Nº 29 abr mai jun 2016 MaiSBEM Informativo da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Repórter Médico A importância da reclassificação do CPTVF Pacientes serão poupados de tratamentos desnecessários Por Dr. Jose Augusto Sgarbi* E m abril deste ano, a Folha de S. Paulo publicou matéria sobre a reclassificação do tumor conhecido como “variante encapsulada folicular do carcinoma papilar da tireoide (CPTVF)” para uma lesão benigna. O Dr. Jose Augusto Sgarbi, médico da SBEM-Regional São Paulo e diretor do Departamento de Tireoide da Nacional, comenta o estudo. 1. Elimina o impacto psicológico negativo do diagnóstico e suas consequências; “Inicialmente, é preciso dizer que o câncer de tireoide ocorre em apenas 5 a 10% dos nódulos e que o carcinoma papilífero da tireoide (CPT) é o mais comum e menos agressivo, associado a bom ou excelente prognóstico em mais de 90% dos casos. O CPT tem vários subtipos, sendo o mais frequente a variante clássica (70 a 80%). A variante folicular do CPT (CPTVF) é o segundo subtipo mais comum, com aumento de sua incidência em quatro vezes nas últimas três décadas, respondendo por, aproximadamente, 20% de todos os tumores malignos da tireoide. O diagnóstico será divulgado somente após a cirurgia pelo exame anatomopatológico e o direcionamento a ser dado é como de qualquer outro nódulo, ou seja, após a suspeita de seu surgimento pela palpação da tireoide, solicita-se o ultrassom. De acordo com as características ultrassonográficas, será indicada a punção-biópsia da tireoide. Com resultado suspeito de malignidade, submete-se o paciente ao tratamento cirúrgico. Em geral, para nódulos menores de 1,5 cm, a lobectomia é suficiente. O exame anatomopatológico vai ditar as condutas a seguir. No caso de um CPTVF, apenas a cirurgia realizada e um seguimento seriam suficientes. No entanto, muitos serviços submetiam o paciente a uma nova cirurgia, objetivando ampliar o procedimento para a tireoidectomia total. Além disso, sujeitavam o paciente ao tratamento com iodo radioativo e ao uso de doses elevadas de levotiroxina para suprimir um possível crescimento do tumor ou recidiva. Tudo isso era desnecessário. Agora, com a renomeação para uma lesão benigna, provavelmente essas condutas deixarão de ser adotadas, o que vai beneficiar, e muito, o paciente.” A maioria dos CPTVF é de tumores encapsulados, tornando difícil a distinção entre lesão benigna e maligna através da punção-biópsia da tireoide. Vários estudos demonstram que o CPTVF encapsulado, sem invasão dos vasos sanguíneos, tem um comportamento muito benigno - ele raramente se associa com metástases para os gânglios linfáticos cervicais (do pescoço) e apresenta risco desprezível (< 1%) de recidiva após cirurgia. Assim, essa variante apresenta um comportamento biológico sem gravidade, como se fosse um adenoma, e não um carcinoma. 2. Evita o tratamento excessivo, com cirurgias extensas, seguimentos contínuos, doses elevadas de hormônios da tireoide e iodo radioativo após a cirurgia. Segundo os estudos, o risco de os tumores se modificarem é insignificante, o que justifica a mudança da nomenclatura. Na prática, o efeito será grande, pois: *Dr. Jose Augusto Sgarbi também é Chefe da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia da Faculdade de Medicina de Marília (Famema). Foto: Shutterstock Considerando-se essas características e o fato de que esses tumores (mesmo com esse comportamento benigno) vinham sendo excessivamente tratados com cirurgias radicais associadas a riscos, terapia com iodo radioativo, tratamento com doses elevadas de levotiroxina e, além disso, com todas as consequências psicológicas e estresse vivenciados pelo paciente com diagnóstico de câncer, esses tumores foram reclassificados para neoplasia de tireoide folicular não invasiva (vide artigo publicado na revista JAMA Oncology em 14 de abril de 2016). Editorial Esclarecimentos a favor da saúde E Foto: Arquivo pessoal ste informativo foi produzido durante um mês muito importante para nossa Sociedade, quando se comemora o Dia Internacional da Tireoide, em 25 de maio. A data serve para conscientizar a população sobre mitos, verdades e novas diretrizes dessa glândula tão essencial à vida. E parte desta 29ª edição do MaiSBEM está dedicada ao tema, que é destaque na coluna Repórter Médico, com contribuição do Dr. Jose Augusto Sgarbi, elencando o estudo que permitiu a reclassificação da variante folicular do carcinoma papilífero da tireoide. Uma pesquisa muito importante, que vai mitigar sofrimento a muitos pacientes. Também é da autoria do Dr. Sgarbi o Encarte, que trata, especificamente, de nódulos tireoidianos. O que é preciso saber? Deve-se fazer o autoexame? O ultrassom deve ser rotineiro? Todo nódulo deve ser puncionado? Dirigido ao público leigo, o texto traz, de forma muito didática, respostas a essas e outras perguntas, e serve como conteúdo para termos em nossos consultórios. Obesidade e diabetes estão sempre em pauta, por isso, para Fórum, trazemos comentários mais detalhados da Dra. Cintia Cercato sobre a pesquisa que testou uma dieta de perda de peso intensa e sustentável em pacientes com diabetes tipo 2. E reforçando a importância da tratativa da diferenciação sexual, a Impressão Digital deste número é da Dra. Elaine Frade Costa, que destaca os trabalhos sobre transgênero, um tema sempre relevante na atualidade. Palavra de Especialista tem a contribuição do Dr. Sergio Setsuo Maeda, que trata do manejo do tratamento com bisfosfonatos. Temos também os comentários de um dos autores do guideline sobre puberdade, Dr. Vinícius Nahime Brito, na coluna Informe-se. Vale lembrar que este newsletter é apenas um dos canais que temos para difundir nossos conhecimentos. A Dra. Ângela Maria Spinola e Castro, que voluntariamente coordena a grade editorial deste veículo, abre espaço para sugestão dos colegas e eu, juntamente com ela, gostaria de ouvir sugestões para os próximos números. Boa leitura! Dra. Laura Ward Presidente Fórum Diabetes pode ser uma condição reversível Estudo adotou dietas de calorias muito baixas Pesquisa publicada no Diabetes Care testou uma dieta de perda de peso intensa e sustentável em pacientes com diabetes tipo 2. A Dra. Cintia Cercato comenta, abaixo, sobre esse estudo. “O diabetes tipo 2 é visto como uma doença crônica irreversível. Recentemente, um grupo de pesquisadores do Reino Unido demonstrou, de uma forma bastante elegante, a reversibilidade da doença com a adoção de dieta de calorias muito baixas (VLCD, sigla em inglês). Estudos desse grupo mostraram que fazer uma dieta de 600 Kcal por oito semanas normalizou agudamente a glicemia dos pacientes diabéticos. Na primeira semana da dieta, ocorreu a normalização da glicemia de jejum, que se correlacionou com a maior sensibilidade hepática à insulina e redução do conteúdo de gordura do fígado. Após oito semanas, os autores mostraram recuperação da primeira fase de secreção de insulina e redução do acúmulo de gordura no pâncreas. Assim, esses pesquisadores defendem que o diabetes tipo 2 é uma doença que pode ser revertida através de VLCD. Esse mesmo grupo publicou, em março deste ano, no Diabetes Care, a potencial durabilidade dessa melhora após seis meses. Os pacientes fizeram a VLCD por oito semanas e depois permaneceram em dieta isocalórica, para manter a perda de peso obtida na primeira fase do estudo. A redução mantida do peso (98.0 ± 2.6 kg para 84.7 ± 2.5 kg aos seis meses) levou à normalização da glicemia durante todo o período em 40% dos pacientes. Os respondedores tinham duração mais curta do diabetes e níveis de insulina basais mais elevados, apresentando recuperação da primeira fase de secreção de insulina. Assim, os autores concluíram que o diabetes pode ser uma condição reversível com o combate à lipotoxicidade.” Quer comentar esse estudo? Ele pode ser acessado na íntegra, no grupo Fórum da SBEM-SP (www.facebook.com/groups/forumsbemsp). 2 SBEM - Regional SP Presidente: Laura Sterian Ward Vice-Presidente: Evandro de Souza Portes Secretária-Executiva: Regina Célia M. Santiago Moisés Secretário-Executivo Adjunto: Antonio Mendes Fontanelli Tesoureiro-Geral: Jose Augusto Sgarbi Tesoureiro-Geral Adjunto: Antonio Carlos Pires CONSELHO FISCAL Membros Efetivos: Adriano Namo Cury Ângela Maria Spinola e Castro Felipe Henning Gaia Duarte Membros Suplentes: Larissa Garcia Gomes Luciani Renata Silveira de Carvalho Marcio Faleiros Vendramini Contato: Damaris Villela – Assistente Administrativa Tel.: 11 3822-1965 Fax: 11 3826-4677 E-mail: [email protected] www.sbemsp.org.br Endereço: Av. Angélica, 1.757, conj. 103, Santa Cecília. CEP: 01227-200 – São Paulo – SP MaiSBEM Informativo da SBEM Regional São Paulo Conteúdo Editorial Gengibre Comunicação Tel.: 11 5096-0838 www.gengibrecomunicacao.com.br Jornalista responsável Regiane Chiereghim MTB: 036768 Edição e redação Luciana Tierno Patrícia de Andrade Regiane Chiereghim Revisão Luciana Tierno Patrícia de Andrade Paulo Furstenau Regiane Chiereghim Colaboração Débora Torrente Diagramação www.trovare.com.br Impressão Jocean Indústria Gráfica Ltda. Periodicidade Trimestral Tiragem 3.200 exemplares Impressão Digital “Medidas importantes foram tomadas, mas ainda há muito a ser feito com o transgênero” E m maio, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o governo da Carolina do Norte entraram com ação judicial para que indivíduos transgênero possam ter livre escolha em banheiros públicos, para usá-los de acordo com o gênero com que se identificam. A questão é motivo de discussão na mídia e nas assembleias legislativas de vários estados norte-americanos. Aqui no Brasil, há leis que já autorizam a mudança de nome sem a necessidade da cirurgia para a mudança de sexo. Na área da Saúde, muito já se fez, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Para falar sobre o assunto, convidamos a Dra. Elaine Frade Costa, que há 25 anos deu início aos trabalhos com pacientes transgênero, no Hospital das Clínicas da FMUSP. A médica atua como pesquisadora, principalmente, nos seguintes temas: Hipogonadismo masculino e feminino, distúrbios do desenvolvimento sexual (DDS), Transexualismo e Desreguladores Endócrinos. No decorrer da entrevista, a Dra. Elaine conta que as ações em prol da saúde dessas pessoas só tiveram início em 1997. Ela explica como os pacientes transgênero são acolhidos pelo Estado e fala das pesquisas recentes desenvolvidas nesse campo. MaiSBEM - Qual foi o primeiro passo para a questão do transgênero entrar na pauta do Ministério da Saúde? Dra. Elaine - As ações em prol da saúde dos indivíduos transgênero são bem recentes no Brasil e começaram a despertar o interesse dos profissionais da Saúde e dos dirigentes a partir de 1997, quando foi publicada a primeira resolução do CFM nº1.482/1.997, que autorizou o tratamento dos indivíduos transgêneros no País. A partir daí, várias outras resoluções e portarias do Ministério da Saúde foram publicadas, regulamentando e autorizando todos os procedimentos clínicos e cirúrgicos do processo transexualizador. Nosso atendimento no Hospital das Clínicas a essa população pode ser dividido em duas etapas: - Antes da portaria do CFM de 1997, quando os pacientes eram acolhidos em nosso serviço pela psicóloga e orientados quanto ao uso correto de hormônio, pois já utilizavam por conta própria e em doses inadequadas, e; - Após a Portaria, quando os pacientes passaram a ser acompanhados e tratados por uma equipe multidisciplinar durante e após o processo transexualizador. MaiSBEM - Há pesquisas que auxiliam no aprimoramento desse atendimento aos transgênero? Dra. Elaine - Sim. As pesquisas publicadas no Brasil sobre transgênero abordam, principalmente, os problemas sociais dessa população. Em nosso serviço no Hospital das Clínicas, desenvolvemos protocolos de tratamento baseados nos norteamericanos. Além disso, parte da nossa experiência de 18 anos no manejo desses pacientes está publicada nos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia, nº 58 (2): p.188. Atualmente, está sendo desenvolvida uma pesquisa nacional que pretende identificar como é o acesso e a qualidade do atendimento à saúde dessa população no âmbito do SUS. Somos uma equipe de pesquisadores em todo o País, que vai a campo entrevistar os usuários e os gestores do SUS com a intenção de, a partir dos resultados dessa pesquisa, propor políticas públicas que melhorem a atenção à saúde dessa população. O Ministério da Saúde tem promovido ações que têm como principal objetivo a inserção social desses indivíduos, a exemplo da criação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), em 2010, e do Decreto nº 8.727, em 2016, que autoriza o uso do nome social em documentos oficiais e sistemas de informação nas repartições públicas. MaiSBEM - Na sua visão de especialista no assunto, o que falta ser feito para a melhor qualidade de vida desses pacientes? Foto: Shutterstock Dra. Elaine - Embora importantes medidas tomadas pelo CFM, em conjunto com o MS, tenham melhorado muito o tratamento dos indivíduos transgênero, ainda há muito a ser feito. A sensibilização e capacitação de profissionais para o tratamento desses pacientes são as principais medidas a serem tomadas para que haja maior número de unidades capazes de receber esses indivíduos. A mensagem que eu deixo aqui aos meus colegas é afirmar o quanto é gratificante ver o paciente que acompanhei durante anos, testemunhando suas angústias e marginalização, agora totalmente adequado ao seu gênero de identidade e completamente inserido na sociedade, podendo exercer seu papel de cidadão. 3 Palavra de Especialista *Por Dr. Sergio Setsuo Maeda Manejo do tratamento com bisfosfonatos em longo prazo AGENDA Confira os principais eventos do setor Como fazer? A cada três segundos, em todo o mundo, ocorrem fraturas por osteoporose. Uma em cada três mulheres idosas e um a cada cinco homens idosos sofrerão uma fratura ocasionada pela doença após os 50 anos de idade. Os bisfosfonatos mudaram o panorama do tratamento dessa condição e conseguem reduzir, substancialmente, o risco de fraturas. Os estudos de extensão demonstraram que tal redução persiste durante 10 anos de terapia com alendronato, sete com risedronato e seis com o ácido zoledrônico, sendo que a maior parte das pesquisas avaliou mulheres na pós-menopausa. As fraturas atípicas e a osteonecrose de mandíbula são tópicos atuais de discussão sobre a terapia em longo prazo com essas drogas. Assim, a ASBMR (American Society for Bone and Mineral Research) publicou recentemente uma Task Force (JBMR 2016;31(1):16-35) com recomendações sobre a questão. Algumas ressalvas devem ser feitas: o ibandronato foi estudado durante cinco anos; o risedronato teve apenas 74 pacientes no estudo de extensão; o FLEX (extensão do estudo pivotal do alendronato) avaliou por cinco anos mulheres com osteopenia (aquelas com T-score <-3,5 no quadril ou DMO menor que a inicial foram excluídas). No FLEX, aquelas com T-score entre -2,0 e -2,5 no colo femoral, que continuaram com o alendronato, não tiveram perda óssea em relação àquelas que pararam, assim como apresentaram menos fraturas clínicas vertebrais, mas sem diferenças com relação às fraturas não vertebrais. Junho Curso de Imersão em Osteometabolismo Data: 04 de junho Local: Hotel Pestana - São Paulo (SP) Informações: (11) 5080-4933/4934 / [email protected] / www.stelamariseventos.com.br XIV SINE - Simpósio Internacional de Neuroendocrinologia Data: 16 a 18 de junho Local: Hotel Plaza São Rafael - Porto Alegre (RS) Informações: www.sine2016.com.br Julho 13º Endofeminina Data: 1 e 2 de julho Local: Hotel Plaza São Rafael - Porto Alegre (RS) Informações: www.endofeminina.com.br Agosto IV EPEC - Encontro Paulista de Endocrinologia Clínica Data: 20 de agosto Local: Hotel Vitória - Campinas (SP) Informações: 3849-0099 / 3044-1528 / www.epec.com.br Na extensão do estudo HORIZON (ácido zoledrônico), as pacientes com T-score <-2,5 no colo ou fêmur total, que usaram placebo, tiveram perda maior de DMO no fêmur e mais fraturas vertebrais morfométricas do que aquelas que continuaram a medicação até os seis anos, não havendo diferenças com relação às fraturas não vertebrais. Os bisfosfonatos ficam depositados na matriz óssea e, assim, possuem efeito residual no qual o alendronato persiste no osso, em média, por dois a três anos e o ibandronato e risedronato por um a dois anos. A Task Force sugere que pacientes que fizeram uso de bisfosfonatos orais por cinco anos e endovenosos por três, sem fraturas prévias (vertebrais, quadril, úmero ou antebraço) ou durante o tratamento e com T-score no colo ou fêmur total maior que -2,5 possam ser candidatos ao drug holiday se forem de médio ou baixo risco, devendo ser monitorados a cada dois a três anos. Naqueles com alto risco, a terapia pode ser estendida por até seis anos (endovenoso) ou 10 anos (oral). Não devem ser esquecidos: a investigação de causas secundárias de osteoporose, prevenção de quedas, reforço a aderência à terapia e correção da hipovitaminose D e do aporte de cálcio * Dr. Sergio Setsuo Maeda é médico assistente da Disciplina de Endocrinologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina. Informe-se Revisão de diagnóstico e tratamento da PPC Central precocious puberty: revisiting the diagnosis and therapeutic management Arch Endocrinol Metab. 2016;60/2 Vinícius Nahime Brito, Ângela Maria Spinola e Castro, Cristiane Kochi, Cristiane Kopacek, Paulo César Alves da Silva, Gil Guerra-Júnior O artigo de revisão acima tem como objetivo revisitar o diagnóstico e o manejo terapêutico da puberdade precoce central (PPC) no Brasil, com base na literatura internacional mais relevante e nas opções terapêuticas existentes no País. O diagnóstico da PPC é baseado, principalmente, em parâmetros clínicos e bioquímicos, e um seguimento clínico pode ser necessário para definir a forma "progressiva" da precocidade sexual em alguns pacientes. O espectro varia de formas isoladas (telarca e pubarca precoces isoladas) até PPC progressiva. Estabelecer os valores de LH basal e após estímulo com GnRH exógeno, que indica ativação do eixo gonadotrófico, de acordo com cada metodologia laboratorial, continua sendo um desafio. Os valores basais de LH, apesar da boa sensibilidade (cerca de 60%) em diagnosticar PPC, pode estar na faixa pré-puberal em alguns pacientes e o teste de GnRH é indicado. Porém o GnRH de curta ação não está disponível em nosso país, e a alternativa é utilizar a dosagem de LH após aplicação do análogo de GnRH de ação prolongada nos casos altamente sugestivos de PPC. No Brasil, o tratamento de escolha para PPC progressiva é o análogo de GnRH de ação prolongada (aGnRH) de aplicação mensal ou trimestral. As formulações de aGnRH estão disponíveis nas doses de 3,75 mg (acetato de leuprorrelina e triptorelina) e 7,5 mg (acetato de leuprorrelina) de uso mensal e 11,25 mg a cada três meses. Tais agentes terapêuticos são eficazes e seguros para tratar PPC. “Essa revisão foca os desafios do diagnóstico clínico e laboratorial da PPC, nas opções terapêuticas, bem como a monitorização do tratamento desses pacientes. Trata-se de uma revisão atualizada com a participação de especialistas da SBEM e da SBP de seis diferentes centros acadêmicos do Brasil”, comenta Dr. Vinícius Nahime Brito, um dos autores da revisão. Prezado associado: queremos saber quais são suas pesquisas recentes, novas alternativas de tratamento da sua especialidade e atuais pautas científicas. Se você tem algum estudo em desenvolvimento, recém-lançado, ou quer comentar algum artigo científico, envie seus contatos para [email protected]. Redes Sociais @SBEMSP Sbem-São-Paulo sbemsp.org.br