Carioca irá cruzar a remo o Oceano Atlântico para conseguir fundos

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Em busca de um sonho: carioca irá cruzar a
remo o Oceano Atlântico para conseguir
fundos para pesquisa sobre tumor ósseo
Publicado em31/07/14 06:00
Depois de perder amigo por osteossarcoma, Caetano Altafin faz de sua viagem das Ilhas Canárias a
Barbados campanha para conseguir fundos pesquisa de combate à doença Foto: Arquivo pessoal/ Caetano
Altafin
Luiza Gould
Deixar para trás a família, os amigos, o emprego, a rotina do dia a dia, uma vida estabilizada. O que para
muitos pode parecer impensável nunca fez Caetano Altafin Rodrigues da Cunha desistir de seus sonhos.
Carioca de Laranjeiras, de 31 anos, Caetano atualmente mora em São Paulo. Mas em breve sua casa será
o mar. O advogado está prestes a embarcar na aventura de cruzar o Oceano Atlântico a remo, junto com
uma equipe de mais sete pessoas que tentará quebrar três recordes mundiais. O que o motiva, no entanto,
é algo que considera muito mais importante do que o recorde: remando um oceano, no total de 5.500
quilômetros, das Ilhas Canárias, na costa oeste africana, a Barbados, na América Central, Caetano tenta
angariar fundos para pesquisa do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into). A
pesquisa visa combater o osteossarcoma, tumor maligno dos ossos.
Em nome do objetivo de ajudar no tratamento desse tipo de câncer, com alta taxa de mortalidade, o
advogado deixará o emprego para se dedicar à travessia, já vendeu seu carro e outros bens, lançou a
campanha ‘RemaCaê: ajude o Caê a cruzar o Atlântico’ e criou um site para divulgá-la. No portal o
remador recebe doações para o projeto, através do sistema de crowdfunding, prática de financiamento
pela internet. O dinheiro arrecadado será distribuído da seguinte forma: a cada R$ 1 doado para a o
projeto, R$ 0,50 tem como fim o financiamento da travessia e os outros R$ 0,50 tem como destino a
pesquisa. Caso consiga patrocinadores ou parceiros para cruzar o Oceano Atlântico, Caetano afirma que
pretende destinar integralmente o valor doado no site para o Into.
História
Com um histórico de dez anos atuação em projetos sociais e voluntariado, Caê, como também é
conhecido, viu de perto o sofrimento provocado pelo osteossarcoma. Ele perdeu um amigo de infância
por conta da doença. O companheiro no futebol, parceiro nas causas sociais, um verdadeiro irmão, como
Caê o considerava, era Rafael Cordeiro que descobriu estar com câncer nos ossos em 2005. De início
sentindo dores na perna, ele fez vários exames até ser diagnosticado com osteossarcoma no fêmur e
receber a notícia de que deveria ter somente mais um mês de vida. Rafael resistiu, conviveu com a doença
durante dez meses e chegou a ter uma das pernas amputada. Morreu em 2006, com apenas 24 anos. A
perda fez Caetano refletir: “O Rafael me disse algo que nunca esqueci. Ele falou que se tivesse tido a
doença daqui a 10, 20 anos, talvez ele tivesse chances de sobreviver porque poderiam haver pesquisas,
formas de tratamento que não existem hoje, já que a medicina evolui muito. Acho que precisamos tentar
fazer com que isso seja possível.” Ao mesmo tempo, Caetano criou uma dívida de gratidão com o
instituto que cuidou de Rafael. “Pude ver todo o engajamento dos médicos, dos funcionários, acompanhei
o tratamento que eles desenvolvem com os pacientes”, afirma.
Rafael Cordeiro era um irmão para Caetano. O companheiro de causas sociais, como a de ensino de
futebol para crianças carentes (segunda imagem), morreu em 2006 devido ao osteossarcoma Foto:
Divulgação/ Projeto FuteFeliz
A ideia de cruzar o segundo maior oceano da Terra em extensão, foi uma união desse sonho com outro,
da adolescência. Há dez ano, o agora remador profissional leu o livro ‘Cem dias entre o céu e o mar’, best
seller que conta a história da primeira travessia do Atlântico Sul realizada em um barco a remo. O
brasileiro Amyr Klink percou sozinho cerca de 6500 quilômetros em travessia do porto de Lüderitz, na
África, até a praia da Espera na Bahia, em 1984. A publicação encantou Caetano que ficou com a ideia de
também realizar uma grande jornada pelo mar. O que virou um sonho começou a se aproximar da
realidade há dois anos quando ele passou a praticar o remo, no Clube Bandeirantes, na raia olímpica da
USP. “Adoro acordar super cedo, enfrentar o frio, o sono, o cansaço, e ir remar”, conta.
Caetano sempre gostou de esportes, mas encontrou no remo uma paixão. Na foto ele carrega
seu barco a caminho de mais uma saída para o mar Foto: Arquivo Pessoal/ Caetano Altafin
O carioca, no entanto, não parou por aí. Graças a uma amiga, que conhecia a esposa de Amyr Klink,
Caetano conseguiu no final do ano passado se encontrar com aquele que virou seu ídolo. Já naquela
época, o advogado tinha pensado em todo o projeto, mas faltava colocá-lo em prática. Com algumas dicas
e pesquisando sobre o tema, ele chegou ao nome do escocês Leven Brown. Ganhador de três recordes no
Guinness, Brown já passou 123 dias no mar em travessia a remo pelo Atlântico em 2005 e agora está em
uma nova viagem, tentando ser a primeira pessoa a remar da Austrália à África. Caetano soube que
Brown estava reunindo uma equipe para cruzar o Atlântico no final deste ano, e pediu uma chance para
participar do grupo: “Quando falei da minha ideia, da minha vontade de entrar para a equipe, ele me
perguntou: ‘Você consegue remar muitas horas a essa velocidade?’ Respondi que sim, ao que ele
retrucou: ‘A pergunta é se você consegue fazer isso tudo no meio do mar sorrindo’ Na mesma hora sorri
para ele, e escutei ‘Então você está pronto’”, lembra.
Osteossarcoma e pesquisa
O osteossarcoma é o tipo mais comum de tumor maligno dos ossos e se propaga rapidamente, se
alastrando principalmente para o pulmão. A doença se tornou mais conhecida depois da publicação do
livro A Culpa é das Estrelas, em que o personagem Augustus Waters, ex-jogador de basquete tem uma
perna amputada por conta desse tipo de câncer. O tumor é mais comum em crianças e jovens com idade
entre 10 e 20 anos e costuma se manifestar nos membros. Os sintomas costumam ser dor intensa no local
e inchaço. Em 27% dos casos é necessário amputação do membro e menos de 5% das pessoas sobrevivem
à doença.
Com uma taxa de mortalidade tão alta, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia busca
alternativas de tratamento para o tumor. A pesquisa desenvolvida atualmente pelo Into se baseia em
células-tronco. O estudo com as células ocorrerá em duas etapas e possibilitará que os médicos possam
identificar com maior precisão a agressividade do tumor, o grau de resistência ao tratamento e os efeitos
da quimioterapia em cada paciente, buscando a melhor solução em cada caso.
Outras lutas
Envolvido em diversos projetos sociais, Caetano Altafin começou a trabalhar voluntariamente em projeto
na Irlanda. Ele e Rafael ensinavam futebol para crianças carentes e com necessidades especiais. De volta
ao Brasil os amigos implantaram o projeto, que recebeu o nome de FuteFeliz. Hoje ele realiza a
integração social desse público alvo através do esporte. O advogado e remador criou também no país em
parceria com Rafael o projeto Um Pé de Biblioteca, com o objetivo de apoiar aberturas de bibliotecas em
comunidades carentes em Belo Horizonte.
A viagem
Caetano treinará para a jornada no rio Tâmisa, na Inglaterra Foto: Arquivo Pessoal/ Caetano Altafin
O cronograma para a nova empreitada já está traçado. No dia 10 de setembro, Caetano virá para o Rio de
onde sairá no dia 16 rumo à Inglaterra. É lá que ele e a equipe irão treinar para a maratona de cruzar o
Atlântico. Eles passarão o maior número de horas possíveis remando no rio Tâmisa, se preparando
fisicamente. O remador calcula para o dia 10 de dezembro o início da jornada que começa nas Ilhas
Canárias e termina em Barbados. Os recordes que tentarão ser batidos pela equipe são: o de fazer a
travessia em menos de 32 dias e 5 horas; o de ser o barco a remo que remou o maior números de milhas
náuticas em um só dia; e o de ser o barco que remou mais de 100 milhas náuticas por dias consecutivos.
Sobre a importância da travessia do Atlântico, Caetano resume: "Para mim esse projeto representa a vida
porque a vida nada mais é do que tentar realizar sonhos, do que tentar servir sempre àquilo a que você se
propõe"
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-busca-de-um-sonho-carioca-ira-cruzar-remooceano-atlantico-para-conseguir-fundos-para-pesquisa-sobre-tumor-osseo13438086.html#ixzz393FCWlbV
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