AS TRÊS DIVISÕES DA HUMANIDADE Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as cousas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém" (1 Coríntios 2:14-15). O homem natural não conhece a Deus. O homem carnal não partilha do amor divino pelo mundo necessitado. Somente o homem espiritual é motivado e dirigido pelo amor constrangedor de Cristo. Nosso mundo é dividido pela riqueza, educação, raça, idade e até mesmo pela geografia. Algumas dessas divisões são naturais e positivas. Outras são artificiais e negativas. A Bíblia divide a humanidade em três grupos. Essas divisões não são feitas de conformidade com as nossas posses ou a cor de nossa pele. Na verdade, o apóstolo Paulo nos fala que em Cristo "não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher" (Galatas 3.28). A divisão da humanidade feita por Deus está baseada inteiramente na condição espiritual do coração humano! No Novo Testamento, no livro de 1 Coríntios, capítulos 2:14 a 3:4, Paulo estabelece as três grandes divisões da humanidade. O HOMEM NATURAL A primeira divisão descrita é a do homem natural. Em 1 Coríntios 2:14 lemos que "o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente". Quem é o homem natural? É aquele que nasceu apenas uma vez! Está fisicamente vivo, mas espiritualmente morto. É motivado primariamente pelos seus próprios desejos materiais. Não tem fé, não foi convertido e está perdido. Certa vez um líder religioso de nome Nicodemos aproximou-se de Jesus a fim de obter orientação espiritual. Jesus lhe disse: "quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" (João 3:5); e Ele passou então a definir o homem natural. "O que é nascido da carne", disse Jesus, "é carne" (v. 6). O homem natural é carne. Jesus Cristo não faz parte de sua vida. O "eu" reina supremo. Jesus Cristo foi excluído. O homem natural é egocêntrico. Ele basicamente funciona e busca satisfação nos cinco sentidos humanos. Apesar de poder mostrar-se externamente amável, cortês e bondoso, é egoísta em seu íntimo e busca em primeiro lugar satisfazer seus desejos carnais. O seu espírito jamais foi tocado pelo Espírito Santo, e ele está separado de Deus. Apesar de seus dons naturais e realizações materiais, o homem natural apresenta uma profunda carência em sua vida. Foi Pascal quem declarou: "Existe um vácuo na forma de Deus em cada coração" e somente Deus pode preenchê-lo. Henry Thoreau, o autor naturalista, também admitiu: "a massa humana vive em silencioso desespero!" A primeira grande divisão da humanidade é o homem natural. As coisas de Deus são estranhas e contrárias para ele. Paulo nos diz que ele não pode entender as coisas de Deus, não consegue harmonizar-se, não está equipado nem apto para me¬dir a verdade divina. O homem natural está num comprimento de onda completamente diferente; ele opera em outro nível. A Bíblia continua dizendo que o homem natural não entende as coisas de Deus. Por quê? Porque "lhe são loucura" (1 Coríntios 2:14). A palavra loucura vem do adjetivo grego moros, que tem o significado de inerte, sem gosto, insípido. Em outras palavras, os assuntos espirituais são desagradáveis e até absurdos para o homem sem Jesus Cristo. 1 As coisas de Deus não só são loucura para o homem natural, como também segundo as Escrituras, ele "não pode entendê-las" (1 Coríntios 2:14). Ele não só as desconhece, como também não pode entender as coisas de Deus porque "elas se discernem espiritualmente" (1 Coríntios 2:14). Um jovem professor universitário disse-me certa vez: "Dr. Sweeting, tentei ler a Bíblia centenas de vezes. Não faz sentido. Fui criado em um lar excelente, tenho um irmão que é ministro; mas, por alguma razão, parece que não consigo compreendê-la". Meu amigo, isto não é mistério. Paulo afirmou: "não pode entendê-las", pois o homem em seu estado não-convertido é governado pela sua natureza carnal. O HOMEM CARNAL A segunda grande divisão da humanidade inclui o homem carnal. O homem natural é aquele completamente alienado de Deus, enquanto o homem carnal é o cristão controlado pela carne. Ele experimentou a salvação de Deus, mas não está experimentando a soberania de Deus. Nasceu tanto física como espiritualmente, Cristo está em sua vida, mas o "eu" se mantém supremo! O ego continua no lugar do motorista. Em 1 Coríntios 3:1, Paulo fala aos cristãos de Corinto que foi forçado a falar-lhes "como a carnais, como a crianças em Cristo". Naturalmente, não há nada errado em ser uma criança espiritual. É nesse ponto que todos começamos. Pedro, falando aos novos cristãos, escreve: "desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento" (1 Pedro 2:2). Todos devemos começar nossa experiência cristã como crianças, como bebês recém-nascidos. Mas a tragédia está em que algumas pessoas permanecem crianças na fé. É justo que a mãe se alarme quando o filho não se desenvolve normalmente. O fazendeiro fica arruinado se suas plantações não crescerem e produzirem. A primeira lei da vida é a expansão. Sem crescimento não pode haver vida! Por que é importante que cresçamos como cristãos? Porque esse é o plano de Deus para nós. Em Romanos 8:29 lemos: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". Deus quer que nos assemelhemos a Cristo. Infeliz e desgraçado é o cristão que resiste ao plano divino para o seu desenvolvimento. Vamos examinar por um momento as características do homem carnal. Como uma criança, ele é facilmente ofendido e magoado. A criança chora à menor provocação. Qualquer atividade fora do comum pode perturbá-la. O cristão carnal enxerga pouco. Da mesma forma que à criancinha, falta-lhe bom senso e maturidade. Assim como essas características são normais na criança, elas o são também para o novo cristão. Somente quando o cristão deixa de crescer é que a carnalidade se faz presente. Muitos cristãos, porém, permanecem espiritualmente infantis por toda a vida. Seu crescimento foi suspenso e impedido. A inveja, as contendas e as divisões são características do homem carnal. Em 1 Coríntios 3:3, Paulo declara: "Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?" As crianças brigam constantemente. São impacientes e falta-lhes autocontrole. Muitas vezes são incapazes de conviver juntas. Foram os cristãos carnais que causaram muitos dos problemas na Igreja do Novo Testamento. Grande parte do tempo de Paulo e muitas de suas cartas foram dedicadas a esclarecer às Confusões e contendas criadas pelos crentes carnais. Por quê? Porque apesar de Jesus Cristo estar em sua vida, Ele não tinha a supremacia. Os cristãos estavam mais preocupados com as coisas materiais do que com as espirituais. Não conheciam a centralização e suficiência de Cristo. Meu amigo, onde você se encontra hoje? Está crescendo? Sua vida espiritual produz ou não fruto? 2 Você é um cristão carnal — salvo, todavia, como que através do fogo? O homem carnal é a segunda divisão da humanidade, convertido, mas controlado pelo ego. O HOMEM ESPIRITUAL Em 1 Coríntios 2:15-16, Paulo fala da terceira grande divisão da humanidade. Ele apresenta aqui uma ilustração do homem espiritual. "Porém o homem espiritual", diz Paulo, "julga todas as cousas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois, quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo". Quem é o homem espiritual? Paulo não está falando dos crentes em geral. O homem espiritual é com certeza um crente; mas, mais do que isso, é aquele cuja vida é controlada pelo Espírito Santo de Deus. Jesus Cristo não está apenas em sua vida, mas tem o controle dela! Ele experimentou o segundo nascimento, e Jesus Cristo é Senhor. Jesus Cristo reina e governa. O apóstolo Paulo era um homem espiritual. Ele escreveu aos crentes da Galácia: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus" (Galatas 2:20). O homem espiritual é aquele que se rendeu completamente a Jesus Cristo, que reina supremo em sua vida. Em contraste com a imaturidade do homem carnal, o homem espiritual cresce nas coisas de Deus e produz fruto. O homem espiritual é aquele que já experimentou o amor de Deus e que, por sua vez, deseja partilhar esse amor com outras pessoas. O homem natural não conhece a Deus. O homem carnal não partilha o amor de Deus com o mundo necessitado. Somente o homem espiritual é motivado e dirigido pelo amor constrangedor de Cristo. De conformidade com 1 Coríntios 2:15, vemos que o homem espiritual possui discernimento. Ele tem capacidade para tomar as decisões certas, podendo compreender perfeitamente as Escrituras e viver segundo a perfeita vontade de Deus. "Porém o homem espiritual", diz Paulo, "julga (ou discerne) todas as cousas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém" (1 Coríntios 2:15). Finalmente, o homem espiritual é aquele que apresenta a mente de Cristo. Paulo deu instruções aos cristãos de Filipos: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus" (Filipenses 2:5). O homem espiritual é caracterizado pela mente de Cristo, um espírito de serviço e submissão. Ele se assemelha em sentimentos Àquele que "a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo... e, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz" (2:7-8). São três as divisões da humanidade: natural, carnal e espiritual. Em que categoria você se encontra, meu amigo? Se é ainda um homem natural, pode ganhar espiritualidade reconhecendo o seu pecado e recebendo a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Talvez você seja um homem carnal, mas também pode tornar-se um cristão espiritual neste mesmo instante, rendendo sua vida inteiramente a Cristo, e reconhecendo-se egocêntrico, você deve dar a Jesus Cristo o primeiro lugar. Como? A Bíblia diz: "Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9). 3