Aplicações Objeto de aprendizagem: A Televisão NOA – UFPB Formação de Imagem no Tubo de TV O ponto central deste texto é o processo de formação de imagem na televisão. Olhar, ver, de um modo geral ou especificamente entendê-lo, pode significar a aquisição de uma série muito ampla de conceitos básicos científicos da Física, Química e Biologia, combinados com recursos técnicos específicos. De certa forma, a intenção é acompanhar o ziguezague dos elétrons imersos em um campo magnético no interior de um tubo de imagem, até se chocarem com a tela frontal do mesmo. E a partir da transformação da energia cinética que transportam em energia luminosa, em uma combinação final de elementos de superfície de áreas da tela que emitem brilhos distintos, chegarmos às configurações que permitem as simulações das imagens televisivas. Do ponto de vista tecnológico nos limitaremos a uma breve abordagem sobre os dispositivos apropriados que compõem o tubo de imagem e podem ser vistos na figura ao lado. Inicialmente, um feixe de elétrons é emitido pelo canhão eletrônico, rumo a tela bidimensional disposta diametralmente oposta ao mesmo, percorrendo uma região delimitada por paredes de vidro onde foi feito o vácuo. Relativo aos conceitos da Física, os elétrons constituídos do feixe são lançados a altas velocidades (variáveis), tendo sido acelerados previamente entre as placas de um capacitor plano integrante do canhão eletrônico. Se na região adiante não existe nenhuma força (despreza-se a gravitacional) capaz de desviar o feixe eletrônico, este se desloca linearmente até atingir uma região limitada frontal da tela. . Entretanto, o interesse é que o feixe eletrônico possa varrer toda área da mesma. Como solução são colocadas em um ponto mais adiante do percurso dos elétrons, duas bobinas defletoras dispostas adequadamente em planos perpendiculares, responsáveis por gerarem campos magnéticos nesta região. Ao atravessá-los, os elétrons sofrem possíveis interações com o campo magnético na forma de atuação da força magnética. Interessa-nos aqui, uma visão da ação da força magnética sobre cargas elétricas em movimento imersas em um campo magnético. Uma situação mais simplificada é o que ocorre quando uma partícula portadora de carga elétrica q penetra perpendicularmente com velocidade vetorial v, um vetor campo magnético B. Nesta situação, a força magnética a atuar sobre a partícula é a descrita pela formulação de Lorentz: Fm = q(v x B) Levando-se em conta as propriedades do produto vetorial a direção da Fm é sempre perpendicular aos vetores B e v. Assim, o campo magnético não muda o módulo do vetor velocidade da partícula desta forma a energia cinética da partícula permanece constante. Considerando o fato que Fm é perpendicular a v, a sua aceleração é centrípeta e a partícula passa a descrever uma trajetória circular no plano que contém os vetores F e v. O movimento de uma partícula carregada em um campo magnético não uniforme é mais complexo e sua equação de movimento envolve equações diferenciais com soluções mais complexas, sujeitas a condições iniciais prescritas. Cabe aqui uma indagação: o que poderá acontecer com o feixe de elétrons que atravessa o campo magnético das bobinas defletoras do tubo de imagem? Estes campos têm módulos que variam oscilando descontinuamente com o tempo e em direções perpendiculares. Transferindo o raciocínio desenvolvido, uma suposição intuitiva é que as partículas constituintes do feixe de elétrons serão defletidas em direções perpendiculares ao plano que contem os vetores v e B; influenciadas pela ação da força magnética. Mais o que seria possível esperar parta a sua trajetória? Soluções mais criativas e precisas são facilitadas por conceitos mais específicos da Física e do Cálculo. Uma afirmação seria que a aceleração de uma partícula carregada é uma função senoidal do tempo se a força aplicada também for. Sabemos que o campo magnético do tubo de imagem oscila, devido variações da corrente elétrica na bobina. Oscilando também a força magnética e conseqüentemente também a aceleração das partículas do feixe eletrônico. . Soluções mais elaboradas das equações que regem estes movimentos mostram que a trajetória do feixe de elétrons descreve linhas semelhantes a um arco de circunferência; e oscilam entre pontos extremos que delimitam planos perpendiculares entre si, gerando a possibilidade de varrer (atingirem) todos os pontos do plano frontal da tela. A tela e coberta com material fosforescente, o que possibilita durante a colisão dos elétrons com a mesma a produção de pontos luminosos. Os pontos luminosos formados na tela permanecem brilhantes por um breve intervalo de tempo (da ordem de 0,05s) mesmo após o feixe de elétrons ser desviado. Quando a TV não esta sintonizada, esta varredura da origem na tela a um brilho praticamente uniforme; ao passo que, quando sintonizada, os sinais capitados pela antena e decodificados modificam a varredura na tela. O numero de elétrons por pequenos elementos de superfície de áreas que atingem na tela modificam a intensidade luminosa da região. Os pontos luminosos são “desenhados” na mesma com tal rapidez que os nossos olhos, devido ao fenômeno da persistência retiniana (o olho humano retém por uma fração de segundos uma imagem, enquanto outra esta sendo percebida; imagens vistas em seqüência num único movimento com regularidade e iluminação adequada dão a sensação de animação) nos dão a sensação da imagem integral e do movimento de uma cena. Desta forma, pretendemos instigar a curiosidade sobre a magia dos elétrons a desenhar sobre a tela os diversos materiais televisivos. Podendo relacionar-se ao fato das possíveis transformações de energia cinética das partículas integrantes do feixe eletrônico em energia luminosa ao colidirem com a tela.