Caro estudante, Este material contém informações básicas sobre os conteúdos do corrente trimestre. Para maiores informações, procure diretamente o professor de filosofia, Daniel de Oliveira Neto. Bons estudos. Turma Disciplina Avaliação Data 181 Filosofia Prova 1 23/10/2015 182 Filosofia Prova 1 19/10/2015 Conteúdos Platão. Até Gnosiologia. Turma Disciplina Avaliação Data 181 Filosofia Prova 2 20/11/2015 182 Filosofia Prova 2 23/11/2015 Conteúdos Platão, tudo. MATERIAL DE APOIO PARA A PROVA – Lembre-se que não é o conteúdo completo. Utilize as anotações do seu caderno para aprofundamento da matéria. SÓCRATES IRONIA E MAIÊUTICA Os sofistas diziam poder falar bem sobre qualquer assunto. Era preciso, então, mostrar que tratava-se e ilusão, que convenciam pela emoção ou imaginação e não pela verdade. Sócrates criou um método em seus diálogos. A ironia socrática era o método de perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. Não tinha o intuito de ridicularizar, mas de fazer irromper da aporia (isto é, do impasse sobre o conceito de alguma coisa) o entendimento. Porém, sair do estado aporético exigia que o interlocutor abandonasse os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias e passasse a pensar, a refletir por si mesmo. Esse exercício era a maiêutica, que significa a arte de parturejar. E quando o juízo era exprimido, cabia a Sócrates somente verificar se era um belo discurso ou se se tratava de uma ideia que deveria ser abortada (discurso falso, errôneo). Assim Sócrates acabou proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no logos ou razão. Platão Arístocles, que ficou conhecido no mundo inteiro como Platão, nasceu em Atenas, por volta de 427 a.C. Filho de pais aristocráticos, nasceu em uma família rica, envolvida com políticos. Basicamente, suas obras eram escritas em forma de diálogos. Curiosamente, esses diálogos não apresentam Platão como personagem principal e, sim, Sócrates. Visão geral da filosofia platônica O centro do pensamento platônico, que une toda a sua filosofia, é a doutrina das ideias, é a existência de uma realidade além do mundo físico e que é a causa deste mesmo mundo físico. O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO Em resumo, para Platão o mundo se dividia em duas partes: →A primeira parte é o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado ou imperfeito, já que para tanto fazemos uso de nossos cinco (imperfeitos) sentidos (que dão uma noção aproximada da realidade). Neste mundo dos sentidos, tudo "flui" e, consequentemente, nada é perene (dura para sempre). Nada é no mundo dos sentidos; nele, as coisas simplesmente surgem e desaparecem. →A outra parte é o mundo das ideias, do qual podemos chegar a ter um conhecimento seguro, se para tanto fizermos uso de nossa razão. Este mundo das ideias não pode, portanto, ser conhecido através dos sentidos. Em compensação, as ideias (formas) são eternas e imutáveis. Assim como os filósofos que o antecederam, Platão também queria encontrar algo de eterno e de imutável em meio a todas as mudanças. Foi assim que ele chegou às ideias perfeitas, que estão acima do mundo sensorial. Além disto, Platão considerava essas ideias mais reais do que os próprios fenômenos da natureza. Primeiro vinha a ideia cavalo e depois todos os cavalos do mundo dos sentidos. A ideia galinha vinha, portanto, antes da galinha (e do ovo). Mundo das ideias Fixo Razão Conhecimento Mundo sensível Mutável Sentidos Opinião O Pensamento segundo Platão: A Gnosiologia (quer dizer: a teoria do conhecimento). Do mesmo modo que ocorre com Sócrates, para Platão a filosofia tem um objetivo prático e moral. Para que serve a filosofia segundo Platão? Filosofia é a grande ciência que resolve o problema da vida (lembre-se que na época a filosofia era vista como ciência, hoje sabe-se que não é). Este fim prático realiza-se, intelectualmente, através da especulação e do conhecimento. Se Sócrates limitava a sua pesquisa filosófica ao estudo do homem e da moral, Platão, no entanto, amplia seus estudos ao campo cosmológico (ou seja, ao mundo conhecido) e metafísico (que está além dos sentidos), isto é, a toda a realidade. O filósofo percebe a constante transformação que todas as coisas sofrem: o nascer e o perecer (morrer, estragar) de todas as coisas, graças ao mal, da desordem humana, onde o corpo é inimigo do espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta com a razão. Platão considera o espírito humano peregrino (de passagem) neste mundo e prisioneiro na caverna do corpo. Deve, pois, transpor este mundo e libertar-se do corpo para realizar o seu fim, isto é, chegar à contemplação do que está na inteligência (sabedoria), para o qual é atraído o ser humano. O homem tem seu ponto de partida na ignorância (agnosis) em que muitos se encontram e, passando pela opinião (doxa) atinge o conhecimento (episteme), onde raros estão. Platão e a educação Para Platão, "toda virtude é conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira - portanto, a educação não pode se restringir aos anos de juventude. Educar é tão importante para uma ordem política baseada na justiça que deveria ser tarefa de toda a sociedade - preconizava Platão. O ideal da escola pública Baseado na ideia de que os cidadãos que têm o espírito virtuoso fortalecem o Estado e que os melhores entre eles serão os governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade do estado - um princípio que só se difundiria no Ocidente muitos séculos depois. Igualmente avançada, quase visionária, era a defesa da mesma instrução para meninos e meninas e do acesso universal ao ensino. Contudo, Platão era um opositor da democracia. O filósofo via no sistema democrático que vigorava na Atenas de seu tempo uma estrutura que concedia poder a pessoas despreparadas para governar. Quando Sócrates, que considerava "o mais sábio e o mais justo dos homens", foi condenado à morte sob acusação de corromper a juventude, Platão convenceu-se, de uma vez por todas, de que a democracia precisava ser substituída. Para ele, o poder deveria ser exercido por uma espécie de aristocracia, mas não constituída pelos mais ricos ou por uma nobreza hereditária. Os governantes tinham de ser definidos pela sabedoria. Os reis deveriam ser filósofos e vice-versa. "Como pode uma sociedade ser salva, ou ser forte, se não tiver à frente seus homens mais sábios?", escreveu Platão. A ALEGORIA DA CAVERNA A narrativa expressa a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades. Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.). Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo. Este modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos, pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O inteligível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com Deus). Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar em uma imagem o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante. Por João Francisco P. Cabral