ISSN 1984-753X ISSN (online) 2177-045x Volume 6 - Número 1 - 2014 Rua Mário Mamede, 609 Bairro de Fátima CEP 60.415-000 Fortaleza-Ceará-Brasil www.coren-ce.com.br 55 85 3105 7850 ISSN 1984-753X ISSN (online) 2177-045x INDEXAÇÃO/INDEXATION LATINDEX Sistema Regional de Informatión em Línea para Revistas Científicas de America Latina, El Caribe – España y Portugal - Dados: www.latindex.unem.mx BDENF REDALYC EDITORA CHEFE/HEAD EDITOR Mirna Albuquerque Frota EDITOR EXECUTIVO/EXECUTIVE EDITOR Celiane Maria Lopes Muniz EDITORES ASSOCIADOS/ASSOCIATE EDITORS Nébia Maria Almeida de Figueiredo – UNIRIO, Rio de Janeiro/RJ, Brasil Iraci dos Santos – UERJ, Rio de Janeiro/RJ, Brasil Salete Bessa Jorge – UECE, Fortaleza/CE, Brasil Raimunda Magalhães da Silva – UNIFOR, Fortaleza/CE, Brasil Lorena Barbosa Ximenes – UFC, Fortaleza/CE, Brasil CONSELHO EDITORIAL/EDITORIAL BOARD NACIONAL/NATIONAL Alacoque Lorenzini Erdmann – UFSC, Florianópolis-SC Ana Fátima Carvalho Fernandes – UFC, Fortaleza-CE Ana Karina Bezerra Pinheiro – UFC, Fortaleza-CE Andrea Gomes Linard – UFMA, São Luiz-MA Antônia do Carmo Soares Campos – UNIFOR, Fortaleza-CE Antonio Marcos Tosoli Gomes – UERJ, Rio de Janeiro-RJ Augediva Maria Jucá Pordeus – UNIFOR, Fortaleza-CE David Lopes Neto – UFAM, Amazonas-AM Denise Guerreiro V. da Silva – UFSC, Florianópolis-SC Dorisdaia Carvalho de Humerez – UNIFESP, São Paulo-SP Eliany Nazaré Oliveira – UVA, Sobral-CE Fátima Lunna P. Landim – UNIFOR, Fortaleza-CE Francisca Lucélia Ribeiro de Farias – UNIFOR, Fortaleza-CE Gelson Luiz de Albuquerque – UFSC, Florianópolis-SC Isabel Cristina Kowal Oln Cunha – UNIFESP, São Paulo-SP Isaura Setenta Porto – UFRJ, Rio de Janeiro-RJ Ivan França Júnior – USP, São Paulo-SP Karla Maria Carneiro Rolim – UNIFOR, Fortaleza-CE Lorita Marlena Freitag Pagliuca – UFC, Fortaleza-CE Lucilane Maria Sales da Silva – UECE, Fortaleza-CE Luiza Jane Eyre de Sousa Vieira – UNIFOR, Fortaleza-CE Márcia Maria Tavares Machado – UFC, Fortaleza-CE Maria Albertina Rocha Diógenes – UNIFOR, Fortaleza-CE Mariana Cavalcante Martins – FGF, Fortaleza-CE Maria de Fátima A. S. Machado – UNIFOR, Fortaleza-CE Maria de Jesus C. Sousa Harada – Coren, São Paulo-SP Maria do Socorro Vieira Lopes – UNIFOR, Fortaleza-CE Maria Itayra Padilha – UFSC, Florianópolis-SC Maria Vera Lúcia M. Leitão Cardoso – UFC, Fortaleza-CE Maristela Inês Osawa Chagas – UVA, Sobral-CE Marluce Maria Araújo Assis – UEFS, Salvador-BA Mavilde de Luz Gonçalves Pedreira – UNIFESP, São Paulo-SP Patrícia Neyva da Costa Pinheiro – UFC, Fortaleza-CE Raimundo Augusto M. Torres – UECE, Fortaleza-CE Rita de Cássia Chamma – COFEN, Brasília, DF Rosimeire Ferreira Santana – UFF, Rio de Janeiro-RJ Silvana Maria Mendes Vasconcelos – UFC, Fortaleza-CE Sônia Maria Soares – UFMG, Belo Horizonte-MG Thereza Maria Magalhães Moreira – UECE, Fortaleza-CE Zélia Maria de Sousa Araújo Santos – UNIFOR, Fortaleza-CE Zuila Maria de Figueiredo Carvalho – UFC, Fortaleza-CE INTERNACIONAL/INTERNATIONAL Alcione Leite da Silva – Portugal/Brasil Antonio José Nuñez Hernandez – Espanha Denise Gastaldo – Canadá Juan José Tirado Darder – Espanha Maria Teresa Moreno Valdês – Espanha Marta Lima Basto – Portugal Sandra Haydée Petit – Suécia SUMÁRIO CONTENTS 1145 Editorial Profa. Dra. Maria Socorro de Araújo Dias Artigos Originais 1147 Percepção da mulher acerca da sua sexualidade na transição puerperal Perception of women about their sexuality in transition post partum Sheila das Neves Martins, Dafne Paiva Rodrigues. 1151 Rastreamento de Neuropatia Diabética em pacientes atendidos em unidade básica de saúde Diabetic Neuropathy in patients followed in a primary health care unit Maria Cecília Cavalcante Barreira, Caroline Pinto Camelo, Danielle Teixeira Queiroz , July Grassiely de Oliveira Branco, Cintia de Oliveira Castelo Branco Sales , Geraldo Bezerra da Silva Junior. 1158 A Percepção de docentes de Enfermagem à respeito de sua capacitação para o ensino The teacher’s understanding about their ability in teaching Marta Maria Leite de Araújo, Maria Sonia Felício Magalhães, Alice Maria Correia Pequeno Marinho. 1165 Aleitamento Materno: benefícios e dificuldades enfrentados pelas mães Breastfeeding: benefits and difficulties faced by mothers Adriana Maria Carvalho Pimentel, Daysekelly dos Anjos Moura Ribeiro, Regina Cláudia Melo Dodt, Ana Márcia Bustamante de Morais, Lúcia Virginia Reis Aragão, Edna Maria Camelo Chaves. 1170 1174 Educação em Saúde com um grupo de gestantes: sífilis conhecer para prevenir Health Education with a group of pregnant women: syphilis know to prevent Francisco Mayron Morais Soares, Gleiciane Kélen Lima. ­­Protocolo de acolhimento com classificação de Risco em Pediatria: fatores que interferem na Implementação Protocol host with risk ratingin Pediatrics: factors that interfere for implementation Diliane Paiva de Melo Matos, Fernanda Jorge Magalhães, Ana Paula Oliveira Queiroz, Alline Falconieri de Moura, Michelle Sampaio Bezerra, Francisca Elisângela Teixeira Lima. www.coren-ce.com.br 1143 SUMÁRIO CONTENTS 1180 Transporte Intra-Hospitalar do Recém-Nascido de risco: cuidados na termorregulação Intra-Hospital Transport of Newborn at risk: the care thermoregulation Karla Maria Carneiro Rolim, Aline Gomes Paiva, Kadja Nara Vasconcelos Freire, Mylena Nonato Costa Gomes, Tays Lopes Vieira, Fernanda Rocha Honório de Abreu. 1186 Qualidade de vida à pessoa com Doença Pulmonar Intersticial: uma proposta da Enfermagem Quality Of life to person with Interstitial Lung Disease: a proposal of Nursing Kleyriane Câmara Castelo Branco, Camila Lima Ribeiro, Naiana Cristina Nascimento dos Santos, Fernanda Rachel Pereira de Moraes Trindade, Ana Patrícia Paiva Souza, Virna Ribeiro Feitosa Cestari, Ana Paula Almeida Dias da Silva. 1191 Enfoque ao Papanicolaou durante o pré-natal: reflexões a partir de uma revisão narrativa Approach to Papanicolau during prenatal: reflections from a narrativereview Maria Weilany Silva Bezerra, Mônica Cecília Pimentel de Melo. 1196 A Família no cuidado à pessoa com transtorno mental: uma revisão integrativa The Family role in the care of the person with mental disorder: an integrative review Eliany Nazaré Oliveira, Suzana Mara Cordeiro Eloia, Danyela dos Santos Lima, Sara Cordeiro Eloia, Tamires Alexandre Felix, Maristela Inês Osawa Vasconcelos. 1203 Institucional 204 Palavra da Presidente 1205 Notícias 1216 1144 Normas de Publicação Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 EDITORIAL Profa. Dra. Maria Socorro de Araújo Dias Docente da Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), dos Mestrados Profissionais em Saúde da Família (RENASF/UVA) e Ensino na Saúde (UECE) e do Mestrado Acadêmico em Saúde da Família da Universidade Federal do Ceará (UFC). Atualmente responde pela Direção da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde Sabóia (EFSFVS). A ReTEP – Revista Tendências da Enfermagem Profissional apresenta aos seus leitores mais uma edição. A ReTEP vem se afirmando como importante veículo de comunicação da produção científica colaborando, desta forma, com a inovação, a incorporação tecnológica e o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais de enfermagem. Os artigos que compõem esta edição foram criteriosamente avaliados e selecionados pelo corpo de pareceristas da ReTEP respaldos pelos critérios do rigor metodológico e da comunicação cientifica de qualidade e, em particular, examinados pelo campo de ação dos trabalhadores da enfermagem visando contribuir para a qualificação do cuidado em suas múltiplas dimensões. Neste primeiro número de 2014, a ReTEP apresenta oito artigos originais e três artigos de revisão. A diversidade de temáticas e das origens dos segmentos autorais (enfermeiros assistenciais, docentes, pesquisadores, alunos de graduação e de pós-graduação) atestam a magnitude deste periódico em ascensão. No bloco de artigos oriundos de fontes primárias vamos refletir sobre situações, algumas vezes, imperceptíveis no cotidiano de ser mulher, a exemplo do artigo que trata da percepção da mulher acerca da sua sexualidade na transição puerperal; assim como os benefícios e dificuldades enfrentados por mães durante a fase de amamentação. A atenção aos riscos presentes em infantos está contemplada em dois artigos que versam sobre os fatores que interferem na implementação de protocolo de acolhimento com classificação de risco em Pediatria e o transporte intra-hospitalar do recém-nascido de risco. As doenças crônicas não tranmissíveis também foi objeto de estudo de dois relatórios de pesquisas, aqui sistematizados: o primeiro versa sobre o rastreamento de neuropatia diabética em pacientes atendidos em Unidade Básica de Saúde (UBS) e uma proposta de enfermagem para promoção da qualidade de vida da pessoa com Doença Pulmonar Intersticial (DPI). Destacamos ainda dois artigos que dialogam com os campos da educação e da saúde, sendo um que descreve a percepção de docentes de Enfermagem sobre sua competência para o Ensino e outro que registra estratégia de educação em saúde com um grupo de gestantes, referindo a prevenção da Sífilis. Nos artigos de revisão, o leitor vai ser agarciado com três artigos: Enfoque ao Papanicolau durante o pré-natal: Reflexões a partir de uma revisão narrativa; A Família no cuidado à pessoa com Transtorno Mental: Uma revisão integrativa e Relação Enfermeiro-Paciente: Aspectos da comunicação na Unidade de Terapia Intensiva. Nossa expectativa é que as evidências e discussões aqui sistematizadas possam ser norteadoras de reflexões que possam orientar novos saberes e contribuir para a qualificação do processo de trabalho da enfermagem. A todos desejamos boas leituras. www.coren-ce.com.br 1145 PERCEPÇÃO DA MULHER ACERCA DA SUA SEXUALIDADE NA TRANSIÇÃO PUERPERAL PERCEPTION OF WOMEN ABOUT THEIR SEXUALITY IN TRANSITION POST PARTUM Artigo Original Sheila das Neves Martins1 Dafne Paiva Rodrigues2 RESUMO INTRODUÇÃO O estudo teve como objetivos conhecer quais as principais modificações corporais, vivenciadas pela a mulher no período puerperal e identificar os problemas mais comumente encontrados pelas mulheres para o retorno da atividade sexual após o parto. Pesquisa do tipo exploratória e descritiva com abordagem qualitativa, realizadas em duas unidades de saúde da Secretaria Regional Executiva (SER) V e nos domicílios das usuárias. Participaram 15 puérperas com até 60 dias pós-parto. Para coleta de dados utilizou-se entrevista semi-estruturada. Os dados qualitativos foram organizados em duas categorias: Modificações vivenciadas pela mulher no puerpério e sua repercussão na sexualidade e Principais dificuldades relatadas pelas puerperas durante a retomada da atividade sexual. O acompanhamento durante o puerpério mostra-se muito importante diante das transições das mulheres nesse período, podendo assim amenizar as dificuldades enfrentada por elas na vivência da sua sexualidade e retomada da atividade sexual. A maternidade pode ser considerada um fenômeno singular na vida de muitas mulheres, uma vez que enfatiza e enaltece a identidade feminina. Nesse momento o filho transcende do imaginário da mãe e se concretiza, surgindo sentimentos e questionamentos perante as novas demandas para a mulher, levando-a a buscar apoio, tanto da família quanto dos serviços de saúde. Palavras-chave: Saúde da Mulher; Período Pós-Parto; Sexualidade. ABSTRACT The study aims to identify what the main body, changes experienced by women in the postpartum period and to identify the problems most commonly encountered by women for the resumption of sexual activity after childbirth. Search the exploratory and descriptive qualitative approach, carried out in two health units in the Regional Office Manager (BE) V and the homes of users. 15 postpartum women up to 60 days postpartum participated. For data collection, we used semi-structured interview. Qualitative data were organized into two categories: Changes experienced by women in the postpartum period and its impact on sexuality and Main difficulties reported by the women during the resumption of sexual activity. Monitoring during the postpartum period appears to be very important on the transitions of women in this period, and thus ease the difficulties faced by them in living out their sexuality and resumption of sexual activity. Keywords: Nursing; Postpartum Period; Sexuality. 1 2 A assistência puerperal consiste em cuidados e orientações prestadas as puérperas pelos profissionais de saúde. Neste contexto, o enfermeiro exerce um papel importante no que concerne a realização da assistência puerperal por meio das consultas de enfermagem (1,2). Apesar de o puerpério ser um evento marcante na vida das mulheres, é, geralmente, um período negligenciado, justificando, assim, a invisibilidade das necessidades das mulheres nesse período. A consulta de enfermagem sob uma perspectiva de cuidados integrais deve contemplar, o mais amplamente possível, aspectos biológicos, sociais, subjetivos e de comunicação pertinentes às experiências eróticas, à autopercepção corporal, às trocas afetivas e relacionais humanas significativas, lidando com vulnerabilidades, potenciais, necessidades e/ou problemas relacionados à sexualidade (3). A sexualidade está integrada a todo esse novo processo que a mulher vivencia no puerpério, seja em relação consigo mesma, com seu próprio corpo e feminilidade ou com o contato e comunicação com o parceiro. Assim (4), o falar sobre sexualidade não se limita apenas ao ato sexual em si, mas a tudo aquilo que está relacionado com o que pode levar ao “gozo”, incluindo fantasias e ideias que são diretamente influenciadas pela educação e pela cultura. As mudanças que ocorrem na mulher desde o início da gravidez até ao período pós-parto (biológicas, psicológicas, relacionais e sociais), são capazes de influenciar direta ou indiretamente, o relacionamento íntimo da mulher com o companheiro. Sendo esta uma importante fase de transição, que implica a resolução de situações de crise, com consequentes (re)adaptações e (re)equilíbrios, é também um momento particularmente propício a uma nova integração da sexualidade (5). Enfermeira. Integrante da Residência Hospitalar Multiprofissional em Saúde da Mulher pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Líder do Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher e Enfermagem (Orientadora). E-mail: [email protected] Percepção da mulher acerca da sua sexualidade na Transição Puerperal RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1147-1151 1147 Por meio desse estudo, desejamos compreender como as mulheres lidam com a sexualidade na transição puerperal. Por essa razão, o enfermeiro deve compreender a transição que passa a mulher em direção ao papel materno, pois nele deverá aprender a conviver com o novo ser, vivenciar novas experiências e descobertas que ocorrem a cada instante, tornando as demandas exigidas pelo processo puerperal adequada ao desempenho dos papeis de ser mulher-mãe (6). Em face desse contexto, este estudo teve como objetivo conhecer quais as principais modificações corporais, vivenciadas pela a mulher no período puerperal e identificar os problemas mais comumente encontrados pelas mulheres para o retorno da atividade sexual após o parto. METODOLOGIA Estudo do tipo exploratório e descritivo de abordagem qualitativa, realizado em dois Centros de Saúde da Família, área que integra a Secretaria Executiva Regional V (SER V), elegeremos também o domicílio como cenários de levantamento dos dados, devido à dificuldade de encontrar a puérpera disponível para a entrevista no serviço de saúde. A população foi constituída por 15 puérperas devidamente cadastradas e que realizaram o pré-natal nas referidas unidades de saúde. Para tanto, elegemos os seguintes critérios para seleção das puérperas a serem pesquisadas: Mulheres situadas entre a faixa etária de 18 e 35 anos e Mulheres que estivessem no puerpério imediato ou remoto, que já tivessem retomado ou não as atividades sexuais após o parto (30 a 65 dias pós-parto). Como critério de exclusão para a seleção das puérperas pesquisadas, destacamos: 1) Puérperas que receberam somente atendimento do profissional médico durante o pré-natal; Visto que, o foco do trabalho era a assistência de enfermagem a puerpera; 2)Mulheres que realizaram pré-natal na rede privada. A interrupção da coleta de dados realizada com as puérperas foi baseada no critério de saturação teórica. O instrumento de coleta de dados se constituiu de uma entrevista semi-estruturada, cujo roteiro abrangeu informações gerais sobre a puérpera, como aspectos socioeconômicos (idade, estado civil, ocupação, nível de escolaridade e renda familiar) e tópicos relacionados à identificação das alterações corporais no puerpério e as principias dificuldades da retomada da sexualidade, com base nos estudos realizados. A aplicação do instrumento se deu de forma individual, quando as mulheres retornavam ao serviço de saúde ou no domicílio, sendo todas as entrevistas gravadas com uma média de 30 a 40 minutos, incluindo esclarecimentos acerca da pesquisa, aplicação do instrumento e orientações acerca de dúvidas que surgiam no decorrer da entrevista. com parecer nº 11583232-7/2011, mediante submissão de um projeto, e a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido com cópia para a participante, a coleta de dados foi iniciada. Considerando o que preconiza a Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, os princípios éticos, como autonomia, beneficência, não maleficência, fidelidade, justiça, veracidade e confidencialidade, foram respeitados em todas as fases da pesquisa. RESULTADOS O conteúdo das entrevistas foi agrupado em categorias, segundo a similaridade temática, apresentadas de forma esquemática, a seguir. Categorias e Subcategorias Primeira categoria: Modificações corporais vivenciadas pela mulher no puerpério e sua repercussão na sexualidade. Diante desse corpo aparentemente estranho, no qual ela não se reconhece e, muitas vezes, sentem-se incomodada, algumas mulheres relatam sentimentos negativos após o parto, relacionados principalmente ao ganho de peso. Só não gostei de ter engordado, de ter ficado mais larga, num gostei dessa parte não, eu me afasto porque não estou me sentindo bem comigo [...] a gente sente porque, você não pode ter uma vida sexual com seu marido normal, vai ter que ter um período para se recuperar (P2). Engordei, a barriga esticou demais, tá cheia de estrias, se estou gorda não tenho prazer. Dou prazer para ele, mas eu não tenho (P12). Para as mulheres do estudo, muitas vezes, não corresponder ao padrão de beleza física desejada, é motivo de grande insatisfação. Isto ficou bem evidenciado nos relatos a seguir. Por causa do cabelo, essas coisas, que num pode usar química né? o que mais me incomoda é a história da gordura mesmo, do peso, eu não me sinto à vontade. Eu já pensei em fazer plástica, já fui atrás [...] (P13). Só os seios que eu to achando feio, porque tá caído, e não era caído. Eu era mais magra, pesava 38 kg agora to pesando 47 kg. Pela minha saúde e pela do casal, eu preciso me manter magra (P6). No presente estudo, constatamos que, para algumas mulheres, as modificações corporais referentes ao período puerperal interferem diretamente em seus relacionamentos pessoais, o que engloba sua sexualidade e mais explicitamente o exercício sexual. Como podemos constatar na fala a seguir: Essa gravidez foi difícil, porque senti meu corpo muito dolorido, ele foi o maior e mais pesado filho que já tive isso deixou meu corpo mais retraído, já não me senti mais a mesma pessoa, é tanto que não tive relação nenhuma ainda, porque eu estou assim com medo [...] (P10). Os depoimentos das participantes do estudo foram organizados e trabalhados segundo o método de Análise de Conteúdo (7), que apresenta três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. O conteúdo das entrevistas foi agrupado segundo a similaridade temática em duas categorias: Modificações corporais vivenciadas pela mulher no puerpério e sua repercussão na sexualidade e Principais dificuldades relatadas pelas puérperas durante a retomada da atividade sexual. No entanto, algumas das modificações corporais vivenciadas no puerpério foram vistas como positivas como podemos perceber nas falas das puérperas: Eu engordei mais, meus seios cresceram, era bem menor, engordei bastante, eu era bem magrinha, mas eu gostei tá melhor (P1). Ele (parceiro) fala que a mama está mais bonita e que cheia ela fica levantada, não precisa por silicone. Eu adoro o meu peito. Eu acho bonito porque é grande (P15). Eu emagreci mais do que o que eu era, gostei do resultado (P5). Após o consentimento da referida instituição e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE), A vida regrada pelos horários e necessidades do bebê, criam situações geradoras de estresse dificultando o repouso materno. 1148 Falta de sono, ninguém dorme... Mudou a minha rotina porque eu num posso mais dar tanta atenção a esse daí (o outro filho). Não que ficou no canto, mas coincide, a gente tinha horário pra almoçar, merendar, e num tem mais (P5). Devido a nova rotina as puérperas acabam ficando sem disposição e sem condições físicas e emocionais para executar outras atividades como, por exemplo: o exercício sexual. Como podemos comprovar nas falas a seguir: [...] Às vezes estou estressada e dou (sexo) sem ter vontade. Quando estou cansada ou preocupada com alguma coisa não tenho cabeça para essas coisas (sexo) (P8). O fato de ter um filho com certeza interfere na vida sexual, ainda mais um que não dorme. Eu brinco que não preciso me preocupar com métodos anticoncepcionais porque já tenho um que se chama Bruno. O cansaço também destrói. Eu só quero saber de dormir, quando ele (bebê) está dormindo (P15). A segunda categoria: Principais dificuldades relatadas pelas puérperas durante a retomada da atividade sexual. O movimento de retomada das atividades sexuais pode se dar pela vontade da mulher ou pela imposição do parceiro e está marcado por avaliação, por parte da mulher de suas condições biológicas e emocionais para o exercício sexual. No entanto, a mulher pode enfrentar algumas dificuldades durante a retomada da atividade sexual como as representadas na figura a seguir. Figura 1 – Representação da categoria. [...] Ainda não reiniciei a intimidade com o meu companheiro e não tenho vontade pois sinto ainda os pontos do parto foi traumático, ainda me lembro e parece que sinto tudo quando me movimento(P11). [...] eu já tava há um mês e quinze dias sem ter relação né, aí eu estranhei um pouco. Num sei se é porque eu tava há bastante tempo sem fazer relação né, e tava mais fechado o meu útero. Foi como se ainda fosse ao tempo que eu era virgem (P2). Sentimentos de preocupação com a satisfação do parceiro e relacionados aos cuidados com o recém-nascido Houve por parte das mulheres uma inquietação com relação à satisfação do parceiro, em saber se a relação sexual e a região perineal continuavam como antes do parto. O pessoal fala que depois do parto normal não fica mais a mesma coisa de antes, fiquei com medo dele não gostar, achar diferente (P15). Eu perguntei para se ainda era como antes? Se ele achou diferente? Se gostou, mas ele disse que era como antes, fiquei preocupada com medo dele não gostar (P11). A gente não faz amor como antes, até mesmo na gravidez a gente dava um jeitinho, mas agora não sei explicar, se é o cansaço, ou por causa dela, não sinto falta (P4). Algumas mulheres mantêm relação sexual com seus parceiros, apesar de não sentirem vontade de fazê-lo; no entanto, no cotidiano da relação, nem sempre é possível dizer não, emergindo estratégias para burlar a situação, tais como fingir que estão com dor de cabeça, ou que estão dormindo quando são procuradas pelo parceiro. [...] Eu quero é dormir. Então, quando ele acorda de madrugada para fazer sexo, eu não gosto. Todo dia meu marido quer, todo dia. Aí eu falo: ah, amor eu tô cansada, mas ele não entende (P5). Quanto à iniciativa da atividade sexual no presente estudo, foi predominantemente do parceiro, como veremos: [...] ele já me procurou. Por ele já teria acontecido (P1). Foi o meu marido, ele com certeza que tomou a iniciativa, sabem como é homem né? (P2). Medo de engravidar Uma quantidade significativa de mulheres prefere aguardar pela consulta e respectiva autorização médica para o reinício da atividade sexual. O temor de uma nova gestação pode ser percebido nos depoimentos das puérperas a seguir: To só me cuidando mesmo. Num to nem tomando anticoncepcional devido ainda tá dando peito a ela. Até quando eu for pra minha consulta, vou até perguntar a médica qual o anticoncepcional apropriado para eu tomar, não quero engravidar tão cedo (P8). Eu não tenho mais aquela vontade toda de fazer sexo, principalmente por que eu fico com medo de engravidar novamente, Deus me livre! (P14). Eu to doida pra voltar no médico pra saber com quanto tempo eu posso voltar a ter relação, porque, por exemplo, tem gente que faz cesárea e laqueadura e diz que tem que passar três meses sem ter relação e não me disseram nada (P5). Dores e Incômodos relacionados à cicatrização no pós-parto Dores e incômodos, durante a relação, estiveram associados aos pontos da incisão cirúrgica e recuperação da região perineal após o parto. Percepção da mulher acerca da sua sexualidade na Transição Puerperal No estudo, quando a iniciativa partiu da mulher ela foi motivada por medo e insegurança em relação à fidelidade do marido. P3: “Fui eu, por medo, acho que por medo de o meu companheiro procurar outra pessoa fora. Pra num ficar assim muito tempo parado eu cuidei logo [...]”. P6: “Foi eu, por medo de ele ficar com outra pessoa, sabe como é homem né? Não pode ficar parado (sem sexo) muito tempo.” Dentre as preocupações presentes na vida sexual dessas mulheres, estiveram relacionados também os cuidados com o bebê e a presença do mesmo no quarto durante a relação. Na fala de algumas mulheres pode-se ver que a prioridade era o cuidado do bebê para depois ter relação com o companheiro. P10: “Na hora da relação eu ficava pensando no bebê, e se ele acordasse bem na hora? Não me sentia muito a vontade com ele no quarto, parecia até uma falta de respeito”. P9: “Em relação à intimidade com o meu marido respeitamos o resguardo e a partir daí a nossa vida sexual voltou ao normal tentamos ter as nossas relações na hora em que o bebê está dormindo, só depois que ele dorme é que eu fico sossegada”. DISCUSSÃO Em concordância com o presente estudo a literatura tem apontado que, no pós-parto, as modificações corporais que mais incomodam as mulheres são mamas volumosas e pesadas, abdome flácido, peso acima do normal e presença de estrias (8). Para algumas RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1147-1151 1149 as mudanças físicas sugerem uma preocupação com a satisfação do parceiro, podendo refletir na sua sexualidade, enquanto outras encaram o processo como uma valorização da autoestima. A percepção sobre o corpo no puerpério está relacionada à forma que cada mulher lida com as mudanças que ocorreram em seus corpos, frente à subjetividade, relacionamentos e cultura de cada mulher (9). Portanto, o puerpério é uma fase crítica para o início e aumento dos problemas sexuais, à medida que há uma diminuição da libido, interesse e atividade sexual. Este fator associado à debilidade emocional (medo e insegurança) e ao estresse pela chegada de um bebê representa um impacto significativo na vida do casal (6). Situações do cotidiano feminino como o cansaço, o stress e as inúmeras preocupações que circundam o universo feminino foram apontadas pelas mulheres como sendo fatores influenciadores para a falta de vontade para o sexo (4). Consequentemente em vez de quererem ter qualquer tipo de relacionamento sexual, as mulheres preferem dormir ou mesmo ter tempo para elas próprias. Embora tenham constatado existirem diferenças ao nível do desejo sexual, a maioria das mulheres envolvidas no estudo, mostrou-se confiante no retorno do mesmo à normalidade. A literatura a respeito do retorno à vida sexual da mulher no puerpério, diz que esse retorno deve se dar a partir do quadragésimo terceiro dia pós-parto ou duas semanas após o parto, conforme o conforto e desejo da mulher (10). Através dos relatos percebeu-se que a maioria das mulheres não recebeu dos médicos e enfermeiros nenhuma orientação quanto ao retorno de sua vida sexual no período pós-parto. Sozinhas e sem orientação, algumas mulheres ainda não tinham voltado a ter vida sexual, pois muitas temiam uma nova gravidez. Orientações quanto ao planejamento familiar devem ser discutidas, de modo geral, desde o início da gestação e durante o pré-natal, sendo esta a primeira e mais importante oportunidade de fazê-lo. O segundo momento mais apropriado para este aconselhamento e fornecimento dos métodos contraceptivos poderá ser durante o período de internação para o parto. Há ainda a terceira oportunidade, que seria no retorno para a consulta puerperal; onde a mulher deve receber atenção integrada de: planejamento familiar, orientação sobreamamentação e puericultura, o que seria ideal, pois facilitaria sua vida(3). Com relação às mudanças no períneo, as mulheres do estudo relataram preocupação com a sua recuperação, assim como medo de a cicatrização não estar completa. Durante o puerpério, a fraca motivação para a relação sexual e a diminuição da frequência, em ocasiões subsequentes, tem sido amplamente sustentada pelo fato de as mulheres experimentarem dor e desconforto durante a penetração (9,11). Mesmo com todas as discussões acerca do direito da mulher ao prazer sexual, e de ter uma vida sexual satisfatória, muitas mulheres ainda realizam o ato sexual apenas para satisfazer o parceiro e cumprir o seu dever de esposa. Esta pesquisa mostrou que, muitas vezes, as mulheres se tornam passivas e submissas na relação esperando que a busca ou a vontade pelo sexo parta do homem, o período da retomada da atividade sexual ocorreu entre quatro a seis semanas pós-parto, no entanto, quando essa iniciativa partiu da mulher foi motivada pela insegurança, medo de perder o parceiro, não havendo por parte dessas puérperas um protagonismo em relação a sua sexualidade, a busca também pelo o seu prazer pessoal. CONCLUSÕES O olhar dado à mulher, durante o puerpério, deve ser dado de forma ampla; ouvindo suas dificuldades e vivências, conhecendo o contexto cultural e social que ela vive para que o cuidado se dê de modo efetivo. Mudanças na rotina e nas responsabilidades ao se tornarem mãe surgiu como uma das inquietações das puerperas que divididas entre Mãe/Mulher/Esposa tentam conciliar os diversos papéis, em meio a tantas atribuições a mulher acaba ficando sem disposição e sem condições físicas e emocionais para o exercício sexual. As mudanças que ocorreram no comportamento/emocional, após o nascimento do filho podem ter repercussão na forma como a puérpera vivência a maternidade. Algumas referem ter ficado mais ansiosas, enquanto outras referem ter ficado mais calmas, essa diversidade ou até contradição na forma como cada mulher reage, denota que esse período é singular para cada mulher que o vivência. Consideramos que os profissionais de enfermagem possuem papel fundamental, pois, ao atuarem diretamente na atenção à saúde das mulheres no ciclo gravídico-puerperal, podem detectar medos, dúvidas e problemas das mulheres nessa área, logo no início do pré-natal tendo continuidade no puerpério de forma a trazer soluções diante das demandas que as mulheres apresentam. Nesse sentido, em sua avaliação, o enfermeiro deve ter uma abordagem mais holística ao considerar a resposta sexual humana. REFERÊNCIAS 1.São Paulo. (Estado). Secretaria da Saúde. Coordenadoria de Planejamento em Saúde. Assessoria Técnica em Saúde da Mulher. Atenção à gestante e à puérpera no SUS-SP: manual técnico do pré-natal e puerpério /organizado por Karina Calife, Tania Lago, Carmen Lavras - São Paulo: SES/SP, 2010. 2.Rodrigues DP, Fernandes AFC, Rodrigues MSP, Silva RM. Representações sociais de mulheres sobre o cuidado de enfermagem recebido no puerpério. Revista Enferm UERJ. 2007; 15(2):197-204. 3.Teles LMR, Pitombeira HCS, Oliveira AS, Freitas LV, Moura ERF, Damasceno AKC. Parto com acompanhante e sem acompanhante: a opinião das puérperas. Cogitare Enferm, 2010; 15(4):688-94. 4.Trindade WR, Ferreira MA Sexualidade feminina: questões do cotidiano das mulheres Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008; Jul-Set; 17(3): 417-26. 5.Conceição MAFC. O Ajustamento Materno no Relacionamento Íntimo com o Companheiro após o Parto. Dissertação de mestrado, 2011. Recebido em: 08.01.2014 Aprovado em: 10.02.2014 1150 6.Belentani LM, Marcon SS, Pelloso SM. Sexualidade de puérperas com bebês de risco. Acta Paul Enferm. 2011; 24(1):107-13. 7.Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70 Persona, 2010. 8.Oliveira JFB, Quirino GS, Rodrigues DP. Percepção das puérperas quanto aos cuidados prestados pela equipe de saúde no puerpério. Rev Rene. 2012; 13(1):74-84. 9.Salim NR, Araújo NM, Gualda DMR. Corpo e sexualidade: a experiência de um grupo de puérperas. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2010; 18(4): 1-8. 10.Cunningham FG, Leveno KJ, Gilstrap, Bloom SL, Hauth JC, Rouse DJ, Spong CY. Williams obstetrícia. Porto Alegre (RS):Artemed; 2012. 11.Strapasson MR, Nedel MNB. Puerpério imediato: desvendando o significado da maternidade. Rev. Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS). 2010. 31(3): 521-8. RASTREAMENTO DE NEUROPATIA DIABÉTICA EM PACIENTES ATENDIDOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE* DIABETIC NEUROPATHY IN PATIENTS FOLLOWED IN A PRIMARY HEALTH CARE UNIT Artigo Original Maria Cecília Cavalcante Barreira1 Caroline Pinto Camelo2 Danielle Teixeira Queiroz3 July Grassiely de Oliveira Branco4 Cintia de Oliveira Castelo Branco Sales 5 Geraldo Bezerra da Silva Junior6 RESUMO A neuropatia é uma das complicações mais comuns do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), podendo atingir 80 a 100% dos pacientes. Objetivou-se verificar a presença de fatores de risco para a neuropatia diabética (ND); levantar o perfil socioeconômico e clínico dos pacientes portadores de ND e identificar sua prevalência. Foi realizado estudo descritivo exploratório, com abordagem quantitativa, realizado em uma Unidade Básica de Saúde da Família em Fortaleza, Ceará. Foram incluídos 50 portadores de DM2. Predominou: sexo feminino (70%), média de idade 60,6 anos, tempo médio de diagnóstico 11,5 anos e de tratamento 11,1 anos. O peso médio foi 72 kg (relacionado com a média de altura de 1,56 cm caracterizando sobrepeso, resultando IMC 29,3kg/m²). A circunferência abdominal média encontrada foi 100,1 cm, acima do limite preconizado para as mulheres. A glicemia de jejum média foi 180 mg/dl. Somente 9 participantes tiveram os pés examinados por profissional de saúde e 11 receberam orientação sobre cuidados com os pés. Sobre a fraqueza muscular em membros inferiores e a presença de “pontadas”, “agulhadas”, “formigamentos”, “dormência”, câimbra ou mesmo incômodo ao toque do lençol, a maioria referiu apresentar esses sintomas (64%). A ND é uma complicação prevenível, justificando seu rastreamento e a assistência prestada deve ser reforçada para evitar o progresso da doença e para que não seja necessária a amputação de membros, principal consequência da neuropatia diabética em membros inferiores. Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Complicações; Avaliação; Neuropatia Diabética. ABSTRACT Neuropathy is one of the most common complication of diabetes mellitus type 2 (DM2), reaching 80-100% of patients. Aimed to verficar the presence of risk factors for diabetic neuropathy (DN); to know the socioeconomic and clinical profile of patients with ND and to identify its prevalence. This is a descriptive exploratory study with a quantitative approach, performed in a Basic Health Unit in Fortaleza, Ceará, Brazil. A total of 50 patients with DM2 were included. Predominated: female (70%), mean age 60.6 years, mean time since diagnosis 11.5 years and 11.1 years of treatment. The mean weight was 72 kg (related to the average height of 1.56 cm featuring overweight, resulting BMI 29.3 kg/m²). The average waist circumference was 100.1 cm, which is above the recommended limit for women. The mean fasting glucose was 180 mg/dl. Only 9 participants had their feet examined by a health professional and 11 received guidance on foot care. About muscle weakness in the lower limbs and the presence of “stinging”, “needles”, “tingling”, “numbness”, cramping or even bother to touch, the majority reported exhibit these symptoms (64%). The DN is a preventable complication of DM, justifying its tracking. The assistance should be strengthened to prevent the progression of the disease and the amputation of limbs, a major consequence of diabetic neuropathy. Keywords: Diabetes Mellitus; Complications; Assessment; Diabetic Neuropathy. INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insulina(¹). As consequências do DM, a longo prazo, incluem disfunções e falências de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos(2). A prevalência média do Diabetes na população urbana brasileira entre 30 e 69 anos é de 7,6% há 18 anos. No Ceará essa média cresceu nas últimas décadas para 12%. Atualmente, es- *Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade de Fortaleza. Fortaleza, Ceará, Brasil. 6 Professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). E-mail: [email protected]. Rastreamento de Neuropatia Diabética em Pacientes Atendidos em Unidade Básica de Saúde RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1151-1157 1151 tima-se que existam no Ceará mais de 370 mil pessoas em tratamento para diabetes, 120 mil só em Fortaleza. São mais de 230 milhões de casos em todo o mundo (equivalente a 6% da população adulta) (3). Uma complicação crônica muito frequente é o pé diabético, caracterizado pela presença de lesões em decorrência de alterações vasculares e/ou neurológicas peculiares do Diabetes. É responsável por parcela significativa de internações e a maior causa de hospitalizações prolongadas entre os diabéticos (4). As alterações microvasculares são próprias do Diabetes e caracterizam-se pelo espessamento da membrana que circunda as células endoteliais do capilar (membrana basal). Podem afetar nervos periféricos (sensório-motores), autônomos e espinhais, ou seja, esse grupo de doenças que afetam todos os tipos de nervos relaciona-se à Neuropatia Diabética (1). A neuropatia diabética é a complicação mais comum, compreendendo um conjunto de síndromes clínicas que afetam o sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autonômico, de forma isolada ou difusa, nos segmentos proximal e distal, de instalação aguda ou crônica, de caráter reversível ou irreversível, manifestando-se silenciosamente ou com quadros sintomáticos dramáticos. Pode atingir a grande maioria dos pacientes, 80 a 100% a longo prazo (5). Apresenta-se em diferentes formas clínicas tais como: neuropatias sensitivo-motoras (polineuropatia e neuropatias focais), neuropatia autonômica cardiovascular, hipotensão postural, gastrointestinal, urogenital, entre outros (1). A forma mais comum é a neuropatia simétrica sensitivo-motora distal. Pode se manifestar por sensação de queimação, choques, agulhadas, formigamentos, dor a estímulos não dolorosos, câimbras, fraqueza ou alteração de percepção da temperatura, pode ser em repouso, com exacerbação à noite e melhora com movimentos (6). As lesões de extremidades inferiores nos pacientes diabéticos são frequentes na população de baixo nível sócio-econômico, com condições inadequadas de higiene e pouco acesso aos serviços de saúde. Quando procuram atendimento médico, as lesões estão geralmente em estágios avançados, requerendo tratamento cirúrgico, que muitas vezes o incapacitam para suas atividades de rotina (7). O tratamento da neuropatia é sintomático. Para aliviar a dor e evitar progressão da lesão, recomenda-se um bom controle glicêmico e, em casos que apresentem muita dor e não respondem ao controle metabólico, devem inicialmente ser manejado com analgésicos não-opióides (1). O reconhecimento precoce e o manejo da neuropatia diabética são importantes, pois permitem o início de um tratamento específico em casos sintomáticos, além de adequada orientação da clientela em risco de lesão em membros inferiores não percebidas. A escolha deste tema deu-se pela percepção da pouca importância que alguns profissionais de saúde dão ao exame clínico dos portadores de Diabetes em busca da neuropatia, e dos próprios portadores em não conhecer essa complicação. 1152 A neuropatia tem sido um fator de risco importante para ulcerações e amputações de membros inferiores. Assim, o presente estudo torna-se relevante, pois busca dar apoio e monitoramento aos diabéticos, reduzindo o ônus das condições crônicas, melhorando a qualidade de vida dessas pessoas e detectando esse fator de risco precocemente, evitando amputações. O objetivo deste estudo é verificar a presença de fatores de risco para a neuropatia diabética; traçar o perfil socioeconômico e clínico dos pacientes portadores de neuropatia diabética e identificar a prevalência de neuropatia diabética entre pacientes atendidos em uma Unidade Básica de Saúde. METODOLOGIA Foi realizado estudo descritivo exploratório, com abordagem quantitativa, em uma Unidade Básica de Saúde situada na cidade de Fortaleza, Ceará. A população do estudo foi formada por todos os pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 acompanhados por uma das equipes de saúde da família da Unidade citada. Sendo assim, a amostra foi composta de 50 pacientes que foram selecionados seguindo os seguintes critérios de inclusão: estarem em acompanhamento há pelo menos 6 meses pela equipe do Programa de Saúde da Família, ter diagnóstico há cerca de 5 anos e estarem na faixa etária acima de 40 anos. A coleta de dados foi feita por meio de uma entrevista individual durante a consulta de enfermagem ao portador de DM2, utilizando um questionário contendo dados pessoais, quadro sócio-econômico e dados referentes à doença (tempo, classificação, presença de complicação, descompensação, internação e alguma comorbidade associada). Foi feita uma análise estatística descritiva (número e percentual). Para tanto foram calculadas as medidas estatísticas de tendência central: média, mediana e moda. Os dados foram processados no SPSS (Statistical Package for Social Science), versão 13.0. Após esta análise estatística, confrontamos os dados com a literatura especializada. Nas análises estatísticas inferenciais, utilizou-se as variáveis categóricas, os testes 2 e de pearson. Para as variáveis contínuas, utilizou-se o teste t-independente. Para todos os testes, foi adotado o nível de significância de 5% (p<0,005). O estudo foi aprovado pelo comitê de ética com parecer de n°232/08. RESULTADOS Foram incluídos 50 pacientes portadores de DM2 acompanhados por uma Unidade Básica de Saúde da Família que está caracterizada na tabela 1. Através dos dados contidos na Tabela 1 pode-se perceber que a população predominante é do sexo feminino, 35 pacientes (70%), o que vem a se relacionar com a profissão mais citada, dona de casa (46%). Ressalta-se que 26 dos entrevistados têm renda de 1 salário mínimo e apenas 2 pessoas têm renda familiar inferior a 1 salário. A média de idade da população do estudo foi 60,6 anos. O tempo médio de diagnóstico foi 11,5 anos e o tempo de tratamento médio 11,1 anos. A partir desses dados, entende-se que a maioria dos participantes está inclusa na faixa etária que os classificam como idosos, o que pode significar dependência de alguém para o autocuidado. A Tabela 2 mostra que o peso médio dos participantes do estudo é de 72 kg, um alto peso quando relacionado à média da altura, que foi de 1,56 cm, o que resulta em um IMC alterado, podendo este ser comprovado observando a tabela, onde a média do IMC foi de 29,3 kg/m², classificado como sobrepeso, presente em 40,8% dos pacientes pesquisados. A circunferência abdominal média encontrada foi de 100,1 cm. Pode-se dizer que está acima do limite preconizado para as mulheres comparada com os parâmetros de normalidade do Ministério da Saúde (5). Através do teste t-independente, relacionamos o IMC com a presença de neuropatia (neuropatia presente e neuropatia presente com sinais de doença vascular periférica), porém foi encontrado p=0,892, o que se pode concluir que não apresentou significância para o estudo. membros inferiores ou mesmo incômodo ao toque do lençol foi significante para o estudo (p <0,001). Porém, os outros fatores, mesmo não tendo p <0,005, não deixam de ser importantes em uma avaliação de neuropatia diabética, pois representam fatores predisponentes. A partir da Tabela 6, podemos perceber que 14% (7 participantes) não apresentam neuropatia e 86% (43 participantes) apresentam neuropatia, sendo 50% com sinais de doença vascular periférica. Assim, pode-se concluir que a assistência prestada a estes pacientes deve ser reforçada para evitar o progresso da doença e, principalmente, para que não seja necessária a amputação de membros, que é a principal consequência da neuropatia diabética em membros inferiores. Todos os diabéticos devem ser orientados para os cuidados com a saúde (atenção especial aos pés) e alertados para os fatores de risco da doença para prevenir novos casos e impedir agravamento dos já diagnosticados. Outros dados que não foram colocados em tabelas por não apresentarem resultados numericamente relevantes serão descritos, pois têm importância para o desenvolvimento da neuropatia diabética em membros inferiores. Com relação aos valores glicêmicos, percebe-se que a glicemia de jejum teve valor médio 180 mg/dl, um valor elevado, já que o normal é que ele esteja <110 mg/dl. É através do exame físico que obtemos dados específicos do paciente como Diabetes descompensado, estado nutricional, informações acerca da realização de atividade física, cuidados com os pés, entre outros. A pesquisa mostrou que 62% dos participantes além do Diabetes, eram hipertensos, o que é fator agravante para a saúde. A Tabela 3 mostra que 10 pacientes (20%) são tabagistas, revela também que 25 pessoas (50%) foram, em algum momento da vida tabagistas. Em relação aos alcoolistas, o número foi menor, apenas 6 entrevistados (12%) e 8 pessoas (16%) são ex-alcoolistas, hábitos esses que predispõem às doenças cardiovasculares. Observa-se que é importante a orientação alimentar para esses pacientes, pois muitos (20%) consideram que somente o uso diário do adoçante é suficiente para manter esse controle. Observa-se alto percentual de pacientes que apresentam dor noturna que melhora quando caminham, representando 64% (Tabela 4). Percebe-se nesse estudo que, dos 50 participantes, somente 9 já tiveram os pés examinados por algum profissional de saúde e 11 já receberam orientação acerca dos cuidados com os pés, o que demonstra a pouca importância que os profissionais de saúde estão dando aos cuidados com os pés dos diabéticos. Em relação à fraqueza muscular em membros inferiores e à presença de “pontadas”, “agulhadas”, “formigamentos”, “dormência”, câimbra nos pés ou membros inferiores ou mesmo incômodo ao toque do lençol, a maioria dos participantes respondeu que apresentava esses sintomas (64%), o que deve servir como sinal de alerta, pois esses são fatores de risco para o desenvolvimento da neuropatia diabética. Foi realizada uma análise estatística relacionando a presença de neuropatia diabética com fatores de risco citados na Tabela 5. Observa-se que, apenas a apresentação de pontadas, agulhadas, formigamentos, dormência, câimbra nos pés ou Rastreamento de Neuropatia Diabética em Pacientes Atendidos em Unidade Básica de Saúde Entende-se que os portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, participantes desse estudo, não percebem a atividade física como uma forma de prevenção e controle da doença, pois 62% (31 entrevistados) não praticam nenhum tipo de atividade, referem falta de tempo e por não gostarem. Com relação à terapia medicamentosa, 48% dos participantes fazem uso de hipoglicemiantes orais (metformina e glibenclamida), sendo a insulina utilizada apenas por 6% dos participantes. Testes de sensibilidade protetora plantar (monofilamento de 10g), tátil, dolorosa, vibratória e térmica foram realizados durante a consulta, além da avaliação do reflexo de Aquileu e a força muscular (panturrilha e tibial anterior). Essa avaliação foi definida através do questionário utilizado na consulta, mas após análise estatística percebeu-se que não foi significante para o desenvolvimento de neuropatia diabética. DISCUSSÃO No presente estudo observou-se uma população adulta, na terceira idade (média de 60,6 anos), com maior frequência de mulheres (76%), casadas (52%) e donas de casa (46%), com renda familiar entre um salário ou mais (94%). Outro estudo realizado entre pessoas diabéticas, mostrou uma população, em sua maioria adulta, com maior frequência de mulheres (56%), sendo 73,8% donas de casa (8). Em relação à renda familiar, quase a totalidade dos participantes recebem um salário ou mais, o que pode levar a enten- RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1151-1157 1153 der que é um fator positivo para o cuidado com a saúde. Porém, precisa-se considerar que muitos moram com filhos, netos e agregados, sendo este um fator agravante, pois se torna mais difícil, por exemplo, a adesão a um controle alimentar eficaz, já que precisam arcar com as despesas de muitos familiares. Até mesmo a prática de atividade física, tão importante para o tratamento, fica comprometida, pois muitas mulheres referiram que não tinham tempo ou ficavam muito cansadas cuidando da casa e dos netos, enquanto os filhos saiam para trabalhar. Em relação ao consumo de álcool, 28% dos participantes são ou já foram alcoolistas, o que é fator de alerta, pois o principal perigo do consumo de álcool pelo diabético é a hipoglicemia, sobretudo para os que usam insulina (1). O álcool pode diminuir as reações fisiológicas normais no corpo, as quais produzem glicose (gliconeogênese), além de levar ao ganho excessivo de peso (devido ao elevado conteúdo calórico), hiperlipidemia e níveis elevados de glicose (principalmente em licores e bebidas mistas). A hipertensão arterial contribui para o desenvolvimento e progressão das complicações crônicas do Diabetes Mellitus. Em pacientes com Diabetes tipo 2, a hipertensão é quase sempre parte de uma síndrome que inclui intolerância à glicose, resistência à insulina, obesidade, dislipidemias e doença arterial coronária, fatores intervenientes para a formação das úlceras neuro-isquêmicas e amputações em membros inferiores (9). Este estudo mostra que os medicamentos mais utilizados representam 48%, são os hipoglicemiantes orais (metformina e glibenclamida), sendo a insulina utilizada apenas por 6% dos participantes. Deve-se ressaltar, entretanto, que somente a ação medicamentosa não atuará de forma efetiva se a mesma não estiver associada com cuidados básicos diários como alimentação e exercício físico. Considerando que a maioria dos entrevistados (62%) não pratica atividade física e que 20% acreditam que somente o uso do adoçante funciona como controle alimentar, justifica-se o fato de encontrarmos a média de peso 72 kg para uma estatura média de 1,56 cm e ainda o IMC médio de 29,3 kg/m² (considerado sobrepeso). Observamos 73,5% dos participantes com sobrepeso e obesidade grau I (Tabela 2). Isso demonstra a falta de cuidados com a saúde, que foi justificada com inúmeros fatores como a falta de tempo e de dinheiro, o estresse do dia-a-dia, desemprego, problemas familiares, entre outros. Presume-se que, com o controle alimentar ineficaz e a ausência de atividade física, não só os valores de IMC, peso e altura, mas também as circunferências de abdômen e quadril vão estar alteradas, além dos valores glicêmicos e de medidas de pressão arterial. A base do tratamento do Diabetes é constituída por nutrição, dieta e controle de peso (1). O objetivo mais importante é o controle da ingesta calórica total para atingir ou manter um peso corporal razoável e controlar os níveis sanguíneos de glicose. O exercício diminui o nível de glicose no sangue ao aumentar a captação de glicose pelos músculos corpóreos e melhorar a utilização de insulina. O estudo revelou tempo de diagnóstico do Diabetes Mellitus tipo 2 médio 11,5 anos (Tabela 1), o que podemos considerar como um fator que predispõe o aparecimento de lesões. O tempo médio de tratamento é bem próximo do tempo médio de diagnóstico, o que se entende como fator positivo, pois se pode considerar que após o diagnóstico, os participantes iniciaram o tratamento. É preocupante o alto índice de tabagistas e ex-tabagistas, que representa 70% dos participantes, pois é visível a ação que o tabaco exerce na etiologia da vasculopatia periférica, que determina o “pé em risco no diabetes”, fator predisponente para as amputações (9). 1154 Em um estudo(10) a ocorrência de dor, formigamento, sensação de picadas, queimação nos pés e/ou membros inferiores, foi observada durante a realização do exame físico, correspondendo à aproximadamente 48%, dados semelhantes aos encontrados no nosso estudo, onde os mesmos sintomas estavam presentes em 64% dos entrevistados, sintomas estes sugestivos de neuropatia. Destaca-se novamente a importância do cuidado com os pés para alertar para o número de amputações de membros inferiores decorrentes do diabetes, pois os diabéticos têm 15 vezes mais risco de se submeterem a esse procedimento do que pessoas que não têm a doença; 1,7% de todas as internações relacionam-se à amputação e gastam 10% dos custos com os cuidados de saúde dos diabéticos (11). Os problemas neuropáticos também produzem simultaneamente dor, sob forma de queimação e ardor, diminuição da sensibilidade, fraqueza nas pernas e pés, junto a uma ausência dos reflexos no joelho e pés (10). Quanto ao cuidado com os pés, percebe-se que apenas 9 entrevistados tiveram seus pés examinados por algum profissional da saúde, um dado preocupante, já que demonstra grande carência em ações preventivas no atendimento primário. Pesquisa(10) apresenta que, raramente os profissionais orientam sobre os cuidados necessários com os pés, dado este que vem a confirmar o que foi encontrado em nosso estudo. O estudo mostrou que 86% dos entrevistados apresentaram neuropatia, sendo 50% já apresentando sinais de doença vascular periférica, o que demonstra a relevância do estudo, pois se sabe que a neuropatia é uma complicação prevenível, justificando seu rastreamento. O cuidado integral ao portador de Diabetes deve compreender aspectos psicossociais e culturais, tomando a educação terapêutica como fundamental para informar, motivar e fortalecer a pessoa e a família para conviver com a condição crônica. A cada encontro deve ser reforçada a percepção de risco à saúde, desenvolvimento de habilidades e motivação para superar esse risco (12). A base da consulta gira em torno das informações sobre a doença que o profissional deve fornecer. O paciente deve entender que o Diabetes Mellitus não tem cura, mas que, através dessas informações, ele tem como controlar e evitar o aparecimento de possíveis complicações. Além disso, o profissional deve estar disponível para esclarecer dúvidas, encorajar o paciente para mudanças de hábitos, avaliar seu conhecimento sobre a doença, avaliar os pés com cautela, solicitar exames para o controle glicêmico, otimizando seu tratamento. CONCLUSÃO O presente estudo identificou alto índice de neuropatia diabética presente em pacientes atendidos em uma Unidade Básica de Saúde. Percebe-se pouca importância dada por parte dos profissionais para a prevenção da neuropatia, já que é uma complicação que pode afetar a maioria dos diabéticos e pode causar úlceras nos pés culminando em amputações. Conclui-se que, durante a consulta, o profissional esquece ou simplesmente ignora a avaliação dos pés dos diabéticos, pois em uma amostra de 50 pacientes, somente 9 tiveram os pés examinados por algum profissional de saúde. Em nosso estudo, a avaliação das sensibilidades (protetora plantar, tátil, dolorosa, vibratória e térmica) não demonstrou número relevante quando relacionado com a neuropatia diabética. Esse fato pode ser atribuído ao tamanho da amostra, relativamente pequena. Porém, torna-se importante para alertar o cuidado que os diabéticos devem ter com os pés e a orientação que os profissionais devem realizar nas consultas. Para melhoria dos serviços de atenção à saúde do diabético, sugere-se que o profissional enfermeiro realize uma consulta completa, avaliando os fatores de risco para as complicações do Diabetes. Para isso, o profissional deve fazer anamnese, investigar os hábitos de vida do paciente e avaliar os pés. Espera-se que as discussões geradas neste estudo contribuam para uma melhor orientação aos portadores de Diabetes por parte dos profissionais de saúde que os acompanham acerca, não só dos cuidados com os pés, mas também encorajá-los à prática de hábitos de vida saudáveis como atividade física, controle alimentar, consultas periódicas, promovendo melhor qualidade de vida. Percebe-se ainda, ao longo da pesquisa, que a realização de uma boa consulta não demanda tanto tempo, como alegado por alguns profissionais e, com poucos recursos é possível sua realização. Não basta somente avaliar a terapia medicamentosa, pois a maioria das complicações do Diabetes pode ser evitada através do diagnóstico precoce e de medidas preventivas. Tabela 1 - Frequência e percentual de portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, segundo dados socioeconômicos e características clínicas, em uma Unidade Básica de Saúde da Família, Fortaleza, 2008. Variáveis Frequência (%) Média Mediana Moda Masculino 15 30 - - - Feminino 35 70 - - - Casado 26 52 - - - Solteiro 12 24 - - - Viúvo 12 24 - - - Dona de casa 23 46 - - - Aposentado 7 14 - - - Desempregado 4 8 - - - Outros 16 32 - - - < 1 salário mínimo 2 4 - - - 1 salário mínimo 26 52 - - - > 1 salário mínimo 21 42 - - - Não respondeu 1 2 Sexo Estado Civil Profissão Renda Família Idade 40 a 50 anos - - - 60,6 51 59 07 14 - - - 51 a 60 anos 17 34 - - - > 60 anos 26 52 - - - 11,5 8,5 5 Tempo de diagnóstico Rastreamento de Neuropatia Diabética em Pacientes Atendidos em Unidade Básica de Saúde RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1151-1157 1155 05 a 10 anos 32 64 - - - Acima de 10 anos 18 36 - - - 11,1 8 5 Tempo de tratamento 05 a 10 anos 34 68 - - - Acima de 10 anos 16 32 - - - Total 50 100 Tabela 2 – Dados clínicos de portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 obtidos através do exame físico, realizado em Unidade Básica de Saúde da Família, Fortaleza, 2008. Variáveis Média Mediana Moda Frequência (%) Sentada 131,20x83,60 mmHg 130x80 mmHg 140x80 mmHg - - Ortostática 121,40x82,60 mmHg 120x90 mmHg 120x90 mmHg - - Pressão Arterial Peso 72 kg 73 kg 60 kg - - 1,56 cm 1,56 cm 1,50 cm - - 29,3 kg/m² 29,4 kg/m² 23,7 kg/m² - - Normal - - - 08 16,3 Sobrepeso - - - 20 40,8 Obesidade grau I - - - 16 32,7 Obesidade grau II - - - 05 10,2 Abdômen 100,1 cm 100,5 cm 102 cm - - Quadril 103,7 cm 105,5 cm 102 cm - - Jejum 180 mg/dl 150 mg/dl 85 mg/dl - - Pós-prandial 167 mg/dl 142 mg/dl 125 mg/dl - - 49 100 Altura IMC Circunferência Glicemia Total Tabela 3 – Frequência e percentual de portadores de Diabetes mellitus tipo 2, segundo hábitos de tabagismo ou alcoolismo em Unidade Básica de Saúde da Família, Fortaleza, 2008. Variáveis Tabagista Ex-tabagista Alcoolista Frequência (%) 10 20 25 6 Ex-alcoolista Total 8 50 50 12 16 100 Tabela 4 - Frequência e percentual de portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, segundo características clínicas de alerta para neuropatia em Unidade Básica de Saúde da Família, Fortaleza, 2008. Sintomas Algum tipo de ulceração 16 32 Dor ao caminhar 32 64 Dor noturna (melhora quando caminha) 13 26 Pés examinados por profissional de saúde 9 18 Orientação sobre cuidados com os pés 11 22 Hábito de andar descalço 23 46 Fraqueza em membros inferiores 32 64 Pontadas, agulhadas, formigamentos, dormência, câimbras nos pés ou membros inferiores ou incômodo ao toque do lençol 32 64 50 100 Total 1156 Frequência (%) Tabela 5 – Fatores de risco para doença vascular de portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, acompanhados em uma Unidade Básica de Saúde da Família, Fortaleza, 2008. Variáveis Frequência (%) Pearson (p)* Alcoolismo 05 11,6 0,841 Tabagismo 07 16,3 0,103 Ulceração 16 37,2 0,050 Dor ao caminhar 29 67,4 0,209 Fraqueza muscular 30 69,8 0,005 Pontadas, agulhadas, dormência... 32 74,4 0,000 (p<0,001) Palpação do pulso pedioso 32 74,4 0,130 Palpação do pulso tibial posterior 20 46,5 0,008 Para ter significância, temos p<0,005 Tabela 6 – Frequência e percentual de portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, segundo classificação de risco para neuropatia em Unidade Básica de Saúde, Fortaleza da Família, 2008. Variáveis Frequência (%) 7 14 Neuropatia presente 18 36 Neuropatia presente com sinais de doença vascular periférica 25 50 50 100 Neuropatia ausente Total REFERÊNCIAS 1.Smeltzer SC, Bare BG. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 2.Ceará. Secretaria de Saúde do Estado, Manual das equipes de saúde da família. Fortaleza: Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, 2004. 3.Ceará. 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Profis., 2014; 6(1): 1151-1157 1157 A PERCEPÇÃO DE DOCENTES DE ENFERMAGEM À RESPEITO DE SUA CAPACITAÇÃO PARA O ENSINO THE TEACHER’S UNDERSTANDING ABOUT THEIR ABILITY IN TEACHING Artigo Original Marta Maria Leite de Araújo1 Maria Sonia Felício Magalhães2 Alice Maria Correia Pequeno Marinho3 RESUMO A reflexão acerca da formação pedagógica do docente enfermeiro é essencial pela complexidade da prática profissional na educação. Objetivou-se caracterizar o perfil dos docentes que atuam como supervisores de Enfermagem em campos de estágio e descrever os processos desenvolvidos com vistas à capacitação dos docentes para atuação como supervisores em campos de estágio. Estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa. Pesquisa desenvolvida em cinco hospitais secundários municipais de Fortaleza. Foram entrevistados onze docentes do Estágio Curricular Supervisionado de variadas instituições de ensino superior com graduação em Enfermagem. A análise dos dados utilizou a Análise Temática, seguindo as etapas de: pré-análise, exploração do material e análise e interpretação dos resultados. Ressalta-se a necessidade de capacitação dos docentes para a docência e de compartilhamento desta e que a atualização pedagógica dos docentes deve ser proporcionada pela instituição a que estão vinculados, devendo esta ser periódica. Palavras-chave: Ensino; Aprendizagem; Educação em Enfermagem. ABSTRACT The reflection on the pedagogical training of nurses teaching is essential for the complexity of professional practice in education. This study aimed to characterize the profile of teachers who serve as supervisors of Nursing in field internship and describe the processes developed aimed at training teachers to work as supervisors in field internship. Exploratory and descriptive study with a qualitative approach. Research carried out in five municipal secondary hospitals in Fortaleza. Eleven teachers of Supervised were interviewed varied institutions of higher education with a degree in Nursing. Data analysis used thematic analysis following steps: Pre-analysis, material exploration and analysis and interpretation of results. We emphasize the need for training of teachers for teaching and sharing this update and that teaching teachers should be provided by the institution to which they are bound, which must be periodic. Keywords: Education; Learning; Nursing Education. INTRODUÇÃO O exercício da docência no curso de graduação em Enfermagem possibilita o questionamento de metodologias no ensino-aprendizagem, implementadas tanto na academia como nos programas de aperfeiçoamento e atualização dos profissionais e nos eventos dirigidos à categoria. A prática diária sinaliza a ocorrência de um ensino centrado na figura do docente, que detém a autonomia do conhecimento, ensejando estratégias repetitivas, geralmente com aulas expositivas, e consequentemente criando um fluxo unilateral de comunicação, dificultando o desenvolvimento do pensamento crítico por parte do aluno, que na maioria das vezes assimila o que lhe é imposto, sem muitos questionamentos1. As escolas de ensino superior avançaram na concepção crítica-reflexiva em relação à sociedade, mas se revelam conservadoras na maneira como ensinam e operam os conteúdos, adotando grades curriculares estanques, que levam à formação de um aluno comparável a um somatório ou justaposição de conhecimentos. O que prevalece e orienta a constituição dos projetos políticos pedagógicos, na maioria das escolas, é a ênfase na concepção do processo saúde-doença, limitando-se tais projetos a abordar a enfermidade, a cura e a atenção individual, que não capacita os alunos para mobilizar os saberes na busca da integralidade (2). A reflexão acerca da formação pedagógica do docente enfermeiro é essencial em razão da complexidade da prática profissional inserida na tarefa da educação. Para muitos docentes, contudo, a docência em saúde é, geralmente, considerada secundária, deixando de reconhecer a existência de uma relação entre ensino, aprendizagem e assistência, bem como de debaterem as especificidades dos cenários do processo ensi- Enfermeira. Mestre em Ensino na Saúde na Universidade Estadual do Ceará (UECE). E-mail: [email protected]. Docente. PhD em Cirurgia na UECE 3 Docente do Mestrado Profissional Ensino na Saúde na UECE. Doutora em Saúde Pública. 1 2 1158 no-aprendizagem e seus agentes: docentes, aluno, pacientes, profissionais de saúde e comunidade. Tradicionalmente nas universidades brasileiras, observa-se a questão dos docentes bacharéis que, mesmo sem qualquer formação pedagógica, exercem atividades próprias da docência. Os docentes são selecionados pela comprovação da competência técnico-científica, em detrimento da comprovação formal da habilidade didático-pedagógica. Tal situação enseja dificuldades em torno do ensino-aprendizagem (3). O ensino de Enfermagem é compelido a mudar, de forma a atender aos desafios de ampliação do campo de ação do enfermeiro, requeridos pela Reforma Sanitária, Sistema Único de Saúde, Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Enfermagem e pela Política de Formação e Educação Permanente em Saúde. Tal necessidade surge do consenso de que não há como transformar o paradigma sanitário e o sistema de saúde sem atuar na formação dos profissionais. Nesta transformação, o Estágio Curricular Supervisionado (ECS) pode trazer importante contribuição, haja vista ser uma atividade acadêmica bastante rica para a formação profissional, momento em que o estudante entra em contato direto com a realidade de saúde da população e do mundo do trabalho, possibilitando o desenvolvimento pessoal e profissional, leve assim à consolidação de conhecimentos adquiridos no decorrer do curso, por via da relação teoria-prática (4,5). De um lado, o compromisso dos enfermeiros docentes é intensamente vinculado à formação de profissionais, priorizando, então, as questões do ensino. De outra parte, os enfermeiros do hospital priorizam a assistência de Enfermagem, ficando as ações centradas na coordenação e realização do cuidado ao paciente. O ensino de Enfermagem direcionado para a prática hospitalar, efetuando-se desarticulado dos padrões vigentes do serviço de Enfermagem pode ensejar divergências no comportamento e na atuação dos enfermeiros docentes e assistenciais (6). Diante dessas considerações fica claro a importância do professor como agente desencadeador do processo ensino-aprendizagem, tendo este estudo como objetivos caracterizar o perfil dos docentes que atuam como supervisores de Enfermagem em campos de estágio e descrever os processos desenvolvidos com vistas à capacitação dos docentes para atuação como supervisores em campos de estágio. METODOLOGIA Este estudo caracteriza-se como exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, visto que a intenção foi desvelar as experiências da prática docente dos enfermeiros, a partir dos seus discursos. A pesquisa foi desenvolvida em cinco hospitais secundários, integrantes da rede pública municipal de saúde de Fortaleza: Hospital Nossa Senhora da Conceição, Hospital Distrital Evandro Ayres de Moura, Hospital Distrital Gonzaga Mota – José Walter, Hospital Distrital Gonzaga Mota – Messejana e Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira. Os locais de A Percepção de Docentes de Enfermagem à respeito de sua capacitação para o ensino estudo foram definidos intencionalmente por todos terem características comuns, facilitando a interação com a população a ser estudada. Fizeram parte do estudo os docentes do Estágio Curricular Supervisionado das instituições de ensino superior, com graduação em Enfermagem que mantêm convênios com a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, por meio da Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde – COGTES. As instituições cujos docentes fizeram parte do estudo, foram as seguintes: Universidade Estadual do Ceará – UECE, com um docente; Universidade de Fortaleza – UNIFOR, com dois docentes; Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, com quatro docentes; Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza – FAMETRO, com quatro docentes e Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará – FAECE, com dois docentes, perfazendo um total de treze docentes. Destes, dois foram excluídos por terem participado do pré-teste do instrumento de coleta de dados para validação. Participaram deste estudo onze docentes das referidas instituições. A participação dos docentes foi voluntária, com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), obedecendo à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que regula os aspectos éticos em pesquisas com seres humanos. Para garantir o anonimato os entrevistados foram identificados nos resultados do estudo como Entrevistado 01 (E 01) a Entrevistado 11 (E11). O estudo foi iniciado após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Estadual do Ceará – UECE, com o Parecer Consubstanciado de nº 458.948. A coleta de dados foi realizada em novembro de 2013, por meio de uma entrevista semiestruturada em que foram abordados o perfil dos docentes e questões sobre capacitação e prática pedagógica. Para análise dos dados adotou-se a técnica da Análise Temática (7), proposta em três etapas: pré-análise onde procedeu-se a leitura flutuante do material para, de acordo com os objetivos e questões de estudo, se definir a unidade de registro ou índice. Na exploração do material fez-se a codificação pelo recorte dos textos em temas, os quais foram enumerados para o estabelecimento de correspondência entre a sua presença/ ausência e os significados inferidos. Na fase de análise e interpretação dos resultados emergiram os temas: revelando o perfil do docente: articulação entre o saber e o fazer e caminhos para a prática do docente: tecendo a construção de competências. RESULTADOS E DISCUSSÃO Revelando o Perfil do Docente: articulação entre o saber e o fazer O perfil profissional dos participantes foi traçado observando-se as variáveis: idade, sexo, estado civil, conclusão da graduação, titulação, trabalho assistencial, participação em cursos de capacitação para a docência, experiência anterior na docência (QUADRO 1) RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1158-1164 1159 QUADRO 1 – Perfil profissional dos participantes. VARIÁVEIS IDADE Nº % <30 01 09 30–40 09 82 >40 01 09 FEMININO 10 91 MASCULINO 01 09 SOLTEIRO 04 36 CASADO 06 55 DIVORCIADO 01 09 <05 02 18 05-10 03 27 10-15 01 09 15-20 05 46 ESPECIALIZAÇÃO 02 18 MESTRADO 07 64 DOUTORADO 02 18 TRABALHA NA ASSISTÊNCIA SIM 09 82 NÃO 02 18 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA A DOCÊNCIA SIM 09 82 NÃO 02 18 NECESSIDADE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA SIM 11 100 NÃO - - EXPERIÊNCIA ANTERIOR NA DOCÊNCIA SIM 09 82 NÃO 02 18 SEXO ESTADO CIVIL TEMPO DE CONCLUSÃO DA GRADUAÇÃO TITULAÇÃO No tocante à idade, a faixa etária que predominante foi de 30-40 anos, com 09 (82%). Nessa fase, geralmente, espera-se maior senso de responsabilidade, associado à maturidade e sabedoria profissionais, adquiridas ao longo da vida. A predominância do sexo feminino, com 10 (91%) dos entrevistados pode ser atribuída ao fato de que as profissões relacionadas ao cuidado de pessoas, como a Enfermagem, são das primeiras a inserir as mulheres no mercado de trabalho. Com relação ao tempo de formação acadêmica, a maioria, 05 (46%) concluiu o curso há 15 e 20 anos, 03 (27%) dos entrevistados estão formados entre 05-10 anos, e 02 (18%) se formaram há menos de cinco anos. Destes 07 (64%) têm mestrado, enquanto 02 (18%) são especialistas e 02 (18%) têm doutorado. Quanto a trabalhar na assistência concomitantemente à docência, 02 (18%) não exercem atividade de assistência direta ao paciente. É sabido que a prática considera o saber como referencial para a reflexão crítica sobre o fazer. O fato do docente desenvolver outras atividades profissionais proporciona a possibilidade de maior interação com as demandas sociais vigentes, contato com as tecnologias utilizadas pelas entidades, maior vinculação com o dinamismo do mundo atual e de estabelecer vinculações práticas aos enunciados teóricos. 1160 Acredita-se que a junção do conhecimento decorrente da prática com o conhecimento cientificamente constituído agrega criatividade, flexibilidade, dinamismo e improvisação para dar conta das diversidades e adversidades do cotidiano, tanto dos serviços de saúde, como das instituições de ensino8. Com relação à formação pedagógica 09 (82%) dos entrevistados relataram terem participado de algum curso de formação de professores ou de qualificação em metodologias de ensino, enquanto 02 (18%) relataram nunca terem participado de nenhum curso de formação pedagógica. É importante salientar que essa formação não ocorreu necessariamente para a Enfermagem. Dessa forma, não se trata de uma preparação para a docência superior, na qual estão inseridos atualmente, entretanto, essa foi a única oportunidade para esses docentes, em nível de pós-graduação, de articular o ser enfermeiro e o ser docente por meio de conhecimentos de áreas que embasam os conhecimentos da área da Enfermagem e da Educação, de forma a adquirir competências básicas para o exercício da docência. Quanto à formação pedagógica, os relatos são unânimes quanto à necessidade de atualização pedagógica, de ampliação dos conhecimentos com variadas metodologias de ensino e de compartilhamento destas, com o corpo docente da instituição de ensino a que estão vinculados. Observa-se que os conflitos decorrentes da falta de formação pedagógica sempre estiveram presentes no cotidiano dos profissionais enfermeiros. A formação profissional centrada nos aspectos da assistência ao paciente nem sempre possibilita conhecer com maior propriedade as especificidades do trabalho pedagógico. Os docentes assumem os encargos da docência respaldados em tendência natural e/ou em modelos de mestres que internalizaram em sua formação inicial, bem como no exercício da sua prática como profissional em uma atividade específica que não a da docência superior (3). Um fator primordial para que o enfermeiro docente seja competente no exercício da docência universitária é que ele identifique e supere os obstáculos didáticos, entendendo-se estes, como tudo o que interfere negativamente no ensino-aprendizagem, não estando ele limitado ao espaço físico da sala de aula. A preocupação nesse sentido não diz respeito apenas à prática pedagógica que se tem, mas a prática pedagógica que se quer (3). Assim, deve-se exigir do docente, competências para a docência no ensino superior, quais sejam: ser competente em uma área de conhecimento; possuir domínio da área pedagógica e exercer a dimensão política na prática da docência universitária. A primeira delas se refere ao domínio dos conhecimentos básicos da área e experiência profissional do campo. A segunda envolve o domínio do conceito de aprendizagem, integrando o desenvolvimento cognitivo, afetivo-emocional e de habilidades, bem como a formação de atitudes, abrindo espaços para a interação e a interdisciplinaridade. A terceira abrange a discussão, com os alunos, dos aspectos políticos e éticos da profissão e do seu exercício na sociedade, para que nela possam se posicionar como cidadãos e profissionais (3). O momento atual é propício para o desencadeamento de mudanças nos paradigmas de formação dos quadros da saúde, o que acarreta a necessidade de redefinições nos modos de atuação das instituições de ensino superior. Particularmente, no âmbito da formação de enfermeiros, tal mudança precisa estar atenta aos princípios propostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais, e, precisamente, à proposta de atenção às necessidades sociais da saúde para assegurar a integralidade e à qualidade previstas nessas diretrizes (9). Essas transformações nas estratégias pedagógicas estão respaldadas na Resolução do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Superior (CNE/CES) Nº 3, de 07 de novembro de 2001, que institui as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Enfermagem. No artigo 14 da referida peça legal, é explicitado que a estrutura dos cursos de graduação em Enfermagem deverá assegurar a implementação de uma metodologia no modus operandi de ensinar e aprender que estimule o aluno a refletir sobre a realidade social e aprenda a aprender5. O ensino de Enfermagem é norteado, ainda, pelo Projeto Político Pedagógico do curso, o qual se estabelece como referencial para a aprendizagem, sinalizando o estabelecimento de competências e habilidades para a integralidade do cuidado em saúde com vistas à articulação das dimensões curativa e preventiva, individual e coletiva. Dessa forma, cabe à escola definir o perfil do profissional que tenciona formar, tendo como base as competências do enfermeiro determinadas pelas diretrizes curriculares buscando a articulação entre ensino, pesquisa e extensão. As diretrizes curriculares oferecem aos cursos motivações para desenvolver estratégias que estimulem as discussões coletivas para colaborar com a feitura de projetos políticos pedagógicos que aproximem a formação do enfermeiro das necessidades locais de saúde, respeitando a vocação e a identidade institucional. Procedendo dessa forma, favorecem a consolidação do SUS, no modelo de atenção à saúde que se fundamenta em um conceito ampliado da saúde e justiça social. O SUS, como política de saúde, está inserido nas DCN dos cursos de saúde, expondo de forma geral a ideia de que todo profissional da área da saúde deve ter em sua formação competências gerais que incluem a comunicação, liderança, atendimento à saúde, aplicação de princípios éticos e de aprender a aprender, além do rol de competências específicas (10). Entre as competências do enfermeiro, as DCN também ressaltam capacidades relacionadas à gestão e à gerência, tais como: estabelecer novas relações com o contexto social; compreender a política de saúde no contexto das políticas sociais, reconhecendo os perfis epidemiológicos das populações; identificar as necessidades individuais e coletivas de saúde da população, seus condicionantes e determinantes; responder às especificidades regionais de saúde mediante intervenções planejadas estrategicamente; ser capaz de diagnosticar e solucio- A Percepção de Docentes de Enfermagem à respeito de sua capacitação para o ensino nar problemas de saúde, de comunicar-se, de tomar decisões, de intervir no processo de trabalho, de trabalhar em equipe e de enfrentar situações em constante mudança5. Sobre terem experiência na docência, anterior ao acompanhamento do estágio supervisionado, 09 (92%) relataram que já haviam sido docente em outras disciplinas e em outras instituições de ensino, dos quais 03 (27%) em cursos técnicos. Enquanto 02 (18%) relataram ser esta a primeira experiência como docente. Os profissionais de Enfermagem, nas últimas décadas, refletem e voltam sua atenção para o trabalho que exercem, realizando pesquisas para corrigir deficiências teóricas e práticas e procurado novos referenciais que subsidiem seu trabalho. O ensino de graduação em Enfermagem representa um locus privilegiado para a correção dessas deficiências, tendo em vista a consolidação do SUS e a necessidade da formação de profissionais com certas competências política, ética, técnica e científica, capazes de atender às expectativas dos serviços de saúde, em termos de força de trabalho, na perspectiva de valorização das necessidades sociais da saúde (9). Com efeito, o redirecionamento na formação dos profissionais de Enfermagem deve estar voltado para as transformações sociais. Consequentemente, as propostas pedagógicas devem estar de acordo com essas transformações. A expectativa é de que a formação esteja integrada à realidade vivida pelos alunos e que seja capaz de incorporar os aspectos inerentes à sociedade globalizada do século XXI (9). Caminhos para a Prática do Docente: tecendo a construção de competências Segundo a fala dos entrevistados percebeu-se que algumas instituições de ensino proporcionam espaço de compartilhamento entre eles, que permitem realização da autoavaliação quanto ao processo pedagógico realizado. São discutidas a eficiência de práticas pedagógicas na apreensão do ensino-aprendizagem, as dinâmicas utilizadas em campo de estágio que atraem mais a atenção do aluno, e que conseguem desenvolver o potencial de cada um no estágio. Nós temos encontros pedagógicos duas vezes por semestre[...] reunião com a coordenação[...] a gente também tem encontro científico, que é um encontro de práticas docentes, onde a gente vai expor nossa prática, que a gente viu que é importante, o que tem que melhorar[...] a gente vai trocar informações no intuito de melhorar o andamento do processo ensino/aprendizagem da universidade. (E4) A própria faculdade abre espaço pra gente compartilhar isso, principalmente entre os professores do supervisionado, e reuniões com as outras áreas da faculdade. (E10) A gente tem as reuniões da disciplina, e tem as reuniões do próprio curso. Em cada reunião a gente faz uma discussão de como estão sendo as avaliações. E aí nesse momento, eu faço uma autocrítica, vejo se realmente tá sendo eficaz, se tá sendo compatível com o que deveria ser apresentado para os alunos e se houver necessidade, a gente muda. (E11) RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1158-1164 1161 No entanto, alguns docentes relataram que não há a oportunidade em suas instituições de crescimento pedagógico, que não há a preocupação com a atualização do docente com novos métodos e estratégias de ensino-aprendizagem para conhecimento e aplicação em campo de estágio. As reuniões periódicas, mensais e semestrais estão mais voltadas para o desempenho do aluno, se este tem aptidão para esta ou aquela área; como eles estão em termos de teoria e em que eles podem melhorar. Eu acho que ainda é insuficiente, acho que a dificuldade é estrutural, dessa estrutura da academia, da universidade. (E7) Eu sinto falta disso de alguma coisa para aumentar, ampliar os nossos conhecimentos sobre essa parte da docência, de alguma metodologia nova para poder compartilhar entre os colegas. (E1) A faculdade cobra que os professores se qualifiquem. Pelo menos uma ou duas vezes ao ano o professor é liberado para a realização de cursos. (E6) Para os docentes do Estágio Supervisionado Curricular, tendo em vista ser uma atividade acadêmica bastante rica para a formação profissional, é o momento em que o aluno entra em contato direto com a realidade de saúde da população e do mundo do trabalho, possibilitando o desenvolvimento pessoal e profissional, e a consolidação de conhecimentos adquiridos no transcorrer do curso, mediante a relação teoria-prática. É também uma oportunidade de crescimento e atualização para o docente, porque este tem que buscar o conhecimento para compartilhar com os alunos. No estágio Supervisionado os alunos vivenciam as questões práticas, onde eles se inserem no cotidiano do hospital. Se inserem realmente no processo de trabalho do enfermeiro. (E10) Há sempre uma troca positiva de transmissão de conhecimento, de resgate desse conhecimento. Eu tento resgatar dos alunos o que eles aprenderam em salas de aula e aplicar no campo de estágio. (E6) Não é porque você terminou, que você já trabalha, que você está com iniciantes, que você não aprende não. Eu aprendo muito até. Da parte negativa é de onde eu tiro mais aprendizado. E é muito bom pra mim. (E8) A formação continuada é essencial quando se pensa no ensino superior de qualidade. Nesse sentido, a formação do enfermeiro docente deve ser baseada em conhecimentos sistematizados que contemplem aspectos específicos da área, pedagógicos e político-sociais, os quais, indiscutivelmente, devem ser oferecidos pelas instituições nas quais os professores trabalham. Somente dessa forma o professor pode redimensionar sua prática pedagógica (3). Tornar-se docente requer competências não inatas e, portanto, precisam ser constituídas. Essa elaboração deve estar fundamentada na reflexão crítica sobre a prática profissional bem como sobre o contexto histórico, social, político e cultural em que essa prática se processa. Tradicionalmente, o saber pedagógico não é pré-requisito para o ingresso na docência 1162 superior, e, em consequência, os docentes bacharéis, na grande maioria, exercem as atividades próprias da docência mesmo sem nenhuma preparação para essa nova função. Assim, a ideia de que “quem sabe fazer sabe ensinar” predomina na contratação dos docentes de nível superior, especialmente na Enfermagem (3). A capacitação dos profissionais liberais para o exercício do magistério do terceiro grau é uma necessidade urgente e é real, não se tratando de uma tarefa simples, em razão da ausência da tradição de cursos destinados à preparação desses docentes, do temor da perda de status e da acomodação ou não reconhecimento da importância da formação pedagógica. No ensino em saúde, geralmente, a complexidade que envolve a docência é considerada secundária, deixando-se de reconhecer a triangulação entre ensino, aprendizagem e assistência (3). Como formador de recursos humanos, o docente deve preocupar-se mais com o como, em vez do que ensinar, sem esquecer naturalmente dos objetivos educacionais, ou seja, do por que ensinar. Não se pretende minimizar a importância do conteúdo programático em função da didática ou dos métodos de ensino utilizados. Entende-se é que o modo de transmitir pode despertar ou elevar o grau de interesse e participação do aluno em relação ao que se propõe (1). A competência pedagógica não pode ser compreendida apenas como simples estratégia didática. O docente deve estar preparado para compreender o seu papel e do seu aluno, como de agentes de transformação da sociedade. Para tanto deve principalmente, compreender a situação geral do aluno, para que os objetivos educacionais sejam estabelecidos adequadamente. Assim, o docente tem o desafio de superar a sua participação passiva no processo de ensino, como mero repetidor de aulas, refletindo sobre a dimensão do porquê de ensinar, o que ensinar, e para quem ensinar (11). A postura dos educadores de um modo geral, no seu fazer pedagógico, requer uma autoavaliação no que se refere à ação em termos de sua propriedade e adequação aos fins educacionais, no sentido de assumir a mediação do conhecimento de modo a ser partilhado na relação que estabelece com o aluno, e não centrado na figura do docente (1). Algumas tentativas de inovação nas estratégias de ensino decorrem mais pela visão e compromisso do próprio docente ou de um grupo deles que defende um ensino crítico e libertador, do que pela estrutura, pela política educacional ou fundamentação filosófica acerca do perfil profissional que a instituição pretende formar (1). Um fator primordial para que o enfermeiro docente seja competente no exercício da docência universitária é que ele identifique e supere os obstáculos didáticos, entendendo-se estes como tudo o que interfere negativamente no ensino-aprendizagem, não estando eles limitados ao espaço físico da sala de aula. Nesse sentido, a discussão não somente da prática pedagógica que se tem, mas da prática pedagógica que se quer, objetivando encontrar possibilidades concretas de superar tais obstáculos (3). O desafio que expressa para a renovação das práticas educativas no âmbito da formação de enfermeiros, ante as necessidades sociais da saúde, é considerar o aspecto técnico necessário à viabilização do trabalho específico da Enfermagem, sem abrir mão das dimensões teóricas e políticas, como componentes capazes de dar suporte a uma intervenção na prática profissional. Sendo assim, para o desenvolvimento de um ensino reflexivo, faz-se necessário que os enfermeiros docentes tenham domínio de suas atividades. Para tanto, é essencial que tenham uma mentalidade aberta para a intermediação dos problemas que surgem no dia a dia de seu trabalho. Por outro lado, precisarão ter a responsabilidade intelectual, pois esta assegura a integridade e o entusiasmo responsáveis pela capacidade de renovação (10). CONSIDERAÇÕES FINAIS O papel do docente enfermeiro precisa ser repensado com base em três competências para a docência: ser competente em uma determinada área de conhecimento, ter domínio na área pedagógica e exercer a dimensão política. A primeira delas se refere ao domínio dos conhecimentos básicos da área e à experiência profissional do campo, a segunda envolve o domínio do conceito de ensino/aprendizagem, integrando o desenvolvimento cognitivo, o afetivo-emocional e as habilidades, bem como a formação de atitudes, abrindo espaços para interação e a interdisciplinaridade. E a terceira competência abrange a discussão dos aspectos políticos e éticos da profissão e do seu exercício na sociedade, de forma que os professores possam se posicionar como cidadãos, políticos e profissionais comprometidos com a comunidade e o sistema de saúde, atendendo as necessidades impostas pela Reforma Sanitária. O docente de Enfermagem necessita refletir sobre aspectos que visem a desenvolver o pensamento crítico dos alunos, com o propósito de também promover a liderança em Enfermagem. A dinâmica de perguntar, raciocinar, questionar os postulados prontos, contribui no desenvolvimento da forma de pensar. Há de se incluir meios de desenvolver o pensamento crítico como parte integral na formação do enfermeiro, para que possa repercutir diretamente na sua liderança. Desta forma, entende-se que o docente precisa buscar novas estratégias de ensino, que extrapolem o simples repassar de conhecimento, despertando uma consciência crítica no aluno, que possivelmente ajudará a alicerçar uma nova Enfermagem. Para tanto, acredita-se que a formação do profissional deve privilegiar situações de aprendizagem, concedendo atitudes criativas, críticas e transformadoras. Propõe-se que a metodologia seja centrada na relação docente-aluno, em que cada um é considerado com suas bagagens e potencialidades e esteja envolvido em todo o processo, para que a aprendizagem ocorra sob um clima autêntico, permeável a trocas e propício ao desenvolvimento da capacidade de análise e crítica acerca do contexto sociopolítico no qual a saúde está inserida. A Percepção de Docentes de Enfermagem à respeito de sua capacitação para o ensino A atualização pedagógica dos docentes deve ser proporcionada pela instituição de ensino, devendo ser periódica, pois ficou evidente que um dos fatores que dificultam a capacitação desses docentes está centrado na própria estrutura organizacional da instituição, que distancia a teoria da prática. A capacitação deve ser feita em cursos de aperfeiçoamento, seminários, leitura de periódicos especializados, entre outros, e fundamentalmente, pelo debate entre os docentes, pela crítica recíproca e pela mudança de pontos de vista sobre os problemas comuns da prática de ensino. As instituições de ensino superior precisam ter uma preocupação especial na preparação e desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado, seguindo as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Enfermagem, que traçam o perfil do futuro enfermeiro com suas habilidades e competências. O ECS pode trazer importante contribuição, para o desenvolvimento pessoal e profissional, bem como a consolidação dos conhecimentos adquiridos no transcorrer do curso, mediante a relação teoria-prática. As instituições de ensino devem estar estruturadas de forma a promover, subsidiar e facilitar a participação dos docentes em cursos de atualização, aperfeiçoamento e de pós-graduação. Devem ainda promover o intercâmbio dos docentes pela participação em congressos, reuniões científicas, palestras e encontros; acesso a documentos científicos nacionais e estrangeiros e aos acervos de bibliotecas, além de incentivarem a realização de pesquisas científicas que contribuam para o desenvolvimento da sociedade e do conhecimento humano.Na última década, foram realizadas seis CIE, até 2011 e em 2012, está prevista a 7ª. da década. Contudo, como constatamos no período anterior, estamos na 25ª. edição do evento, embora esteja constando a 24ª. edição. Nos anos de 2003 a 2005 não existiram convenções interioranas. Em 2003, foi realizado um evento em Fortaleza, junto a docentes e discentes dos Cursos de Graduação em Enfermagem a fim de trabalhar a temática da semana A Formação do Enfermeiro na Sociedade Contemporânea. Em 2004, por ocasião da SBEn, ocorreu, em Fortaleza, o 1º Congresso Cearense de Enfermagem e a 1ª. Mostra de Enfermagem Talento e Arte, na gestão de Samya Coutinho de Oliveira. Em 2005, o 2º Congresso Cearense de Enfermagem e a 2ª. Mostra de Enfermagem Talento e Arte aconteceu em Quixadá, mas mesmo acontecendo no interior, o evento não foi denominado Convenção Interiorana de Enfermagem. Somente em 2006, houve um resgate desta nomenclatura, sendo usado na cidade do Crato, onde se discutiu o tema Aben: uma Trajetória de 80 Anos e os Desafios Contemporâneos. No período de 2007 a 2011, o tema cuidado humano esteve em evidência, por ser este a base do trabalho da enfermagem, sendo necessário o enfoque neste assunto. A enfermagem é uma ciência cuja finalidade baseia-se no cuidado do ser humano, na família, comunidade em seus aspectos físicos, biológicos, psicológicos e sociais oferecendo e dando condição para que o indivíduo tenha saúde. O cuidado RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1158-1164 1163 de enfermagem deve ter como principio, a especificidade de proteção do indivíduo como ser único com necessidades e particularidades, e que devem ser inseridas em atividades que promova a proteção e promoção da saúde. Em várias edições da CIE abordou-se a temática do cuidado como tema central, para que possamos compreender o significado deste tema para a profissão faz necessário refletir, aprofundar-se no contexto geral deste assunto. O cuidado é uma maneira de existir, de se relacionar, e de se expressar que deve ser permeada de valores morais, porém apesar dos esforços em entender a gênese do cuidar só foram conseguidas aproximações como o que se acredita serem hábitos e comportamentos de cuidar. O cuidar inicia-se a principio, como modo de sobrevivência e como uma expressão de interesse e carinho (10). O sentido da existência da Enfermagem é o cuidado do ser humano em situação de doença, e é nesse cuidado que a enfermagem se projeta e se mantém como profissão, caracterizando-se com uma ação verdadeira e independente executada pelo enfermeiro, sendo que por meio dela podemos demonstrar conhecimento, habilidade e atitudes, sendo todos esses aspectos geridos pela ética. Podemos perceber que o ato de cuidar transcende a exceção de práticas, revelando-se uma atitude de entrega, preocupação, responsabilização e de conhecimento do ser em sua essencialidade humana, e não seve ser entendida como uma relação sujeito objeto, proporcionando a compreensão do homem em sua totalidade não o tratando como ser fragmentado, é necessário conhecer aquele a quem ser que prestar cuidado e faze-lo protagonista de sua relação com a doença, deve-se ser preservada sua automia sendo ouvido quanto a forma que gostaria de ser cuidado(11). Diante do exposto compreende-se a contribuição efetiva da convenção interiorana de enfermagem ao refletir sobre a temática do cuidado abordando-o em suas diferentes dimensões, contribuindo para o desenvolvimento de uma postura profissional crítica a cerca do modo como o cuidado vem sendo praticado dentro do contexto social e profissional. Ao refletirmos sobre o tema da 19ª convenção interiorana de enfermagem definido como: ENFERMAGEM: Dimensão do cuidar que ocorreu no ano de 2007, em ocasião da 68ª semana brasileira de enfermagem, percebemos a importância de haver um entendimento sobre o significado do cuidar em enfermagem, visto que o cuidado antecede a profissão, e que por muitos anos foi realizado empiricamente, por caridade ou mesmo por pessoas de índole duvidosa, até o surgimento da enfermagem moderna, quando impulsionada pelo modelo biomédico a enfermagem deu seus primeiros passos para cientificidade, durante esse processo de transição por vezes a profissão perdeu parte de sua característica principal que é o cuidar, voltando-se para a prática de procedimentos, com isso percebesse a necessidade de refletir tais questões na busca de entender e construir uma identidade profissional. A enfermagem como profissão deve evoluir na qualidade do cuidar, respeitando o outro em sua dimensão física, psicológica e social. Converge que se faz necessário olhar para o paciente como ser único e complexo e para tanto deve inserir como parte de suas investigações as necessidades do paciente em todos seus aspectos contribuindo para qualidade de atendimento e significação da profissão na saúde(12). REFERÊNCIAS Stacciarini, J. M. R.; Esperidião, E.; Repensando Estratégias de Ensino no Processo de Aprendizagem; Rev. latino-am. enfermagem - Ribeirão Preto - v. 7 - n. 5 - p. 59-66 dezembro 1999. Silva, K. L.; Sena, R. R.; Integralidade do Cuidado na Saúde: indicações a partir da formação do enfermeiro. Rev. Esc. Enferm. USP; 42(1): 48-56; São Paulo; 2008. Rodrigues, D. V.; Mendes Sobrinho, J. A. C.; Enfermeiro Professor: um diálogo com a formação pedagógica. Rev. Bras. Enferm. Vol. 60; nº 4; jul/ago; Brasília; 2007. Costa, L. M.; Germano, R. M.; Estágio Curricular Supervisionado na Graduação em Enfermagem: revisitando a história. Rev. Bras. Enferm. 60(6): 706-10; Nov/dez; Brasília; 2007. Brasil, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução no 3, de 07 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União Nov; 1:37. Beccaria, L. M.; Trevizan, M. A.; Ações do Processo de Integração Docente-assistencial entre um Curso de Graduação em Enfermagem e um Hospital de ensino. Arq Ciênc Saúde; abr-jun; 13(2):87-94; 2006. Recebido em: 11.01.2014 Aprovado em: 10.02.2014 1164 MINAYO, M. C. S.; O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo. Hucitec, 12ª ed. 2010. Ojeda, B. S.; Santos, B. R. L.; Eidt, O. R.; A Integração Ensino e Assistência na Enfermagem: delineando possibilidades para uma prática contextualizada. Acta Paul. Enf., São Paulo, v.17, n. 4, p. 432-8, 2004. Araújo, D. V.; Silva, C. C.; Silva, A. T. M. C.; Formação de Força de Trabalho em Saúde: contribuição para a prática educativa em enfermagem. Cogitare Enferm. 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Trata-se de um estudo quantitativo, realizado com 122 nutrizes de um núcleo de aleitamento materno, no período de março a setembro de 2011. Os dados foram coletados por meio de um formulário e apresentados em tabelas. A maioria das nutrizes tinha entre 20-30 anos 73(59,8%), sendo que 61(50%) possuem ensino fundamental. O fortalecimento do vínculo foi citado por 115 (94,2%) como beneficio, enquanto a dor 25(20,4%) foi citada como dificuldade. Conclui-se que as orientações devem ser continuas, e feitas por profissionais que transmitam para a nutriz a importância deste ato de amor para o seu filho. Palavras-chave: Aleitamento Materno; Enfermagem; Recém-nascido. ABSTRACT Exclusive breastfeeding is beneficial to the health of the child and the mother. The objective was to understand the benefits and the difficulties faced by mothers in relation to breastfeeding. This is a quantitative study with 122 nursing mothers from a core of breastfeeding, from March to September 2011. Data were collected through a form and presented in tables. Most women were between 20-30 years 73 (59.8%), of which 61 (50%) had primary education. The strengthening of the bond has been 1 2 3 4 5 cited by 115 (94.2%) as a benefit, as the pain 25 (20.4%) was cited as a difficulty. It is concluded that the guidelines should be continuous, and by professionals for nursing mothers to transmit the importance of this act of love for your child. Keywords: Breastfeeding; Nursing; Newborn. INTRODUÇÃO A amamentação exclusiva tem sido foco de diversas campanhas na saúde. Estas têm por finalidade sensibilizar as mães de que o aleitamento materno exclusivo é de fundamental importância para a saúde da criança e da própria mãe. Assim1, a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Ministério da Saúde (MS), preconizam o aleitamento materno exclusivo (AME) até os seis meses de idade e, depois dessa idade, que os lactentes recebam alimentos complementares, mas continuem com o leite materno até os dois anos. Apesar das campanhas realizadas, dos incentivos e apelos feitos à população, percebe-se que ainda existem dificuldades no entendimento e aceitação do leite humano como única fonte de alimento para os bebês, ou seja, o aleitamento materno exclusivo (AME). Embora já existam indícios de melhoria desse quadro e certo grau de conhecimento teórico por parte das mães, na prática elas ainda acreditam que se faz necessário alimentar o bebê com outros tipos de alimentos e/ou fórmulas, pois acreditam que o bebê não ganha peso suficiente ou não ficam “fortes” ou “resistentes” às doenças. Enfermeira graduada pela Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza. E-mail: [email protected] Enfermeira Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará (UFC). Assistencial da UTIN do HIAS e do Alojamento Conjunto da MEAC. Professor Adjunto da FAMETRO. Enfermeira. Enfermeira do Núcleo de Aleitamento do Hospital Geral de Fortaleza. Mestranda em Saúde Coletiva pela UFC. Enfermeira. Enfermeira do núcleo de Aleitamento do Hospital Geral de Fortaleza. Enfermeira. Doutora em Farmacologia pela UFC. Docente da Universidade Estadual do Ceará. Aleitamento Materno: benefícios e dificuldades enfrentados pelas Mães RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1165-1169 1165 São vários os fatores que podem impedir uma mãe de amamentar seu filho, dentre eles destacam-se: a baixa autoestima que é sentida por ela ao dar à luz, a cultura, o conhecimento deficiente, são causas relevantes, assim como os problemas de saúde que contra indicam amamentação e a crença das mães em que seu leite é fraco e insuficiente para nutrir o recém-nascido. Essas são algumas percepções equivocadas que fazem com que as mães introduzam chás, água, sucos e até leite em pó na alimentação da criança antes que a mesma complete o primeiro mês de vida (2). A deficiência ou ausência de conhecimento da população em geral, as condutas inapropriadas, a falta de habilidade dos profissionais de saúde; a carência de suporte da família são os principais obstáculos à amamentação exclusiva. Existem ainda, informações pertinentes como a maneira correta de colocar a criança no seio, evitando o desconforto causado pela sucção nos primeiros dias de vida do bebê, o que deixa as mães com o mamilo ferido sentindo dor ao amamentar. Aqui as mães tentam minimizar o sofrimento delas oferecendo outros tipos de alimentos ao bebê para prolongar os intervalos entre uma mamada e outra e assim aliviar as dores, tal problema causa desestímulo e dificulta o aleitamento materno exclusivo (1-2). Percebe-se que para o AME necessita de grande esforço no sentido de melhorar a adesão, trazendo ao conhecimento das mães a importância que ele exerce na saúde do recém-nascido e que necessariamente elas precisam colocar tais conhecimentos em prática. Faz-se necessário não só o desenvolvimento contínuo de campanhas que estimulem, mas que elevem a autoestima das mães e que desenvolvam vontade de amamentar e confiança para manter o aleitamento quando desejado. O interesse pela pesquisa despontou de estudos realizados durante o processo de formação e ao observar que mesmo diante de inúmeras campanhas desenvolvidas pelo governo e administração pública, observam-se índices de 35% das crianças do mundo são amamentadas exclusivamente ao seio pelos primeiros quatro meses de vida (3). As dificuldades enfrentadas pelas mães em superar os obstáculos durante a amamentação têm ocasionado problemas como desmame precoce e introdução de diferentes alimentos na rotina dos bebês. Algumas delas acreditam que a criança precisa de outros alimentos para se nutrir, engordar, pois, associam a ideia de gordura com saúde. Assim introduzem alimentos considerados “por elas” mais fortes e que vão proporcionar à criança períodos mais longos de saciedade. As informações equivocadas, pautada, sobretudo em aspectos culturais dessas mães em proporcionar alimentação saudável para seus filhos, contribuem para o leite materno exclusivo ficar em segundo plano. A duração mediana do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) foi de 54,1 dias (1,8 meses) e a duração mediana do Aleitamento Materno (AM) de 341,6 dias (11,2 meses) no conjunto das capitais brasileiras e Distrito Federal, sendo que o que se preconiza são 180 dias1. Diante de tais ressalvas acredita-se 1166 que seja importante e necessário ocupar os espaços possíveis para falar das vantagens do aleitamento materno. Os Bancos de Leite Humano (BLH) e os Postos de Coleta de Leite Humano (PCLH) são setores envolvidos com a assistência, a doação de leite humano e o processamento do leite humano4. Estes serviços prestam atendimento especializado de acompanhamento de mãe e bebê, com a finalidade de ajudar a mãe a relatar e conseguir amamentar seu filho com êxito. O trabalho realizado terá ainda importância e utilidade social e permitirá que muitas mães possam aderir a esse programa, gerando, assim, mais campanhas no intuito de ensiná-las a como amamentar corretamente e a confiar no leite materno como fonte exclusiva de alimento para o bebê. O objetivo do estudo foi conhecer os benefícios e as dificuldades enfrentadas pelas mães em relação ao aleitamento materno. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida com nutrizes de um núcleo de aleitamento materno de um hospital do Sistema Único de Saúde de alta complexidade, localizado na cidade de FortalezaCe. O referido hospital, além do atendimento de emergência nas áreas de cirurgia geral e vascular, clínica médica, obstetrícia e neurologia, possuem 63 especialidades e subespecialidades médicas e outros serviços de saúde. No momento atual, a instituição passou de núcleo de aleitamento a Banco de Leite Humano. A instituição atende entre 8 a 13 mães em aleitamento materno por dia, com média de 210 atendimentos mensais. A população, portanto foram mães, assistidas no Núcleo de Aleitamento Materno. A amostra foi composta por 122 mulheres. Foram incluídas as mães que se encontravam com seus filhos cadastrados e acompanhados por profissionais no Núcleo de Aleitamento Materno. Foram excluídas aquelas com doenças que contra indicavam a amamentação. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um formulário com perguntas abertas e fechadas. Formulário é o nome geralmente usado para designar uma coleção de questões que são perguntadas e anotadas por um entrevistador, numa situação face a face com o entrevistado, conseguindo-se de tal modo, respostas precisas para preenchimento do mesmo5. Os dados foram coletados de março a setembro de 2011 pelas pesquisadoras. As nutrizes foram abordadas na sala destinada as orientações em grupo após a consulta de enfermagem. As variáveis do estudo foram idade materna, escolaridade e tempo de amamentação exclusiva. A primeira parte do instrumento constou de dados de identificação e a segunda versa sobre amamentação. Os dados foram tratados pela estatística percentual e absoluta, apresentados em tabelas e discutidos conforme literatura pertinente ao tema. A pesquisa obedeceu às normas contidas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde que discorre sobre a pesquisa envolvendo seres humanos,após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Fortaleza com número de protocolo 091202/10. As participantes da pesquisa foram esclarecidas e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo informada acerca da garantia do sigilo que assegurava a confidencialidade dos dados envolvidos na pesquisa. RESULTADOS Durante o pré-natal, sobretudo nas primeiras semanas de vida do bebê, percebe-se que é de fundamental importância o papel do enfermeiro na educação em saúde sobre o aleitamento materno, principalmente como integrante da equipe de saúde da família na atenção básica, enfatizando a importância do ato de amamentar. Cabe salientar a relevância da realização da visita domiciliar à puérpera na primeira semana de vida do recém-nascido. Tabela 1 – Descrição das variáveis demográficas e obstétricas da amostra. Fortaleza-CE, 2011. Variável n % Média/Desvio padrão Idade (anos) 13 -19 29 23,8 Me± 24,5 20 -30 73 59,8 DP± 6,3 Acima de 31 anos 20 16,4 Escolaridade Alfabetizada 7 5,7 Ensino Fundamental 27 22,1 Ensino Médio 61 50,0 Ensino superior 24 19,7 Outros 3 2,4 1a3 6 4,9 Me± 3,0 4a6 5 41,0 DP± 1,0 Mais de 7 66 54,1 Número de filhos 64 52,5 Dois 34 27,9 Mais de três filhos 24 19,6 A Tabela 1 mostra a descrição das variáveis da amostra, dentre o grupo constituído por 122 mães, pôde-se verificar que a maior parte delas tinha entre 20 e 30 anos de idade (59,8%), eram casadas (58,2%), escolaridade até o ensino médio (78%), com mais de 7 consultas realizadas no período pré-natal (54,1%), com um ou dois filhos (81%). Aleitamento Materno: benefícios e dificuldades enfrentados pelas Mães Aleitamento Materno (AM) N % Sim 78 63,9 Não 44 36,1 Hospital 65 53,7 UBS 56 46,3 Não realizou 1 0,8 1a3 42 34,4 4a6 43 35,2 Em AME 36 29,6 Acima de 7 1 0,8 Orientação no pré-natal (AM) Local de realizaçãodo pré-natal Aleitamento Materno Exclusivo A Tabela 2 mostra que 63,9% das mães receberam orientação no pré-natal quanto à amamentação, enquanto36,1% não foram orientadas.Realizaram o pré-natal no hospital (53,7%) e as outras(46,3%) fizeram nas unidades básicas de saúde.Em relação ao aleitamento materno exclusivo entre 1 a 3 (34,4%)e 4 a 6 meses de vida (35,2%). Tabela 3 – Benefícios e dificuldades acerca do Aleitamento Materno. Fortaleza/CE, 2011. Aleitamento materno N % Fortalece o vínculo com o filho 115 94,2 Reduz o sangramento 60 49,1 Reduz CA de mama e ovários 54 44,2 Ajuda na perda de peso 45 36,8 Retardo ao retorno da fertilidade 40 32,7 Reduz osteoporose 26 21,3 Alimento ideal 120 98,3 Contém todos nos nutrientes 109 89,3 Menor risco de alergias 81 66,3 Está sempre na temperatura ideal 65 53,2 Menos risco de ter doença crônica 51 41,8 Reduz morte súbita 48 39,3 Modifica-se com a idade 33 27,0 Sem Dificuldades 58 47,5 Dor 36 29,5 Ferimento no mamilo 25 20,4 Posição e pega errada 14 11,4 Ingurgitamento 9 7,3 Benefícios do AM para a mãe Benefícios do AM para o recém-nascido Número de Consultas Um Tabela 2 – Descrição das informações sobre aleitamento materno.Fortaleza-CE, 2011. Dificuldades no AM RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1165-1169 1167 Falta de apoio da família Falta de apoio do companheiro *obteve-se mais de uma resposta 8 6,5 6 4,9 A Tabela 3 evidencia os benefícios do aleitamento materno para as mães com as seguintes variáveis: fortalece o vínculo com o filho (94,2%), redução do sangramento pós-parto (49.1%), reduz câncer de mama e ovários (44,2%), perda de peso (36,8%), retardo ao retorno da fertilidade (32,7%), redução da osteoporose (21,3%). Os benefícios para os recém-nascidos: É o alimento ideal (98,3%), contém todos os nutrientes (89,3%), diminui os riscos de alergias (66,3%), está sempre na temperatura ideal (53,2%), diminui os riscos de doenças crônicas (41,8%), reduz a morte súbita (39,3%), modifica-se com a idade (27%). Nas dificuldades relatadas pelas mães durante o aleitamento materno observamos: dor durante a mamada (29,5%), ferimentos no mamilo (20,4%), posição e pega incorreta (11,4%), ingurgitamento na mama (7,3%), falta de apoio da família e companheiro(11,4%), dentre estas (47,5%) das mães não referiram nenhuma dificuldade. DISCUSSÃO Amamentação exclusiva traz benefícios para o binômio mãe-filho, pois sabe-se que este é o alimento ideal para o bebê nos primeiros meses de vida. O aleitamento materno contribui para o ganho ponderal do bebê, melhora as defesas orgânicas, promove o fortalecimento do vínculo afetivo. As nutrizes participantes do estudo têm seus filhos acompanhados pela equipe multiprofissional de um núcleo de aleitamento materno em um hospital Amigo da Criança. Percebeu-se a preocupação destas mulheres em oferecer o seu leite para o filho. Contrapondo nosso achado, em relação à idade, estudiosos6em sua pesquisa observaram que a maior adesão ao aleitamento materno, está entre as mulheres que são mais velhas, instruídas e casadas. De acordo com as informações fornecidas pelas próprias nutrizes, a maioria recebeu orientação sobre amamentação durante o período pré-natal, pois realizou o pré-natal na instituição onde se realizou a pesquisa. Vale ressaltar, que nesta instituição os enfermeiros, acadêmicos de enfermagem e técnicos de enfermagem promovem sessões educativas durante o pré-natal sobre o AM. Estudos comprovam que o fato das mães receberem orientações nas consultas de pré-natal e pós-parto, determina que as mesmas amamentem por mais tempo seus bebês (7). Ressalta-se que, as mães que realizaram pré-natal nas unidades básicas de saúde relataram não terem sido orientadas quanto ao aleitamento materno, esse dado é um alerta para que os profissionais de saúde possam fazer sessões de educação em saúde, instruindo as mães quanto à importância da amamentação, esclarecendo dúvidas, criando grupos de gestantes que permitam uma interação entre elas na partilha de suas experiências. 1168 Nas unidades básicas de saúde de nove municípios do Rio de Janeiro comprovam que apresentavam desempenho regular e fraco quanto às orientações acerca do AM sendo que 47,9% das mães forneciam chás, água, sucos e outros alimentos ainda no primeiro mês de vida de seus bebês8. As evidências científicas enfatizam a amamentação exclusiva por seis meses e o aleitamento materno acrescido de complementos alimentares até os dois anos7. Verifica-se a necessidade de capacitar os profissionais de saúde acerca dos cuidados com o recém-nascido nos primeiros dias de vida, na sensibilização das mães em aderirem ao aleitamento materno exclusivo. Há necessidade de se aprender sobre a amamentação para que se possa mantê-la por no mínimo seis meses9. A pesquisa realizada permitiu uma melhor compreensão para as mães quanto aos benefícios do aleitamento, o prazer que as mesmas relatam sentir no ato de amamentar, o poder proporcionar uma alimentação saudável ao seu bebê, proteção contra possíveis doenças, a economia financeira, tendo sempre ali o alimento na temperatura ideal sem o custo dos alimentos complementares, tendo em vista os benefícios para sua própria saúde tais como proteção contra o câncer de mama, perda de peso rápida, o fortalecimento do vínculo mãe e filho. Percebe-se que o aleitamento materno vai além da questão biológica, é histórico, social e psicológico (10). Há vários benefícios para a nutriz, dentre os quais se encontram: retorno mais rápido ao peso anterior a gestação, menor risco de desenvolver câncer endotelial, de ovários e de mama, osteoporose, artrite reumatóide, menor probabilidade de desenvolver esclerose múltipla, e estabilizar a endometriose (11). Em relação às dificuldades a queixa mais frequente foi o ferimento no mamilo e dor, que está relacionada com a pega incorreta durante a mamada, esses achados nos permitem intervir orientando quanto aos procedimentos que podem amenizar os sintomas proporcionando bem estar e continuidade na amamentação. A dor, fissuras e ingurgitamento por pega incorreta têm sido apontados em outros estudos por nutrizes12. Baptista, et al13, descrevem que metade das mães pesquisadas necessitaram de apoio emocional dos pais e/ou avós, quanto com a ajuda de familiares nas tarefas domésticas após o nascimento da criança, e obtiveram sucesso. Diante da importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS), a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com bases em evidências científicas, recomendam políticas e ações multidisciplinares para a promoção do aleitamento materno (14,15) . Para melhoria dos índices de amamentação, faz-se necessário um trabalho educativo intenso, que deve ter inicio no pré-natal com sessões de educação em saúde nos espaços hospitalares, quanto nas unidades básicas de saúde. Após o parto, se mãe e bebê estiverem em condições se devem seguir as orientações quanto ao quarto passo do aleitamento materno. No alojamento conjunto e nas consultas de puericultura a nutriz deve ser estimulada para dar continuidade à amamentação. Diariamente, sessões educativas são organizadas para as mães e as acompanhantes, que comparecem ao núcleo de aleitamento. Sabe-se que este espaço é importante para os esclarecimentos e a retirada das dúvidas que possam surgir nos primeiros dias de amamentação. Através do estudo constatamos que as orientações realizadas pelos profissionais de enfermagem no Núcleo de Aleitamento tem sido satisfatórias permitindo as nutrizes e, seus familiares, segurança para o cuidado do bebê, aumentando o período de amamentação exclusiva. CONCLUSÃO O aleitamento materno ainda é um desafio, apesar de tantas campanhas mostrando a importância deste, tanto para a mãe, quanto para o bebê. Percebe-senos hospitais credenciados com o título Amigo da Criança que as orientações quanto ao aleitamento materno tem início no pré-natal, sendo um aspecto importante, quando se tem como objetivo melhorar os índices de aleitamento materno. Para tanto é necessário um novo olhar dos profissionais de saúde diante do AM, pois para melhorar o tempo de AME são ne- cessárias além de informações satisfatórias que levem as mães a compreenderem a importância da amamentação no início da vida, bem como a forma correta de amamentar para minimizar as dificuldades encontradas nos primeiros dias de vida. A nutriz necessita de apoio, principalmente no puerpério mediato, fase de fragilidade e insegurança, pois ao retornar ao lar sente-se sozinha. Os benefícios do aleitamento são irrefutáveis, tanto para mãe como para o bebê. As dificuldades encontradas no estudo estão relacionadas com a pega incorreta durante amamentação. Isto reflete a falta de orientação e acompanhamento desta nutriz nos primeiros dias de vida. Na verdade, não há uma rede de apoio articulada com as reais necessidades da mulher moderna. As orientações acerca do AM devem ser continuas, e feitas por profissionais que transmitam para a nutriz a importância deste ato de amor para o seu filho, extensivas aos familiares que acompanham a mãe às consultas de puericultura, no sentido de alertar que o aleitamento não se constitui um ato isolado, mas trata-se de uma responsabilidade social, que requer empenho de todos. REFERÊNCIAS 1.Brasil. Ministério da Saúde da Criança: Nutrição Infantil. Aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília - DF: Ministério da Saúde; 2009(a). Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica - n.º 23. 2009(a). 2.Giugliani ERJ. Amamentação Exclusiva. In: Carvalho MR, TamezRN Amamentação: bases científicas. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara – Koogan, 2005. 3.Silva AP, Souza N. Prevalência do aleitamento materno. Rev. Nutr. 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Breastfeeding and the use of human milk: American Academy of Pediatrics- review. Breastfeed Med 2012; 129:827-41. Recebido em: 22.01.2014 Aprovado em: 17.02.2014 Aleitamento Materno: benefícios e dificuldades enfrentados pelas Mães RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1165-1169 1169 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM UM GRUPO DE GESTANTES: SÍFILIS CONHECER PARA PREVENIR HEALTH EDUCATION WITH A GROUP OF PREGNANT WOMEN: SYPHILIS KNOW TO PREVENT Artigo Original Francisco Mayron Morais Soares1 Gleiciane Kélen Lima2 RESUMO O estudo teve como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem na realização de atividades de educação em saúde para prevenção da transmissão vertical da sífilis com o grupo de gestantes. Trata-se de um relato de experiência a partir da vivência com a realização de uma atividade em uma Unidade Básica de Saúde do município de Sobral, Ceará no mês de novembro de 2013. A ação foi dividida em cinco etapas. A dinâmica promoveu interação entre o grupo e permitiu a expressão de sentimentos, opiniões e dúvidas. As gestantes expressaram por meio da atividade o interesse em promover cuidado da criança através do conhecimento da doença o que possibilita a prevenção e o tratamento. A ação possibilitou a identificação de dificuldades no aprendizado e memorização das informações que recebem durante as consultas de pré-natal. Conclui-se, portanto que a educação para a saúde constitui uma importante ferramenta para os profissionais para prevenção de doenças e promoção da saúde e, a gestante, em posse das informações necessárias, se torna capaz de evitar a contaminação, além de funcionar como agente disseminador do conhecimento. Palavras-chave: Sífilis Congênita; Gestantes; Educação em Saúde. ABSTRACT The study aimed to report the experience of nursing students in conducting health education activities to prevent vertical transmission of syphilis to the group of pregnant women. This is an experience report from the experience with performing an activity in a Basic Health Unit in the Municipality of Sobral, Ceará in November 2013.’s Action was divided into five stages. The dynamic interaction between the group promoted and allowed the expression of feelings, opinions and questions. The women expressed through activity interest in promoting child care through knowledge of the disease which enables prevention and treatment. The action allowed the identification of learning disabilities and memorization of information they receive during prenatal consultations. It follows therefore that health education is an important tool for professionals for disease prevention and health promotion, and the pregnant woman, in possession of the necessary information becomes able to avoid contamination, besides acting as an agent disseminator of knowledge. Keywords: Syphilis, Congenital; Pregnant Women ; Health Education. INTRODUÇÃO A Sífilis é uma doença infectocontagiosa sistêmica, de evolução crônica, que ocupa uma importância significativa entre os problemas de saúde mais frequentes no mundo. Seu agente causador é o Treponema pallidum, uma espiroqueta adquirida predominantemente durante relações sexuais, mas que também pode ser adquirida, dentre outros meios, pela transmissão vertical, da mãe para o feto (1). A sífilis congênita (SC) é o resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum da gestante infectada não tratada ou inadequadamente tratada para o concepto por via transplacentária, podendo ser transmitida em qualquer fase gestacional ou estágio da doença materna (2). Mesmo após o tratamento, as mulheres que tiveram sífilis durante a gravidez, apresentam um risco maior a resultados Graduando em Enfermagem – Centro Universitário Estácio/FIC. Integrante do Projeto de Pesquisa Enfermagem na Promoção da Saúde Materna na Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected] 2 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela UFC. Integrante do Projeto de Pesquisa Enfermagem na Promoção da Saúde Materna na UFC. 1 1170 adversos tais como óbito fetal, perinatal ou neonatal, recém-nascido pré-termo e recém-nascido baixo-peso, do que as mulheres sem a infecção.3 Configura-se como um sério problema de saúde pública no país. De 1998 a junho de 2009, foram notificados/ investigados 55.124 casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade no Brasil. A Região Norte registrou 4.897 casos (9%); a Nordeste, 16.585 (30%); a Sudeste, 25.916 (47%); a Sul, 3.716 (7%); e a Centro-Oeste, 4.010 (7%). No período de 1998 a 2007, verifica-se aumento acentuado da taxa de incidência de casos de sífilis congênita nas Regiões Norte e Nordeste (4). até mesmo psicoemocionais. Cada gestante tem suas particularidades e um modo específico de compreender as informações. O que acontece, muitas vezes, é que os profissionais fazem as orientações durante as consultas, porém, como a linguagem utilizada não é compatível, estas, não entendem e não captam o que foi dito. Destaca-se que a equipe multiprofissional nem sempre se encontra receptiva e apta para acolher o cliente e os familiares de maneira integral, resolutiva e humanizada (8). Dados apontam que em 2004 houve uma prevalência de 1,6% da infecção, o que representa cerca de 50 mil gestantes infectadas, com uma estimativa de 15 mil recém-nascidos com SC naquele ano.5 Em 2003 observou-se uma mortalidade de 2,7 óbitos por 100 mil, em menores de um ano, uma prevalência em gestantes de 1,6% da infecção, em 2004, representando cerca de 50 mil parturientes com sífilis ativa e estimativa de 15 mil crianças nascendo infectadas, demonstrando um insuficiente controle do agravo em todo o território nacional (6). Diante das dificuldades encontradas pelos serviços de saúde e pelas próprias gestantes no tocante a redução dos casos de SC é que se fazem necessárias intervenções mais específicas para o assunto, por meio dessas atividades de Educação em Saúde, visto que consistem em uma importante ferramenta de trabalho para os profissionais Enfermeiros por possibilitar maior interação com o ser cuidado, além de efetivar de maneira mais concreta os objetivos de prevenção e promoção da saúde, uma vez que a educação é parte integrada do planejamento de saúde, pois possibilita que o próprio cliente se torne agente do processo de cuidar. No município de Sobral, segundo dados registrados no SINAN-NET (2010), a sífilis congênita começou a ser notificada a partir do ano de 2007, passando de 1,5 casos por mil nascidos vivos em 2007 para 2,9 em 2008, ou seja, bem acima das metas de um caso por mil nascidos vivos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Nesse contexto, a relevância desse estudo encontra-se no fato desse assunto está diretamente interligado com a prática do enfermeiro, e os resultados desse estudo contribuem para o cuidado e o ensino de enfermagem, além do crescimento dos profissionais da área, a melhoria na assistência das gestantes e o incentivo para estudos aprofundados sobre a temática. Sabe-se que a sífilis congênita pode ser controlada através do diagnóstico e tratamento adequado da gestante com sífilis durante as consultas realizadas na gestação, sendo o seu aparecimento visto como um evento que expõe rapidamente as deficiências dos serviços de saúde, principalmente, na atenção básica, aqueles de acompanhamento pré-natal, pois um de seus maiores objetivos consiste em oferecer a toda gestante uma assistência pré-natal de qualidade. Portanto, o presente estudo, teve como objetivo relatar a experiência vivenciada por um grupo de acadêmicos de enfermagem na realização de atividades de educação em saúde para prevenção da transmissão vertical da sífilis com o grupo de gestantes de uma unidade de saúde. No município, assim com na maioria das regiões do país, a sífilis em gestantes ainda representa uma grande preocupação para os serviços de saúde, em virtude do risco iminente da transmissão vertical da doença e dos possíveis riscos para o concepto, necessitando de medidas estratégicas para trabalhar o agravo. A educação em saúde trabalha com grupos, enfatizando que é por meio deles que pode ocorrer a troca de experiências e concepções em determinada coletividade/realidade. Com isso, seria possível construir uma consciência coletiva crítica, transpondo-a, posteriormente, para o nível individual dos participantes: seria a promoção da autonomia de cada pessoa via educação (7). Sabe-se, porém, que a grande demanda de pessoas que são atendidas diariamente pelos Centros de Saúde da Família nem sempre permite a realização adequada de um plano de educação para a gestante e sua família durante o pré-natal. Os profissionais, por vezes, não se encontram aptos a lidar com essa população tão diversificada nos mais diversos aspectos, sejam eles nível de instrução, fatores culturais, socioeconômicos e Educação em Saúde com um grupo de gestantes: sífilis conhecer para prevenir METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência no qual se buscou descrever a vivência de acadêmicos de enfermagem na realização de uma oficina de educação em saúde com o grupo de gestantes de um Centro de Saúde da Família, no mês de novembro de 2013. Os relatos de experiência são tidos como metodologias de observação sistemática da realidade, sem o objetivo de testar hipóteses, mas estabelecendo relações entre os achados dessa realidade e bases teóricas pertinentes (9). Os encontros do grupo de gestantes ocorreram quinzenalmente, no auditório do CSF e, para a realização da ação, foram organizados previamente pelo enfermeiro responsável e pela gerente da unidade. A população alvo desta oficina foram todas as gestantes que realizavam pré-natal no referido CSF no período de realização do estudo e participavam do grupo de gestantes, realizou-se com sete gestantes que compareceram ao auditório na data marcada. A ação foi dividida em cinco etapas: Estabelecimento de vínculos com a equipe multiprofissional da unidade de saúde RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1170-1173 1171 (nos encontros iniciais); Apresentação dos acadêmicos e do grupo de gestantes; Aplicação da dinâmica de grupo (O Melhor de mim), Realização de uma oficina de educação em saúde que abordou temas referentes à sífilis (a saber: sífilis na gestação, consequências da infecção para o binômio mãe-filho, modo de transmissão, prevenção e tratamento) e a segunda Dinâmica de grupo denominada “O repolho”, com a finalidade de avaliar os resultados da oficina sobre o grupo. RESULTADOS E DICUSSÃO A princípio, buscou-se estabelecer vínculos entre os acadêmicos e a equipe multiprofissional da área, em especial Enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde, visto que atuam diretamente com o grupo de gestantes na prática diária da prestação de serviços, que, dessa forma, auxiliaram tanto no contato com as gestantes como nos momentos educativos. Relata-se que sobra à importância da interação dos cuidadores com os usuários dos sistemas de saúde, apontando essa relação como primordial para construção da saúde da família. Dessa forma, o trabalho em equipe pressupõe uma relação recíproca de comunicação que se traduz em qualidade na assistência integral às necessidades de saúde da clientela (10). O primeiro momento consistiu em uma breve apresentação da equipe que iria direcionar as ações e, posteriormente, o grupo de gestantes também foi convidado a se apresentar, a fim de que fosse criada certa familiarização logo no início da oficina. Na segunda etapa, foi proposta uma dinâmica de grupo chamada: “O Melhor de mim”, objetivando que as gestantes entendessem a necessidade e a importância do cuidado materno com o filho e o expressassem de maneira livre e criativa. Nessa dinâmica, as gestantes tiveram a oportunidade de confeccionar cartazes com desenhos, frases e recortes, onde expressaram o que consideravam ter de melhor para oferecer a criança. As oficinas em dinâmica de grupo são comumente usadas em intervenções psicossociais comunitárias. Essa metodologia possibilita a vivência reflexiva e afetiva pelo uso de teorias e técnicas sobra grupo, que possibilitam a caracterização da demanda grupal e a construção coletiva de soluções e superações possíveis (11). A terceira etapa constituiu-se da oficina de educação em saúde propriamente dita, onde foram abordados temas referentes à sífilis, tais como: sífilis na gestação, consequências da infecção para o binômio mãe-filho, modo de transmissão, prevenção e tratamento. Um dos componentes das ações básicas de saúde, a ação educativa deve ser desenvolvida por todos os profissionais que integram a equipe da unidade de saúde, estar inserida em todas as atividades e deve ocorrer em todo e qualquer contato com a clientela, com o objetivo de levar a população a refletir sobre a saúde, adotar práticas para a sua melhoria ou manutenção e adquirir novos hábitos para a resolução dos seus problemas de saúde (12). 1172 A oficina foi realizada em forma de conversa, permitindo-se intervenções e questionamentos por parte das participantes. Manteve-se uma preocupação especial na utilização de comunicação verbal simples, acessível e objetiva de modo que as gestantes pudessem apreender o máximo de conhecimento possível. Durante o processo educativo procurou-se evitar a monotonia e a redundância por meio da utilização de desenhos e cartazes que facilitaram o aprendizado. Na quarta etapa, para a identificação dos impactos da oficina sobre o grupo, realizou-se outra dinâmica, chamada “O repolho”, na qual as participantes tiveram que responder a perguntas sobre os temas abordados sendo contempladas com brindes a cada resposta correta. Por fim, foi solicitado que cada gestante apresentasse o cartaz que produzira ao início da oficina e explicasse o motivo das palavras ou figuras escolhidas identificando a relação do mesmo com o que foi explicado, de modo que pudessem entender que os cuidados para a prevenção da doença estão intimamente relacionados aos cuidados com a criança. A realização da oficina de educação em saúde na unidade básica possibilitou a identificação de diversas dificuldades das gestantes em apreender e memorizar o as informações que recebem durante as consultas de pré-natal, o que foi evidenciado por relatos das mesmas ao afirmar que já haviam ouvido falar da doença, porém não sabiam ou não lembravam seus sintomas, mecanismos de prevenção ou tratamento. As participantes relataram, ainda, não saber que a infecção poderia ser transmitida ao feto, nem que há a necessidade de se tratar concomitantemente o parceiro. Observou-se que as atividades educativas desenvolvidas propiciaram às gestantes momentos de esclarecimento de dúvidas e ampliação dos seus conhecimentos sobre o trajeto da doença. O grupo foi bastante receptivo e demonstrou interesse e envolvimento nos temas abordados. Percebeu-se, porém, que a intensidade da participação durante as discussões foi influenciada por fatores como traços da personalidade, especialmente a timidez, e faixa etária, visto que apesar de pequeno, o grupo era bem diversificado, sendo que a mais jovem encontrava-se na faixa etária dos 15 anos e mais velha encontrava-se na faixa dos 36 anos. Esses fatores também foram observados em outros estudos realizados com gestantes no município (13). Além disso, a etapa final da realização da oficina permitiu analisar o nível de conhecimento adquirido pelas gestantes, que se mostrou bastante favorável, visto que a maior parte das perguntas foram respondidas corretamente, demonstrando o interesse das gestantes sobre o tema bem como os benefícios que essa oficina trouxe ao grupo. CONCLUSÃO Constatou-se que a atividade realizada foi de grande importância, pois permitiu que as gestantes expressassem suas dúvidas e medos em relação à doença, bem como esclarecessem muitas delas e percebessem que a prevenção da doença também consiste em uma forma de manifestar cuidado e amor a criança. A educação para a saúde constitui uma importante ferramenta para os profissionais no que se refere à prevenção de doenças e promoção da saúde, especialmente em se tratando das Doenças Sexualmente Transmissíveis visto que podem ser totalmente prevenidas pelo próprio indivíduo. No caso especial da sífilis, a gestante, em posse das informações necessárias, se torna totalmente capaz de evitar a própria contaminação e a contaminação do bebê, além de funcionar como agente disseminadora do conhecimento ao informar ao parceiro, além dos sinais e sintomas, a necessidade da realização do teste não treponêmico VDRL ainda durante o período gestacional e do tratamento adequado para prevenir que a criança venha a ser infectada. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ser a rocha firme de minha vida, aos meus Pais, por me ensinarem a sonhar, por acreditar nos meus sonhos e por me ensinar a sonhar alto e manter os pés nos chão. E aos meus amigos, que são meus eternos anjos. REFERÊNCIAS 1.Rouquayrol MZ. Epidemiologia e saúde. 6a. Rio de Janeiro: MEDS; 2003. 2.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. 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Profis., 2014; 6(1): 1170-1173 1173 ­­PROTOCOLO DE ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM PEDIATRIA: FATORES QUE INTERFEREM NA IMPLEMENTAÇÃO PROTOCOL HOST WITH RISK RATINGIN PEDIATRICS: FACTORS THAT INTERFERE FOR IMPLEMENTATION Artigo Original Diliane Paiva de Melo Matos1 Fernanda Jorge Magalhães2 Ana Paula Oliveira Queiroz3 Alline Falconieri de Moura4 Michelle Sampaio Bezerra5 Francisca Elisângela Teixeira Lima6 RESUMO O objetivo foi identificar os fatores que podem interferir na implementação do Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) em Pediatria na emergência. Estudo descritivo, qualitativo, realizado em um hospital pediátrico municipal, Fortaleza-CE. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário aos 16 enfermeiros que atuam no ACCR da instituição, cujos dados foram analisados conforme a semelhança de depoimentos. Como resultados dos fatores que interferem no ACCR, têm-se: déficit de conhecimento técnico-científico do enfermeiro em relação ao risco de complicações das crianças e dúvidas quanto ao tempo de atendimento proposto pelo protocolo, deficiência de recursos humanos, estrutura física inadequada e desconhecimento da clientela. Portanto, é necessário para a implementação do ACCR capacitações com os enfermeiros e adequações materiais pertinentes ao uso do protocolo. Palavras-chave: Acolhimento; Classificação; Tratamento de Emergência; Enfermagem. ABSTRACT The objective was to identify factors that may interfere with the implementation of the Protocol to Host Risk Rating (ACCR) in pediatrics at the emergency. A qualitative descriptive study was conducted in a municipal pediatric hospital in Fortaleza-CE. For data collection, a questionnaire was administered to 16 nurses working in the ACCR, whose data were analyzed according to the similarity of testimonies. As result of the factors that interfere with the ACCR, have: deficit of technical and scientific knowledge of nurses regarding the risk of complications and questions of children about the time of service proposed by the protocol, poor human resources, physical infrastructure inadequate and lack clientele. Therefore, it’s necessary that the institution makes training with the nurses and adjustments to the implementation of relevant materials ACCR. Keywords: User Embracement; Classification; Emergency Treatment; Nursing. INTRODUÇÃO A saúde do ser humano depende da correspondência entre a resistência do organismo e os obstáculos ou agravos que ele tem que superar. A criança é mais vulnerável em relação ao adulto devido ao processo de adaptação pelo qual passa, sendo necessário que os profissionais da saúde conheçam essa vulnerabilidade, modo de agir e reagir da criança, bem como consigam prestar uma assistência considerando os aspectos físicos, emocionais, psicológicos, sociais e culturais. Diante dos aspectos de vulnerabilidade das crianças surgem diversas situações de agravos: as infecções do aparelho respiratório constituíram a principal causa de internamento em diversos estudos (1-4), seguidas pelas doenças gastrointestinais quando levada em consideração as faixa etárias lactente ou superior (1;5). Outras causas também são citadas como frequentes nas internações hospitalares, são elas: afecções perinatais (principalmente na faixa etária de neonato precoce), Enfermeira pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo de Estudo sobre Consulta de Enfermagem (GECE). E-mail: [email protected] Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela UFC. Doutoranda de mobilidade acadêmica pela Universidade do Porto (UP) em Portugal. 3 Enfermeira. Bolsista CNPq. Mestranda em Enfermagem pela UFC. Membro do GECE/UFC. 4 Enfermeira pela UFC. 5 Enfermeira pela UFC. 6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFC. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFC (DENF/UFC). Coordenadora do GECE. 1 2 1174 doenças infecciosas e parasitárias, lesões, envenenamentos e outras causas externas. A admissão das crianças no sistema de saúde acontece principalmente por meio de três portas de entrada do sistema de saúde: a emergência infanto-juvenil, indicação por consulta ambulatorial e transferências (inter-hospitalar) e/ou encaminhamentos de outras instituições de saúde (6). Estudo realizado em 2012 ratifica os dados anteriores e ressalta que o setor de emergência é a principal porta de entrada das crianças nos serviços de saúde, sendo responsável pelo maior número de internações pediátricas (42%) (4). Estudo com o objetivo de analisar as tendências nas internações de crianças e adolescentes hospitalizados por pelo menos 24 horas em quatro hospitais que atendem determinada região do município de Porto Alegre obteve como resultados 3329 internações nos anos de 2001 a 2004, 16% desse total eram reinternações, a mediana do tempo de internação foi de 03 dias e com relação ao acesso 24% foram encaminhados por profissional do Centro de Saúde da Família (CSF), 3,8% foram encaminhados por profissional de outro serviço, 24,2% foram direto para o hospital porque o CSF encontrava-se fechado, 1,9% foram direto porque não conseguiram consulta, 25,4% foram direto ao hospital pela gravidade do caso e 20,6% por outra situação, como por exemplo, hospitalizarem-se logo após o nascimento (2). Esses dados demonstram a diversidade das portas de entrada e do motivo da procura por atendimento hospitalar, bem como demonstram uma sobrecarga do nível hospitalar com a ineficiência dos atendimentos nos CSF. Diante deste quadro, em 2003, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS, denominada HumanizaSUS a qual visa reduzir as filas e o tempo de espera com ampliação do acesso; promover atendimento acolhedor e resolutivo baseados em critérios de risco; garantir informações ao usuário; e proporcionar gestão participativa e educação permanente aos trabalhadores (7). A política propôs diversas ações para atingir seus objetivos dentre as quais se destaca o acolhimento com classificação de risco (ACCR) que foi o objeto de estudo desta pesquisa. O ACCR surge como forma de organizar o serviço, permitindo o atendimento de todas as pessoas e o correto encaminhamento destas dentro dos serviços de saúde. Os resultados, na prática, do processo de acolhimento são inúmeros, destacando-se a ordenação do atendimento de acordo com a necessidade/gravidade de cada caso, não mais deixando pessoas que necessitam de atendimento rápido aguardando nas filas; a diminuição do tempo de espera pelo atendimento do paciente em situação de real urgência/emergência; a diminuição de ocorrências, a melhoria no prognóstico dos pacientes associada à intervenção mais rápida e oportuna conforme a necessidade. Além de informar ao usuário a expectativa de atendimento e o tempo de espera, diminuindo-lhe a ansiedade e aumentando-lhe o nível de satisfação (8). ­­ Protocolo de acolhimento ccm classificação de risco em pediatria: fatores que interferem na implementação Para a realização do ACCR de crianças e adolescentes em situação de urgência/emergência, de forma eficiente e humanizada, uma equipe de profissionais médicos e enfermeiros reuniu-se para elaborar o protocolo de ACCR em pediatria, fundamentado no Protocolo de Manchester e no Protocolo do Hospital Odilon Behrens, com publicação em setembro de 2008, com o apoio do Ministério da Saúde, HumanizaSUS, Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza, dentre outros (9). O ACCR em pediatria consiste em uma avaliação dos pacientes de forma dinâmica, ágil e humanizada embasado pelo protocolo, o qual possibilita identificação de sinais de alerta, apresentação de doenças ou agravos conferindo uma atenção centrada no nível de complexidade e não na ordem de chegada. Ou seja, proporciona a classificação por gravidade ou grau de sofrimento, podendo melhorar o atendimento nas portas de entrada das unidades de urgência e emergência pediátricas dos hospitais municipais de Fortaleza (9). Para a utilização adequada do protocolo de ACCR em pediatria é necessário que os profissionais sejam capacitados de modo a seguir os critérios de classificação de risco das crianças e adolescentes, estabelecendo as prioridades de atendimento a partir dos sinais de alerta (queixa principal) e/ou dos indicadores clínicos de saúde (manifestações clínicas) apresentados pelos usuários e/ou responsáveis. Ao adentrar a unidade, o usuário é acolhido, direcionado ao salão de espera da unidade, para ser avaliado por um profissional da saúde, no caso o enfermeiro, o qual indica a prioridade de atendimento, de acordo com o protocolo (9). Ao seguir tal instrumento, o profissional deve considerar as seguintes cores como prioridades: vermelho (prioridade I): atendimento médico imediato com acionamento de sinal sonoro; vermelho/ laranja (prioridade II): atendimento médico em até 15 minutos, sem sinal sonoro e reavaliação pelo enfermeiro a cada 15 minutos; amarelo (prioridade III): avaliação médica em até 30 minutos ou reavaliação pela enfermeira a cada 30 minutos; verde (prioridade IV): avaliação médica em até uma hora ou reavaliação pelo enfermeiro a cada uma hora; azul (prioridade V): não urgente, avaliação médica por ordem de chegada ou encaminhamento por escrito a uma unidade básica de saúde com contato telefônico prévio e garantia de atendimento (9). No entanto, para a implementação do protocolo de ACCR em pediatria nos hospitais municipais de Fortaleza-CE torna-se necessário adequar a instituição, considerando o usuário, o ambiente de avaliação e classificação da criança e do adolescente, os recursos materiais e a habilidade técnica-científica do examinador. Além disso, para atender essa habilidade, salienta-se, ainda, a importância da experiência profissional como fator relevante para um atendimento adequado aos pacientes de risco (10). Diante dessas considerações, tem-se o seguinte objetivo: identificar os fatores que podem interferir na implementação do Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco em Pediatria na unidade de emergência. RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1174-1179 1175 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa, desenvolvido na unidade de urgência e emergência pediátrica de um hospital municipal, de nível secundário referência em atendimento pediátrico da cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil. A escolha do local foi devido ao fato de que na referida instituição atuam no ACCR uma equipe multiprofissional, composta por médico, enfermeiro, assistente social e técnico de Enfermagem. Percebeu-se, entretanto, que mesmo tendo uma equipe multiprofissional, na maioria dos atendimentos o protocolo não era utilizado como referência para a determinação da prioridade de atendimento. Por isso, a equipe de enfermagem ficava responsável pela classificação de risco das crianças, sendo realizada empiricamente, baseada no conhecimento e na experiência do profissional. Os participantes do estudo foram 16, os quais tiveram como critérios de inclusão as seguintes características: ser enfermeiro, atuar no acolhimento com classificação de risco e estar trabalhando no período de coleta de dados. A coleta de dados aconteceu em abril de 2010, durante a realização de um curso de capacitação sobre a implementação do protocolo de ACCR em pediatria, cujos enfermeiros responderam um questionário acerca do processo de ACCR que incluiu questões referentes aos seguintes assuntos: objetivos do ACCR, definições dos critérios de classificação de riscos, fatores que interferem na implementação do protocolo, aspectos positivos e negativos do ACCR e, por fim, sugestões diante dos fatores que interferem na implementação do protocolo na referida instituição. A análise dos dados foi realizada por meio da semelhança dos depoimentos dos enfermeiros participantes e fundamentada na literatura pertinente à temática. Seguiram-se as etapas de descrição das características dos depoimentos; inferência com deduções lógicas de causas e consequências advindas das mensagens e; por último a etapa de interpretação com a significação concedida a essas características. Então, após tais etapas, surgiram três categorias: Conhecimento acerca do processo de ACCR, Fatores intervenientes para a classificação de risco e Sugestões para melhoria do processo de ACCR. O estudo respeitou os princípios da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, que dispõe sobre as pesquisas envolvendo seres humanosassim como os princípios éticos em pesquisa (11), sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, sob protocolo COMEPE nº 80/09. Para respeitar o anonimato dos enfermeiros participantes, os mesmos foram identificados por E1, E2, E3... E16. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir da aplicação do questionário foi possível identificar os fatores negativos e positivos, bem como as dificuldades relatadas pelos enfermeiros quanto à implementação do protocolo. 1176 Na primeira categoria, Conhecimento do enfermeiro acerca do ACCR, foram investigados os objetivos do mesmo na instituição, sendo citada a humanização, a organização do processo de trabalho e a agilidade no atendimento, conforme mostram as seguintes falas: Um atendimento humanizado, no qual o conforto e o bem-estar do paciente são nossas metas principais. (E4) Receber o paciente dignamente, agilizar o atendimento de forma precisa, humana, atendendo as suas expectativas e necessidades. (E8) Organizar o atendimento, priorizando os casos que necessitem de atenção imediata. (E5) Melhorar e agilizar o atendimento, evitando complicações. (E15). Um enfermeiro foi mais abrangente quanto ao objetivo principal do acolhimento, referindo que o mesmo deve seguir aos princípios do SUS, assim como exposto a seguir: Obedecer aos critérios básicos do SUS, principalmente o princípio da equidade (dar mais para quem precisa de mais). (E16) Diante dos resultados, verificou-se concordância com alguns autores (12) no que refere-se aos objetivos do acolhimento, considerado como uma estratégia para a reorganização do serviço de saúde, destaque no trabalho multidisciplinar, garantia do acesso universal, promoção da humanização e estímulo à capacitação profissional. Tal medida propõe que os profissionais atuantes nessas unidades assumam uma postura acolhedora com estabelecimento de vínculos, credibilidade e confiança entre equipe multiprofissional e usuários (13;14). Portanto, o protocolo de ACCR surge como um dispositivo que garante os princípios dos SUS como equidade, integralidade e universalidade, além de traduzir o modo de operar as relações entre profissionais e usuários de saúde. Além de ser considerado pelos enfermeiros como instrumento organizador do processo de trabalho. Para tanto, considera-se que o acolhimento tem ajudado os profissionais na organização do processo de trabalho, na redução da demanda de clientes e na agilidade para o atendimento na unidade de urgência e emergência (15). Na visão dos profissionais de Enfermagem, o acolhimento foi identificado como postura de escuta e de comprometimento com o usuário, o que revela uma concepção próxima do conceito da Política Nacional de Humanização (16). No entanto, na prática cotidiana, esses profissionais não o incorporam em todos os setores, havendo pouco diálogo entre profissional/ usuário, com escuta restrita e de pouca qualidade. Com relação ao conhecimento, ao serem questionados sobre o risco de complicações e ao tempo de atendimento das crianças, verificou-se que todos os enfermeiros participantes possuíam déficit no conhecimento técnico-científico. Constatando-se que três desconheciam a existência de cores para classificar as crianças conforme a prioridade de atendimento mediante os sinais de agravos, complicações e risco de morte. Portanto, a partir de tais constatações verificou-se a necessidade de um processo de educação permanente, para capacitar a equipe de Enfermagem acerca do protocolo de ACCRvisto que as práticas de educação em saúde devem ser construídas por sujeitos ativos na produção de conhecimento transformador; utilizando-se de ações que envolvam debates, diálogos, atividades com demonstrações práticas e dinâmicas, além de vivências de novas experiências, a fim de difundir o processo educativo. Por isso, cabe aos profissionais enfermeiros se sensibilizarem da igualitária importância de desenvolver ações gerenciais, assistenciais e educativas, de modo a proporcionar educação permanente a toda a equipe atuante na unidade de urgência e emergência pediátrica (17). Na segunda categoria, Fatores que interferem na implementação do Protocolo de ACCR, houve referências às dificuldades, citadas pelos enfermeiros, para a realização do ACCR, destacando-se: estrutura física inadequada, déficit de materiais e recursos humanos disponíveis e capacitados, assim como entendimento deficiente por parte da clientela, tal como citados nos seguintes depoimentos: Falta uma sala para a classificação de risco. (E4) Faltam condições materiais como ambulâncias e outros. Falta de profissional médico, falta preparo nos profissionais do acolhimento, principalmente dos enfermeiros e técnicos de Enfermagem. (E9) [...] é a falta de padronização de conduta médica e também da equipe de Enfermagem. Há, em alguns casos, uma alteração de ordem de atendimento em virtude de amizade e outros motivos. (E7) Falta de esclarecimento da população e/ou entendimento dos mesmos. (E14) No que concerne às dificuldades, também foi referido deficiência nas redes de apoio para os encaminhamentos das crianças. Assim, constatou-se que a maioria dos enfermeiros desconhecia os serviços de referência, cujos encaminhamentos eram ineficazes, interferindo na resolutividade do ACCR. Isto é percebido nas falas a seguir: Há dificuldades para os encaminhamentos, principalmente dos especializados, há falta de transporte para os pacientes e poucos serviços básicos funcionam no fim de semana. (E9) Não considero os hospitais de encaminhamento como rede de apoio, já que os pacientes serão transferidos se houver vagas disponíveis. Caso contrário, devem permanecem neste hospital mesmo estando fora do perfil de atendimento daqui. (E5). O ambiente para o acolhimento com classificação de risco deve oferecer aos profissionais e usuários conforto, condições adequadas de trabalho e biossegurança, além de ser um espaço para encontros e trocas de experiências (7). E a criação da sala de enfermagem se faz necessária, pois para acolher é preciso a criação de espaços de escuta e de recepção que proporcione a interação de usuário e trabalhador (18). A falta de recursos humanos, principalmente de profissionais médicos, se destaca como a principal dificuldade citada ­­ Protocolo de acolhimento ccm classificação de risco em pediatria: fatores que interferem na implementação pelos enfermeiros. Isto ainda pode ser consequência da valorização, por parte dos usuários, da atenção curativa e da centralidade médica. Isto mostra a necessidade de aumentar a autonomia e o potencial dos demais profissionais (19). Um estudo constatou a importância do conhecimento dos profissionais atuantes no ACCR, sobre das dificuldades de implementação do protocolo de ACCR, as quais essas podem proporcionar subsídios que favoreçam novas estratégias de atuação dos profissionais de saúde, de forma sistematizada para a melhoria da qualidade da assistência prestada a população, do trabalho interdisciplinar, reduzindo riscos de complicações das crianças nas filas de espera por atendimento (20). Outro fator, citado pelos enfermeiros, foi a falta de conhecimento dos usuários, visto que sem comunicação estes ficam excluídos da dinâmica do serviço (15). Ou seja, a falta de orientação leva ao não entendimento, por parte dos usuários, do real motivo pelo qual não há o atendimento por ordem de chegada e sim pelo risco de comprometimento ou agravo de algumas crianças. Portanto, torna-se necessário expor e discutir com os usuários acerca do acolhimento com classificação de risco, explicando o significado, os objetivos e a importância do dispositivo. O profissional precisa orientar, esclarecer dúvidas e realizar uma escuta ativa das necessidades e apreensões dos usuários, visando garantir a boa aceitação e evitar conflitos entre profissional e usuários. Apesar dos enfermeiros citarem predominantemente, nessa categoria, os fatores negativos que interferem no ACCR, alguns sujeitos divergiram quanto aos aspectos que interferem na implementação do protocolo ao citar como aspectos favoráveis: espaço físico adequado, boa interação da equipe multiprofissional e boa aceitação da clientela quanto à ordem de prioridade, conforme exposto nos seguintes depoimentos: A organização quanto à separação dos clientes a serem atendidos com cadeiras coloridas. (E10) Há espaço suficiente. (E16) Equipe interage bem. (E14) Aceitação da clientela. (E2) Assim, mesmo diante dos fatores que interferem positivo ou negativamente para a implementação do protocolo, os enfermeiros foram unânimes em reconhecer os benefícios da utilização do mesmo, dentre os quais se destacaram: prioridade de atendimento; atendimento rápido e eficaz; redução do tempo de espera das crianças que necessitam de atendimento prioritário; resolução de problemas com minimização de agravos e complicações, segundo consta nos depoimentos: Dar prioridade aos que mais necessitam, evitando que as crianças permaneçam um tempo maior aguardando atendimento, podendo agravar o caso. (E6) Atendimento mais rápido e eficiente. (E9) Tempo reduzido de atendimento para melhor resolução do problema. Ausência de complicação nos casos graves. (E10) RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1174-1179 1177 Diminuir riscos e/ou complicações, agilizando o atendimento. (E14) Os benefícios são notáveis, pois uma correta classificação em tempo hábil pode prevenir sequelas, evitar maior comprometimento de saúde da criança. (E7) Para minimizar os fatores que interferem negativamente na implementação do protocolo de ACCR foi solicitado aos enfermeiros sugestões para minimizá-los e/ou eliminá-los, visando adequar a instituição para implementação do ACCR. Assim, tem-se a terceira categoria, Sugestões para melhoria do Processo de ACCR, que destaca algumas implicações dos enfermeiros, tais como: aumento do número de profissionais médicos, sala de Enfermagem com materiais necessários para avaliação da criança e capacitação dos profissionais, tais como relatam os enfermeiros a seguir: Aumentar o número de médicos, em especial para casos graves. Atendimento médico contínuo durante a troca de plantão. Compreensão dos médicos do Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco. (E10) Sala de Enfermagem com condições de atendimento para classificação de risco.(E3) Instituir a sala de acolhimento. Barrar vários acompanhantes por usuário. Dispor de termômetro e estetoscópio. Implantar uma ficha para a equipe de Enfermagem. (E14) Sala apropriada para avaliação e registro de Enfermagem. Material para procedimento. (E15) Capacitação de todos os profissionais envolvidos. (E16) Em relação às dificuldades para a realização do ACCR citado pelos enfermeiros, destaca-se a necessidade de adequações na estrutura física da instituição, principalmente a criação de uma sala para consulta de Enfermagem e de equipamentos necessários para a avaliação das crianças. A partir desses resultados identificou-se os pontos benéficos e de fragilidades no que diz respeito à implementação do protocolo de ACCR, em especial pode-se sobressair como fragilidade o déficit de conhecimento do enfermeiro acerca do acolhimento com classificação de risco. Diante disso, foi realizado um curso de capacitação com os enfermeiros atuantes na referida instituição. Apesar dos fatores que interferem de forma negativa no ACCR, os benefícios proporcionados por este também merecem destaque, quais sejam: boa interação da equipe, atendimento rápido e eficaz, prioridade de atendimento, redução da fila de espera e de complicações. O bom relacionamento entre os profissionais propicia assistência eficiente, já que o trabalho em equipe poderá reunir conhecimentos e compartilhar informações, para estabelecer o melhor tratamento terapêutico para o usuário. A interação interpessoal envolve capacidade de relação com os outros, reciprocidade e empatia mútua de habilidades. Quanto à prioridade de atendimento, sabe-se que a não utilização da classificação de risco faz com que muito pacien- 1178 tes se agravem nas filas, podendo ocorrer a morte diante da ausência de atendimento no tempo adequado(21). Já o atendimento com classificação de risco e a utilização do protocolo traz benefícios como a agilidade na assistência, a partir da avaliação dos pacientes de forma dinâmica e humanizada, identificando quem precisa de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco e grau de necessidade do usuário(19). Para tanto, cabe também ao profissional de Enfermagem, dentre os preceitos ético-legais, responsabilizar-se para com toda a equipe de saúde pelo atendimento, com atualização contínua dos seus conhecimentos e de sua equipe utilizando de forma competente as tecnologias, sem esquecer a formação permanente e aprofundada nas ciências humanas por um processo de educação continuada ou aperfeiçoamento em Recursos Humanos(22). Diante desse contexto, percebe-se que a educação permanente é necessária, para a capacitação técnico-científica da equipe multiprofissional, a fim de proporcionar condições adequadas e de qualidade, promovendo a satisfação, desenvolvimento profissional, visto que contribui para uma assistência comprometida e respaldada em conhecimentos teóricos científicos(23-24). Assim, foi desenvolvido um curso de capacitação que possibilitou a sensibilização dos enfermeiros para a utilização do protocolo de ACCR em pediatria no momento da avaliação das crianças atendidas na unidade de urgência e emergência, além de ter levantado reflexões acerca do processo e das relações de trabalho. Com o curso de capacitação realizado na referida instituição, pode-se perceber que as dificuldades na implementação do protocolo vão desde a necessidade de maior envolvimento da equipe multiprofissional, até as mudanças mais profundas nas atitudes de toda equipe, a fim de propiciar um cuidado integral, humanizado e igualitário. É necessário mudanças, também, em pontos ainda frágeis do sistema de saúde, para que o mesmo funcione realmente como uma rede de atenção. Além do curso, a instituição já providenciou uma sala para implementar o ACCR, diante da necessidade de um local privativo com equipamentos adequados para a realizaçãoda classificação de risco em pediatria com segurança(25). CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da realização desse estudo, constatou-se um déficit no conhecimento dos enfermeiros acerca do ACCR por isso, foi promovido um curso de capacitação para implementação do protocolo, o qual foi considerado satisfatório e visto como possibilidade de melhoria no atendimento de crianças e adolescentes em situação de urgência e emergência. Dentre os fatores que influenciam de forma negativa na realização do ACCR destacam-se: falta de recursos humanos, recursos materiais incompletos e insuficientes, estrutura física inadequada, além da falta de conhecimento da clientela a respeito do dispositivo. O ACCR proporciona inúmeros benefícios para os profissionais, em especial os enfermeiros, proporcionando o aperfeiçoamento do trabalho em equipe, a organização do serviço de saúde a partir das dificuldades avaliadas no processo de trabalho e uma maior interação com todos os profissionais da equipe multidisciplinar. Bem como para os usuários, com atendimentos conforme o risco de complicações, redução de complicações e das filas de espera. Percebe-se que há muito a ser explorado a respeito do ACCR, visto que há poucos artigos sobre a temática. Cabe enfatizar, ainda, que há necessidade de verificar a satisfação e o conhecimento por parte da clientela. Sendo assim, sugere-se o desenvolvimento de estudos sobre a importância da utilização do protocolo, visando reduzir os fatores que interferem para sua implementação. Além de ser imperativo que as universidades e cursos de formação na área da saúde invistam na formação de profissionais capacitados sobre o ACCR e que atendam às necessidades das unidades de urgência e emergência pediátrica. Sendo, assim, o estudo revela que há necessidade de encontros motivacionais e a utilização de cursos de capacitação para os profissionais atuantes no setor de ACCR. REFERÊNCIAS 1. Abrantes MM, Lamounier JÁ, Faria JF, Diniz CM, Cunha FAF. 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Profis., 2014; 6(1): 1174-1179 1179 TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DO RECÉM-NASCIDO DE RISCO: CUIDADOS NA TERMORREGULAÇÃO INTRA-HOSPITAL TRANSPORT OF NEWBORN AT RISK: THE CARE THERMOREGULATION Artigo Original Karla Maria Carneiro Rolim1 Aline Gomes Paiva2 Kadja Nara Vasconcelos Freire2 Mylena Nonato Costa Gomes2 Tays Lopes Vieira2 Fernanda Rocha Honório de Abreu3 RESUMO Objetivou-se com o estudo investigar a prática da enfermagem durante o transporte intra-hospitalar do RN de risco no que diz respeito a termorregulação neonatal do Centro Obstétrico para Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa, realizado na Maternidade Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza, Ceará, Brasil. A coleta dos dados foi realizada entre os meses de dezembro/2010 a maio/2011. Foi realizado um questionário e observação dos cuidados de enfermagem relativos à termorregulação neonatal durante o transporte intra hospitalar do recém-nascido de risco e dos sinais emitidos que indicavam alterações térmicas. Recomenda-se maior sensibilização da equipe por meio da educação continuada, mostrando a importância do uso do transporte intra hospitalar para o controle da termorregulação do recém-nascido, tendo como meta uma melhoria da assistência e a qualidade de vida do mesmo. Palavras-chave: Prematuro; Cuidados de Enfermagem; Termorregulação. ABSTRACT The objective of the study investigating the practice of nursing during in-hospital transport of the RN of risk with regard to neonatal thermoregulation of Obstetric Center for Neonatal Intensive Care Unit. Exploratory-descriptive study with a qualitative approach, held at Maternity School Assis Chateaubriand, in Fortaleza, Ceará, Brazil. The data collection was conducted between the months of dezembro2010 the maio2011. We conducted a questionnaire and observation of nursing care on neonatal thermoregulation during the intra-hospital transport of the newborn and the signals that indicate thermal changes. It is recommended to raise awareness of the team through continuing education, showing the importance of the use of the intra-hospital transport for newborn thermoregulation control, with the goal to improve the assistance and the quality of life of the same. Keywords: Premature; Nursing; Thermoregulation. INTRODUÇÃO A regulação da temperatura corporal se caracteriza entre as inúmeras adaptações que o recém-nascido (RN) deve fazer na sua chegada ao mundo extra-uterino a fim de garantir a sua sobrevivência. Porém, muitos fatores podem influenciar negativamente nesta regulação térmica, entre estes podemos citar: superfície corporal relativamente grande em comparação ao peso, isolamento térmico inadequado, capacidade metabólica limitada para a produção de calor, mecanismos de perda de calor, ambiente, manuseio excessivo, sudorese, ritmo circadiano, estresse, prematuridade, entre outros(1). O transporte intra-hospitalar neonatal ocorre quando os pacientes internados em Unidade Neonatal (UN) são transportados para realizar alguma intervenção cirúrgica ou procedimento diagnóstico. Estes transportes podem se constituir em risco adicional para o neonato criticamente doente e, por isso, deve ser considerado como uma extensão dos cuidados realizados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Vale Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Enfermeira da Unidade Neonatal da Maternidade Escola de Assis Chateaubriand (MEAC/UFC). Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Líder do Grupo de Pesquisa Saúde e Qualidade de Vida do Binômio Mãe e Filho (UNIFOR/ CNPq). Orientadora. E-mail: [email protected] 2 Enfermeiras graduadas pela UNIFOR. Integrantes do Grupo de Pesquisa Saúde e Qualidade de Vida do Binômio Mãe e Filho (UNIFOR/CNPq). 3 Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Bolsista do Grupo de Pesquisa Saúde e Qualidade de Vida do Binômio Mãe e Filho (FUNCAP/UNIFOR). 1 1180 lembrar que o transporte intra-hospitalar ocorre com grande frequência e, para a sua realização, são necessários equipamentos e pessoal habilitado, de forma similar à necessária para o transporte entre hospitais(1). Ainda no útero materno, o feto obtém tudo o que é necessária a sua sobrevivência, porém ao nascer à criança deixa o calor e toda a doçura do ventre de sua mãe e depara-se com um novo mundo pelo qual deverá passar por várias adaptações fisiológicas e comportamentais. Tudo isso pode torna-se bem mais difícil quando este RN nasce enfermo ou prematuramente, sendo então, separado bruscamente de sua mãe e encaminhado para uma UTIN. Neste momento, ainda fragilizado pelo nascimento, o neonato enfermo ou nascido prematuramente vivencia pela primeira vez o transporte intra-hospitalar, durante seu encaminhamento à UTIN. Neste contexto, se fazem necessários os cuidados relacionados à termorregulação neonatal, uma vez, que este se encontra durante suas primeiras horas de vida e seu sistema termorregulador se mostra ineficaz, acompanhando de forma passiva as flutuações da temperatura ambiente. O RN, principalmente o prematuro, representa o grupo mais vulnerável em todos os aspectos. O momento do nascimento e da transição da vida intra-uterina para a vida extra-uterina é, sem dúvida, para a criança o momento mais crítico de sua vida podendo refletir positiva ou negativamente no seu crescimento e desenvolvimento. Dessa forma, garantir a este ser tão dependente de cuidados uma assistência de enfermagem cuidadosa e humanizada se constitui a principal meta de toda equipe atuante na UTIN. Ressalta-se que no ano de 2010 foram registrados 4.308 nascido-vivos na maternidade em estudo, dos quais 4.289 (99,55%), quase sua totalidade, foram admitidos na UN e, destes, 848 RN (19,77%) apresentaram baixo peso, ou seja, peso inferior a 2.500g. No primeiro trimestre de 2011, segundo o Sistema de Controle Clínico da maternidade, foram registrados 1.081 nascidos vivos, dos quais 433 RN (40%) foram admitidos na UN. Evidencia-se que a média de internação por dia na UN é de 50 RN, indicando uma superlotação constante trazendo prejuízo à assistência e à saúde física e mental dos profissionais atuantes no setor(2). Pelo fato de a área da superfície do corpo do RN ser grande em relação à massa corporal, o calor do corpo é rapidamente perdido. Como resultado, a temperatura corporal, particularmente a dos prematuros, diminui facilmente. Mesmo a temperatura de RN a termo comumente reduz vários graus durante as primeiras poucas horas após o nascimento, mas se estabiliza em 7 a 10 h. Ainda assim, os mecanismos de regulação da temperatura corporal permanecem precários durante os primeiros dias de vida, permitindo desvios acentuados de temperatura(3). As intercorrências passíveis de ocorrer durante o transporte intra-hospitalar podem se associar às alterações fisiológicas e/ou clínicas do próprio RN e a problemas ligados aos equipamentos e/ou à equipe de transporte. Os estudos dos problemas relativos ao transporte intra-hospitalar de neonatos são escassos, mas pode haver alterações significativas dos sinais vitais como temperatura corporal, freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio, pressão parcial de oxigênio e do gás carbônico. Mesmo com o adequado preparo do RN, as condições inerentes ao transporte, tais como barulho Transporte Intra-Hospitalar do recém-nascido de risco: cuidados na termorregulação excessivo, vibrações e alterações de temperatura comprometem a estabilidade clínica do paciente(1). A hipertermia, por sua vez, ocorre quando a temperatura axilar estiver acima de 37,5°C, ocasionando vasodilatação periférica com esforço do organismo para dissipar o calor, aumento da taxa de metabolismo e requerimento de oxigênio, aumentando a perda de líquidos levando o RN a desidratação e acidose metabólica(4). É importante destacar que os neonatos mais imaturos e de menor peso necessitam de temperatura ambientais mais elevadas e que o ambiente térmico, depende da temperatura ambiente do ar e da temperatura dos objetos adjacentes. E embora exista diretrizes para orientar os limites da temperatura de um ambiente termo-neutro, a enfermagem deve determinar o mais adequado para cada prematuro, através de rigorosa monitorização de sua temperatura corporal, pois cada criança é única e como tal deve ter seu próprio ambiente térmico(5). Diante das considerações objetiva-se com o estudo investigar a prática da enfermagem durante o transporte intra-hospitalar do RN de risco no que diz respeito à termorregulação neonatal do Centro Obstétrico para Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. METODOLOGIA Estudo exploratório-descritivo, de natureza qualitativa(6), realizado no Centro Obstétrico (CO) e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), localizada na cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil. Esta é considerada referência para atendimentos obstétrico e neonatal de alta complexidade. O CO dispõe de 11 leitos, disponibilizados em quartos individuais, nos quais os profissionais assistem às parturientes preconizando o parto humanizado. Existe no CO, ainda, uma Sala de Neonatologia, onde se realiza o primeiro atendimento aos bebês, possui quatro berços de calor radiante (BCR), um berço de reanimação e uma incubadora de transporte, frente á necessidade de transferir o RN à Unidade Neonatal. Atua no CO uma equipe multiprofissional e fazem parte dela sete enfermeiras, e 36 auxiliares de enfermagem. Sendo que, 12 auxiliares estão lotadas na Sala de Neonatologia, toda a equipe está distribuída em escala de serviço, nos período diurno e noturno. As enfermeiras atuam no planejamento, organização e supervisão da assistência de enfermagem no CO; na ambiência harmônica de cada sala individual; no preparo do material a ser utilizado nos partos; no pré, trans e pós-parto e em intercorrências como, episiotomias, episiorrafias, permanecendo próximo á parturiente quando do delivramento da placenta. O teste rápido antiHIV, também, faz parte do cuidado da enfermeira. A UTIN dispõe de 51 leitos distribuídos em quatro unidades, duas de alto risco, uma de médio e outra de baixo risco. Atua na UTIN uma equipe multiprofissional e fazem parte dela 26 enfermeiras, 18 técnicas e 51 auxiliares de enfermagem, distribuídas em escala de serviço, nos período diurno e noturno, com uma média de atendimento mensal de 77 RN, dentre eles bebês de alto risco, enfermos, prematuros e de muito baixo peso. Depois de realizada a observação, todas as integrantes da equipe de enfermagem participantes do estudo foram esclarecidas dos propósitos da pesquisa, assinando logo que solicita- RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1180-1185 1181 das, o termo de consentimento informado. Para preservar o anonimato das participantes, estas foram identificadas como enfermeira (E1,... E8), técnica de enfermagem (T1,... T7) e auxiliar de enfermagem (A1,... A3). Os dados foram obtidos durante o período de dezembro de 2010 a maio de 2011, com horário integral. E tiveram dois momentos: primeiramente observamos o transporte do RN de risco do CO a UTIN e os cuidados de enfermagem referentes á termorregulação neonatal. Concomitantemente, observamos os sinais emitidos pelo RN que indicam quadro de alterações térmicas. Em um segundo momento foi realizado um questionário com dados de identificação das participantes e questões relacionadas aos cuidados desenvolvidos na regulação e manutenção da temperatura corporal do RN de risco. Os resultados foram analisados e relatados com base na literatura pertinente ao tema e apresentados em quadros. Para completar os dados durante as observações, utilizamos também um diário de campo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição, por meio do ofício nº 258/10 e protocolo de nº 139/10, em acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde(7). ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Apresentação das participantes do estudo Participaram da pesquisa 19 profissionais de enfermagem todas do sexo feminino, onde oito eram enfermeiras, sete técnicas de enfermagem e três auxiliares de enfermagem. A faixa etária variou de 29 a 55 anos. Dos sujeitos participantes onze eram casadas, duas divorciadas, duas viúvas e quatro eram solteiras. O tempo de formação entre as participantes variou de 5 a 28 anos. O tempo de atuação, em uma UTIN, dos participantes teve predominância de 5 a 10 anos. Todas as enfermeiras fizeram pelo menos uma especialização e uma enfermeira possui mestrado, as demais categorias realizaram algum tipo de outro curso. Os RN observados tinham a idade gestacional entre <29 semanas a 37 semanas e 4 dias e o peso apresentado variou de 835 gramas a 3.830 gramas. Cuidados de Enfermagem relativos à termorregulação neonatal durante o transporte intra-hospitalar do RN de risco Consoante o Ministério da Saúde, as principais indicações para o transporte inter-hospitalar são: a prematuridade, com idade gestacional menor que 32 a 34 semanas e/ou peso de nascimento inferior a 1.500 gramas; problemas respiratórios com uso de fração inspirada de oxigênio superior a 40 –60% ou de pressão positiva continua em vias aéreas ou de ventilação mecânica; anomalias congênitas; convulsões neonatais; doenças que necessitam de intervenção cirúrgica; hemorragias e coagulopatias; hiperbilirubinemia com indicação de exsanguineo-transfusão; asfixia com comprometimento multissistêmico; recém-nascido com cianose ou hipoxemia persistente; sepse ou choque séptico; hipoglicemia persistente(8). A termorregulação é a habilidade do corpo em promover o balanço entre a produção de calor e a perda, mantendo assim a temperatura corporal dentro dos valores normais. Os pacientes na UTIN sofrem maior risco de instabilidade térmica devido a certos fatores, como: prematuridade, anomalias congênitas, septicemias, asfixia, hipóxia, comprometimento do SNC, aporte nutricional calórico inadequado, diminuição dos movimentos voluntários, imaturidade do sistema de controle térmico e quantidade de tecido adiposo subcutâneo deficiente(4). Vale a pena ressaltar que segundo o Sistema de Controle Clínico da MEAC, no primeiro trimestre de 2011, o número de nascido-vivos foi de 1.081 e que 21% deles nasceu com peso <2.500g e, 433 RN foram admitidos na UN. Acredita-se que muitos foram transportados em incubadoras. Concomitantemente às observações, aplicamos um questionário para os profissionais atuantes, cujos dados resultantes podem ser vistos no quadro abaixo. Quadro 1 – Observação da equipe de enfermagem: procedimentos realizados ao RN durante o transporte intra-hospitalar. MEAC, 2011. Observação Questões Respostas das Enfermeiras Em alguns transportes eram utilizados meios para manter a termorregulação do RN e o transporte ocorria em 5m. Como você vê o processo de transporte do RN de risco do CO à UTIN? Alguns transportes são realizados de maneira inadequada, pois ao invés do RN está sempre em incubadora aquecida, às vezes o mesmo é transferido apenas em panos aquecidos (E2). Melhorou um pouco com o uso da incubadora de transporte. Porém, considero a distancia entre e C.O e UTIN um agravante (E7). O transporte do RN deve ser feito com cuidado; em incubadora de transporte de forma aquecida para que não haja perda de temperatura (T4). Fazemos o melhor dentro das condições que temos, já que nosso CO não é agregado a UTIN. O transporte é na incubadora ada acompanhada do neonatologista e maqueiro (T5). Devido à estrutura física do hospital o transporte é demorado; incorreto pois ao ser transportado nas incubadoras em um longo percurso causa vários danos ao RN principalmente prematuro (A3). Nos RN que necessitavam de ventilação mecânica foi observado que a incubadora sempre permanecia com as portinholas abertas, aumentando assim o risco de hipotermia severa. 1182 Presenciamos, também a falta de incubadora, quando um RN ter que ficar na Sala de Neonatologia enquanto o outro era transferido. Você se sente preparado para realização desse cuidado, levando-se em consideração todas as fragilidades do paciente em questão? Sim. Eu como enfermeira neonatal sei como lidar com estas situações adversas (E2). Sim, o que me dificulta é a estrutura física, bem como também disponibilidade de maqueiros para remoção de incubadora e equipamentos (E3). Sim, porém, necessitando de atualização, devido a constantes mudanças (T5). Você recebeu algum treinamento em serviço para atuar no transporte intrahospitalar de RN de risco? Não. Apenas o conhecimento na faculdade e a rotina da instituição (E5). Tenho habilidade nesse tipo de transferência, porque quem fazia esse transporte em outro serviço era o técnico em enfermagem, mas nunca tive treinamento específico (T5). Sim, de vez em quando aqui no hospital tem (A2). A equipe utilizou para o transporte uma incubadora de parede dupla, mas a mesma não era previamente aquecida. Em relação à instabilidade térmica do RN de risco ou prematuro, você se utiliza de algum recurso ou cuidado no controle térmico deste? Sim, filme de PVC, algodão ortopédico, luvas com água quente, plástico bolhoso, cueiros e/ou campos previamente aquecidos. O que estiver disponível e conforme rotina da instituição (A1). Agasalhar bem e aquecer a incubadora de transporte antes de colocar o RN (A5). Verificamos rigorosamente de 3/3 hs, quando hipotérmico aquecemos com algodão e fraldas (T5). Na UTIN sim, uso a touca, plástico, luvas e botinhas, durante o transporte não (A1). Manter o berço aquecido e a incubadora aquecida. Deixando o bebê confortável na medida do possível (A2). Apesar das afirmações dos profissionais, percebemos que os profissionais atuantes no transporte intrahospitalar não preconizam o uso do termômetro como utensílio para prevenção da termorregulação na saída do transporte do CO para UTIN, com isso a não utilização do mesmo é um fator determinante para o agravamento do RN. Em que momento você verifica, pela primeira vez, a temperatura corporal do RN frente ao seu encaminhamento a UTIN? Antes do transporte (E2). Após o transporte ao ser admitido na unidade (E5). Verifico temperatura após admissão do RN na UTIN, após o transporte (E6). Nenhum momento (T3). Já na UTIN, durante os cuidados admissionais (A1). Só observamos a presença de um profissional de enfermagem uma única vez, em um único transporte. Não havia aquecimento das mãos, por parte dos profissionais, antes de manusear os bebês. A incubadora na maioria dos transportes não era previamente aquecida. O transporte intra-hospitalar neonatal ocorre quando os pacientes internados em UN são transportados para realizar alguma intervenção cirúrgica ou procedimento diagnóstico. Estes transportes podem constituir em risco adicional para o neonato criticamente doente e, por isso, devem ser considerados como uma extensão dos cuidados realizados na UTIN(1). Como podemos perceber nas falas dos participantes a distância entre o CO e a UTIN é um fator agravante para o RN quanto ao quadro de hipotermia severa. Podemos observar no quadro 1, que o transporte realizado em incubadora de transporte ocorreu na maior parte dos casos. Destacamos ainda, a ocorrência de um transporte com a incubadora desligada, desperdicando assim, a função de aquecimento da mesma. Existe uma significante correlação entre Transporte Intra-Hospitalar do recém-nascido de risco: cuidados na termorregulação um transporte neonatal eficiente, ou seja, com todos os materiais e equipamentos necessários e a diminuição dos índices de morbi-mortalidade neonatal(4). Assim, é fundamental que este aconteça impreterivelmente em incubadora de transporte previamente aquecida e com a participação de profissionais adequadamente habilitados. A Assembléia Geral das Nações Unidas, no ano de 2000, reunindo 191 países na Cúpula do Milênio, compromete-se de cumprir as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDM), entre as quais, se inclui a meta de diminuir em dois terços a mortalidade infantil e de crianças até cinco anos até o ano de 2015(9). Vale ressaltar, que o Brasil, assumiu o compromisso junto aos demais países, tendo como necessidades prioritárias a gestão da asfixia ao nascer, a hipotermia, o controle ou regulação tér- RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1180-1185 1183 mica do RNPT e as infecções, que se constituem as principais causas de morte entre a população neonatal(10). Entre os materiais de consumo indispensáveis para a estruturação e organização efetiva da UTIN, destacamos o termômetro digital como o mais adequado para a verificação da temperatura corporal do RN e, principalmente do prematuro RNPT, frente a sua instabilidade térmica e funcional(3). O termômetro digital é um instrumento muito sensível, obtendo resultados precisos e rápidos. É de fácil manuseio, resistente à água, tem memória e sinais de bip, especialmente sem mercúrio, portanto é seguro para uso. Sua temperatura varia de 32ºC até 41,9ºC e seu processo de medição dura cerca de 2 minutos. Seu uso não é apenas indispensável, mas necessário, pois de acordo com a Portaria nº 1.091, do Ministério da Saúde, o termômetro eletrônico portátil é um dos instrumentos fundamentais para o funcionamento de serviços de maternidade do nível III ou do nível II, para o atendimento à gestação de alto risco, visando assim a necessidade de organização da assistência neonatal, para assegurar melhor qualidade no atendimento ao RN(11). Sinais emitidos pelo RN que indiquem quadro de alterações térmicas Conhecer o RN entre todas as suas particularidades, principalmente o prematuro, se caracteriza como um dever de cada RN/Peso Alterações daFC Alterações da SAO2 Apnéia profissional que o atende, seja ele médico, enfermeiro, fisioterapeuta, ou qualquer outro que atue na UTIN. Vale enfatizar, que não é possível, em pleno século XXI, realizar um cuidado ao RN baseando-se em empirismo, cuidar sem planejamentos, sem evidências clínicas(12). Dessa forma, urge em meio às diversas práticas o conhecimento do sistema termorregulador do RN, principalmente do RNPT, levando-se em consideração o aumento de sua viabilidade, superfície corporal relativamente grande em comparação ao peso, isolamento térmico inadequado, baixo peso ao nascer, manuseio excessivo, entre outros. A hipotermia ou a hipertermia podem causar alterações graves nos sinais vitais (incluindo taquicar¬dia ou bradicardia, taquipnéia e apnéia) e aumento do consumo de energia. A hipotermia aumenta o consu¬mo de oxigênio, predispondo o RN à hipóxia. Quando a hipotermia começa, a temperatura da pele diminui, não havendo intervenção, a temperatura central cai e pode resultar em hipotermia irreversível, levando o RN ao óbito(13). A observação quanto aos sinais emitidos pelo RN foi realizada com quatro RN, obtendo-se variação que indicavam alterações fisiológicas do controle térmico. Quadro 2 – Observação acerca dos sinais emitidos pelo RN que indiquem quadro de alterações fisiológicas do controle térmico, MEAC, 2011. Estresse Respiratório Mudança/ Coloração da Pele Gemência RN 01 835g Sim 178 bpm Não Sim Sim Sim Não RN 02 1.250g Sim 172bpm Não Sim Sim Sim Não RN 03 1500g Sim 183bpm Não Sim Sim Sim Não RN 04 3.830 Sim 169bpm Não Sim Sim Não Sim No quesito das alterações da frequência cardíaca (FC), podemos observar que os RN apresentaram alteração, variando de 169 a 183 bpm. A FC é de normalmente 120 a 160 batimentos por minuto. Varia com as alterações da atividade do RN, aumentando quando ele está chorando, ativo ou respirando bem rápido e diminuindo quando está quieto e respirando lentamente(14). Nenhum RN apresentou alteração na saturação de O2, pois todos eles foram bem assistidos quanto ao suporte ventilatório indicado. Três RN fizeram uso de ventilação mecânica (VM) e somente um utilizou CPAP nasal (pressão positiva contínua nas vias aéreas). Como sabemos, a VM deve ser utilizada em RN que tem alteração na habilidade dos pulmões para manter uma ventilação adequada; e o CPAP nasal é uma mistura de oxigênio e ar comprimido sobre pressão continua através de dispositivos nasais. Em RNPT e de baixo peso o CPAP ajuda a reduzir a incidência de barotrauma provocada pela ventilação mecânica(15). Todos os RN apresentaram quadro de apnéia, bradicardia, cianose e letargia. A apnéia, frequentemente definida como períodos sem respiração durante os quais a cor dos RN altera do normal para diferentes graus de cianose. Pode ser considerada 1184 assim quando ocorre a cessação dos movimentos respiratórios por mais de 15 a 20 segundos, com interrupção da respiração acompanhada de bradicardia e/ou cianose. A apnéia ocorre quando existem alterações no centro de controle da respiração pelos quimiorreceptores; é normalmente observada nos prematuros, devido à imaturidade do centro respiratório(4). Os RN, também, sofreram estresse respiratório devido a prematuridade e dificuldade de desenvolver uma respiração adequada. Podem ocorrer problemas quando líquidos permanecem nos pulmões ou se a perfusão de sangue para os pulmões não aumentar; os neonatos com apnéia ao nascer ou esforço respiratório fraco (por condições como prematuridade, anoxia ou anestesia materna), estão predispostos ao estresse respiratório(14). Foi observado, também, que os RN apresentaram mudança na coloração da pele durante todos os transportes, três ficaram cianóticos e um hiperemiado. A cor da pele é o índice mais importante da função cardiorrespitória. Uma boa cor num RN branco significa um tom róseo avermelhado difuso, exceto por possível cianose das mãos, pés e, ás vezes, dos lábios(4). Apesar de a gemência ser uma alteração fisiológica de desconforto respiratório, dos RN observados somente um RN teve presente essa característica. grande frequência e para sua realização são necessários treinamentos e habilidades similares aos requisitados para a realização do transporte inter-hospitalar(8). Quadro 3 – Observação acerca dos sinais emitidos pelo RN, que indiquem quadro de alterações comportamentais do controle térmico. MEAC, 2011. Percebeu-se que as alterações ocorridas com os RN não foram de grande relevância, haja vista, a maioria dos neonatos não tiveram alterações fisiológicas relacionadas ao quadro de hipotermia. Enfatiza-se que a monitorização e a manutenção da temperatura corporal, mantendo um ambiente térmico neutro estável, devem ser metas prioritárias da enfermagem responsável pela assistência ao RN(16). RN Choro Letargia Irritabilidade RN 01 Não Sim Não RN 02 Não Sim Não RN 03 Não Sim Não RN 04 Sim Não Sim A observação foi realizada por quatro RN, e acerca dos sinais emitidos pelo RN que indicasse alguma alteração comportamental do controle térmico, observaram-se alterações de choro, letargia e irritabilidade. Dos RN observados, apenas um apresentou alterações no choro e na irritabilidade, três apresentaram quadro de letargia. O choro e definido como achados normais e variações comuns – choro forte e achados anormais e possíveis causas – choro fraco (dano cerebral, pressão intracraniana), choro irritante (problemas das vias respiratórias superiores) e gemido expiratório (desconforto respiratório)(15). Consoante o Ministério da Saúde, o transporte inter-hospitalar também é utilizado para levar de volta a origem aquele RN que não mais necessita de cuidados intensivos. A responsabilidade pela indicação desse tipo de transporte e da equipe que presta assistência ao paciente na Unidade. Muito mais atenção tem sido dada e estudos realizados em relação ao transporte inter-hospitalar, comparado ao intrahospitalar. Entretanto, deve-se lembrar que o transporte intra-hospitalar ocorre com CONSIDERAÇÕES FINAIS Na construção do estudo e das observações feitas visualizou-se que o transporte intra-hospitalar é feito com o auxílio do maqueiro e médico neonatologista, e a presença de uma enfermeira, atuando com resolutividade e rapidez, tendo como meta a otimização da assistência e a qualidade de vida do bebê internado. E que a utilização do termômetro durante o transporte, como instrumento para prevenção da termorregulação nos RN, ainda não é uma prioridade de cuidado. Importante pontuar que a distância entre o CO e a UTIN deveria ser menor e projetada corretamente para propiciar menos risco ao RN e ajudar a equipe de enfermagem a oferecer um trabalho mais humanizado e coerente, considerando a fragilidade que esse paciente apresenta durante sua internação hospitalar. Recomenda-se, portanto, maior sensibilização da equipe por meio da educação permanente, mostrando a importância do uso do transporte intra-hospitalar para o controle da termorregulação do RN, tendo como meta uma melhoria da assistência e a qualidade de vida do mesmo. REFERÊNCIAS 1.Vieira ALP, Guinsburg r, Santos AMN, Peres CA, Lora MI, Miyoshi MH. Transporte intra-hospitalar de pacientes internados em UTI Neonatal: fatores de risco para intercorrências. Revista Paulista de Pediatria. 2007; 25(3): 34-7. 2.Meac. Centro de processamentos de dados. Disponível em: URL: <www.meac. ufc.br>. Acesso em: 07 outubro 2013. 3.Ferrarini C, Hebenstreit N, Miranda A. Conocimiento de la utilidad, uso y lectura correcta del termômetro, y valores normales de temperatura del recién nacido. Revista Del Hospital Materno Infantil Ramón Sardá. 2000; 19 (2) 78-80. 4.Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 4ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2009. 5.Ribeiro MAC. Aspectos que influenciam a termorregulação: assistência de enfermagem ao recém-nascido pré-termo. [monografia]. Curso de Bacharel em Enfermagem.Taguatinga (DF): Faculdade JK, 2005. 6.Minayo MCS. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 8.ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 2004. 7.Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. Resolução 466/12. Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF, 2012. 8.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Manual de orientações sobre o transporte neonatal. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 9.Organização Mundial de Saúde. Saúde Neonatal no Contexto da Saúde Materna, Neonatal e da Criança para o Cumprimento das Metas de Desenvolvimento do Milênio da Declaração do Milênio das Nações Unidas. 47º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde. 58ª Sessão do Comitê Regional, Washington, set., 2006. Disponível em: URL <http://www.paho.org/spanish/ad/fch/ca/ consejo. port.pdf > Acesso em: 21/01/2011. 10.Brasil. Ministério da Saúde. Temática Saúde da Família. Ministério da Saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. Painel de Indicadores do SUS, nº4, 2008. 11.Rolim KMC, Mendonça AMCM, Ponte VV. Acurácia do termômetro digital no controle térmico do recém-nascido prematuro. ReTEP. Revista de Tendências da Enfermagem Profissional (Impresso), 2012; 2(4): 681-6. 12.Pires DTL, Afonso JC, Chaves, FAB. A termometria nos séculos XIX e XX. Rev Bras Ensino de Física. 2006; 28 (1): 101-114. 13.Oliveira ICS. O advento das incubadoras e os cuidados de enfermagem aos prematuros na primeira metade do século XX. Texto & Contexto Enferm. 2004; 13(3) 459-66. 14.Scochi CGS, Gaíva MAM, Silva MHA. Termorregulação: assistência hospitalar ao recém-nascido pré-termo. Acta Paul de Enferm., 2002; 15(1): 72-8. 15.Gonzaléz, LH. Termoregulación em Recién Nacido. In: Servicio Neonatalogia Hospital Clinico Universidad de Chile. Manual sobre Neonatología . 1ed. Chile: 2001. p. 34-40. 16.Rolim KMC, Araujo AFP, Campos NM, Lopes SMB, Gurgel EPP, Campos ACS. Cuidado quanto à termorregulação do recém-nascido prematuro: o olhar da enfermeira. Rev. Rene. Fortaleza, 2010; 11(2): 44-52. Recebido em: 18.01.2014 Aprovado em: 15.02.2014 Transporte Intra-Hospitalar do recém-nascido de risco: cuidados na termorregulação RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1180-1185 1185 QUALIDADE DE VIDA À PESSOA COM DOENÇA PULMONAR INTERSTICIAL: UMA PROPOSTA DA ENFERMAGEM QUALITY OF LIFE TO PERSON WITH INTERSTITIAL LUNG DISEASE: A PROPOSAL OF NURSING Artigo Original Kleyriane Câmara Castelo Branco1 Camila Lima Ribeiro2 Naiana Cristina Nascimento dos Santos2 Fernanda Rachel Pereira de Moraes Trindade2 Ana Patrícia Paiva Souza2 Virna Ribeiro Feitosa Cestari3 Ana Paula Almeida Dias da Silva4 RESUMO Trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo foi aplicar o processo de enfermagem ao paciente com Doença Pulmonar Intersticial (DPI). O estudo foi aplicado em um hospital público localizado em Fortaleza-CE, em 2013. A coleta de dados deu-se através da observação, entrevista de enfermagem, realização do exame físico e consulta ao prontuário do paciente. A análise dos dados baseou-se no levantamento dos diagnósticos e intervenções de enfermagem pertinentes. Os diagnósticos de enfermagem encontrados foram: Risco de infecção; Padrão de sono perturbado; Intolerância à atividade; e Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais. A aplicação do processo de enfermagem proporcionou uma melhora no padrão de resposta do paciente à doença, permitindo, ainda, uma assistência individualizada e de qualidade. Palavras-chave: Processos de Enfermagem; Alveolite Alérgica Extrínseca; Doenças Pulmonares Intersticiais; Assistência Domiciliar. ABSTRACT This is an experience report that aimed to apply the nursing process to a patient with interstitial lung disease. We applied the case study in a public hospital in Fortaleza-CE, Brazil, in 2013. Data collection took place through observation, nursing interview, physical examination, and consultation of the patient’s record. Data analysis occurred based on the survey of relevant nursing diagnoses and interventions. We found the following nursing diagnoses: Risk of infection; Sleep pattern disturbance; Activity intolerance; and Imbalanced nutrition: less than body requirements. The application of the nursing process improved the patient response pattern to the disease, also enabling an individualized and quality care. Keywords: Nursing Process; Extrinsic Allergic Alveolitis; Interstitial Lung Diseases; Home Nursing. INTRODUÇÃO As doenças respiratórias constituem importante causa de adoecimento e morte em adultos e crianças no mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estas doenças representam cerca de 8% do total de mortes em países desenvolvidos e 5% em países em desenvolvimento(1). As Doenças Pulmonares Intersticiais (DPI) compreendem grupos diversos de doenças pulmonares que produzem alterações inflamatórias e fibróticas similares nos interstícios ou nos septos interalveolares. Como resultam em um pulmão rígido e não complacente, as doenças pulmonares intersticiais são comumente classificadas como doenças pulmonares restritivas(2). As DPI podem ser ocorrer devido a inúmeras causas e, por serem raras, o diagnóstico e a terapêutica permanecem um desafio. De acordo com a nova Diretriz de Doenças Pulmonares e Intersticiais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, as doenças mais conhecidas nesse grupo são a fibrose pulmonar idiopática, a pneumonite de hipersensibilidade, a sarcoidose, a pneumonia intersticial não específica, as doenças ocupacionais, a pneumonia em organização e as bronquiolites diversas(3). Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem pela UNIFOR. 3 Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem pela UNIFOR. Membro do grupo de pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidades e Enfermagem (GRUPECCE) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). 4 Enfermeira do Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes/SESA. Docente da UNIFOR. Coordenadora da disciplina de Enfermagem em Clínica Geral e Cirúrgica I. Mestre em Enfermagem em Cuidados Clínicos pela UECE. 1 2 1186 A pneumonite de hipersensibilidade (PH) ou alveolite alérgica extrínseca é uma síndrome clínica complexa, com intensidade, apresentação clinica e evolução variável, cuja inflamação no parênquima pulmonar é causada pela inalação de antígenos específicos em indivíduos previamente sensibilizados. A forma crônica da doença cursa com dispneia e fibrose progressivas, padrão restritivo em testes funcionais pulmonares e pior prognostico, representando um desafio diagnóstico no diferencial com outras pneumopatias intersticiais idiopáticas(4). A PH é causada mais comumente pelo mofo e pássaros. Outras causas citadas pela literatura são de origem ocupacional, exposição à Mycobacterium avium e às micobactérias encontradas em óleo de corte utilizado no resfriamento de peças metalúrgicas(3). Devido à complexidade da doença e suas repercussões para a qualidade de vida dos indivíduos acometidos, evidencia-se a importância da realização de uma avaliação criteriosa da função respiratória e um bom julgamento clínico sobre as manifestações apresentadas. Nesse interim, destaca-se a importância da continuidade da assistência a nível domiciliar. O conceito de assistência domiciliar à saúde é o tratamento na casa do doente que foi hospitalizado e que teve sua alta abreviada é o mais difundido entre os profissionais e os gestores de saúde(5). O Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) representa uma estratégia de atenção à saúde que engloba muito mais do que o simples fornecimento de um tratamento padronizado. É um método aplicado ao cliente que enfatiza sua autonomia e esforça-se em aumentar suas habilidades funcionais dentro do seu próprio ambiente(6). Desta forma, foca a recuperação do cliente, para que este tenha uma melhor qualidade de vida(7). No Brasil, o desenvolvimento da assistência domiciliária manteve estreita relação com a enfermagem. Por estar inserido no contexto familiar, em que a constante avaliação, visão crítica, planejamento e readaptação são necessários diante das diversas dinâmicas familiares existentes, para então estabelecer um cuidado compreensível e adequado ao indivíduo em comunidade, o enfermeiro da PAD importante prática de trabalho em enfermagem(8). O presente estudo foi elaborado com o intuito de proporcionar a melhoria na qualidade de vida de pacientes com tal patologia, buscando relacionar o conhecimento científico e o poder prático durante toda assistência de enfermagem a este paciente até o momento de sua alta, elaborando intervenções para uma melhor qualidade de serviço prestado no PAD. Diante do exposto, objetivou-se aplicar o processo de enfermagem ao paciente com Doença Pulmonar Intersticial (DPI). METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência, realizado em um hospital de referência em atendimento a doenças cardiopulmonares, localizado em Fortaleza-CE, no período de março a maio de 2013. O sujeito do estudo foi um paciente do sexo masculino Qualidade de vida à pessoa com doença pulmonar intersticial: uma proposta da Enfermagem com diagnóstico médico de DPI – pneumonite de hipersensibilidade. A técnica utilizada para coleta de dados foi o PE, fundamentado em Orem, através da observação, entrevista de enfermagem, realização do exame físico e consulta ao prontuário do paciente. A análise dos dados ocorreu de acordo com os fatores determinantes no desenvolvimento do autocuidado, com o que se propõe a teoria, e de forma qualitativa, onde há uma maior preocupação com o aprofundamento e abrangência da compreensão das ações e relações humanas. Os dados foram organizados e interpretados descritivamente de acordo com a literatura pertinente ao tema. Os problemas e diagnósticos de enfermagem foram classificados conforme taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)(9), uma vez que estes representam a base para a seleção de intervenções e resultados terapêuticos. Após conhecimento dos diagnósticos de enfermagem, foram elaboradas as intervenções cabíveis baseadas na Nursing Interventions Classifications (NIC) (10). Para avaliar a eficácia das intervenções, de forma a justificar a sua manutenção ou realizar as alterações necessárias, utilizaram-se os resultados propostos pela Nursing Outcomes Classification (NOC) (11). Os resultados definem um estado do paciente em um determinado momento ou tempo e serve como indicador para avaliar a melhora ou piora do estado clínico. Foram respeitados os aspectos éticos e legais recomendados pela Resolução 466/12, referentes a estudos envolvendo seres humanos. Foi resguardado o anonimato do paciente e o mesmo assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS Apresentação do caso MMNF, sexo masculino, 36 anos, branco, católico, casado, trabalha como zelador. Encaminhado de uma unidade de atenção primária ao ambulatório de pneumologia de hospital terciário para elucidação diagnóstica. Refere ter iniciado há sete meses quadro de dispneia progressiva aos pequenos esforços, cianose de extremidades, calafrios e febre não mensurada, tosse seca persistente, dificuldade de espirrar, irritação no nariz, poliartralgia difusa, emagrecimento (25Kg em 6 meses), astenia, adinamia e anorexia. Bebe socialmente, nega fumo e drogas, sem antecedentes patológicos nem hábitos medicamentosos relevantes, viagens recentes ou contato com indivíduos doentes; reside em habitação urbana com boas condições sanitárias, sem ar condicionado, tendo contato com animais (pássaros e morcegos) há 1 ano, sem história de tuberculose. Estado geral bom, pesando 62 kg e altura de 1,62m. Paciente consciente, orientado, verbalizando suas necessidades humanas básicas (NHB), interage bem com a equipe prestadora de cuidados e outros pacientes, deambulando sem dificuldades, aceita dieta oferecida, higienizado, refere insônia intercalada e repouso RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1186-1190 1187 inadequado. Ao exame físico: eupneico (R=20mrpm), afebril (T.axilar=36,1ºC), normocárdico (P=67bpm), normotenso (P.A.=120x80mmHg). Pele lisa, regular, hidratada, firme, bom turgor. Observou-se presença de cáries dentárias em alguns dentes, presença de prótese dentária inferior, relata dor na articulação temporomandibular a mastigação. Tórax simétrico, sem abaulamentos e/ou retrações; expansibilidade torácica preservada e simétrica. Ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares presentes e audíveis em todo campo pulmonar, estertores crepitantes em nível de lobo inferior do pulmão direito. Ausculta cardíaca: bulhas cardíacas presentes audíveis e normofonéticas, em dois tempos, sem sopro. Avaliação abdominal: ruídos hidroaéreos presentes, abdômen globoso, flácido, sons timpânicos nas regiões epigástrica, hipocondríaca esquerda e flanco esquerdo. O paciente relatou que, em janeiro de 2013, foi internado e submetido a uma toracotomia exploradora para elucidação diagnóstica pela segmentectomia pulmonar esquerda. O proce- dimento transcorreu sem intercorrências e o paciente teve boa evolução pós-operatória. O laudo revelou lesão epitelial com formação de focos fibroblásticos na parede bronquiolar, ductos e alvéolos. Tanto o lobo superior quanto o inferior do pulmão esquerdo apresentaram elementos de pneumonia intersticial difusa e acentuada. Plano de cuidados de Enfermagem As atividades de enfermagem realizadas com o paciente tiveram como base o processo de enfermagem, envolvendo as etapas: histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução(12). No presente estudo, observou-se que a paciente necessitava de cuidados para a melhora do seu quadro clínico. Deste modo, procurou-se desenvolver um plano de cuidados que estivesse de acordo com a realidade do paciente e da instituição. Quadro 1 – Identificação dos problemas e elaboração dos diagnósticos e intervenções de enfermagem e resultados esperados. Fortaleza, 2013. Problemas Diagnósticos de Enfermagem Intervenções de Enfermagem Resultados Esperados Controle e detecção de riscos; integridade tissular e cicatrização de feridas por primeira intenção. Uso de drenos, acessos venosos e cateterismo vesical Risco de infecção relacionado a procedimentos invasivos Supervisionar e investigar quanto a presença de sinais flogísticos na pele, locais de acesso, inserção dos drenos e suturas; cuidar da sutura cirúrgica; realizar curativos; controlar nutrição. Insônia Padrão de sono perturbado relacionado à preocupação com a saúde, falta de privacidade e controle do sono Identificar fatores causadores; avaliar padrão e transtornos do sono; proporcionar ambiente Ritmo de sono e repouso tranquilo; reduzir ansiedade; ajudar o cliente a adequados. elaborar um programa individual de relaxamento. Cansaço Intolerância à atividade relacionada à fadiga, hipoxemia e padrões respiratórios ineficazes Avaliar as limitações percebidas e reais do cliente e a gravidade do déficit em comparação com o estado habitual; avaliar resposta cardiorrespiratória à atividade física; modificações no plano de cuidados baseados nos resultados da avaliação ou reavaliação; encaminhamento para reabilitação pulmonar. Realizar atividade de acordo com a sua tolerância. Emagrecimento progressivo Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais relacionadas à dispneia e inapetência Conversar sobre os hábitos dietéticos, inclusive preferências, intolerâncias ou aversões alimentares; Avaliar as capacidades do cliente para mastigar, engolir e sentir o paladar dos alimentos; Elaborar um programa de mudança comportamental, com participação do cliente, que seja apropriado às necessidades específicas. Ingestão da exigência nutricional diária, de acordo com seu nível de atividade e necessidades metabólicas. 1188 DISCUSSÃO Baseando-se na anamnese, achados clínicos, radiológicos, laboratoriais, prova de função pulmonar e resultado histopatológico a equipe médica responsável pelo doente em questão concluiu que o mesmo apresentou quadro clássico de pneumonite de hipersensibilidade. A partir de dados colhidos sabe-se que esta entidade clínica pode apresentar-se de forma aguda, subaguda ou crônica. O paciente enquadrou-se na forma crônica, com ausência de baqueteamento digital(3). Durante o período de hospitalização do sujeito do estudo foi possível observar nas anotações do prontuário e no ato da entrevista, os problemas que o mesmo já enfrentava, devido a PH tanto no âmbito social, familiar, como profissional e, assim, poder traçar uma assistência de qualidade para a preparação da alta do mesmo, já que pacientes que portam DPI –PH precisarão do auxílio do PAD. A assistência de enfermagem teve como papel principal encorajar esse paciente a se inserir moderadamente em atividades que não traga grandes riscos e que o mantenha confortável perante sua patologia. É de suma importância que a enfermagem trabalhe juntamente com esse paciente na busca de alternativas para que o mesmo não venha a ser acometido por outros problemas, melhorando, portanto, a qualidade de vida do paciente com PH(13). O conhecimento é, sem dúvida, um dos valores de grande importância para o agir profissional do enfermeiro uma vez que confere aos profissionais segurança na tomada de decisões relacionadas ao paciente, a sua equipe e às atividades administrativas da unidade. Isso se reflete na equipe de enfermagem, haja vista que esta tem o enfermeiro como condutor(14). A abordagem das doenças pulmonares intersticiais (DPIs) constitui um grande desafio para os profissionais da saúde em função do grande número de patologias encontradas nesse grupo, que podem envolver os pulmões de maneira primária ou secundária, com apresentação clínica, radiológica e histológica variada. Além disso, frequentemente o diagnóstico das DPIs acontece tardiamente, não apenas pelo desconhecimento do profissional em relação a diversos fatores, como epidemiologia, fisiopatologia e critérios para confirmação diagnóstica, mas também pela limitação dos recursos locais, o que muitas vezes interfere negativamente nas possibilidades terapêuticas(2). Neste estudo verificou-se que o paciente apresentou alterações respiratórias progressivas. Em decorrência do comprometimento da função pulmonar a maioria dos portadores de DPI, com o passar dos anos, apresenta várias limitações causadas pela doença, tornando-se menos ativos e dependentes de outras pessoas(3). A maioria dos pacientes apresenta agravamento gradual da função pulmonar com o passar do tempo, podendo referir episódios de agravamento funcional sem infecção ou outra causa clínica aparente. O sintoma mais comum relatado pelos pacientes é falta de ar. À medida que a doença evolui e os danos aos pulmões se tornam mais graves, o paciente pode sentir falta de ar com Qualidade de vida à pessoa com doença pulmonar intersticial: uma proposta da Enfermagem atividades físicas leves, como tomar banho, vestir-se, falar ao telefone e durante a alimentação(4). A relação mútua entre o sono e essas doenças foi poucas vezes estudada. Existem evidências de baixa qualidade de sono que se associam à baixa qualidade de vida nesses pacientes. Existe unanimidade pela alteração da arquitetura do sono, com redução da eficiência do sono, aumento proporcional do estágio 1, redução do sono REM com latência prolongada e maior número de despertares. A partir dessa limitação podem surgir outros problemas como a depressão, ansiedade, isolamento(15). A desnutrição é característica frequente em pacientes com doença pulmonar crônica, estando associada tanto com morbidade quanto mortalidade aumentadas nesses pacientes. Vários fatores contribuem para essa situação, como a diminuição na ingestão calórica por alteração na regulação do apetite, o desconforto causado pela dispneia relacionada com mediadores inflamatórios, que ainda induzem resistência à insulina e ao hormônio de crescimento. Os pacientes podem encontrar-se hipermetabólicos, em razão do aumento do trabalho respiratório. Idade, inatividade física, hipóxia e uso de medicamentos, principalmente os corticoides estão também relacionados com a perda de peso e a diminuição da massa magra, inclusive do músculo diafragma, levando à retenção de CO2(16). A tosse frequente, relatada pelo paciente, pode causar um impacto consideravelmente negativo na qualidade de vida, como exaustão física, insônia, perspiração excessiva, dor de cabeça, ver¬tigem, fadiga muscular, afonia ou disfonia, e incontinência urinária(17). Conjugar uma doença crônica com qualidade de vida tem sido desafio compartilhado entre alguns profissionais da saúde e pessoas que vivenciam a doença crônica e seus familiares. A preocupação com a qualidade de vida das pessoas em condição crônica de saúde tem sido constantemente explorada na literatura científica(18). Evidencia-se a necessidade de um maior comprometimento com a qualidade de vida dos indivíduos portadores de doenças crônicas, procurando estratégias que favoreçam um viver mais saudável. A PAD possibilita a desinstitucionalização de pacientes que se encontram internados nos serviços hospitalares, além de evitar hospitalizações desnecessárias a partir de serviços de pronto-atendimento e de apoiar as equipes de atenção básica no cuidado àqueles pacientes que necessitam (e se beneficiam) de atenção à saúde prestada no domicílio, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), em especial, acesso, acolhimento e humanização(19). Em relação à Enfermagem, o desenvolvimento do PAD surge como uma oportunidade para o aperfeiçoamento da profissão, colocando-a mais próxima do cliente e da comunidade, oferecendo-lhe a oportunidade de transformação no estilo de vida dos usuários e aproximando-a do cenário no qual se inicia o processo de saúde/doença(6). Após implementação de todas as intervenções mencionadas, ressalta-se que todos os resultados esperados foram alcançados, comprovando a importância de uma assistência RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1186-1190 1189 sistematizada. O plano de alta hospitalar contou com várias orientações ao paciente e seus familiares, para que houvesse continuidade dos cuidados instituídos no plano assistencial de enfermagem. CONCLUSÕES Podemos concluir com esse estudo que as DPI constituem patologias de difícil manejo para os profissionais da área de saúde, visto que podem envolver os pulmões de maneira primária ou secundária com apresentação clínica, radiológica e histológica variada. Além do mais o diagnóstico tende a ocorrer tardiamente, dificultando mais ainda a prestação da assistência ao paciente. As intervenções de enfermagem devem envolver não só o cliente, como a família, visto que, com o passar dos anos, os portadores passam a apresentar várias limitações, se tornando menos ativos e mais dependentes de outras pessoas. Perante o quadro clínico exposto, nota-se a importância do conhecimento do profissional de enfermagem sobre as DPIs e como prestar a devida assistência a estes pacientes para que os mesmos possam ter uma melhora nos sintomas apresentados e consequentemente uma melhor qualidade de vida. O PAD revela-se de grande relevância para uma assistência adequada ao cliente, uma vez que os cuidados tem continuidade em sua residência, promovendo a continuação do tratamento. A aplicação da SAE foi de suma importância para a elaboração de um plano de intervenções que visaram o atendimento individualizado e humanizado. REFERÊNCIAS 1.Andrade LZC, Chaves DBR, SilvaVM, Lopes MVO. Diagnósticos de enfermagem respiratórios para crianças com infecção respiratória aguda. Acta Paul Enferm. 2012; 25(5):713-20. 2.Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogna; 2011. 3.Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes de Doenças Pulmonares Intersticiais. 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ENFOQUE AO PAPANICOLAOU DURANTE O PRÉ-NATAL: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA REVISÃO NARRATIVA APPROACH TO PAPANICOLAU DURING PRENATAL: REFLECTIONS FROM A NARRATIVE REVIEW Artigo de Revisão Maria Weilany Silva Bezerra1 Mônica Cecília Pimentel de Melo2 RESUMO O objetivo foi discorrer sobre a relevância do Papanicolaou em gestantes, a partir de uma revisão narrativa da literatura. Estudo de atualização, com enfoque qualitativo, do tipo revisão narrativa, na qual, fundamentou-se em literaturas que contribuíssem para uma maior visibilidade do exame preventivo ginecológico durante o pré-natal. A literatura mostra que o exame de citologia é reconhecido como um método eficaz para o controle do câncer de colo uterino e que tal exame deve ser solicitado no pré natal com o objetivo de promover o diagnóstico precoce dessa neoplasia. Os profissionais de saúde devem estar atentos para não perder a oportunidade de solicitar e ressaltar a importância do exame citológico durante o período gestacional, pois essa ação permite uma maior garantia de promoção, prevenção e detecção precoce de agravos. Além disso, fazem-se necessários constantes investimentos em atividades educativas com o objetivo de sensibilizar as mulheres para a adesão ao exame. Palavras-chave: Gestantes; Saúde da Mulher; Teste de Papanicolaou; Cuidado Pré-Natal. ABSTRACT The goal was to address the relevance of Papanicolaou in pregnant women, from a narrative review of the literature. Update study with qualitative approach, the revision type narrative in which, was based on literature that contributes to a greater visibility of preventive gynecological examination during prenatal care. The literature shows that cytology examination is recognized as an effective method for the control of cervical cancer and that such a test should be requested in prenatal aiming to promote early diagnosis of this neoplasm. Healthcare 1 2 professionals should be alert to not miss the opportunity to apply for and highlight the importance of cytological examination during pregnancy because this action allows a greater guarantee of promotion, prevention and early detection of diseases. Moreover, they become necessary ongoing investments in educational activities aimed at sensitizing women to join the exam. Keywords: Pregnant Women; Women’s Health; Papanicolaou Test; Prenatal Care. INTRODUÇÃO A gestação pode ser considerada um fator de risco para a neoplasia da cérvix uterina, uma vez que gera um desequilíbrio na flora vaginal, favorecendo o desenvolvimento, tanto do Papiloma Vírus Humano (HPV), quanto de outros agentes infecciosos, porém a incidência não é alterada pela gestação. Ocorre que este câncer tem alta incidência de detecção na gravidez, devido à procura destas mulheres pelos serviços de saúde para a realização do pré-natal(1). Com o intuito de reduzir a morbimortalidade materna, com a garantia de um acompanhamento de qualidade para gestantes, o Ministério da Saúde implantou o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), instituído através das Portarias GM nº 569, GM nº 570, GM nº 571 e GM nº 572 de 1 de junho de dois mil, no qual, fundamenta-se no direito à humanização da assistência obstétrica e neonatal como condição inicial para o adequado acompanhamento do binômio mãe-filho(2-3). Nesse sentido, o PHPN afirma que garantir uma assistência adequada significa prevenir, diagnosticar e tratar os eventos indesejáveis na gestação, visando o bem-estar da gestante e Enfermeira. Pós-graduada em Saúde Pública pela Universidade Estácio de Sá. Enfermeira. Mestre em Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher pela UFBA. Doutoranda do Programa de Pós-graduação Educação em Ciências pela UFRGS/FURG/UFSM. Docente em Enfermagem em Saúde da Mulher e Gênero da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). E-mail: [email protected] Enfoque ao Papanicolaou durante o pré-natal: reflexões a partir de uma revisão narrativa RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1191-1195 1191 de seu concepto, bem como, atuar de forma efetiva nas intercorrências do parto e realizar orientações sobre os cuidados puerperais e imediatos com o neonato(4). A garantia de uma atenção qualificada e humanizada no pré-natal se dá por meio de ações que integrem todos os níveis da atenção, desde a assistência ambulatorial básica, ao atendimento hospitalar de alto risco. Dessa forma, o programa ainda destaca como principais ações a captação precoce das gestantes com realização da primeira consulta de pré-natal até 120 dias da gestação, com realização de no mínimo 6 consultas, incluindo anamnese e exame clínico-obstétrico e a solicitação de exames de rotina. Nesse ensejo, alguns exames complementares podem ser adicionados aos habituais, dentre eles, o exame de colpocitologia oncótica ou também denominado de preventivo ginecológico ou Papanicolaou(5). A solicitação do exame de citologia oncótica na oportunidade da consulta pré-natal se mostra com a finalidade de aproveitar a presença espontânea da mulher na unidade, pois muitas vezes, o pré-natal é o único momento em que a mesma frequenta o serviço de saúde5. Tal exame consiste em uma técnica de baixo custo e alto poder de prevenção e detecção precoce do câncer cérvico-uterino e suas lesões precursoras. Tendo em vista que o câncer de colo de útero possui um bom prognóstico, desde que diagnosticado e tratado precocemente, o pré-natal pode ser um aliado nas ações de promoção à saúde, num reforço de atenção integral à saúde feminina, através do rastreamento de mulheres para a realização do exame Papanicolaou. Diante desse pressuposto, levantou-se como objeto de estudo: valimento do Papanicolaou durante o pré-natal. Como questão de pesquisa considerou-se: qual a significância atribuída ao Papanicolaou no pré-natal à luz da literatura? Logo, apresentou-se como objetivo: discorrer sobre a relevância do Papanicolaou em gestantes, a partir de uma revisão narrativa da literatura. Nessa perspectiva, fica evidente que o desenvolvimento desse estudo é relevante para a diminuição do número de casos de câncer de colo do útero, pois se propõe a evidenciar ações de promoção à saúde e rastreamento desse tipo de câncer, como atividades integrantes do pré-natal, aproveitando para expandir um momento que seria de cuidados com a gestação, para um momento de cuidados com o corpo, na perspectiva da integralidade da saúde feminina. METODOLOGIA Estudo de atualização, com enfoque qualitativo, do tipo revisão narrativa, na qual, fundamentou-se em literaturas que contribuíssem para uma maior visibilidade do exame preventivo ginecológico durante o pré-natal. A seleção dos artigos deu-se a partir de leitura e reflexão sobre material bibliográfico que fundamentou o objeto desse estudo, analisados a partir de princípios articulados à detecção das afecções ginecológicas, às políticas de atenção à saúde das mulheres e às ações de promoção à saúde no pré-natal para prevenção do câncer de colo uterino. 1192 RESULTADOS E DISCUSSÕES Esse capítulo expõe a fundamentação da literatura dividida em três subcapítulos. 3.1 Papanicolaou e sua eficácia na detecção de afecções ginecológicas O câncer de colo uterino é o segundo tipo de tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, constituindo-se na quarta causa de morte em mulheres por câncer no Brasil. Esta neoplasia é responsável por 4.800 vítimas fatais por ano e 18.430 casos novos/ano. Embora tenha grandes possibilidades de cura é considerado um grande problema de saúde pública(6). Trata-se de uma doença com progressão lenta que apresenta fases pré-invasivas e benignas, caracterizadas por lesões conhecidas como Neoplasias Intra-epiteliais Cervicais (NIC) e fases invasivas, malignas, caracterizadas pela presença de uma lesão cervical que pode atingir os tecidos externos do colo do útero, incluindo as glândulas linfáticas anteriores ao sacro(7). O carcinoma da cérvice uterina, conhecido como câncer de colo uterino possui aspectos epidemiológicos, etiológicos e evolutivos bem definidos para sua detecção. Estima-se que em 80% dos casos podem ser tratados no ambulatório e, quando diagnosticado precocemente, a probabilidade de cura é de quase 100%(8). Nesse sentido, a melhor forma de chegar a essas possibilidades de cura do câncer de colo uterino é através das estratégias para a prevenção, podendo ser utilizada a forma de prevenção primária que consiste no uso dos condons femininos e masculinos durante as relações sexuais, tendo em vista que a infecção pelo HPV é a principal causa do câncer de colo de útero, pois este se encontra presente em 90% dos casos da doença. Já a prevenção secundária é realizada por meio do exame preventivo ou Papanicolaou para a detecção precoce da doença(9). As estratégias de prevenção secundária ao câncer de colo do útero consistem no diagnóstico precoce das lesões de colo uterino antes que estas se tornem invasivas. É realizada a partir de técnicas de rastreamento ou screening, dentre elas, as mais conhecidas são a citologia oncótica ou Papanicolaou, colposcopia, cervicografia e, mais recentemente, os testes de detecção do DNA do Papiloma Vírus Humano em esfregaços citológicos. No entanto, o exame preventivo é considerado o mais efetivo e eficiente dentre os métodos de detecção utilizados nos programas de rastreamento do câncer de colo de útero(10). Nesse contexto, o exame de citologia oncótica é uma das estratégias públicas mais seguras, de baixo custo e alta sensibilidade para detecção precoce dessa neoplasia. Os programas de rastreamento ou screening sistemático da população feminina por meio do exame citopatológico ou Papanicolaou é considerado um marco, alcançado para a prevenção dessa neoplasia, devido à capacidade de detectar precocemente anormalidades celulares, que resulta na redução da incidência e da mortalidade pela doença(11). O Papanicolaou é disponibilizado nas estratégias saúde da família com o intuito de garantir à promoção na saúde da mulher e com o objetivo de detectar precocemente as afecções ginecológicas. De acordo com o Ministério da Saúde10, o exame deve ser oferecido anualmente às mulheres entre 25 e 64 anos, ou que já iniciaram a atividade sexual antes dessa faixa etária, sendo que após duas coletas anuais negativas para displasia ou neoplasia a mulher pode realizar o exame a cada três anos. O preventivo ginecológico é reconhecido como um método eficaz para o controle do câncer de colo uterino. No entanto, apesar de todos os esforços realizados na tentativa de prevenir essa doença, as ações voltadas para prevenção têm-se mostrado ineficazes no que diz respeito ao número de coletas do citopatológico, ao aumento da morbidade pela doença e, principalmente, a escassez de ações voltadas para a educação em saúde, em que o controle do câncer depende essencialmente de ações voltadas para promoção da saúde, proteção específica e diagnóstico precoce. O fato da incidência por esse câncer se manter quase inalterado pode ser explicado por diversos fatores como: a dificuldade das mulheres no acesso aos serviços de saúde para a realização do exame de Papanicolaou, a falta de oportunidade que a mulher tem para conversar a respeito de si e da sua sexualidade, bem como, o desconhecimento sobre a doença somado aos tabus e às ideias preconceituosas sobre o corpo feminino(12). Assim, o profissional de saúde, ao realizar o preventivo, precisa perceber que a mulher, quando submetida ao exame, leva consigo mais do que um corpo. Ela leva sua história, seus valores, seus sentimentos, suas angústias, suas vivências, seus medos, seu conhecimento e o seu desconhecimento. Portanto, a vivência de um procedimento, que pode parecer simples e comum na ótica dos profissionais, para muitas mulheres pode ser uma experiência difícil e constrangedora(13). Desse modo, é de responsabilidade dos profissionais de saúde, na realização do preventivo, esclarecer dúvidas, proporcionar um ambiente confortável, livre de julgamentos morais, com o intuito de sensibilizar as mulheres para importância da realização periódica do Papanicolaou, pois essa prática promove o diagnóstico precoce do câncer de colo de útero, possibilitando o tratamento em fase inicial, e consequentemente, a diminuição da morbimortalidade feminina(13-14). 3.2 Papanicolaou em gestantes sob o enfoque das políticas de atenção à saúde da mulher No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, tendo enfoque apenas nas questões relativas ao período gestacional e ao pós-parto, constituindo-se em uma forma limitada de assistência a saúde, baseada apenas nas especificidades biológicas e no papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, educação e cuidado com a saúde dos filhos e demais membros familiares(15). Nesse sentido, com o intuito de garantir assistência à saúde da mulher em todo ciclo vital foi criado em 1984 o Programa de Enfoque ao Papanicolaou durante o pré-natal: reflexões a partir de uma revisão narrativa Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que propunha o cuidado ampliado da saúde feminina, tanto no ciclo gravídico, quanto puerperal, destacando-se a prevenção dos cânceres do colo de útero e de mama(16). Ainda no tocante as políticas de atenção à saúde da mulher o Instituto Nacional do Câncer (INCA) implantou em 1997, no Brasil, o Programa de Prevenção de Câncer de Colo Uterino, denominado Viva Mulher, o qual consiste no rastreamento anual para o carcinoma da cérvix uterina através do teste de Papanicolaou. Em 2001, o controle do câncer de colo uterino foi incluído como uma das atividades inerentes à área da Saúde da Mulher, definida como uma estratégia a ser desenvolvida na atenção primária(17). Após a análise da situação de saúde no país, em 2005, foi criado um Plano de Ação para o Controle dos Cânceres de Colo e de Mama, fundamentado no aumento da cobertura da população-alvo e no fortalecimento do sistema de informação, bem como, na capacitação dos profissionais da atenção primária para a garantia da qualidade da assistência e do aumento de pesquisas referentes a essas neoplasias(17). No tocante as ações das políticas públicas de saúde de prevenção do câncer de colo uterino em gestantes, o Ministério da Saúde10 afirma que o exame deve ser realizado na gravidez com o intuito de aproveitar a presença da mulher no pré-natal. O Papanicolaou pode ser feito em qualquer fase do período gestacional, preferencialmente, até o 7º mês de gestação, no entanto, o material deve ser coletado apenas da ectocérvice, com a espátula de Ayres(10). Portanto, a gravidez pode ser considerada um fator de risco para o câncer de colo uterino devido a um aumento na vulnerabilidade ao HPV e a outros agentes infecciosos. Este aumento na incidência pode ser explicado pela baixa imunidade celular ou pela modificação dos hormônios esteróides durante a gestação18. Assim, justifica-se a necessidade da inserção cuidadosa pelos profissionais de saúde na solicitação do preventivo durante o pré-natal, com o objetivo de promover o diagnóstico e o tratamento dessa neoplasia, bem como reduzir os riscos maternos e fetais(5). As lesões pelo HPV podem atingir grandes proporções maternas, devido a um aumento na vascularização do tecido ou alterações hormonais e imunológicas que ocorrem nesse período, causando riscos para a mãe e para o feto. A via de transmissão transplacentária ainda é algo controverso, mas sabe-se que os tipos 6 e 11 do HPV, podem causar no recém-nascido a papilomatose laringeal, que apesar de ser uma condição rara, não se pode negligenciar essa possibilidade. O principal risco materno apontado na literatura é a obstrução do canal de parto vaginal que pode ocasionar sangramento excessivo, sendo, nesses casos, indicado a via cesariana(19). No entanto, apesar de todas as tentativas, políticas e ações voltadas para prevenção primária e detecção precoce de agravos, as estratégias utilizadas para a prevenção e o controle de neoplasias e agravos não transmissíveis, ainda constitui-se em um grande desafio para os países em desenvolvimento, tendo RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1191-1195 1193 em vista o grande impacto que os cânceres causam na saúde pública. 3.3 Ações do pré-natal na prevenção do câncer de colo uterino Atenção básica caracteriza-se por desenvolver ações que abordam a promoção, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação da saúde. Essas ações são realizadas através de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, contando com uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, dirigidas a populações de territórios bem definidos, considerando as especificidades da população, a fim de interferir no processo saúde-doença(20). A Estratégia Saúde da Família, enquanto eixo estruturante da atenção básica desenvolve, dentre as suas ações de atenção à saúde da mulher, o cuidado no ciclo gravídico-puerperal, através do pré-natal. O pré-natal, enquanto subprograma do PAISM está presente nas unidades básicas de saúde e almeja o acompanhamento de gestantes desde o início da gravidez, visando o cuidado integral da mãe e do seu concepto, prevenindo problemas que podem afetar ambos durante todo período gestacional. Esses cuidados são essenciais para promover o bem-estar materno e neonatal(21). Desse modo, as atividades de prevenção devem ser desenvolvidas aproveitando as oportunidades dos indivíduos de comparecem nas unidades de saúde. O atendimento da mulher no pré-natal é um momento especial e nele devem ser asseguradas as ações e as atividades de promoção e proteção, tanto da saúde da mulher, como da saúde do filho. Nesse sentido, o exame Papanicolaou deve ser solicitado já nas primeiras consultas de pré-natal, tendo em vista que o diagnóstico do carcinoma do colo uterino é frequente no período gestacional(22). As gestantes apresentam chance três vezes maior de serem diagnosticadas como portadoras de lesões em estádio inicial do câncer de colo, visto que nesse período os exames vaginais são mais frequentes. Ocorre ainda, que grande parte dessas lesões é assintomática e seu diagnóstico quase sempre ocorre em consultas de pré-natal(1). Dos diagnósticos de câncer de colo uterino durante a gravidez 70% a 80% apresentam lesões no estádio I, enquanto que fora do período gestacional, apenas 42% dos diagnósticos são realizados neste estádio(1). Assim, a gravidez representa uma excelente oportunidade para prevenção do câncer de colo uterino, devendo o exame citopatólogico fazer parte das ações complementares da rotina do pré-natal. Esses cuidados devem ser vistos, muitas vezes, como o único contato que uma mulher, em idade reprodutiva, tem com o serviço de saúde. Visto que o câncer de colo uterino é uma das neoplasias mais frequentes durante a vida reprodutiva, é relevante aproveitar a consulta pré-natal para o diagnóstico de suas lesões precursoras, de tal forma que cabe ao profissional de saúde solicitar o exame preventivo logo nas primeiras consultas do pré-natal, garantindo o acompanhamento nas consultas subsequentes, a fim de facilitar o tratamento, caso seja necessário(23-10). 1194 No entanto, apesar da relevância da estratégia saúde da família para a diminuição do câncer de colo uterino, o estudo de Gonçalves et al. (2009)(23) mostra que a oportunidade de prevenção dessa neoplasia não está sendo aproveitada em sua totalidade nas consultas de pré-natal, fato este, que pode comprometer a saúde das gestantes. Nesse sentido, vale ressaltar que apenas a procura por livre demanda das mulheres à unidade de saúde não é suficiente para uma boa cobertura do exame Papanicolalou. É indispensável que os profissionais de saúde realizem atividades educativas constantes, aproveitando melhor a presença delas em diversas ocasiões, a fim de promover o vínculo da mulher com o profissional(24). CONSIDERAÇÕES FINAIS A literatura aponta que apesar do câncer de colo de útero ter grande incidência e morbimortalidade, ele pode ser prevenido e tratado, quando diagnosticado precocemente, possuindo 100% de cura. Destarte, torna-se evidente a necessidade de promover medidas que visem a sensibilização das mulheres para a prevenção primária da doença que consiste no uso de preservativos, já que o Papiloma Vírus Humano (HPV) é o principal responsável pela transmissão dessa neoplasia, e na prevenção secundária que é baseada na divulgação, estimulação e adesão ao exame Papanicolaou, no qual, trata-se de um exame simples, rápido e eficaz na detecção da doença. Atualmente, diversos investimentos têm sido realizados com o intuito de garantir uma assistência mais integral à saúde feminina. No entanto, percebeu-se que apesar de todas as políticas e programas criados para saúde da mulher, na prevenção e detecção precoce do câncer de colo de útero, essa neoplasia ainda consiste em um grande desafio para a saúde pública, tendo em vista o impacto que a mesma causa no processo saúde-doença das mulheres de países em desenvolvimento. No tocante a prevenção do câncer de colo de útero no pré natal, a literatura mostrou que a Estratégia Saúde da Família constitui-se em uma grande aliada para a detecção precoce dessa neoplasia, pois o pré natal, muitas vezes, é o único momento em que a mulher procura os serviços de saúde regularmente, principalmente, pela postura de assumir os cuidados com o feto em detrimento dos seus próprios cuidados. Nesse ensejo, os profissionais de saúde devem estar atentos para não perder a oportunidade de solicitar e ressaltar a importância do exame citológico durante o período gestacional, pois essa ação permite uma maior garantia de promoção, prevenção e detecção precoce de agravos. Além disso, fazem-se necessárias atuações profissionais em atividades educativas com o objetivo de sensibilizar as mulheres para a adesão ao exame. REFERÊNCIAS 1. Novais TGG, Laganá MTC. Epidemiologia do câncer de colo uterino em mulheres gestantes usuárias de um serviço de pré–natal público. Saúde Coletiva. 2009 Jan-Fev;6(27)7-13. [acesso em 2013 Ago 10]. Disponível em: http://www. redalyc.org/pdf/842/84212434003.pdf. 2. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Políticas de Saúde. Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento. Brasília (DF): MS; 2000. 3. Serruya SJ, Cecatti JGL, Lago TG. Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento do Ministério da Saúde no Brasil: resultados iniciais. Cad. 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Profis., 2014; 6(1): 1191-1195 1195 A FAMÍLIA NO CUIDADO À PESSOA COM TRANSTORNO MENTAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA* THE FAMILY ROLE IN THE CARE OF THE PERSON WITH MENTAL DISORDER: AN INTEGRATIVE REVIEW Artigo de Revisão Eliany Nazaré Oliveira1 Suzana Mara Cordeiro Eloia2 Danyela dos Santos Lima2 Sara Cordeiro Eloia3 Tamires Alexandre Felix3 Maristela Inês Osawa Vasconcelos4 RESUMO Estudo teve como objetivo analisar publicações científicas que abordam o envolvimento da família no cuidado ás pessoas com transtorno mental. A busca do material se deu na BVS, LILACS, BDENF, MEDLINE, e SCIELO. A análise das publicações selecionadas permitiu a identificação de três categorias: O papel da família no cuidado com o portador de transtorno mental, dificuldades e limitações da família no enfrentamento da doença e as necessidades da família que convive com a pessoa que apresenta transtorno mental. A família do portador de transtorno mental se apresenta inserida em um cenário de grande sofrimento psíquico e subjetivo que atinge todos seus membros. São muitos os familiares que deixam suas atividades de lazer, perdem a vida social e fazem outras grandes renúncias para prestar o cuidado ao ente querido doente. Torna-se clara a necessidade de se intervir não apenas no portador de transtorno mental, mas também cuidar da família. Palavras-chave: Relações Familiares; Saúde Mental; Assistência à Saúde. ABSTRACT This study aimed to analyze scientific publications which revolve around the family involvement in the care of people with mental disorders. The search for material took place at BVS, LILACS, BDENF, MEDLINE and SCIELO. The analysis of the selected publications allowed the identification of three categories: the family role in the care of the those with mental disorders, difficulties and limitations of the family in the facing of the disease and the family needs that lives with a person who shows mental disorder. The family of the person who has mental disorder is inserted in a setting of great psychic and subjective suffering, which reaches all its members. There are plenty of family members who give up their leisure activities, lose their social lives and resign to other big things in order to take care of their beloved sick relative. The need for for an intervention not only in the person who carries the disorder, but also in the family, is thus clear. Keywords: Family Members; Mental Health; Health Care. INTRODUÇÃO As transformações no campo da assistência à saúde mental, implementadas pela Lei da Reforma Psiquiátrica, que passou a priorizar o modelo de atenção comunitária em oposição ao modelo hospitalocêntrico, vêm provocando mudanças no perfil da população atendida, bem como nas modalidades de cuidado1. Pode-se afirmar que uma das transformações relevantes no contexto apresentado seja a inclusão da família no tratamento do indivíduo com transtorno mental, sendo co-responsável *Pesquisa subvencionada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP, a partir do Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa e Estímulo à Interiorização – BPI. Processo nº 031-115.02.001/10 – Edital 02/2011 1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). 2 Discente de Enfermagem pela UVA. Bolsista do Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa e Estímulo à Interiorização da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 3 Enfermeira. Mestranda em Saúde da Família pela UFC. 4 Enfermeira. Doutora pela UFC. Docente do Curso de Enfermagem e Diretora do Centro de Ciências da Saúde da UVA. 1196 pelos cuidados no domicílio e que permita a interação com os serviços substitutivos em saúde mental. A família se configura um laço fundamental entre o seu familiar com transtorno mental e os serviços de saúde. Os diferentes dispositivos de atenção e os trabalhadores da saúde devem valorizar a experiência, o conhecimento, os recursos utilizados pelas famílias, bem como interagir com elas, oferecendo-lhe suporte terapêutico, desenvolvendo junto a estas formas de manejo mais adequadas para o cuidado(2). Diante do exposto, se torna claro a importância da família no cuidado à pessoa com transtorno mental, mas, apesar disso, ela não tem recebido a devida atenção pelas políticas públicas de saúde mental(3). Brasil(4) discute a necessidade de criação de políticas intersetoriais e de potencialização de ações que garantam o atendimento, a capacitação, a informação, o suporte às famílias e aos cuidadores dos usuários, mediante o envolvimento de todos os atores no processo terapêutico e o acolhimento na rede de serviços de saúde mental e nos diferentes serviços que compõem a rede. Considera-se que a convivência da família com a pessoa com transtorno mental nem sempre é harmoniosa. Algumas vezes é permeada por tensões e conflitos, nesse espaço familiar em que as emoções são mais facilmente expressas. Essa, como grupo de convivência, exige dos sujeitos o respeito à individualidade, pois apesar das pessoas habitarem a mesma casa, há uma diversidade de formas de ser e estar no mundo, uma vez que elas pensam, interpretam os fatos e se comportam de forma diferente(5). Nas últimas décadas as ciências realizaram estudos acerca dos avanços na política de saúde mental, mas pouco se discutiu sobre a convivência e rotina da família de pessoas com transtorno mental, como ocorre o enfrentamento das dificuldades e os esforços para partilhar as responsabilidades. Neste sentido, este estudo teve como objetivo analisar publicações científicas que abordam o envolvimento da família no cuidado a pessoa com transtorno mental, face às transformações paradigmáticas que estão a orientar este campo da saúde mental. METODOLOGIA Para o alcance do objetivo, selecionou-se como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura. Este método possibilita a síntese e análise do conhecimento produzido acerca da temática investigada, constituindo-se em uma técnica com rigor metodológico, aumentando a confiabilidade e a profundidade das conclusões da revisão(6). Na operacionalização foram percorridas seis etapas distintas: seleção da questão temática, busca na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa, interpretação dos resultados e a síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da revisão(7). A questão direcionadora desta revisão integrativa foi: qual o conhecimento científico produzido sobre a participação da família nos cuidados à pessoa com transtorno mental, no paradigma da reabilitação psicossocial?. A família no cuidado à pessoa com transtorno mental: uma revisão integrativa Para a identificação do objeto de estudo na literatura, realizou-se a busca de estudos junto à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) acessando as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Medical Literature Analysisand Retrieval System On-Line (MEDLINE), e portal Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). A seleção dos artigos ocorreu no mês de outubro de 2013, a partir dos descritores: família, saúde mental e transtorno mental, associados pelo operador booleano “and”. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em periódicos indexados nas bases eletrônicas citadas acima, disponíveis em textos completos, escritos em português, sem recorte temporal e que discutisse o objetivo da investigação. A seleção das publicações foi realizada partindo-se da leitura criteriosa de cada título e resumo, para confirmar se eles contemplavam a pergunta norteadora desta investigação e se atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. Dessa forma, foram identificados 134 estudos na base de dados LILACS, BDENF e MEDLINE que após uma análise minuciosa, 14 se adequavam aos critérios de inclusão. No portal SCIELO localizou-se 42 estudos, no entanto, apenas 8 artigos discutiam o objetivo desta pesquisa. Entre os artigos selecionados, 7 (sete) se repetiam entre as bases LILACS e SCIELO, e para a inclusão foi considerado o artigo encontrado na base de dados de maior produção. Desse modo, a amostra final se constituiu em 15 (quinze) estudos. Em seguida, foi realizada a análise da amostra em duas etapas. Na primeira etapa, foram identificadas as informações a partir de um formulário elaborado pelos autores com as variáveis: título da pesquisa, periódico, ano de publicação, objetivos e contribuições dos estudos. Na segunda, ocorreu a análise e interpretação dos resultados e foram sintetizados por similaridade de conteúdo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 15 artigos selecionados, 11 foram elaborados por pesquisadores da área de enfermagem, enquanto os demais artigos foram elaborados por outros profissionais, como psicólogos, médicos e terapeutas ocupacionais. Entre os periódicos de publicação, destacaram-se a Revista da Escola de Enfermagem da USP (cinco artigos) e a Revista Texto & Contexto Enfermagem (três artigos). Quanto ao ano de publicação, houve certa variedade na distribuição dos artigos, porém o ano de 2011 se destaca com 5 (cinco) publicações, referindo-se à família como principal objeto de estudo. Quanto ao local de realização dos estudos, sobressaíram os estados de Paraná (quatro artigos), seguido de São Paulo (três artigos). Com relação aos objetivos propostos, a maioria dos estudos abordou a dinâmica familiar, convivência e rotina da família com o portador de transtorno mental, as dificuldades enfrentadas, bem com, as necessidades que a mesma possui para fornecer cuidado á pessoa com transtorno mental. RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1196-1202 1197 Quadro 1 – Apresentação dos artigos segundo identificação, objetivos e contribuições do estudo. Sobral, Ceará, Brasil, 2013. Título do Artigo/ Nome do Periódico/ Ano de publicação Objetivos do Estudo Contribuições do Estudo Transtorno mental: dificuldades enfrentadas pela família/ Revista da Escola de Enfermagem da USP/ 2003. Identificar as dificuldades sentidas pela família no convívio com o doente mental. Apresentou as dificuldades da família como desafios para os profissionais da área de saúde mental, revelando possibilidades de atuação a partir das práticas renovadas de assistência e suporte à família do doente mental. Família e doença mental: a difícil convivência com a diferença/ Revista da Escola de Enfermagem da USP/ 2004. Identificar as representações sociais construídas por familiares acerca do fenômeno saúde-doença mental. Revelou a falta de conhecimento pleno sobre a doença mental por parte dos familiares do portador de transtorno mental, o que dificulta o enfrentamento da doença e a aceitação da realidade. Famílias na rede de saúde mental: um breve estudo esquizoanalítico/ Psicologia em Estudo/ 2006. Estudar a dinâmica de funcionamento das famílias de portadores de transtorno mental, e identificar as necessidades vivenciadas pelas mesmas. Permitiu a análise da interação familiar do portador de transtorno mental com a realidade em que estão inseridos, identificando as necessidades presentes nesse contexto. A família do portador de transtorno mental: identificando recursos adaptativos/ Texto & Contexto Enfermagem/ 2008. Compreender o significado de vivenciar a doença mental na família com vista a identificar as necessidades e os recursos adaptativos da mesma. Cooperou para que fossem averiguadas as necessidades da família das pessoas com transtorno mental identificando os seus recursos adaptativos. Familiares de portadores de transtorno mental: vivenciando o cuidado em um Centro de Atenção Psicossocial/ Revista da Escola de Enfermagem da USP/ 2009. Apreender como os familiares de portadores de transtorno mental têm convivido com um serviço de saúde mental. Apresentou a importância da família no acompanhamento do portador de sofrimento psíquico, as formas de lidar com o adoecimento e a rejeição dentro da própria família e da sociedade. Familiares de usuários vivenciando a transformação do modelo assistencial psiquiátrico/ Estudos de Psicologia/ 2009. Discutir a opinião dos familiares de usuários da Associação Arte e Convívio, Botucatu-SP, Brasil, sobre aspectos relacionados à sua realidade e à convivência com o transtorno mental. Mostrou as dificuldades vivenciadas por familiares de portadores de transtornos mentais graves, tratadas nos serviços substitutivos, quanto à falta de auxilio econômico, emocional, político e social, no tratamento do familiar doente. A família e o portador de transtorno mental: dinâmica e sua relação familiar/ Revista da Escola de Enfermagem da USP/ 2011. Conhecer o papel da família em relação ao portador de transtorno mental e sua percepção quanto à doença e o tratamento. Discutiu o papel da família e as necessidades em compartilhar experiências do relacionamento com o doente familiar e nas descobertas de estratégias de enfrentamento. Convivência e rotina da família atendida em CAPS/ Ciência e Cuidado em Saúde/ 2011. Descrever a convivência das famílias de pessoas com transtornos mentais, destacando as alterações decorrentes desta, quando o paciente está em crise. Apresentou as dificuldades de convívio com o portador de transtorno mental e fez sugestões quanto ao atendimento do CAPS para a melhoria de comportamentos problemáticos. Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica/Revista da Escola de Enfermagem da USP/ 2011. Compreender o cotidiano da família de portadores de transtornos mentais e identificar o atendimento oferecido a esses familiares nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Discutiu a importância de ter a família incluída no processo de cuidado, e a necessidade do preparo de profissionais para suprir as necessidades das pessoas que frequentam esse serviço. Crianças e jovens autistas: impacto na dinâmica familiar e pessoal de seus pais/ Revista de Psiquiatria Clínica/ 2011. Identificar as necessidades dos pais de crianças/jovens com autismo relacionando-as com funcionalidade, familiar, estado emocional e a satisfação com a vida. Contribuiu para compreensão das necessidades de cunho social educativa e de saúde específicas das famílias de crianças/jovens com autismo e o impacto destas na vida das mesmas. O significado de ser familiar cuidador do portador do transtorno mental/ Texto & Contexto Enfermagem/ 2011. Compreender os significados de ser familiar cuidador do paciente portador de transtorno mental. Trouxe a teoria do ‘Tornar-se Humano’ com o familiar cuidador do portador de transtorno mental, a partir da coparticipação do enfermeiro na busca de uma melhor qualidade de vida. O apoio familiar na perspectiva do paciente em reinternação psiquiátrica: um estudo qualitativo/ Interface: Comunicação, Saúde, Educação/ 2012. Investigar a percepção do envolvimento familiar nos cuidados ao paciente, no paradigma da reabilitação psicossocial. Reconheceu a importância do apoio em termos práticos e afetivos aos familiares do portador de transtorno mental , e a necessidade desta ser incluída em intervenções de promoção da saúde no serviço de atenção a saúde Mental. 1198 O portador de transtorno mental e a vida em família/ Escola Anna Nery/ 2012. Revelar, na ótica do familiar, a participação do portador de transtorno mental na vida em família. Discutiu a percepção da família quanto à participação do portador de transtorno mental no contexto familiar. E enfatizou a importância do enfermeiro ao orientar e apoiar a família em suas necessidades. Aceitação da pessoa com transtorno mental na perspectiva dos familiares/ Revista Gaúcha de Enfermagem/ 2013. Identificar a percepção dos familiares quanto aceitação da pessoa com transtorno mental dentro família e da comunidade. Concluiu que a falta de compreensão do transtorno metal dificulta a aceitação social e intrafamiliar, sendo de grande relevância a orientação dos profissionais de saúde quanto a doença. Família da pessoa com transtorno mental e suas necessidades na assistência psiquiátrica/ Texto & Contexto Enfermagem/ 2013. Conhecer as necessidades da família cuidadora de uma pessoa com transtorno mental no atual modelo de atenção em saúde. Discutiu sobre as necessidades da família do portador de transtorno mental e as consideráveis lacunas nos serviços da rede de saúde mental quanto à ajuda a esse familiar. A análise das publicações selecionadas permitiu a identificação de três categorias: ‘O papel da família no cuidado com o portador de transtorno mental’, ‘Dificuldades e limitações da família no enfrentamento da doença’ e as ‘Necessidades da família que convive com a pessoa que apresenta transtorno mental’. O Papel Da Família No Cuidado Com O Portador De Transtorno Mental Foi objetivo desta temática abordar o papel da família que passou a ser considerada como um dos principais eixos das políticas sociais, sendo chamada a assumir responsabilidades que, até então, eram de incumbência do Estado, tal como o cuidado com o portador de transtorno mental(8). A literatura traz a concepção de família como unidade primária de cuidados, sentido de segurança, espaço de interação, troca de informações e da identificação de dificuldades(9). Nesta concepção, observou-se o quanto é significativo o papel da família no cuidado ao doente mental, devendo se constituir de um suporte seguro e confiável na qual seus integrantes buscam apoio. Nos estudos encontrados, a família identifica dentre os principais cuidados, a necessidade de estar presente, ter atitudes de zelo, proteção, afeto e compreensão. Além disso, destaca a importância de instrumentalizar-se, de buscar conhecer a si mesmo, desenvolver estratégias para enfrentar as situações adversas e trabalhar seus anseios, como também conhecer o transtorno mental, os sintomas e as possíveis limitações que ele impõe ao familiar que adoeceu(9-10). Espera-se que a família assuma o papel de cuidadora, nos momentos de doença quanto de saúde de seus integrantes, ao almejar o alcance do equilíbrio e o bem-estar deles. Dessa forma, a família assume a função de assistir os seus membros, atender às suas necessidades e prover meios adequados de crescimento e desenvolvimento(11). A contribuição da família no cuidado também é reconhecida e valorizada pela pessoa com transtorno mental como foi encontrado nos estudos de Machado e Santos(1). Nesta pesquisa, os portadores de transtorno mental salientaram o suporte familiar de que dispõem, seja no que se refere ao apoio e auxílio recebidos, seja quanto às questões práticas ou afetivas suscitadas pela convivência cotidiana. Além disso, a família, ao partilhar espaços e valores, pode propiciar uma ampliação da rede de sociabilidade e suporte afetivo para o usuário, oferecendo A família no cuidado à pessoa com transtorno mental: uma revisão integrativa um meio fundamental de inserção social(12-13). Nessa vertente, pesquisas mostram que há relação direta entre suporte familiar ou relações familiares harmoniosas, estabilidade do quadro e menor número de internações(14-15). Enquanto se reconhece o papel da família na reabilitação psicossocial do usuário, bem como sua função de provedor do cuidado no contexto da desinstitucionalização, depreende-se a necessidade de que o apoio à família constitua uma das diretrizes das intervenções elaboradas no Projeto Terapêutico Individual – PTI(16-17). Nessa perspectiva, uma rede social ampla e resolutiva, de preparo, acolhimento, apoio e orientação por parte dos profissionais pode contribuir para que a família assuma o seu papel de provedora de cuidado e se torne capaz de resolver os problemas do viver cotidiano(18-19). Dificuldades e Limitações da Família no Enfrentamento da Doença Desde a implementação da reforma psiquiátrica, a família é considerada indispensável para o cuidado e entendida como um grupo de grande potencial de acolhimento e ressocialização destas pessoas20. No entanto, para se efetivar o princípio de a família ser base do cuidado em saúde mental, é importante reconhecer as dificuldades advindas da convivência com o transtorno mental. Nesta perspectiva, pretendeu-se discutir as dificuldades sentidas pela família em seu convívio com o doente mental identificadas nas publicações que fomentaram esta revisão integrativa. Em dois dos estudos(21-22), foram discutidos a figura da família que ainda tem muitas dificuldades em aceitar e entender o transtorno mental, talvez pelo fato de não ser uma doença visível e não ter exames específicos para o diagnóstico da mesma. Essa dificuldade em aceitar a doença, leva a família a carregar por anos a culpa pela patologia do familiar e junto com ela a esperança da cura, sendo essa esperada de várias formas, com a continuidade do tratamento, através da fé religiosa, pela espiritualidade, dentre outras formas(21). Outras publicações(19,23-24) discutiram os conflitos, as limitações no convívio social e a difícil convivência causada pelo transtorno mental. A convivência é marcada por um sentimento de insegurança e desconforto diante da imprevisibilidade das ações do doente mental, ao conviver com a expectativa de que algo súbito possa acontecer a qualquer momento. Um dos momentos críticos que a família vivencia é o de crise, pois os fami- RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1196-1202 1199 liares revelam a angústia de não saber o que fazer para que a crise acabe, e a vida volte ao normal. Afinal, o momento da crise muda toda uma rotina que é própria da casa. Alguns familiares relatam a não participação da vida social depois da doença. Constata-se que os familiares, além das dificuldades de participar das atividades sociais e de lazer, às vezes, por cuidado com a pessoa com transtorno mental, também se sentem excluídos das relações sociais, muitas vezes não recebendo mais convites para eventos sociais, tendo os vizinhos, amigos e parentes afastados. Neste sentido, percebe-se que dentre as diversas demandas apresentadas pelos familiares na convivência com a pessoa com transtorno mental, está à dificuldade em lidar com o isolamento social a que ficam sujeitos(23). Outra dificuldade que a família encontra no seu cotidiano está relacionada com o serviço de saúde não especializado. Familiares entrevistados referem que há despreparo, por parte da equipe de saúde, para atendê-los e ao seu familiar com transtorno mental(21). Mesmo diante de tantas dificuldades, é necessário que o familiar saiba reconhecer seus limites para também não ficar doente. Ele deve fazer o possível diante de situações adversas, mas não deve se sobrecarregar na resolução destes problemas. Necessidades da Família que Convive com a Pessoa com Transtorno Mental Como já discutido, a família que vivencia o cuidado da pessoa portadora de transtorno mental é cercada por dificuldades e limitações, e sabe-se que esses aspectos geram também muitas necessidades. Por isso essa categoria teve por objetivo abordar as necessidades específicas desse tipo de família, identificadas nos artigos estudados. Na leitura dos estudos pôde-se perceber que as necessidades encontradas não se fundamentaram somente na família e/ ou cuidador isoladamente, mas nas necessidades que eles possuíam em prestar o cuidado ao familiar doente, as quais se apresentaram interligadas entre si e diretamente associadas às necessidades do próprio paciente, as dificuldades vivenciadas, tal como ao papel desempenhado pela família no processo do cuidado. Quanto ao tipo de transtorno discutido por eles, foi observado que um estudo25 se focou na família de crianças e jovens com autismo, outro26 discutiu sobre a família de pessoas com depressão, esquizofrenia e manias, e os outros dois(27-28) foram mais generalistas quanto aos tipos de transtornos mentais, o que permitiu a visualização mais ampla e geral quanto a necessidades dessas famílias. Dentre as necessidades identificadas, listam-se: a necessidade de orientação referente a crise, o transtorno mental, e os cuidados específicos requeridos, os serviços médicos e de segurança ao qual o paciente poderia se beneficiar, tal como as possíveis soluções dos problemas enfrentados durante o cuidado cotidiano(26,28). Estudo(26) relata que a carência de informações qualificadas aos familiares sobre a doença e o tratamento, tem sido um dos fatores que mais tem dificultado o manejo e o cuidado prestado aos indivíduos com transtornos 1200 mentais. Muitas vezes, o que mais aflige a família é pequenas coisas, resolúveis mediante simples orientações, as quais, depois de realizadas, deixam a família mais tranquila e aliviada28. A adaptação da rotina domiciliar após o diagnóstico do transtorno mental foi outra necessidade apontada. O advento da doença faz com que a família do paciente com transtorno mental lide com muitas alterações em todo seu cotidiano. Dentre essas alterações, podem ser citadas: mudanças na convivência familiar, mudança da rotina do sono, alimentação e humores, prejuízos no trabalho, dificuldades financeiras, sobrecarga física e mental, e/ou até mesmo alteração da ocupação dos cômodos da casa para deixar um quarto somente para o membro doente, disponibilizando um espaço inexistente no domicilio(26-27). Este tipo de adaptação também é dificultada pela falta de orientação que a família deve receber como uma forma de preparação para tais mudanças. A necessidade de vínculo entre o profissional da saúde, família e paciente também se apresentou relevante(26-28), pois somente uma relação de confiança permite ao profissional de saúde viabilizar a adesão ao tratamento, solucionar problemas enfrentados no cuidado ao indivíduo com transtorno mental, além de fazer com que a família sinta a liberdade de expor suas limitações. Desse modo, um diálogo onde o profissional se proponha a escutar as queixas desses familiares pode colaborar para atenuar a ansiedade vivenciada, promover maior segurança da família quanto ao cuidado prestado, além de cooperar com uma assistência mais humanizada aos familiares e, consequentemente, ao portador de transtorno mental(28). A comunicação intrafamiliar efetiva, a ajuda financeira, serviços extra-hospitalares após o retorno da internação que visem à reinserção social do paciente e mais tempo para o cuidador principal investir em si, também foram necessidades abordadas nos estudos(25-26,28) que nos fazem compreender o quanto é complexo para família prestar cuidado a esse tipo de indivíduo, e permitiu-se perceber ainda a presença de lacunas na área da saúde no que diz respeito a atender a essas necessidades, devido ao fato de a família não estar ainda sendo vista por muitos profissionais como foco para o tratamento do portador de transtorno mental28. SÍNTESE DO CONHECIMENTO Através da leitura e análise das publicações que abordavam a família do portador de transtorno mental, foi identificada uma similaridade de conteúdos, permitindo a divisão dos artigos em três categorias de conhecimento que foram: ‘O papel da família no cuidado com o portador de transtorno mental’, ‘Dificuldades e limitações da família no enfrentamento da doença’ e as ‘Necessidades da família que convive com a pessoa que apresenta transtorno mental’, como mostra a Figura 1: Figura 1 – Diagrama do estudo sobre a família no cuidado à pessoa com transtorno mental. Sobral – Ceará, Brasil, 2013. Fonte: elaborado pelos autores O diagrama apresenta a interação dessas categorias em relação à família. Como pode ser percebido, as categorias se mostram como fatores que agem isoladamente, porém de forma concomitante e interligada. Essa interação pode ser entendida como um ciclo, considerando que o papel exercido pela família no cuidado possui dificuldades e limitações, e que essas dificuldades geram necessidades que precisam ser supridas para que família possa desempenhar bem seu papel no cuidado. Assim, foi identificado que a própria família reconhece a responsabilidade que possui em prestar auxílio ao familiar doente. Essa missão, porém, é complexa, e possui dificuldades que se fazem presentes desde a convivência e relacionamento com a pessoa com transtorno mental até ao lidar com as situações imprevisíveis de crise, que podem causar frustrações quanto à expectativa de cura. Para que os serviços de atenção à saúde mental possam prestar uma melhor assistência a essa clientela, é essencial conhecer as necessidades dessas famílias para se buscar a resolução dos problemas de forma sistematizada, utilizando-se de embasamentos científicos. As necessidades identificadas foram as mais variadas e relacionavam-se sobre a orientação, o apoio psicológico e a ajuda financeira e institucional. O atendimento a estas necessidades se mostrou como uma forma de colaborar para amenizar o sofrimento vivenciado pela família do portador de transtorno mental. Através disso, foi possível compreender a importância de conhecer não somente as necessidades, mas, também, buscar a resolução dos problemas de forma sistematizada, com emba- A família no cuidado à pessoa com transtorno mental: uma revisão integrativa samentos científicos, para que se preste uma assistência mais eficaz nos serviços de atenção a saúde mental. Este estudo mostrou-se relevante por permitir, de um modo geral, perceber as dificuldades enfrentadas pela família que presta cuidado ao portador de transtorno mental e identificar suas necessidades através das produções científicas disponíveis. Espera-se que o mesmo também venha contribuir para a construção de conhecimento e através das informações, colaborar para uma assistência mais preocupada em atender as necessidades não só do portador de transtorno mental, mas também da família que acompanha e participa do seu tratamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS A família do indivíduo portador de transtorno mental, apresenta-se inserida em um cenário de sofrimento psíquico e subjetivo que atinge todos os seus membros. São muitos os familiares que deixam suas atividades de lazer, perdem a vida social e fazem outras renúncias para prestar cuidado ao familiar doente. Este sofrimento se manifesta de formas diferentes em cada família e em cada membro da mesma, no entanto, em todas elas é capaz de deixar marcas profundas que podem se tornar irreparáveis. Nesse aspecto, torna-se clara a necessidade de se intervir não apenas no portador de transtorno mental, mas na família que o assiste e sofre junto dele, levando em consideração que esta também está sujeita ao adoecimento. Os profissionais de saúde devem refletir sobre suas intervenções junto ao portador de transtorno mental e seus familiares e identificar as necessidades deste grupo. RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis., 2014; 6(1): 1196-1202 1201 O grande desafio do atendimento familiar na rede de saúde mental é fazer com que esse cuidado não se torne um fardo, e sim que a família tenha condições de desenvolver seu papel de maneira eficaz, sem lhe trazer prejuízos e que colabore com o tratamento do familiar portador do transtorno. Para isso faz-se necessária a identificação das fragilidades do sistema de atendimento em saúde mental e a criação de estratégias que bene- ficiem a família para que consequentemente o familiar doente também venha ser beneficiado. Este estudo possui suas limitações quanto aos seus resultados, mas como qualquer outra produção científica visa gerar inquietações e questionamentos para novos estudos que levem ao aprofundamento do tema. A inclusão de novos idiomas e outras bases de dados podem ampliar as perspectivas da discursão, tal como levar a novas conclusões. REFERÊNCIAS 1. Machado VC, Santos MA. O apoio familiar na perspectiva do paciente em reinternação psiquiátrica: um estudo qualitativo. Interface (Botucatu) [periódico na Internet]. 2012 [acesso em: 12 Nov. 2013]; 16(42):793-806. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/icse/v16n42/aop3712.pdf. 2. Barros MMMA. Experiências das famílias com usuários atendidos nos dispositivos de atenção psicossocial [tese]. Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Doutorado em Saúde Coletiva; 2012. 3. Ribeiro MBS, Martins STF, Oliveira LR. Familiares de usuários vivenciando a transformação do modelo assistencial psiquiátrico. 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Ainda mais para uma Autarquia Federal, como os conselhos de classe e, principalmente, o da Enfermagem, que trabalha com um volume grande de inadimplência e com um número crescente de inscritos que buscam (diariamente) respostas e ações voltadas para a categoria, não importando, muitas vezes, com a finalidade motriz do órgão. Esse cenário é DESAFIADOR. Porém, CONFORTANTE e SATISFATÓRIO QUANDO SE ATINGE O QUE SE PLANEJOU Várias conquistas foram alcançadas, e todas elas estão demonstradas nas páginas a seguir. Os dados que iremos apresentar permeiam desde os balanços financeiros, aos processos éticos julgados e finalizados, as metas da fiscalização e suas conquistas, os prazos atingidos para 1204 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 os processos administrativos, as negociações do Departamento de Negociação, as realizações de cursos e capacitações nas mais diversas áreas, quer sejam na capital na sede do Coren-Ceará ou no interior do estado com o apoio dos secretários municipais de saúde e grandes parceiros. Para nós, hoje, o Coren-CE é motivo de orgulho, visto que estamos na 10a posição no ranking de número de inscritos; que fechamos 2013 com uma fiscalização modelo para o sistema no planejamento tático operacional e, também, com a inserção do processo administrativo, uma grande ferramenta para auxiliar as fiscalizações e o acompanhamento dos processos. Vale ainda ressaltar que estamos à frente deste grande e honroso desafio com muito estímulo, força, contando com o apoio de uma plenária repleta de conselheiros firmes e parceiros que sempre apoiaram todos os projetos locais e nacionais. OBRIGADA A TODOS POR ACREDITAREM EM MAIS UM ANO DE GESTÃO. Coren-CE em Números: Balanço da Gestão em 2013 Os Desafios foram lançados. Ao longo dos 12 meses, foram sendo conquistados com sucesso. Graças à união, trabalho e esforço dos nossos colaboradores e a participação dos nossos inscritos. Entre as principais conquistas, o Coren-CE foi elevado à categoria de grande porte. A elevação, destinada aos Conselhos Regionais no Brasil, é feita automaticamente pelo Conselho Federal sempre que a representação estadual ultrapassa a marca de 50 mil inscritos na região em que atua. No caso do Ceará, essa marca foi ultrapassada ainda em junho, onde atingimos os 50.004 inscritos, e a confirmação da elevação se deu no final do mesmo mês. Para o estado esta elevação significa uma maior representatividade a nível federal, ou seja, maior visibilidade não só para o Conselho, mas os profissionais de enfermagem do estado. Cabe ressaltar que esta representação da região Nordeste era apenas dos estados de Pernambuco e Bahia. FISCALIZAÇÃO O Planejamento estratégico do COREN-CE é norteado pela atividade de fiscalização, visto que a finalidade precípua do órgão é disciplinar, legalizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermagem, em sua jurisdição. Para tanto, é realizado anualmente um encontro na sede do Conselho onde, junto com a coordenação, os 15 fiscais enfermeiros (incluindo a sede e as três subseções nos municípios de Crato, Limoeiro e Sobral) discutem os principais problemas, infrações, os melhores resultados de todas as instituições fiscalizadas no Estado, bem como analisam e avaliam a efetividade das ações do departamento de fiscalização. Para 2013, a novidade do setor foi a implantação do Processo Administrativo (PAD). Com a inserção www.coren-ce.com.br 1205 NOTÍCIAS O ano de 2013 foi um ano de realizações e de grandes conquistas para o Conselho Regional de Enfermagem do Ceará. Ocorreram novas ações e mudanças em quase todos os setores da autarquia no estado. Alterações na rotina de quem fazia fiscalização, de quem procurava atendimento junto ao Conselho. Todas inseridas no intuito de melhorar cada vez mais o atendimento ao inscrito, nossa pedra fundamental. dessa nova forma de acompanhar os processos de fiscalização – garantido maior resposta dos mesmos - o objetivo do planejamento foi realizar fiscalização e retornos, durante o ano, em 40% das instituições de saúde cadastradas e de responsabilidade do fiscal do COREN-CE, seja na sede ou subseção. Entre as ações que nortearam o setor estavam: fiscalizar as instituições onde são desenvolvidas atividades de Enfermagem em todos os municípios do Estado do Ceará; determinar que o fiscal se responsabilize e acompanhe as Instituições de Saúde e/ou municípios a ele designados pela Coordenação do Departamento de Fiscalização; permitir que o fiscal desenvolva um planejamento efetivo de suas horas de trabalho; trabalhar em consonância com normas existentes (Resoluções, Leis, Decretos, Regimento Interno do Departamento de Fiscalização); cumprir o quantitativo de fiscalizações estabelecidas como referência; implementar o PAD nas fiscalizações dos Hospitais de Grande, Médio e Pequeno Porte e nas instituições que apresentam problemas administrativos e/ou éticos; •Análise e aprovação do cronograma quinzenal de fiscalizações e atividades de responsabilidade do fiscal que foi entregue à Coordenação do departamento no 1º e no 15º dia útil de cada mês; •Avaliação bimestral das ações fiscalizatórias, de acordo com as planilhas enviadas mensalmente pelos fiscais a Coordenação; •Identificação dos problemas das Instituições através das planilhas e dar segmento para os demais setores do COREN-CE e/ou outros órgãos; •Identificação se o plano operacional estava sendo satisfatório ou se precisava de ajustes; •Realização dos realinhamentos estratégicos, táticos e operacionais de fiscalização. Como resultado, o setor apresentou os seguintes resultados: •61% dos municípios foram fiscalizados; •44% dos hospitais de médio e pequeno porte em Fortaleza e Região Metropolitana foram fiscalizados; •56% dos hospitais de grande porte em Fortaleza e Região Metropolitana foram fiscalizados; Pode-se destacar que em 2013 o COREN-CE realizou: ATENDIMENTO (atendimento, registro e cadastro) Foram realizados 311.079 atendimentos sendo efetuadas 8.063 inscrições dividas entre 103 Pessoas Jurídicas, 2.500 Enfermeiros, 4.986 Técnicos de Enfermagem e 474 Auxiliares de Enfermagem. Até o final do ano de 2013 o COREN-CE inscreveu 52.018 profissionais de enfermagem divididos em: •17.597 AUXILIARES •13.161 ENFERMEIROS •21.260 TÉCNICOS Algumas ações foram desenvolvidas para que o objetivo fosse efetivamente alcançado: •Inspeção de todas as instituições hospitalares de grande porte com implementação de relatório circunstanciado através do PAD no primeiro semestre; Atender os prazos durante fiscalização, conforme Manual de Fiscalização do COFEN, Resolução COFEN Nº 374/2011; •Planejamento do cronograma anual de viagens de rotina dos fiscais da sede e subseções, de acordo com os municípios determinados no Plano Tático fiscalizados no ano 2013; 1206 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 Dentro deste quantitativo podemos destacar profissionais que vieram de outros estados que totalizou 252 inscrições e que foram transferidos para outros estados, 247 profissionais. DENCOB O Departamento de Negociação e Cobrança completou seu primeiro ano de atuação e vem se firmando como departamento criado, não apenas com o intuito de arrecadar, mas para proporcionar ao profissional maior facilidade e comodidade na expedição e recebimento de boletos, dando mais opções de envio. O setor também atua no esclarecimento de diversas dúvidas sobre como e por que pagar anuidade ao conselho de classe. O DENCOB realizou, em 2013, 24.828 atendimentos sendo 26,52% presencial, 25,98% por telefone e 45,50% por e-mail. ciação parcelada destaca-se que 44% dos profissionais já concluíram o pagamento. Da negociação integral destaca-se que 95% dos profissionais honraram com o pagamento e da nego- No segundo semestre, em parceria com a Assessoria Jurídica do Conselho e Justiça Federal do Estado do Ceará, realizamos a I Semana de Conciliação, onde foram convidados 1.000 profissionais com alguma pendência junto ao Coren-CE. A estes foram oferecidas negociações com condições especiais, desconto de 100% de juros e multa e com opções de parcelamento. Tais condições foram aprovadas e homologadas pela 32ª ROD do COREN-CE. PROCURADORIA JURÍDICA LICITAÇÕES Com o objetivo de assessorar o Plenário, a Diretoria e o Presidente nos assuntos de natureza jurídica, a Procuradoria Jurídica acompanhou diversos processos contribuindo com a análise de cada um, com a elaboração de pareceres e estudos, propondo normas, medidas e diretrizes para que o Conselho possa desenvolver suas atividades dentro das normas jurídicas. Em 2013 foram acompanhados e/ou realizados onze licitações na modalidade pregão presencial e quarenta e oito nas modalidades dispensa de licitações e inexigibilidade, conforme gráficos a seguir. No primeiro semestre foram desenvolvidas ações para divulgar a prorrogação do programa REFIS, dentre elas: fixação de cartazes nas instituições de saúde, ligações diárias para os profissionais em débito e envio de e-mails, além dos atendimentos realizados no setor. Confira abaixo as principais ações da Procuradoria Jurídica e seus quantitativos: Ações Pareceres em processos ordinários e especiais Quantidade 227 Acompanhamento de Processos especiais (registro de preços, rescisões unilaterais e outros) 80 Elaboração e/ou revisão de Portarias 10 Elaboração e/ou revisão de Decisões 15 Elaboração e/ou revisão de Convênios/Acordos/Parcerias 12 Elaboração e/ou revisão de Ofícios 1304 Processos Justiça (especiais) – Acompanhamento 90 Processos Justiça (trabalhista) - Acompanhamento 03 Assessoria em Pregões / Pregoeiro (por processos) 13 TOTAL Qtdade Memorandos à Presidência 11 Memorandos à Presidência 48 Memorandos à Presidência 09 TOTAL 68 135 Processos Justiça (ordinários) – Acompanhamento Informações Internas de interesse dos demais Setores ACÕES E ACOMPANHAMENTOS DE PROCESSOS 16 1905 www.coren-ce.com.br 1207 RESOLUÇÃO DO COFEN CONFERE INSCRIÇÃO “TEMPORÁRIA” A NOVOS ENFERMEIROS O s recém graduados no curso superior de Enfermagem no Ceará contam, desde janeiro, com a possibilidade de realizar uma inscrição “temporária” para atuar no mercado de trabalho enquanto aguardam a emissão do diploma de graduado pela Instituição de Ensino Superior. A emissão do documento foi permitida por meio da Resolução (Nº 445 de 2013) do Conselho Federal de Enfermagem, e garante, apenas para a categoria de Enfermeiros, a inscrição com validade de um ano. A determinação vem acolher aos recém graduados que, mesmo após a formatura, precisam aguardar em alguns casos, mais de 120 dias, para receber o diploma do curso de Enfermagem. Agora, munidos de documento que comprove a colação de grau, emitido pela Instituição de Ensino Superior formadora, acompanhado do histórico escolar, o futuro enfermeiro já pode dar entrada no seu registro profissional, enquanto aguarda a emissão do diploma. 1208 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 Ainda de acordo com a resolução do Cofen, é garantido o prazo de um ano para que o novo enfermeiro apresente ao Conselho Regional de Enfermagem do Ceará, o diploma do curso, para que então possa receber uma nova carteira profissional, com validade de cinco anos. Também poderá ser solicitado pelo Conselho Regional, o envio da lista de formandos emitido pela Instituição de Ensino Superior, para medidas de comprovação. O encaminhamento da lista será de responsabilidade das IES e não dos recém graduados. SUSPENSÃO - O registro profissional será automaticamente cancelado após um ano, prazo dado pelo Conselho Federal para que o profissional apresente o diploma na sede da Regional. A data do início do processo de inscrição junto ao conselho será levada como base para o período de validade de um ano do registro profissional. COFEN REALIZA MUDANÇAS PARA NOVOS INSCRITOS NO SISTEMA SISTEMA COFEN/COREN O Conselho Federal de Enfermagem realizou, em fevereiro de 2014, mudanças para melhorar o processo de inscrição no Sistema Cofen/Coren. As mudanças irão conferir mais segurança para os profissionais da saúde além de garantir agilidade no processo de inscrição em todos os Conselhos Regionais de Enfermagem no Brasil. Em Fortaleza, as mudanças tiveram início na segunda quinzena de fevereiro. Entre as alterações está o novo sistema informatizado de cadastro dos novos profissionais. Este sistema é similar aos já utilizados pela Polícia Federal e pelos Departamentos Nacionais de Trânsito (Detrans) no país. Pelo novo modelo, o futuro profissional que fizer sua inscrição na sede do Coren-CE, em Fortaleza, não irá precisar mais, por exemplo, trazer a foto 3x4, solicitada no ato da inscrição. As fotos serão tiradas na própria sede, pelo atendimento, durante o processo de registro. O novo sistema também permitirá a assinatura digital, capturada através de uma caneta ótica e a captura das digitais do inscrito. Com a nova tecnologia do Sistema Cofen/Coren o tempo para a inscrição nas sedes será reduzido, e ampliado a segurança contra fraudes de carteiras profissionais. A mudança é necessária para garantir que a profissão seja realizada por profissionais formados, seja por meio de curso de graduação ou profissional, e para garantir à sociedade melhor atendimento na saúde. INSCRIÇÕES - Se você precisa fazer o registro junto ao Conselho Regional de Enfermagem do Ceará, você poderá se dirigir à sede, em Fortaleza, e às três subseções, no interior do estado (nos municípios de Sobral, Limoeiro do Norte e Crato). As inscrições serão realizadas normalmente. Para receber o registro, o inscrito deverá aguardar o prazo solicitado pelo Sistema durante o processo de implantação do novo sistema. O Conselho Regional de Enfermagem, em nenhum momento, deixará de realizar novas inscrições. Para que todas as alterações sejam realizadas, os Conselhos Regionais em todo o país, irão suspender a emissão de novos registros pelo prazo necessário para a implantação completa do sistema. As inscrições continuarão a ser efetivadas normalmente, porém o prazo para a entrega dos novos registro sofrerá alteração. www.coren-ce.com.br 1209 REGRAS PARA INSCRIÇÃO REMIDA SOFREM ALTERAÇÕES O Conselho Federal de Enfermagem alterou, por meio da Resolução 448 de 2013, as regras para a inscrição remida junto aos Conselhos Regionais em todo o país. As mudanças foram divulgadas no último dia 16 de dezembro, e já começaram a valer em janeiro de 2014. Com a inscrição remida o profissional passa a não pagar mais a anuidade, podendo continuar a atuar no mercado normalmente. Pelas novas regras, para solicitar este tipo de inscrição, o profissional registrado junto ao Conselho Regional deverá ter no mínimo 60 anos de idade e ter 30 anos de inscrição junto ao Conselho e com a situação regularizada. Além disso é preciso que inscrito nunca tenha sofrido penalidade ética e/ou administrativa no Sistema Cofen/ Conselhos Regionais. A isenção do pagamento contará a partir da anuidade do ano seguinte à solicitação, caso essa seja feita após o dia 31 de março. Se a solicitação for feita entre 1º de janeiro e 31 de março, a isenção da anuidade já valerá para o ano corrente. 1210 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 Entre as vantagens oferecidas ao inscrito remido está a possibilidade de continuar atuando no mercado de enfermagem (não importando a categoria), além de ter o direito a votar e a ser votado nas eleições realizadas pelos Conselhos. Após a mudança, o profissional receberá uma nova carteira profissional de identidade com o mesmo número de sua Inscrição Definitiva Principal, seguido da letra “IR”. Para solicitar a mudança do registro para remido, o inscrito deverá estar quite com todas as obrigações financeiras junto ao Conselho Regional de Enfermagem e deverá comparecer ao Conselho Regional, trazendo a sua carteira profissional e uma foto 3x4 com fundo branco. Para mais informações sobre a Inscrição Remida, ligar para nosso setor de Registro e cadastro, pelo número (85) 3105.7878. APÓS REUNIÃO NO COREN- CE, SMS SUSPENDE SELEÇÃO PÚBLICA PARA REVISÃO SALARIAL A Secretaria Municipal de Saúde suspendeu, no dia 13 de janeiro, o edital de seleção pública para contratação temporária de profissionais da área da saúde. Desde a publicação, o edital gerou polêmica entre enfermeiros e diversos profissionais da área da saúde por apresentar salários de R$ 1.500 para uma carga horária de 40 horas semanais. A suspensão veio após uma reunião com a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará, Dra Celiane Maria Lopes Muniz, e representantes do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará (Sindsaúde), Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Ceará (Senece) e a Associação Brasileira de Enfermagem no Ceará (Aben-CE). Na conversa, os representantes levaram a conhecimento da secretária a sensação de indignação da categoria, assim como a de outras categorias que estavam se sentindo desvalorizadas pelo salário proposto pela Prefeitura no edital. Além disso, foi apresentado para a secretária a necessidade de revisão nas propostas salariais ofertadas no edital, com base nos acordos coletivos de cada categoria. De acordo com a Secretária, Socorro Martins, todo o edital será revisado e reestudado com as devidas alterações salariais em cada categoria e será apresentado uma nova proposta salarial para as categorias da enfermagem e a posteriore, serão publicadas as devidas alterações. www.coren-ce.com.br 1211 PÁGINA DO COREN-CE NO FACEBOOK ATINGE A MARCA DE 5.000 CURTIDORES A creditar em uma nova mídia, uma nova forma de se comunicar e interagir muito mais rapidamente com nossos inscritos. Essa é um das nossas novas missões no Conselho Regional de Enfermagem do Ceará. E foi acreditando nisso e apostando nessa modalidade de se comunicar com os inscritos, que em fevereiro de 2014 atingimos a marca de 5.000 curtidores na fanpage do Coren-CE no facebook. Receber mais rapidamente as notícias do conselho, sobre a abertura de cursos gratuitos, além da possibilidade de enviar mensagens para tirar dúvidas e até mesmo realizar solicitações. Essas são algumas das vantagens que estes cinco mil profissionais e acadêmicos da área da enfermagem viram em nossa comunicação direta com os inscritos via internet. 1212 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 O Conselho agradece a confiança e o interesse destes profissionais que nos acompanham diariamente, também nas curiosidades que levamos até eles através de publicações que envolvem temas da profissão, saúde, e até mesmo gastronomia voltada para melhorar a saúde. Mesmo com essa marca, que estamos conseguindo aumentar cada mais mais rápido, muitos profissionais ainda podem aderir a essa ferramenta de comunicação. Caso você possua uma conta no facebook mas ainda não nos acompanha, acesse www.facebook.com/corenceara, curta a nossa página e fique por dentro das nossas novidades. Você também pode nos acompanhar por outras mídias sociais como instagram (coren_ce) e no twitter (corence1). COREN-CE PARTICIPA DA LUTA PELAS 30 HORAS G arantir qualidade de vida, reduzir problemas de saúde que se multiplicam entre os profissionais da área da enfermagem, parte causada pelas excessivas cargas horárias que estes enfrentam semanalmente. Esses são apenas dois de vários motivos pelos quais, há 14 anos, o Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem vêm lutando para que seja aprovada o Projeto de Lei 2295/00, que regulamenta a carga horária semanal do profissional para 30 horas. Ao longo dos últimos anos, as ações e manifestações para que os políticos aprovem o PL aumentaram. A pressão feita pelo Sistema, pelos Fóruns e principalmente pelos próprios profissionais aumentou. Manifestações como a vista em 2013, onde profissionais estiveram presentes em Brasília para pedir pela aprovação, assim como a ocorrida na Avenida Paulista, em São Paulo, em março deste ano, servem para mostrar que a enfermagem começa a despertar politicamente. Nesta manifestação, o Coren-CE esteve representado ativamente, pela presidente da autarquia, Dra. Celiane Maria Lopes Muniz, além da presença de integrantes da plenária. Também participando da manifestação esteve o presidente do Conselho Federal de Enfermagem, Dr. Osvaldo Albuquerque, também cearense e ex-presidente interventor do Coren-CE. CEARÁ O Conselho Regional de Enfermagem do Ceará, começou 2014 com o planejamento de ações para mostrar que estamos também em esforço conjunto para que seja aprovada o PL. Entre elas a participação e reuniões iniciais com as entidades de classe para desenvolver estratégias de pressão, junto aos nossos deputados federais e senadores. A principal ação está sendo desenvolvida para ocorrer como encerramento das comemorações da Semana da Enfermagem (12 a 20 de maio). A ação contará com uma grande caminhada pela Avenida Beira Mar, com participação de profissionais da área da enfermagem. A proposta do Coren-Ce é desenvolver, junto com as entidades de classe como Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Ceará (Senece), Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará (Sindsaúde Ceará) e a Associação Brasileira de Enfermagem - Seção Ceará (ABEN-CE), uma manhã de atividades. O evento também terá o apoio do Conselho Federal de Enfermagem, bem como a participação do presidente daquela autarquia. A divulgação do evento deverá ser feita nas unidades de saúde no Ceará, assim como nas universidades e por meio das mídias sociais do Conselho. www.coren-ce.com.br 1213 Entrevista com Dra. Celiane Maria Lopes Muniz 2014 marca o último ano de gestão da atual Plenária do COREN/CE, que tem à frente a presidente Dra. Celiane Maria Lopes Muniz. Em quatro anos à frente da autarquia (sendo o primeiro destes para finalizar a gestão de 2008 a 2011), várias ações foram desenvolvidas pela Diretoria e pela equipe administrativa do Órgão, gerando movimentos inéditos nos 40 anos da autarquia. Entre as ações inovadoras está o Mutirão da Conciliação, promovido em parceria com a Justiça Federal, onde inscritos com débitos anteriores a 2011 puderam negociar os valores, com descontos de até 100% nos juros e multas das anuidades atrasadas. Ainda na área financeira, o COREN/CE criou o Departamento de Negociação e Cobrança (Dencob), área localizada na sede do Coren-Ce, em Fortaleza, onde o inscrito é atendido com intuito de negociar seus débitos, de forma individualizada. Ainda antes do fim da gestão, o Plenário do COREN/ CE efetuará a compra das três subseções próprias no interior do Ceará (nos municípios de Limoeiro do Norte, Crato e Sobral). As sedes no interior funcionavam em prédios alugados. Além da sede própria, as duas unidades passarão por reformas. Reforma também passou e passará a sede do Coren-CE, em Fortaleza. As obras darão uma nova roupagem ao setor de fiscalização, a sala exclusiva para atendimento da Ouvidoria, além de ampliar vários setores administrativos. Iniciando as atividades em 2014, a Presidente concedeu entrevista e falou destas e de outras ações do Conselho, além da responsabilidade de estar à frente de uma autarquia federal. O que é ser gestora de uma autarquia federal? Celiane Muniz: É uma grande responsabilidade, quer seja ela ética, legal ou administrativa. Tivemos o papel de reforçar a credibilidade no Órgão e nos profissionais da enfermagem. Assumimos a gestão da autarquia em 2011, para finalizar uma administração marcada por uma intervenção administrativa, mas com muita tranquilidade, com muita seriedade, capacitação, e acima de tudo muita ética. Buscamos conduzir o COREN/CE, que é uma autarquia federal, com muitas regras, por compor a Administração Pública, que precisam ser respeitadas e seguidas. 1214 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 -Apesar de presidente, a tomada de decisões da Autarquia é feita pela Plenária, profissionais da Enfermagem que também tomaram posse, após eleitos na última eleição. Quem são esses profissionais? C.M: A diretoria do Coren-CE é composta por mim, Celiane Muniz, que sou presidente do Conselho; pela Conselheira Secretária, que é a Dra Mirna Albuquerque Frota; e a Conselheira tesoureira, que é a Luiza Lourdes Pinheiro. Temos também o Conselheiro Vogal, que é o Dr. Ricardo Costa de Siqueira; Na Comissão de Tomada de Contas temos a Dra Carolina Maranhão Marques Lacerda; Raimunda de Fátima Dantas e Marli Veloso de Menezes; Dos Conselheiros Suplentes, temos Dra Regina Cláudia Furtado Maia; Dra Maristela Inês Osawa Vasconcelos; Dra Geridice Lorna Andrade de Moraes; Dra Fabiana de Sousa Alves; Ana Lúcia de Assis; Adailson Rodrigues de Moraes; e Maria de Fátima Ferreira de Sousa. Quais as responsabilidades jurídicas e administrativas do Coren-CE? inúmeros profissionais pudessem negociar suas dívidas em condições especiais. Trouxemos eventos importantes para o Estado do Ceará, tais como o Seminário Administrativo do Sistema Cofen/Corens, em 2011, o 15º CBCENF -Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem, em 2012, que reuniu aproximadamente 10 mil profissionais no Centro de Eventos do Ceará, tendo sido o 1º evento realizado neste espaço. Profissionalizamos os servidores do Órgão, para que pudessem atender melhor, com prazos, com segurança e habilidade. Reformamos os espaços da sede do Coren/CE de forma a atender com conforto os nossos inscritos, principalmente nosso auditório, e ainda espaços interno de uso dos nossos colaboradores. Realizamos vários feitos e atos que poderão ser amplamente conhecidos por todos neste exemplar, ao longo de suas páginas. Em 2013, qual foi o grande desafio na gestão? C.M: Inúmeras. Todos os processos de aquisição precisam observar a Lei 8666/93, que obriga o Órgão a realizar licitações públicas, que preza pela publicidade, economicidade, livre concorrência, eficiência e outros princípios, que resguardam a legalidade das ações. O COREN/ CE é auditado pelo Conselho Federal de Enfermagem-COFEN e pelo Tribunal de Contas da União-TCU, nossa responsabilidade enquanto conselheiros da autarquia é muito grande, daí agirmos conforme o que a lei permite. C.M: A adequação e melhoria de sistema informatizado, no tocante a impressão das cédulas de identificação dos mais diversos profissionais, o que levou ao treinamento de nossos servidores, em razão dos novos modelos de impressão. Instituir também os processo administrativos para a fiscalização, que permitiu maiores ações nas instituições fiscalizadas, dando uma maior credibilidade ao conselho e, por conseguinte, aos fiscais. Os desafios foram grandes, bons e positivos com o intuito de melhoria. 2014 é o último ano da sua gestão frente ao Conselho. Como a senhora analisa a gestão 2012-2014? Quais as novidades tanto administrativas quanto físicas para o Coren-CE em 2014? Analiso com resultados positivos. Fizemos várias ações inéditas no Coren/CE. Realizamos projetos para aquisição de subseções próprias, visto que as mesmas eram locadas e não ofereciam boas condições para atendimento dos nossos inscritos. Mudamos o perfil da fiscalização, para que pudéssemos tornar os fiscais da autarquia parceiros dos responsáveis técnicos e gestores de cada unidade. Criamos o setor chamado DENCOB que significa Departamento de Negociação e Cobrança, que atende individualmente os inscritos, dando-lhes o aporte necessário para regularizar suas dívidas. Realizamos várias ações fiscalizatórias e jurídicas que geraram a contratação de diversos profissionais, além de ações de parceria com a Promotoria da Saúde do Estado. Reforçamos as ações do Tribunal de Ética do Órgão, realizando inúmeros julgamentos éticos que “abarrotavam” nosso sistema. Fizemos a renovação da frota de veículos da capital e do Interior. Fizemos pela primeira vez uma negociação judicial na própria sede da Justiça Federal, para que os C.M: Estamos em reforma nas áreas da fiscalização e ouvidoria a fim de oferecermos melhores condições de atendimento e de trabalho aos servidores, assim como uma área reservada para a ouvida dos inscritos de forma mais sigilosa e confortável. Teremos também maiores ações do Coren móvel, de forma a oferecer um atendimento às populações mais longínquas e que não tem muitas oportunidades para deslocamento às nossas subseções. Mais capacitação nas grandes regiões longínquas do nosso Estado. Realizar uma grande movimentação política, através de uma grande caminhada pelas 30 horas, a fim de sensibilizar os políticos cearenses para apoio a nossa causa, para que entendam o porque de nossa luta, além de mostrar a população nossa voz. www.coren-ce.com.br 1215 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO A Revista Tendências da Enfermagem Profissional – ReTEP, é um periódico científico trimestral, revisado por pares. Os autores são responsáveis por reconhecer e revelar conflitos de interesse que possam influenciar o trabalho. Os manuscritos submetidos podem ser redigidos em português, inglês ou espanhol, e destinar-se exclusivamente à ReTEP, organizados segundo as indicações a seguir. Artigo Original: Investigação baseada em dados empíricos, utilizando metodologia científica, incluindo introdução, metodologia, resultados, discussão, conclusão e referências. Artigo de Revisão: Análise de construtos teóricos, levando ao questionamento de modelos existentes na enfermagem e na saúde e a elaboração de hipóteses para futuras pesquisas. Atualidade: Texto reflexivo ou informativo sobre assunto relevante e atual, com perspectiva de interesse para a enfermagem e a saúde. Resenha: Revisão crítica da literatura científica publicada em livros, orientando o leitor quanto as suas características e usos potenciais. Deve conter a referência completa do trabalho comentado. Todas as modalidades de textos aceitos pela Revista deverão ser digitados em processador de texto Word for Windows, limitados a 15 páginas impressas em papel tamanho A4, em espaço 1,5, parágrafos de 1,25, fonte Times New Roman, tamanho 12, com formatação de margens superior, inferior, esquerda e direita de 3 cm. Não deverá ser utilizada nenhuma forma de destaque no texto (sublinhado, negrito, marcas d’água, aspas), exceto para títulos e subtítulos. Utilize apenas itálico em palavras ou expressões que realmente necessitem ser enfatizadas no texto impresso. A apresentação dos trabalhos deve seguir a seguinte ordem: 1. Folha de Rosto Título em português e inglês, em negrito, centralizado e em caixa alta, não devendo exceder 15 palavras; deve ser conciso, explicativo e representativo do conteúdo do trabalho. O tipo de colaboração enviada (original, de revisão, atualidade ou resenha). Nome completo e filiação institucional de cada autor. Nome, endereço, telefone, fax e e-mail do autor responsável pela correspondência. Fonte financiadora da pesquisa (se houver). Se o manuscrito foi baseado em tese/dissertação, colocar o título, o nome da instituição, ano de defesa e número de páginas. 2. Resumo em português e inglês Deve conter entre 100 e 150 palavras. Ao final deve constar 03 a 06 palavras-chave, em português e inglês, digitadas em caixa alta e baixa e separadas por ponto e vírgula. Devem ser empregados preferencialmente aqueles que constam na Lista de Descritores em Ciências da Saúde, da BIREME (http://decs.bvs.br). 3. Corpo do Texto Deve começar em uma nova página. Não inicie uma nova página a cada subtítulo, separe-os utilizando uma linha em branco. Em trabalho original, o texto deve ter uma organização de reconhecimento fácil, sinalizada por um sistema de títulos e subtítulos que reflitam esta organização. Os títulos deverão estar em negrito e caixa alta, e os subtítulos deverão ser destacados em negrito e letras maiúsculas apenas na primeira letra de cada palavra e antecedidos por uma linha em branco. As referências no texto a figuras e tabelas deverão ser acompanhadas do número respectivo. Os locais sugeridos para inserção de figuras e tabelas deverão ser indicados no texto. 4. Agradecimentos Incluir, de forma sucinta, colaborações que não autoria, como auxílios técnicos, financeiros e materiais, incluindo auxílios ins- 1216 Ano 6 - Vol. 6 - no 01 - 2014 titucionais, governamentais ou privados, e relações que possam implicar em potencial conflito de interesse. 5. Referências As referências devem ser formatadas no estilo Vancouver de acordo com os Requisitos Uniformes do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (International Committee of Medical Journal Editors - ICMJE). A formatação da lista de referências deve adotar espaço 1,5 e tamanho de fonte 12, sem parágrafo, recuo ou deslocamento das margens; o sobrenome dos autores em letras minúsculas, à exceção da primeira letra. Numerar as referências de forma consecutiva, conforme a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto e identificá-las pelo mesmo número sempre que citadas. Citações no texto: as citações indiretas deverão conter o número da referência da qual foram subtraídas, suprimindo o nome do autor, devendo ainda apresentar a numeração em sobrescrito antes da pontuação (ponto, vírgula ou ponto e vírgula). Exemplo: as trabalhadoras também se utilizam da linguagem não verbal(7). Citações oriundas de 2 ou mais autores apresentadas de forma sequencial na referência (1, 2, 3, 4, 5), deverão estar em sobrescrito separados por um hífen. Exemplo: estabeleceu os princípios da boa administração, sendo dele a clássica visão das funções do administrador(1-5). Citações diretas (transcrição na íntegra) de até três linhas devem ser delimitadas por aspas e numeradas de acordo com a ordem de citação no texto; indicando o número da referência e a página da citação. Exemplo: “[...] o ocidente surgiu diante de nós como essa máquina infernal que esmaga os homens e as culturas”1:30-31. Citação literal com mais de três linhas deve ser apresentada em bloco próprio e sem aspas, começando em nova linha, com recuo de 2,5cm da margem esquerda. Fonte 12, sem destaque. Não utilizar os termos op. cit, id. Ibidem. A expressão apud é a única que é utilizada no texto ou notas. Apenas as obras consultadas e mencionadas no texto devem aparecer na lista de referências. Citações de pesquisa qualitativa (verbatins) serão colocadas em itálico, sem aspas, no corpo do texto, identificando entre parênteses a autoria e respeitando o anonimato. Exemplo: [...] envolvendo mais os acadêmicos e profissionais em projetos sociais [...] (e7); Notas de rodapé: o texto deverá conter no máximo três notas de rodapé, que serão indicadas por: *primeira nota, **segunda nota, ***terceira nota. Envio de manuscritos 1.O material a ser submetido a avaliação para publicação deverá ser encaminhado, por e-mail ou correio, para os endereços citados no final deste texto. 2.Manuscritos originais encaminhados através do correio deverão ser acompanhados em CD Rom contendo todos os arquivos. Se a opção de remessa for e-mail, todos os arquivos (texto, figuras e tabelas) deverão ser anexados à mensagem em attach-file. 3.Anexar cópia do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa, uma carta de encaminhamento autorizando o processo editorial do manuscrito, transferindo os direitos autorais para a ReTEP - Revista Tendências da Enfermagem Profissional e garantindo que todos os procedimentos éticos exigidos em lei foram observados. Essa carta deverá ser assinada por todos os autores. POR CORREIO COMUM: ReTEP – Revista Tendências da Enfermagem Profissional Conselho Regional de Enfermagem do Ceará – Coren/ CE. Rua Mário Mamede, 609 – Bairro de Fátima - CEP: 60.415-000 - Fortaleza-Ceará POR E-MAIL: [email protected]