A FORMAÇÃO DOCENTE EM UM NOVO CONTEXTO DE EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO E la b or aç ã o: Luc i a ne K r u l; * Co l ab or aç ão : H il d e S i l v an a P o nt es C e zar i n i . RESUMO Os progressos científicos e tecnológicos impulsionaram diversas reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem. Assim, a adoção de uma nova postura educacional implica na consolidação de um novo paradigma de educação; pois, a complexidade do meio social exige um amplo domínio de conhecimentos e, conseqüentemente, uma ampla apreensão de competências e habilidades. Desse modo, o ensino deve explorar ações metodológicas que priorizam a formação de um indivíduo crítico, com autonomia para produzir e/ou aprender novos conhecimentos, além de desenvolver a própria capacidade em enfrentar os desafios emergentes no campo social. Em razão das novas exigências, as instituições escolares transcendem seu papel de transmissão do conhecimento e são transformadas em espaços de análise crítica e produção de informação, delineando novos significados ao processo de ensino e aprendizagem dos sujeitos. Logo, é propício idealizar e apresentar à sociedade do conhecimento uma escola de síntese das informações que permeiam as diversas esferas do meio social, dimensionando reais significados à produção dos próprios conhecimentos e à construção das próprias competências e habilidades. Novos caminhos são exigidos à educação; ou seja, os professores são desafiados à pesquisa de referencias que subsidiem a introdução de metodologias inovadoras em sua prática pedagógica. Afinal, apenas através da parceria entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem é possível consolidar uma significativa construção de conhecimentos. Os desafios à prática pedagógica são cada vez maiores e mais complexos na sociedade contemporânea; por isso, as ações dos professores precisam prescrever uma história de transformação social, buscando espaços de reflexão e discussão à conversão dos padrões educacionais que não correspondem mais à complexidade instalada no meio social. PALAVRAS-CHAVE: Formação de Educadores; Prática Pedagógica; Paradigma da Complexidade; Produção de Conhecimentos. A FORMAÇÃO DOCENTE EM UM NOVO CONTEXTO DE EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO * Luc i a ne Kr ul é A l u na do Pr ogr am a de Mes tr ad o em Ed uc aç ão da Po n t if íc i a Un i v er s id a de C at ó lic a do P ar an á e P r of es s or a d a D is c i pl i n a M a t em átic a no E ns i no Fu nd am en ta l ( 5/ 8) da Re d e M u nic i p al d e En s i no de C ur i t ib a ; H i ld e S i l v a na P on t es Ce za r i ni é Al u na d o Pr o gr am a de Me s tr a d o em Ed uc aç ã o d a Po nt if íc i a Un i v er s id a de C a tó l ic a do Pa r a n á. 15 Elaboração: Luciane Krul; Colaboração: Hilde Silvana Pontes Cezarini. 1. A PROFISSIONALIZAÇÃO DOS PROFESSORES NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNE A A educação superior brasileira sinaliza suas origens apenas no século XIX, em razão da transição “Brasil Colônia – Brasil Império” que provocou a interrupção das comunicações com a sociedade européia e, conseqüentemente, promoveu a necessidade de formação de profissionais aptos à regulação de um novo contexto social. Entretanto, a história revela que a profissionalização de professores é uma espécie de inovação; pois, segundo Masetto (1998), apenas recentemente manifestou-se uma conscientização de que docência é uma atividade que exige capacitação própria e específica; a docência no ensino superior, além do domínio de conhecimentos, exige um profissionalismo similar ao profissionalismo exigido ao exercício de qualquer profissão. Através da reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem na educação superior, a visão de formação profissional sofreu significativas transformações impondo às pessoas da docência nesse nível que sua função é ser professor. Por isso, além de um amplo conhecimento da área em que promove formação profissional, é fundamental uma apropriação e/ou um desenvolvimento de competências pedagógicas. Isso significa, de acordo com Giroux (1997), que os profissionais da educação são uma marca de demonstração das potencialidades da capacidade humana, ao vincular teoria e prática. Desse modo, as ações de ensino são transformadas em experiências de aprendizagem; ou seja, a docência é uma ação reflexiva que confere aos professores uma peculiaridade: eles são agentes de promoção de 16 conhecimentos; mas, além disso, são pessoas responsáveis pela propagação da crítica. Em resumo, é possível afirmar que a docência é uma integração de ações pedagógicas e políticas. Dessa forma, o ensino é uma atividade que precisa de constante reformulação; de acordo com Behrens (1998), as práticas pedagógicas oferecidas aos professores em sua formação não superam as exigências da sociedade contemporânea, impulsionando as inovações nas práticas pedagógicas. Mas, ainda conforme Behrens (1998), um problema sério permeia esse novo modelo de sociedade: um amplo número de instituições educacionais de nível superior não absorveu as necessidades do atual momento histórico. Logo, as práticas de formação de professores precisam contemplar momentos coletivos de reflexão, discussão e produção de novas idéias; é essa dimensão da docência que pressupõe uma formação continuada e impulsiona um intercâmbio das experiências em sala de aula. Nóvoa (1992) afirma que essa forma de docência promove novas perspectivas à emancipação profissional; a formação é um processo permanente que adquire consistência através da autonomia dos professores em sala de aula e do profissionalismo na integração das idéias entre os pares de escola. (In: BEHRENS, 1998) A construção de projetos coletivos, pautados em reflexões sobre a própria ação pedagógica, é uma alternativa para a sucessiva busca de renovação da formação. Entretanto, as dificuldades de implantação desses projetos são reflexos do próprio meio acadêmico que seleciona os membros de seu corpo docente através de títulos, pesquisas e publicações; esses critérios são referências de uma boa qualificação, mas ainda são falhos porque não revelam uma preocupação com as ações pedagógicas. Behrens (1998) indica que a qualificação pedagógica é uma referência sociedade básica da contemporânea; profissionalização e, em especial, dos professores aponta que na aos profissionais da educação superior são necessárias competências específicas. Em seguida, Demo (1996) sinaliza inúmeras bases à 17 prática dos professores: reflexão, fundamentação teórica, atualização, etc. (In: BEHRENS 1998) 2. A FORMAÇ ÃO DOCENTE EM UM NOVO CONTEXTO DE EDUCAÇÃO Os progressos científicos e tecnológicos impulsionaram diversas reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem. Assim, a adoção de uma nova postura educacional implica na consolidação de um novo paradigma de educação; pois, a complexidade do meio social exige um amplo domínio de conhecimentos e, conseqüentemente, uma ampla apreensão de competências e habilidades. Desse modo, o ensino deve explorar ações metodológicas que priorizam a formação de um indivíduo crítico, com autonomia para produzir e/ou aprender novos conhecimentos, além de desenvolver a própria capacidade em enfrentar os desafios emergentes no campo social. De acordo com Freire (2001), a prática educacional não é a única maneira de transformação social; entretanto, através do processo educacional é possível promover um contexto de reflexão e intervenção na realidade. Nessa perspectiva, a formação de professores é uma problemática; pois, segundo Nóvoa (1992), não é possível consolidar um ensino de qualidade ou promover uma inovação pedagógica, sem uma adequada formação de professores. (In: BEHRENS, 1996). De acordo com Schön (1990), os problemas da prática profissional docente complexidade. (In: são formados em NÓVOA, 1992); Nóvoa um espaço (1992), de aponta grande que a dinamização da investigação sobre a própria prática é um recurso de reflexão que oportuniza aos professores experiências de intervenção e transformação de suas ações em sala de aula. Tal procedimento, segundo Behrens (1996), gera condições para a construção de um novo contexto pedagógico e profissional que transcende a sala de aula e viabiliza uma ação coletiva entre professores e gestores, através da 18 elaboração de projetos educacionais que envolvem a participação e o compromisso da sociedade. Assim, Nóvoa (1992) pressupõe uma formação crítica e refletiva que possibilita aos professores uma contínua construção de uma identidade (pessoal e profissional) que valoriza os conhecimentos construídos de modo empírico (individual e coletivamente); pois, apenas através do desenvolvimento de uma nova cultura docente é possível produzir conhecimentos e valores essenciais ao exercício da autonomia profissional. Behrens (1996), menciona que a instituição escolar ignora as pequenas ações dos professores em razão de grandes processos de inovação, impedindo a consolidação de espaços para discussão de seus erros e acertos nas experiências em sala de aula; é fundamental uma progressiva compreensão de que as transformações não ocorrem através de cursos de formação e capacitação docente, elas são promovidas por um contínuo processo de formação. De acordo com Esteves (1993), uma boa formação contínua é responsabilidade dos gestores da escola; os quais precisam de competências peculiares ao exercício de sua função, como por exemplo: compreender a realidade escolar, trabalhar em equipe e proporcionar espaços de reflexão e discussão das experiências docentes. (In: BEHRENS, 1996). Por isso, Behrens (1996) afirma que a essência da formação contínua é uma construção coletiva do saber, concretizada pela discussão crítica e reflexiva do saber fazer; o processo é uma produção em equipe de novas alternativas para a prática pedagógica. Assim, são instaurados novos desafios aos professores que visam uma formação continuada: uma ruptura do individualismo pedagógico: anulando o receio de crítica sobre o seu trabalho; percebendo o intercâmbio e a reflexão de experiências como um meio de apreensão de novas possibilidades para a própria prática em sala de aula; uma análise científica da prática: promovendo a firmação de uma identidade pessoal e profissional; reconhecendo as deficiências dos 19 programas de formação e assegurando a regulamentação das condições de trabalho dos profissionais da educação. Além destas proposições, Behrens (1996) salienta que a formação continuada dos professores deve promover reflexões entre teoria e prática, proporcionando a capacitação docente no próprio contexto escolar. Esse processo interativo e reflexivo implica na relação de colaboração e partilha entre formadores (pedagogos) e formandos (professores). Esteves (1993) apresenta que o papel dos formadores é amparar os formandos através da promoção de uma situação favorável à conscientização e à discussão da problemática escolar. (In: BEHRENS, 1996) Desse modo, a prática pedagógica é um elemento fundamental para a formação dos professores e sua reflexão um instrumento relevante no processo de formação continuada; ela não é a única maneira de solução dos problemas que afetam a qualidade do ensino, mas propicia uma nova perspectiva à construção de ações que viabilizam uma melhoria à educação. 3. O PROCESSO PEDAGÓGICO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO O perfil da sociedade contemporânea pressupõe um novo contexto de educação, aprendizagem; pois, as delineando inúmeras novas formas transformações de ensino impõem e uma emergencial universalização da escolarização básica de qualidade. Frigotto (1996) e Gimeno (1996) salientam que as transformações da sociedade reforçam as transformações em educação; ressaltam a formação de uma escola democrática à viabilização de conhecimentos, competências, habilidades e valores essenciais à sobrevivência na complexidade da sociedade moderna. (In: LIBÂNEO, 1998) Assim, escola e sociedade convergem ao mesmo ideal: a formação de indivíduos aptos à atuação responsável e qualificada no meio social. Touraine (1996) indica que, além da socialização do 20 conhecimento científico, é fundamental uma instrumentalização das pessoas à informação e à comunicação, incluindo uma conscientização da responsabilidade sobre o futuro das gerações vindouras. (In: LIBÂNEO, 1998) Nessa perspectiva, são funções básicas das instituições educacionais na proposição de um processo de ensino e aprendizagem de qualidade: articular competências e habilidades necessárias à atuação das pessoas no mercado profissional; provocar reflexões e ações essenciais à transformação do meio social e à prática da cidadania; proporcionar informação de valores e comportamentos à vivência ética. Em razão das novas exigências, as instituições escolares transcendem seu papel de transmissão do conhecimento e são transformadas em espaços de análise crítica e produção de informação, delineando novos significados ao processo de ensino e aprendizagem dos sujeitos. Colom (1994) idealiza e propõe à sociedade do conhecimento uma escola de síntese das informações que permeiam as diversas esferas do meio social, dimensionando reais significados à produção dos próprios conhecimentos e à construção das próprias competências e habilidades. (In: LIBÂNEO, 1998) Nesse contexto, os educadores são desafiados à reflexão e à reformulação de suas práticas pedagógicas; sinalizando aos professores sua importância nas interações e nas mediações cognitivas que promovem aos alunos em função de uma formação básica de qualidade. Logo, Libâneo (1998) indica algumas ações inovadoras à docência na complexa sociedade contemporânea: assumir o ensino como uma mediação da aprendizagem, transformando os alunos em sujeitos reflexivos na construção dos próprios conhecimentos; transformar a prática pluridisciplinar em uma prática interdisciplinar, promovendo espaços de discussão e conexão das diversas áreas curriculares; elaborar estratégias de ensino pautadas em reflexão e ação, proporcionando aos alunos uma aprendizagem alicerçada nos Pilares da Educação propostos pela UNESCO; auxiliar os alunos na análise de sua própria realidade, estabelecendo uma conexão crítica 21 entre essa realidade e os conteúdos dos programas curriculares; reformular as ações em sala de aula, oportunizando aos alunos competências e habilidades de apreensão dos conhecimentos e progresso de suas potencialidades; reconhecer o impacto das novas tecnologias de comunicação e informação, visando adaptar as ferramentas do mundo moderno à realidade escolar; compreender a diversidade cultural no contexto escolar, possibilitando aos alunos experiências de reflexão sobre as diferenças entre as pessoas e a importância do mútuo respeito; integrar ao exercício da docência uma aprendizagem de dimensão emocional, conduzindo os alunos à compreensão dos próprios problemas e à motivação na busca de soluções; investir e acreditar na própria formação continuada, visando uma constante atualização de sua própria prática pedagógica, delineada por meio de sucessivas reflexões; desenvolver uma postura ética em relação à responsabilidade social da educação, orientando os alunos em valores e atitudes essenciais à convivência humana. As considerações de Libâneo (1998) promovem uma valoração das instituições de ensino e uma dignificação do papel dos professores na sociedade propostas indicam que qualidade através da uma contemporânea. prática conexão entre Assim, pedagógica o as reflexões apenas processo de adquire ensino e aprendizagem e as exigências do mundo moderno. 4. AS COMPETÊNCI AS ESSENCI AIS AO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A articulação e a sistematização dos conhecimentos demandam uma reforma do pensamento; uma reforma direcionada à contextualização das informações, às conexões de partes diversas que formam algo singular, às várias dimensões de uma única informação e à complexidade estruturada nesse ideário. Morin (2000) indica que, em conseqüência disso, a educação é uma maneira de promoção integral das capacidades cognitivas; pois, através do processo educacional é 22 possível promover reflexões sobre a complexidade da realidade em várias dimensões e em prol da concepção global. Assim, são ações essenciais em educação: processar as informações revelando seu contexto de produção, articular os diversos dados observados em espaços singulares, analisar os f enômenos sob várias dimensões e transformar a realidade; promovendo as reflexões e as ações básicas à atuação dos indivíduos em seu próprio meio. Nessa perspectiva, as transformações evidenciadas na sociedade contemporânea geram reflexões e discussões sobre as práticas pedagógicas e as implicações da docência. Perrenoud (2000) enuncia um conjunto de ações que sinalizam competências fundamentais em educação; as quais, mobilizadas à reflexão e à solução de diversas problematizações observadas na própria realidade dos alunos, são meios propícios à intervenção e/ou à mediação na aprendizagem. Desse modo, são consideradas competências essenciais em educação: organizar e mediar as experiências de aprendizagem; administrar a progressão da aprendizagem em grupos heterogêneos; elaborar e situações reformular de os dispositivos aprendizagem de significativas; diferenciação; analisar sua promover prática pedagógica e promover parcerias; colaborar na administração escolar; promover intercâmbio entre escola e comunidade, incluindo os familiares dos alunos na aprendizagem; empregar as ferramentas tecnológicas na motivação e na instrumentalização dos alunos; produzir meios de eficiência na realização de seus deveres e recursos de imersão dos dilemas da profissão; administrar ações de continuidade da formação pedagógica. Perrenoud (1999) indica as referidas competências à docência como uma espécie de sinal de emergência do profissionalismo e da identidade no ofício dos professores. Nessa dimensão, uma prática pedagógica delineada pelas competências em questão proporciona um novo prognóstico ao futuro dos educadores, ao futuro da educação, auxiliando na adoção de um novo paradigma para uma nova sociedade. 23 5. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E OS SUJEITOS DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM O atual contexto histórico do Brasil, marcado por uma série de deficiências na área educacional reflete na sociedade alguns questionamentos sobre a qualidade da prática pedagógica. Em razão disso, Nóvoa (1992) informa que essa problemática na carreira profissional dos educadores provoca distorções na visão sobre a própria docência (In: BEHRENS, 1996). Isso significa que é uma competência essencial dos educadores sua prática de reflexão e transformação; pois, através dessa ação é possível a compressão de seu papel na construção da própria história. A reflexão dos professores sobre sua própria prática pedagógica, aliada às discussões partilhadas entre os pares (professores e professores), promove novas dimensões de interação entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem (professores e alunos). Nesse contexto, os professores assumem uma posição de mediadores da aprendizagem; ou seja, uma posição de articuladores da aprendizagem. Behrens (1996) recomenda: ao provocar novas experiências de aprendizagem aos alunos, os professores precisam reconhecer que eles (alunos) possuem um domínio de conhecimentos empíricos que não pode ser ignorado. Os professores devem valorizar os referenciais que foram construídos pelos alunos em suas vidas, desencadeando processos de conexão entre os conhecimentos de senso comum e os conhecimentos de produção científica. Nessa perspectiva, Demo (1994) salienta que os alunos são transpostos de objeto do ensino à posição de sujeitos da aprendizagem. (In: BEHRENS, 1996) Tal proposição redimensiona os alunos em sua função no âmbito escolar; eles são estimulados à reflexão e, conseqüentemente, à autonomia na superação de desafios que emergem da complexidade social. Entretanto, os alunos não serão transformados em sujeitos se os professores não forem transformados em mediadores; alunos e professores devem formar uma parceria na 24 construção de um espaço de relação dialógica, visando uma ampla transformação da realidade em diversas direções; é através da reflexão e da ação coletiva que são evidenciados os processos de aquisição de conhecimentos e construção de competências. Sant’Ana (2003) e Behrens (2003) apresentam que novos caminhos são exigidos à educação; ou seja, os professores são desafiados à pesquisa, à pesquisa de referências e subsídios à introdução de metodologias inovadoras em sua prática pedagógica. Afinal, apenas através da parceria entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem é possível consolidar uma significativa construção de conhecimentos. 6. A FUNÇÃO DE UM EDUCADOR: UMA HISTÓRI A DE TRANSFORMAÇ ÃO SOCI AL As práticas pedagógicas são um objeto de crítica e reflexão no atual modelo de sociedade; pois, a complexidade do meio social exige um amplo domínio de conhecimentos e uma ampla apreensão de competências e habilidades. Em razão disso, os professores foram instigados à continuidade de sua formação pela percepção de que as estratégias de ensino, apreendidas no meio acadêmico, são ineficazes. Behrens (1996) indica que um dos desafios impostos à educação pelas transformações na sociedade é a elaboração de projetos de aprendizagem direcionados à pesquisa. Demo (1994) afirma que é essencial uma docência delineada através de pesquisa; pois, assim, a prática da simples reprodução rompe sua base e oportuniza a emersão de uma prática que converge à reconstrução dos conhecimentos usando elaboração própria. (In: BEHRENS, 1996) Logo, é uma competência dos professores promover uma adequada orientação da pesquisa; mas, é uma competência dos alunos explorar as informações articulando seu objeto de pesquisa à própria realidade: nesse ideário a educação assume sua função 25 transformadora. A reflexão provocada pela pesquisa provém de uma problematização real detectada no meio em que os sujeitos (professores e alunos) estão inseridos; assim, a transformação é uma manifestação dessa reflexão que implica na reorganização da realidade através da reconstrução dos conhecimentos. Os progressos da sociedade sobre o processamento das informações desencadearam uma série de desafios às práticas pedagógicas. Behrens (1996) aponta a formação dos professores como alicerce do ensino inovador; pois, os professores são provocados à aprendizagem da instrumentalização da modernidade: os professores precisam de uma reformulação de sua prática, eles precisam de uma formação à investigação e à pesquisa que favoreça a qualificação dos cidadãos que estão sob responsabilidade da escola. Dessa forma, os professores são, mais uma vez, figuras essenciais no processo de desenvolvimento. Entretanto, a resistência às mudanças impede o avanço desse processo de formação crítica. Cavalcanti (1992) defende que a docência autônoma precisa de recuperação; é fundamental: um resgate da compreensão do processo de ensino e aprendizagem e uma elaboração adequada de estratégias de interferência nesse processo. (In: BEHRENS, 1996) Essa renovação da docência compreende, além do resgate das competências específicas, uma recuperação política. Behrens (1996) indica que é um papel dos professores provocar novas experiências de ensino e aprendizagem e estimular reflexões sobre a realidade. As transformações na sociedade são rápidas, porém, a escola apresenta frágeis experiências isoladas nessa perspectiva de revolução da inf ormação. Por isso, os meios acadêmicos sofrem uma espécie de pressão em relação à manipulação e instrumentalização das inovações que ocorrem no meio social. Os pontos de desafio à educação não são as ferramentas da modernidade; mas, as formas de manipulação dessas ferramentas no processo de ensino e aprendizagem. Logo, conforme Beherens (1996) ainda apresenta: o grande desafio nesse novo contexto social é a ação de construir espaços nos quais o perfil dos professores se 26 revele de modo significativo, redimensionando seu papel às exigências da modernidade. As novas exigências, então, geram indagações em relação ao processo pedagógico e impulsionam uma revisão das metodologias que, aos poucos, desencadeiam a elaboração de novas estratégias de ensino; por isso, é emergencial a necessidade de transcender as reproduções mecânicas e sem significados; é uma imposição às instituições de ensino reavaliar suas práticas e promover as reflexões que auxiliarão na formação de sujeitos críticos e autônomos. Mas, é inegável que as transformações causam insegurança nos professores que possuem um percurso um pouco mais antigo na docência; pois, seus planos de ação, mesmo defasados, são uma espécie de segurança. Assim, uma solução é elaborar situações de reflexão, investigação e pesquisa na universidade; pois, através dos novos profissionais é possível avançar em níveis educacionais elementares e apresentar aos professores um pouco mais resistentes as facilidades geradas pela modernidade. Desse modo, uma competência essencial à superação dos paradigmas é idealizada pelo “aprender a aprender”. Demo (1994) faz referência ao fenômeno de “aprender a aprender” informando que os alunos não são um objeto da aprendizagem; isso significa, então, que são sujeitos na construção dos próprios conhecimentos, sobre a orientação e/ou intervenção dos professores. (IN: BEHRENS, 1996) Nessa perspectiva, “aprender a aprender” pressupõe uma articulação pedagógica em que os sujeitos (professores e alunos) são auxiliares entre si da própria aprendizagem; ambos produzem reflexões sobre as experiências que compartilham e, assim, as informações assumem um papel significativo à realidade de cada um dos aprendizes (professores e alunos). Behrens (1999) assinala que os desafios da prática pedagógica são cada vez maiores e mais complexos na sociedade contemporânea. (In: NICKEL, 2003) Por isso, as ações dos professores precisam prescrever uma história de transformação social, buscando 27 espaços de reflexão e discussão à conversão dos padrões educacionais que não correspondem mais à complexidade instalada no meio social. 7. AS CONCEPÇÕES DE UNIVERSIDADE E SOCIEDADE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA O paradigma contemporâneo de educação implica em uma nova visão sobre as relações entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem, através da qual é priorizada uma formação marcada pela autonomia do indivíduo em analisar e interferir na realidade. Montoya (2003) e Pacheco (2003) apontam que essa nova organização didática e pedagógica deve, de maneira especial, visar os processos de aprender dos alunos. A dinâmica da sociedade impõe, então, uma visão da formação acadêmica universitários são na área desafiados da ao educação. registro e à Os professores partilha de suas observações e reflexões, auxiliando nos mecanismos de mudança social. Por isso, as exigências da modernidade são fatores significativos na análise do professor em relação à universidade. Os fatores de relevância nessa dimensão de análise pelos professores não são poucos; pois, eles são ampliados conforme são delineados novos rumos ao processo educacional. Os desafios são imensos; mas, através da elaboração de projetos que vinculam universidade e sociedade, é possível propiciar uma melhor qualidade no ensino e, conseqüentemente, nos diversos segmentos da sociedade. Assim, a universidade precisa ser direcionada à reflexão e à pesquisa nas várias áreas do conhecimento, provocando os professores à transformação do espaço acadêmico em um espaço de análise da problemática social e pesquisa de soluções ou alternativas de interferência na complexidade da realidade. Behrens (1996) expõe que é essencial uma implantação de programas sistemáticos e contínuos de formação e capacitação da docência em todos os níveis de educação sistemática. Nessa 28 perspectiva, a educação não se resume à questão intelectual do processo de ensino e aprendizagem; ela se amplia à construção e/ou produção de conhecimentos, visando uma compreensão da realidade e uma elaboração reflexiva de participação em diferentes espectros da sociedade. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O paradigma contemporâneo de educação implica em uma nova visão sobre as relações entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem, através da qual é priorizada uma formação marcada pela autonomia do indivíduo em analisar e interferir na realidade. Montoya (2003) e Pacheco (2003) apontam que essa nova organização didática e pedagógica deve, de maneira especial, visar os processos de aprender dos alunos. Behrens (1999) assinala que os desafios da prática pedagógica são cada vez maiores e mais complexos na sociedade contemporânea. (In: NICKEL, 2003) Por isso, as ações dos professores precisam prescrever uma história de transformação social, buscando espaços de reflexão e discussão à conversão dos padrões educacionais que não correspondem mais à complexidade instalada no meio social. Nessa perspectiva, a educação não se resume à questão intelectual do processo de ensino e aprendizagem; ela se amplia à construção e/ou produção de conhecimentos, visando uma compreensão da realidade e uma elaboração reflexiva de participação em diferentes espectros da sociedade. De acordo com Moraes (1998), o pressuposto de que: o indivíduo é um sujeito ativo na construção de seu próprio conhecimento; matéria e mente são aspectos diferentes e inseparáveis de um mesmo conjunto; – é possível reconhecer que o indivíduo participa da construção do conhecimento não apenas pelo uso da razão, mas pela conexão entre “razão e emoção” na consolidação de uma aprendizagem. (In: BEHRENS, 2003) 29 Logo, o desafio da ciência à compreensão da soma, da complexidade, é um fator determinante à superação da fragmentação e da reprodução dos conhecimentos; e, conseqüentemente, propõe e impõe que o conhecimentos, curiosidade, processo deve crítica, de valorizar ensino, os incerteza reconstrução da prática pedagógica. e visando aspectos de a produção “reflexão, provisoriedade” através de ação, da 30 REFERÊNCI AS BIBLIOGRÁFICAS BEHRENS, M. A. A formação pedagógica e o desafio do mundo moderno. In: MASETTO, M.T. (org.) Docência na universidade. Campinas (SP): Papirus, 1998. Capacitação docente e formação continuada: desafios modernos na busca da competência do professor. In: BEHRENS, M. A. Formação continuada dos professores e a prática pedagógica. Curitiba (PR): Champagnat, 1996. Os paradigmas inovadores da ciência: a produção do conhecimento. In: BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Curitiba (PR): Champagnat, 2003. FREIRE, P.; FREIRE, A. M. 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