Revista Brasileira de Geografia Física

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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
Oscilação Decadal do Pacífico e Multidecadal do Atlântico
no Clima da Amazônia Ocidental
Leydson Galvíncio Dantas1, José Ivaldo Barbosa de Brito2, Herika Pereira de Rodrigues3,
Rafaella de Araújo Aires4, Danilo Ericksen Costa Cabral5
1
Estudante de Graduação em Meteorologia; Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas-UFCG. E-mail:
[email protected]. 2Meteorologista. Professor, Doutor; Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas UFCG. 3Centro de Previsão e Estudos Climáticos-CPTEC-GPC. 4,5Estudante de Graduação em Meteorologia; Unidade
Acadêmica de Ciências Atmosféricas-UFCG.
Artigo recebido em 04/10/2012 e aceito em 09/10/2012
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal verificar a influência das Oscilações Decadais do Pacífico e Multidecadais do
Atlântico nos índices extremos de precipitação e temperatura do ar da Amazônia Ocidental. Foram utilizados dados
diários de precipitação e temperatura do ar (mínima e máxima), distribuídas em ponto de grade, oriundas da reanálise
do Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo (ECMWF), para o período de 1961 a 2001. Também foram
utilizadas informações de índices de teleconexões PDO e AMO extraídos do Home Page dos Centros Nacionais de
Previsão Ambiental do Estados Unidos da América (NCEP). Utilizou-se os softwares Fortran, Excel e RClimdex para
fazer o tratamento dos dados e análise de tendências, análises de regressões e testes estatísticos, para cálculo dos
coeficientes de correlação. Observou-se que os de índices extremos climáticos como amplitude térmica, temperaturas
máxima e mínima e total anual de precipitação estão correlacionados com os índices de teleconexões. Portanto,
concluiu-se que os índices de extremos climáticos da Amazônia Ocidental são influenciados pelos índices PDO e AMO.
Palavras - chave: Teleconexões, Oceanos, Florestas Tropicais
Pacific Decadal Oscillations and Multidecadal Atlantic
in the Western Amazon Climate
ABSTRACT
The main objective this work was to verify the influence of the Pacific Decadal Oscillation and the Atlantic
Multidecadal Oscillation over the extreme climatic indices from precipitation and air temperature on the Western
Amazon. We used daily data of precipitation and minimum and maximum air temperature. The data are distributed in
grid point. They are from the reanalysis of the European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF) for
the period1961 to 2001. We also used the information of teleconnection PDO and AMO indices extracted from the
home page of the National Centers for Environmental Prediction of the United States of America (NCEP). We used the
Fortran, Excel and RClimdex to the processing of data, and tendency analysis. The regression analysis and statistical
tests were used to estimate correlation coefficients. It was observed that climate extremes indices as thermal amplitude,
maximum and minimum temperatures and total annual precipitation are correlated with the teleconnection indices.
Therefore, it was concluded that the indices of climate extremes in the Western Amazon are influenced by the PDO and
AMO indices.
Keywords: Teleconnections, Oceans, Rainy forest
1. Introdução
Antes da década de 1960 a presença
principais rios navegáveis e na cidade de
Manaus.
A
maior
mudança
na
região
humana na Amazônia estava limitada à região
começou nas décadas de 1960 e 1970, durante
costeira, e nas áreas próximas às margens dos
o
*
E-mail
para
correspondência:
[email protected] (Dantas, L.G.).
regime
militar,
governamentais
como
devido
a
às
ações
construção
de
rodovias com o objetivo de povoar a região e
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
600
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integrá-la ao resto do país. De acordo com
brasileiro pela borda setentrional da região
Alves (2002), o desflorestamento atual tende
Nordeste e quando chegam na Amazônia
a ocorrer próximo as áreas previamente
absorve muito vapor d’água e atinge os Andes
desflorestadas,
mostrando
padrão
que funciona como um acelerador e uma
espacialmente
dependente,
concentrando
barreira que aumentam a circulação dos Jatos
numa faixa de 100 km das principais rodovias
e os desviam rumo ao Sul (Berbery e Barros,
e zonas de desenvolvimento da década de
2002). Existe uma relação direta entre o
1970. Durante a última década, o processo de
SALLJ e as chuvas que caem na bacia do
ocupação
sido
Prata, devido ao transporte de umidade e
associado com a concentração da posse de
aerossóis da região amazônica para as regiões
terra,
subtropicais da América do Sul (Berbery e
humana
na
desigualdades
relacionados
com
a
um
região
tem
sociais,
terra,
conflitos
violência
e
Barros, 2002).
atividades ilegais. O crescimento da demanda
De acordo com Hutyra et al. (2005),
regional e externa por carne bovina e o
eventos climáticos extremos, como secas
potencial de expansão de colheitas (soja)
induzidas tanto pela variabilidade climática
mecanizadas são as principais ameaças à
natural
floresta.
circulação do Atlântico, que causaram a seca
(por
exemplo,
dos
padrões
de
Segundo levantamento do Instituto
de 2005 na Amazônia ocidental, e dos eventos
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a
El Niño) quanto pelas atividades humanas,
região sudeste-sul-sudoeste da Amazônia
podem fragmentar a Floresta Amazônica e
(Pará, Mato Grosso e Rondônia) são as
transformar grandes áreas em savana. Hutyra
regiões mais afetadas pelo desflorestamento
et al. (2005) chegaram a esta conclusão por
(INPE, 2005). Além disso, considerando
meio das análises do mapeamento de áreas de
vários anos de monitoramento, observou-se
floresta mais sensíveis à seca utilizando
que até o ano de 1998, aproximadamente 15%
registros de precipitação dos últimos 100
da
anos. A região que se estende do Tocantins à
floresta
Amazônica
havia
sido
desflorestada.
Guiana seria a mais afetada. Essas projeções
Estudos indicam que a perda da
corroboram com resultados de modelos de
floresta pode mudar os níveis de precipitação
simulação para o futuro do clima na
em vastas áreas do território da América do
Amazônia (BETTS et al., 2004), que indicam
Sul, como o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do
uma maior frequência e intensidade de
Brasil. O Jato de Baixos Níveis na América
eventos de seca ao longo da segunda metade
do Sul (SALLJ), ao leste dos Andes, está
do século XXI. Como salientado pelos autores
associado aos ventos alísios do Oceano
desses trabalhos, as incertezas dos modelos
Atlântico Tropical, que penetram no território
ainda são altas, mas a tendência de uma parte
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
da
Amazônia
ter
clima
mais
seco
é
acima da superfície do período de 1961 a
2001 da Amazônia Ocidental (Roraima,
evidenciada.
Segundo o IPCC (2007) as chuvas e
Amazonas, Acre, Rondônia), disponibilizados
vazões de rios na Amazônia e no Nordeste
em ponto de grade com resolução de 2,5o x
apresentam variabilidades interanual e em
2,5o, e de índices de PDO e AMO disponíveis
escala de tempo interdecadal, que são mais
no site do NCEP (National Centers for
importantes que tendências de aumento ou
Environmental Prediction).
redução. Estas variabilidades estão associadas
Para a análise dos dados foram
a padrões de variação nas mesmas escalas de
utilizados os softwares Fortran, Excel e
tempo nos oceanos Pacífico e Atlântico, com
RClimdex e realizadas análises de regressão e
a variabilidade interanual associada a El Niño
correlação por meio do método dos mínimos
Oscilação Sul, ENOS, ou a Oscilação do
quadrados. A significância estatística foi
Atlântico Norte (North Atlantic Oscillation –
verificada por testes F de Fisher (rotina
NAO), e a variabilidade decadal com a
interna do RClimdex), t de Student e não
Oscilação
(Pacific
paramétricos de Run e de Mann-Kendall. A
Decadal Oscillation – PDO), no Pacífico, e
seguir são mostrados os passos para os
com a Oscilação Multidecadal do Atlântico
cálculos do coeficiente de correlação, dos
(Atlantic Mutidecadal Oscillation – AMO),
testes t de Student e não paramétricos.
Decadal
do
Pacífico
no Atlântico.
O coeficiente de correlação entre duas
Portanto, o objetivo desta pesquisa foi
variáveis meteorológica, X (OMA, ODP) e Y
verificar
(precipitação, temperatura do ar) pode ser
a
variabilidade
e
tendências
interanual e interdecadal da precipitação e
calculado pela seguinte equação:
temperaturas máximas e mínimas do ar da
Amazônia
Ocidental,
possíveis
influências
além
de
de
analisar
(1)
oscilações
interdecadais do Pacífico e Atlântico no
onde r é o coeficiente de correlação linear
Clima da Amazônia Ocidental.
entre as variáveis X e Y. Para a realização
deste cálculo é necessário ter uma amostra
com n valores xi da variável X e também n
2. Material e Métodos
No presente trabalho foram usados
dados de reanálise do projeto ERA-40 do
valores yi da variável Y. Para cada valor xi da
variável X existe um valor yi da variável Y.
O
Centro Europeu de Previsão de Tempo de
coeficiente
de
correlação,
r,
Médio Prazo (ECMWF - European Center for
apresenta valores no intervalo de -1 (menos
Medium-Range
de
um) a 1 (um). Quando o valor de r é igual a
precipitação e temperatura do ar em 2 m
+1, ou a -1, a correlação é dita perfeita. O
Weather
Forecasts),
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
sinal indica o sentido da correlação se positiva
correlação apresenta um nível de significância
indica que Y cresce quando X também cresce
p, calcula-se um rc (r crítico) tal que o módulo
e se negativa indica que Y decresce quando X
do r observado seja maior ou igual arc, ou
cresce.
seja, r>rc, onde rc é dado por:
A
significância
estatística
de
(3)
coeficientes de correlação pode ser obtida
No presente estudo o período de dados
pelo teste t de Student, que de acordo com
Cecon et al. (2012) para um coeficiente de
correlação, r, a estatística t é obtida pela
utilizado foi de janeiro de 1961 a dezembro de
2001, ou seja, 41 anos de dados o que
corresponde a 41 pares de números para os
seguinte equação:
cálculos dos coeficientes de correlações, r.
(2)
Portanto, de acordo com o teste t de Student a
A Equação 2 apresenta o cálculo de t
para n-2 graus de liberdade. Então, para
correlação é estatisticamente significativa
conforme a Tabela 1.
verificar se um determinado coeficiente de
Tabela 1. Nível de significância estatística dos coeficientes de correlação, r, para uma amostra com
41 pares de dados.
O
teste
Run
é
um
teste
não
período de registros.
paramétrico apresentado por Thom (1966),
Se a sequência contém N1 símbolos de
que é usado para avaliar se uma série ocorre
um tipo, e N2 símbolos de outro tipo (e N1 e
aleatoriamente.
a
N2 não são muito pequenos), a distribuição
contagem do número de oscilações dos
amostral do número de Runs total pode ser
valores acima e abaixo da mediana, numa
aproximada pela distribuição normal com
série de dados naturalmente ordenada. O
média:
Consiste
em
realizar
número de oscilações é chamado de Run, e
deve-se testar se o valor observado está dentro
da faixa de distribuição considerada normal.
(4)
e a variância da distribuição pode ser
estimada por:
Um valor alto de Run indica muitas
(5)
oscilações, e valores baixos indicam um
desvio em relação à mediana durante o
onde u representa o número de Runs. Por isso,
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
603
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
a hipótese nula de que a distribuição dos
temporal de Xi de N termos (1≤i≤N); o teste
símbolos ocorre normalmente, e que a
consiste na soma tn do número de termos mi da
amostra é aleatória, pode ser testada com base
série, relativo ao valor Xi cujos termos
na estatística:
precedentes (j<i) são inferiores ao mesmo
(Xj<Xi), isto é:
(6)
Este
valor
calculado
pode
(8)
ser
Para séries com grande número de
comparado com valores dez para distribuição
normal. Para o nível de significância de 5%, z
deve estar entre -1,96 e 1,96. Caso z calculado
seja maior que o valor tabelado, deve-se
termos (N), sob a hipótese nula (Ho) de
ausência de tendência, tn apresentará uma
distribuição normal com média e variância:
(9)
rejeitar a hipótese de nulidade.
A análise de regressão pode ser
(10)
utilizada para indicar alterações climáticas por
Testando a significância estatística de
meio do teste de significância do coeficiente
tn para a hipótese nula usando um bilateral,
angular. Considerando a equação da reta do
esta pode ser rejeitada para grandes valores da
tipo:
estatística u(t) dada por:
(7)
(11)
o teste consiste em determinar o intervalo de
O
confiança do coeficiente a, sendo que se este
valor
da
probabilidade
α1
é
intervalo não inclui o valor zero, a tendência é
calculado por meio de uma Tabela da normal
significativa.
reduzida tal que:
(12)
O teste de Mann-Kendall, proposto
inicialmente por Sneyers (1975), considera
a hipótese nula é rejeitada, ou não, a um nível
que, na hipótese de estabilidade de uma série
de significância αo se α1>αo ou α1<αo,
temporal, a sucessão de valores ocorre de
respectivamente. Em geral, considera-se o
forma independente, e a distribuição de
nível de significância do teste αo=0,005. A
probabilidade deve permanecer sempre a
hipótese nula é rejeitada quando existe uma
mesma (série aleatória simples). Goossens&
tendência significativa na série temporal. O
Berger (1986) afirmam que o teste de Mann-
sinal da estatística u(t) indica se a tendência é
Kendall é o método mais apropriado para
crescente (u(t)>0) ou decrescente (u(t)<0).
analisar mudanças climáticas em séries
O ponto de início da mudança pode ser
climatológicas e permite também a detecção e
determinado aplicando-se o mesmo princípio
localização aproximada do ponto inicial de
a série inversa. Neste caso, computa-se o
determinada tendência.
mesmo princípio à série inversa. Neste caso,
O método considerando uma série
computa-se para cada termo o número de
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
Nos campos dos coeficientes de
termos m’i da série Xj, de maneira tal que a
correlação as áreas nas quais ocorreram
série retrógrada sejam dados por:
(13)
correlações
estatisticamente
significativas
A interseção das curvas u(t) e u*(t)
estão plotadas de forma colorida, cujos limites
localizam o ponto de mudança, se esta ocorre
de significância estão de acordo com a Tabela
dentro dos valores críticos do intervalo de
1. Nas áreas claras (em branco) as correlações
confiança.
foram estatisticamente não significantes.
A Figura 1 mostra os campos dos
3. Resultados e Discussão
coeficientes de correlação da amplitude
A partir das análises de correlação
térmica anual com a AMO (Figura 1a) e com
foram obtidos os coeficientes de correlação
a PDO (Figura 1b), verifica-se que para a
linear entre os seguintes pares de variáveis:
AMO as correlações estatisticamente mais
índice de AMO versus índices de amplitude
significativas ocorreram na parte centro-
térmica anual, temperatura do ar mínima
sudeste da região, enquanto, para DPO foi na
absoluta anual, maior temperatura mínima
centro-oeste do estado do Amazonas. É
anual, menor temperatura máxima anual,
oportuno observar que a correlação da
temperatura do ar máxima absoluta anual,
amplitude térmica anual com a AMO foi
precipitação total anual, dias consecutivos
positiva e com a PDO foi negativa. Isto
secos em um ano e intensidade simples da
mostra que índice positivo de AMO produz
precipitação anual distribuídas em pontos de
maior amplitude térmica. Enquanto, índice
grade sobre a Amazônia Ocidental, e entre a
positivo de PDO leva a uma diminuição da
PDO e estes mesmos índices de extremo
amplitude térmica regional.
climáticos da Amazônia Ocidental.
Figura 1. Correlação da amplitude térmica anual como: (a) Oscilação Multidecadal do Atlântico;
(b) Oscilação Decadal do Pacífico
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
As
Figuras
2ab
mostram
as
lado,
as
correlações
entre
as
maiores
configurações da correlação da temperatura
temperaturas mínimas anuais (TNx) foram
mínima absoluta anual (TNn) com a AMO e
estatisticamente significativas em quase toda
com PDO, respectivamente. Observa-se que
Amazônia Ocidental Figuras 3ab. Isto mostra
praticamente
foram
que índice positivo de AMO leva a um
significância
aumento da temperatura mínima absoluta, e
encontras
em
toda
correlações
área
com
não
estatística, exceto em uma pequena área na
que
parte nordeste na PDO (Figura 2b). Por outro
diminuição da temperatura mínima absoluta.
a)
positivo
de
PDO
produz
b)
4
4
2
2
0
0
-2
-2
0.4
-4
0.31
-6
-8
Lantitude
Latitude
índice
0.4
-4
0.31
-6
0.26
0.26
-0.26
-8
-0.26
-10
-0.31
-10
-0.31
-12
-0.4
-12
-0.4
-1
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-1
-58
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
Longitude
Figura 2. Correlação dos valores mínimos das temperaturas mínimas (TNn) com: (a) Oscilação
Multidecadal do Atlântico; (b) Oscilação Decadal do Pacífico.
a)
b)
4
4
2
2
0
0
-2
0.4
-4
0.31
-6
-8
0.26
Latitude
Latitude
-2
0.4
-4
0.36
-6
0.26
-0.26
-8
-0.26
-10
-0.31
-10
-0.31
-12
-0.4
-12
-0.4
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
-1
-1
-72
Longitude
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
Figura 3. Correlação dos valores máximos das temperaturas mínimas (TNx) com: (a) Oscilação
Multidecadal do Atlântico; (b) Oscilação Decadal do Pacífico.
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
O campo de coeficientes de correlação
Os solos que predominam no “Pólo
da temperatura máxima absoluta anual (TXx)
Gesseiro do Araripe” são os Latossolos
da Amazônia Ocidental com a AMO é
Amarelos (Figura 2), que são distróficos e
mostrado na Figura 4a observa-se correlação
possuem horizonte A moderado, com textura
positiva e estatisticamente significativa em
média e argilosa; vegetação natural do tipo
quase toda área a exceção foi a parte nordeste
caatinga hiperxerófila e relevo plano. Esta
da Região. Correlação com significância
classe de solo possui alto potencial para
estatística, mas negativa, foi observada entre
irrigação, com restrições quanto à altura de
TXx e PDO. Os resultados obtidos nas
recalque e fertilidade natural. Há também os
Figuras
foram
Argissolos Amarelo e Vermelho-Amarelo que
responsáveis pelos valores obtidos na Figura
possuem textura arenosa e média/argilosa,
1, uma vez que as configurações entre as
ambos com
Figuras são semelhantes e não foi obtida
distrófico e eutrófico, plíntico e não plíntico,
correlação significativa entre AMO e TNn e
possuem
entre PDO e TNn. As correlações entre as
vegetação natural também do tipo Caatinga
menores temperatura máxima anual (TXn) e
hiperxerófila, com relevo plano e suave
AMO são estatisticamente significante apenas
ondulado. No tocante à irrigação eles
na parte sudeste da região (Figura 5a),
apresentam potencial de bom a regular,
enquanto que a correlação entre TXn e PDO
respectivamente, sendo o fator limitante a
foi significante apenas na parte noroeste da
fertilidade natural e a drenagem (Lopes,
Amazônia Ocidental (Figura 5b).
2005).
4ab
possivelmente
a)
horizonte
A
moderado
com
b)
4
4
2
2
0
0
-2
0.4
-4
0.31
-6
0.26
Latitude
-2
Latitude
atividade de argila baixa,
0.4
-4
0.31
-6
0.26
-8
-0.26
-8
-10
-0.31
-10
-0.31
-12
-0.4
-12
-0.4
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
-1
-0.26
-1
-72
-70
Longitude
-68
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
Figura 4. Correlação dos valores máximos das temperaturas máxima (TXx) com: (a) Oscilação
Multidecadal do Atlântico; (b) Oscilação Decadal do Pacífico.
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
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a)
b)
4
4
2
2
0
0
-2
0.4
-4
0.31
-6
-8
Latitude
Latitude
-2
0.4
-4
0.31
-6
0.26
0.26
-0.26
-8
-0.26
-10
-0.31
-10
-0.31
-12
-0.4
-12
-0.4
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-1
-58
-72
-70
-68
Longitude
-66
-64
-62
-60
-58
-1
Longitude
Figura 5. Correlação dos valores mínimos das temperaturas máxima (TXn) com: (a) Oscilação
Multidecadal do Atlântico; (b) Oscilação Decadal do Pacífico.
Configurações semelhantes às obtidas
e AMO observa-se uma faixa de correlações
para a amplitude térmica (Figura 1) também
estatisticamente significativa que se estende
são observadas nos campos do coeficiente de
do sudeste da região até o noroeste (Figura
correlação da precipitação total anual com a
6a), enquanto, da amplitude térmica anual e
AMO (Figura 6a) e com a DPO (Figura 6b).
AMO (Figura 1a) a área estatisticamente
Sendo que no caso da precipitação total anual
significativa abrange todo centro-sudeste.
a)
b)
4
4
2
2
0
0
0.31
-2
0.4
-4
0.31
-6
0.26
Latitude
-2
Latitude
0.4
0.26
-4
-0.26
-6
-0.31
-8
-0.26
-8
-10
-0.31
-10
-12
-0.4
-12
-0.4
-1
-1
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-72
-58
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
Longitude
Figura 6. Correlação da precipitação total anual com: (a) Oscilação Multidecadal do Atlântico; (b)
Oscilação Decadal do Pacífico.
As
correlações
entre
os
dias
foram estatisticamente significante em poucas
consecutivos secos com a AMO e com a PDO
áreas da Amazônia Ocidental como mostram
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
608
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as Figuras 7ab, ou seja, a influência destes
Ocidental é relativamente pequena.
sistemas de escala decadal sobre a Amazonas
a)
b)
8
8
6
6
4
4
0.4
2
0.31
0.26
-2
-4
-0.26
-6
-8
-10
0.31
0
Latitude
Latitude
0
0.4
2
0.26
-2
-4
-0.26
-0.31
-6
-0.31
-0.4
-8
-0.4
-10
-1
-12
-1
-12
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
-72
-70
-68
Longitude
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
Figura 7. Correlação dos dias consecutivos secos com: (a) Oscilação Multidecadal do Atlântico; (b)
Oscilação Decadal do Pacífico.
As Figuras 8ab mostram os campos dos
anual com a AMO e com a PDO. Portanto,
coeficientes de correlação do índice de
aumento ou diminuição da precipitação total
intensidade simples de precipitação com a
anual
AMO e com a PDO, respectivamente,
diminuição da intensidade das chuvas e não
observa-se que estes campos ficaram muito
da
próximos dos campos da precipitação total
consecutivos secos.
a)
decorrentes
diminuição
ou
do
aumento
aumento
dos
ou
dias
b)
8
8
6
6
4
4
0.4
2
0.26
-4
-0.26
-6
-8
-10
0.31
0
Latitude
-2
0.4
2
0.31
0
Latitude
são
0.26
-2
-4
-0.26
-0.31
-6
-0.31
-0.4
-8
-0.4
-1
-12
-10
-1
-12
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
-72
-70
-68
-66
-64
-62
-60
-58
Longitude
Figura 8. Correlação da intensidade simples de chuva com: (a) Oscilação Multidecadal do
Atlântico; (b) Oscilação Decadal do Pacífico.
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
609
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 600-611
Berbery, E.H. & Barros, V. (2002). The
4. Conclusões
As
teleconexões,
de
escala
hydrological cycle of the La Plata Basin in
interdecadal, AMO e PDO exercem influência
South
sobre os índices de extremos climáticos:
Hydrometeorology, v.3, p.630-645.
amplitude térmica anual, temperatura máxima
absoluta anual e das maiores temperaturas
mínimas anuais da Amazônia Ocidental,
porém,
a
princípio
não
afetam
o
comportamento das temperaturas mínimas
absolutas anuais e as menores temperaturas
máximas anuais. Portanto, pode ser concluído
que estas teleconexões tende a controlar as
Betts,
America.
R.A.;
Cox,
Journal
P.M.;
of
Harris,
P.P.;
Huntingford, C.; Jones, C.D. (2004). The role
of
ecosystem-atmosphere
interactions
in
simulated Amazonian precipitation decrease
and forest dieback under global change
warming.
Theoretical
and
Applied
Climatology, v.78, p.157-175.
temperaturas mais elevadas (máxima ou
Cecon, P. R.; Silva, A. R.; Nascimento, M.;
mínima), mas não controlam as temperaturas
Ferreira, A. (2012). Método Estatístico.
mais baixas (máxima ou mínima) como isto
Viçosa: Editora UFV. 229p.
produz modificações na amplitude térmica
anual da Amazônia Ocidental.
As teleconexões AMO e PDO também
tiveram influências sobre a precipitação total
anual da Amazônia Ocidental, mas não
apresentaram
influências
sobre
os
dias
Goossens, C. & Berger, A. (1987). Annual
and seasonal climatic variations over the
northem hemisphere and Europe during the
last century. Annales Geophysicae, Berlim,
v.4, n.B4, p.385-400.
consecutivos secos. Isto mostra que o controle
Hutyra, L. R.; Munger, J. W.; Nobre, C. A.;
se dar sobre o total de chuva diário e não no
Saleska, S. R.; Wofsy, S. C. (2005). Climatic
número de dias com chuva.
variability and vegetation vulnerability in
Amazonia. Geophysical Research Letters, 32,
L24712.
5. Agradecimentos
Ao ECMWF pelos dados de reanálises e
ao CNPq pelo financiamento do projeto e pela
concessão da bolsa PIBIC.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
(2005). Monitoring the Brazilian Amazon
forest by satellite: 2002 – 2003. São José dos
Campos: INPE.
6. Referências
Alves, D. S. (2002). Space-time Dynamics of
INTERGOVERNMENTAL
Deforestation
Amazônia.
CLIMATE CHANGE IPCC 2001. (2001).
International Journal of Remote Sensing, v.
Climate Change: Impacts, Adaptation and
23, n. 14, p.2.903-2.908.
Vulnerability – Contribution of Working
in
Brazilian
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
PANEL
ON
610
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Group 2 to the IPCC Third Assessment
(OMM Note Technique, 143).
Report. Cambridge Univ. Press.
Thom, H.C.S. (1966). Some methods of
Sneyers, R. (1975). Sur I’ analyse statistique
climatological
des
Meteorological Organization. 54p. (WMO
series
d’observations.
Genève:
Organisation Météorologique Mondial. 192p.
analysis.
Genève:
World
Technical Note, 81).
Dantas, L. G.; Brito, J. I. B.; Rodrigues, H. P.; Aires, R. A.; Cabral, D. E. C.
611
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