Fenótipo é qualquer característica mensurável. Genótipos Mendelianos são sempre discretos, mas fenótipos podem ser discretos ou contínuos. Isto se tornou um problema sério para o Mendelismo e para a teoria de Darwin Complexidade Genótipo Ambiente Caixa Preta Fenótipo A grande maioria de fenótipos não tem categorias discretas e não tem um gene que seja necessário e suficiente para explicar sua variação Fenótipos em geral não são passados de uma geração para a outra. Gametas são! Os gametas são o mecanismo de transferência de informação genética. Estes gametas sempre ocorrem em algum contexto ambiental para produzir os fenótipos. Doenças Genéticas em humanos: Categoria Isto explica a recepção negativa do Mendelismo quando foi publicado, e quando foi redescoberto em 1900. Apenas 2.9% dos nascimentos são afetados por doenças Mendelianas ou cromossômicas Incidência (% de nasc.vivos) • Mendeliana Simples 1.25% • Cromossômica 1.65% • Herdada irregularmente 9.00% (Ð penetrância, interações com ambiente, oncogenes) • Caracteres Poligênicos com h2 > 0.3 65.41% • TOTAL: 77.31% • Destes 2.9% vem 1/3 dos pacientes pediátricos dos EUA • Estes 2.9% resultam em 40% da mortalidade infantil dos EUA • Destes 2.9% vem 80% da população americana considerada legalmente retardada. • E mesmo assim, estes 2.9% explicam apenas 3.75% da doença genética nos Estados Unidos 1 Mendelismo após 1908 • Hardy e Weinberg ajudaram a estabelecer que várias características eram Mendelianas • Mesmo assim, a maioria dos caracteres quantitativos não pode ser vista em um enfoque Mendeliano simples • A maioria dos caracteres era quantitativa • Portanto, muitos acreditavam que um mecanismo alternativo e mais importante de hereditariedade existia, além do Mendelismo. Lei da regressão para a mediocridade Francis Galton Por quê? O Mendelismo NÃO foi capaz de explicar os padrões de herança para a grande maioria da variação fenotípica • "A implicação da teoria de seleção natural, de que selecionando-se os indivíduos mais extremos da população a próxima geração mover-se-á na direção selecionada, é agora reconhecida como errada” Thomas Morgan Ronald A. Fisher • In 1913 se convenceu do Mendelismo • In 1916 submeteu um manuscrito que explicava a herança de caracteres quantitativos através de fatores Mendelianos - rejeitado em várias revistas • Fisher pessoalmente pagou para que ele saisse na Royal Society of Edinburgh in 1918 O artigo de Fisher, em 1916: “The Correlation Between Relatives On The Supposition of Mendelian Inheritance” • Quando publicado, encerrou toda oposição séria ao Mendelismo, e estabeleceu a base genética para a seleção natural. • Estabeleceu os fundamentos para cruzamentos animais e vegetais modernos e para a epidemiologia • Apresentou novas técnicas estatísticas, tais como a ANOVA - Análise de Variância, que estabeleceram a base da estatística moderna e seriam rapidamente usadas em todos ramos da ciência empírica. 2 Duas formas não mutuamente excludentes de genótipos discretos produzirem fenótipos contínuos: • Variação ambiental • Poligenes Normas de Reação Variação ambiental O mesmo genótipo pode responder diferentemente a alterações no ambiente. Logo, indivíduos com o mesmo genótipo podem apresentar variação no fenótipo em função de influências ambientais. A forma como um genótipo responde ao meio ambiente é chamada de norma de reação daquele fenótipo Normas de Reação Neste experimento (Clausen et al. 1958), 7 plantas do gênero Achillea foram cortadas e plantadas em três seções separadas: Mutações em Drosophila melanogaster conferem diferentes tamanhos aos olhos destas moscas. No entanto, este tamanho também varia em função da temperatura a que as moscas estão expostas. • Uma seção de cada planta foi plantada ao nível do mar, • A segunda seção foi plantada em altitude média (1400 m), • e a última parte foi crescida em alta altitude (3000 m). • As 3 plantas em cada coluna tem genótipos idênticos. • Cada planta (#4.....#16) tem um genótipo único. Normas de Reação Considere as plantas resultantes do parental #4. Os clones cresceram bem em altitude baixa e alta, mas não o fizeram em altitude média. Outros indivíduos (como o indivíduo #24) cresceram bem a altitude média comparado a como cresceram em outras altitudes. O que este experimento nos diz sobre o genótipo? Norma de Reação O que este experimento nos diz sobre o genótipo? Claramente, o fenótipo de cada clone depende do ambiente onde cresce. Além disso, é impossível se concluir claramente sobre o efeito da altitude no crescimento, uma vez que algumas das plantas cresceram melhor com a altitude, enquanto outras cresceram melhor próximas ao nível do mar 3 Este gráfico, baseado nos dados anteriores, indicam como os 3 clones de cada indivíduo respondem às diferentes altitudes a que foram expostas. Cada linha é a norma de reação daquele genótipo em função do ambiente em que este clone está crescendo. Podemos então concluir deste experimento: • Um único genótipo pode produzir vários fenótipos diferentes, dependendo do ambiente. • Um único fenótipo pode ser produzido por vários genótipos diferentes, dependendo do ambiente. Duas formas não mutualmente excludentes de genótipos discretos produzirem fenótipos contínuos: • Variação ambiental • Poligenes Poligenes Poligenes 200 160 120 Aa 80 40 aa AA 0 158 173 188 2 Loci: Altura proporcional ao número de Alelos A Número de Indivíduos Número de Indivíduos 1 Locus: Altura proporcional ao número de Alelos A 300 250 200 aaBB 150 100 50 0 aabb 158 aaBb Aabb AABb Aabb AaBb AaBB 165 173 AABB 180 Altura em cm Altura em cm Poligenes Ronald A. Fisher Loci Múltiplos Poucos Loci 188 • Fisher observou que quando vários loci estão determinando um fenótipo, várias classes diferentes podem ser produzidas pela conjunção de diferentes alelos neste loci distintos. • Dessa forma, quanto mais loci estiverem controlando um caráter maior a possibilidade de formação de fenótipos com valores distintos, o que nos aproxima de uma curva normal. Muitos Loci 4 Variação Ambiental: O locus autossômico Fosfatase Ácida tem 3 alelos comuns em humanos: A, B e C Dois aspectos essenciais à maioria de características genéticas • • Complexidade Fenótipos em geral não são passados de uma geração para a outra. Como vimos, os gametas são o mecanismo de transferência de informação genética. Estes gametas sempre ocorrem em algum contexto ambiental para produzir of fenótipos. Complexidade da relação entre genótipo e fenótipo que representa uma interação entre múltiplos fatores genéticos e ambientais A confusão entre relações de causação e de causas da variação em sistemas complexos que requer o estudo em nível populacional Anemia falciforme é uma doença genética causada por um locus único, autossômico, recessivo A mutação Anemia falciforme é uma doença genética causada por um locus único, autossômico, recessivo Mas será que é? 5 Anemia falciforme é um alelo simples, autossômico, codominante para a mobilidade eletroforética Infecção de uma hemácia pelo parasita da malária • Células falciformes são filtradas preferencialmente no baço • células infectadas com malária são freqüentemente filtradas pois o processo de “falciformização” ocorre antes do parasita completar o ciclo de vida • O alelo S é portanto, um alelo autossômico, dominante para resistência à malária. O Alelo para a anemia falciforme é autossômico, recessivo para o fenótipo de anemia hemolítica O alelo S é um alelo simples, autossômico, dominante para a falciformização em baixas tensões de oxigênio Perda de oxigênio nos capilares • Capilares permitem a passagem de apenas 1 hemácia de cada vez • falciformização é mais extrema em Homozigotos SS • Hemácias muito deformadas podem entupir os capilares, provocando deficiências locais na distribuição de sangue • Hemácias muito deformadas freqüentemente se rompem A maioria de mortes devido a anemia falciforme e malária ocorrem antes da fase adulta. Lembrem-se que viabilidade é o fenótipo de viver até a fase adulta! • Em um ambiente sem malária, o alelo S é um alelo recessivo para viabilidade uma vez que apenas os homozigotos desenvolvem a anemia falciforme. • Em um ambiente com malária, o alelo S é um alelo sobredominante para viabilidade uma vez que apenas os heterozigotos são resistentes à malária e não desenvolvem anemia falciforme. 6 Dependendo do fenótipo, e do ambiente, o alelo S pode ser: • • • • • Um alelo recessivo Um alelo codominante Um alelo dominante Um alelo sobredominante Dominância, recessividade, etc. não são propriedades dos alelos, mas se referem à relação entre o genótipo e o fenótipo em um contexto ambiental Dois aspectos essenciais à maioria de características genéticas • • Complexidade da relação entre genótipo e fenótipo que representa uma interação entre múltiplos fatores genéticos e ambientais A confusão entre relações de causação e de causas da variação em sistemas complexos que requer o estudo em nível populacional Fenilcetonúria Causação e Causas da Variação • O que Fisher determinou foi que existem fatores genéticos e ambientais que estão explicando parte da variação encontrada na determinação de um fenótipo. • Existe uma diferença importante entre “relações de causa e efeito” e explicar causas da variação. Feto p/p desenvolve em ambiente uterino pobre em fenilalanina Feto p/p desenvolve em ambiente uterino pobre em fenilalanina Dieta Normal Dieta pobre em fenilalanina Mãe p+/p cria ambiente uterino pobre em fenilalanina Bebê p/p cresce com cérebro Normal Dieta Normal Deficiência mental Dieta pobre em fenilalanina Inteligência Normal Mãe p+/p cria ambiente uterino pobre em fenilalanina Deficiência mental Inteligência Normal Bebê p/p cresce com cérebro Normal 7 Feto p+/p desenvolve em ambiente uterino rico em fenilalanina Fenilcetonuria (PKU) Dieta Normal Deficiência mental Dieta pobre em fenilalanina Mãe p/p em dieta normal cria ambiente intrauterino rico em fenilalanina Deficiência mental Bebê p+/p cresce com cérebro anormal Escorbuto • Vitamina C é essencial para síntese de colágeno • Maioria de mamíferos pode sintetizar Ac. ascórbico, mas primatas são homozigotos para um alelo não funcional • Ind. em dieta deficiente em Vitamina C desenvolvem lesões de pele, vasos sangüíneos friáveis, perda de dentes e eventualmente morrem. PKU é considerada uma doença genética Escorbuto não! Porquê? Existe uma confusão entre relações de causa e efeito e causas da variação! •Criança homozigota para deficiência a enzima, quando exposta a ambiente pobre em fenilalanina desenvolve normalmente •Esta mesma criança se exposta a ambiente rico em fenilalanina apresenta deficiência mental •NOTE: Deficiência mental não é herdável, e sim a resposta a dieta Escorbuto e PKU Homozigosidade para um Alelo Não functional Deficiência Enzimática Dieta Fenótipo (doença ou não) Porquê PKU é considerada uma doença genética enquanto escorbuto não? Ambas doenças são causadas pela mesma conjunção de fatores: uma deficiência enzimática associada a uma dieta. No entanto, em escorbuto não existe variação para esta deficiência enzimática, nenhum humano é capaz de sintetizar vit. C. Por outro lado, existe variação genética para esta deficiência em PKU, logo, uma parte da variação fenotípica está sendo explicada pela variação genética. 8 • • • Poderia examinar as causas da Variação, mas não as relações de causa e efeito de fenótipos quantitativos. Portanto, o que importa a respeito de um fenótipo individual não é seu valor, mas o tanto que ele desvia da média da população; Ou seja, o foco está na variação Herança quantitativa não pode ser estudada em indivíduos, mas apenas entre indivíduos em uma população. Freqüência Relativa na População Em 1916, Fisher percebeu que: Maioria de caracteres é influenciada tanto por variação genética quanto ambiental: frequentemente isto resulta em uma distribuição normal. P.ex., Colesterol em Framingham, MA 150 220 290 Colesterol Total no Soro em mg/dl A distribuição normal pode ser completamente descrita por apenas 2 números: A média (µ) e a Variância (σ2) Façamos x um valor de uma característica • A média (µ) é o valor médio, ou esperado de x. • A média mede onde a distribuição está centrada • Se você tem uma amostra de n observações, x1, x2, …, xn, então µ pode ser estimado por: x = (x1 + x2 + … + xn)/n • A variância (σ2) é a média ou valor esperado do quadrado do desvio de x da média, ou seja (x−µ)2 • A variância mede o quanto de dispersão existe na distribuição (quão larga, ou estreita ela é) • Se temos uma amostra de n observações, x1, x2, …, xn, então σ2 dado µ pode ser estimado por: Distribuições Normais com médias e variâncias diferentes s2 = [(x1- µ)2 + (x2-µ)2 + … + (xn- µ)2]/n • Se não sabemos µ, então σ2 é estimatdo por: s2 = [(x1- x)2 + (x2-x)2 + … + (xn- x)2]/(n-1) 9 Modelo de Fisher Modelo de Fisher Pij = µ + gi + ej Pij = µ + gi + ej Ele está simplesmente “dizendo” que parte do fenótipo é determinado por um componente genético (gi) e parte por um componente ambiental (ej). O fenótipo médio para a população: µ = ΣiΣjPij/n em que n é o número de indivíduos amostrados. Modelo de Fisher Modelo de Fisher Pij = µ + gi + ej Pij = µ + gi + ej O desvio genotípico para o genótipo i é o fenótipo médio do genótipo i menos o fenótipo médio da população total: gi = ΣjPij/ni - µ O desvio ambiental é o desvio do fenótipo de um indivíduo em relação a fenótipo médio de seu genótipo: ej =Pij - ΣjPij/ni = Pij-(gi+µ)=Pij-µ-gi em que ni é o número de indivíduos com o genótipo i. Modelo de Fisher Pij = µ + gi + ej Embora chamado de desvio “ambiental”, ej realmente mede todos os aspectos do indivíduo que não são explicados pelo genótipo neste modelo aditivo simples. Modelo de Fisher σ2p = Variância Fenotípica σ2p = Média (Pij - µ)2 σ2p = Média (gi + ej)2 10 Modelo de Fisher σ2p = Média(gi + ej)2 σ2p = Média(gi2 + 2giej + ej2) σ2p = Média(gi2) + Média(2giej) + Média(ej2) Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(2giej) + Média(ej2) Uma vez que o desvio “ambiental” é na verdade todos os aspectos do fenótipo do indivíduo que não são explicados pelo genótipo, esta interação por definição tem um valor de 0. Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e Variância Fenotípica Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e Variância Genética Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e Variância ambiental (Na verdade, toda variância não explicada pelo modelo genético) 11 Modelo de Fisher Modelo de Fisher σ2p = σ2g + σ2e Variância fenotípica = Variância Genética + Variância ambiental σ2p = σ2g + σ2e Variância fenotípica = Variância Genética + Variância ambiental Dessa forma, Fisher particionou as causas da variação fenotípica em uma porção explicada por fatores genéticos e uma porção não explicada ApoE e colesterol em uma população canadense Modelo de Fisher Esta partição das causas da variação apenas podem ser feitas no nível da população. µ= 174.6 σ2p = 732.5 Freqüência relativa σ2p = σ2g + σ2e Phenotypic Variance = Genetic Variance + Unexplained Variance 3/3 3/4 4/4 2/2 2/3 2/4 O fenótipo de um indivíduo é uma interação inseparável entre genótipo e ambiente. Colesterol total no soro (mg/dl) 12