CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: 2357-8645 TECNOLOGIAS LEVES-DURAS COMO ESTRATÉGIA NA CONSULTA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIABÉTICO Anne Caroline Ferreira Queiroga – Universidade Federal do Ceará1 Marilia Araripe Ferreira– Universidade Federal do Ceará 2 Francisca Diana da Silva Negreiros – Universidade Federal do Ceará3 Silvana Linhares de Carvalho– Universidade Federal do Ceará 4 Título da Sessão Temática: Processo de Cuidar APRESENTAÇÃO A diabetes mellitus (DM) encontra-se em status de epidemia mundial, onde a população mundial de diabéticos é de 387 milhões e deverá alcançar os 471 milhões em 2035, o que se dá devido ao aumento da população e seu envelhecimento, como também pela grande prevalência de obesidade e sedentarismo mundial e envelhecimento (SBD, 2016). No Brasil, a população de diabéticos é de 9 milhões em 2013, estando mais prevalente no sexo feminino (7,0%) e na faixa etária de 65 a 74 anos e de 75 anos ou mais (20%). Entre as regiões do Brasil, a região Sudeste é a que possui maior prevalência (7,1%) e região Norte com a menor (4,3%). Já na região Nordeste é de 5,4%, no Ceará temos 4,9%. Nas capitais brasileiras a maior prevalência está em Maceió-AL (9,8%), São Paulo-SP (8,4%) e GoiâniaGO (7,8%), a menor está em Rio Branco-AC (3,5%), e em Fortaleza a é de 4,4% (ISER et al., 2015; IBGE, 2013). O DM é caracterizado por um conjunto de distúrbios metabólicos, os quais se relacionam entre si pela hiperglicemia. O DM tipo 1 é determinado 1 Enfermeira. Residente em Assistência em Diabetes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar à Saúde - RESMULTI - HUWC/UFC. Email: [email protected] 2 Enfermeira. Residente em Assistência em Diabetes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar à Saúde - RESMULTI - HUWC/UFC. 3 Enfermeira. Mestre em Ensino em Saúde. Preceptora da Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar à Saúde - RESMULTI - HUWC/UFC 4 Mestre em Enfermagem. Coordenadora do Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Walter Cantídio.Preceptora da Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar à Saúde em Assistência em Diabetes - RESMULTI - HUWC/UFC pela deficiência insulínica, devido à perda de células beta pancreáticas. Já o tipo 2, caracteriza-se por insuficiência e resistência insulínica, podendo estar relacionada a obesidade, aos fatores genéticos e a idade. Há também outros tipos de DM, as quais estarão relacionadas a síndromes e defeitos genéticos, doenças pancreáticas, endocrinopatias ou ocasionada por medicamentos (SBD, 2016). Devido ao número de pacientes com DM no país vê-se a necessidade de fortalecer o cuidado de enfermagem a pessoa com essa patologia. Uma atividade de grande importância no cenário atual, visando de atenção integral ao paciente com DM, é a consulta de enfermagem (CE), ação privativa do enfermeiro, que de forma integral e resolutiva, que proporciona um atendimento individualizado, com melhoria na qualidade de vida, na adesão terapêutica e no autocuidado. A CE conduz as intervenções de enfermagem, a partir da avaliação contínua das necessidades, obtidas através do contato direto com paciente, para que estas tenham cunho cientifico (CURCIO; LIMA; TORRES, 2009; NUNES et al.,2009). A consulta de enfermagem está presente em nível primário, secundário e terciário de atenção ao paciente diabético. Deverá conter ações como a estratificação de risco cardiovascular, realização de processo educativo no que concerne mudanças no estilo de vida e adesão ao tratamento não farmacológico, avaliar adesão e possíveis problemáticas relacionadas ao tratamento, promover ações que favoreçam a adesão e o autocuidado, e realização de rastreio do pé em risco (NUNES et al.,2009; BRASIL,2001). Merhy (2002), conceitua as tecnologias de trabalho em saúde, como leve, leve-duras e duras. As tecnologias leves relacionam-se com a produção do trabalho vivo e as relações estabelecidas no ato. As tecnologias leve-duras relacionam-se com a aplicação do cuidado obtido a partir do conhecimento. Já as tecnologias duras são os instrumentos e produtos em saúde. As tecnologias leves-duras podem ser executadas a partir do uso de álbuns seriados, vídeos educativos, folders, cartazes ilustrativos e outros que que possibilitem a troca de experiências entre profissional e paciente. (KOERICH, et al.,2006) Este estudo tem como objetivo relatar a experiência da aplicação de tecnologia leve-dura durante a consulta de enfermagem com paciente diabético em um Ambulatório Especializado em Diabetes. PERCURSO METODOLÓGICO Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa em formato de relato de experiência na utilização de um folder para orientações sobre insulinoterapia, no período de maio a agosto de 2016, em um Ambulatório Especializado em Diabetes em Fortaleza-Ce. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa descritiva é aquela no qual o pesquisador registra e descreve os fatos observados sem interferir neles, visando descrever características de determinada população ou fenômeno. Estabelece-se relações entre as variáveis do estudo por meio de técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação sistemática. Os pacientes são selecionados previamente em dois momentos: no primeiro, é realizado uma revisão do prontuário no dia anterior a consulta com Endocrinologista para avaliar as necessidades de atendimentos do paciente, em uso de insulina com baixa adesão ao tratamento e que necessita de CE. O segundo momento de seleção é realizado no dia da consulta, a partir da préconsulta de enfermagem, onde busca-se, identificar aqueles que possuem algum grau de descompensação do DM, baixa adesão a insulinoterapia e que necessitam de consulta de enfermagem. Após a seleção, o paciente e seu acompanhante são convidados a participar da consulta de enfermagem. Com duração entre 40 a 60 minutos. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Para a realização de uma consulta de enfermagem efetiva é necessária a identificação das demandas prioritárias a serem abordados, bem como suas principais necessidades relacionadas ao cuidado (diagnósticos de enfermagem). Esta etapa torna a consulta individualizada e adequada ao perfil do paciente. Para tal fato, o profissional realiza a anamnese, utilizando perguntas estruturadas. No que diz respeito a insulinoterapia, são levantadas questões quanto ao acondicionamento e validade das insulinas, os locais de aplicação, a realização de rodizio e técnica de insulinização e o descarte correto dos insumos, que a partir da identificação das necessidades referidas no momento irá direcionar as orientações que serão ofertadas ao paciente. O processo educativo proposto na consulta de enfermagem é reiterado por meio da utilização de folder referente a insulinoterapia, o qual contém, informações quanto a definição do DM e seu tratamento, tipos de insulina e suas particularidades, orienta quanto ao acondicionamento correto, ao prazo de validade das insulinas, ao rodízio dos locais corretos de aplicação, a técnica de aplicação da insulina, a graduação das unidades prescritas por meio de tabela personalizada de insulinas, onde será descrito os tipos de insulinas utilizadas, aprazamento dos horários e as unidades que serão graduadas, os sintomas e a correção da hipoglicemia (principal efeito colateral da insulinização) e promove o autocuidado para prevenção de lesões nos pés. Os pacientes relatam utilizar o folder como embasamento durante a autoaplicação de insulinas, principalmente no que diz respeito a dúvidas quanto aos locais de aplicação, aprazamento e valores de graduação das insulinas humanas, o que contribui para adesão a terapêutica e o autocuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização de tecnologias leves-dura durante a consulta de enfermagem é uma excelente estratégia de educação em saúde no qual o profissional de Enfermagem dispõe para a melhora da adesão e participação do paciente em seu controle metabólico. Esta tecnologia permite ao profissional a realizar o empoderamento do paciente com diabetes, promovendo o autocuidado e garantindo melhor controle da doença, de forma a prevenir ou retardar o surgimento das complicações agudas e crônicas relacionadas ao DM. REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus: manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde; 2001 CURCIO, Raquel; LIMA, Maria Helena de Melo; TORRES, Heloisa de Carvalho. Protocolo para consulta de enfermagem: assistência a pacientes com diabetes melittus tipo 2 em insulinoterapia. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 30, n. 3, p.552-557, set. 2009 Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2015-2016/Sociedade Brasileira de Diabetes; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. – São Paulo: AC Farmacêutica, 2016. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º edição. São Paulo: Atlas, 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas – Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação [Internet]. 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