gota úrica visceral e articular em lóris arco

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GOTA ÚRICA VISCERAL E ARTICULAR EM LÓRIS ARCO-ÍRIS (TRICHOGLOSSUS
HAEMATODUS) – RELATO DE CASO
Maria Clara Lopes Alvarez , Lívia Perles, Thatiana Felix Sanches, Juliana Paula de Oliveira,
Aline Eyko Kawanami, Karin Werther
Grupo de Estudos de Animais Selvagens da FCAV - Campus de Jaboticabal, UNESP
Universidade Estadual Paulista, Departamento de Patologia Veterinária
e-mail: [email protected]
Palavras chave: ácido úrico, gota úrica, psitacídeo
A gota úrica é considerada uma doença metabólica em aves e caracteriza-se pelo acúmulo
anormal de cristais de ácido úrico. Pode se manifestar em duas formas: gota úrica articular e
visceral. Na gota úrica articular ocorre deposição de ácido úrico na capsula articular e na
bainha sinovial, locais de predileção devido à menor temperatura comparado ao restante do
corpo.1 Como sinais clínicos, o animal pode apresentar aumento de volume articular,
claudicação, redução da atividade física e dor.2 Sua apresentação geralmente é de caráter
crônico. A forma visceral, secundária ao aumento do nível plasmático de ácido úrico, resulta em
deposição de urato na serosa de vários órgãos como: fígado, baço, pericárdio, podendo ser
encontrado também em outros órgãos.3 Um adulto de Lóris arco-íris (Trichoglossus
haematodus) foi encaminhado ao Hospital Veterinário da FCAV – Campus de Jaboticabal,
Unesp. O animal apresentava sinais agudos de prostração, apatia, dispneia, hipotermia e
dificuldade de movimentar membros pélvicos. Ao exame clínico não se notou aumento de
volume articular ou fraturas e não foi observada nenhuma alteração radiográfica. O animal veio
a óbito no mesmo dia do internamento. No exame necroscópico observou-se grande
quantidade de gordura amarelo escura em cavidade celomática e material esbranquiçado
depositado em parênquima renal, em pericárdio, na serosa do fígado, intestinos, ventrículo,
fáscia de musculatura de membros, e também em tendões e articulações, sugestivo de gota
úrica visceral e articular. No exame histopatológico observou-se mineralização e cristais de
ácido úrico em áreas difusas do parênquima renal. Cristais de ácido úrico estavam presentes
também em serosa de fígado e entre pericárdio e epicárdio. Diversos fatores podem originar a
doença nas aves, como: causas renais (doença renal tubular, infecções renais por vírus ou
bactérias) e causas não renais (desidratação, dietas ricas em proteínas e cálcio, deficiências
nutricionais e hereditariedade)4,5. Considerando que a dieta comercial para a espécie seja
adequada, outras causas que levam ao quadro de gota úrica não podem ser desconsideradas.
O diagnóstico in vivo é difícil uma vez que os sinais são geralmente inespecíficos e a dosagem
sérica de ácido úrico muitas vezes não é realizada, entretanto, quando observados sinais
clínicos relacionados à redução da atividade física e dor, a dosagem sérica de ácido úrico deve
ser considerada.
Referências
1-Lumeij, J.T. (1994). Nephrology. In: Ritchie, B.W.; Harrison, G.J.; Harrison, L.R. (Eds.), Avian Medicine: Principles
and Application. Wingers Publishing Inc., Florida, pp. 538-555.
2-Cubas, Z.S.; Godoy,S.N, (2007). Medicina e patologia de aves de companhia. In: Aguilar, R,; Hernandez-Divers,
S.M.; Hernandez, S.J. (Eds.), Atlas de medicina, terapêutica e patologia de animais exóticos. Interbooks, Brasil, pp.
213-262
3-Lierz, M. (2003). Avian renal disease: pathogenesis, diagnosis, and therapy. Vet Clin Exot Anim, vol.6, 29-55.
4-Angel, R.; Ballam, G., (1995). Dietary protein effect on parakeet plasma uric acid, reproduction and growth.
Association of Avian Veterinarians Annual Conference Proceedings. AVV, Philadelphia, Philadelphia, pp. 27-32.
5-Godoy, S.N., (2007). Psittaciformes (Arara, Papagaio, Periquito). In: Cubas, Z.S.; Silva, J.C.R.; Catão-Dias, J.L.
(Eds.), Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. Roca, São Paulo, pp. 222-251.
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