novamente uma ameaça às populações humanas. Já existem cepas da bactéria causadora da gonorreia,
por exemplo, que não respondem a nenhum medicamento disponível atualmente.
O uso indiscriminado de antibióticos está tornando algumas DSTs causadas por bactérias intratáveis.
Foto: autor desconhecido.
O problema é que, se não forem tratadas adequadamente, estas DSTs podem levar homens e mulheres à
infertilidade – no caso da gonorreia e clamídia – e a um maior risco de infecção pelo HIV – no caso das
três doenças. Em mulheres, elas podem levar a doenças inflamatórias na região pélvica, gravidez ectópica
e abortos espontâneos.
Sendo assim, a OMS recomendou novos tratamentos adaptados para cada uma destas doenças e reiterou
a necessidade de tratá-las com os antibióticos adequados, nas doses corretas e pelo tempo indicado.
Não se esqueça disso da próxima vez que um médico te receitar um antibiótico, seja lá qual for o motivo –
ainda que seja uma “simples” infecção na garganta. Mesmo que você se sinta melhor, nunca pare de tomálos por conta própria, antes do tempo estipulado. Caso contrário, você também estará colaborando para a
seleção de bactérias resistentes a antibióticos!
Ainda, vale ressaltar que a prevenção dessas doenças sexualmente transmissíveis ainda é a melhor
estratégia. Afinal, é como diz o velho ditado: é melhor prevenir do que remediar.
A melhor forma de lutar contra DSTs ainda é a prevenção. Foto: autor desconhecido.
Fonte: OMS.
Resistência a antibióticos e DSTs são dois assuntos que aparecem com frequência nos vestibulares e podem
aparecer na sua prova do ENEM e demais vestibulares. Confira abaixo uma questão que caiu no vestibular
da PUC-PR este ano!
Em outubro de 2010, a Anvisa, após alguns hospitais brasileiros sofrerem com um surto da bactéria
“KPC”, resolveu proibir a venda de antibióticos sem receita médica pelas farmácias. Com a nova regra, a
receita médica para antibióticos ficará retida na farmácia junto com os dados do comprador. A validade
da receita é de 10 dias, o que obriga o paciente a procurar novamente o médico em casos de persistência
da doença. Um dos objetivos da regra é mudar o hábito do brasileiro de se automedicar, uma vez que o
uso indiscriminado de antibióticos pode provocar
a) a resistência microbiana, a qual pode tornar a bactéria resistente ao medicamento, uma vez que o uso
indiscriminado de antibióticos pode induzir novas formas de bactérias.
b) a aquisição de resistência por indução de componentes antimicrobianos; com isso, as bactérias geram
cepas capazes de suportar os antibióticos.
c) a resistência microbiana desencadeada pela indução de formas genéticas modificadas pela troca de
pequenos plasmídeos (plasmídeo R) encarregados de levarem consigo genes que permitem a resistência
antimicrobiana.
d) a necessidade de mudança por parte da população bacteriana, que se torna resistente por alterações
genéticas impostas pelo uso dos antibióticos.
e) a redução da eficácia dos antibióticos devido à seleção de organismos resistentes.
Resposta: alternativa e. Os antibióticos são medicamentos, cujo uso descontrolado, provoca a seleção de
variedades bacterianas naturalmente resistentes aos seus efeitos.
Gene para resistência em bactérias é encontrado no Brasil
24 de Agosto de 2016
O desenvolvimento de medicamentos antibióticos facilitou muito nossa luta contra microrganismos
patogênicos e foi o responsável pela cura de milhões de pessoas em todo o mundo. Porém, o uso
indiscriminado deste tipo de medicamento vem resultando na seleção de bactérias resistentes, tornando as
infecções bacterianas novamente uma ameaça às populações humanas. Recentemente, um gene
responsável pela resistência de bactérias aos antibióticos mais poderosos foi encontrado em uma amostra
coletada em território brasileiro, preocupando não apenas pesquisadores de nosso país, mas de todo o
continente.
O gene, chamado mcr-1, foi encontrado em amostras isoladas de animais de produção e também de um
paciente humano internado em um hospital no Rio Grande do Norte. O paciente é diabético e possuía uma
infecção em um dos pés, de onde as amostras com a bactéria resistente foram coletadas. O gene mcr-1
torna as bactérias resistentes a antibióticos poderosos como a colistina, descoberta em 1949 e, até então,
um dos últimos recursos utilizado pela medicina mundial contra microrganismos resistentes.
A mera existência deste tipo de bactéria em nosso país assusta, pois pode indicar o início de novos casos de
bactérias resistentes. Porém, a pesquisa publicada a partir das amostras coletadas indica ainda outro dado
alarmante. O gene mcr-1 da bactéria brasileira localiza-se em um plasmídeo muito similar aos demais
plasmídeos identificados em bactérias resistentes ao redor do planeta, o que indica que este possa ser o
vetor para dispersão do gene. Os plasmídeos são pequenos DNAs circulares tipicamente encontrados em
bactérias e demais microrganismos procariontes, e sua transferência entre diferentes indivíduos ocorre
muito facilmente, através de um mecanismo conhecido como transferência horizontal de genes.
Até então, o gene mcr-1 havia sido encontrado em diversos outros países, mas em nenhum país da
América do Sul. Imagem: NRDC.
Como o paciente não possui histórico de viagens ao exterior e o plasmídeo da bactéria é parecido com o de
bactérias coletadas em países da Ásia, África, Europa e América do Norte, a conclusão que os
pesquisadores chegam é de que este gene realmente esteja sendo transmitido entre as bactérias. E a
velocidade com que esta transferência pode ocorrer, dispersando um gene por todo o globo, é realmente
impressionante!
O aparecimento de novas cepas de bactérias resistentes tem assustado pesquisadores da área, e cada vez
mais se torna necessária uma conscientização da população quanto à correta forma de utilização dos
antibióticos. Por isso, da próxima vez que você for ao médico e ele te receitar um destes medicamentos,
utilize-o exatamente da maneira recomendada, nas dosagens e dias corretos. Caso contrário, você também
pode estar contribuindo para a seleção de bactérias resistentes a antibióticos!
A Terra em alerta
O planeta esquenta e a catástrofe é iminente. Mas existe solução.
Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância.
Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais.
Derretimento dos pólos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano. Uma desordem
crescente ou entropia ambiental.
Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o
ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo
aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. Os desafios passaram a
ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar
o impacto do fenômeno.
Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e
revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para
buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as
principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro.
Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade
humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma
organização deste porte. Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera,
a temperatura média do planeta subirá 4ºC graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril,
tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação
dos oceanos e devastação em áreas costeiras.
A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o
homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de
0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes,
o número merece atenção.
O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias
limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as
emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera.
O aquecimento global não será contido apenas com a publicação dos relatórios do IPCC. Nem com sua conclusão
de que não sai tão caro reduzir as emissões de gases. Apesar de serem bons pontos de partida para balizar as
ações, os documentos não têm o poder de obrigar uma ou outra nação a tomar providências. Para a obtenção de
resultados significativos, o esforço de redução da poluição precisa ser global. O fracasso do Tratado de Kioto, ao
qual os Estados Unidos, os maiores emissores de CO2 do mundo, não aderiram, ilustra os problemas colocados
diante das tentativas de conter o aquecimento global.
1. O que é o efeito estufa?
O efeito estufa é o fenômeno natural pelo qual a energia emitida pelo Sol - em forma de luz e radiação acumulada na superfície e na atmosfera terrestres, aumentando a temperatura do planeta. De suma importância
para a existência de diversas espécies biológicas, o efeito estufa acontece principalmente pela ação de dióxido de
carbono (CO2), CFCs, metano, oxido nitroso e vapor de agua, que formam uma barreira contra a dissipação da
energia solar. A maioria dos cientistas climáticos crê que um aumento na quantidade desses gases provoca uma
elevação da temperatura da Terra.
2. A emissão desses gases está aumentando?
Com o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis cada vez mais intensos, a concentração desses
gases está aumentando, especialmente as de CO2 e metano. Desde 1800, a concentração de dióxido de carbono
na atmosfera cresceu 30%, enquanto a de metano aumentou 130%. Analisando camadas de gelo da Antártica,
cientistas europeus descobriram que o ritmo de aumento na concentração de CO2 é impressionante: nos últimos
150 anos, o gás propagou-se pela atmosfera do planeta cerca de 200 vezes mais rápido que nos últimos 650.000
anos.
3. Quais são os maiores emissores de gases do efeito estufa?
Os maiores emissores de gases responsáveis pelo efeito estufa são Estados Unidos, União Europeia,
China, Rússia, Japão e índia. Entre essas nações, os Estados Unidos - responsáveis por cerca de 36% do total
mundial - lideram as emissões tanto em termos absolutos como per capita. Entre 1990 e 2002, os EUA
aumentaram em 15% o nível de emissão de gases, chegando a 6 bilhões de toneladas ao ano. Para efeito de
comparação, todos os países membros da UE emitiram, juntos, cerca de 3,4 bilhões em 2002. A China, terceira
colocada no ranking, emitiu 3,1 bilhões de toneladas.
4. Quais são as evidências do aquecimento do planeta?
Há diversas evidências de que a temperatura global aumentou. Os termômetros subiram 0,6°C entre
meados do século XIX e o início do século XXI - desses, 0,5°C apenas nos últimos 50 anos. Outra evidência é a
elevação de 10 cm a 20 cm no nível dos oceanos nesse período. Além disso, as regiões glaciais do planeta estão
diminuindo: em algumas zonas do Ártico, por exemplo, a cobertura de gelo encolheu até 40% em décadas
recentes. Cientistas também consideram prova do aquecimento global a diferença de temperatura entre a
superfície terrestre e a troposfera - zona atmosférica mais próxima do solo.
5. Quanto a temperatura pode subir?
Os atuais modelos científicos preveem que, se nada for feito, a temperatura global pode aumentar entre
1,4ºC e 5,8ºC até 2100. Cientistas menos otimistas acreditam que a temperatura de certas áreas do globo pode
subir até 8ºC no período, e que, mesmo com um corte radical na emissão de gases, os efeitos do aquecimento
continuarão. Isso porque são necessárias décadas para que as moléculas dos gases que já estão na atmosfera sejam
desfeitas e parem de acumular energia solar em excesso.
6. Os atuais modelos de previsão de clima são confiáveis?
Os debates em torno da eficácia e precisão dos atuais modelos de previsão climática são acalorados. Uma
minoria científica crê que os sistemas computadorizados são demasiadamente simplificados, incapazes de simular
as complexidades do clima real. Porém, a maior parte comunidade científica mundial defende que as atuais
análises feitas em computador, apesar de precisarem ser aperfeiçoadas, já são confiáveis para simulações de
futuro próximo - intervalos de 25 ou 30 anos.
7. Quais serão os principais efeitos do aquecimento?
Os cientistas climáticos são unânimes em afirmar que o impacto do aquecimento será enorme. A maioria
prevê falta de agua potável, mudanças drásticas nas condições de produção de alimentos e aumento no número
de mortes causadas por inundações, secas, tempestades, ondas de calor e fenômenos naturais como tufões e
furacões. Além disso, pesquisadores europeus e americanos estimam que, caso as calotas polares derretam, haverá
uma elevação de cerca de 7 metros no nível dos oceanos. Outro impacto provável a extinção de diversas espécies
animais e vegetais.
8. Quais países serão mais afetados?
Apesar de os grandes responsáveis pelo aquecimento global serem as nações desenvolvidas da América
do Norte e Europa Ocidental, os chamados países em desenvolvimento serão os que mais sentirão efeitos
negativos. Isso acontecer é porque essas nações possuem menos recursos financeiros, tecnológicos e científicos
para lidar com os problemas de inundações, secas e, principalmente, com os surtos de doenças decorrentes. A
malária, por exemplo, deve passar a matar cerca de 1 milhão de pessoas ao ano com o aquecimento do planeta.
9. Quais espécies animais serão mais afetadas?
Segundo as estimativas da Convenção das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCCC), a maioria
das espécies atualmente ameaçadas de extinção pode deixar de existir nas próximas décadas. As projeções
indicam que 25% das espécies de mamíferos e 12% dos tipos de aves seriam totalmente banidos do planeta com
o aumento da temperatura, que provocaria mudanças drásticas principalmente nos frágeis ecossistemas florestais
e pantanosos.
10. Como impedir um aquecimento global exagerado?
Cientistas e engenheiros defendem que a solução para o aquecimento global exagerado está no
desenvolvimento de tecnologias energéticas que emitam menos dióxido de carbono. Entre as mais pesquisadas
atualmente estão a fissão nuclear, células combustíveis de hidrogênio, desenvolvimento de motores elétricos e
também o aprimoramento de motores a combustão pela diminuição do consumo e pela diversificação de
substâncias combustíveis. No Brasil, ganha destaque o desenvolvimento de matrizes energéticas de origens
vegetais, como o etanol, o biodiesel e também o Hbio.
11. Qual a importância do Protocolo de Kioto para conter o aquecimento?
O protocolo de Kioto - que entrou em vigor em fevereiro de 2005 e conta com a participação de 163
nações - preveem que até 2012 seus signatários reduzam as emissões combinadas a níveis 5% abaixo dos índices
de 1990. A eficácia do acordo, contudo, é limitada, pois até o momento os Estados Unidos, maior emissor mundial
de dióxido de carbono, não ratificaram o pacto. Especialistas acreditam que as resoluções de Kioto apenas
combatem a camada mais superficial do problema do aquecimento global.
Guerra contra o Terror” aumentou número de refugiados e terrorismo no mundo.
Os bárbaros atentados terroristas que mataram 129 e feriram 352 pessoas, muitas gravemente, no dia 13 de
novembro em Paris, França, causaram grande comoção em todo o mundo tanto por sua covardia quanto pelas
dezenas de pessoas mortas que apenas saíram de suas casas para assistir a um show de rock, ir a um restaurante
ou passear pelas ruas da cidade. Esses atos terroristas se somam à explosão do avião russo por uma bomba logo
após decolar da cidade de Sharm El-Sheikh, no litoral do Egito, que matou, no dia 31 de outubro, em pleno voo,
224 passageiros, mais a explosão de duas bombas que assassinaram 43 libaneses na periferia de Beirute, Líbano,
no dia 12 de novembro, e ao ataque a um ônibus, no último dia 24, em Túnis, capital da Tunísia, matando 13
pessoas e deixando 20 feridos. Todos esses covardes atentados foram reivindicados pelo autoproclamado Estado
Islâmico, organização de extrema direita que usa o fundamentalismo religioso para justificar seus crimes, a tirania
de seus chefes, a escravização das mulheres e o desrespeito aos mais elementares direitos humanos.
Tais atentados são tão inaceitáveis e cruéis quanto os criminosos bombardeios que os países imperialistas, em
particular, os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, e, mais recentemente, a Rússia, realizam há quatro anos
na Síria, que segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres,
assassinaram mais de 250 mil sírios, entre eles, 12 mil crianças.
Um desses bombardeios, no dia 31 de outubro, de acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF),
atingiu vários hospitais nas províncias sírias de Idleb, Aleppo e Hama, mataram 35 e feriram 72 pessoas.
Além dos mortos e mutilados causados pela guerra imperialista contra a Síria, mais de 4 milhões de sírios foram
forçados a abandonar o país para sobreviverem: 1,9 milhão estão na Turquia; 1,1 milhão no Líbano; 630 mil na
Jordânia e cerca de 800 mil na Europa, principalmente na Grécia e na Itália.
Infelizmente, o genocídio do povo sírio pelas potências imperialistas não recebeu nenhuma condenação dos
chefes de governos dos 20 países mais ricos do mundo que se reuniram nos dias 15 e 16 de novembro na cidade
turca de Antalya. Todos lamentaram as mortes de Paris, mas nada disseram sobre os milhares de civis mortos ou
das 12 mil crianças sírias que morreram devido à guerra em quatro anos.
Também os grandes meios de comunicação sob controle da burguesia esqueceram de mencionar quando faziam
a cobertura dos atentados de Paris que, naquele exato momento, centenas de mulheres, jovens e crianças morriam
na Síria por causa dos bombardeios da França, do Reino Unido, dos EUA e da Rússia.
É uma pena, pois, como bem declarou o correspondente do jornal inglês The Independent e autor do livro The
Rise of Islmacic State (A Ascensão do Estado Islâmico), “O Estado Islâmico é filho da Guerra. Floresce em
situações de total conflito, particularmente quando é um conflito sectário”.
Esta também é a opinião do senador democrata pelo estado de Vermont, EUA, Bernie Sanders, que declarou em
debate com Hillary Clinton, em 14 de novembro: “Eu diria que a desastrosa invasão do Iraque, à qual eu me opus
fortemente, levou ao surgimento da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Acho que foi um dos piores erros de política
externa dos Estados Unidos”.
A origem
A guerra imperialista contra a Síria começou logo após os grandes protestos populares, em março de 2011, que
exigiram o fim das prisões arbitrárias, da repressão e da corrupção da ditadura de Bashar al-Assad, sucessor de
seu pai Hafez Al-Assad, e que governou a Síria de 1971 a 2000. Com o enfraquecimento de Bashar Al-Assad, os
EUA, o Reino Unido e a União Europeia viram uma boa oportunidade para derrubar um governo que é aliado da
Rússia, além de garantir o controle sobre um país que tem reservas de 2,5 bilhões de barris de petróleo, outros
bilhões de metros cúbicos de gás natural e está localizado na estratégica região do Oriente Médio (Síria faz
fronteira com Iraque, Israel, Jordânia, Turquia, Líbano e Mar Mediterrâneo). Assim, uma nova guerra
imperialista foi iniciada, primeiro com o envio de 60 mil mercenários e o financiamento de grupos de oposição,
entre eles organizações terroristas que eram contra o governo sírio e que viriam depois a se unir ao Estado
Islâmico do Iraque e do Levante (EILL) ou ISIS, na sigla em inglês.
Para desencadear a guerra contra a Síria, as potências imperialistas, mais uma vez, usaram da mentira de que o
país possuía depósitos de armas químicas e biológicas e que iria empregá-las contra seu povo. Em agosto de
2011, o presidente Barack Obama declarou: “Vamos ser muito claros com o regime Assad, mas também com
todos os outros combatentes, que a linha vermelha será quando começarmos a ver um monte de armas químicas
sendo movidas e usadas. Isso mudará nosso cálculo”.
Apesar da inspeção realizada pela agência da ONU não ter encontrado nenhum depósito de armas químicas, a
guerra contra a Síria foi decretada.
O Estado Islâmico (EI) que, desde 2003, vinha crescendo suas fileiras na luta contra a ilegal e sanguinária guerra
que as potências imperialistas do Ocidente desencadearam contra o Iraque com o também mentiroso pretexto de
que o país possuía “poderosas armas químicas”¹, estendeu suas ações para a Síria. Beneficiado pela enorme
destruição que os EUA, o Reino Unido e os 46 países que integraram a Coalizão Militar Internacional contra o
Iraque realizaram no país e pelo corrupto exército de mercenários que formaram, o Estado Islâmico foi capturando
várias importantes cidades iraquianas sem ter que travar sequer alguma difícil batalha. Em 29 de junho de 2014,
quando capturou a cidade iraquiana de Mossul, o EI decidiu criar nas áreas sob controle no Iraque e na Síria, o
califado Estado Islâmico.
Quem financiou o Estado Islâmico
Além de nada fazerem para impedir o avanço do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, os países
imperialistas ajudaram-no com o objetivo de usá-lo para acelerar a queda do governo de Bashar Al-Assad.
De acordo com Pierre Terzian, presidente da Petrostrategies, uma das principais consultorias de Petróleo da
Europa, apesar de os Estados Unidos e o Reino Unido saberem que o Estado Islâmico controlava e explorava
vários poços de petróleo no Iraque e na Síria, tendo sua exata localização, nunca bombardearam essas áreas: “Faz
14 meses que a coalizão bombardeia posições dos terroristas, mas os campos de petróleo raramente foram
atingidos”, afirmou Terzian.
Segundo o especialista, o sistema de contrabando de petróleo começou a funcionar no Iraque nos anos 1990, na
época em que o país sofria sanções internacionais. Empresas privadas foram então criadas para transportar o
produto de caminhão até a Turquia, onde era refinado legalmente. Este sistema foi tolerado pelas Nações Unidas
na época e herdado pelo Estado Islâmico assim que o grupo chegou ao poder em partes do Iraque e da Síria. Os
caminhões, as estradas, as refinarias e os intermediários: tudo estava lá”. Terzian afirma ainda que quando o preço
do petróleo atingiu US$ 100, em 2014, o EI vendia o barril a US$ 30 e, assim, conseguiu em apenas um ano ,
acumular mais de US$ 1 bilhão. Apenas na cidade de Mossul, no Iraque, sob controle do Estado Islâmico, são
produzidos dois milhões de barris por dia.
Todas essas informações foram confirmadas pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em entrevista à imprensa
ao final da reunião do G20 na Turquia. Segundo Putin, empresários de 40 países, inclusive de países-membros
do G20, compram petróleo do EI e o revendem por preço mais elevado no mercado internacional. O presidente
russo disse ainda que a Rússia apresentou aos países do G20 imagens de aviões espiões exibindo a exploração e
venda de petróleo pelo Estado Islâmico a esses empresários.
Não bastasse, além das receitas provenientes da venda ilegal de petróleo, o EI recebeu direta e indiretamente
armas e veículos militares da Arábia Saudita, do Qatar, de Israel e da Turquia para combater o governo sírio. De
fato, relatório secreto elaborado para o Pentágono, em agosto de 2012, afirmou que “o Ocidente, os países do
Golfo e a Turquia apoiam a oposição, composta principalmente por muçulmanos salafistas, a Irmandade
Muçulmana e a Al-Qaeda no Iraque”. Porém, somente no dia 22 de junho de 2014, o secretário de Defesa dos
EUA, John Kerry, pediu formalmente aos países árabes aliados para suspender a ajuda ao Estado Islâmico.
Também o site Deutsche Wirtschafts Nachrichten afirmou que os Estados Unidos forneceram à Frente Al Nusra,
considerado um ramo sírio da Al-Qaeda, dezenas de veículos da marca japonesa Toyota, que depois foram parar
nas mãos do Estado Islâmico. Por isso, é comum fotos e vídeos mostrarem os membros do EI usando os veículos
Toyota Suvs.
Mais: no dia 31 de outubro, após realizar sete ataques aéreos na Síria, o vice-secretário de Estado norte-americano,
Antony Blinken, anunciou uma nova ajuda americana aos opositores do governo sírio de US$ 100 milhões,
totalizando cerca de US$ 500 milhões, em 2015.
A quem servem os atentados terroristas
A verdade é que, apesar das falsas lágrimas derramadas e
dos discursos comovidos, os países imperialistas são os maiores beneficiários dos atentados terroristas.
Certamente, a cada novo atentado, esses governos têm um novo pretexto para justificar o aumento dos gastos
militares ou para iniciar uma nova guerra contra o terror. Assim, tem sido desde os atentados às torres gêmeas
em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, quando a primeira “Guerra ao Terror” foi declarada por George W.
Bush contra a Al Qaeda e Bin Laden. Alguns dias depois, os EUA, apoiados pelo Reino Unido, invadiram o
Afeganistão.
Em 2003, a “Guerra contra o Terrorismo” foi estendida contra Saddam Hussein e o Iraque. Passaram alguns anos
e veio a guerra contra a Líbia e o governo de Muammar al-Gaddafi desenvolvida pelos EUA, Reino Unido,
França, Itália e Canadá.
Após várias ameaças de que poderiam atacar o Irã², os EUA e o Reino Unido começaram a guerra contra a Síria.
Alguns meses depois, também em nome da luta contra o terrorismo, a França invadiu o Mali, na África. Houve
e ainda há a guerra na Ucrânia pela divisão do país e a disputa por suas terras férteis e minérios entre a Rússia, a
União Europeia e os Estados Unidos. No momento, vemos o descomunal aumento dos bombardeios contra o
povo sírio, isso sem contar as constantes agressões de Israel ao povo palestino, a derrubada de um avião russo
pela Turquia, as guerras na Somália e no Iêmen, o golpe militar em Burkina Fasso, etc.
Com efeito, assim que começa uma guerra contra um país, novos grupos terroristas são formados e novos
atentados realizados, pois, como certa vez disse o filósofo grego Demócrito (470 a.C-360 a.C.), “Nada se produz
sem causa”.
O que os senhores da guerra defendem?
Em resumo, após 14 anos, o resultado da chamada “Guerra ao Terror” declarada pelos EUA e demais países
imperialistas foram mais atentados e a criação do temido Estado Islâmico, além da destruição de vários países, a
morte de mais de dois milhões de pessoas e outros milhões de refugiados.³
Portanto, apesar dos discursos dos chefes de governos e do embelezamento que os grandes meios de comunicação
fazem da chamada “guerra contra o terrorismo”, dizendo que é uma guerra em defesa da liberdade no mundo, os
fatos mostram que se trata de uma guerra imperialista, ou seja, uma guerra para oprimir povos e dominar países,
para se apropriar das riquezas e dos mercados dessas nações.
Sem dúvida, são guerras que arruínam nações e produzem milhões de refugiados que passam a viver em
acampamentos em condições subumanas, sem escolas e sem hospitais, dormindo em barracas ou que vagam pelo
mundo com fome, debaixo de frio e sofrendo todo tipo de humilhação para manter vivos seus filhos, pois nas
cidades onde deveriam estar vivendo com suas famílias, diariamente se jogam toneladas de bombas.
A fascistização dos governos
Por outro lado, as guerras imperialistas permitem que os governos burgueses declarem estados de emergência ou
de sítio e desta forma adotem leis fascistas para proibir manifestações pacíficas, como faz agora a França ao
reprimir uma marcha em defesa do meio-ambiente, controlar a imprensa, invadir casas, prender pessoas sem
determinação judicial, eliminar o direito de ir e vir, transformar todo estrangeiro num inimigo, dissolver
entidades, suspender os direitos civis, vigiar e reprimir os movimentos sociais e, em particular, os partidos
revolucionários que lutam contra as guerras, pela revolução e pelo fim do capitalismo, causa maior de todo o
sofrimento e das guerras existentes no mundo4.
Essas guerras também servem de desculpa para o aumento dos gastos militares e a criação de novas armas. Em
setembro deste ano, o Exército norte-americano contratou da empresa americana Oshkosh Defense, por US$ 6,7
bilhões (R$ 26 bilhões), 17 mil novos veículos militares JLTVs para as Forças Armadas com blindagem
antiexplosivos e desenvolvidos com base nas guerras no Afeganistão e no Iraque. Também serão fabricados mais
50 mil veículos JLTV para o Exército e a Marinha dos EUA. Note-se que, embora o arsenal nuclear existente no
mundo já seja suficiente para armar cada país com 85 bombas atômicas, apenas seis países (EUA, Rússia, França,
Reino Unido e China) possuem mais de 98% dessas armas nucleares, e, de acordo com a ONG Global Zero, entre
2010 e 2020, os países imperialistas investirão cerca de US$ 1 trilhão para fabricar e modernizar os armamentos
nucleares. Só em 2011, os EUA gastaram US$ 61,3 bilhões na melhoria de seu arsenal nuclear. É claro que tudo
isso são ações não para combater grupos terroristas mas para declarar guerras e invadir países.5
Consequentemente, a “Guerra ao Terror” proclamada por George W. Bush (EUA), continuada por Barak Obama
(EUA), e, agora, bradada por François Hollande (França), Angela Merkel (Alemanha), David Cameron (Reino
Unido) e Vladimir Putin (Rússia), entre outros, é, na realidade, uma guerra com objetivos imperialistas, isto é,
visa a saquear as nações que são fontes de matérias-primas (petróleo, gás, minérios estratégicos, etc.), estabelecer
governos que sejam seus servos ou meros marionetes e ampliar bases militares para que a oligarquia financeira e
os donos da indústria armamentista e dos monopólios petroleiros obtenham enormes lucros.6
Na realidade, essas guerras são propagandeadas pelos governos dos países ricos e pelos meios de comunicação
burgueses como guerras contra o terrorismo apenas com a finalidade de enganar e desviar a atenção das massas
operárias e populares das consequências da grave crise econômica em que vive esses países e da incapacidade
dos governos burgueses de a resolverem.
Somos todos alvos
Em outras palavras, a “Guerra ao Terror” serve para que os países imperialistas repartam o mundo segundo a sua
força militar, imponham seus injustos acordos comerciais, como o Tratado Transpacífico (Trans Pacific
Partnership – TPP), liderado pelos EUA e Japão, que controlam 40% da economia mundial, aprofundem o caráter
militarista do Estado capitalista e mantenham sua hegemonia apesar da decadência da economia capitalista.
Os países imperialistas são, portanto, os verdadeiros senhores da guerra, e, por essa razão, não é possível destruir
os grupos terroristas se não destruirmos também aqueles que os financiam e os ajudam a crescer. Dessa maneira,
a luta pela paz no mundo deve exigir a imediata destruição de todas armas nucleares existentes, nenhum gasto
militar a mais e, em particular, o fim de um sistema econômico e político que é baseado na rivalidade econômica
entre Estados e monopólios, no saque das riquezas dos povos e no domínio do mercado mundial.
É claro que há países que são dominados pelas potências imperialistas e não foram invadidos ou bombardeados,
mas podem perfeitamente ser os próximos alvos no futuro, além de serem hoje espoliados por outros mecanismos
de dominação. Um deles, como se sabe, é a dívida pública (externa e interna) que obriga aos países a pagarem
mensalmente fortunas aos credores, bancos e fundos de investimentos, em vez de usarem o dinheiro dos impostos
pagos pela população para melhorar a educação, a saúde e as condições de vida. Outro é a instalação de
multinacionais que exploram o petróleo, o gás, roubam os minérios desses países ou simplesmente enviam bilhões
em remessas de lucros para os países ricos.
Os senhores da guerra e da exploração
A verdade é que, seja por meio das guerras ou por outra forma de espoliação, a imensa maioria das nações e dos
povos são explorados para enriquecer uma ínfima minoria de grandes bilionários que se constituem nos maiores
tiranos que já existiram na história da humanidade.
Com efeito, documento da organização britânica Oxfan intitulado Working for the Few (“Trabalhando Para
Poucos”), constatou que as 85 pessoas mais ricas do mundo têm um patrimônio de US$ 1,7 trilhão, o que equivale
ao patrimônio de 3,5 bilhões de pessoas, as mais pobres do mundo. O relatório também afirma que a riqueza do
1% das pessoas mais ricas do mundo equivale a um total de US$ 110 trilhões, 65 vezes a riqueza total da metade
mais pobre da população mundial.
É evidente, pois, que este sistema capitalista que espalha crises econômicas, desemprego, milhões de refugiados,
ameaça de destruição a natureza, já realizou duas Grandes Guerras Mundiais, que mataram 90 milhões de pessoas,
e agora, ameaça iniciar outra Guerra Mundial, existe para satisfazer a uma pequena e minúscula classe, a classe
capitalista que, para manter-se viva, subordina o ser humano ao supremo objetivo do lucro máximo e da
sacrossanta propriedade privada dos meios de produção. A solução é a sua substituição por um novo sistema que
tenha como objetivo principal, em vez do lucro, a satisfação das necessidades do ser humano, em vez da
exploração do homem e da mulher, a união e a colaboração, e propague, em vez da guerra entre as nações e os
povos, a paz e a fraternidade.
Daqui a dois anos, mais exatamente em novembro de 2017, completam-se 100 anos que a humanidade iniciou a
caminhada pela construção desse novo sistema, a sociedade socialista, com a vitória da gloriosa Revolução de
Outubro. Ali, como disse Lênin, quebrou-se o gelo, e mostrou-se a via. Trata-se agora, enfrentando as dificuldades
que estão à nossa frente e as que surgirão, de concluir essa obra, levá-la à vitória final em nosso país e no mundo.
Os senhores das guerras e dos atentados precisam ser destruídos. Esta tarefa só um exército de homens e mulheres,
que seja guiado pelo marxismo-leninismo, pelo bem da humanidade e da natureza, poderá cumpri-la.
(Lula Falcão é diretor de Redação do jornal A Verdade e membro do Comitê Central do Partido Comunista
Revolucionário)
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