relação entre as práticas clínicas de enfermagem

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Trabalho
7 - 1/4 ENTRE AS PRÁTICAS CLÍNICAS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO
RELAÇÃO
PRIMÁRIA E OS PRINCÍPIOS DOS SUS
Ana Luzia Miranda Monteiro (Estratégia Saúde da Familia em Fortaleza); Keila Maria de
Azevedo Ponte (Hospital do Coração de Sobral e Instituto Superior de Teologia Aplicada,
Email: [email protected]); Antonia Eliana de Araújo Aragão (Instituto Superior de
Teologia Aplicada); Michelle Alves Vasconcelos (Instituto Superior de Teologia Aplicada,
SAMU, Santa Casa de Sobral); Maria Adelane Monteiro da Silva (Instituto Superior de
Teologia Aplicada e Escola de Saúde Visconde de Sabóia).
INTRODUÇÃO
As ações e os serviços de saúde públicos e privados que integram o Sistema Único de
Saúde (SUS) devem obedecer aos princípios da universalidade do acesso, integralidade e
igualdade da assistência, devendo os profissionais executar suas atividades em saúde,
direcionadas e voltadas para esses princípios, garantindo os mesmos aos usuários.
Cunha et al (2000) afirmam que o principio da integralidade diz respeito a visualizar a
“pessoa como um todo” e que suas necessidades sejam assistidas através de ações integradas
de promoção da saúde, prevenção de doenças, além da cura e reabilitação.
A enfermagem tem contribuído muito com o processo de construção de políticas
sociais e públicas voltadas para o fortalecimento do SUS, considerando sua participação nas
práticas de intervenção social no âmbito da gestão, do ensino e assistência.
A enfermagem, como parte do processo de produção em saúde, é determinada pelos
mesmos paradigmas que regem o conjunto das práticas no campo da saúde e está sujeita às
mesmas visões do processo saúde-doença, que necessita reformular (SALUM et al, 2000).
O enfermeiro é um profissional que integra, obrigatoriamente, a equipe de saúde da
família, o qual vem desenvolvendo importantes atribuições na unidade básica de saúde e na
comunidade, prestando, continuamente, assistência e promovendo processos de educação e
saúde.
Nesse contexto, para que os objetivos do SUS sejam atingidos, exige-se o
desenvolvimento de determinado processo de trabalho de enfermagem que vem se
diversificando em atividades assistenciais, de gerência, de ensino e de pesquisa.
A importância desta pesquisa se desdobra na produção de conhecimentos que serão
consumidos pela academia e pelos enfermeiros da estratégia de saúde da família, assim como,
na possibilidade de fornecer subsídios para futuros redirecionamentos da prática clínica dos
profissionais.
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OBJETIVOS
•
Conhecer a compreensão que os enfermeiros da atenção primária têm sobre os
princípios do SUS;
•
Investigar como os princípios do SUS são operacionalizados pelos enfermeiros no
desenvolvimento de suas ações;
•
Identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros para a
operacionalização dos princípios do SUS.
METODOLOGIA
O estudo é de caráter exploratório-descritivo, com fundamentação na abordagem
qualitativa por melhor adequar-se à análise do objeto e aos objetivos da pesquisa.
Os locais selecionados para execução desse estudo foram as Unidades Básicas de
Saúde da Família (UBSF) pertencentes à SER VI em Fortaleza-CE. Sessenta e quatro
enfermeiros desenvolvem atividades nestas UBSFs. Destes, vinte seis compuseram a amostra
do estudo. Os demais foram excluídos porque se recusaram ou não estavam presentes nas
unidades.
A coleta de dados aconteceu durante os meses de agosto e setembro de 2008, onde foi
utilizado um roteiro de entrevista. Os dados foram organizados a partir das transcrições das
entrevistas e leituras sucessivas das falas, onde as idéias centrais, ou seja, aquelas mais
evidentes, que descreveram de forma sintética e precisa o sentido das falas, foram
identificadas e registradas. Foi obedecido o que preconiza a Resolução 196/96, quanto aos
aspectos éticos da pesquisa com seres humanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Embora uma visão holística do homem, da medicina e da saúde seja antiga, o conceito
dos princípios é relativamente novo na saúde. Quando indagado qual a compreensão conceitual
dos princípios do SUS os profissionais demonstraram um conhecimento básico, houve
equivoco interpretativo com alguns termos que fazem parte do ordenamento jurídico da saúde.
A aplicabilidade dos princípios do SUS implica um passo a mais, cujo conhecimento
das necessidades e demandas individuais e coletivas acerca da saúde deve ser resultante da
permanente interação dos atores na relação demanda e oferta, nos diversos níveis de atenção à
saúde individual e coletiva.
Nessa pesquisa as enfermeiras destacaram que a oferta do serviço de saúde é
considerada um elemento de grande dificuldade para ser operacionalizado.
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Embora existam diversas dificuldades para a oferta de serviços em quantidade
adequada segundo as entrevistadas pode-se observar através das falas que existe por parte dos
profissionais o desejo em superar os obstáculos para o cumprimento de ações do atendimento
da atenção primária.
A aplicabilidade dos princípios é o alicerce para o alcance de uma melhor qualidade
das ações e serviços voltados para a promoção da saúde, prevenção, recuperação e
reabilitação.
Contudo, observa-se que ainda assim as enfermeiras reconhecem a importância da sua
participação para a concretização do atual modelo de saúde, apesar dos limites impostos à sua
atuação, o que conduz a uma perspectiva de acreditar que a aplicabilidade dos princípios vai
se consolidando conforme sua conjuntura administrativa e política. Neste sentido o
profissional poderá ser influenciado, por estar inserido nessa conjuntura.
Teve uma abordagem nas falas, devido o enfermeiro atuar como generalista pode
contribui com a realização dos princípios, porque não se volta para o atendimento individual
exclusivo como é a prática de outros profissionais de saúde, mas também tem uma visão e
atuação na organização do serviço para prestar a assistência.
Os trabalhadores que atuam nos serviços devem ser capazes de não modelar as
demandas trazidas pelos usuários de acordo com o ofertado pelo serviço, como regularmente
acontece.
Os participantes foram enfáticos em declarar que a principal barreira para aplicação
dos princípios advêm da falta de material, falta de recursos humanos e falta de estrutura física
adequada. Isto é, deixaram claro que as barreiras são postas por uma parte do processo do
qual eles são alheios.
As dificuldades descritas interferem na capacidade de resolução dos serviços, em
todos os níveis de assistência. Os profissionais entrevistados referem-se aos serviços que
dirigem como sendo de boa qualidade, porém, quando discutem temas como eqüidade, justiça
e condições de trabalho, apontam sérias deficiências em relação à qualidade do atendimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi verificado que os profissionais possuem o conhecimento a respeito das concepções
e doutrinas do SUS e reconhecem a importância de sua aplicabilidade na prática clínica.
Esses impedimentos acontecem em parte pela precária estrutura física das unidades,
carência de recursos materiais e principalmente de recursos humanos, o que impede que as
doutrinas do sistema se concretizem como política de saúde.
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Face ao contexto observado sugerimos ampliar as equipes da saúde da família para
desafogar o atendimento e assim aplicar melhor os princípios universalidade, equidade e
integralidade.
REFERENCIAS
CUNHA, E. M; CARVALHO, A. I; LOBATO, L. V. C; CONILL, E. M. Sistemas Municipais
de Saúde e a diretriz da integralidade da atenção básica. São Paulo: Artes, 2000.
SALUM, M. J. L. O ensino de enfermagem. Cadernos do Vestibular, São Paulo, v. 1, 31 out.
2000.
TURATO, E.R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Construção
teórico-epistemológica discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas.
Petrópolis: Vozes, 2003.
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