UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO RUAN STEVAN DE ALMEIDA RIBEIRO USO DE NANOPARTÍCULAS DE OURO APRISIONADAS EM FILMES POLIMÉRICOS VISANDO MELHORIA NA ELETROANÁLISE DE METAIS Niterói 2/2015 RUAN STEVAN DE ALMEIDA RIBEIRO USO DE NANOPARTÍCULAS DE OURO APRISIONADAS EM FILMES POLIMÉRICOS VISANDO MELHORIA NA ELETROANÁLISE DE METAIS Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Engenheiro Químico. ORIENTADORES Profª. Ninoska Isabel Bojorge Ramirez Profo. Felipe Silva Semaan - IQ/UFF Niterói 2/2015 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF R484 Ribeiro, Ruan Stevan de Almeida Uso de nanopartículas de ouro aprisionadas em filmes poliméricos visando melhoria na eletroanálise de metais / Ruan Stevan de Almeida Ribeiro. – Niterói, RJ : [s.n.], 2016. 73 f. Trabalho (Conclusão de Curso) – Departamento de Engenharia Química e de Petróleo – Universidade Federal Fluminense, 2016. Orientadores: Ninoska Isabel Bojorge Ramirez, Felipe Silva Semaan. 1. Eletroquímica. 2. Nanopartícula. 3. Quitosana. 4. Eletroanálise. I. Título. CDD 541.37 P Ruan Stevan de Almeida Ribeiro USO DE NANOPARTÍCULAS DE OURO APRISIONADAS EM FILMES POLIMÉRICOS VISANDO MELHORIA NA ELETROANÁLISE DE METAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de Petróleo, da Escola de Engenharia, do Centro Tecnológico, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Químico. Aprovada em 9 Março de 2016, Niterói - RJ iii Tudo que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado. Roberto Shinyashiki iv Agradecimentos Agradeço primeiramente а Deus pela capacidade que tem me dado ао longo dе minha vida e por ter me fornecido saúde, força e condições para superar todas as dificuldades. Aos meus pais Carla Cristina e Ricardo Lacerda, e ao meu irmão Roberto Stefan, por todo apoio, carinho, educação e exemplo de união que sempre me forneceram. Aos meus Professores Orientadores Ninoska Bojorge e Felipe Semaan pela cooperação e oportunidade de ingressar nas áreas de pesquisa. A todos os professores da Universidade que colaboraram para a minha formação e apoio aos estudos. Agradeço a toda equipe do laboratório de eletroquímica da UFF, em especial, aos pesquisadores André Luiz e Leonardo Furtado pelo conhecimento e apoio às pesquisas realizadas no laboratório. v Resumo A detecção em escala curta de tempo de compostos tóxicos e nocivos ao ser humano é de grande relevância. Existem diversos tipos de técnicas que cumprem este tipo de funcionalidade, sendo que uma das alternativas visadas é pelo método de varredura eletroanalítica. Este possui a vantagem de ser uma prática que produz resultados rápidos, precisos e de baixo custo, com um bom limite de detecção para analitos pouco concentrados. Diversos tipos de sensores eletroanalíticos vêm sendo desenvolvidos para uma gama de aplicabilidades específicas. O presente trabalho visou desenvolver um eletrodo compósito que pudesse determinar alguns metais, como zinco, cádmio e chumbo. A superfície do eletrodo foi modificada com filmes para ampliar a detecção dos íons metálicos postos nos testes. Foram desenvolvidos biofilmes feitos de melamina, quitosana e nanopartículas de ouro que pudessem aperfeiçoar esta funcionalidade. Os eletrodos sem e com modificador foram avaliados quanto a sua estabilidade, e em seguida avaliados na determinação de três metais (zinco, cadmio e chumbo) pelo uso da voltametria por redissolução anódica, com intervalo de potencial de -1,5 V até 0,1 V. Os eletrodos modificados apresentaram resultados superiores quando comparados aos eletrodos compósitos sem modificações, em relação ao intervalo de concentrações diferentes de metais pode determinar. Palavras-Chave: eletroquímica; eletrodos compósitos; nanopartículas de ouro; quitosana, melamina; metais vi Abstract The detection in short time scale of toxic and harmful compounds to humans is highly relevant. There are several types of techniques that satisfy this kind of functionality, and one of the alternatives that have been well targeted is the electroanalytical scanning method. It has the practical advantage of being fast, accurate results, low cost and has a good detection limit for analytes less concentrated. Various types of electroanalytical sensors have been developed for a specific range of applicability. This study aims to develop a composite electrode that could detect the presence of some heavy metals, zinc, cadmium and lead. The electrode surface was modified with films to expand the detection of metal ions posts in the tests. It was developed biofilms made up of melamine, chitosan and gold nanoparticles that could improve this feature. The electrodes with and without modification were evaluated for their stability, and then evaluated in the determination of three metals (zinc, cadmium and lead) by stripping voltammetry by anodic, with power range -1,5 V to 0.1 V. The modified electrode showed superior results when compared to the unmodified composite electrodes in relation to a range of different metal concentrations can be determined. Key-Words: electrochemical; composite electrodes; gold nanoparticles; chitosan; melamine; metals vii SUMÁRIO Agradecimentos .................................................................................................................. iv Resumo ............................................................................................................................... vi Abstract ............................................................................................................................. vii SUMÁRIO ............................................................................................................................ i Lista de abreviaturas e siglas ............................................................................................. iv Lista de Figuras ................................................................................................................... v Lista de tabelas .................................................................................................................. vii CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ............................................................ 1 1.1 Introdução ................................................................................................................. 1 1.2 Objetivo geral ............................................................................................................ 2 1.3 Objetivos específicos ................................................................................................. 2 1.4 Organização do texto ................................................................................................. 2 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 4 2.1 Eletrodo compósito .................................................................................................... 4 2.1.1 Características físicas e químicas ............................................................ 5 2.1.2 Fase condutora ....................................................................................... 5 2.1.3 Fase isolante ........................................................................................... 6 2.1.4 Eletrodos de grafite e epóxi .................................................................... 6 2.2 Nanopartículas ........................................................................................................... 7 2.3 Ciclodextrinas ........................................................................................................... 8 2.4 Eletrodos modificados ............................................................................................. 10 2.5 Quitosana ................................................................................................................ 11 i 2.5.1 Intercruzamento .................................................................................... 12 2.6 Melamina ................................................................................................................ 13 2.7 Voltametria.............................................................................................................. 13 2.7.1 Voltametria cíclica ............................................................................... 15 2.7.2 Stripping............................................................................................... 17 2.8 Metais ..................................................................................................................... 18 CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ................................................................................. 21 3.1 Reagentes e Materiais: ............................................................................................. 21 3.2 Preparo das nanopartículas de ouro funcionalizadas com α-ciclodextrinas Tioladas. 22 3.3 Preparo do eletrodo .................................................................................................. 22 3.4 Preparação do filme de melamina e quitosana .......................................................... 23 3.5 Equipamentos .......................................................................................................... 25 3.6 Avaliação do eletrodo de trabalho ............................................................................ 26 3.7 Stripping anódico .................................................................................................... 27 CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 28 4.1 Determinação da área eletroativa dos eletrodos ........................................................ 28 4.1.1 Eletrodo compósito sem modificação ................................................... 28 4.1.2 Eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana .................. 30 4.1.3 Eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro ........................................................................................................ 33 4.1.4 Comparação entre os eletrodos ............................................................. 34 4.2 Varredura dos metais ............................................................................................... 36 4.2.1 Análise das varreduras metálicas .......................................................... 38 4.2.2 Limite de Detecção e Quantificação...................................................... 42 CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES..................................................................................... 46 5.1 Perspectivas e sugestões para trabalhos futuros ........................................................ 47 CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 48 ii APÊNDICE A ................................................................................................................... 57 ANEXO 1........................................................................................................................... 59 iii Lista de abreviaturas e siglas A Área eletroativa (cm2) ; a Coeficiente angular da variação em série; C Concentração da espécie oxidada ou reduzida (mol/mL); D Constante difusional (cm2/s); Desvio padrão; E1/2 Potencial de meia onda (V) ; Epa Potencial de pico anódico (V) ; Epc Potencial de pico catódico (V) ; GLcN Glicosamina; Ip Valor da corrente de pico (A) ; Ipa Corrente de pico anódico (A) ; Ipc Corrente de pico catódico (A) ; LD Limite de detecção; LQ Limite de quantificação; n Número de elétrons envolvidos na reação; Np Nanopartícula; Sb Desvio padrão; v Velocidade de varredura (V/s) iv Lista de Figuras Figura 2-1: Estrutura cristalina do grafite ...........................................................................5 Figura 2-2: Esquema da polimerização das resinas epóxi ...................................................6 Figura 2-3: A Taça de Lycurgus .........................................................................................7 Figura 2-4: Estrutura e propriedades de α-, β- e γ-CD.........................................................9 Figura 2-5: Estrutura química da quitosana e suas diferentes formas de descrição com seus sítios ativos ...................................................................................................................... 11 Figura 2-6: Estrutura molecular do glioxal .......................................................................12 Figura 2-7: Processo de reticulação da quitosana tratada com glioxal ............................... 12 Figura 2-8: Estrutura molecular da melamina. ..................................................................13 Figura 2-9: Sinais de excitação de tensão versus tempos empregados na voltametria ........15 Figura 2-10: Sinal aplicado pelo potenciostato no ensaio de voltametria cíclica ................ 15 Figura 2-11: Resposta obtida na voltametria cíclica, de característica reversível ............... 16 Figura 2-12: Diferença entre um voltamograma reversível, quase reversível e irreversível. ........................................................................................................................................17 Figura 2-13: Processo de varredura stripping: (a) Processo de adsorção e dessorção na superfície do eletrodo; (b) Aplicação de potencial em função do tempo durante a varredura; (c) Resultado final obtido da varredura, com a resposta gráfica de corrente em função do potencial. ......................................................................................................................... 18 Figura 3-1: Aspecto e dimensionamento do eletrodo ........................................................ 22 Figura 3-2: Representação esquemática de preparo do eletrodo. .......................................23 Figura 3-3: Esquema da sequência de deposições feitas nos eletrodos. ............................. 24 Figura 3-4: Produção do eletrodo quimicamente modificado: (a-1) Eletrodo compósito sem modificação; (a-2) Superfície condutora do eletrodo compósito; (b-1) Eletrodo compósito sendo modificado; (b-2) Superfície condutora do eletrodo após a modificação. ................ 25 Figura 3-5: Potenciostato Autolab, modelo PGSTAT204 (Compact and modular potentiostat/galvanostat)...................................................................................................26 Figura 3-6: Potenciostato Ivium Technologies®, modelo CompactStat. ............................ 26 Figura 4-1: Voltamogramas cíclicos do eletrodo compósito sem modificação em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 e KCl 0,5 mol L-1 velocidades 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs -1, após subtração do branco. ................................................................................................ 28 Figura 4-2: Relação entra as correntes anódica e catódica contra a V1/2 para o eletrodo compósito sem modificação. ............................................................................................ 30 v Figura 4-3: Voltamogramas cíclicos do eletrodo compósito com o biofilme de melamina e quitosana, em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 e KCl 0,5 mol L-1 velocidades 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs-1, após subtração do branco. .......................................................................31 Figura 4-4: Relação entra as correntes anódica e catódica e V1/2 para o eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana. ............................................................................ 32 Figura 4-5: Voltamogramas cíclicos do eletrodo compósito com o biofilme de melamina e quitosana e nanopartículas de ouro, em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 e KCl 0,5 mol L-1 velocidades 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs -1, após subtração do branco. ....................... 33 Figura 4-6: Relação entra as correntes anódica e catódica e V1/2 para o eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro. ................................ 34 Figura 4-7: Voltamogramas cíclicos dos três eletrodos, em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 em KCl 0,5 mol L-1 , e velocidade de varredura de 50 mVs-1 . ................................................ 35 Figura 4-8: Resultado do voltamograma no eletrodo sem modificação no intervalo de 1,5V até 0,1V, em diferentes concentrações de metais. ..................................................... 37 Figura 4-9: Resultado do voltamograma no eletrodo com o filme e nanopatículas no intervalo de -1,5V até 0,1V, em diferentes concentrações de metais. ................................ 37 Figura 4-10: Comparação entre as varreduras aplicas com as concentração AD10 e demonstração do pico de cada íon metálico. .....................................................................38 Figura 4-11: Relação entre concentração e pico de corrente para análise do zinco nos dois eletrodos. A linearidade estabelecida segue em função aos dados das tabelas acima. ........39 Figura 4-12: Relação entre concentração e pico de corrente para análise do cádmio nos dois eletrodos. A linearidade estabelecida segue em função aos dados das tabelas acima. ........40 Figura 4-13: Relação entre concentração e pico de corrente para análise do chumbo nos dois eletrodos. A linearidade estabelecida segue em função aos dados das tabelas acima. . 41 Figura 4-14: Dez varreduras realizadas no branco com o eletrodo sem modificação. ........43 Figura 4-15: Dez varreduras realizadas no branco com o eletrodo com modificação. ........43 vi Lista de tabelas Tabela 1: Critério de concentração máxima de alguns metais na água segundo os dados da CONAMA. ...................................................................................................................... 19 Tabela 2: Técnicas de análise e seus limites de detecção pertinentes para cada metal. ......20 Tabela 3: Reagentes e materiais ultizados. ........................................................................21 Tabela 4: Dados obtidos a partir da voltametria cíclica do eletrodo compósito sem modificações .................................................................................................................... 29 Tabela 5: Dados obtidos a partir da voltametria cíclica do eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana. ................................................................................................. 31 Tabela 6: Dados obtidos a partir da voltametria cíclica do eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro. ...................................................... 33 Tabela 7: Área eletroativa dos eletrodos avaliados. .......................................................... 35 Tabela 8: Tabela das distintas concentrações realizadas no teste de varredura. ................. 36 Tabela 9: Resultados obtidos na varredura em função do zinco, sendo que (a) representa as respostas obtidas com o eletrodo sem modificação, e (b) o eletrodo com a modificação. As colunas coloridas representam o intervalo de linearidade crescente. ................................. 39 Tabela 10: Resultados obtidos na varredura em função do cádmio, sendo que (a) representa as respostas obtidas com o eletrodo sem modificação, e (b) o eletrodo com a modificação. As colunas coloridas representam o intervalo de linearidade crescente. ............................ 40 Tabela 11: Resultados obtidos na varredura em função do chumbo, sendo que (a) representa as respostas obtidas com o eletrodo sem modificação, e (b) o eletrodo com a modificação. As colunas coloridas representam o intervalo de linearidade crescente. .......41 Tabela 12: Coeficiente angular das curvas analíticas. ....................................................... 42 Tabela 13: Valor das 10 correntes obtidos no branco com o eletrodo sem modificação para os potenciais -1,0 V, -0,7 V e -0,5 V, que correspondem respectivamente com os potenciais de pico do zinco, cádmio e chumbo. ................................................................................. 44 Tabela 14: Valor 10 das correntes obtidos no branco com o eletrodo sem modificação para os potenciais -1,0 V, -0,7 V e -0,5 V, que correspondem respectivamente com os potenciais de pico do zinco, cádmio e chumbo. ................................................................................. 44 Tabela 15: Limite de detecção e quantificação para todos os íons metálicos nos dois eletrodos. ......................................................................................................................... 45 Tabela 16: Tabela da CONAMA com os parâmetros marcados. .......................................45 vii CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1 Introdução A cada ano há um aumento de deposição de metais pesados nos solos e efluentes, de fontes litogênicas e antropogênicas. Os metais de origem litogênica estão associados às fontes geológicas, como resíduas de rochas e processo de intemperismo, enquanto os de origem antropogênicas estão correlacionados com as atividades humanas e podem atingir teores mais elevados, comprometendo a qualidade ambiental. Normalmente esta é devido à contaminação oriunda por descasos de rejeitos propagados por indústrias e fábricas (PEREIRA. et al, 2010). Os metais pesados possuem massa específica elevada e se depositam facilmente dentro de seres e compostos orgânicos a longo prazo. Eles se distinguem de outros tipos de agentes tóxicos, pois não são sintetizados nem destruídos pelo homem. As atividades industriais fazem com que diminua significativamente a permanência desses metais nos minérios de origem, bem como a produção de novos compostos, além de alterar a distribuição desses elementos no planeta. O desenvolvimento e a disponibilização de técnicas para a preservação do meio ambiente é essencial. Por isso, também é recomendável o aprimoramento de tecnologia que possa monitorar em escala qualitativa, e principalmente quantitativa, os diferentes tipos de contaminantes que podem aparecer no meio e que atendam os critérios preservativos. Métodos de detecção rápidas e de menor custo direto são os mais requisitados pela comunidade científica. Umas destas técnicas são por eletroanálise que atendem todas essas características, além de possuírem boa seletividade em suas respostas, fácil manuseio, e apresentar pequeno porte. Mas, para que esse tipo de tecnologia apresente um melhor desempenho é preciso o investimento nos sensores utilizados nesta técnica (BRETT, 1993). A detecção eletroquímica oferece seletividade adicional com as diferenças de potenciais de oxirredução. Esse tipo de varredura é compatível para diversas espécies de analitos, incluindo diferentes tipos de metais, fortalecendo ainda mais como uma opção a ser investida nas técnicas de monitoramento (RODRIGUEZ-MOZAZ et. al., 2007). 1 1.2 Objetivo geral O objetivo deste estudo é apresentar um eletrodo-compósito feito de epóxi e carbono criado manualmente e aplica-lo para detecção de alguns metais, utilizando na superfície do próprio sensor, membranas feitas de quitosana e melamina com nanopartículas de ouro acopladas, para a ampliação do sinal eletro analítico. 1.3 Objetivos específicos As etapas apresentadas abaixo foram desenvolvidas com a finalidade de poder alcançar o objetivo geral desse trabalho: a) Montar o eletrodo compósito; b) Avaliar o eletrodo compósito; c) Desenvolver um biofilme estável na superfície que modifique o sensor; d) Avaliar o eletrodo modificado; e) Realizar testes comparativos entre o eletrodo-compósito simples com o modificado em presença do analito. 1.4 Organização do texto Os estudos realizados no presente trabalho serão descritos sumariamente logo abaixo. Neste Capítulo 1 são apresentadas as razões que motivaram o estudo de determinação e análise de metais por métodos analíticos dentro do escopo ambiental e tecnológico. O Capítulo 2 traz a revisão bibliográfica com base na literatura científica. Nele são apresentados os conteúdos, fundamentos das metodologias e as fontes de dados que foram necessários para a aplicação e elaboração das práticas experimentais realizadas no laboratório. No Capítulo 3 será descrita a metodologia científica utilizada no trabalho, utilizando como base de estudo abordado no capítulo anterior. Nele serão demonstrados os equipamentos, as soluções químicas e as técnicas que serão aplicadas. Assim, ao longo do Capítulo 4 serão apresentados os resultados obtidos do estudo realizado. Neste capitulo serão analisados e comparados resultados dos diferentes eletrodos e condições aplicados na detecção dos metais, que serão o zinco, cádmio e chumbo. 2 Em seguida, no Capítulo 5 serão apresentadas as conclusões e recomendações para futuras aplicações que darão continuidade às pesquisas realizadas. As descrições da produção e características das nanopartículas de ouro estão presentes no Anexo 1 No Apêndice A detalha-se o esquema de produção das soluções químicas utilizadas nos experimentos 3 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Eletrodo compósito O primeiro eletrodo de pasta de carbono (EPC) foi confeccionado pelo químico Ralph N. Adams, em 1958. O EPC foi desenvolvido na tentativa de preparar um eletrodo gotejante de pasta de carbono contendo 1 grama de grafite e 7 mL de bromofórmio com o objetivo de desenvolver um eletrodo de carbono renovável para aplicação em uma faixa de potenciais mais positivos, nos quais o eletrodo de mercúrio não podia ser aplicado devido à sua oxidação. Entretanto, esse eletrodo gotejante de carbono não foi viável de ser aplicado devido à alta resistência elétrica causada pelo componente líquido orgânico embutido (ADAMS, R. N., 1958). Contudo, aumentando o teor de grafite deste tipo eletrodo, pesquisas seguintes revelaram com sucesso determinações voltamétricas em diversos analitos em regiões anódicas (OLSON, C. et al., 1960) e catódicas (OLSON, C. et al., 1963). Os eletrodos de pasta de carbono, ou também conhecidos como eletrodos compósitos, são sensores feitos por dois ou mais constituintes com propriedades diferentes e limites distintos entre elas. Normalmente possuem uma fase isolante e uma fase condutora, em proporções adequadas, sendo que sua estrutura possui em níveis macroscópicos aspecto homogêneo e em níveis microscópios possui aspecto heterogêneo (FRANZOI, A. C. et al., 2011; ŠVANCARA, I. et al., 2012; GRANGER, B., 2015). Essas fases se descreveram com um pouco mais de detalhes nos itens subsequentes. Os eletrodos de pasta de carbono oferecem alta versatilidade, baixa corrente de fundo, baixo ruído, ampla faixa de potencial de trabalho, boa resistência, baixo custo e facilidade de renovação da superfície. Esses tipos de eletrodos possibilitam a modificação interna do material, diferentemente do que ocorreria com eletrodos sólidos convencionais em que a modificação ocorre apenas na superfície. Em virtude a essas características, os eletrodos de pasta de carbono vêm levando um grande investimento desde sua invenção, seguindo um progresso no ramo dos estudos da eletroquímica, o que explica seu extensivo uso nessas áreas (PEREIRA, A. C. et al., 2002; AGÜÍ, L et al., 2008). 4 2.1.1 Características físicas e químicas Os eletrodos compósitos apresentam duas fases em sua estrutura, uma isolante e uma condutora. O carbono desempenha como a fase condutora, enquanto o aglutinante orgânico, será a fase isolante. O aglutinante orgânico une mecanicamente as partículas do carbono, preenchendo os seus intervalos e formando uma pasta resistente, compacta, e consistente que possibilita sua fixação ao eletrodo (FRANZOI, A. C. et al., 2011; ŠVANCARA, I. et al., 2012; GRANGER, B., 2015). 2.1.2 Fase condutora A fase condutora dos eletrodos compósitos normalmente é preparada a base de grafite devido a sua abundância, por ser barato e devido a sua forma alotrópica do carbono, apresenta condutividade elétrica. O grafite é composto por milhares de camadas de átomos de carbono em seu arranjo lamelar, chamadas de folhas de folhas de grafeno (Vide Figura 2-1). Apresenta uma estrutura de hibridização sp2 e com uma angulação de 120º entre os átomos da rede, reproduzindo organizações hexagonais (CHUNG, D. D. L., 2002; ZARBIN, A. J. G., 2013). Figura 2-1: Estrutura cristalina do grafite (Fonte: http://www.substech.com) Cada uma destas folhas de grafeno, separadas por um comprimento de 3,35 Å, são empilhadas por meio das atrações de Van der Waals, através dos elétrons nos orbitais p z de 5 cada átomo de carbono, onde apresenta elevada densidade eletrônica, de acordo com a ilustração acima (CHUNG, D. D. L., 2002; ZARBIN, A. J. G., 2013). 2.1.3 Fase isolante Normalmente é usado como fase isolante aglutinantes orgânicos, que vão fazer o papel de fase isolante, e devem apresentar os seguintes critérios: serem uma substância quimicamente inerte, imiscível em soluções aquosas, apresentar alta viscosidade, baixa volatilidade e possuir uma pureza elevada. Existem diversos tipos de líquidos orgânicos utilizados na preparação de pastas de carbono, sendo que alguns deles são: o nujol, parafina líquida, epóxi e poliuretano (CERVINI, P. et al., 2002; FRANZOI, A. C. et al., 2011; GRANGER, B., 2015). As resinas epóxi são uma classe de polímeros orgânicos termoestáveis, que atendem todos os requerimentos para a aplicação da produção de eletrodos compósitos. Esse tipo de resina, pelo fato de ser termoendurecível, não produz resíduos voláteis durante o seu tempo de cura (reação de polimerização). A Figura 2-2 abaixo ilustra a polimerização da resina. (MANO, E. B., 1985). Figura 2-2: Esquema da polimerização das resinas epóxi 2.1.4 Eletrodos de grafite e epóxi Os eletrodos de carbono compósitos em geral, têm uma série de características interessantes para a aplicação da química eletroanalítica. A versatilidade de compósitos de carbono está associada com a grande moldabilidade e a pasta como aspecto que permite fácil modificação e renovação da superfície do eletrodo (KALCHER, K. et al., 1995; PEREIRA, A. C. et al., 2002; VILLALBA, M. M.; DAVIS, J., 2008; ŠVACARA et al., 2012). 6 Os eletrodos compósitos grafite e epóxi apresentam as mesmas características acima mencionado, juntamente com baixo custo e facilidade de preparação. Proporção diferente dos dois pares foram estudados e utilizados para diversos tipos de aplicações (AZEVEDO, A. L. M., 2015; FURTADO et al., 2015). Os primeiros investigadores a construir eletrodos compósitos de grafite-epóxi utilizavam proporções 1:1, em uma quantidade diferente de etapas. Trabalhos mais recentes utilizam umas proporções entre 60% e 70% de grafite, sendo o restante de resina epóxi. Estudos mostram que essa proporção dos materiais tem a maior reprodutibilidade na área eletroativa de superfície mais consistente. Outra característica é a aplicabilidade numa ampla faixa de pH e potencial, e o mesmo desempenho para aplicações catódicas e anódicas. A fácil capacidade de renovação da superfície do eletrodo o torna uma excelente alternativa para modificações (ŠVACARA et al., 2012; AZEVEDO, A. L. M., 2015). 2.2 Nanopartículas A nanotecnologia estende a ciência de materiais para o domínio de partículas e interfaces com dimensões extremamente pequenas, geralmente, da ordem de 1 a 100 nanômetros (1 nm = 10−9 m). Um dos primeiros pesquisadores da área de nanopartículas foi o cientista Michael Faraday no século XIX, com o estudo das propriedades óticas de filmes finos preparados com soluções de nanopartículas de ouro. Entretanto, um dos primeiros registros de objeto manufaturado com nanopartículas é a taça de Lycurgus (Vide Figura 2-3), datada do século 4 a.C. encontrada atualmente no Museu Britânico, em Londres, possui a propriedade de mudar de cor dependendo da luz incidente, devido a presença de nanopartículas metálicas de prata e ouro embutidas no vidro (CARLOS, S., 2010). Figura 2-3: A taça de Lycurgus (CARLOS, S.,2010). 7 O termo “nanotecnologia” foi introduzido em 1974 pelo engenheiro japonês Norio Taniguchi da Universidade de Ciência de Tókio para designar uma nova tecnologia que ia além do controle de materiais e da engenharia em microescala. Entretanto, o real significado do termo se aproxima mais da teoria do americano Eric Drexler, que corresponde à metodologia de processamento envolvendo a manipulação em escala atômica descrita em 1986 (DREXLER K. E., 1986; MARTINS, P., 2009). As nanopartículas apresentam uma grande área superficial em relação ao seu volume e frequentemente exibem propriedades eletrônicas, ópticas, magnéticas ou químicas distintas de partículas e superfícies em escalas macroscópicas (FRANZOI, A. C. et al., 2011), portanto, o tamanho da partícula é um parâmetro significativo, porque altera a natureza das interações das forças entre as moléculas do material e que deve ser trabalhada conforme as condições requeridas (MARTINS, P., 2009). A utilização de nanopartículas metálicas nos estudos eletroquímicos demonstra outras vantagens, como: melhoria da transferência eletrônica, aumento da área superficial e aumento da razão sinal-ruído (FRANZOI, A. C. et al., 2011). Um dos maiores desafios para o seu manuseio e a utilização das nanopartículas é que elas tendem a se aglomerar quando não são estabilizadas (AIKEN III, J. D. et al., 1999). Os principais métodos utilizados para a imobilização de nanopartículas metálicas em solução envolvem proteção eletrostática ou estérica, como por exemplo: polímeros, sais de amônio quaternário, surfactantes ou polioxoânions (DUPONT, J. et al., 2002). A incorporação da tecnologia de nanopartículas metálicas nos sensores eletroquímicos vem permitindo análises mais apuradas e sensíveis, podendo em até alguns casos diminuir os altos potenciais de certas reações bioeletroquímicas e até realizar a reversibilidade de algumas reações redox que são irreversíveis em eletrodos não modificados (CHEN, D. et al., 2007). 2.3 Ciclodextrinas As ciclodextrinas (CD) são oligossacarídeos cíclicos formados por moléculas de D- glicose unidas através de ligações glicosídicas, obtidas por hidrólise enzimática do amido. As ciclodextrinas mais conhecidas são as α, β e γ-CD, constituídas respectivamente por 6, 7 e 8 monômeros de glicose, que adotam a conformação de cadeira (Vide Figura 2-4) (VENTURINI, C. D. G., NICOLINI, J., 2008). 8 Figura 2-4: Estrutura e propriedades de α-, β- e γ-CD (VENTURINI, C. D. G. et al., 2008) Atualmente as ciclodextrinas vêm despertando um grande interesse pelas comunidades científicas, devido ao seu arranjo tridimensional e por suas moléculas apresentarem uma cavidade interna apolar. Neste espaço condiciona a possibilidade de inclusão de complexos e nanomateriais. Sendo que dos três derivados apresentados, a βciclodextrina (β-CD) apresenta maiores vantagens, devido ao tamanho da sua cavidade, disponibilidade e baixo custo de fabricação (VENTURINI, C. D. G., NICOLINI, J., 2008). Neste processo de inclusão ocorre a modificação físico-química das características do substrato. Essas modificações englobam a reatividade química do substrato, a fixação de substâncias muito voláteis, a melhoria na solubilidade de compostos, a estabilização de substâncias sensíveis à luz, calor e oxidação e proteção da degradação de substâncias (RAMA, A. C. R. et al., 2005). A ciclodextrina possui uma gama de utilidades que vem sendo empregada, por exemplo, na indústria alimentícia para aumentar a durabilidade de componentes dos alimentos, para a produção de fármacos, para a estabilização e encapsulação de certos substratos e podem ser utilizadas como despoluentes para a extração de substâncias tóxicas contidas no ambiente por meio da formação de complexos não tóxicos (BRITTO, M.A.F.O. et. al., 2004). Outra área de estudo reportada que a ciclodextrina apresenta um bom desempenho, é no processo de estabilização de nanopartículas, evitando a aglomeração destas e consequentemente a perda das propriedades presentes apenas em escala nanométrica. Com as 9 nanopatículas estabilizadas, estas podem ser armazenadas mais facilmente, ou seja, com condições menos severas, e a longo prazo, podendo ser aplicada em outras áreas de estudo (RAWAT, S. et al., 2004). 2.4 Eletrodos modificados A modificação em sensores eletroquímicos é necessária para que haja adaptações em função às condições que irão ser avaliadas, obtendo uma resposta mais mensurável em relação à ausência de modificadores, dependendo do desempenho eletrocatalítico. Os eletrodos modificados estabelecem o controle da natureza físico-química na interface eletrodo/solução, essas modificações incluem adsorção irreversível de certas substâncias que possuem grupos funcionais desejados e ligações covalentes de espécies químicas na superfície do eletrodo (SKOOG, D. A., 2002). O termo “eletrodos quimicamente modificados” (EQM) foi introduzido por Moses et. al., em 1975, no seu artigo “Chemically modified tin oxide electrode” para categorizar os sensores com espécies quimicamente ativas, deliberadamente imobilizadas em sua superfície. O trabalho descreve a modificação química da superfície de eletrodos de SnO2 por intermédio de organossilanos (MOSES, P. R., et al., 1975). O mecanismo de atuação do elemento modificado depende de diversos fatores, que são as seguintes, segundo a literatura (TICIANELLI et al., 2013): Quando há a aplicação de filmes metálicos a reação dos processos eletroanalise, passa ocorrer na superficie do eletrodo revestida por filme metálico, que possui um melhor desempenho nas trocas eletrônicas; Quando há a aplicação de filmes de óxido ou polímeros, este apresenta um bom desempenho para a incorporação de agentes mediadores, que possam facilitar a transferência eletrônica com o meio, e adsorção de espécies eletroativas presentes na solução; Quando há aplicação de submonocamadas, a modificação oriunda pela alteração das propriedades eletrônicas dos sítios hospedeiros, que acarretará diretamente a uma modificação do perfil dos diagramas de energia de ativação. 10 2.5 Quitosana A quitosana é o segundo biopolímero mais abundante da natureza depois da celulose, este biomaterial é obtido pela desacetilação da quitina, β(1-4)-2-acetamido-2-deoxi-Dglicose, presente abundantemente no exoesqueleto dos artrópodes, das estruturas internas dos invertebrados e alguns fungos do gênero Aspergillus e Mucor (OLIVEIRA, I. R. W. Z., 2007). O composto atua como uma base fraca, insolúvel em água e solventes orgânicos, entretanto, apresenta solubilidade em soluções ácidas, formando um gel no processo. Precipita em soluções com poliânions ou em pH alto como se observa na Figura 2-5. Uma das principais utilidades química da quitosana provém da presença dos grupos amino em sua estrutura, os quais apresentam diversas possibilidades de modificações (PAULIUKAITE, R. et al., 2009). Figura 2-5: Estrutura química da quitosana e suas diferentes formas de descrição com seus sítios ativos (GONSALVES, A. D. A. et al., 2011). A quitosana forma cadeias poliméricas através de processos de intercruzamento, que interliga suas cadeias poliméricas, podendo até se conectar com outros polímeros, através do processo de reticulação. Os agentes de intercruzamento geralmente apresentam baixa massa molar e grupos funcionais que se conectam com os sítios ativos da quitosana, podendo ser o grupo amino ou hidroxila. (KUMBAR, S. G., 2005). 11 Essas reticulações têm como principal característica a formação de biofilmes. As reticulações podem prover diversas possibilidades de uso, como por exemplo, imobilização de enzimas, incorporação de fármacos, adsorção de cátions metálicos, preparação de biossensores e preparação de películas ou membranas. Tais características fazem levar a importância desse composto no preparo de eletrodos usados em diversas técnicas analíticas, principalmente nos procedimentos que requerem modificações em sensores para obtenção de análise de maior especificidade (GONSALVES, A. D. A. et al., 2011) 2.5.1 Intercruzamento Os interligantes promovem a ligação entre cadeias de polímeros diferentes ou iguais, por ligações covalentes. Eles apresentam grupos funcionais reativos e condicionam uma maior estabilidade na estrutura interligada (KOROTKAYA, E. V., 2014). Existem diversos tipos de interligantes, como por exemplo, glioxal, glutaraldeído, epicloridrina e cloreto cianúrico (MOHAMED, S. A. et al., 2013). Um dos possíveis compostos que podem promover interligações na quitosana, é o glioxal (Vide Figura 2-6). Ele é um dialdeído saturado que interage com o grupo funcional amido da quitosana. Neste processo há uma formação de rede tridimensional de cadeia polimérica, conforme na Figura 2-7 (PAULIUKAITE, R. et al., 2009). Figura 2-6: Estrutura molecular do glioxal Figura 2-7: Processo de reticulação da quitosana tratada com glioxal (PAULIUKAITE, R. et al., 2009). 12 2.6 Melamina A 1,3,5-Triazine-2,4,6-triamine, mais conhecida como melamina é um composto comumente utilizado na fabricação de plásticos, resinas, laminados, colas e até como fertilizante (vide Figura 2-8). Esse composto se apresenta naturalmente na forma de pó branco, cristalino, pKa 5 e sua solubilidade em água é de 3,1 g por litro a 20°C (CHU, P. W. S., 2010; SUN, F., 2010; ZHU, Y., 2011). Figura 2-8: Estrutura molecular da melamina. Os três grupos aminos presentes neste composto possibilitam a formação de polímeros. Um de seus subprodutos mais aplicados industrialmente é a resina melamínica, feita através da reação polimérica entre o formaldeído e a melamina. Esse composto também pode interagir com outros tipos de poliméricos e estender as suas cadeias, como por exemplo, a polianilina e quitosana, por intermédio de agentes químicos intercruzantes (GUAN-PING, J., 2011; LIU, T. Y., 2011; CAMPOS, J. R., 2014). 2.7 Voltametria Os métodos voltamétricos são os estudos eletroanalíticos que englobam o uso de correntes e potenciais. Nele se aplica a polarização completa da superfície do eletrodo de trabalho em contato com a solução adjacente, a área deste eletrodo onde será realizado o efeito. Na voltametria ocorre o consumo mínimo do analito, ou seja, não será necessária a conversão total do analito (SKOOG et al., 2002; TICIANELLI et al., 2013). A Figura 2-9 apresenta os diversos tipos de varredura que relacionam voltagem-tempo a ser aplicada num eletrodo (SKOOG et al., 2002) e consistem sumariamente em: a) Voltametria de Varredura Linear: O potencial introduzido no eletrodo de trabalho aumenta linearmente com o tempo e a corrente é medida de forma direta, em função do potencial aplicado. Esta técnica possibilita a aplicação de varreduras altas, podendo ser 13 até 1000 mVs-1, entretanto implica em ser um método de baixa sensibilidade (TICIANELLI et al., 2013); b) Voltametria de Varredura Diferencial: Também conhecida como polarografia de pulso diferencial, a programação de potencial é feita aplicando-se um pulso de potencial superposto em uma rampa de potencial linearmente crescente no eletrodo de trabalho. A corrente é medida duas vezes, antes e depois do pulso, em intervalos de tempo pequenos. Cada etapa de aplicação do pulso é definida pela varredura de potencial (PACHECO et al., 2013; TICIANELLI et al., 2013); c) Voltametria de Onda Quadrada: A programação de potencial é feita aplicando-se um pulso de potencial superposto em uma rampa no formato de escada (staircase). A corrente é medida duas vezes uma ao final do pulso direto e outro ao final do pulso reverso. O voltamograma resultante consiste da diferença entre estas duas correntes versus a rampa de potencial aplicado (PACHECO et al., 2013); d) Voltametria de Varredura Triangular ou Cíclica: O potencial varia linearmente com uma velocidade constante até alcançar o potencial desejado. Atingido o ponto requerido, o potencial diminui linearmente com a mesma velocidade até o seu potencial original. Este tipo de varredura é repetido diversas vezes, e a cada ciclo um voltamograma é formado (TICIANELLI et al., 2013). A continuação descreve-se com mais ênfases as técnicas de voltametria cíclica e de Stripping por serem mais versáteis e efetivas para estudar sistemas redox e por serem as técnicas selecionadas neste trabalho para a detecção dos metais. 14 Figura 2-9: Sinais de excitação de tensão versus tempos empregados na voltametria (SKOOG et al., 2002). 2.7.1 Voltametria cíclica A polarização potenciodinâmica cíclica, mas conhecida como voltametria cíclica, apresenta uma aplicabilidade considerável, fazendo como uso de variáveis a velocidade de varredura e os seus potenciais a serem alcançados. É um método para determinar os processos de oxiredução, adsorção e avaliar as reações reversíveis (BRETT, 1993). Esse tipo específico de técnica é realizado a partir de um potencial inicial (E i) com uma velocidade de varredura constante (v) até o potencial catódico final (E f), em seguida, a velocidade retorna ao potencial inicial, conforme observa-se na Figura 2-10. Figura 2-10: Sinal aplicado pelo potenciostato no ensaio de voltametria cíclica (TICIANELLI et al., 2013) 15 A Figura 2-11 mostra o sinal de resposta gerado ao aplicar a varredura triangular com o seu perfil de reversibilidade típico. Figura 2-11: Resposta obtida na voltametria cíclica, de característica reversível. Fonte: (BRETT, 1993). De acordo com a teoria de Nicholson e Shain, para determinar se a curva voltametria cíclica apresenta caráter reversível (TICIANELLI et al., 2013) deve ser realizado os seguintes critérios: a) ΔE = |Epa – Epc | = 0,059/n ; b) |Ipa / Ipc| = 1 ; c) Epa e Epc independentes da velocidade de varredura (v) ; d) Epa e Epc independentes da concentração inicial do analito imersa na solução. A Figura 2-12 ilustra os diferentes processos de voltametria cíclica que podem ser encontrados nos ensaios (FISHER, A. C., 1996). 16 Figura 2-12: Diferença entre um voltamograma reversível, quase reversível e irreversível. Fonte: (FISHER, A. C., 1996). A partir do resultado gráfico da voltametria cíclica, é possível determinar a área eletroativa do eletrodo. As informações quantitativas podem ser obtidas a partir da equação de Randles-Sevcik, que a 25 °C (SKOOG et al., 2002) é dada pela equação 1: (1) Onde: n = número de elétrons envolvidos na reação; A = área eletroativa (cm2); = velocidade de varredura (V/s); C = concentração da espécie oxidada ou reduzida (mol/mL); D = constante difusional (cm2/s); Ip = valor da corrente de pico anódico ou catódico (A). 2.7.2 Stripping Eletrodos compósitos de carbono sólido, preparadas com epóxi apresentam vantagens para ser utilizado como uma ferramenta ideal para determinação de metais através dos testes eletroquímicos. Esses equipamentos apresentam rigidez, facilidade de fabricação, sensibilidade e possuem uma boa reprodutibilidade necessários para os ensaios (WU, Y., et al. 2008). 17 As análises classificadas como stripping ou voltametria por redissolução é um tipo de eletroanálise de aspecto bem versátil para a determinação de vestígios de várias amostras simultaneamente. Esta técnica se baseia na deposição, associada ou não de aplicação de potencial, do analito à superfície do eletrodo, seguida de uma varredura de potencial, permitindo com que ele se dissolva para a solução. A remoção do próprio analito na superfície do sensor gera uma corrente proporcional à quantidade de analítico adsorvida ao eletrodo (PACHECO, W. F. et al., 2013). Nos processos de stripping anódico (Vide Figura 2-13) baseiam-se geralmente na formação de amálgamas de metais a serem determinadas. Neste processo há a diminuição do potencial em função do tempo (PACHECO, W. F. et al., 2013). (a) (b) (c) Figura 2-13: Processo de varredura stripping: (a) Processo de adsorção e dessorção na superfície do eletrodo; (b) Aplicação de potencial em função do tempo durante a varredura; (c) Resultado final obtido da varredura, com a resposta gráfica de corrente em função do potencial. 2.8 Detecção de Metais Sensores eletroquímicos demonstram-se como ferramentas muito úteis para o rastreamento de metais em soluções aquosas. Essa característica é devido a sua sensibilidade, compactação, baixo custo e facilidade de aplicação. Cádmio, chumbo, zinco e mercúrio são 18 alguns exemplos de metais cuja presença no meio ambiente tem sido uma preocupação crescente, devido aos perigos de contaminação (CESARINO, I. et al., 2010). Devido à alta toxidade de alguns metais, os critérios de viabilidade do consumo e contato com esses são bem criteriosos, pois podem apresentar perigo mesmo em pequenas concentrações (Vide Tabela 1). Uma das principais características desses metais, que o tornam perigosos, é a estabilidade e complexação em materiais biológicos (GOUVEIACARIDADE, C. et al., 2010). Tabela 1: Critério de concentração máxima de alguns metais na água segundo os dados da CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente),( RESOLUÇÃO CONAMA nº 396). Usos preponderantes da água (µmol/L) Metais Consumo Dessedentação Irrigação Recreação humano de animais Zinco 76,476 367,085 30,590 76,476 Cádmio 4,448 x 10-2 4,448 x 10-1 8,896 x 10-2 4,448 x 10-2 Chumbo 4,826 x 10-2 4,826 x 10-1 24,131 2,413 x 10-1 Diversos tipos de metais são tóxicos e não são compatíveis com a maioria dos tratamentos biológicos de efluentes. A intoxicação por metais provoca um conjunto específico de sintomas. Eles podem se complexar nos grupos funcionais das enzimas dos organismos e podem perturbar o transporte de substâncias essenciais, tais como os íons Na+ e K+ e de outras substâncias orgânicas. Esses elementos podem estar diluídos nos ambientes aquáticos sob diversas formas: em solução na forma iônica ou na forma de complexos solúveis orgânicos ou inorgânicos; retidos nas partículas coloidais minerais ou orgânicas; ou ficando retidos nos sedimentos (AGUIAR, M. R. M. P. et al., 2002). Existem vários tipos de técnicas para analisar a presença de alguns metais. Na Tabela 2 ilustram-se algumas dessas técnicas encontradas na literatura para detectar alguns metais, cada um com seu limite de detecção distinto. 19 Tabela 2: Técnicas de análise e seus limites de detecção pertinentes para cada metal. Metais Zinco Cádmio Chumbo Stripping Stripping Limite de detecção (µmol/L) 6,00 1,68 x 10-1 Stripping 8,25 Métodos Espectrometria por absorção atômica Espectrometria por absorção atômica Espectrometria de massas Stripping Referências (JOTHIMUTHU, P. et al., 2013) (INJANG, U. et al., 2010) (CHUANUWATANAKUL, S. et al., 2008) 2,75 (DUTRA, R.L. et al., 2006) 9,94 x 10-1 (CALADO, S.C.S., 2004) 5,00 x 10-2 (FONG, B.M.W. et al., 2009) 7,12 x 10-3 Stripping 6,14 x 10-3 Stripping Espectrometria por absorção atômica Espectrometria por absorção atômica Espectrometria de massas Stripping Stripping 5,60 x 10-3 (INJANG, U. et al., 2010) (CHUANUWATANAKUL, S. et al., 2008) (WU, Y. et al., 2008) 3,56 x 10-3 (GARCIA, S. et al., 2015) 4,45 x 10-3 (BORTOLETO, G. G. et al., 2004) 3,56 x 10-4 (NUNES, J. A., 2009) 3,86 x 10-3 9,65 x 10-4 Stripping 4,30 x 10-3 (WU, Y. et al., 2008) (INJANG, U. et al., 2010) (CHUANUWATANAKUL, S. et al., 2008) Espectrometria por absorção atômica Espectrometria por absorção atômica Espectrometria de massas 6,27 x 10-3 (GARCIA, S. et al., 2015) 1,45 x 10-1 (CALADO, S.C.S., 2004) 1,93 x 10-4 (NUNES, J. A., 2009) 20 CAPÍTULO 3 METODOLOGIA Neste capítulo será descrita a metodologia utilizada para a construção dos eletrodoscompósitos, obtenção dos filmes de quitosana e melamina e das nanopartículas, tendo em vista o âmbito experimental ou conceitual, a partir das informações recopiladas, dos métodos para coleta dos dados e de outras formas que constituem o sistema de estudo. 3.1 Reagentes e Materiais: Na tabela 3 são especificados os reagentes e materiais empregados nas análises de detecção e construção dos eletrodos. Tabela 3: Reagentes e materiais ultizados. Epóxi (Avipol®); Grafite em pó (tamanho da partícula entre 2-20 μm - Sigma Aldrich®); Quitosana (Formulando ®-Manipulação e Homeopatia); Melamina (Sigma-Aldrich®); Ácido acético glacial (99,8% v/v - Sigma Aldrich®); Acetato de sódio (Sigma Aldrich®); Glioxal (40% v/v - Sigma Aldrich®); Cloreto de potássio (Vetec® Química); Ferricianeto de potássio (Vetec® Química); Fosfato de sódio monobásico (Vetec® Química); Fosfato de sódio dibásico (Vetec® Química); Hidróxido de sódio (Vetec® Química); Solução padrão de zinco 995 µg/mL (VHG® Labs); Solução padrão de cadmio 1000 µg/mL (VHG® Labs); Solução padrão de chumbo 995 µg/mL (VHG® Labs). Seringa 0,50 mL (BD ULTRA-FINE®) Haste de cobre de 1 mm A preparação de cada um dos reagentes aplicados no experimento está presente do Apendice A. 21 3.2 Preparo das nanopartículas de ouro funcionalizadas com α-ciclodextrinas Tioladas. As nanopartículas de ouro foram sintetizadas e cedidas pelo Laboratório de Química Supramolecular e Nanotecnologia (LQSN), sob liderança da Dr. Célia Ronconi. Mais informações e caracterizações do composto empregado estão presentes no Anexo 1. 3.3 Preparo do eletrodo O eletrodo compósito base utilizado nos experimentos foi feito seguindo as instruções encontradas na literatura (AZEVEDO, A. L. M., 2014), a partir de uma mistura mássica de 65% de carbono grafite com 35% de resina epóxi. Para o desenvolvimento do eletrodo de pasta de carbono, foi utilizado como molde uma seringa de insulina, conforme apresenta-se na Figura 3-1 onde irá ser depositada dentro dela o polímero e o carbono misturados. Figura 3-1: Aspecto e dimensionamento do eletrodo (AZEVEDO, A. L. M., 2014) O pó de grafite e a resina epóxi foram misturados até a formação de uma pasta. Esta pasta é adicionada a seringa para formar o eletrodo, juntamente a um fio de cobre (Vide Figura 3-2). A seringa foi posta sobre pressão numa prensa, por 24 horas. 22 Figura 3-2: Representação esquemática de preparo do eletrodo (MELLO, G. C., 2014). Ao final do tempo de cura do compósito, a superfície do eletrodo semifinalizada foi polida manualmente com o auxílio de uma politriz e um acabamento final foi feito com lixa de carbeto de silício 1200. 3.4 Preparação do filme de melamina e quitosana O processo de deposição nos eletrodos seguiu descrição prévia presente em Brett, 2009. A solução de quitosana e melamina foi preparada utilizando-se 12,5 miligramas do primeiro e 37,5 miligramas do segundo (formando-se uma proporção de 3:1 para melamina e quitosana) em 50 mL de solução de ácido acético 1% (v/v), de acordo com a literatura (CAMPOS, J. R., 2014). Essa mistura foi levada a agitação por 2 h em temperatura ambiente (~25°C) até alcançar a sua total dissolução. O eletrodo foi mantido em posição vertical, e foi aplicado a seguinte marcha para o preparo do filme. O interligante selecionado para o experimento foi o glioxal 2,0% (v/v). A confecção dos eletrodos modificados seguiu a seguinte ordem e esquematizada na Figura 3-3 e Figura 3-4: 1) Foi adicionado 10 µL da solução de melamina com quitosana na superfície do eletrodo, e deixado secar durante aproximadamente 1 hora; 2) Depositou-se 10 µL da solução de nanopartículas de ouro, e posto para secar durante um tempo estimado de 40 minutos; 3) Os procedimentos 1 e 2 foram repetidos novamente no mesmo eletrodo; 23 4) Após a secagem foi adicionado uma gota de solução NaOH 0,02 molL-1. Depois da secagem em um processo que leva 1 hora, foi adicionada outra gota; 5) O material foi lavado abundantemente com água destilada; 6) Adicionou-se 10 µL de tampão fosfato 0,1 mol L -1 (pH = 7,0) e posto para secar durante 1 hora; 7) Adicionou-se 10 µL da solução de glioxal 2,0% (v/v) e posto para secar durante aproximadamente 24 horas. 10 µL da solução de melamina com quitosana 1 hora Duração de secagem: 10 µL da solução de nanopartículas de ouro Duração de secagem: 40 minutos Repetição das duas etapas anterioras 10 µL da solução de NaOH 0,02 mol L-1 Duração de secagem: 1 hora Rinsar com água destilada 10 µL de tampão fosfato 0,1 mol L-1 Duração de secagem: 1 hora 10 µL da solução de glioxal 2,0% Duração de secagem: 24 horas Figura 3-3: Esquema da sequência de deposições feitas nos eletrodos. Os eletrodos produzidos sem as nanopartículas de ouro não apresentaram as etapas de deposição destas na sua produção. 24 (a-1) (b-1) (a-2) (b-2) Figura 3-4: Produção do eletrodo quimicamente modificado: (a-1) Eletrodo compósito sem modificação; (a-2) Superfície condutora do eletrodo compósito; (b-1) Eletrodo compósito sendo modificado; (b-2) Superfície condutora do eletrodo após a modificação. 3.5 Equipamentos As áreas eletroativas foram medidas em sistemas de três eletrodos: (Ag|AgCl ) como eletrodo de referência, Platina como contra eletrodo e os eletrodos de trabalho foram os eletrodos compósitos produzidos no laboratório e postos em teste. Foram utilizados ao longo do experimento os potenciostato: Autolab, modelo PGSTAT204 (Compact and modular potentiostat/galvanostat), e um Ivium Technologies®, modelo CompactStat (Vide Figura 3-5 e 3-6). 25 Figura 3-5: Potenciostato Autolab, modelo PGSTAT204 (Compact and modular potentiostat/galvanostat) Fonte: www.ecochemie.nl/Products. Figura 3-6: Potenciostato Ivium Technologies®, modelo CompactStat. Fonte: www.ivium.nl/Products. 3.6 Avaliação do eletrodo de trabalho Foi aplicada a técnica de voltametria cíclica fazendo o uso de uma solução com um sistema reversível conhecido. Esta solução é composta por ferricianeto de potássio, K3[Fe (CN)6], 5 mmol L-1 em cloreto de potássio 0,5 mol L-1, KCl. De acordo com a literatura (ZOSKI, C. G., 2007), o coeficiente de difusão do ferricianeto de potássio em KCl 0,5 mol L1 é 7,7 x 106 cm2s -1. Foram realizadas varreduras na faixa de potencial de 0,8V a -0,2 V. As velocidades de varredura aplicadas foram: 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs-1, com 3 ciclos de leitura para cada velocidade. As primeiras medidas foram feitas com o branco (solução de cloreto de potássio 0,5 mol L-1) em cada velocidade de varredura. Após a medição dos brancos, adicionou-se o ferricianeto de potássio ao meio, realizando mais outras voltametrias cíclicas nas mesmas condições utilizadas para o branco. 26 Os voltamogramas obtidos foram subtraídos dos brancos e aplicados para a determinação da corrente catódica e anódica (redução e oxidação). Os dados obtidos servirão para a determinação da área eletroativa, empregando a relação de Randles-Sevcik, abordado na equação 1. 3.7 Stripping anódico Os parâmetros utilizados nas análises de stripping anôdico seguem conforme alguns encontrados na literatura (WU, Y. et al., 2008; CESARINO, I., et al., 2010). Foi utilizado como eletrólito de suporte, o branco, a solução tampão de acetato de pH 5. Para as varreduras realizadas no experimento foi acrescentado um pequeno volume da solução padrão de cátions. Esta solução padrão de cátions possui zinco, cadmio e chumbo diluídos no meio, cuja as concentrações são 1x10-3 mol L-1, 5x10-4 mol L-1 e 2x10-4 mol L-1, respectivamente. A aplicação dos cátions foi feita através de uma pipeta automática. Ao todo foram realizados 14 acréscimos, ou seja, foram aplicadas 15 varreduras, contando com o branco, para cada eletrodo testado. No processo de eletrodeposição durante a varredura, a solução ficou sob agitação, para a facilitação do processo com o meio. Depois desse intervalo de pré-concentração de 2 minutos, a agitação foi desativada, para dar o início a varredura, com o desprendimento dos cátions na superfície do eletrodo. O intervalo de potencial aplicado no teste era de -1,5 V até 0,1 V, com frequência de 10 Hz, modulo de amplitude de 0,025 V e velocidade de varredura de 100 mVs-1. 27 CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Determinação da área eletroativa dos eletrodos Inicialmente foi trabalhado e determinado a área eletroativa de três tipos de eletrodos compósitos nos testes. Um eletrodo sem modificações, um com o biofilme feito de melamina e quitosana e outro com melamina, quitosana e nanopartículas de ouro. 4.1.1 Eletrodo compósito sem modificação Figura 4-1: Voltamogramas cíclicos do eletrodo compósito sem modificação em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 e KCl 0,5 mol L-1 velocidades 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs-1, após subtração do branco. A partir do gráfico de voltametria cíclica apresentado na Figura 4-1 foi possível determinar alguns dos dados inerentes tais como as correntes e potenciais de pico dos processos anódicos e catódicos que estão descritos na Tabela 4. 28 Tabela 4: Dados obtidos a partir da voltametria cíclica do eletrodo compósito sem modificações Velocidades de varredura (V/s) 0,01 0,02 0,03 0,05 0,075 0,08 0,10 Epa (V) Epc (V) ΔEp (V) 0,34 0,34 0,34 0,34 0,34 0,34 0,34 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,24 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,1 Ipa (µA) 28,154 40,101 48,761 61,653 74,518 76,737 85,221 Ipc (µA) -28,173 -40,542 -49,992 -64,868 -79,568 -82,336 -92,439 Ipa/Ipc 0,999 0,989 0,975 0,950 0,937 0,932 0,922 Há de se notar que o ΔE obtido no eletrodo foi por volta de 0,09 V, sambendo que o valor estipulado para um sistema reversível, de acordo com a literatura, é de 0,059 V. Este último valor tem como referência um condutor metálico perfeito, e o sensor utilizado no experimento é feito de carbono e epóxi, acarretando esta diferenciação. Essa característica vale para todos os eletrodos aplicados no estudo. A razão entre as corrente de pico (Ipa/Ipc), apresentaram uma média de 0,958. Este valor o qualifica como um processo reversível, pois a relação entre as correntes de pico está próxima a 1,00. A simetria do processo é confirmado através da relação das correntes de pico com a raiz quadrada das velocidades de varredura. Devido a equação de Randles e Sevcik esta relação é linear. 29 85 Ipa y = 262,01x + 2,7435 R² = 0,9995 Ipc 65 45 25 I(µA) 5 -15 -35 -55 -75 y = -296,3x + 1,4053 R² = 1,0000 -95 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 1/2 (V s-1)1/2 Figura 4-2: Relação entra as correntes anódica e catódica contra a V1/2 para o eletrodo compósito sem modificação. Pelo gráfico apresentado na Figura 4-2, é possível notar que o coeficiente de linearidade (r²) para os dois tipos de corrente estão próximas a 1,00. Esta condição sugere que o sistema apresenta uma transferência de massa controlada por difusão. A proximidade do coeficiente angular de cada linearização é resultado da simetria entre os picos anódicos e catódicos, visto anteriormente. Utilizando a equação de Randles e Sevcik foi possível determinar a área eletroativa média do eletrodo que foi: 0,0741 ± 0,0013 cm2. 4.1.2 Eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana O efeito do biofilme de melamina e quitosana foi também avaliado eletroquimicamente, os resultados obtidos são apresentados na Figura 4-3 e Tabela 5, a seguir. 30 Figura 4-3: Voltamogramas cíclicos do eletrodo compósito com o biofilme de melamina e quitosana, em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 e KCl 0,5 mol L-1 velocidades 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs-1, após subtração do branco. Tabela 5: Dados obtidos a partir da voltametria cíclica do eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana. Velocidades de varredura (V/s) 0,01 0,02 0,03 0,05 0,075 0,08 0,1 Epa (V) 0,34 0,35 0,36 0,36 0,37 0,37 0,38 Epc (V) 0,24 0,24 0,23 0,22 0,22 0,22 0,22 ΔEp (V) 0,1 0,11 0,13 0,14 0,15 0,15 0,16 Ipa (µA) 24,419 31,695 36,859 43,980 50,058 50,605 53,797 Ipc (µA) -25,356 -36,071 -42,75 -52,422 -61,691 -62,922 -68,244 Ipa/Ipc 0,963 0,879 0,862 0,839 0,811 0,804 0,788 De acordo com os dados obtidos na Figura 4-3 e na Tabela 5, o eletrodo com o biofilme apresentou um decaimento na magnitude das correntes em relação ao eletrodo sem as modificações. Isso é justificável, pois o filme formado por quitosana e melamina possuem características isolantes. A razão entre os picos de corrente foi aproximadamente 0,849, fazendo com que ele se desqualifique como um sensor com um sistema reversível de varredura. 31 Ipa 60 y = 135,84x + 12,304 R² = 0,9898 Ipc 45 30 I(µA) 15 0 -15 -30 -45 y = -195,9x - 7,6306 R² = 0,9944 -60 -75 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 V1/2 (V s-1)1/2 Figura 4-4: Relação entra as correntes anódica e catódica e V1/2 para o eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana. A Figura 4.4 revela coeficiente de linearidade (r²) próxima a 1,00, em ambas correntes. Entretanto, a distinção do coeficiente angular é devido à baixa simetria nos resultados obtidos nos picos anódicos e catódicos, evidenciando a sua característica de pouca reversibilidade. A área eletroativa média do eletrodo produzido foi: 0,0540 ± 0,0061cm2. 32 4.1.3 Eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro Figura 4-5: Voltamogramas cíclicos do eletrodo compósito com o biofilme de melamina e quitosana e nanopartículas de ouro, em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 e KCl 0,5 mol L-1 velocidades 10, 20, 30, 50, 75, 80 e 100 mVs-1, após subtração do branco. Tabela 6: Dados obtidos a partir da voltametria cíclica do eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro. Velocidades de varredura (V/s) 0,01 0,02 0,03 0,05 0,075 0,08 0,10 Epa (V) 0,29 0,3 0,3 0,31 0,32 0,31 0,32 Epc (V) ΔEp (V) 0,19 0,18 0,18 0,18 0,17 0,17 0,16 0,1 0,12 0,12 0,13 0,15 0,14 0,16 Ipa (µA) 26,751 35,925 41,927 50,686 58,011 59,341 63,083 Ipc (µA) -26,998 -36,768 -43,889 -53,942 -62,379 -63,485 -67,802 Ipa/Ipc 0,991 0,977 0,955 0,940 0,930 0,935 0,930 A Figura 4-5 apresenta os voltamogramas obtidos para o eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro, para o qual se obteve uma 33 razão entre os picos de 0,951. Este valor próximo a 1,00 o qualifica como um sistema reversível (vide Figura 4-6). 90 Ipa 70 y = 167,53x + 11,795 R² = 0,9912 Ipc 50 I(µA) 30 10 -10 -30 -50 y = -189,56x - 9,8289 R² = 0,9915 -70 -90 0,05 0,1 0,15 0,2 1/2 (V 0,25 0,3 0,35 s-1)1/2 Figura 4-6: Relação entra as correntes anódica e catódica e 1/2 para o eletrodo compósito com biofilme de melamina e quitosana com nanopartículas de ouro. A Figura 4-6 apresenta um coeficiente de linearidade próximo a 1,00, em ambas correntes. O valor do módulo do coeficiente angular similar nas linearizações é colaborado com a simetria das correntes, devido ao caráter de reversibilidade do sistema. A área eletroativa média do eletrodo produzido foi: 0,0617 ± 0,0058 cm2. 4.1.4 Comparação entre os eletrodos Na Figura 4-7 observam-se os voltamogramas comparativos dos três eletrodos. Foi possível determinar a área eletroativa de cada eletrodo, sua reversibilidade e por fim realizar uma comparação entre eles. O eletrodo sem modificações foi o que apresentou a maior área eletroativa com um sistema reversível, enquanto o eletrodo com o filme e sem ouro obteve a menor área com um sistema pouco reversível. Entretanto, o eletrodo com o filme e ouro apresentou uma área 34 maior e obteve um sistema mais reversível, em comparação ao modificado sem as nanopartículas. A presença das nanopartículas permitiu esse tipo de mudança. Figura 4-7: Voltamogramas cíclicos dos três eletrodos, em K3[Fe(CN)6] 5 mmol L-1 em KCl 0,5 mol L-1 , e velocidade de varredura de 50 mVs-1 . Tabela 7: Área eletroativa dos eletrodos avaliados. Eletrodos Área eletroativa (cm2) Eletrodo sem modificação 0,0741 ± 0,0013 Eletrodo com o filme e sem Np de ouro 0,0540 ± 0,0061 Eletrodo com o filme e com Np de ouro 0,0617 ± 0,0058 O filme feito de quitosana e melamina foi útil para impedir o desprendimento das nanopartículas na superfície do eletrodo compósito. Isto é justificável, pois não houve variância no comportamento nesses ensaios de varredura. Através do resultado obtido no eletrodo com essas nanopartículas foi possível obter um sistema mais simétrico entre os picos de corrente e o aumento da área eletroativa em relação ao eletrodo com apenas o filme (vide Tabela 7). Tais características confirmam com a funcionalidade da quitosana, melamina e as nanopartículas de ouro presentes no sistema. 35 No entanto, devido à característica isolante do biofilme, nos dois eletrodos modificados, o sensor sem as modificações ainda apresentou os melhores resultados. Na próxima etapa dos experimentos, foram utilizados os eletrodos com os melhores resultados para detecção dos metais. Os sensores selecionados foram: o eletrodo sem modificação e o eletrodo com o filme e nanopartículas de ouro. 4.2 Varredura dos metais Conforme foi explicado, a determinação dos metais foi realizada através da técnica de stripping anódico. Os eletrodos escolhidos para este procedimento foram: o eletrodo sem modificação e o eletrodo com o filme e nanopartículas de ouro, que o com modificação. Cada varredura realizada foi feita com um conjunto distinto de concentração (vide Tabela 8). Essas concentrações eram controladas com a adição volumétrica de uma pipeta automatizada a partir da solução padrão dos testes. As adições foram realizadas até a sobreposição das curvas obtidas, conforme observa-se na Figura 4-8 e na Figura 4-9. Tabela 8: Tabela das distintas concentrações realizadas no teste de varredura. Concentrações AD1 AD2 AD3 AD4 AD5 AD6 AD7 AD8 AD9 AD10 AD11 AD12 AD13 AD14 Chumbo (µmol/L) 0,1587 0,315 0,4688 0,6202 0,7692 0,916 1,132 1,481 1,818 2,143 2,456 2,759 3,051 3,333 Cádmio (µmol/L) 3,968 7,874 11,72 15,5 19,23 22,9 28,3 37,04 45,45 53,57 61,4 68,97 76,27 83,33 Zinco (µmol/L) 7,937 15,75 23,44 31,01 38,46 45,8 56,6 74,07 90,91 107,1 122,8 137,9 152,5 166,7 36 Figura 4-8: Resultado do voltamograma no eletrodo sem modificação no intervalo de -1,5V até 0,1V, em diferentes concentrações de metais. Figura 4-9: Resultado do voltamograma no eletrodo com o filme e nanopatículas no intervalo de -1,5V até 0,1V, em diferentes concentrações de metais. 37 Em cada um dos gráficos (vide Figura 4-8 e Figura 4-9) é possível notar o crescimento de três picos ao longo da varredura. Cada pico crescente presente no gráfico é proporcional a adição de cada íon metálico, sendo que o pico no potencial -1,0 V corresponde ao zinco, no potencial -0,7 V o cádmio e enquanto o chumbo o potencial -0,5 V. A distinção que cada gráfico apresentado é devido as diferentes interações que os íons metálicos têm com a peculiaridade superficial de cada eletrodo (vide Figura 4.10). Cd Pb Zn Figura 4-10: Comparação entre as varreduras aplicadas com a concentração AD10 e demonstração do pico de cada íon metálico. 4.2.1 Análise das varreduras metálicas Através do resultado da varredura foi possível realizar o estudo e obter a relação da concentração dos íons metálicos com os picos das correntes. Nos dois eletrodos analisados foi perceptível a relação linear de alguns intervalos de concentração em relação aos picos de corrente. Tais resultados são apresentados na Tabela 9 e Figura 4.11 para o zinco, na Tabela 10 e Figura 4-12 para o cádmio e finalmente na Tabela 11 e Figura 4.13 para o chumbo. 38 Zinco Tabela 9: Resultados obtidos na varredura em função do zinco, sendo que (a) representa as respostas obtidas com o eletrodo sem modificação, e (b) o eletrodo com a modificação. As colunas coloridas representam o intervalo de linearidade crescente. (a) Sem modificação Concentração Pico de (µmol/L) corrente (µA) 0,1587 0,3150 0,4688 0,6202 0,7692 0,9160 1,1320 1,4810 1,8180 2,1430 2,4560 2,7590 3,0510 3,3330 (b) Com modificação Concentração Pico de (µmol/L) corrente (µA) 0,0000 0,8102 1,6418 2,8700 3,8924 4,9370 5,9123 8,2108 9,0921 9,4190 11,5550 10,5340 11,9700 9,5645 0,1587 0,3150 0,4688 0,6202 0,7692 0,9160 1,1320 1,4810 1,8180 2,1430 2,4560 2,7590 3,0510 3,3330 0,0000 0,0000 0,0000 0,7010 1,1344 1,6050 2,5244 5,0872 6,2560 7,3141 9,2584 11,0000 11,9830 12,2000 14,0 Sem modificação Com modificação 12,0 Ip(µA) 10,0 8,0 Ip = 5,7887C - 0,7871 R² = 0,9876 6,0 Ip = 4,7592C - 2,4514 R² = 0,9952 4,0 2,0 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Conentração (µmol/L) 2,5 3,0 3,5 Figura 4-11: Relação entre concentração e pico de corrente para análise do zinco nos dois eletrodos. A linearidade estabelecida segue em função aos dados das tabelas acima. 39 Cádmio Tabela 10: Resultados obtidos na varredura em função do cádmio, sendo que (a) representa as respostas obtidas com o eletrodo sem modificação, e (b) o eletrodo com a modificação. As colunas coloridas representam o intervalo de linearidade crescente. (a) Sem modificação Concentração Pico de (µmol/L) corrente (µA) 3,968 7,874 11,72 15,50 19,23 22,90 28,30 37,04 45,45 53,57 61,40 68,97 76,27 83,33 (b) Com modificação Concentração Pico de (µmol/L) corrente (µA) 4,1000 9,0072 12,1910 15,1350 18,0260 19,3330 22,1520 24,2030 25,4650 28,0290 27,5560 30,8380 30,6050 31,2420 3,968 7,874 11,720 15,500 19,230 22,900 28,300 37,040 45,450 53,570 61,400 68,970 76,270 83,330 0,0000 2,3319 4,2802 5,9587 10,9850 14,3620 20,5600 31,4310 37,1670 43,3550 46,7360 54,7850 51,5910 52,0000 60,0 Sem modificação Com modificação 50,0 Ip = 0,8808C - 4,9309 R² = 0,9903 Ip(µA) 40,0 Ip = 0,8915C + 1,2984 R² = 0,9882 30,0 20,0 10,0 0,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 Conentração (µmol/L) Figura 4-12: Relação entre concentração e pico de corrente para análise do cádmio nos dois eletrodos. A linearidade estabelecida segue em função aos dados das tabelas acima. 40 Chumbo Tabela 11: Resultados obtidos na varredura em função do chumbo, sendo que (a) representa as respostas obtidas com o eletrodo sem modificação, e (b) o eletrodo com a modificação. As colunas coloridas representam o intervalo de linearidade crescente. (a) Sem modificação Concentração Pico de (µmol/L) corrente (µA) 7,937 15,750 23,440 31,010 38,460 45,800 56,600 74,070 90,910 107,100 122,800 137,900 152,500 166,700 (b) Com modificação Concentração Pico de (µmol/L) corrente (µA) 0,0000 1,3876 2,3236 3,3410 5,3470 6,0182 10,0390 12,2550 14,6270 20,4620 18,6150 25,2250 24,7750 27,8280 7,937 15,750 23,440 31,010 38,460 45,800 56,600 74,070 90,910 107,100 122,800 137,900 152,500 166,700 1,1700 2,3036 2,9568 3,4160 5,8640 7,5506 10,8350 14,5370 18,2820 22,1570 23,8320 29,9630 24,7080 25,7000 35,0 Sem modificação Com modificação 30,0 Ip(µA) 25,0 Ip = 0,2221C - 2,0103 R² = 0,9906 20,0 15,0 10,0 Ip = 0,1852C - 1,7527 R² = 0,9849 5,0 0,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 Conentração (µmol/L) 140,0 160,0 180,0 Figura 4-13: Relação entre concentração e pico de corrente para análise do chumbo nos dois eletrodos. A linearidade estabelecida segue em função aos dados das tabelas acima. 41 4.2.2 Limite de Detecção e Quantificação O Limite de Detecção (LD) é definido como um método estatístico que determina a menor quantidade ou concentração de uma amostra pode ser detectada, mas não necessariamente quantificada, a partir do conjunto de dados obtido. O Limite de Quantificação (LQ) é a menor quantidade ou concentração de que uma amostra pode ser determinada com precisão e exatidão (SKOOG et al., 2002). Segundo a literatura, o LD e LQ podem ser calculados pelas seguintes fórmulas (THOMPSON, M. et al., 2002): (2) (3) Onde: Sb= Desvio padrão de 10 medidas em branco; a = Coeficiente angular da curva analítica. O coeficiente angular da curva analítica representa a sensibilidade da técnica, onde avalia a razão entre a variação do sinal analítico com a variação da concentração. A Tabela 12 apresenta os dados obtidos da regressão linear das curvas analíticas dos metais analisados e apresentados anteriormente nas Figuras 4.11, 4.12 e 4.13. Tabela 12: Coeficiente angular das curvas analíticas. Coeficiente angular das curvas analíticas ( ) Eletrodo sem modificação Eletrodo com modificação Zinco 5,7887 4,7592 Cádmio 0,8915 0,8808 Chumbo 0,1852 0,2221 O desvio padrão da fórmula foi obtido através de dez medidas em branco para cada eletrodo, com as mesmas condições de varredura que vem sendo aplicada (Vide Figura 4-14 e 42 Figura 4-15). Desses resultados foi adquirido o resultado da corrente de varredura referente ao potencial de pico de cada cátion (Vide Tabela 13 e Tabela 14). Figura 4-14: Dez varreduras realizadas no branco com o eletrodo sem modificação. Figura 4-15: Dez varreduras realizadas no branco com o eletrodo com modificação. 43 Tabela 13: Valor das 10 correntes obtidos no branco com o eletrodo sem modificação para os potenciais -1,0 V, -0,7 V e -0,5 V, que correspondem respectivamente com os potenciais de pico do zinco, cádmio e chumbo. Amostra Branco 1 Branco 2 Branco 3 Branco 4 Branco 5 Branco 6 Branco 7 Branco 8 Branco 9 Branco 10 Valor da corrente no branco no potencial -1,0 V (µA) 9,31 9,38 9,38 9,70 9,65 9,63 9,81 9,76 9,77 9,76 0,187 Valor da corrente no branco no potencial -0,7 V (µA) 9,45 9,47 9,43 9,73 9,70 9,68 9,84 9,82 9,81 9,80 0,161 Valor da corrente no branco no potencial -0,5 V (µA) 9,48 9,49 9,44 9,74 9,70 9,66 9,85 9,80 9,80 9,77 0,150 Tabela 14: Valor 10 das correntes obtidos no branco com o eletrodo sem modificação para os potenciais -1,0 V, -0,7 V e -0,5 V, que correspondem respectivamente com os potenciais de pico do zinco, cádmio e chumbo. Amostra Branco 1 Branco 2 Branco 3 Branco 4 Branco 5 Branco 6 Branco 7 Branco 8 Branco 9 Branco 10 Valor da corrente no branco no potencial -1,0 V (µA) 2,65 2,63 2,60 2,64 2,80 2,71 2,74 2,70 2,75 2,79 0,0677 Valor da corrente no branco no potencial -0,7 V (µA) 4,79 4,55 4,43 4,43 5,25 4,77 4,84 4,57 4,62 4,71 0,242 Valor da corrente no branco no potencial -0,5 V (µA) 2,71 2,68 2,66 2,69 2,93 2,79 2,81 2,77 2,83 2,87 0,0872 44 A partir dos resultados obtidos foi possível determinar o limite de detecção e quantificação de cada em eletrodo com cada cátion (Vide Tabela 15). Tabela 15: Limite de detecção e quantificação para todos os íons metálicos nos dois eletrodos. Íon metálico Zinco Cádmio Chumbo Sem modificação Limite de Limite de detecção quantificação (µmol/L) (µmol/L) -2 9,71 x 10 3,23 x 10-1 5,45 x 10-1 1,81 2,43 8,12 Com modificação Limite de Limite de detecção quantificação (µmol/L) (µmol/L) -1 1,52 x 10 5,08 x 10-1 2,31 x 10-1 7,69 x 10-1 1,18 3,93 Com os resultados obtidos na Tabela 15 é possível comparar com os dados apresentados na Tabela 2, onde apresenta alguns exemplares de detecção encontrados na literatura. O presente trabalho apresentou limite de detecção razoável para o elemento zinco. Não obstante para o cádmio e o chumbo obteve-se resultados nem sempre tão compatíveis aos apresentados na literatura. Entretanto, o eletrodo proposto apresenta a vantagem por utilizar técnicas de análise de baixo custo e de fácil aplicação, e principalmente tempo rápido de análise. Até mesmo comparado com as outras técnicas voltamétricas de análise de metais, pelo fato de utilizar um eletrodo produzido manualmente com seringa, carbono e epóxi, com a aplicação de baixa quantidade de reagentes químicos em sua modificação. Com os resultados obtidos de limite de detecção e quantificação de cada um dos eletrodos foi possível avaliar que alguns desses são o suficiente para detectar algumas das concentrações estabelecidas pela CONAMA, visto na Tabela 1. A Tabela 16 ilustra quais as concentrações viáveis para a detecção com os eletrodos produzidos. As marcações em verde escuro são os níveis de concentração perceptíveis pelos dois tipos de eletrodo, as de verde claro, são apenas pelo eletrodo modificado, e os de vermelho são as que estão abaixo do limite avaliativo de ambas. Tabela 16: Tabela da CONAMA com os parâmetros marcados. Metais Zinco Cádmio Chumbo Usos preponderantes da água (µmol/L) Consumo Dessedentação Irrigação humano de animais 76,476 367,085 30,590 -2 -1 4,448 x 10 4,448 x 10 8,896 x 10-2 4,826 x 10-2 4,826 x 10-1 24,131 Recreação 76,476 4,448 x 10-2 2,413 x 10-1 45 CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES O presente trabalho explorou as diversas características e algumas modificações dos eletrodos compósitos que vem sendo elaborados no Grupo de Eletroquímica e Eletroanalítica da UFF. Foi possível desenvolver neles biofilmes que pudessem maximizar a detecção dos metais propostos inicialmente. As nanopartículas de ouro no eletrodo conseguiram aumentar a área eletroativa e melhorou a reversibilidade nas varreduras dos sensores com o filme de melamina e quitosana. Essa característica comprova estabilidade delas ao longo do experimento, sem apresentar nenhum tipo de desprendimento graças ao biofilme. As varreduras foram realizas com os dois tipos de eletrodo, um sem modificação e outro com melamina, quitosana e nanopartículas. Pelo resultado dos voltamogramas foi possível notar que o último eletrodo apresentou um resultado com picos mais afinados e distinguíveis em relação ao outro, facilitando claramente a leitura e coleta de dados. Entretanto, o eletrodo com a modificação selecionada não alterou a sensibilidade em relação ao eletrodo sem modificação, visto nos coeficientes angulares obtidos nos gráficos, correlacionando concentração com os picos de corrente. Contudo, os modificados puderam detectar a presença dos três íons em um maior intervalo de concentração, conseguindo assegurar uma faixa superior de linearidade. Além disso, através de análises estatísticas os sensores modificados obtiveram uma diminuição no limite de detecção (LD) e quantificação (LQ) para os íons cádmio e chumbo. Todas essas características seguem a hipótese que o biofilme desenvolvido possa adsorver e comportar maiores quantidades de íons metálicos em sua superfície, em relação ao outro, sem que haja a aderência permanente na superfície do sensor, para que ele possa ser reutilizado. 46 5.1 Perspectivas e sugestões para trabalhos futuros O eletrodo elaborado consegue detectar alguns níveis de metais em água proposta pela Conama (vide Tabela 1), se compararmos com os limites de detecção e quantificação obtidos nos eletrodos (vide Tabela 13). Umas das possibilidades viáveis para que possa alcançar todos os níveis estabelecidos pela Conama, seria aumentar a área geométrica da superfície de eletrodo de trabalho e incrementar o tempo de pré-concentração nos ensaios de stripping anódico. Essa linha de pesquisa aplicada pode ser explorada também com outros tipos de analito, meios e modificações. Este trabalho aplicou varredura para os íons zinco, cádmio e chumbo, mas ele possui potencial para ser estudado com outros metais ou complexos. Outros tipos de modificações, como polianilina, e diferentes tipos de interligantes, como glutaraldeido e epicloridrina podem ser aplicados no eletrodo. Alguns destes já vêm sendo desenvolvidos e aplicados pelo grupo de pesquisa de eletroquímica e eletroanalítica da UFF em diversos parâmetros. Mesmo assim a gama de outras possibilidades de suas aplicações continua sendo de maior magnitude. 47 CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, R. N. Carbon Paste Electrodes. Analytical Chemistry, v.10, p. 1576, 1958. AGÜÍ, L.; YÁÑEZ-SEDEÑO, P.; PINGARRÓN, J. M.; Role of carbon nanotubes in electroanalytical chemistry: A review. Analytica Chimica Acta , Espanha: Madri, v. 622, p. 11-47, 2008. AGUIAR, M. R. M. P.; NOVAES, A. C.; GUARINO, A. W. S. Remoção de metais pesados de efluentes industriais por aluminossilicatos. 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Solução tampão pH 5: A solução de tampão acetato de pH 5 foi preparada misturando-se 357.0 mL de ácido acético 0,1 mol L-1 com 643.0 mL de acetato de sódio 0,1 mol L-1. Solução de glioxal: A solução glioxal 2% foi feita a partir de uma solução 40% de glioxal estocada. Através de 0,5 mL da solução mais concentrada foi adicionado água até o volume de 10 mL, alcançando assim a concentração desejada. 57 Solução padrão dos metais: A solução de padrão dos metais foi feita através da mistura das três soluções padrões de cátions. Foi misturado 0,510 mL da solução de zinco, 0,591 mL da solução de cádmio e 0,800 mL da solução de chumbo e completando até 30 mL com água destilada. Esta solução resulta num padrão cujas concentrações são 1x10 -3 mol L-1, 5x10-4 mol L-1 e 2x10-4 mol L-1, para os cátions zinco, cádmio e chumbo respectivamente. 58 ANEXO 1 Preparo das nanopartículas de ouro funcionalizadas com α-ciclodextrinas tioladas é descrito pelo resumo a seguir. Tal material foi gentilmente cedido pela Prof. Dra. Célia Ronconi. 59