O CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO SEGUNDO AMMANN Emmanuelle Mariussi Santos1 Claudia Fernanda Grün2 INTRODUÇÃO: O presente artigo vem trazer a visão de AMMANN sobre os conceitos de participação social difundidos no Brasil nas décadas anteriores à 19803, e as vertentes teóricas de fundamentação. OBJETIVOS: Com a elaboração desse artigo objetiva-se aprofundar a discussão sobre as formas e os resultados da participação efetiva da população na vida em sociedade, principalmente nos espaços democráticos dos conselhos de políticas sociais. METODOLOGIA: Esse foi um trabalho elaborado através de pesquisa qualitativa bibliográfica, a partir de estudos realizados no Núcleo de “Espaços Participativos e Demandas por Cidadania” Ministrado pela Professora Dr. Zelimar Soares Bidarra. RESULTADOS: A autora destaca que a realidade social está em permanente mudança, idéia essa que está presente em diversas matizes do conceito de participação, visto que a ação, muda de acordo com o desenvolvimento e historicidade da sociedade. A participação está vinculada à identidade dos sujeitos envolvidos, independente da forma como se participa. A participação pode ter duas formas: a de conquista e a de concessão. Como conquista tem-se um processo constante de construção e exige uma Acadêmica do 4º ano do Curso de Serviço Social da UNIOESTE-Campus de Toledo. Endereço: Avenida Corupá nº 160 CEP:85945-000 Tupãssi-Pr. Telefone: (45)9916-1702. email: [email protected]. 2 Acadêmica do 2º ano do Curso de Serviço Social da UNIOESTE-Campus de Toledo. Endereço: Rua Ângelo Giachini nº 208 apto 06 Jardim Santa Maria CEP 85900-000 Toledo-Pr. Telefone: (45)9912-5940 e-mail: [email protected]. 3 O artigo de AMANN que foi tomado como base para a construção deste, foi escrito no inicio da década de 1980. É interessante ressaltar que a participação cidadã tem seu embrião na década de 1970, período em que a sociedade civil e coloca contra o aparato estatal numa participação de confronto, pela luta pela democracia e pela cidadania, que vão ser concretizadas com a Constituição Federal de 1988. (Anotações feitas pela acadêmica Emmanuelle Mariussi Santos nas aulas da disciplina de Questão Social II ministrada pela Professora Zelimar Soares Bidarra no ano de 2004 na UNIOESTE) 1 postura ativa, enquanto na dimensão da concessão exige dos sujeitos uma postura conformada. A participação segundo AMMANN se identifica com o associativismo, e do mesmo modo que estimula o trabalho gratuito, também implementa mudanças culturais. Segundo a concepção exposta pela autora quanto maior for o grau de associativismo de uma dada população, mais, ela estaria hábil para ampliar o processo participativo. Desse modo, tem-se a participação como a reunião dos indivíduos com objetivos comuns. Entende-se, através da argumentação da autora, baseada na definição de Albert Meister, que o sucesso da participação está vinculado à identidade e ao pertencimento dos sujeitos com relação ao espaço que anseia participar. Devido ao fato de muitas associações estarem articuladas ao aparato ideológico do Estado, elas acabam tendo a finalidade de desviar as legitimas reivindicações e desejos da população, bem como enfraquecem a resistência e o poder reivindicatório das classes trabalhadoras, criando assim a seguinte situação: ao invés de modificarem, tais associações reproduzem e acentuam as desigualdades sociais. Pode-se afirmar, então, que o associativismo usado de forma inadequada pode trazer conseqüências que não condizem com as respostas demandadas pela população. Diante disso, AMANN afirma que deve-se ter claro que o associativismo é um campo de grande importância, porém torna-se perigoso quando atrelado ao aparato estatal, e cabe aos profissionais que atuam diretamente com a população subalterna se juntar aos grupos populares para contribuir na defesa de seus direitos, na construção de um real associativismo que construa, para além das ações imediatas, como a melhoria das suas condições de vida, condições efetivas para participação dessa população subalterna nos processos decisórios e históricos, para que assim se tornem sujeitos políticos ativos na sociedade. Um outro viés interpretativo para o conceito de participação, tem sua base na teoria da modernização, a qual entende que o atraso nas condições de desenvolvimento de algumas populações ocorre devido aos padrões culturais e de condições psico-sociais, podendo, esses fatores constituírem-se como barreiras que impedem o desenvolvimento de uma nação. A partir dessa referencia teórica, sugere-se um dado método que tem por objetivo alterar a vida da comunidade, por meio da direção planejada e desejada pela classe dominante. Porém deixando transparecer a, falsa, idéia de que a mudança foi desejada e provocada pela própria comunidade e seus fatos históricos. Ou seja, há uma distorção da percepção da população para que esta não identifique que está sendo manipulada pelos interesses das classes dominantes. Quando se trata da participação e da integração de grupos marginais AMANN explicita a predominância da teoria funcionalista, a qual trata esses grupos como desajustados porque explicitam os focos patológicos da sociedade. Ou seja, essa vertente teórica afirma que os grupos marginalizados são fruto do seu próprio desajuste à sociedade. Porém acredita-se que ao contrario do que preconiza essa teoria, é a organização da sociedade, do seu modo de produção vigente, que divide a sociedade em classes, subalternizando e explorando alguns para proporcionar aos outros o acumulo do capital, marginalizando assim, as classes não detentoras de capital e, portanto de poder. A vertente funcionalista propõe que os grupos marginalizados sejam “trabalhados” ideologicamente para que se integrem a esse sistema de contradições e conflitos, porém concebendo-o como um sistema de produção justo e próspero. Analisando esses últimos dados, pode-se afirmar que a “participação” no sistema de produção Capitalista (de consumo e do poder) é nula para os grupos marginalizados, pois é o próprio sistema que os marginaliza, através da exploração do trabalho social. Pode-se destacar aqui também a questão da participação e do trabalho gratuito, que consiste na mobilização das comunidades em mutirões para realizar tarefas, que necessitam da força de trabalho, como uma forma falsear a participação das pessoas com o intuito de mantê-las afastadas da efetiva participação decisória da sociedade. Afirma-se aqui que essa mobilização seria de grande valia se fosse para reivindicar serviços e equipamentos comunitários que são de direito da população, todavia o Estado tenta se desresponsabilizar colocando-os de forma mascarada sob o “controle” da sociedade. AMANN traz no artigo estudado um retrato da participação popular nas décadas anteriores a 1980, onde a participação popular era concebida apenas dentro dos limites e modelos impostos pelo Estado. Limites esses que não contemplavam, realmente, a participação das classes trabalhadoras. Visto que quem decide é quem tem o poder econômico e político, o motivo claro para que a dominação continuasse submetida aos mesmos sujeitos por muitas vezes A participação política, ao longo da historia por muitas vezes encontrou-se camuflada num discurso que afirma que esta participação é direcionada a todas as classes sociais. No entanto, ela encontra-se em uma esfera de discriminação tal, que as chances do poder de decisão das classes subalternas, por vezes, tem sido praticamente nulo, uma vez que este poder encontra-se quase que exclusivamente, nas mãos dos detentores da propriedade e do capital. Mesmo que se levasse em consideração o voto, a formulação de leis e de diretrizes, e as representações partidárias que fazem parte das determinações da sociedade. Pois é aí que se torna mais explicita a exclusão das classes subalternas em relação à participação política, visto que tem se limitado ao voto. A participação social passa a destinar-se, quase unicamente, às classes excluídas dandolhes uma idéia limitada de participação através de algum acesso aos bens e ao poder da sociedade, ou seja, essa participação propõe-se a minimizar algumas seqüelas do modo de produção capitalistas. Por vezes parece que as classes dominadas têm as mesmas garantias que tem a classe dominante, o que é pura utopia. A participação na dimensão política significa luta das classes subordinadas por melhores condições de vida, uma busca constante pelo compromisso com as necessidades da população. E para isso é preciso que os profissionais engajados nesta causa, façam um trabalho de conscientização e organização das classes subalternas tendo em vista a conquista do espaço político, para que as injustiças existentes na estrutura da sociedade sejam desmascaradas e modificadas. CONCLUSÕES: Pode-se afirmar que a participação é um conceito e uma ação histórica, pois é construído constantemente de acordo com as mudanças da sociedade. A participação é um processo de luta dos sujeitos que se sentem parte de uma de uma realidade, neste sentido não importa qual o tipo de participação, mas sim a associação e a participação dos sujeitos na luta por uma sociedade consciente, critica, e sem as injustiças postas pelo modo de produção capitalista. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AMMANN, S.B. Considerações Críticas sobre o Conceito de Participação. In: Serviço Social e Sociedade nº5, ano 2. São Paulo: Cortez, 1981. p. 147-156. MEDEIROS, J. B. Redação Cientifica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 200. p. 137-149.