Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 21 AULA 4 – PAREDES PLANAS COMPOSTAS Condução unidimensional, regime permanente, sem geração de calor – paredes compostas. Para resolver de forma rápida e simples este problema, note que o fluxo de calor q é o mesmo que atravessa todas as paredes. Assim, para cada parede pode-se escrever as seguintes equações: - parede 1: q k1 A (T1 T2 ) L1 T1 T2 qL1 k1 A - parede 2: q k2 A (T2 T3 ) L2 T2 T3 qL2 k2 A - parede 3: q k3 A (T3 T4 ) L3 T3 T4 qL3 k3 A Assim, somando os termos de todas as paredes: _____________ L T1 T4 q i ki A ou, simplesmente, q T R Onde, T refere-se à diferença total de temperaturas da duas faces externas e R é a L resistência térmica da parede composta, dada por R i ki A ANALOGIA ELÉTRICA Nota-se que existe uma analogia elétrica perfeita entre fenômenos elétricos e térmicos de condução de calor, fazendo a seguinte correspondência: iq U T RÔHMICO RTÉRMICO ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016 Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 22 q Por meio de analogia elétrica, configurações mais complexas (em série e paralelo) de paredes podem ser resolvidas. Circuito elétrico equivalente Fluxo de calor que é: T q total RT RT R1 R// R5 com 1 1 1 1 R// R2 R3 R4 Resistência térmica de contato Quando as superfícies de dois sólidos são colocadas em contato para formar uma parede composta, a região interfacial entre eles pode ter uma resistência térmica de contato, " 𝑅𝑡,𝐶 , devido ao fato de que não existe uma contato “perfeito” entre as duas superfícies, como ilustrado abaixo, devido à rugosidade superficial. A transferência de calor se dará por condução nos pontos de contato dos picos das rugosidades e pela condução através do fluido que preenche o espaço entre as superfícies. Radiação térmica também pode estar presente. ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016 Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 23 A resistência térmica de contato é dada por " 𝑅𝑡,𝐶 = 𝑇𝐴 − 𝑇𝐵 𝑞𝑥" Alguns valores de resistência térmica estão indicados na Tabela 3.2 do livro do Incropera, reproduzida a seguir. CONDUÇÃO EM PLACA PLANA COM GERAÇÃO INTERNA DE CALOR Geração interna de calor pode resultar da conversão de uma forma de energia em calor. Exemplos de formas de energia convertidas em calor: 1. Geração de calor devido à conversão de energia elétrica em calor (efeito Joule) P RI 2 (W) Onde: P : potência elétrica transformada em fluxo de calor por efeito Joule (W) R : resistência ôhmica ( ) I : corrente elétrica (A) Ainda, U : diferença de potencial elétrico (V) U2 P ou P UI R Em termos volumétricos, qG ''' (W / m3 ) , qG ''' P V (W/m3), onde V : volume onde o calor é gerado. 2. Geração de calor devido a uma reação química exotérmica (qG ''' 0) como, por exemplo, o calor liberado durante a cura de resinas e concreto. Já, no caso de uma reação endotérmica, qG ''' 0 . 3. Outras formas tais de geração de calor devido à absorção de radiação, nêutrons, etc... ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016 Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 24 Parede (placa) plana com geração de calor uniforme (resistência elétrica plana). b L i T1 2L 2b T2 Equação geral 2T qG 1 T , k t 2T qG 0 k T 0 (regime permanente) t ''' sendo que ''' T T (x) Condições de contorno: (1) x L T T1 (2) xL T T2 Solução Seja a seguinte mudança de variável (apenas por conveniência): Então d qG dx k dT , dx ''' Integrando essa equação por partes, vem: qG d k dx C1 , ' '' mas como dT , então dx ''' q dT G x C1 dx k ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016 Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 25 Integrando novamente: qG x 2 C1 x C2 2k ''' T ( x) Obs.: Trata-se de uma distribuição parabólica de temperaturas. Como no caso da resistência elétrica qG ''' (geração de calor) é positivo e, claro, k também é positiva, a constante que multiplica o termo x 2 é negativa parábola com a concavidade voltada para baixo. Por outro lado, se qG ''' for negativo, o que pode ocorrer com processos de curas de algumas resinas (processos endotérmicos), então a concavidade será voltada para cima. Determinação das constantes C1 e C2 : Condições de contorno ''' (1) (2) q G L2 C1 L C 2 - temperatura da face esquerda conhecida 2k ''' q L2 T2 G C1 L C 2 - temperatura da face direita conhecida 2k T1 Somando (1)+(2), vem: qG L2 T T q L2 . 2C 2 C2 1 2 G 2 2k k ''' T1 T2 ''' Substituindo em (1) ou (2), tem-se C1 T2 T1 2L Então, a distribuição final de temperaturas é: T ( x) q G ''' ( L2 x 2 ) x T1 T2 (T2 T1 ) 2k 2L 2 CASOS: (A) Suponha que as duas faces estejam à mesma temperatura: T1 T2 TS . Daí, resulta que: qG ( L2 x 2 ) TS 2k ''' T ( x) ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016 Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 26 É uma distribuição simétrica de temperaturas. A máxima temperatura, nesse caso, ocorre no plano central, onde x 0 (note a simetria do problema). Se for o caso pouco comum de uma reação endotérmica, ou qG ''' < 0, a concavidade seria voltada para abaixo e, no plano central, haveria a mínima temperatura. Também poderia se chegar a essa expressão usando dT 0 dx ''' TMÁX TC qG L2 TS 2k O fluxo de calor (lei de Fourier) q kA q '' dT dx ou, o fluxo de calor por unidade de área, q dT , substituindo a distribuição de temperaturas, vem: k A dx q'' k 2 2 d qG''' ( L x ) TS , dx 2k ou, simplesmente: q '' xqG ''' No plano central (x = 0) o fluxo de calor é nulo devido à simetria do problema e das condições de contorno. Dessa forma, o plano central age como o caso de uma parede adiabática, q '' 0 (B) Nesse caso, suponha que a temperatura de uma das faces seja maior: Por exemplo, T1 T2 , como ilustrado abaixo a seguir. ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016 Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 27 Plano em que ocorre a máxima temperatura, Tmáx ( xmáx ) Sabemos que o fluxo de calor é nulo em xmáx : k dT dx 0 ou xmáx ''' d qG x T1 T2 ( L2 x 2 ) (T2 T1 ) 0 , que resulta em: dx 2k 2L 2 qG (T T1 ) x máx 2 0 k 2L ' '' Cuja solução é: x máx (T2 T1 )k 2 LqG''' Substituindo-se o valor de xmáx na expressão da distribuição da temperatura, encontra-se o valor da máxima temperatura Tmáx . Tente fazer isso! PENSE: Suponha que você é um engenheiro-perito e é chamado para dar um parecer sobre um incêndio com suspeita de ter origem no sobreaquecimento do sistema elétrico. Como você poderia, a partir de uma análise na fiação elétrica, inferir se houve ou não sobreaquecimento à luz do assunto tratado nesta aula? ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2016