VERDADES SOBRE A CONTEMPORANEIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS Parte III Amados: Continuemos esta série de estudos com as nossas Bíblias abertas. Conforme anunciamos, pretendemos falar sobre Regeneração e o Batismo com o Espírito Santo e a consequência deste batismo à conversão. Há, nas Escrituras Sagradas, referência a diversos batismos. A) O batismo nas águas, símbolo da redenção das nossas almas. Significa o sepultamento, com Cristo, do homem velho, com seus deméritos e pecados, feito outra criatura, segundo a natureza de Deus, e o início de uma nova vida patenteada em ideais de santidade e testemunho efetivo do Senhor Jesus e do seu evangelho. (Mateus 3.6, 11; 28.19; Marcos 1.4; 16.16; João 3.22; 4;.1;Atos 2. 38,41; 8. 36-39; 18.8; 19.5; Romanos 6.4; Colossenses 2.12). B) O batismo do sofrimento de Cristo. Lemos em Marcos 10.38: “Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?” Ambos o cálice e o batismo são metáforas para a sua paixão. No Velho Testamento o cálice é muitas vezes um símbolo para uma porção ordenada por Deus, geralmente uma porção de sofrimento. Se quiséssemos buscar o sentido dessa metáfora de Cristo, diríamos que era o cálice da mistura dos nossos pecados. Batismo significa, aqui, “ser afogado em calamidade”. O batismo nas águas foi a iniciação do Messias oculto; o batismo da morte foi a Sua iniciação como o Senhor da glória. O batismo no corpo. No batismo no corpo de Cristo, o agente, o que batiza, é o Espírito Santo. O recipiente é o corpo de Cristo, tomando como metáfora da Sua Igreja. (Efésios 1.22-23; Colossenses 1.18). A causa eficiente é a graça redentora feita provisão no Calvário (II Coríntios 5.18-21; I Pedro 2.24). O batismo no corpo de Cristo é, realmente, um processo tríplice que se realiza num só momento: conversão mais regeneração mais adoção, ou identificação no corpo de Cristo, figurado na Sua Igreja, que em sentido relativo é, também, o reino de Deus, o conjunto eterno dos salvos, a Igreja universal. Há, portanto, absoluta coerência nos ensinos paulinos de I Coríntios 12.13; Romanos 6.3 e Gálatas 3.27. A lição do texto é dupla: primeiro fala na identificação ou entrada do salvo no corpo de Cristo, que é a Sua Igreja (Efésios 1.22-23). O Espírito Santo opera essa graça pela bênção da regeneração, do novo nascimento (João 3.3-5), experiência sobrenatural, da qual o batismo nas águas é símbolo (Mateus 3.13. 16; Atos 2. 38; 8.38-39; Colossenses 2.12). O batismo no corpo de Cristo e, então, a adoção ou identificação do pecador regenerado e vivificado em espírito no corpo de Cristo, a igreja universal dos salvos, o reino de Deus. O batismo com o Espírito Santo é a experiência da possessão plena do salvo pela Espírito Santo e revestimento de poder para o serviço e testemunho. Sabemos que de um modo quase geral não tem sido ensinado assim no âmbito geral das igrejas evangélicas como um todo. Aliás, pouco ou quase nada se tem dito sobre o assunto, daí a lamentável incidência que campeia nos arraiais evangélicos quanto à doutrina. O ensino corrente é que o batismo com o Espírito Santo identifica-se com a conversão, e resume-se na recepção do Espírito Santo pelo pecador regenerado. Segundo essa teoria, o batismo com o Espírito Santo seria, então, o batismo no corpo de Cristo de que fala o Apóstolo. Formaria um todo com a regeneração e com ela as confundiria. Em síntese: regeneração mais batismo no corpo de Cristo mais batismo com o Espírito Santo se identificam num só ato, numa experiência única. Sentimos declarar que tal teoria não encontra fundamento na Palvra de Deus. O batismo com o Espírito Santo é uma experiência independente da regeneração e identificada com o revestimento de poder para o serviço e testemunho. Nunca à regeneração. Antes a regeneração é a condição sine qua non para a recepção da bênção. Jamais alguém conhecerá do batismo com o Espírito Santo sem experimentar a regeneração. Na regeneração o pecador recebe o Espírito, penhor da sua salvação; no batismo com o Espírito Santo o salvo é inteiramente possuído pelo Espírito e conhece do Seu revestimento de poder. Portanto, o batismo com o Espírito Santo não está ligado à regeneração mas ao revestimento de poder para o serviço e testemunho. Batismo como Espírito Santo e revestimento de poder para o serviço e testemunho efetivo de Cristo, são, pois, irmãos gêmeos. Identificar numa só experiência, única e sempre necessária, à regeneração e o batismo com o Espírito Santo, é sancionar em nome de Deus invenção humana pura e simples, como consequências desastrosas para a alma crente, que fica, assim, sem estímulo para buscar e achar a gloriosa bênção. Regeneração ou novo nascimento Portanto, regeneração ou novo nascimento é a implantação da natureza divina em nós. E quando, por ocasião da salvação, somos transformados em novas criaturas e nos é transmitida a vida espiritual de Deus, a qual em nós se desenvolve através de um processo paulatino denominado santificação. Este é, sem dúvidas, o maior milagre de Deus em nós! Paulo diz que “ se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 2.15). Na regeneração, o nosso espírito entra em comunhão com Deus, recebemos a natureza divina e somos libertos do poder do diabo e do pecado. De maneira resumida dizer que é a restauração do relacionamento vertical (com Deus) que nos impulsiona a um relacionamento horizontal (amor e pregação do Evangelho). O batismo com o Espírito Santo subsequente à salvação No batismo com o Espírito Santo, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não há transformação moral de vida, pois se ainda precisássemos de mudança neste sentido através de nova experiência, a obra de Jesus no Calvário, que resulta na regeneração, seria incompleta, o que não é verdade. Há, sim, uma capacitação espiritual para a pregação do Evangelho, que não influi na santificação. Ao sermos batizados com o Espírito Santo, temos capacitação maior à nossa disposição, estimulando a nossa ousadia. Mas depende de nós usá-la ou não na pregação do Evangelho. Também poderíamos dizer que na regeneração se recebe a vida espiritual: “quem tem o filho, tem a vida” (I João 5.12) e no batismo com o Espírito Santo, o poder espiritual: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espirito Santo, sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra!” (Atos 1.8). A apóstolo Paulo diz aos Efésios que eles foram selados com o Espírito Santo, isto é, receberam a primeira bênção ou a salvação: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Efésios. 1.13). Mas exorta-os a buscarem a segunda obra da graça ou o batismo como Espírito Santo: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18). Paulo também fala aos romanos que quer comunicar a a eles algum dom espiritual: “Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados” (Romanos 1.11). Ele dizia isto pressupondo que quando chegasse lá, os romanos seriam batizados com o Espírito Santo: “E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo!” (Romanos 15.29). Quando Pedro fala a respeito desta bênção, ele nos mostra que é uma experiência subsequente à salvação: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (Atos 2.38-39). Ora, se o dom do Espírito Santo fosse o novo nascimento, como muitos assim querem que seja, ele deveria vir antes do batismo, pois o batismo é para os que já estão salvos, pois é símbolo da regeneração que já ocorreu. No entanto, Pedro coloca o dom do Espírito depois do batismo em águas, consequentemente depois da regeneração. Logo, concluímos que o dom ou batismo com o Espírito Santo é um experiência subsequente ou posterior ao novo nascimento (a salvação). O batismo com o Espírito Santo é para os que já são servos de Deus, logo para aqueles que já são salvos: “E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias ...”. (Atos 2.18). A Bíblia manda que peçamos esta experiência ao nossos Pai celestial. Se é ao Pai, é porque devemos pedir quando já formos filhos de Deus, quando já estivermos regenerados. “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11.23). O batismo com o Espírito Santo é para aqueles que já foram justificados pela graça, isto é, foram salvos: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos (também) herdeiros (da promessa do Espírito) segundo a esperança da vida eterna” Tito 3.5-7). A Bíblia distingue as duas experiências: salvação (vestes brancas) e a plenitude do Espírito (unção com óleo): “Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça”. (Eclesiastes 9.8). Sabemos muito bem que há muita objeção à verdade do batismo com o Espírito Santo. Por exemplo, estranha-se o termo do vocábulobatismo essa experiência. Conquanto vários outros vocábulos sejam usados, preferimos empregar o termo o termo batismo para distingui-lo da habitação do Espírito Santo. Assim o Espírito Santo habita em cada cristão genuinamente regenerado, capacitando-o para uma vida vitoriosa; mas, o Espírito Santo desce sobre ou batiza para dar poder e intrepidez para o serviço cristão efetivo. A vidado cristão começa na cruz, e o seu serviço começa no Pentecostes. Não há dúvida de que o batismo com o Espírito Santo é também chamado o enchimento com o Espírito Santo. A razão para isto está em que no Pentecoste os discípulos foram simultaneamente batizados e cheios do Espírito. Podemos nos referir a essa experiência usando tanto o termo batismo como a palavra plenitude, sempre uma implicando na outra. Todavia, é certo chamar-se à experiência inicial deo batismo com o Espírito Santo, que, nas Escrituras, é seguido de repetidos enchimentos, para atender a necessidades especiais. Por exemplo, o apóstolo Pedro foi “enchido” em Atos 2.4 e também em Atos 4.31. Há um fato que quero ressaltar: no que respeita ao termo – cheio do Espírito Santo – muitas vezes temos ouvido esta objeção: “Não se trata de recebermos mais do Espírito e sim de o Espírito receber mais de nós”. E, para provar isso, alguns dizem: “O Espírito Santo é uma pessoa e visto que é pessoa, nós o recebemos, isto é, ele todo. Não podemos receber uma parte dele, visto tratar-se duma pessoa definida; trata-se, pois, de receber ele mais de nós”! A princípio isso parece lógico, mas, melhor considerado o caso, vemos que é bem ilógico. Se não podemos receber mais ou menos do Espírito pelo fato de ser ele uma pessoa, como pode então o Espírito receber mais ou menos de nós quer também somo pessoas? Vemos que o argumento ou a premissa cai por terra e não merece a mínima consideração... Temos nas Sagradas Escrituras várias referências diretas ao batismo com o Espírito Santo. Cada um dos Evangelhos nos recorda a afirmação de João Batista acerca dessa experiência. Ele a contrasta com o seu próprio batismo do arrependimento (Mateus 3.11; Marcos 1.8; Lucas 3.16 e João 1.33). O termo também foi empregado pelo próprio Senhor Jesus em Atos 1.5: ”Porque, na verdade, João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. O apóstolo Pedro empregou a expressão em Atos 11.15-17, quando também usa palavras descritivas como “caiu sobre” e como o “dom” . O apóstolo Paulo usa a expressão em I Coríntios 12.13: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Muitos escritores e mestres edificam sua doutrina da plenitude do Espírito Santo nesta última referência. Todavia, Paulo tinha em mente assunto inteiramente diferente, uma vez que estava falando do fato de cada um crente ser despertado dentro os mortos, pela agência do Espírito Santo e assim haver sido feito membro do corpo místico de Cristo. Esse era o modo pelo qual Paulo falava do novo nascimento, referido em João 3.7. Habitação e batismo com o Espírito Santo Consideremos agora esta experiência de Jesus, dos discípulos e dos crentes de hoje em dia. Jesus foi gerado pelo Espírito e em toda a sua vida a teve a habitação do do Espírito; mas enquanto não foi batizado com o Espírito Santo, não entrou no seu ministério público. Assim também se deu com os discípulos. Eram já crentes antes do Calvário, pois que Jesus dissera que eles não eram deste mundo e que seus nomes estavam escritos no céu (João 17.16; Lucas 10.20); e, no entanto, na noite do dia de sua ressureição, Jesus soprou sobre eles e lhes disse: “Recebei o Espirito Santo”. (João 20.22); e só cinquenta dias depois, na festa do Pentecoste, experimentaram eles o batismo com o Espírito Santo. Foram então batizados e cheios do Espírito Santo para o serviço cristão (Atos 2.4). E assim se dá ainda hoje na experiência normal do cristão. Cada cristão primeiro nasce do Espírito e passa a ter a habitação do Espírito, porque “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8.9). Mas, sem o batismo com o Espírito Santo, tal habitação jamais é completa. Então, essa habitação no servo de Deus não deve ser confundida com a vinda do Espírito sobre o servo de Deus para lhe conceder poder e intrepidez para o serviço cristão. Esta última experiência é o chamado batismo como Espírito Santo. De modo breve precisamos considerar outra objeção feita por alguns a esta maravilhosa experiência. Dizem que, pelo fato de o Espírito Santo ter sido dado à Igreja no Pentecoste, cada cristão já tem esta experiência do Pentecoste. No entanto, quando analisamos esta objeção à luz de João 3.16, que afirma que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito” tal objeção também cai por terra. Sim, porque exatamente como Cristo é dom de Deus para o mundo, mas cada um de per si tem que recebêLo, também o Espírito Santo é o dom de Deus para a Igreja, mas muitos da Igreja não têm recebido o que lhes é oferecido. Nos dois casos deve haver uma apropriação pessoal definida. É bom lembrar que o Calvário, nas Escrituras, está intimamente relacionado com o Pentecoste, e o preciso sangue do Senhor Jesus com o Consolador. Não podemos ter o Espírito Santo sema Cruz de Cristo. Em sua carta, João liga o Calvário e o Pentecoste no abrir do lado de Jesus pelo soldado romano, pois diz que: “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é que o testifica, porque o Espírito é a verdade”. I João 5.6). Portanto, seguindo-se à completa obra de Cristo, derramou-se o Espírito Santo no Pentecoste. Num sentido real, o Pentecoste jamais se repetiu, como também o Calvário; mas, como os benefícios do Calvário precisam ser recebidos, assim também devem ser recebidos os do Pentecoste. Em outras palavras, como o transmissor de vida espiritual, o Espírito Santo entra em nós por ocasião do novo nascimento para nos transmitir a vida de Cristo e para desenvolvê-la. Nessa função, ele habita dentro de nós desde a conversão. Na função de ajudador ou consolador, ele atua de duas formas: a) o consolador conosco: a partir da nossa conversão, o Espírito Santo, na função de consolador, atua ao nosso lado. A palavra consolador no grego significa “chamado para estar ao nosso lado” (parácleto); b) o consolador sobre nós: ocorre no batismo com o Espírito Santo, quando este, na função de consolador, vem sobre nós, nos revestindo de poder. Revestido, por já está vestido. É bom lembrar que estamos vendo o Espírito na função de outro consolador (pessoa distinta de Cristo), pois na função de transmissor d vida espiritual (Espírito de Cristo), Ele está dentro de nós desde a conversão. Jesus, colocando de lado a função do Espírito de transmissor de vida espiritual, e levando em conta apenas a missão de consolador, fala da salvação e da segunda bênção: “...porque Ele habita convosco e estará em vós” (João 14.17). João nos mostra as duas experiências, ao referir-se à afirmação do mestre de que só receberiam o Consolador interiormente (segunda bênção), aqueles que já o conhecessem por tê-lo ao seu lado (primeira experiência). O mundo pode e deve receber a Cristo, mas só os crentes salvos podem e devem receber o Consolador dentro deles: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós”. (João 14.17). No nosso próximo encontro falaremos sobre exemplos da subsequência do batismo com o Espírito Santo e sobre o que acontece por ocasião deste batismo e a sua evidencia. Ainda pretendemos falar sobre a segunda bênção e a necessidade de se buscar o batismo com o Espírito Santo para o melhor desempenho do serviço cristão e o testemunho efetivo de Cristo. Que o Senhor Deus nos abençoe e nos guarde, em Cristo Jesus! Amém. Pr. José BARBOSA de Sena NETO ex-padre frade capuchinho, hoje crente em Jesus. www.prbarbosaneto.blogspot.com