CLOROFILA a E b DE TOMATEIRO TRATADO COM SILICATO DE POTÁSSIO E FUNGICIDA Carlos Ribeiro Rodrigues1, Tatiana Michlovská Rodrigues1, José Magno Queiroz Luz1, Vitor Boaventura Fonseca de Sousa1, Jackellyne Bruna Sousa1*, Ana Carolina Pacheco Nunes1, Polyanna Ribeiro Trindade1 RESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar a influência da aplicação foliar do Silicato de Potássio (K2SiO3) e do número de aplicações de fungicidas sobre os teores de clorofila e produção do tomateiro. O experimento foi realizado em Uberlândia - MG, com delineamento experimental em blocos casualizados em esquema fatorial 4 x 2 sendo, quatro doses de Silicato de Potássio (K 2SiO3 – 12,2% de Si; 15% de K2O), (0; 0,2; 0,4 e 0,6 mL 100L-1 de calda) e dois manejos de fungicida (duas e três aplicações semanais) com quatro blocos. O silicato de potássio foi aplicado semanalmente desde o transplantio até a data da última colheita, totalizando 15 aplicações. Foram avaliados os teores de clorofila a, b e relação a/b no terço superior e inferior da planta; a evolução da produção e a produtividade e classificação de frutos. As doses de K2SiO3 proporcionaram incrementos nos teores de clorofila a; os teores de clorofila b e relação a/b não apresentaram variação significativa; com três aplicações semanais de fungicida houve melhor classificação dos frutos, porém com duas aplicações semanais se teve uma maior produtividade; as doses de K2SiO3 proporcionaram incrementos na produtividade sendo a dose de 0,38 L 100L-1 proporcionou a máxima produção de frutos e a dose 0,33 L 100L-1 de frutos total. Palavras-chave: Solanum lycopersicum, silício, fotossíntese. CHLOROPHYLL A AND B OF TOMATO TREATED WITH SILICATE POTASSIUM AND FUNGICIDE ABSTRACT: This work to evaluate the effect of foliar application of Potassium Silicate (K2SiO3) and the number of fungicide applications on the content of chlorophyll and the tomato. The experiment was performed in Uberlândia, Minas Gerais, with a randomized blocks in a factorial 4 x 2 with four doses of Potassium Silicate (K2SiO3 - 12.2% Si, 15% K2O), (0, 0, 2, 0.4 and 0.6 mL 100L-1 sauce) and two managements fungicide (two three weekly applications) with four blocks. The potassium silicate was applied weekly from transplanting to the date of the last harvest, totaling 15 applications. We evaluated the levels of chlorophyll a, b and a / b ratio in the upper and lower third of the plant; the development of production and productivity and fruit classification. The K2SiO3 doses provided increases in the chlorophyll content; the contents of chlorophyll b and a / b ratio did not show significant variation; with three weekly fungicide applications were better classification of fruit, but with two weekly applications it had increased productivity; K2SiO3 doses gave productivity increases with the dose of 0.38 U 100L-1 gave the highest production of fruits and G 100L-dose 0.33 1 Total fruits. Key-words: Solanum lycopersicum, silicon, photosynthesis. ____________________________________________________________________________________________________ 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Rio Verde. *E-mail: [email protected]. Autor para correspondência. Recebido em: 08/09/2015. Aprovado em: 08/03/2016. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. C. R. Rodrigues et al. INTRODUÇÃO 55 para plantas tidas como não acumuladoras desse nutriente, como o tomateiro. No entanto, o silicato de potássio, além de fornecer o silício, também fornece o potássio que é nutriente essencial para as plantas, sendo o nutriente mais exigido pela cultura do tomate (FAQUIN, 2001). Nesse prisma, a aplicação foliar de fontes de silício líquido solúvel tem sido foco de vários estudos pela sua praticidade, eficácia, com uso de doses menores e por ser uma técnica adaptável aos pulverizadores, normalmente, utilizados por produtores (FIGUEIREDO et al., 2010). Quando cultivados em recipientes, o substrato deve apresentar condições adequadas à germinação e desenvolvimento do sistema radicular da mesma (ARAÚJO et al., 2010). Apesar desses efeitos do silício, outros tantos surgem de forma contraditória em razão de ainda não se conhecer exatamente as funções do silício nas plantas; como o silício atua na sua fisiologia; quais as plantas mais beneficiadas com sua presença e quais as doses mais adequadas para cada tipo de cultura (RODRIGUES et al., 2011). O uso do silicato de potássio via foliar tende a ser uma boa alternativa no manejo nutricional do tomateiro, buscando produtos de melhor qualidade, maiores índices de produtividade, menores custos de produção e seguindo uma tendência de agricultura sustentável. Segundo Morodin (2011), o silício promove melhorias na qualidade físico-química dos frutos de tomate, por aumentar os sólidos solúveis, vitamina C, licopeno, firmeza do fruto e condicionar melhor durabilidade pós-colheita dos frutos de tomateiro. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da aplicação via foliar no tomateiro de diferentes doses de silicato de potássio e número de aplicações semanais de fungicida sobre o teor de clorofila e a produtividade. O tomate (Solanum lycopersicum) é uma hortaliça importante no cenário brasileiro, ficando entre as mais produzidas e consumidas no país. Na safra de 2014, no Brasil, foi de 4.291.160 toneladas com uma área plantada de 65.146 hectares (IBGE, 2015). A evolução da produtividade se deve a vários fatores da produção, desde variedades híbridas, nutrição mineral, irrigação e o manejo da cultura como um todo. Essa cultura é amplamente difundida no Brasil, fazendo-se presente em quase todas as regiões e climas. Segundo a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (2010), o tomate representa 16% do PIB gerado pela produção de hortaliças no país. No entanto, é também acometida por diversos tipos de doenças. Sendo que o controle dessas doenças vem passando por alterações, devido à adoção de práticas preventivas baseadas no manejo correto de fertilizantes e na nutrição das plantas, esses fatores podem ser manipulados com facilidade (EMRICH et al., 2011). Neste contexto, há uma constante busca de alternativas de manejo que propicie menor uso de defensivos como maior eficiência nutricional. O silício é um elemento benéfico às plantas e sua aplicação tem proporcionado uma série de efeitos benéficos às plantas (KÖRNDORFER et al., 2006). Dentre os efeitos benéficos estão na maior resistência das plantas às doenças e pragas; tolerância à toxicidade por metais pesados; tolerância a estresses hídricos e salinos; menor transpiração; promoção de crescimento e nodulação em leguminosas; efeito na atividade de enzimas e na composição mineral; melhoria da arquitetura da planta, facilitando a mecanização; redução no acamamento e, consequente, aumento da taxa fotossintética e de produtividade, sobretudo, em cana-de-açúcar (DEMATTÊ et al., 2011). MATERIAL E MÉTODOS A aplicação foliar de silicato de potássio (K2SiO3) é realidade na agricultura O experimento foi realizado a campo brasileira, sendo assim, uma forma alternativa na fazenda Marimbondo, no município de de fornecer o elemento benéfico silício (Si) Uberlândia, MG a 863 m de altitude. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. Clorofila a e b de tomateiro... Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, isto é, tropical quente úmido com inverno frio e seco. As mudas foram obtidas de semeadura do híbrido F1 Dominador em bandejas de 128 células, contendo substrato comercial Plantmax®. Após 26 dias da semeadura, as mudas foram transplantadas para local definitivo de realização do experimento com espaçamento de 1,2 m x 0,7 m em sistema tutorado com população de 12.500 plantas ha-1. O experimento foi conduzido do dia 16/09/2007 a 12/01/2008. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 4 x 2 sendo, quatro doses de silicato de potássio (K2SiO3 – 12,2% de Si; 15% de K2O, d = 1,4 g cm-3 e pH 14) (0; 0,2; 0,4 e 0,6 L 100 L-1 de calda) e dois manejos de fungicida (duas e três aplicações semanais) com quatro blocos. A parcela experimental foi constituída de uma fila dupla com 10 casais, totalizando 20 plantas por parcela. Para as avaliações, foram considerados os 8 casais centrais. Antes do transplantio o solo foi corrigido e recebeu uma adubação básica e de cobertura, conforme análise de solo e com base nas recomendações da CFSEMG (1999). As plantas receberam os tratos comuns à cultura do tomateiro. As pulverizações dos tratamentos foram realizadas com pulverizador costal com pressão de trabalho constante de 3,0 kgf cm-2. O silicato de potássio foi aplicado, semanalmente, nas doses dos tratamentos desde o transplantio até a semana que antecede a da última colheita, totalizando 15 aplicações. O volume de calda utilizado foi de 600 L ha-1. A colheita iniciou-se, aproximadamente, 90 dias após o transplantio, até a data que todos os cachos de cada planta foram colhidos. Também foi utilizado na calda de pulverização o espalhante adesivo Silwet®. Foi realizada a estimativa dos teores de clorofila a e b e relação a/b com auxílio do aparelho clorofiLOG, modelo CFL1030. Foram realizadas leituras em todas as folhas do terço superior e médio das três plantas centrais de cada lado da fileira dupla de cada 56 parcela, sendo três plantas com incidência direta e três com incidência indireta da luz solar. As leituras de clorofila foram feitas no período das 8 às 9 horas (manhã) sem presença de nuvens. Devido à disposição das plantas quando da estimação da clorofila no campo as plantas, foram avaliadas em dois lados, um exposto diretamente ao sol e o outro o lado oposto, ou seja, sem incidência direta da luz. Essa avaliação foi realizada, devido à quantidade de clorofila na folha ser afetada diretamente pela exposição ao sol. A avaliação foi feita com o céu completamente limpo. Para avaliar a interação entre o Si e a posição de avaliação, foi realizada análise de variância com fatorial triplo, sendo os fatores, doses de K2SiO3; posição de avaliação na planta (terço médio e superior) e posição em relação ao sol nascente (posição exposto à luz e sombreada). A linha de plantio da lavoura estava na posição Sudoeste-Nordeste, de acordo com o sentido da linha de plantio do tomate, no período de avaliação a face da lavoura voltada para leste estava exposta à luz e a face voltada para oeste estava sombreada. Os fatores doses de K2SiO3, posição de avaliação na planta (terço médio e superior) e posição em relação ao sol nascente (posição exposto à luz e sombreada) e toda interação entre esses apresentou variação significativa pelo teste de F. Como já mencionado, foram colhidos os frutos das 16 plantas centrais de cada parcela. Posteriormente, foram classificados de acordo com o padrão comercial regional (Ceasa - MG), definindo frutos extras AA (80 a 100 mm de diâmetro equatorial dos frutos) que são graúdos e não apresentam defeitos na casca que possam depreciá-los comercialmente, extra A (50 a 80 mm de diâmetro equatorial dos frutos) que são de tamanho um pouco inferior, e os descartes que não são comercializados. Após a classificação os frutos foram pesados. Foram realizadas análises estatísticas para evolução de produção de frutos AA, frutos A e total, através da Área abaixo da curva de progressão de produção, adaptação da AACPD (CAMPBELL; Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. C. R. Rodrigues et al. MADDEN, 1990). Resultados esses obtidos pela integralização como área abaixo da curva de progressão da produção por meio da fórmula AACPP =∑[(y1 + y2)/2] x (t2 - t1), onde y1 e y2 referem-se a duas avaliações sucessivas da produção realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente. Além desta, foi realizada análise da produtividade de frutos AA, frutos A e total. Também foi realizada a análise da proporção de frutos de cada classe em relação a produção total. Os dados obtidos, clorofila a, b e relação a/b (terço superior e médio, com incidência direta e indireta da luz), evolução da produção de frutos AA, A e total, produtividade de frutos AA, A e total e produção percentual de frutos AA, foram submetidos à análise de variância, regressão em função das doses foliares de K2SiO3 e teste de média pelo F de Student (5%) para avaliação do número de aplicações de fungicidas, com auxílio do programa SISVAR (FERREIRA, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de clorofila a no terço superior das plantas apresentaram variação significativa com as doses do K2SiO3 aplicado via foliar e com a interação entre as doses de K2SiO3 e o número de aplicações dos fungicidas (Figura 1A). Já os teores de clorofila b e relação a/b no terço superior não apresentaram alteração significativa com as fontes de variação estudadas. O incremento nos teores de clorofila a não foram suficientes para apresentar alteração significativa na relação a/b. Ainda do lado das plantas expostas diretamente ao sol, mas no terço médio das plantas os teores de clorofila a apresentaram variação significativa em função do número de aplicações de fungicidas e da interação entre esse fator e as doses de K2SiO3 (Figura 1B), semelhante ao observado no terço superior da planta (Figura 1A). No terço médio os teores de clorofila b e relação a/b, não apresentaram alteração significativa com as fontes de variação estudadas. 57 Do lado sombreado, os teores de clorofila a no terço superior das plantas apresentaram variação significativa com as doses do K2SiO3 aplicado via foliar (Figura 1C). No terço médio, os teores de clorofila a variaram significativamente somente com as doses de K2SiO3 (Figura 1D). Os teores de clorofila b, no terço superior, apresentaram variação significativa em função de todas as fontes de variação, doses de K2SiO3, número de aplicações de fungicidas e a interação entre esses (Figura 1E). Os teores de clorofila b, no terço médio, não apresentaram alteração significativa com as fontes de variação estudadas. As alterações nos teores de clorofila A e B não resultaram em alteração significativa na relação a/b em função das fontes de variação estudadas. Com relação à interação entre o Si e a posição de avaliação, na área sombreada se obteve os maiores valores de clorofila tanto A quanto B, independente do terço da planta avaliado. A biossíntese de clorofila é uma reação bioquímica dependente de luz (TAIZ; ZEIGER, 2013; BUCHANAN, 2000). Todavia, vários fatores influenciam na biossíntese e, ou, degradação da clorofila. De maneira geral, vários estudos têm demonstrado que a aplicação de Si tem resultado em incrementos nos teores de clorofila a e b e os autores justificam esse efeito como sendo resultado de aumento da atividade fotossintética. Adatia e Besford (1986) relataram aumento no teor de clorofila total, ou seja, a + b e atividade da rubisco em plantas de pepino cultivadas em solução nutritiva com Si. Segundo os autores, a atividade da rubisco foi 50% superior em relação às plantas não fertilizadas com Si. Nesse prisma, Gong et al. (2005) relataram que plantas de trigo fertilizadas com Si apresentaram aumento da atividade fotossintética e também aumento nos teores de clorofila a, b, a+b e carotenóides. Com o aumento nos teores de clorofila, há um aumento na absorção de luz e, consequentemente, aumento na transmissão de elétrons na fase fotoquímica da fotossíntese. Todavia, Taiz e Zeiger Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. Clorofila a e b de tomateiro... (2013) e Buchanan (2000) relatam que o excesso de luz pode causar extresse oxidativo. O estresse oxidativo é a formação de oxigênio reativo que é fitotóxico para as plantas. Segundo os mesmos autores uma das principais reações da planta sob condições de estresse oxidativo é a redução da biossíntese e, ou, degradação da clorofila. Provavelmente, nos trabalhos citados a indução na biossíntese de clorofila não chegou ao ponto de causar estresse oxidativo, mesmo porque foram realizados os testes de casa de vegetação e em condições de clima temperado, ou seja, baixa incidência direta dos raios solares. No presente trabalho, foi verificado, em geral, que com o aumento das doses de silicato de potássio houve incremento nos teores de clorofila a, tanto em condições de alta incidência de luz, como no terço superior do lado exposto diretamente ao sol (Figura 1A), quanto em condições de baixa luminosidade, como no terço médio do lado sombreado (Figura 1D), com valores máximos de 40 e 53, respectivamente. Os modelos matemáticos ajustados em função das doses de K2SiO3 foram os mesmos quadráticos (Figuras 1). Desse mdo, as hipóteses dos mecanismos bioquímicos envolvidos nessas respostas podem ser, totalmente, distintos por se considerar condições extremas de disponibilidade de luz, sendo esse fator limitante para a biossíntese da clorofila. O que pode ser observado é que 2 x fungicida para a obtenção dos máximos valores de clorofila A numa condição de baixa luminosidade a quantidade de K2SiO3 aplicado foi inferior (0,34 L 100L-1) do que a dose de K2SiO3 para obtenção do máximo valor numa condição de baixa luminosidade (0,59 L 100L-1). Os fatores envolvidos nessa diferença são de difícil discussão, pois, o presente trabalho não apresenta dados suficientes para embasamento. Em relação à clorofila B, foi verificada influência das doses de K2SiO3 somente no terço superior das plantas sombreadas (Figura 1E). Todavia, também, houve interação com o número de aplicação dos fungicidas. Com três aplicações semanais de fungicidas houve redução dos teores de clorofila b (19) até na dose de 0,29 L ha-1 (Figura 1E). Com duas aplicações semanais de fungicidas, houve ajuste linear para as doses de K2SiO3, sendo máximo valor de clorofila B igual a 24. Contudo, se considerar a dose que proporcionou a máxima produção de frutos AA (0,38 L ha-1), observa-se que tanto com duas quanto com três aplicações de fungicida os valores de estimados de clorofila B são semelhantes, 21,3 e 20, respectivamente. Nessa condição (Figura 1D), foi verificado diferenças entre os teores de clorofila somente no tratamento com ausência de K2SiO3, onde com três aplicações semanais de fungicida foi observado maiores teores de clorofila B. B 3 x fungicida 3 x fungicida (y = 38.103) 2 x fungicida (y = -8.375x2 + 10.015x + 36.728 R² = 94*) Doses K2SiO3 (L 100L-1) Clorofila A - Terço Médio Clorofila A - Terço Superior A 58 2 x fungicida 46 a 49 a 3 x fungicida 47 a 49 a 47 a 45 a 44 b 45 b y = 3,3065x + 46,753 R² = 0,2828 Doses K2SiO3 (L 100L-1) Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. C. R. Rodrigues et al. Média 2 e 3 x de fungicida y = 4.6787x + 39.426 R² = 60** Doses K2SiO3 (L 100L-1) D Clorofila A - Terço Médio Clorofila A - Terço Superior C 59 Média 2 e 3 x de fungicida y = -41.625x2 + 28.325x + 48.27 R² = 81** Doses K2SiO3 (L 100L-1) E Figura 1 - Teores de Clorofila a no terço superior (A) e médio (B) do tomateiro exposto à luz direta do sol e teores de Clorofila A em folhas do terço superior (C) e médio (D) e Clorofila B (E) em folhas do terço superior do tomateiro sombreado sob diferentes doses de K2SiO3 e número de aplicação de fungicidas . Uberlândia - MG, UFU, 2008. Em geral, se sabe que os fungicidas, dependendo da dose e do grupo químico, influência o metabolismo das plantas. No presente trabalho, os principais fungicidas utilizados pertencem aos grupos das estrubilurinas, ditiocarbamatos e cúpricos (hidróxidos e sulfatos de cobre). Experimentos revelaram que cereais tratados com piraclostrobina (estrubilurina) mostraram um aumento significativo em produção, superior ao que seria, devido apenas ao seu efeito fungicida (KÖEHLE et al., 2003). A piraclostrobina é um fungicida do grupo das estrobilurinas que atua através da inibição da respiração mitocondrial, bloqueando a transferência de elétrons entre o citocromo b e o citocromo c1 (complexo III), interferindo na formação de ATP (AMMERMANN et al., 2000). O complexo citocromo BC1 persiste em todos os eucariotos, uma inibição parcial no transporte de elétrons também deve ser esperado nas células vegetais depois da absorção dos fungicidas (VENACIO et al., 2005). Quanto a Absorção, Redução e Assimilação de Nitrogênio, foi observado em campo que em comparação com os demais fungicidas que controlam diferentes fungos patogênicos, pode-se quantificar maior absorção de N com o uso da piraclostrobina (ROUSE et al., 1974). Nesse contexto, as parcelas tratadas com a piraclostrobina apresentaram maiores valores de índice de vitalidade NDVI relacionado com o aumento do potencial de produção (ROUSE et al., 1974). A piraclostrobina causou uma pequena mudança no ponto de compensação de CO2 das plantas tratadas. Este ponto de compensação de CO2 alterado favorece o aumento da produção de biomassa, criando uma maior demanda por assimilação de nitrogênio, que corresponde ao principal efeito na produção causada pela piraclostrobina (KÖEHLE et al., 2003). A estrobilurina inibiu a biossíntese do etileno através da redução da atividade de aminociclopropano-carboxílico-sintase Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. Clorofila a e b de tomateiro... (ACC), em tecidos de trigo (GROSSMANN et al., 1999). Esta está relacionada com o atraso da senescência das folhas e, como resultado, um prolongamento da atividade fotossintética do tecido verde e uma melhor gestão do estresse (KÖEHLE et al., 1997; GROSSMANN; KWIATKOWSKI; RETZLAFF, 1999). O ambiente desfavorável pode estimular a formação de radicais, especialmente das formas reativas de oxigênio e aumento do metabolismo oxidativo potenciais em tecidos vegetais (WINGSLE; KARPINSKI; HALLGREN, 1999). Plantas resistentes ao estresse oxidativo respondem com aumento na atividade antioxidante das enzimas, como a super-dismutases, catalases e peroxidases (LARSON, 1997). Quanto aos ditiocarbamatos, estes têm uma ação semelhante ao ácido indol acético (AIA), funcionando como regulador de crescimento em células do coleóptilo de aveia. Foi observado também um elongamento das células, e deformação das folhas. O ácido indol acético é considerado a principal auxina encontrada nas plantas. Taiz e Zeiger (2013) esclarecem, ademais, que essa substância é produzida, principalmente, no meristema apical do caule e transportada por meio das células do parênquima até as raízes. Também confirmaram que os efeitos das auxinas sobre os vegetais são muito diversificados, dependendo do local de atuação e concentração podem apresentar efeitos completamente antagônicos. Fungicidas cúpricos, além de terem sua ação sobre o fungo, também interferem na fisiologia das plantas por se tratar de um nutriente reconhecidamente essencial. Segundo Faquin (2001), a principal função do cobre no metabolismo vegetal é como ativador ou componente de enzimas que participam de reações de oxi-redução. Entre elas, algumas atuam no transporte de elétrons com mudança de valência como a plastocianina, lacase, oxidade do ácido ascórbico e complexo da oxidase do citocromo, e no transporte eletrônico sem 60 mudança de valência como a oxidase da amina, tirosina, oxidase da galactose. Nesse diapasão, o cobre participa de uma série de processos metabólicos nos vegetais. Em plantas deficientes em cobre, a taxa fotossintética é reduzida por uma série de razões. Mais de 50% do cobre localizado nos cloroplastos estão ligados à plastocianina, que é um componente da cadeia transportadora de elétrons do fotossitema I, o qual tem sua atividade drasticamente afetada em plantas deficientes no elemento. O cobre é componente de outras enzimas nos cloroplastos. É requerido para a síntese da plastoquinona e ativador da enzima RuBPcarboxilase. As influências do efeito destes fungicidas sobre o teor de clorofila é de difícil discussão, em função da grande diversidade de fungicidas utilizados, suas doses, princípios ativos, inertes e seus respectivos efeitos, exigindo maiores esclarecimentos em trabalhos posteriores. A evolução de produção do tomate classe AA apresentou variação significativamente somente em função das doses de K2SiO3 (Figura 2). A produção de tomate classe A (Figura 2A) e total (Figura 2B) apresentaram alteração significativa em função das doses de K2SiO3 e o número de aplicações de fungicida, tanto para frutos classe AA quanto à produção total (Figura 2A e 2B), apresentou ajuste quadrático em função das doses de K2SiO3. Já duas aplicações semanais de fungicidas apresentaram maior incremento de produção de frutos, classe A e total, em detrimento de três aplicações. A dose de K2SiO3 que proporcionou o máximo valor para AACPP da classe AA (404,7) e total (463,3) foi de 0,37 e 0,33 L 100L-1 de K2SiO3, respectivamente (Figuras 2A e 2B). A evolução da produção de tomate classe A não apresentou nenhum ajuste de modelo matemático em função das doses foliares de K2SiO3. A produção de tomate classe AA variou, significativamente, em função somente das doses de K2SiO3 aplicada via foliar (Figura 2C). A produção de tomate classe A e total variou, significativamente, Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. C. R. Rodrigues et al. em função das doses de K2SiO3 e do número de aplicações de fungicida (Figuras 2D e 2E). Em geral, a produção do tomateiro, tanto para frutos classe AA quanto à produção total (Figuras 2C e 2E), apresentou ajuste quadrático em função das doses de K2SiO3 e que duas aplicações semanais de fungicidas apresentou maior produção de frutos, classe A e total (Figuras 2D e 2E), em detrimento de três aplicações. A dose de K2SiO3 que proporcionou a máxima produção de frutos classe AA (97,8 Mg ha-1) e total (112,8 Mg ha-1) foi de 0,38 e 0,33 L 100L-1 de K2SiO3, respectivamente. A produção de tomate classe A não apresentou nenhum ajuste de modelo matemático em função das doses foliares de K2SiO3 (Figura 2D). A B AACPP Total AACPP Tomate Classe AA 61 y = -594.44x2 + 395.22x + 397.59 R² = 73,4** y = -426.97x2 + 314.7x + 346.76 R² = 95** 2 x fungicida (y = 449 a) 3 x fungicida ( y = 416 b) Doses K2SiO3 ( L 100L-1) Doses K2SiO3 (L 100L-1) D y = -96.483x2 + 73.234x + 83.881 R² = 95** Produção Classe A (Mg ha-1) Produção Classe AA (Mg ha-1) C 2 x fungicida (y = 14, 9 a) 3 x fungicida (y = 11,5 b) Doses K2SiO3 (L 100L-1) Doses K2SiO3 (L 100L-1) Produção Total (Mg ha-1) E y = -142.62x2 + 95.29x + 96.933 R² = 68** 2 x fungicida (y = 11,0 a) 3 x fungicida ( y = 10,1 b) Doses K2SiO3 (L 100L-1) Figura 2 - Área Abaixo da Curva de Progressão de Produção (AACPP) de tomate Classe AA (A) e Total (B) e produção de tomate Classe AA (C), Classe A (D) e Total (E) (cv. Dominador) com diferentes doses de K2SiO3 com duas e três aplicações semanais de fungicidas. Letras distintas diferem os tratamentos entre si (Scott Knott 5%). Uberlândia MG, UFU, 2008. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. Clorofila a e b de tomateiro... A porcentagem de frutos classe AA, em relação ao total, apresentou alteração significativa com as doses de K2SiO3 foliar, número de aplicação de fungicidas e a interação entre esses fatores (Figura 3). No entanto, nenhum modelo matemático foi ajustado à porcentagem de cada classe de fruto em função das doses de K2SiO3 aplicado via foliar. Somente com a aplicação da dose de 0,4 L 100L-1 de K2SiO3 via foliar apresentou alteração significativa da proporção de frutos da classe AA em função do número de aplicações dos fungicidas. Nessa dose, houve maior proporção de frutos AA. No presente trabalho, observou-se uma maior evolução da produção de frutos 2 x fungicida 62 tipo A e total com duas aplicações semanais de fungicidas em detrimento a três aplicações. Resultado semelhante ocorreu quanto à produtividade. Foi demonstrado certo efeito fitotóxico de três aplicações semanais, interferindo na produção. Quanto à classificação dos frutos, os fungicidas influenciaram no resultado somente na interação com a dose de 0,4 L 100L-1 de K2SiO3. Resultado inverso da produção, ou seja, com três aplicações semanais de fungicida se teve uma maior proporção de frutos de primeira qualidade. Hipótese de efeito fitotóxico na fase reprodutiva, menor emissão de novos botões florais, menor quantidade de frutos, menos dreno, frutos maiores. 3 x fungicida 92,4 a 90,8 a Frutos AA (%) 88,7 a 88,2 a 87,7 b 86,8 a 83,2 a 83,0 a Doses K2SiO3 (L 100L-1) Figura 3 - Proporção de produção de frutos classe AA em função de doses foliares de K2SiO3 e número de aplicações de fungicidas. Uberlândia - MG, UFU, 2008. De maneira geral, o silicato de potássio proporcionou incrementos na produção do tomateiro, o que pode ser atribuído a efeito fisiológico e, em específico, na fotossíntese. Porém, não é só o Si e o K no silicato que afetam a fotossíntese. Os fungicidas, de maneira geral, apresentam efeito na fisiologia da planta o que também pode afetar a fotossíntese. Ademais, foi verificado efeito de ambos os fatores, tanto do silicato de potássio quando dos fungicidas. Embora os dados obtidos não sejam suficientes, a fim de isolar o efeito de cada fator, Si, K, estrobirulinas, ditiocarbamatos e cúpricos, há necessidade de realizar novos estudos com esses efeitos isolados. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v.09, n.02, p.54 – 64, mai/ago. 2016. C. R. Rodrigues et al. 63 BUCHANAN, B. B; GRUISSEM, W; JONES, R. L. Biochemistry and molecular O aumento das doses de silicato de biology of plants. Rockville: ASPP. 1408p. potássio proporcionou incremento nos teores 2000. de clorofila a em condições de alta e baixa luminosidade. CAMPBELL, C. L; MADDEN, L. V. A aplicação de três doses semanais de Introduction to plant disease epidemiology. fungicidas proporcionou frutos de melhor New York: Wiley. 532 p. 1990. qualidade. A maior produtividade de frutos de CFSEMG-COMISSAO DE FERTILIDADE tomate foi obtida com aplicação de fungicida DO SOLO DO ESTADO DE MINAS em duas aplicações semanais. GERAIS. Recomendação para uso de O silicato de potássio proporcionou corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. incrementos na produção do tomateiro. 5ª Aproximação. Viçosa: UFV, 359p. 1999. CONCLUSÕES DEMATTÊ, J. L. I.; PAGIARO, C. M.; BELTRAME, J. A.; RIBEIRO, S. S. Uso de silicatos em cana-de-açúcar. Informações ADATIA, M. H; BESFORD, R. T. The Agronômicas, n. 133, p.7-12. 2011. effects of silicon on cucumber plants grown in recirculating nutrient solution. Annals of EMRICH, E. B, SOUZA, R. J, LIMA, A. A, Botany, v. 58, p. 343-351. 1986. FIGUEIREDO, F. C; SILVA, D. R. G. Cultivo do tomateiro em substratos orgânicos ARAÚJO, W. B. M. de; ALENCAR, R. 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