ANÁLISE DOS PROBLEMAS CAUSADOS PELA PERDA PARCIAL DE EXCITAÇÃO EM GERADORES SÍNCRONOS Alex Itczak(1), Arian Rodrigues Fagundes(2),Eduardo Machado dos Santos(3) (1) Estudante; Universidade Federal do Pampa; Alegrete, RS; [email protected]; Estudante; Universidade Federal do Pampa; Alegrete, RS; [email protected]; (3) Orientador; Universidade Federal do Pampa; (2) RESUMO: Um gerador síncrono é uma fonte de tensão com frequência constante que fornece potência a uma carga, onde sua tensão terminal é controlada pelo sistema de excitação, o qual fornece corrente contínua ao enrolamento de campo do gerador, produzindo um campo magnético. Porém, sabe-se que podem ocorrer problemas no gerador devido à baixa corrente de excitação (subexcitação do gerador), tais como aquecimento, perda de sincronismo, sobreexcitação em outras máquinas, processamento de energia reativa indutiva vinda da rede, entre outros. Dessa forma, é necessário exercer maiores estudos a respeito da perda parcial de excitação. Essa pesquisa tem por objetivo estudar os problemas causados pela perda parcial de excitação em geradores síncronos, através da realização de simulações e análises de situações onde ocorram perdas parciais de excitação. Palavras-Chave: Sistemas Elétricos de Potência, perda parcial de excitação, geradores síncronos. INTRODUÇÃO Segundo Fitzgerald et. al (1996), um gerador síncrono é uma fonte de tensão com frequência constante, que fornece potência a uma carga. Sua tensão terminal é controlada pelo sistema de excitação, o qual fornece corrente contínua ao enrolamento de campo do gerador, produzindo campo magnético. Quando este campo é enfraquecido por problemas na fonte de corrente contínua, o gerador opera subexcitado, o que pode provocar o aquecimento da máquina, além de provocar o processamento de reativos indutivo e poder causar a perda de sincronismo, entre outros problemas. No gerador síncrono, utiliza-se uma proteção específica para a perda de excitação (função ANSI 40), a qual detecta a subexcitação da máquina e a desconecta da rede, mantendo a estabilidade do sistema elétrico de potência. Uma vez que a criação do campo magnético girante ocorre a partir da energização do rotor com corrente contínua, o qual induz tensão nas bobinas do estator quando em movimento pela variação do fluxo magnético, a tensão nos terminais do gerador depende da intensidade da tensão na fonte de corrente contínua. Logo, se a excitação do rotor for perdida, não será produzida tensão nos terminais da máquina geradora e a produção de energia elétrica da unidade ficará comprometida, bem como o sistema elétrico a ela conectado. Em relação ao desempenho da proteção do sistema, é comum ocorrer vários desligamentos impróprios de unidades geradoras caso não exista um controle da perda total ou parcial de excitação. Ressalta-se que, para um bom funcionamento do relé de proteção exercendo a função ANSI 40, é necessário realizar a coordenação entre a proteção e o ajuste do limite da subexcitação da máquina. Segundo (Coelho, 2014), o ajuste típico da proteção ANSI 40 sugere que se aplique a proteção contra a perda total de excitação, sendo que a proteção do ajuste para a perda parcial de excitação pode causar desligamento indevido, deixando o gerador vulnerável a graves danos causados pela perda parcial. Além disso, a perda parcial de excitação também pode afetar a estabilidade do sistema de energia. Assim, a realização do estudo sobre os problemas causados pela perda parcial de excitação em geradores síncronos se faz importante, pois o desenvolvimento de metodologias capazes de detectar esse problema e sua aplicação em relés de proteção previne que a máquina seja danificada, além de aumentar a confiabilidade do sistema elétrico. A presente pesquisa apresenta um estudo sobre os problemas causados pela perda parcial de excitação em geradores síncronos, através da realização de simulações e análises de situações onde ocorram essas perdas. A partir dessas análises, foram determinadas as variações típicas em parâmetros elétricos como a tensão terminal, as potências ativa e reativa, para diferentes níveis de perda de excitação. Dessa forma, o estudo apresentado constitui a etapa preliminar para o desenvolvimento de metodologias para detecção das perdas parciais de excitação. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa METODOLOGIA ® O sistema teste da Figura 1 foi implementado no software Dig-Silent , onde foram simulados diferentes casos de perdas parciais e totais de excitação. Nessas simulações, foram analisados o comportamento da tensão na barra de geração (Barra A), bem como as alterações nas potências ativas e reativas das máquinas geradoras, após a incidência de um evento de perda parcial (tensão de excitação menor que 1 p.u. e maior que zero) ou total de excitação em pelo menos uma das máquinas. Figura 1. Sistema teste implementado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Alguns dos resultados obtidos para perdas parciais de excitação no gerador 1, bem como a perda total de excitação essa máquina, são mostrados na Figura 2.Na figura 2(a), podem-se observar os afundamentos de tensão na barra de geração, provocados quando a excitação da máquina é reduzida para 0,5 e 0,9 p.u., além do afundamento provocado pela perda total de excitação. É importante ressaltar que, embora o maior afundamento de tensão ocorra para a perda total de excitação, as reduções provocadas pelas perdas parciais não devem ser desprezadas, uma vez que afundamentos deste tipo podem provocar colapsos de tensão, comprometendo a estabilidade do sistema, o que pode acarretar em blecautes. Já a Figura 2(b) e Figura 2(c) apresentam as variações de potência reativa e potência ativa do gerador 1 para os casos de perda de excitação citados anteriormente. Em (b), verifica-se que, a partir do instante em que a máquina passa a opera sem excitação ou subexcitada, esta deixa de entregar reativos ao sistema, processando potência reativa proveniente da rede e das demais máquinas da estação geradora, quando estas encontram-se em serviço. Ressalta-se que o processamento de reativos indutivos, em qualquer nível, provoca o aquecimento da máquina, reduzindo sua vida útil, além de poder causar incêndios. Por fim, em (c), pode-se observar que, nos três casos, a potência ativa gerada pela máquina em questão diminui de forma considerável quando a máquina encontra-se sem excitação ou subexcitada em 0,5 p.u. Figura 2. Gráficos das simulações para diferentes níveis de subexcitações. Em (a) é apresentado a tensão de fase, em (b) a potência reativa, e (c) a potência ativa. CONCLUSÕES Tendo em vista os resultados obtidos, conclui-se que geradores síncronos operando subexcitados podem comprometer a estabilidade do sistema, uma vez que provocam o afundamento de tensão na barra da estação geradora. Além disso, tais máquinas, operando em condições de subexcitação, perdem capacidade de geração de potência ativa, processando uma parcela de potência reativa, o que pode provocar sobreaquecimento da máquina podendo causar o desgaste da isolação dos condutores, bem como a redução no rendimento e na vida útil da máquina. Sendo assim, pode-se concluir também que existe a necessidade de proteger os geradores síncronos contra perdas parciais de excitação. REFERÊNCIAS COELHO, A. L. M., et. al, Loss-of-Excitation Protection and Underexcitation Controls Correlation for Syncronous Generators in a Real Time Digital Simulator. 8th Power Systems Protection and Control Conference, 2014. FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY Jr., Charles; UMANS, Stephen. Máquinas Elétricas: Com introdução à eletrônica de Potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa