ASSISTÊNCIA À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE COM CÂNCER: A ÓTICA DO CUIDAR EM ENFERMAGEM1 REIS, Thamiza L. da Rosa dos2; WEILLER, Teresinha Heck3; ANTUNES, Bibiana Sales4; FERREIRA, Emanuelli Mancio5; SOUTO, Valquiria Toledo6; BORDIGNON, Juliana Silveira7; DAMACENO, Adalvane Nobres8. RESUMO O câncer infantil, no contexto atual, representa de 0,5% a 3% de todos os casos de neoplasias da população mundial. Tão importante quanto o tratamento da doença em si, é a atenção dispensada aos aspectos sociais da doença. Nesse sentido, cabe ressaltar a importância de uma equipe de enfermagem prepararda para o acompanhamento da saúde da criança com cancer. Pretende-se, por meio deste trabalho, descrever a observação de uma acadêmica do curso de enfermagem sobre a atuação do enfermeiro em um Centro de Tratamento de Crianças e Adolescentes com Câncer e a complexidade do cuidado de enfermagem em oncologia pediátrica. Trata-se de um relato de experiência, do tipo observacional, baseado em vivências de uma atividade de extensão universitária, de uma acadêmica do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, por meio do PROFCEN. O local de observação foi o Centro de Tratamento de 1 Relato de Experiência. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Apresentadora. Acadêmica do 7º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Membro do grupo de pesquisa “ Cuidado à Saúde das Pessoas, Família e Sociedade – PEFAS. Bolsista do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). E-mail: [email protected]. 3 Orientadora. Professora. Doutora. Enfermeira. Adjunta do Departamento de Enfermagem da UFSM. 4 Acadêmica do 7º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Membro do grupo de pesquisa “ Cuidado à Saúde das Pessoas, Família e Sociedade – PEFAS. 5 Acadêmica do 7º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Membro do grupo de pesquisa “Trabalho, Saúde, Educação em Enfermagem” da UFSM. Bolsista PIBIC/CNPq 2012. 6 Acadêmica do 7º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. 7 Acadêmica do 5º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa “Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem” da UFSM/Brasil. Bolsista FIEX/2012. 8 Acadêmico do 4º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). 2 1 Crianças e Adolescentes com Câncer de um hospital de referência regional localizado em Santa Maria - RS. Ao observar o enfermeiro e o cuidar em oncologia pediátrica, percebe-se que esse exige, além de certa compreensão do profissional para os pacientes e familiares, um preparo emocional. Participar do PROFCEN tornou-se uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento de conhecimentos sobre o a atuação do enfermeiro em oncologia pediátrica. Diante da experiência vivida, percebeu-se o enfermeiro como membro essencial da equipe, que proporciona e contribui para um cuidado integral e humanizado da criança e ao adolescente com câncer. Descritores: Enfermagem; Neoplasias; Pediatria. ABSTRACT The infantile cancer, in the current context, represents of 0,5% 3% of all the cases of neoplasms of the world-wide population. So important how much the treatment of the illness in itself, is the attention excused to the social aspects of the illness. In this direction, it fits to stand out the importance of a nursing team prepared for the accompaniment of the health of the child with cancer. It is intended, by means of this work, to describe the comment of an academic of the nursing course on the performance of the nurse in a Center of Treatment of Children and Adolescents with Cancer. One is about a story of experience, the observational type, based in experiences of an activity of university extension, an academic of the course of graduation in nursing of the Federal University of Santa Maria, by means of the PROFCEN. The comment place was the Center of Treatment of Children and Adolescents with Cancer of a hospital of regional reference located in Santa Maria - RS. When observing the nurse and taking care of in pediatric oncologic, perceive themselves that this demands, beyond certain understanding of the professional for the familiar patients and, an emotional preparation. Ahead of the lived experience, the nurse perceived itself as essential member of the team, which he provides and he contributes for an integral and humanized care of the child and to the adolescent with cancer. Descriptors: Nursing; Neoplasms; Pediatrics. 1. INTRODUÇÃO 2 O câncer infantil, no contexto atual, representa de 0,5% a 3% de todos os casos de neoplasias da população mundial. No Brasil, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o ano 2012, a partir dos registros de câncer de base populacional brasileiro, apontam 11.530 casos novos de câncer em crianças e adolescentes até os 19 anos1. É frequente a associação do cancer à morte, no entanto quanto às possibilidades atuais de cura, 70% das crianças acometidas de câncer podem ser curadas se diagnosticadas precocemente e tratadas em centros especializados, por equipes interdisciplinares2. Tão importante quanto o tratamento da doença em si, é a atenção dispensada aos aspectos sociais da doença, uma vez que ela está inserida em um contexto familiar, que deve ser visto como base para um tratamento eficiente3. Nesse sentido, cabe ressaltar a importância de uma equipe de enfermagem prepararda para o acompanhamento da saúde da criança com cancer. Assim, tem-se a possibilidade de desenvolver uma assistência especializada, além de proporcionar todo o apoio necessário ao paciente e sua família2. Evidencia-se também a importancia de estudos e pesquisas acerca do assunto, uma vez que ainda existem muitas as lacunas na produção científica brasileira, a exemplo da necessidade do desenvolvimento de pesquisas sobre o cuidado em oncologia pediatrica sob a ótica do enfermeiro. Pretende-se, por meio deste trabalho, descrever a observação de uma acadêmica do curso de enfermagem sobre a atuação do enfermeiro em um Centro de Tratamento de Crianças e Adolescentes com Câncer e a complexidade do cuidado de enfermagem em oncologia pediátrica. As inquietações acerca da problemática surgiram de observações e experiências ocorridas durante a graduação e da participação em projetos de pesquisa e extensão. Tal experiência foi proporcionada pelo “Programa de Formação Complementar em Enfermagem” (PROFCEN), um programa de ensino e extensão do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Participam das atividades de extensão acadêmicos do curso de graduação em enfermagem em parceria com profissionais de saúde de serviços do território de abrangência da UFSM. Seu objetivo primordial é oportunizar vivências aos alunos da graduação para que possam desenvolver competências e habilidades a partir de experiências em múltiplos espaços de formação, através da inserção em diferentes locais de produção de saúde. 2. METODOLOGIA 3 Trata-se de um relato de experiência, do tipo observacional, baseado em vivências de uma atividade de extensão universitária, por meio do PROFCEN, desenvolvida nos meses de janeiro a fevereiro de dois mil e doze (2012), por uma acadêmica do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, somada aos conhecimentos previamente obtidos no decorrer da graduação e por buscas em bases de dados para a devida fundamentação teórica. O local de observação foi o Centro de Tratamento de Crianças e Adolescentes com Câncer (CTCriaC) de um hospital de referência regional localizado em Santa Maria - RS. Os principais parceiros para desenvolvimento da atividade foram enfermeiros, com saberes técnicos e científicos, atuantes na instituição, especificamente na área de oncologia pediátrica. Utilizou-se a observação participante como estratégia para vivência. Tal método permitiu compreender e descrever a complexidade do cuidado de enfermagem à criança e/ou adolescente com câncer. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente estudo tem como principais resultados as reflexões a cerca da atuação do enfermeiro e do complexo cuidado de enfermagem em oncologia pediátrica, considerando a percepção e experiências de uma acadêmica do curso de enfermagem. Denomina-se câncer infantil um grupo de doenças não contagiosas que atinge crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Entre as doenças crônicas infantis, o câncer destaca-se pela sua alta incidência e repercussões no meio em que a criança e o adolescente vivem2,3. Tais repercurções puderam ser claramente observadas durante a vivência no CTCriaC, como por exemplo, o afastamento de sua casa e familiares durante o período de internação hospitalar e o abandono da escola durante o tratamento. Apesar do curto período de observação, notou-se, a partir de relatos dos profissionais e familiares de crianças internadas na unidade, um alto índice de cura e a melhora da qualidade de vida das crianças e adolescentes com tumores pediátricos. Estudos apontam que esses fatores são reflexos principalmente do diagnóstico precoce e do avanço na descoberta de medicamentos oncológicos. Tem-se conhecimento, que se o diagnóstico for preciso e precoce, e o tratamento terapêutico for adequado, pode-se considerar de excelente prognostico a maioria dos cânceres2,4. Em âmbito nacional, existe a Política para o Controle do Câncer, que afirma a importância do diagnóstico precoce, evidenciando a necessidade da organização da rede de 4 serviços, em seus diferentes níveis de assistência, de modo a garantir o acesso também precoce ao tratamento adequado, sobremaneira, o melhor prognostico da criança e do adolescente com câncer, diminuindo a mortalidade por essa doença5,6. Diante da observação do trabalho cotidiano do enfermeiro e da percepção das necessidades e complexidades do cuidado às crianças e adolescentes com câncer infantil, compreendeu-se a evidente a importância de uma equipe de saúde multiprofissional no acompanhamento da saúde da criança. Somente dessa maneira é possível desenvolver uma assistência individualizada e de qualidade, tendo em vista a possibilidade de integrar a objetividade (técnicas) e a subjetividade (amparo e conforto), tanto à criança quanto à sua família, a partir de uma abordagem humanizada4,5. A vivência no CTCriaC permite afirmar o importante papel que o enfermeiro desempenha na assistência da criança com câncer, pois é ele que permanece ao lado da criança durante a maior parte do tempo2. Outro fator observado é a importancia da compreensão pelo profissional de que a família é indispensável no cuidado integral da saúde da criança, e que essa também precisa de apoio, uma vez que a experiência de uma doença ameaçando a vida de uma criança desafia o equilíbrio do sistema familiar4. Ao observar o enfermeiro e o cuidar em oncologia pediátrica, percebe-se que esse exige, além de certa compreensão do profissional para os pacientes e familiares, um preparo emocional. Mais do que em outras áreas, isso ocorre devido ao trabalho com pacientes pediátricos, estando alguns deles fora de possibilidade terapêuticas, ou que enfrentam um longo tratamento e cheio de riscos e efeitos colaterais7. O enfermeiro deve cuidar da criança compreendendo seu mundo particular, visando o mundo em que vive e a família, buscando satisfazer suas necessidades, independente de sua condição atual8. A equipe de saúde pode ser auxiliar neste processo, pois está instrumentalizada tecnicamente, assegurando um tratamento competente, mantendo uma ação de cuidado permeada pelo respeito, afeto e cooperação, estabelecendo uma rede de apoio para a criança e o adolescente e sua família9. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Participar do PROFCEN tornou-se uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento de conhecimentos sobre o a atuação do enfermeiro em oncologia pediátrica. Nesse sentido, o programa, inquestionavelmente, exerce grande importância no processo de formação de futuros enfermeiros críticos, capazes de comprometerem-se com a construção de uma 5 pratica profissional enriquecedora. Esse é sem dúvida um dos passos iniciais para construção do conhecimento em enfermagem. Diante da experiência vivida, percebeu-se o enfermeiro como membro essencial da equipe, que proporciona e contribui para um cuidado integral e humanizado da criança e ao adolescente com câncer. O que torna ainda mais evidente que o profissional de enfermagem, desde a formação acadêmica, deve ser preparado para enfrentar a realidade complexa do mundo do cuidado. Considerou-se também a inestimável importância da família na trajetória do cuidado e tratamento das crianças acompanhadas pelo serviço, uma vez que essa deve ser reconhecida como componente essencial no cuidado à saúde e na assistência integral da criança. Para tanto, o enfermeiro no processo de cuidar precisa estabelecer a função de facilitador no enfrentamento da doença, o que se torna possível através de uma relação pautada no respeito, no compromisso e no entendimento do significado da experiência da doença no seu contexto. REFERÊNCIAS 1 Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Inca, 2011. 2 Mutti CF, Paula CC, Souto MD. Assistência à saúde da criança com câncer na produção científica brasileira. Revista Brasileira de Cancerologia [online]. 2010 [acessado em 15 de abril de 2012]; 56(1): 71-83. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_56/v01/pdf/11_revisao_de_literatura_assistencia_saude_crianc a_cancer.pdf 3 Silva FAC, Andrade PR, Barbosa TR, Hoffmann MV, Macedo CR. Representação do processo de adoecimento de crianças e adolescentes oncológicos junto aos familiares. Esc. Anna Nery [online]. 2009 [acessado em 12 de abril de 2012]; 13(2): 334-341. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 81452009000200014&lang=pt3. 4 Avanci BS, Carolindo FM, Góes FGB, Netto NPC. Cuidados paliativos à criança oncológica na situação do viver/morrer: a ótica do cuidar em enfermagem. Esc. Anna Nery [online]. 2009 Dez [acessado em 12 de abril de 2012]; 13(4): 708-716. Disponível em: 6 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt&pid=S141481452009000400004 5 Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Instituto Ronald McDonald. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. Rio de Janeiro: Inca, 2011. 6 Pan R, Marques AR, Costa Júnior ML, Nascimento LC. Caracterização das internações hospitalares de crianças e adolescentes com neoplasias. Enfermagem [online]. 2011 [acessado em 12 de abril de 2012]; Disponível em: Rev. Latino-Am. 19(6): 1413-1420. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 11692011000600019&script=sci_arttext&tlng=pt 7 Carvalho GP, Di Leone LP, Brunetto AL. Cuidado de enfermagem em oncologia pediátrica. Enfermagem oncológica: educação continuada. Rev Soc Bras Cancerol [online]. 2007 [acessado em 20 de abril de 2012]; (11). Disponível em: http://www.rsbcancer.com.br/. 8 Paro D, Paro J, Ferreira DLM. 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