Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 2 Relatório de Inflação II trimestre 2015 Banco Nacional de Angola | Av. 4 de Fevereiro nº 151, Caixa Postal 1234 Luanda, Angola Tel: (+244) 222 679 200 - Fax: (+244) 222 339 125 www.bna.ao Edição: Departamento de Estudos Económicos Design e Impressão: Gabinete de Comunicação Institucional Tiragem: 250 exemplares Objectivo do Relatório de Inflação O Relatório de Inflação é uma publicação trimestral do Banco Nacional de Angola que tem como principais objectivos avaliar a inter-relação entre as variáveis do Sector Real, Fiscal, Monetário e Externo, analisar o comportamento do Índice Geral de Preços, bem como disponibilizar informação aos agentes económicos, instituições académicas e outros operadores da Economia Nacional. O documento constitui um meio de comunicação sobre a conjuntura económica nacional e internacional e sobre a fundamentação das decisões de política monetária do BNA. Esta edição examina o II trimestre de 2015. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Índice Geral Sumário Executivo............................................................................................................. 9 1. Economia Internacional............................................................................................... 11 1.1. Crescimento Económico Intervnacional................................................................. 11 1.2. Inflação e Mercados Monetários........................................................................... 12 1.3. Mercado das Commodities.................................................................................... 14 1.4. Mercado Cambial Internacional............................................................................. 17 2. Economia Nacional..................................................................................................... 19 2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais........................................................ 19 2.2. Políticas Macroeconómicas................................................................................... 20 2.2.1. Política Cambial............................................................................................... 20 2.2.2. Política e Situação Orçamental........................................................................ 22 2.2.3. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros................ 28 2.3. Actividade Económica Nacional............................................................................ 36 2.3.1. Indicadores da Actividade Económica............................................................. 36 2.3.2. Produto Interno Bruto....................................................................................... 37 3. Inflação........................................................................................................................ 39 4. Previsão da Inflação para os próximos três meses..................................................... 44 Anexo Estatístico............................................................................................................ 44 Anexo 1 - Contas Externas............................................................................................ 48 Anexo 2 - Contas Monetárias....................................................................................... 51 4 Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Índice de Tabelas Tabela 1 - Principais Projecções Económicas do FMI e Banco Mundial (em %).....................................11 Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia).............................................15 Tabela 3 - Situação Orçamental no I Trimestre de 2015 (Valores Acumulados)......................................23 Tabela 4 - Principais Indicadores da Situação Monetária em 30 de Junho de 2015 (em t.v.h.)...........30 Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.).................................................................................................32 Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %)................................37 Índice de Gráficos Gráfico 1 - Índice de Preços no Consumidor dos Principais Parceiros Comercias de Angola...............13 Gráfico 2 - Venda de Divisas no Mercado Primário......................................................................................20 Gráfico 3 - Saldo Global e Primário Não Petrolífero (em % do PIB)...........................................................24 Gráfico 4 - Receitas Correntes (em % do PIB)................................................................................................26 Gráfico 5 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.)......................................................42 Gráfico 6 - Variação de Preços por Província..................................................................................................44 Índice de Painéis Painel 1 - Taxas de Juro de Referência...........................................................................................................14 Painel 2 - Preços de Referência das Commodities........................................................................................16 Painel 3 - Variações Cambiais Internacionais................................................................................................17 Painel 4 - Conta de Bens e Reservas Internacionais.....................................................................................19 Painel 5 - Taxas de Câmbio KZ/USD nos Mercados Cambiais..................................................................21 Painel 6 - Despesas do Exercício (em % do PIB)...........................................................................................26 Painel 7 - Financiamento Líquido do Sector Público e Dívida Titulada (em % do PIB)...........................27 Painel 8 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do Mercado Monetário Interbancário (MMI)..................28 Painel 9 - Crédito ao Sector Privado e Distribuição por Sectores de Actividade.....................................31 Painel 10 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME......................................................................32 Painel 11 - Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.)..........................34 Painel 12 - Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.).............................................35 Painel 13 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.)..........................................................36 Painel 14 - Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade........38 Painel 15 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %).................................................39 Painel 16 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v.média)........................41 Painel 17 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %)......................................................43 Painel 18 - Inflação e Indicadores seleccionados (t.v.h., em %).................................................................45 Painel 19 - Taxas de Inflação Trimestral e Homóloga para os próximos Três Meses............................47 6 Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Lista de Acrónimos BCB – Banco Central do Brasil BCE – Banco Central Europeu BM – Banco Mundial BT – Bilhetes de Tesouro BNA – Banco Nacional de Angola BoE – Banco de Inglaterra BoJ – Banco do Japão BoZ – Banco Central da Zâmbia BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul CPM – Comité de Política Monetária CUT – Conta Única do Tesouro EIA – Agência de Informação sobre Energia EDEL – Empresa de Distribuição de Electricidade FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação Fed – Reserva Federal Norte-americana FMI – Fundo Monetário Internacional FOMC – Comité de Operações de Mercado Aberto GEP – Global Economic Prospects ICE – Indicador de Clima Económico IFNM – Instituições Financeiras Não Monetárias IPC – Indíce de Preços no Consumidor IPG – Indíce de Preços no Grossista ME – Moeda Estrangeira MN – Moeda Nacional MPDT – Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OIFM– Outras Instituiçoes Financeiras Monetárias OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo OT – Obrigações do Tesouro PIB – Produto Interno Bruto PIP – Programas de Investimento Público PFT – Programa Financeira Trimestral PMI – Purchasing Managers Index PND – Plano Nacional de Desenvolvimento WEO – World Economic Outlook WTI – West Texas Intermediate RBI – Banco Central da Índia RIL – Reservas Internacionais Líquidas SACU – União Aduaneira da África Austral SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral 8 Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Sumário Executivo O Relatório de Inflação é publicado trimestralmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA), tendo como principal objectivo analisar os desenvolvimentos económicos e financeiros a nível internacional, bem como a conjuntura e as políticas macroeconómicas nacionais, em particular, as políticas fiscal e monetária, e o seu impacto na evolução e perspectivas da inflação para os próximos três meses. Este relatório pretende ser um meio de comunicação entre o BNA e os agentes económicos, para a partilha de informação económica e financeira mais recente sobre a economia nacional e internacional. Esta edição aborda a evolução dos principais indicadores macroeconómicos da economia nacional e internacional, que poderão ter influenciado a evolução da inflação no decorrer do II Trimestre de 2015, num momento particularmente desafiante para a economia do nosso país face aos choques externos e às decisões de políticas. Com efeito, a diminuição, desde meados do II Trimestre de 2014 (e, que se tem mantido até à actualidade) do preço do petróleo no mercado internacional e, consequentemente, do preço médio das Ramas angolanas (que se situou no trimestre em análise nos USD 59,86 por barril) trouxe à discussão a necessidade urgente do País construir uma base de sustentação económica mais sólida e diversificada, de forma a mitigar o impacto dos riscos que a dependência por um recurso natural não renovável pode trazer. Desde o início do ano, observa-se um agravamento da tendência de aceleração da taxa de inflação em Angola, iniciada em Julho de 2014. A taxa de inflação homóloga terminou o ano de 2014 nos 7,48% e os últimos dados disponíveis para o mês de Junho de 2015 revelam que a inflação homóloga situou-se nos 9,61%. Espera-se que até finais de 2015 a economia continue a crescer, sustentada pelo sector petrolífero com o maior contributo para o crescimento do produto. Apesar de nos últimos anos terem sido os sectores como o comércio, a construção e a energia a desempenhar um papel preponderante no aumento do PIB, a nossa economia ainda se encontra estruturalmente dependente do sector petrolífero e dos seus desenvolvimentos. A produção interna é ainda bastante reduzida face à procura de mercado, pelo que a economia ainda se encontra fortemente dependente das importações de bens e serviços. Não obstante a redução das importações de bens e serviços, motivada pela desaceleração da economia, assiste-se no II Trimestre de 2015 a uma redução das exportações de bens, nomeadamente petrolíferos, levando a uma queda de 43,43% em termos homólogos no excedente da balança comercial de Angola, situando-se nos USD 5.206,27 Milhões. No âmbito da política orçamental, dado o impacto da forte quebra do preço do petróleo sobre as receitas, o Orçamento de Estado para 2015 foi revisto, conduzindo a alterações profundas na estratégia do Governo para este ano, nomeadamente a redução drástica da despesa pública, tanto corrente como de capital, de forma a acomodar a diminuição de receitas petrolíferas. Esse impacto estendeu-se igualmente às receitas não petrolíferas, uma vez que o funcionamento dos seus sectores de base depende directa ou indirectamente do exterior, pela via das importações de mercadorias e de bens intermédios. Com efeito, pelo facto de a redução nas despesas públicas ter sido superior à redução nas receitas, o saldo em termos acumulados da execução orçamental no II Trimestre de 2015 foi superavitário no valor de Kz 362,2 mil milhões, representando cerca de 2,9% do PIB. De realçar que, perante o quadro de redução das receitas, o Governo viu-se coagido a reduzir a subvenção ao consumo de alguns combustíveis, aumentando-se substancialmente os custos para os consumidores desses produtos. Em termos monetários verificou-se, nestes primeiros seis meses do ano, a existência de um excesso de liquidez no sistema bancário, que poderá ter sido um dos factores a contribuir, de alguma forma, para o aumento da inflação. A base monetária (restrita) em Moeda Nacional (MN) cresceu de forma expressiva neste período (49,9%). Tendo em conta este panorama assiste-se, como já referido anteriormente, a uma aceleração da taxa de inflação no II Trimestre de 2015. Assim, em Junho de 2015 a taxa de inflação mensal aumentou 0,04 p.p. para os 1,25% (1,21% em Maio de 2015) e a taxa de inflação homóloga acelerou 2,72 p.p. para os 9,61% (6,89% em Junho de 2014). Para o próximo trimestre, o modelo de previsão da inflação prevê uma taxa de inflação trimestral a situar-se entre os 2,93% e os 4,20%, com a previsão central em 3,56%, representando uma continuidade da tendência crescente que se tem vindo a verificar desde o início deste ano. Para a taxa de inflação homóloga, prevê-se igualmente uma aceleração, podendo a mesma vir a situar-se entre os 10,76% e os 12,13%, com a previsão central situada nos 11,45%. Esta tendência crescente da inflação prevista para os próximos três meses justifica-se essencialmente pelo desequilíbrio existente no mercado de bens e serviços, pelo efeito da especulação dos preços de bens importados. 10 Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 1. Economia Internacional 1.1. Crescimento Económico Mundial Em Julho de 2015, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou uma actualização do seu World Economic Outlook (WEO), que reflecte uma revisão em baixa das previsões de crescimento da economia mundial para o ano de 2015 e a manutenção do crescimento para 2016, comparativamente às previsões de Abril de 2015. Neste contexto, o FMI espera que a economia mundial cresça 3,3% em 2015, valor inferior aos 3,5% projectados no WEO publicado em Abril e aos 3,4% verificados em 2013 e 2014. Para 2016, o FMI manteve inalteradas as suas previsões, apontando para um crescimento do PIB mundial de 3,8%. Segundo o mesmo organismo, as performances económicas dos países divergem cada vez mais, estando as economias avançadas a realizar esforços para contrariar o ciclo económico desfavorável, enquanto as economias emergentes e em desenvolvimento padecem com o arrefecimento do comércio mundial. Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %) FMI (Janeiro 2015) FMI (Abril 2015)* Diferenciais WEO entre Julho e Abril FMI (Julho 2015)** Países/ Região 2013 2014 2015 2016 2013 2014 2015 2016 2013 2014 2015 2016 Economia Mundial 3,28 3,28 3,54 3,70 3,40 3,40 3,50 3,80 3,40 3,40 3,30 3,80 -0,20 0,00 Economias Avançadas 1,35 1,80 2,40 2,40 1,40 1,80 2,40 2,40 1,40 1,80 2,10 2,40 -0,30 0,00 EUA 2,22 2,40 3,60 3,30 2,22 2,39 3,14 3,06 2,20 2,40 2,50 3,00 -0,63 -0,06 Reino Unido 1,73 2,60 2,70 2,40 1,67 2,55 2,72 2,33 1,70 2,90 2,40 2,20 -0,32 -0,13 Zona Euro -0,49 0,84 1,20 1,40 -0,50 0,90 1,50 1,60 -0,40 0,80 1,50 1,70 0,00 0,10 Japão 1,61 0,10 0,60 0,80 1,613 -0,06 1,04 1,17 1,6 -0,10 0,80 1,20 -0,24 0,03 0,00 0,00 Economias Emergentes 4,70 e em Desenvolvimento 2015 2016 4,41 4,30 4,70 5,00 4,60 4,30 4,70 5,00 4,60 4,20 4,70 -0,10 0,00 China 7,80 7,40 6,80 6,30 7,75 7,36 6,76 6,30 7,70 7,40 6,80 6,30 0,04 0,00 Índia 5,02 5,80 6,30 6,50 6,90 7,20 7,50 7,50 6,90 7,30 7,50 7,50 0,00 0,00 Brasil 2,50 0,10 0,30 1,50 2,74 0,15 -1,03 0,98 2,70 0,10 -1,50 0,70 -0,47 -0,28 Rússia 1,30 0,60 -3,00 -1,00 1,30 0,62 -3,83 -1,10 1,30 0,60 -3,40 0,20 0,43 1,30 5,20 5,00 4,50 5,10 5,20 5,00 4,40 5,10 -0,10 0,00 África Subsariana África do Sul 2,20 1,40 2,10 2,50 2,21 1,53 2,00 2,10 2,20 1,50 2,00 2,10 -0,00 -0,00 Nigéria 5,40 6,10 4,80 5,20 5,40 6,30 4,80 5,00 5,40 6,30 4,50 5,00 -0,30 0,00 Fontes: FMI * Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa, Abril de 2015 ** World Economic Outlook, Update, Julho de 2015 12 Relativamente às economias desenvolvidas, a revisão em baixa (-0,3 p.p.) comparativamente às previsões publicadas em Abril, é explicada pelo reduzido crescimento da economia dos EUA no I Trimestre de 2015 e pelo fraco nível de consumo no Reino Unido e no Japão. No entanto, o FMI ressalta uma melhoria dos indicadores de confiança e do mercado de trabalho nestas economias, diante da implementação de uma política monetária expansionista e de uma política fiscal menos austera. Assim, espera-se que estas economias venham a registar taxas de crescimento do PIB de 2,1% em 2015 e de 2,4% em 2016, comparativamente aos 1,8% verificados em 2014. Salienta-se a revisão em baixa do crescimento dos EUA (-0,6 p.p. em 2015 para os 2,5% e -0,1 p.p. em 2016 para os 3,0%), embora o FMI qualifique o fraco desempenho ocorrido no I Trimestre como uma contrariedade temporária. Para a Zona Euro, o FMI manteve as perspectivas de um crescimento sólido rumo à recuperação (apesar da situação económica da Grécia), graças ao crescimento da procura e o regresso da inflação. Na Zona Euro espera-se por uma expansão do PIB de 1,5% em 2015 e de 1,7% em 2016, o que incorpora alguma estabilidade face às projecções anteriores para 2015 e uma revisão em alta de 0,1 p.p. para o ano de 2016. Por outro lado, antecipa-se que as economias emergentes e em desenvolvimento possam registar taxas de crescimento de 4,2% em 2015 e de 4,7% em 2016 o que, comparado com os 4,6% verificados no ano de 2014, representa um arrefecimento em 2015 e uma ligeira aceleração da actividade económica em 2016. O FMI destaca, no caso deste grupo de países, o efeito negativo associado ao preço mais baixo da generalidade das commodities e o menor crescimento da economia chinesa. Em relação à China, cuja forte queda na bolsa de valores no mês de Junho provocou grandes perdas aos investidores, o FMI mantém a previsão de crescimento para 2015 em 6,8%, considerando que o ajustamento que está a ser feito pelo país é o mais correcto. Tendo em conta esta nova revisão, a economia indiana (7,5% em 2015 e 2016) passa a ser a economia que mais cresce no bloco dos BRICS1 superando a China, apoiada por uma redução dos défices das contas corrente e fiscal. Está ainda prevista a realização de reformas tributárias no sector dos serviços em Abril de 2016, que irá reflectir-se positivamente sobre o crescimento do PIB nesse ano, ao impulsionar o aumento da produtividade e diminuir a fuga ao fisco. Nos casos do Brasil e da Rússia, as projecções de crescimento em 2015 foram revistas em baixa para os -1,5% e -3,4%, respectivamente, diante da manutenção do ritmo desfavorável das exportações e do fraco crescimento da procura interna nestes dois países. No que se refere à África Subsariana, cujo PIB havia crescido 5,0% em 2014, espera-se que o mesmo venha a desacelerar para os 4,4% em 2015, e aumentar para 5,1% em 2016, representando uma revisão em baixa de 0,1 p.p. em 2015 e manutenção das projecções para 2016. O FMI recomenda que os países da região ajustem as suas despesas públicas à redução das receitas e que sejam realizadas reformas estruturais para aumentar a produtividade e eliminar os estrangulamentos da produção. 1.2. Inflação e Mercados Monetários No II Trimestre de 2015 as economias avançadas continuaram a registar valores reduzidos de inflação comparativamente ao mesmo período de 2014, embora os preços tenham acelerado em relação ao trimestre anterior. Em Junho deste ano, a Zona Euro registou uma taxa de inflação de 0,2% (contra os 0,5% no período homólogo) e os EUA observaram uma taxa de inflação de 0,1% (contra os 2,1% no período homólogo), sendo os baixos preços dos alimentos e dos combustíveis os principais responsáveis pela desaceleração das taxas de inflação no ano de 2015 em ambos os casos. A inflação do Japão foi de 0,4% em Junho de 2015 (contra os 3,60% no período homólogo), reflectindo menores custos de energia e distanciando-se cada vez mais da meta de inflação de 2,0% definida pelo Banco do Japão. No Reino Unido, a taxa de inflação homóloga foi nula (contra os 1,90% em Junho de 2014). A desaceleração deve-se, sobretudo, à redução dos preços dos transportes, dos alimentos, da recriação e cultura, das roupas e calçado e dos móveis e equipamentos. Nas economias emergentes, a inflação continuou a acelerar no Brasil, passando para os 8,89% em Junho de 2015 (contra os 6,52% no mesmo período do ano anterior) devido principalmente ao aumento dos preços da electricidade, 1 BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 gasolina e das tarifas de transportes. A Rússia foi outro país onde a inflação acelerou atingindo os 15,3% em Junho de 2015, valor que é, contudo, inferior ao registado no mês anterior (15,8%), mas superior aos 7,6% registados no período homólogo de 2014, devido ao aumento no custo dos alimentos. Na China, a inflação foi de 1,4% em Junho deste ano (contra os 2,3% registados em Junho do ano anterior), apesar do aumento observado nos preços dos alimentos (vegetais, carnes bovina e de aves), tabaco e bebidas. Na Índia, a taxa de inflação também desacelerou, ao passar de 7,31%, em Junho de 2014 para 5,40% em Junho de 2015. Relativamente às economias da SADC, o nível geral dos preços acelerou em alguns países, entre Junho de 2014 e Junho de 2015, situando-se nos 9,61% em Angola (+2,71 p.p.), 7,10% na Zâmbia (+0,80 p.p.), 4,30% nas Ilhas Seychelles (+3,20 p.p.) e nos 1,36% em Moçambique (+1,39 p.p.). Por outro lado, a mesma desacelerou para os 6,10% na Tanzânia (-0,30 p.p.), para os 4,7% na África do Sul (-1,90. p.p.), para os 3,10% no Botswana (-1,50 p.p.) e para os 3% na Namíbia (-3,10 p.p.). Gráfico 1 - Índice de Preços no Consumidor dos Principais Parceiros Comerciais de Angola 10.0 8.0 Percentagens 6.0 4.0 2.0 0.0 -2.0 Abr/14 Mai/14 Jun-14 Jul/14 Ago/14 Sep-14 Out/14 Nov/14 Dec-14 Jan/15 Feb-15 Mar/15 Abr/15 Mai/15 Jun-15 II Trimestre 2014 III Trimestre 2014 EUA Zona Euro IV Trimestre 2014 China I Trimestre 2015 Brasil II Trimestre 2015 África do Sul Fonte: Trading Economics Nos mercados monetários internacionais, os Bancos Centrais dos EUA, Zona Euro, Reino Unido e Japão decidiram manter as suas taxas directoras no II Trimestre do ano, assim como os programas de estímulos na Zona Euro, no Reino Unido e no Japão. Entretanto, na última reunião do Comité de Operações de Mercado Aberto (FOMC) da Reserva Federal, realizada nos dias 17 e 18 de Junho, mantiveram-se as perspectivas de que o início da subida das taxas de juro nos EUA ocorreria ainda este ano. Na Zona Euro, o BCE admitiu que vai acelerar o ritmo do programa de compra de activos antes do fim do Verão. No Reino Unido, o Banco de Inglaterra (BoE) manteve a taxa de juro de referência em 0,5% e o programa de compra de activos em GBP 375 mil milhões. Já o Banco Central do Japão, além de manter a sua taxa de juro em 0,1% e o seu programa de compras de títulos do Governo e activos de risco (em JPY 80 mil milhões), fez uma avaliação optimista sobre a economia local, referindo que a inflação irá, possivelmente, atingir a meta de 2,0% sem a implementação de um estímulo monetário adicional. 14 Painel 1 - Taxas de Juro de Referência Principais Economias Avançadas 0.50 0.25 0.00 01/04/2014 01/04/14 10/04/2014 10/04/14 19/04/2014 19/04/14 28/04/2014 28/04/14 07/05/2014 07/05/14 16/05/2014 16/05/14 23/05/2014 25/05/14 03/06/2014 03/06/14 12/06/2014 12/06/14 21/06/2014 21/06/14 30/06/2014 30/06/14 09/07/2014 09/07/14 18/07/2014 18/07/14 27/07/2014 27/07/14 05/08/2014 05/08/14 14/08/2014 14/08/14 23/08/2014 23/08/14 01/09/2014 01/09/14 10/09/2014 10/09/14 19/09/2014 19/09/14 28/09/2014 28/09/14 07/10/2014 07/10/14 16/10/2014 16/10/14 25/10/2014 25/10/14 03/11/2014 03/11/14 12/11/2014 12/11/14 21/11/2014 21/11/14 30/11/2014 30/11/14 09/12/2014 09/12/14 18/12/2014 18/12/14 27/12/2014 27/12/14 05/01/2015 05/01/15 14/01/2015 14/01/15 23/01/2015 23/01/15 01/02/2015 01/02/15 10/02/2015 10/02/15 19/02/2015 19/02/15 28/02/2015 28/02/15 09/03/2015 09/03/15 18/03/2015 18/03/15 27/03/2015 27/03/15 05/04/2015 05/04/15 14/04/2015 14/04/15 23/04/2015 23/04/15 02/05/2015 02/05/15 11/05/2015 11/05/15 20/05/2015 20/05/15 29/05/2015 29/05/15 07/06/2015 07/06/15 16/06/2015 16/06/15 25/06/2015 25/06/15 Percentagem 0.75 II Trim 2014 II Trimestre 2014 III Trim 2014 III Trimestre 2014 EUA Reino Unido II Trim 2015 II Trimestre 2015 Japão 16.00 12.00 8.00 4.00 01/04/14 01/04/2014 11/04/14 11/04/2014 21/04/14 21/04/2014 01/05/14 01/05/2014 11/05/14 11/05/2014 21/05/14 21/05/2014 31/05/14 31/05/2014 10/06/14 10/06/2014 20/06/14 20/06/2014 30/06/14 30/06/2014 10/07/14 10/07/2014 20/07/14 20/07/2014 30/07/14 30/07/2014 09/08/14 09/08/2014 19/08/14 19/08/2014 29/08/14 29/08/2014 08/09/14 08/09/2014 18/09/14 18/09/2014 28/09/14 28/09/2014 08/10/14 08/10/2014 18/10/14 18/10/2014 28/10/14 28/10/2014 07/11/14 07/11/2014 17/11/14 17/11/2014 27/11/14 27/11/2014 07/12/14 07/12/2014 17/12/14 17/12/2014 27/12/2014 27/12/14 06/01/2015 06/01/15 16/01/2015 16/01/15 26/01/2015 26/01/15 05/02/2015 05/02/15 15/02/2015 15/02/15 25/02/2015 25/02/15 07/03/2015 07/03/15 17/03/2015 17/03/15 27/03/2015 27/03/15 06/04/2015 06/04/15 16/04/2015 16/04/15 26/04/2015 26/04/15 06/05/2015 06/05/15 16/05/2015 16/05/15 26/05/2015 26/05/15 05/06/2015 05/06/15 15/06/2015 15/06/15 25/06/2015 25/06/15 Percentagem Zona Euro I Trim 2015 I Trimestre 2015 Principais Economias Emergentes 20.00 II Trim 2014 II Trimestre 2014 Brasil IV Trim 2014 IV Trimestre 2014 III Trim 2014 III Trimestre 2014 China IV Trim 2014 IV Trimestre 2014 Rússia Índia I Trim 2015 I Trimestre 2015 II Trim 2015 II Trimestre 2015 África do Sul Fonte: Respectivos Bancos Centrais Nos países que compõem os BRICS, os Bancos Centrais da China e da Índia reduziram as taxas de juro de referência em Junho de 2015 para os 4,85% e 7,25%, respectivamente, contra os 6,00% e 8,00% registados no período homólogo, enquanto os Bancos Centrais do Brasil e da Rússia apresentaram taxas de referência superiores em Junho de 2015, situando-se nos 13,75% e nos 11,50%, comparativamente aos 11% e 7,50% registados no mesmo período do ano anterior, respectivamente. Na região da SADC, em Junho de 2015, os Bancos Centrais da África do Sul, de Angola, da Namíbia e da Zâmbia aumentaram as suas taxas de juro de referência, para os 5,75% (+0,25 p.p.), 9,75% (+0,50 p.p.), 6,50% (+0,75 p.p.) e 12,50% (+0,50 p.p.), respectivamente. Por seu turno, no período em análise, os Bancos Centrais do Botswana e RDC reduziram as suas taxas de juro de referência, para os 6,50% (-1,00 p.p.) e 2,00% (-1,25 p.p.), respectivamente, e o Banco Central de Moçambique reduziu a taxa de facilidade de cedência de liquidez para 7,50% (-0,75 p.p.). 1.3 Mercado das Commodities No mercado das commodities, em termos gerais, permanece o cenário de excesso de oferta e de uma procura que, apesar de ser crescente, continua a desapontar. No mercado energético, a oferta continua a ser superior à procura. Contudo, com o movimento de queda acentuada dos preços, os EUA têm reduzido as suas explorações mais dispendiosas (gás de xisto) o que, associado a outros factores de curto prazo, contribuíram para pressionar os preços no II Trimestre de 2015. No entanto, comparativamente ao período homólogo de 2014, os preços continuam significativamente mais baixos. Relativamente aos preços dos alimentos, estes também continuaram a cair, embora em menor magnitude face à registada no trimestre anterior. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 No mercado das commodities petrolíferas, os dados da OPEP mostram que a procura global de petróleo no II Trimestre de 2015 foi de 91,5 Mb/d, tendo subido cerca de 1,3 Mb/d em relação ao trimestre homólogo de 2014 (90,2Mb/d), com a procura por petróleo nos países da OCDE e fora da OCDE a subir cerca de 0,2 Mb/d e 1,1 Mb/dia, respectivamente, fixando-se nos 45,2 Mb/d e 46,3 Mb/d respectivamente. A melhoria das condições económicas dos países da OCDE, os preços do petróleo mais baixos e os invernos cada vez mais rigorosos deram suporte ao aumento da procura. Porém, este crescimento foi atenuado pela instabilidade geopolítica no Médio Oriente e pela evolução das economias da Grécia e da China. Ressalta-se que, após ter atingido um pico de 10% de crescimento em 2004, a procura por petróleo tem vindo a diminuir e estabilizou-se em torno dos 4% ao longo dos últimos anos. Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/ dia) 2015 2014 I Trim II Trim III Trim IV Trim Anual I Trim II Trim* III Trim IV Trim Anual Países da OCDE 45,70 45,00 46,00 46,60 45,80 46,30 45,20 46,00 46,60 46,00 Países Fora da OCDE 44,50 45,20 46,00 46,20 45,50 45,50 46,30 47,20 47,30 46,60 90,20 90,20 92,00 92,80 91,30 91,80 91,50 93,20 93,90 92,60 Países da OPEP 29,90 29,90 30,30 30,30 30,10 30,30 31,10 … … … Países Fora da OPEP 55,80 56,10 56,40 57,70 56,50 58,10 57,30 56,90 57,30 57,40 OPEP Gás Natural** 5,70 5,80 5,90 5,90 5,80 5,90 5,90 6,10 6,21 6,00 91,40 91,70 92,50 94,00 92,40 94,30 94,40 … … … Procura Global Oferta Global Fonte: OPEP, Monthly Oil Market Report, 7 de Julho de 2015 ** Óleos não convencionais. Do lado da oferta, em termos homólogos, registou-se um aumento de 2,7Mb/d no II Trimestre de 2015 para os 94,4 Mb/d, como resultado do aumento da oferta dos países fora da OPEP e dos países da OPEP em 1,20 Mb/d (ambos) para os 57,3 Mb/d e os 31,1 Mb/d, respectivamente. Os EUA são responsáveis pela maior parte deste aumento, além do Brasil e da Rússia, com novas sondas de produção. No entanto, no final do trimestre, o declínio dramático das plataformas americanas é transmissor de sinais de que o crescimento da produção dos EUA pode ter atingido um impasse. Esta diminuição, associada aos preços baixos do petróleo e às elevadas despesas de capital investido, tem contribuído para a saída de muitos produtores do mercado petrolífero. Não obstante alguns factores como o aumento do consumo de combustível por parte de alguns países importadores, a tensão geopolítica entre a Arábia Saudita e o Iémen, o aumento da actividade das refinarias europeias, norteamericanas e asiáticas e a diminuição da produção de petróleo de xisto, os preços do petróleo no II Trimestre deste ano ficaram abaixo dos registados no II Trimestre de 2014, relacionado sobretudo com o alívio da situação financeira da Grécia, com o acordo sobre o programa nuclear entre o Irão e as seis maiores potências económicas mundiais e a evolução desfavorável da actividade económica da China. Neste contexto, o preço médio do Brent foi de USD 63,50 por barril no II Trimestre de 2015 contra os USD 109,77 por barril no trimestre homólogo de 2014 (-42,15%). O preço médio do WTI foi de USD 57,94 por barril no II Trimestre de 2015 contra os USD 102,97 por barril no trimestre homólogo de 2014 (-43,73%) e o preço médio das Ramas Angolanas situou-se nos USD 59,86 por barril no II Trimestre de 2015 contra os USD 108,34 por barril no mesmo período do ano anterior (-44,75%). 16 Painel 2 - Preços de Referência das Commodities Preços de Petróleo de Referência 10 120 9 110 8 7 100 6 90 5 80 4 70 3 60 Spreads USD USD/ Barril 130 2 II Trimestre 2014 III Trimestre 2014 Ramas Angolanas IV Trimestre 2014 Brent WTI I Trimestre 2015 Jun-15 Mai-15 May-15 Abr-15 Apr-15 Mar-15 Mar-15 Feb-15 Fev-15 Jan-15 Dec-14 Dez-14 Nov-14 Nov-14 Out-14 Oct-14 Set-14 Sep-14 Ago-14 Aug-14 Jul-14 Jul-14 Jun-14 Jun-14 0 Mai-14 May-14 1 40 Abr-14 Apr-14 50 II Trimestre 2015 Spread Brent/Ramas Angolanas Spread Brent/WTI Índices de Preços dos Bens Alimentares da FAO 220 260 200 220 180 180 II Trim 2014 III Trim 2014 IV Trim 2014 I Trim 2015 Jun-15 Mai-15 May-15 Abr-15 Apr-15 Mar-15 Mar-15 Fev-15 Feb-15 140 Jan-15 Dez-14 Dec-14 Nov-14 Out-14 Oct-14 Sep-14 Set-14 Ago-14 Aug-14 Jul-14 Jul-14 Jun-14 Jun-14 Mai-14 May-14 140 Apr-14 Abr-14 160 II Trim 2015 índice de bens alimentares (ELE) índice de preços da carne (ELD) índice de preços dos laticínios (ELD) índice de preços dos óleos vegetais (ELD) índice de preços do açúcar (ELD) índice de preços dos cereais (ELD) Fonte: Bloomberg (Brent e WTI), DES/BNA (Ramas angolanas) e Food and Agriculture Organization (FAO) of the United Union Apesar de, em termos homólogos, o preço do WTI ter registado uma queda superior ao preço do Brent, o spread Brent/ WTI diminuiu para os 5,56 USD/bbl em finais de Junho de 2015, situando-se abaixo dos 6,79 USD/bbl alcançados em finais de Junho do ano anterior. A queda do spread é justificada pelo facto de o aumento do preço do WTI em termos trimestrais ter sido mais acentuado que o do Brent, já que os desenvolvimentos da economia chinesa e o acordo nuclear entre o Irão e as principais potências tiveram um impacto negativo maior sobre o Brent, enquanto no caso do WTI, além de se ter registado uma redução dos stocks dos EUA, cresceram as expectativas de que a produção de crude dos EUA viria a reduzir no futuro. Por outro lado, o spread Brent/Ramas Angolanas registou um aumento, tendo-se fixado nos 3,64 USD/bbl em finais de Junho de 2015, acima dos 1,43 USD/bbl alcançados em finais de Junho do ano anterior. Relativamente às commodities alimentares, no II Trimestre de 2015, o Índice de Preços de Alimentos da FAO fixouse nos 165,1 pontos (valor de final de período), representando uma redução em termos homólogos de 20,98% em resultado da queda generalizada dos preços de todos os bens alimentares. Esta evolução reflecte a estabilidade dos preços das carnes e o elevado nível de oferta dos produtos que compõem o índice por parte dos principais produtores, devido a diversos factores, nomeadamente: (a) produção acima do esperado no caso do óleo de palma e do açúcar; (b) aumento das expectativas de produção de produtos lácteos; (c) abolição do sistema de quotas leiteiras na União Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Europeia; (d) elevados stocks não vendidos e incertezas sobre o nível de importações da China de produtos lácteos; e (e) perspectivas de boas colheitas combinadas com os amplos stocks de cereais. 1.4 Mercado Cambial Internacional Face aos sinais de melhoria do mercado de trabalho nos EUA e à manutenção da taxa de juro de referência por parte dos Bancos Centrais da Zona Euro, Reino Unido e Japão, o Dólar norte-americano apreciou-se frente às suas principais congéneres, com destaque para a apreciação face ao Euro (21,10%), ao Real (39,07%) e ao Rand (15,10%), tendo-se depreciado, contudo, frente ao Renminbi (-0,41%) em termos homólogos. Painel 3 - Variações Cambiais Internacionais 1.00 3.40 0.95 3.20 0.80 III Trim 2014 IV Trim 2014 USD/REAL 29/05/15 30/04/15 27/02/15 31/03/15 II Trim 2015 USD/EUR 9.50 6.05 9.00 6 II Trim 2014 III Trim 2014 USD/ZAR Fonte: Bloomberg IV Trim 2014 I Trim 2015 USD/Renminbi II Trim 2015 30/06/15 6.1 29/05/15 10.00 30/04/15 6.15 31/03/15 10.50 27/02/15 6.2 30/01/15 11.00 31/12/14 6.25 28/11/14 11.50 31/10/14 6.3 30/09/14 12.00 29/08/14 6.35 31/07/14 12.50 30/06/14 6.4 30/05/14 13.00 30/04/14 USD/ ZAR 30/01/15 I Trim 2015 USD/ Renminbi II Trim 2014 31/12/14 0.60 28/11/14 2.00 31/10/14 0.65 30/09/14 2.20 29/08/14 0.70 31/07/14 2.40 30/06/14 0.75 30/05/14 2.60 30/04/14 USD/ REAL 0.85 2.80 USD/ EUR 0.90 3.00 18 Além dos sinais positivos dos EUA e da política monetária expansionista do BCE, o ligeiro abrandamento do PMI para o sector da indústria transformadora, em Maio (para os 52 pontos face aos 52,2 pontos registados em Abril), o aumento da linha de crédito aos bancos gregos e a preocupação com a economia da Grécia, que demonstrou ter dificuldades para honrar os seus compromissos junto do FMI, contribuíram para a depreciação do Euro frente ao Dólar norte-americano. Em relação ao comportamento da moeda brasileira, a depreciação deveu-se não só ao ambiente externo favorável ao Dólar, como aos receios de que o Banco Central Brasileiro reduzisse a sua intervenção no mercado cambial e ao cepticismo em relação às medidas de ajustamento fiscal que são consideradas pelos investidores como sendo insuficientes para garantir o cumprimento da meta fiscal do país. A taxa de câmbio do Rand face ao Dólar norte-americano também se desvalorizou no II Trimestre de 2015. A perspectiva de queda dos fluxos de entrada de capital estrangeiro para as economias emergentes, com o fortalecimento do mercado de trabalho dos EUA, numa altura em que se esperava pela avaliação da Fitch sobre o rating da África do Sul e o acordo entre o Governo e o sindicato dos trabalhadores públicos com vista a elevar os salários, determinaram o movimento depreciativo da moeda. Por fim, a moeda chinesa depreciou-se ligeiramente face ao dólar, apesar da forte queda do índice bolsista, numa altura em que o índice PMI2 industrial da China se posicionou nos 50,2 pontos em Maio, ligeiramente melhor do que os 50,1 pontos em Abril, sinalizando que a economia ainda está a crescer. Adicionalmente, acresce-se referir que os bancos comerciais foram autorizados a utilizar os títulos de dívida do Governo Local como garantia das suas operações com o Banco Popular da China, através do esquema de penhora suplementar. Resumo e Perspectivas do Panorama Internacional De acordo com o Fundo Monetário Internacional, o crescimento económico mundial continuará moderado e inferior à média histórica anterior à crise financeira internacional, situando-se nos 3,3% em 2015 contra os 3,4% em 2013 e 2014. A revisão em baixa do crescimento do PIB mundial realizada em Julho mostrou justamente este facto e foi mais acentuada nas economias avançadas, com destaque para a redução da previsão da taxa de crescimento dos EUA em 2015 (de 3,14% em Abril para 2,5% em Julho), do Reino Unido (de 2,72% em Abril para 2,50% em Julho) e do Japão (de 1,04% em Abril para 0,8% em Julho). O crescimento abaixo das expectativas nos EUA no I Trimestre deste ano, os baixos níveis de inflação (que reflectem a fragilidade do consumo) não obstante as políticas monetárias expansionistas, a flexibilização fiscal, a reestruturação dos balanços financeiros e os preços do petróleo mais baixos, justificam a revisão do crescimento económico das principais economias avançadas. No entanto, no final do II Trimestre observou-se uma aceleração das taxas de inflação, reduzindo-se o risco de deflação, e uma melhoria dos indicadores do mercado de trabalho sobretudo nos EUA. As economias emergentes também têm vindo a abrandar o seu ritmo de crescimento devido a factores internos, destacando-se pela negativa: a China que crescerá abaixo dos 7%, a contracção das economias do Brasil e da Rússia, combinada com uma aceleração das taxas de inflação, os baixos preços das commodities que pressionam os mercados cambiais e as taxas de inflação em alguns países africanos. Os acontecimentos mais recentes do mês de Junho mostraram perturbações na bolsa de valores chinesa, o aumento da preocupação com a política fiscal no Brasil e estagnação na economia russa, evidenciando ainda mais a fragilidade destas economias. Neste âmbito, a visão do FMI mostra-se agora menos optimista quanto ao crescimento mundial, em relação às projecções feitas no início do ano de 2015, uma vez que riscos associados aos baixos preços do petróleo, a possibilidade de ressurgimento de stress financeiro na Zona Euro e a expectativa de alteração da taxa de juro do Fed permanecem e surgiram novos riscos com a volatilidade no mercado financeiro chinês. No entanto, a melhoria da economia dos EUA no II Trimestre, o recente aumento das taxas de inflação nas economias avançadas, combinada com a manutenção das políticas monetárias expansionistas e a realização de reformas fiscais e de infraestruturas podem contribuir positivamente para a recuperação da economia global até ao final do ano. 2 Purchasing Managers Index Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 2. Economia Nacional 2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais No II Trimestre de 2015 as trocas comerciais com o exterior resultaram num excedente de USD 5.206,27 Milhões da Conta de Bens, o que representa uma redução de 43,43% face ao período homólogo de 2014. A queda dos preços do petróleo no mercado internacional esteve entre as principais razões dessa redução, com uma queda no valor das exportações petrolíferas de cerca de 41,96% face ao período homólogo de 2014. Importa referir que, no final do II Trimestre de 2015, o peso das exportações petrolíferas sobre as exportações totais de bens diminuiu ligeiramente em 1,12 p.p. face ao período homólogo, apresentando um peso de 94,52% no total das exportações de bens. Por sua vez, as importações diminuíram 31,80% face ao período homólogo, sobretudo em resultado da redução das importações de combustíveis e alimentos em 37,55% e 19,52%, respectivamente. A desaceleração da economia, bem como a queda do preço do barril do petróleo e por conseguinte a diminuição das dicponibilidades de divisas, (cuja fonte são sobretudo as exportações do petróleo) poderá explicar a redução das importações. Esta redução de importações, sem cobertura pela produção nacional de bens e serviços acaba por ser uma fonte de pressão sobre os preços internos, por se traduzir em rupturas de stock tanto de produtos finais junto dos fornecedores como de matériasprimas necessárias à produção interna, agravando os constrangimentos a nível da oferta de produtos nacionais. Painel 4 – Conta de Bens e Reservas Internacionais 18,000 Saldo da Conta de Bens 16,000 USD Milhões 14,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 II Trim 14 III Trim 14 IV Trim 14 Exportações Conta de Bens 8.50 5.50 20,000 5.00 Fonte: BNA Rácio de Cobertura das Importações Ju n/ /1 /1 M ar Fe v /1 Ja n/ De z v/ No /1 Ou t t/1 Se l/1 o/ Ag Ju 14 n/ Ju M ai/ /1 Ab r Reservas Brutas 15 22,000 5 Ab r/1 5 M ai/ 15 6.00 5 24,000 15 6.50 4 26,000 14 7.00 4 28,000 4 7.50 14 30,000 4 8.00 14 32,000 4 USD Milhões Importações II Trim 15 Rácio de Cobertura das Importações 34,000 I Trim 15 Meses de Importação 0 20 Em termos de origem das importações, Portugal voltou a deter o maior peso nas importações angolanas com 13,90%, seguido da China e EUA, com 11,40% e 6,63%, respectivamente. Os Emirados Árabes e os EUA foram os parceiros comerciais que mais pesos perderam em termos de importações relativamente ao trimestre homólogo, em cerca de menos 3,14 p.p. e 2,46 p.p., respectivamente. Em relação às Reservas Brutas, estas situaram-se nos USD 25.212,21 Milhões em finais de Junho de 2015, representando uma contracção de 18,32% face a Junho de 2014. Por sua vez, o stock das Reservas Internacionais Líquidas (RIL) diminuiu 17,08%, situando-se nos USD 24.915,25 Milhões em finais de Junho de 2015. Esta tendência de queda das reservas está relacionada com a queda significativa das receitas de exportação de petróleo, como consequência da queda do preço do barril de petróleo. O rácio de cobertura das reservas brutas por meses de importações de bens e serviços atingiu os 6,80 meses em finais de Junho de 2015, contra os 7,39 meses no período homólogo de 2014. Refira-se que o rácio de cobertura das importações continua acima da meta da SADC, definida em 6 meses de importações. 2.2. Políticas Macroeconómicas 2.2.1. Política Cambial A Política Cambial no II Trimestre de 2015 ficou marcada sobretudo pela entrada em vigor do Instrutivo nº 10/2015 de 04 de Junho de 2015, que estabelece a obrigatoriedade de constituição de contas cativas, por parte dos bancos comerciais, em moeda nacional junto do BNA, com saldos correspondentes às necessidades de compra de divisas para a semana seguinte, e pela desvalorização da moeda nacional em 5,973%, a 05 de Junho de 2015, tendo a taxa de câmbio passado de Kz/USD 110,287 para Kz/USD 116,875, com a finalidade de atenuar a pressão no mercado cambial por via da redução da liquidez ociosa dos bancos comerciais. Complementar a estas medidas, foi exarado o Instrutivo nº 12/2015 de 24 de Junho de 2015, que congrega requisitos e procedimentos a observar pelos bancos comerciais no processo de realização de operações cambiais destinadas às mercadorias, invisíveis correntes, capitais bem como a venda às casas de câmbio. Neste contexto, nas suas intervenções no mercado cambial no decorrer do II Trimestre de 2015, o BNA disponibilizou aos bancos, através de leilões realizados no mercado primário, recursos cambiais calculados no montante de USD 4.876,6 Milhões, tendo sido observado um decréscimo de 6,8% comparativamente ao período homólogo de 2014. Por sua vez, os bancos comerciais adquiriram dos seus clientes um montante de USD 539,6 Milhões, contra os USD 3.468,0 Milhões no período homólogo do ano anterior, representando uma redução de 84,4%3. No total, as divisas adquiridas pelos bancos diminuíram em 37,7%, fixando-se nos USD 5.416,3 Milhões. Abr/14 Mai/14 Jun/14 Jul/14 Ago/14 Set/14 Out/14 Nov/14 Dez/14 Jan/15 1299.67 1357.30 1540.10 1495.00 1549.46 1653.05 1440.00 1337.97 1034.51 2219.65 2367.87 2070.00 1760.00 1050.00 USD Milhões 2350.00 Gráfico 2 – Venda de Divisas no Mercado Primário Fev/15 Mar/15 Abr/15 Mai/15 Jun/15 Fonte: BNA 3 Esta diminuição do valor de divisas compradas pelos bancos comerciais aos seus clientes justifica-se com as alterações introduzidas com o Aviso 07/2014, de 03 Outubro, que estabelece que as empresas petrolíferas devem passar a vender as suas divisas não aos bancos comerciais, mas sim ao BNA. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 No mercado cambial interbancário, os bancos comerciais transaccionaram um montante aproximado de USD 4,1 Milhões no trimestre em análise (contra os USD 45,6 Milhões no II Trimestre de 2014), apresentando uma redução em termos homólogos da ordem dos 91%. As vendas totais de divisas dos bancos comerciais aos seus clientes reduziram 43,1%, totalizando USD 4.208,1 milhões no período, das quais 54% destinadas a operações de mercadorias, 44,7% para invisíveis e 1,3% para capitais. Notase, neste período, uma redução em 0,87 p.p. no peso das vendas destinadas às operações de mercadorias em benefício das vendas destinadas às operações de invisíveis e de capitais cujos pesos aumentaram em 1,28 p.p. e 0,42 p.p., respectivamente, relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior. Por sua vez, as casas de câmbio venderam aos seus clientes um montante total de USD 77 Milhões, traduzindo-se numa redução de 55,6% face ao trimestre homólogo. Relativamente à variação das taxas de câmbio, no II Trimestre de 2015, verificou-se em termos homólogos uma acentuada depreciação do Kwanza em relação ao Dólar norte-americano em todos os mercados, destacando-se o mercado secundário e o mercado informal de notas. A taxa de câmbio do Kwanza face ao Dólar norte-americano no mercado primário registou uma depreciação de 24,37% em termos homólogos, no mercado secundário de divisas depreciou-se 24,11% e no mercado secundário de notas em 28,82%. No mercado informal e nas casas de câmbio, as taxas depreciaram-se 53,35% e 31,14%, em termos homólogos, respectivamente. Painel 5 - Taxas de Câmbio Kz/ USD nos Mercados Cambiais4 Taxas de Câmbio nos vários mercados Kz/ USD 0,190 0,170 0,150 0,130 0,110 0,090 Abr/14 Mai/14 Jun/14 Jan/15 Fev/15 II Trim 2014 Mar/15 I Trim 2015 Mai/15 Jun/15 II Trim 2015 Mercado Primário (Taxa Referência) Bancos (Notas) Casas de Câmbio Bancos (Divisas) Mercado Informal (Notas) Taxas de Câmbio Reais 130.00 Abr/15 60.00 120.00 50.00 Kz/ USD 110.00 40.00 100.00 30.00 90.00 20.00 80.00 Fonte: BNA *Informação obtida a partir do SSIF. Taxa de Câmbio Real (Oficial) 4 Para informações mais detalhadas ver Anexo Estatístico no final deste Relatório. Jun-15 Jun-15 Apr-15 Abr-15 May-15 Mai-15 Feb-15 Fev-15 Mar-15 Mar-15 Dec-14 Dez-14 Jan-15 Jan-15 Nov-14 Oct-14 Out-14 Sep-14 Set-14 Ago-14 Aug-14 Jul-14 Jun-14 Mai-14 May-14 Abr-14 Apr-14 Mar-14 Fev-14 Feb-14 Jan-14 Dez-13 Dec-13 Out-13 Oct-13 Diferencial (ELD) Nov-13 Nov-13 Set-13 Sep-13 Jul-13 Aug-13 Aug-13 0.00 Jun-13 60.00 Abr-13 Apr-13 10.00 Mai-13 May-13 70.00 Taxa de Câmbio Real (Informal) 22 No que respeita ao diferencial da taxa de câmbio do Kwanza face ao Dólar norte-americano, entre o mercado informal e o mercado secundário de notas, observou-se um aumento do mesmo em todas as províncias, destacando-se Benguela (+224,32 p.p.), Luanda (+129,39%) e Malange (+129,39%). Relativamente às taxas de câmbio do Kwanza face ao Euro e ao Rand, ambas apresentaram uma depreciação: o Kwanza depreciou-se 1,76% face ao Euro e 7,47% face ao Rand em termos homólogos. Em termos das taxas de câmbio reais do Kwanza face ao Dólar norte-americano, verificou-se que a taxa de câmbio real de fim de período no mercado oficial depreciou em termos homólogos 13,58%, ao passar de Kz/USD 73,33 em Junho de 2014 para os Kz/USD 83,29 em Junho de 2015. Por sua vez, a taxa de câmbio real de fim de período no mercado informal também se depreciou, mas a níveis superiores aos da taxa de câmbio oficial. No final de Junho de 2015, a taxa de câmbio real no mercado informal depreciou-se 40,05%, fixando-se nos Kz/USD 122,96, quando em Junho de 2014 se encontrava nos Kz 87,80. 2.2.2. Política e Situação Orçamental A política orçamental no II Trimestre de 2015 teve como objectivo principal racionalizar as despesas e melhorar a sua qualidade, tendo em conta a vulnerabilidade das receitas face a choques do sector petrolífero e, potencializar as receitas não petrolíferas com a continuidade do processo de reforma tributária. Tudo isto, considerando que as exportações de petróleo bruto, no período, rondaram os 161,11 milhões de barris, situando-se abaixo do programado (de 162,77 milhões de barris), ao preço médio de 57,16 USD/barril. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Tabela 3 – Situação Orçamental no II Trimestre de 2015 (Valores Acumulados)5 II Trim. 2014 III Trim 2014 IV Trim. 2014 I Trim. 2015 (Preliminar) II Trim. 2015 (Preliminar) Em taxas de variação homólogas (%) Receitas Totais -16,4 -2,0 -5,4 -33,2 -32,6 Receitas correntes (a) -25,8 -16,7 -18,1 -24,7 -28,8 Receitas Petrolíferas -20,1 -12,3 -18,8 -64,6 -59,9 Dq.: Receitas Consignadas -96,6 -93,0 -83,2 ---- ---- 27,0 29,3 24,8 19,5 -3,0 Receitas Não Petrolíferas Dq.: Imposto do Sector Diamantífero -44,8 -21,2 -26,5 57,1 93,8 Imposto sobre o Comércio Exterior 34,0 43,2 43,6 24,9 17,2 Outros impostos 26,5 27,5 22,1 18,4 -6,6 Receitas de capital 200,0 33,3 -9,1 ---- ---- Outras receitas (b) 69,6 151,2 102,6 -61,3 -51,1 Despesas Totais 43,9 30,7 22,8 -45,1 -47,0 Despesas correntes 18,0 7,0 -0,7 -34,1 -31,2 Despesas com pessoal 13,7 12,5 13,8 11,5 6,4 Aquisição de bens e serviços -13,2 -25,3 -37,6 -74,6 -70,0 Juros da Dívida 56,0 41,7 55,9 1,6 45,5 Transferências -3,3 1,9 3,9 1,9 5,9 Subsídios 92,2 49,3 17,7 -67,1 -75,1 Despesas de Capital 13,9 6,7 6,0 -74,5 -72,0 Dq: Investimento Público 37,4 12,6 15,5 -71,4 -71,9 ---- ---- ---- -47,0 -72,0 Outras Despesas Em Percentagem do PIB Saldo Global (c) 0,3 2,7 2,2 1,2 2,9 Saldo Corrente 3,8 6,7 7,8 1,7 3,0 -9,9 -13,4 -17,2 -0,6 -0,6 Saldo Primário não Petrolífero (a) Inclui as receitas consignadas (b) Refere-se aos saldos livres acumulados no período anterior (c) Para o cálculo dos saldos global, corrente e primário não petrolífero, do lado das Receitas, excluiu-se o montante dos desembolsos de financiamento (considerando-o um financiamento e não uma receita) e incluiu-se as receitas consignadas. Do lado das despesas, excluiu-se o montante da amortização da dívida (sendo este um montante a considerar para o cálculo do financiamento interno e externo líquido). Fonte: MINFIN, Balanço de Execução da PFT 2014/2015 Neste contexto, o balanço da execução da política orçamental no II Trimestre de 2015 caracterizou-se por uma melhoria dos saldos orçamentais relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior, à excepção do saldo corrente. Com efeito, tendo em conta os dados preliminares da PFT6 para os meses de Abril, Maio e Junho, o saldo global registou um superavit no valor de Kz 362,2 mil milhões fixando-se em cerca de 2,9% do PIB e, o défice primário não petrolífero reduziu 9,3 p.p., situando-se nos 0,6% do PIB. O saldo corrente, por sua vez, registou uma redução de 0,8 p.p., fixandose nos 3,0% do PIB. 5 Os dados são todos preliminares, sujeito a alterações e provêm da Programação Financeira Trimestral. Os dados referem-se a valores acumulados. 6 Programação Financeira Trimestral. 24 Gráfico 3 - Saldo Global e Primário Não Petrolífero (em % do PIB) 45.0 5.0 40.0 0.0 35.0 -5.0 25.0 20.0 -10.0 % do PIB % do PIB 30.0 15.0 10.0 -15.0 5.0 0.0 II Trim. 2014 Receitas totais (ELE) III Trim 2014 IV Trim. 2014 Despesas totais (ELE) I Trim. 2015 (Prel.) Saldo Global (ELD) II Trim. 2015 (Prel.) -20.0 Saldo Primário Não petrolífero (ELD) Fonte: MINFIN Esta evolução em geral favorável das contas públicas no II Trimestre de 2015 foi determinada pela redução das despesas que superou a redução das receitas. Com efeito, o peso das despesas públicas no PIB registou um decréscimo de 8,8 p.p., situando-se nos 10% do PIB (contra os 18,8% no trimestre homólogo do ano anterior) e o das receitas públicas registou um decréscimo de 6,1 p.p., fixando-se nos 13% do PIB (19,1% no trimestre homólogo de 2014). Despesas Públicas As despesas totais reduziram 47% em termos homólogos, apresentando uma taxa de execução orçamental de 35,51%, devido à redução generalizada das despesas correntes, despesas de capital e despesas do exercício anterior. As despesas correntes (com uma taxa de execução orçamental de 34,55%) registaram uma evolução negativa (de 31,2%), traduzin do essencialmente os decréscimos em termos homólogos registados nos gastos com aquisição de bens e serviços (-70%) em actividades permanentes e em programas e projectos específicos e, nos gastos com os subsídios (-75,1%), em virtude da redução dos subsídios aos preços e dos subsídios operacionais. As despesas com o pessoal, com os juros da dívida e com as transferências, pelo contrário, registaram um aumento em termos homólogos de 6,4%, 45,5% e 5,9%, respectivamente. As despesas de capital (com uma taxa de execução orçamental de 20,19%) evidenciaram, igualmente, uma queda de 72% em resultado, sobretudo, da evolução das despesas de investimento público. Estas, no II Trimestre de 2015, contabilizaram um total de Kz 106,3 mil milhões (contra os Kz 377,8 mil milhões no trimestre homólogo de 2014), apresentando um decréscimo de 71,9% em termos homólogos. Estas despesas foram direccionadas sobretudo aos Programas de Investimento Público (PIP) sectoriais (cerca de 68,8% do total dos investimentos públicos) e abrangeram na sua maior parte, em termos de volume de pagamentos, os programas de reabilitação e construção de infraestruturas ferroviárias, de transportes rodoviários e marítimo-portuário, reabilitação dos sistemas urbanos de água e saneamento e promoção, fomento e desenvolvimento da actividade económica. Para o PIP provincial e para os programas municipais, foram direccionados 27,1% e 4,1% do total dos montantes adstritos aos investimentos públicos, respectivamente. Realça-se ainda que, as despesas de investimento representaram no II Trimestre de 2015 apenas 0,9% do PIB, caindo 2,2 p.p. relativamente ao trimestre homólogo (período no qual representaram 3,0% do PIB). Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 6 – Despesas do Exercício (em % do PIB) Despesas Correntes 25.0 20.0 15.0 10.0 5.0 0.0 12366,25781 II Trim. 2014 II Trim. 2014 12366,25781 III Trim. 2014 12366,25781 IV Trim. 2014 III Trim 2014 IV Trim. 2014 12366,25781 I Trim. 2015 (Prel.) I Trim. 2015 (Prel.) 12366,25781 II Trim. 2015 (Prel.) II Trim. 2015 (Prel.) Despesas com pessoal Aquisição de bens e serviços Juros da divida Transferências Subsidios Despesas correntes 7.0 Despesas com Investimento 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 12366,25781 II Trim. 2014 II Trim. 2014 12366,25781 III Trim. 2014 12366,25781 IV Trim. 2014 III Trim 2014 IV Trim. 2014 12366,25781 I Trim. 2015 (Prel.) I Trim. 2015 (Prel.) 12366,25781 II Trim. 2015 (Prel.) II Trim. 2015 (Prel.) Fonte: MINFIN As despesas do período anterior, por sua vez, evidenciaram um valor de Kz 124,9 mil milhões, quando no período homólogo, tinham registado um valor de Kz 446,1 mil milhões, apresentando uma redução de 72%. Receitas Públicas As receitas totais reduziram 32,6% em termos homólogos, apresentando uma taxa de execução orçamental de 59,60%, em virtude da redução das receitas correntes (-28,8%) e dos saldos livres acumulados no período anterior (-51,1%). Em resultado da redução das exportações de petróleo bruto no período devido ao baixo preço médio do barril de petróleo, as receitas correntes e, em particular, as receitas do sector petrolífero, registam uma redução de 59,9% em termos homólogos no II Trimestre de 2015, correspondendo a uma taxa de execução orçamental de cerca de 51,42%. 26 As receitas não petrolíferas (compostas pelos impostos do sector diamantífero, impostos sobre o comércio exterior e outros impostos), por sua vez, registaram uma redução de 3,0% no II Trimestre de 2015 devido à fraca dinâmica que se regista a nível da actividade económica nacional, não obstante a reforma tributária em curso desde Julho de 2014. A sua taxa de execução foi reduzida, a rondar os 37,81% do total programado para a rubrica. Destaca-se, nas receitas não petrolíferas, o baixo desempenho ao nível da cobrança dos outros impostos (dentre os quais os impostos sobre os rendimentos, sobre o consumo, taxas, custos e emolumentos e impostos diversos), que representam 82,6% do total dos impostos cobrados, e que registam uma diminuição de 6,6% em termos homólogos. Os impostos do sector diamantífero e sobre o comércio exterior, que representam 0,6% e 16,8% do total dos impostos registaram, pelo contrário, acréscimos relativamente ao trimestre homólogo, na ordem dos 93,8% e 17,2%, respectivamente. Os saldos livres acumulados do período anterior, por sua vez, apresentaram uma queda de 51,1%, evidenciando um valor de Kz 231,2 mil milhões quando, no período homólogo, tinham registado um valor de Kz 473,2 mil milhões. Gráfico 4 – Receitas Correntes (em % do PIB) 35.0 30.0 25.0 20.0 15.0 10.0 5.0 0.0 II Trim. 2014 Receitas Petrolíferas III Trim 2014 IV Trim. 2014 Receitas Não petrolíferas I Trim. 2015 (Prel.) II Trim. 2015 (Prel.) Receitas correntes Fonte: MINFIN Financiamento Em termos de financiamento, o Governo recorreu essencialmente ao financiamento interno, nomeadamente à emissão de Bilhetes e Obrigações do Tesouro e ao crédito por via bancária. Com efeito, o financiamento interno líquido representou neste período 2,7% do PIB, quando no trimestre homólogo do ano anterior representava apenas 0,5% do PIB (o que equivale a um aumento de 2,2 p.p.). O volume significativo de desembolsos de financiamento interno do Governo, que no trimestre em análise aumentou 121,9%, reflectiu-se no aumento do stock da dívida titulada e das taxas de juro, nomeadamente dos Bilhetes do Tesouro. O stock da dívida titulada aumentou em mais Kz 680,4 mil milhões no II Trimestre de 2015, representando 19,1% do PIB contra os 13,5% no período homólogo (correspondendo a um aumento de 5,6 p.p.). Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 7 – Financiamento Líquido do Sector Público e Dívida Titulada (em % do PIB) Financiamento Líquido do Sector Público 4.5 4.0 3.5 3.0 % do PIB 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 II Trim. 2014 -0.5 III Trim 2014 IV Trim. 2014 I Trim. 2015 (Prel.) Financiamento interno líquido II Trim. 2015 (Prel.) Financiamento externo líquido Dívida Titulada (em % do PIB) 3.0 25.0 2.5 20.0 2.0 15.0 1.5 10.0 1.0 5.0 0.5 0.0 II Trim. 2014 III Trim 2014 Emissão de BT e OT IV Trim. 2014 I Trim. 2015 (Prel.) Resgate de BT e OT II Trim. 2015 (Prel.) 0.0 Stock da dívida Fonte: MINFIN A Emissão de BT e OT situou-se nos Kz 260,6 mil milhões, apresentando um aumento de 118,3% relativamente ao trimestre homólogo. Os resgates de BT e OT fixaram-se nos Kz 178,8 mil milhões, apresentando um aumento de 9,9% relativamente ao trimestre homólogo. De realçar que, desta análise, é visível mais uma vez que a dívida interna continua a crescer a um ritmo acelerado. O Governo continua a recorrer ao financiamento interno, nomeadamente à emissão de BT e OT, o que poderá limitar o crédito ao sector privado e ter implicações negativas ao nível do crescimento económico no futuro. 28 2.2.3. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros Política Monetária A política monetária do Banco Nacional de Angola (BNA) no II Trimestre de 2015 esteve essencialmente focada na redução da liquidez do sistema bancário, visando atenuar as pressões inflaccionistas na economia garantindo, assim, a manutenção da estabilidade de preços. Neste contexto, o BNA interveio mais uma vez, fazendo uso dos seus instrumentos de gestão de política monetária. Assim, em Junho de 2015, o Comité de Política Monetária (CPM), decidiu i) aumentar a taxa de juro básica e a taxa de juro da facilidade de cedência de liquidez ambas em 0,50 p.p., para os 9,75% e 10,50%, respectivamente, e ii) manter a taxa de juro da facilidade de absorção de liquidez nos 0%, conforme a decisão em Fevereiro deste ano, de modo a atingir os objectivos de política monetária propostos. Por outro lado, o BNA decidiu ainda, no mês de Junho, aumentar em cerca de 5,0 p.p. o coeficiente das reservas obrigatórias em Moeda Nacional (MN) para os 25%, dos quais 10% podem ser cumpridos através de Títulos Públicos emitidos a partir de Janeiro de 2015, pertencentes à respectiva carteira dos bancos e ponderados de acordo com as respectivas maturidades. Para além destas decisões de política monetária, o BNA interveio igualmente no mercado monetário, recorrendo às suas operações de política monetária em coordenação com as operações de política fiscal. Assim, no II Trimestre de 2015, verifica-se que a variação da base monetária foi positiva devido ao efeito líquido expansionista sobre a liquidez das operações monetárias e fiscais. Painel 8 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do Mercado Monetário Interbancário (MMI) Taxas de Juro Directoras 12.00% 10.00% 8.00% 6.00% 4.00% 2.00% Taxa de juro de referência - Taxa BNA Taxa de absorção de liquidez 15 n/ Ju M ar /1 5 4 z/1 De 4 t/1 Se 14 Ju n/ 4 M ar /1 3 /1 De z 3 Se t/1 13 n/ Ju M ar De z /1 /1 3 2 0.00% Taxa de cedência de liquidez Taxas LUIBOR 12.00% 11.00% 10.00% 9.00% 8.00% 7.00% 6.00% 5.00% 4.00% 3.00% Overnight Fonte: BNA 1 mês 3 meses 6 meses 9 meses /1 5 Ju n /1 5 ar M 4 z/1 De 4 Se t/1 14 n/ Ju 4 /1 M ar 3 /1 De z 3 t/1 Se 3 n/ 1 Ju M ar De z /1 2 /1 3 2.00% 12 meses Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 As operações monetárias apresentam um efeito líquido expansionista sobre a base monetária, justificado sobretudo pelas operações de redesconto; enquanto no caso das operações fiscais esse efeito é justificado pelo facto de o volume de levantamentos da Conta Única do Tesouro (CUT) para o pagamento dos resgates dos títulos, de atrasados e outras finalidades ter sido superior ao volume de receitas. As operações cambiais, por sua vez, tiveram um efeito líquido contraccionista sobre a base monetária, resultante de um aumento das vendas de divisas relativamente às compras. As compras de divisas têm-se reduzido devido à redução de impostos petrolíferos, em resultado da queda do preço de petróleo, provocando uma redução no fluxo de entrada de divisas na economia. Por conseguinte, a variação positiva da Base Monetária (BM) reflectiu-se neste período na expansão da Base Monetária (restrita) em Moeda Nacional (MN) em 50%, devido sobretudo ao aumento das reservas livres em MN das instituições bancárias. Algumas medidas foram tomadas pelo BNA especificando, por exemplo, a medida que obriga à constituição de contas cativas em MN por parte dos bancos comerciais, com saldo correspondente à necessidade de compra de divisas para a semana seguinte, com a finalidade de desincentivar a pressão no mercado cambial, ou outras condicionantes do próprio Quadro Operacional para a Política Monetária, como por exemplo o facto de os bancos comerciais, para recorrer à Facilidade de Cedência de liquidez do BNA, terem de apresentar colaterais em títulos públicos. Estes factores têm-se traduzido num aumento da procura dos bancos pelo Mercado Monetário Interbancário (MMI), o que tem levado por sua vez a um aumento das taxas de juro neste mercado, sobretudo, das taxas de juro LUIBOR overnight. As taxas LUIBOR, no mercado monetário interbancário, registaram uma trajectória crescente em todas as suas maturidades, sobretudo a taxa LUIBOR overnight que aumentou 8,35 p.p. em termos homólogos, fixando-se nos 11,29% em Junho de 2015, e as taxas para as maturidades de 1, 3 e 6 meses, que registaram acréscimos de 2,23 p.p., 2,01 p.p. e 1,89 p.p., fixando-se nos 9,01%, 9,33% e 9,90%, respectivamente. Consequentemente verifica-se uma redução na procura pelos títulos públicos, tendo em conta que os bancos comerciais têm preferido aplicar os seus excedentes de liquidez no mercado interbancário, dadas as taxas de juro mais atractivas. Devido a esta fraca procura pelos títulos públicos e à necessidade de os tornar mais atractivos de forma a estimular a procura, as taxas de juro dos Títulos Públicos aumentaram, principalmente dos títulos de maturidades mais curtas (Bilhetes do Tesouro). Com efeito, as taxas de juro dos Bilhetes do Tesouro a 91, 182 e 364 dias aumentaram, em termos homólogos, em 0,80 p.p., 0,65 p.p. e 1,62 p.p. para os 4,44%, 5,02% e 7,03%, respectivamente. Relativamente às taxas de juro das Obrigações do Tesouro indexadas à taxa de câmbio, assistiu-se a uma redução das mesmas nas maturidades de 3, 4 e 5 anos em 0,32 p.p., 0,50 p.p. e 0,48 p.p. para os 7,25%, 7,50% e 7,77%, respectivamente, em termos homólogos e em fim de período. A taxa de juro das Obrigações do Tesouro na maturidade de 2 anos manteve-se estável nos 7,00%. Desenvolvimentos Monetários e Financeiros O II Trimestre de 2015 foi caracterizado por uma expansão monetária, a par de uma redução do financiamento para consumo e investimento do sector privado. Com efeito, a oferta de moeda em sentido mais lato, representada pelo agregado monetário M3, e o agregado monetário M2, cresceram ambos em termos homólogos cerca de 12%, respectivamente. Entretanto, realça-se uma melhoria da posição externa do país, reflectindo essencialmente o aumento dos activos externos líquidos (em 13,6%), em resultado do aumento tanto dos activos externos líquidos do BNA, em particular, das reservas internacionais líquidas no BNA (em 3,3%), como também dos activos externos líquidos dos Bancos Comerciais, numa estratégia de rentabilizarem a sua liquidez. O crescimento do crédito líquido ao Governo Central (em 185,2%) determinou o aumento do crédito interno líquido em 18,6% no II Trimestre de 2015, tendo o crédito a outros sectores residentes reduzido 1,4%. O crédito líquido ao Governo Central aumentou significativamente, explicado essencialmente pelo aumento do crédito concedido ao Governo Central (em 52,7%), não compensado pelo aumento em 14,3% que se regista nos depósitos do Governo Central no sistema bancário. O crédito a outros sectores residentes e, em particular, o crédito ao sector privado 30 (que representa 94,8% do total do crédito concedido), apresentou uma diminuição de 1,6% em termos homólogos, em resultado da evolução negativa que se registou no crédito às sociedades não financeiras (-4,3% em termos homólogos) e da forte desaceleração que se registou no ritmo de crescimento do crédito aos particulares, que passou de uma taxa de crescimento de 36,1% no II Trimestre do ano anterior para uma taxa de crescimento de 8,1% neste trimestre em análise. Tabela 4 - Principais Indicadores da Situação Monetária em 30 de Junho de 2015 (em t.v.h.) II Trim. 2014 III Trim. 2014 IV Trim. 2014 I Trim. 2015 II Trim. 2015 -17,3 -21,3 -0,6 -2,4 13,5 BNA -7,1 -18,4 -6,2 -8,0 5,2 Reservas Internacionais Líquidas -6,6 -19,9 -7,7 -9,5 3,1 Bancos Comerciais -123,7 -1113,1 889,7 1303,9 327,0 Activos Internos Líquidos 239,6 180,0 57,2 40,7 9,4 Crédito Interno Líquido 100,3 97,9 33,4 31,3 18,6 76,1 90,3 110,4 162,5 185,3 Crédito à Administração Central 36,4 41,3 38,9 44,1 52,8 Responsabilidades face à Administração Central -22,5 -21,3 -8,3 -4,7 14,3 16,4 17,8 0,7 0,0 -1,4 Outros activos e passivos (líquidos) -19,1 -25,5 -2,4 -17,5 -33,9 M3 16,0 15,2 16,2 11,7 11,9 M2 16,9 16,5 16,1 11,7 11,9 Base Monetária Ampla 28,4 3,5 13,5 9,4 -0,6 dq: Base Monetária Ampla em Moeda Nacional 17,4 4,1 17,7 7,9 13,5 Activos Externos Líquidos Crédito à Administração Central (líquido) Crédito a Outros Sectores Residentes Fonte: BNA De realçar que se tem verificado, desde o IV Trimestre de 2014, um aumento significativo do crédito líquido ao Governo Central passando de um crescimento de 110,4% naquele trimestre para 185,2% neste trimestre, em detrimento do crédito a outros sectores residentes, nomeadamente do sector privado, que tem reduzido ao longo deste mesmo período, passando de um crescimento marginal de apenas 0,7% para um crescimento negativo de 1,4%. Esse apoio foi necessário dentro da coordenação das Políticas Monetária e Fiscal, com vista a atenuar os efeitos da brusca queda do preço do petróleo. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 9 – Crédito ao Sector Privado e Distribuição por Sectores de Actividade Crédito ao Sector Privado (em t.v.h.) 50 40 % 30 20 10 00 -10 II Trim.2014 III Trim.2014 Credito às Sociedades não Financeiras IV Trim.2014 I Trim.2015 Crédito a Particulares II Trim.2015 Crédito ao Sector Privado Distribuição do Crédito Total por sector (% do Créd. Total) Outros Particulares Serviços sociais Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas Actividades Financeiras, Seguros e Fundos de Pensões Transportes, Armazenagem e Comunicações Alojamento e Restauração (Restaur. e Similares) Comércio por Grosso e a Retalho Construção II Trim.2015 Indústrias Transformadoras II Trim.2014 Indústria Extrativa II Trim.2013 Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura. 00 05 10 15 20 25 Fonte: BNA O crédito concedido ao sector privado teve como principal destino os particulares, que arrecadaram cerca de 20,0% (18,8% no trimestre homólogo de 2014) do total do crédito concedido à economia, e as empresas ligadas aos sectores do “Comércio a Grosso e a Retalho” com 18,9% (16,9% em 2014), de “Actividades Imobiliárias, de Aluguer e Serviços prestados às empresas” com 14,1% (10,8% em 2014), de “Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais” com 12,8% do total do crédito (21% em 2014), da “Construção” com 11,7% (10,2% em 2014) e de “Indústrias Transformadoras” com 8,7% (7,6% em 2014). Realça-se, em termos homólogos, um aumento quase generalizado do peso no total do crédito aos sectores, excepto do crédito concedido a “Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais”, aos “Transportes” e às “Actividades Financeiras e de Seguros” que apresentaram uma redução em termos de peso no total do crédito de cerca de 8,0 p.p., 1,4 p.p. e 1,1 p.p., respectivamente. Realça-se igualmente que, no II Trimestre de 2015, os financiamentos concedidos pelos bancos comerciais mantiveram-se concentrados nos sectores do comércio, serviços e construção, sendo que o sector industrial continua a apresentar um reduzido volume de crédito. Relativamente à Base Monetária restrita, esta aumentou 19,7% em termos homólogos, ao fixar-se nos Kz 1.583,6 mil milhões no II Trimestre de 2015 (Kz 1.322,9 mil milhões no trimestre homólogo do ano anterior), permitindo assim que ocorresse uma expansão monetária. Esta expansão monetária fez-se reflectir no aumento das notas e moedas em circulação (3,4%) e da reserva bancária (26,4%). 32 Os acréscimos que se registam tanto nos depósitos obrigatórios em MN (71,3%) como nos depósitos livres em MN (210,8%), justificam o aumento da reserva bancária em 26,4% em termos homólogos. Por outro lado, em virtude da redução das Outras Obrigações face às Outras Instituições Financeiras Monetárias (OIFM), a Base Monetária ampla evidencia uma redução ligeira de cerca de 0,6% em termos homólogos. Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.) II Trim. 2014 III Trim. 2014 IV Trim. 2014 I Trim. 2015 II Trim. 2015 M3 16,0 15,2 16,2 11,7 11,9 M2 16,9 16,5 16,1 11,7 11,9 M1 18,0 18,0 19,8 13,2 9,1 Notas e Moedas em poder do público 37,2 29,9 23,3 20,1 5,1 Depósitos Transferiveis - MN 63,3 33,9 29,6 26,8 22,0 Depósitos Transferiveis - ME -25,2 -8,4 1,6 -13,8 -14,3 Quase-Moeda 15,2 14,3 10,9 9,4 16,2 Outros Depósitos - MN 35,0 43,6 29,3 13,7 14,7 Outros Depósitos - ME -2,6 -11,4 -7,5 4,3 18,0 -82,6 -88,4 247,4 16,8 28,3 Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos Fonte: BNA O agregado monetário M2 totalizou Kz 5.235 mil milhões (Kz 4.676,1 mil milhões no trimestre homólogo do ano anterior), representando um aumento de 12%, em resultado da evolução tanto dos passivos monetários (9,2%) como dos passivos quase monetários (16,2%). O crescimento das notas e moedas em poder do público (5,1%) e dos depósitos transferíveis em MN (22%), explicam o comportamento dos passivos monetários (M1), enquanto o aumento dos outros depósitos em moeda nacional (14,8%) e em moeda estrangeira (em 18%) explica o comportamento dos passivos quase-monetários. Contudo, realça-se uma redução nos depósitos transferíveis em Moeda Estrangeira (ME) em cerca de 14,3% em termos homólogos. Painel 10 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME Depósitos Totais (t.v.h.) 140 16 120 15 100 % 60 13 40 12 20 11 00 -20 II Trim. 2014 III Trim. 2014 IV Trim. 2014 I Trim. 2015 Depósitos sector público excl. administração central Depósitos de OIFNM Depósitos do sector privado Depósitos Totais (ELD) II Trim. 2015 10 % 14 80 Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Créditos e Depósitos em ME 60 % dos Créd. e Dep. Totais 50 40 30 20 10 00 im. II Tr 3 201 rim. III T 3 201 rim. IV T 3 201 014 m. 2 I Tri Crédito em ME im. II Tr 4 201 rim. III T 4 201 rim. IV T 4 201 m. I Tri 5 201 im. II Tr 5 201 Depósitos em ME Fonte: BNA Em termos agregados, os depósitos no sistema bancário situaram-se nos Kz 4.945,1 mil milhões registando um crescimento de cerca de 12,4% no II Trimestre de 2015 em termos homólogos. Esta evolução deveu-se essencialmente ao aumento dos depósitos do sector privado em 15,2%, tendo os depósitos do sector público, excluindo a administração central, e os depósitos das outras Instituições Financeiras não Monetárias (IFNM) reduzido em cerca de 13,3% e 2,4%, respectivamente. Esta evolução deveu-se igualmente ao aumento que se verifica tanto nos depósitos à ordem (9,6%) como nos depósitos a prazo (16,2%). De realçar que, no II Trimestre de 2015, a tendência de desdolarização da economia continuou, com o crédito e os depósitos em moeda estrangeira a reduzirem em termos homólogos o seu peso no total do crédito e dos depósitos. O crédito em ME reduziu 1,5 p.p. representando 36,2% do total do crédito (contra os 37,6% no II Trimestre de 2014) e os depósitos em ME reduziram 3,8 p.p., representando 34,8% do total dos depósitos (quando no II Trimestre de 2014 representavam 38,6%). Contudo, em termos trimestrais, verifica-se uma inversão desta tendência, com o peso do crédito e dos depósitos em ME a aumentar no total do crédito e depósitos, em 0,9 p.p. e 3,8 p.p., respectivamente. Relativamente às condições de financiamento no sector bancário realça-se que, no II Trimestre de 2015, as taxas de juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em MN registaram um aumento em termos homólogos em todas as maturidades, à excepção da taxa de juro de 181 dias a 1 ano, enquanto as taxas de juro praticadas nas operações activas aos particulares em MN evidenciaram uma redução à excepção da taxa de juro de mais de 1 ano. As taxas de juro do crédito empresarial em MN oscilaram entre os 13,4% e os 18,5%, enquanto as taxas de juro do crédito aos particulares em MN oscilaram entre os 12,0% e os 14,1%. Em termos trimestrais, as taxas de juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em MN registaram uma redução em todas as maturidades, enquanto as taxas de juro praticadas nas operações activas aos particulares em MN evidenciaram uma redução à excepção da taxa de juro até 180 dias. 34 Painel 11 – Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.) Crédito Empresarial 20.00% 19.00% 18.00% 17.00% 16.00% 15.00% 14.00% 13.00% 12.00% 11.00% 10.00% 13 . 20 im II Tr 13 . 20 rim III T 13 . 20 rim IV T 14 . 20 im I Tr Ate 180 dias 14 . 20 im II Tr 14 . 20 rim III T De 181 dias a 1 ano 14 . 20 rim IV T im. I Tr 5 201 im. II Tr 5 201 Mais de 1 ano Crédito a Particulares 18.00% 17.00% 16.00% 15.00% 14.00% 13.00% 12.00% 11.00% 10.00% 13 . 20 im II Tr 13 . 20 rim III T 13 . 20 rim IV T Ate 180 dias 14 . 20 m I Tri 14 . 20 im II Tr 14 . 20 rim III T De 181 dias a 1 ano 14 . 20 rim IV T 15 . 20 m I Tri 15 . 20 im II Tr Mais de 1 ano Fonte: BNA As taxas de juro praticadas nas operações passivas em MN registaram reduções em quase todas as taxas em termos homólogos, à excepção da taxa de juro dos depósitos com maturidade superior a 1 ano. Por sua vez, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em ME, apresentaram decréscimos em todas as maturidades. As taxas de juro passivas em MN oscilaram entre os 3,3% e os 5,4% enquanto as taxas de juro passivas em ME oscilaram entre os 1,7% e os 2,6%. Em termos trimestrais, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em MN registaram reduções em quase todas as taxas, à excepção da taxa de juro dos depósitos com maturidade superior a 1 ano, enquanto as taxas de juro praticadas nas operações passivas em ME, apresentaram acréscimos em todas as maturidades. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 12 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.) Taxa de Juro dos DP em MN 6.50% 6.00% 5.50% 5.00% 4.50% 4.00% 3.50% 3.00% 2.50% 2.00% 14 . 20 m I Tri 14 . 20 im II Tr Ate 90 dias im. r III T 4 201 De 91 dias a 180 dias 14 . 20 rim IV T 015 m. 2 I Tri De 181 dias a 1 ano 015 m. 2 i II Tr Mais de 1 ano Taxa de Juro dos DP em ME 5.50% 5.00% 4.50% 4.00% 3.50% 3.00% 2.50% 2.00% 1.50% 1.00% 14 . 20 m I Tri Ate 90 dias Fonte: BNA 14 . 20 im II Tr 14 . 20 rim III T 91 a 180 dias 14 . 20 rim IV T De 181 dias a 1 ano 015 m. 2 I Tri 015 m. 2 i II Tr Mais de 1 ano 36 2.3. Actividade Económica Nacional 2.3.1. Indicadores da Actividade Económica Os dados relativos ao Indicador de Clima Económico (ICE) disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística sugerem que o clima económico em Angola registou uma degradação no I Trimestre de 20157, como reflexo das contracções registadas nos Indicadores de Confiança dos vários sectores da economia, à excepção do sector dos transportes. Consequentemente, o ICE voltou a situar-se abaixo da média da série. Painel 13 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.) .2 01 01 .2 IT rim Tri m IV III 5 4 4 Tri m .2 01 .2 II T rim ICE 01 4 4 IV III Tri m IT rim .2 .2 01 01 3 3 01 Tri m .2 01 .2 II T rim IT rim .2 01 3 3 Clima Económico Média IC Construção IC Comércio IC Transportes IC Turismo IC Extractiva Fonte: INE Nota: s.r.e. refere-se aos saldos de respostas extremas 01 .2 IT rim .2 Tri m IV IC Indústria Transf. 5 4 01 4 01 .2 III Tri m II T rim .2 01 4 4 01 .2 .2 Tri m IV .2 Tri m III IT rim 3 01 3 01 01 .2 II T rim IT rim .2 01 3 3 Indicadores de Confiança Todos os Indicadores de Confiança, à excepção do indicador de confiança do sector dos transportes, apresentaram um desempenho desfavorável relativamente ao trimestre anterior, com principal destaque para os sectores da Indústria Extractiva, da Construção e do Turismo. Os principais catalisadores da quebra de confiança nestes três sectores estão associados à deterioração das perspectivas de encomendas e da actividade futura no caso do sector da Construção, à falta de mão-de-obra especializada no sector da Indústria Extractiva e à degradação das perspectivas da actividade actual no sector do turismo. 7 À data da elaboração deste relatório, os dados mais recentes para o Indicador de Clima Económico dizem respeito ao I Trimestre de 2015. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 2.3.2. Produto Interno Bruto O Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) para o período de 2013-2017 elaborado pelo Executivo, no qual se revelam as projecções e as grandes linhas orientadoras das principais políticas a desenvolver nesse quadriénio, tem como meta para 2015 um crescimento global do PIB projectado em 8,8%, com o sector petrolífero a crescer 4,0%, com uma produção petrolífera anual de 2.007 milhões de barris/dia e o não petrolífero a crescer 11,2%. Entretanto, e após a observação dos dados relativos ao II Trimestre do ano, foram levados a cabo alguns reajustamentos a nível das projecções apresentadas. Desta forma, as últimas revisões efectuadas às projecções para 2015 pelo Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial dão conta de um crescimento real de 4,9% do PIB, sendo que este acomoda um crescimento real de 7,8% do sector petrolífero e de 3,6% do sector não petrolífero. Estas projecções tiveram como pressupostos uma taxa de câmbio média de 118,1 Kz/USD, com um preço médio do barril do petróleo de USD 53,00 (45,30% abaixo do preço médio apurado no ano anterior) e a taxa de inflação homóloga posicionada nos 10,5% no final do ano de 2015 (3 p.p. acima do nível de 2014). Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %) Sectores de Actividade Agricultura 2011 2012 2013 2014 2015 9,2 -22,5 41,7 11,9 2,5 Pescas e derivados 17,2 9,7 2,4 19,1 2,0 Diamantes e outros -0,7 0,3 3,3 1,0 3,2 Petróleo -5,6 4,3 -0,9 -2,6 7,8 Indústria Transformadora 13,0 14,0 8,6 8,1 3,5 Construção 12,0 11,7 8,1 8,0 5,5 Energia 3,5 10,4 34,4 17,3 12,0 Serviços mercantis 9,5 13,4 7,0 8,0 3,2 Outros 9,6 8,3 0,7 6,0 4,5 PIB a preços de mercado 3,9 5,2 6,8 4,8 4,9 PIB Petrolífero -5,6 4,3 -0,9 -2,6 7,8 PIB Não Petrolífero 9,7 5,6 10,9 8,2 3,6 Fonte: MPDT Relativamente ao sector petrolífero, os dados disponibilizados pela Concessionária Nacional fazem referência a uma produção média diária de cerca de 1.802 milhões de barris/dia para 2015, o que representa um aumento da produção de 7,79% face a 2014, não obstante a queda dos preços do petróleo. No entanto, esta produção fica 11,38% abaixo da produção prevista no PND para 2015. O sector não petrolífero, por sua vez, apresenta uma desaceleração no ritmo de crescimento passando de uma taxa de crescimento real de 8,2% em 2014 para uma taxa de crescimento de 3,6%, tendo por base as desacelerações que se registam no crescimento de todos os sectores de actividade, à excepção do sector dos Diamantes. Os sectores das Pescas e Derivados e da Agricultura apresentam as maiores desacelerações no ritmo de crescimento, em -9,4 p.p. e -17,1 p.p., respectivamente. Na base da desaceleração do sector das Pescas e Derivados, em 2015, está o pico inesperado verificado em 2014, bem como a dificuldade na importação de ração e na materialização das actividades de desenvolvimento deste sector devido à limitação de recursos financeiros. A suportar as projecções mais conservadoras para o sector da Agricultura estão as reavaliações da produção esperada nos diferentes projectos e empreendimentos em curso. No entanto, o ligeiro crescimento que se espera de 2,5% justifica-se pelo aumento da produção decorrente de novos projectos agrícolas privados que iniciaram a sua actividade na primeira época desta campanha agrícola, pela expansão das áreas cultivadas em fazendas já existentes e pela introdução de novas tecnologias em algumas áreas de cultivo. 38 Quanto ao sector da Indústria Transformadora, a desaceleração da taxa de crescimento em 2015 está associada à previsível redução das importações de matéria primas, maquinarias e outras. Também como consequência deste facto está a revisão em baixa para o Sector da Construção, uma vez que o Orçamento Rectificativo aprovado para 2015 veio reacomodar negativamente os valores afectos aos Programas de Investimentos Públicos, conducente com a necessidade de ajustar as despesas à queda expectável das receitas para este ano, decorrente do cenário de fraca arrecadação de receitas públicas. Para o sector dos serviços mercantis, a redução das importações já referida, a contracção dos grandes investimentos das cadeias comerciais e de distribuição e, consequentemente, o possível enfraquecimento da cadeia de distribuição, poderão também contribuir para um abrandamento do crescimento deste sector. Painel 14 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade Taxa de Crescimento Real do PIB (em %) 4.3 7.8 6.8 5.2 4.8 4.9 -2.6 2014 2015 3.9 -0.9 -5.6 2011 2012 2013 PIB não petrolífero PIB petrolífero PIB pm Contributo dos Sectores para o Crescimento do PIB (em p.p.) 0.7 0.1 1.8 0.8 3.2 0.5 0.8 2.1 2.1 0.7 1.1 1.1 1.0 0.9 0.7 1.5 1.0 1.3 -0.3 -0.8 -2.5 2012 2013 Agricultura Pescas e derivados Diamantes e outros Petróleo Construção Energia Serviços mercantis Outros -2.1 2011 0.8 3.5 2014 0.4 0.9 0.6 0.3 2.3 0.3 2015 Indústria transformadora Fonte: MPDT Em termos de contributos dos sectores para o crescimento do PIB global, e contrariamente ao que se verificou no ano de 2014, verifica-se que o sector da agricultura deixa de ser o que mais contribui para o crescimento real do produto (esperando-se que contribua com apenas 0,3 p.p.), para ser o sector do petróleo a tomar esse lugar com uma contribuição de 2,3 p.p. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Comparando o ano de 2015 com o ano de 2009, ambos afectados pela queda dos preços internacionais do petróleo cabe salientar que, mesmo com o preço de 53 USD/Bbl previsto para 2015 (contra os 60 USD/Bbl em 2009), a situação projectada continua a ser mais confortável que a experiência anterior, considerando que em 2009 a taxa de crescimento global do PIB foi de 2,4% (contra os 4,9% em 2015), tendo o PIB petrolífero contraído 5,1% e o PIB não petrolífero crescido 8,3%. Para esta tímida taxa de crescimento contribuiu o facto de o peso do sector petrolífero na altura ser muito superior ao peso que apresenta neste momento, o que de alguma forma permite atenuar os efeitos da queda do preço do petróleo sobre a economia em geral, não obstante em termos fiscais as receitas deste sector terem ainda um peso bastante significativo. 3. Inflação No II Trimestre de 2015 o Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Luanda registou uma taxa de variação de 3,35%, acelerando 1,22 p.p. relativamente ao trimestre anterior e em 1,64 p.p. relativamente ao trimestre homólogo. A inflação trimestral apresenta uma tendência crescente a partir do II Trimestre de 2014, altura em que a economia começou a ressentir-se da instabilidade provocada pela diminuição do preço do crude nos mercados internacionais, mostrando os danos e efeitos no mercado de bens e serviços. O aumento registado na variação trimestral dos preços deveu-se à maior variação dos preços da categoria de Serviços (+1,59 p.p.) e de Bens (+1,08 p.p.), particularmente, dos bens alimentares não processados e bens alimentares processados (+1,19 p.p. e +0,90 p.p., respectivamente). Os preços da subcategoria de Outros Bens registaram, pelo contrário, uma redução na variação de preços de cerca de 1,36 p.p.. Painel 15 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %) IPC - Variação Trimestral (em %) 3.50 3.30 3.10 2.90 2.70 2.50 2.30 2.10 1.90 1.70 1.50 IV Trim. 13 I Trim. 14 II Trim. 14 IIITrim. 14 IV Trim. 14 I Trim. 15 II Trim. 15 40 IPC (Taxas de Variação, em %) 10.00 1.50 9.00 1.30 8.00 7.00 1.10 6.00 5.00 0.90 4.00 0.70 3.00 2.00 0.50 Inflação Homóloga Variação média dos últimos 12 meses Jun-15 0.30 Mar-15 Dec-14 Sep-14 Jun-14 Mar-14 Dec-13 Sep-13 Jun-13 0.00 Mar-13 1.00 Inflação Mensal Fonte: INE A taxa de variação homóloga do IPC registou um acréscimo de 2,72 p.p. fixando-se nos 9,61% (contra 6,89% em Junho de 2014), mantendo a tendência crescente que vem apresentando nos últimos trimestres. O perfil ascendente dos preços no II Trimestre de 2015 em termos homólogos deveu-se ao aumento verificado nos preços tanto da categoria de Bens com uma variação de 10,21% (+2,50 p.p.) como da categoria de Serviços com uma variação de 8,05% (+3,20p.p.). Destaca-se na categoria de bens, o aumento dos preços em todas as suas subcategorias, em particular nas subcategorias de Bens Alimentares Processados e Não Processados com uma variação de 1,29 p.p. e 3,43 p.p., respectivamente, e de Outros Bens com uma variação de 3,43 p.p.. Em termos médios dos últimos doze meses realça-se que, não obstante a taxa de variação média do IPC registar uma inversão da sua tendência descendente nos dois últimos trimestres, ainda apresentou no II Trimestre de 2015 uma ligeira diminuição de 0,11 p.p., situando-se nos 7,78% (7,89% em Junho de 2014). Esta redução ligeira dos preços em termos médios anuais deveu-se essencialmente ao abrandamento que se registou na variação dos preços dos bens alimentares, quer processados quer não processados. Com efeito, os preços dos bens alimentares registaram em Junho de 2015 uma variação de -2,03 p.p., fixando-se nos 6,74% (8,77% em Junho de 2014). Os Outros Bens e os Serviços, pelo contrário, registaram acelerações de 2,15 p.p. e de 0,65 p.p. para os 11,50% (9,35% em Junho de 2014) e 5,85% (5,20% em Junho de 2014), respectivamente. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 16 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v.média) IPC de Bens e Serviços 14.00 12.00 10.00 8.00 6.00 4.00 Ju ar M De n/ /1 15 5 14 c/ 14 p/ Se n/ Ju ar M De Se 14 4 /1 13 c/ 13 p/ 13 n/ Ju M De ar c/ /1 12 3 2.00 Taxa Variação Homóloga IPC Aliment. Não Processados IPC Aliment. Processados IPC Outros Bens IPC Serviços IPC Bens IPC Aliment. Variação Média do IPC de Bens e Serviços 12.00 10.00 8.00 6.00 Bens Serviços Bens Alimentares Bens Alimentares Não Processados Bens Alimentares Processados Fonte: INE Jun-15 May-15 Apr-15 Mar-15 Feb-15 Jan-15 Dec-14 Nov-14 Oct-14 Sep-14 Aug-14 Jul-14 Jun-14 May-14 Apr-14 Mar-14 T.v.média IPC Outros Bens Feb-14 Jan-14 Nov-13 2.00 Dec-13 4.00 42 Fazendo uma análise por Classes, em termos homólogos, realçam-se sobretudo os acréscimos na variação dos preços das classes Transportes (Classe 07) com 5,20 p.p., de Habitação, Electricidade, Água, Gás e Combustíveis (Classe 04) com 5,29 p.p. e Educação (Classe 10) com 5,20 p.p.. A única classe a registar uma desaceleração (-0,84 p.p.) foi a classe Lazer, Recreação e Cultura (Classe 09). Em termos de contribuição, as classes que mais contribuíram para a variação homóloga positiva do IPC foram as classes Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas (Classe 01) com 3,89 p.p., Bens e Serviços Diversos (Classe 12) com 1,05 p.p., Vestuário e Calçado (Classe 03) com 0,97 p.p., Mobiliário, Equipamentos Domésticos e Manutenção (Classe 05) com 0,90 p.p., Habitação, Água, Electricidade, Gás e Combustíveis (Classe 04) com 0,86 p.p. e Transportes (Classe 07) com 0,64 p.p.. Gráfico 5 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.) 12.00 10.00 8.00 6.00 4.00 Classe 01 Classe 02 Classe 03 Classe 04 Classe 05 Classe 06 Classe 07 Classe 08 Classe 09 Classe 10 Classe 11 Classe 12 Jun-15 Apr-15 May-15 Feb-15 Mar-15 Jan-15 Dec-14 Oct-14 Nov-14 Sep-14 Jul-14 Aug-14 Jun-14 May-14 Apr-14 Feb-14 Mar-14 Jan-14 Dec-13 Nov-13 Oct-13 Sep-13 Aug-13 Jul-13 Jun-13 Apr-13 May-13 Mar-13 Jan-13 - Feb-13 2.00 Fonte: INE/BNA Relativamente ao Índice de Preços no Grossista (IPG) de Luanda, este registou em termos trimestrais uma variação de 4,46%, o que corresponde a um acréscimo de 3,22 p.p. relativamente ao trimestre homólogo do ano de 2014 (1,24%) e de 2,75 p.p. relativamente ao trimestre anterior (1,71%). Esta aceleração do IPG trimestral face ao período homólogo e ao período anterior é suportado pelo aumento registado na variação dos preços tanto dos produtos importados como dos produtos nacionais. O sector da indústria transformadora é o que mais se destaca, com variações em relação ao trimestre homólogo de 26,74% e 8,06% nos produtos nacionais e produtos importados, respectivamente. De referir que esta ocorrência pode estar associada à redução dos investimentos naquele sector, estando esta variável entre as mais propensas à volatilidade em períodos de crise. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 17 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %) IPG - Variação Trimestral (em %) 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 IV Trim. 13 I Trim. 14 II Trim. 14 IIITrim. 14 IV Trim. 14 I Trim. 15 II Trim. 15 IPG (Taxas de Variação, em %) 9.00 2.50 8.00 2.00 7.00 6.00 1.50 5.00 4.00 1.00 3.00 2.00 0.50 1.00 0.00 Variação Mensal Taxa média da variação dos últimos 12 meses 15 Ju n/ 5 /1 ar M 14 c/ De 14 p/ Se 4 /1 Ju n 4 /1 ar M 13 c/ De 13 p/ Se 13 n/ Ju 3 /1 ar M De c/ 12 0.00 Variação Homóloga Fonte: INE Fazendo uma análise do IPG ao longo dos últimos 12 meses, assistiu-se a uma tendência de desaceleração das taxas em termos médios até Abril de 2015. No entanto, nos últimos 2 meses assiste-se a uma inversão desta tendência, impulsionada pelo aumento dos preços tanto dos produtos nacionais, com especial destaque para os produtos da Indústria Transformadora (com uma variação homóloga de 17,04%), como dos produtos importados com uma variação homóloga de 7,39%. A nível das Províncias, no II Trimestre de 2015, a província de Luanda foi a que registou a maior variação de preços (3,35%), seguida da província de Lunda Sul (3,00%) e do Bengo (2,81%). A província de Cabinda foi a que registou a menor variação de preços (1,25%). Na Província de Luanda, à semelhança do trimestre anterior, o acréscimo dos preços no II Trimestre de 2015 é justificado sobretudo pelas classes Bens e Serviços diversos (3,73%), assim como pelas classes Saúde, Mobiliário e Equipamento doméstico e Manutenção com variações acima dos 3%. Nas províncias da Lunda Sul e Bengo, a evolução registada foi principalmente resultado da variação dos preços verificada na classe Transportes em 10,54% e 5,32%, respectivamente. 44 Gráfico 6 - Variação de Preços por Província 4.00% 3.50% 3.00% 2.50% 2.00% 1.50% 1.00% Variação Trimestral por Província Cabinda Benguela Cuanza Norte Moxico Uíge Cunene Lunda Norte Zaire Namibe Huíla Huambo Cuando Cubango Cuanza Sul Bié Malanje Lunda Sul Bengo 0.00% Luanda 0.50% Variação Trimestral Nacional Fonte: INE Para concluir esta análise importa referir que o IPC em termos homólogos continua a registar uma tendência ascendente em decorrência dos efeitos do choque da queda do barril de petróleo na nossa economia. Em termos médios anuais, o IPC inverteu a sua tendência descendente nos últimos dois trimestres pelos mesmos factores apontados. 4. Previsão da Inflação para os Próximos Três Meses Como já se referiu, a inflação nos últimos dois trimestres tem apresentado uma tendência de forte aceleração, desafiando a prossecução do objectivo do BNA de garantir a estabilidade dos preços na economia8. Diversos factores influenciaram a taxa de inflação, tendo-se recorrido a um exercício que pretende demonstrar, caso a caso, os níveis de correlação que cada um dos factores apresenta perante a evolução da inflação. Um dos principais factores que influencia a taxa de inflação é a estabilidade cambial. Embora a posição das reservas internacionais não seja preocupante neste momento (em Junho, o Rácio de cobertura das importações de bens e serviços corresponde a 6,5 meses de importações), a necessidade de proteger a posição externa do país, dada a diminuição das receitas das exportações do petróleo e consequentemente da entrada de divisas, levou à depreciação da moeda nacional em 20,35% nos últimos 12 meses. Entretanto, a desvalorização por parte do BNA foi necessária para reequilibrar o mercado. A taxa de câmbio oficial média apresenta uma correlação forte e positiva de certa forma elevada, perante a inflação homóloga com um desfasamento de 2 períodos, concluindo-se que a taxa de câmbio oficial é um factor fulcral e incontornável da evolução do nível geral dos preços internos. Adicionalmente, os preços do petróleo também apresentam uma correlação forte e negativa com a inflação homóloga, nomeadamente de -0,8041. Ou seja, a queda dos preços do petróleo pressiona para baixo as exportações petrolíferas, que são a principal fonte de divisas; por seu lado, a menor acumulação de divisas limita a sua disponibilização ao mercado como forma de proteger a posição externa do país. Este facto leva a que a oferta de divisas seja menor comparativamente com a procura, o que faz com que haja a necessidade de desvalorizar a moeda. Assim, a aquisição de divisas fica mais encarecida, o que se de certa forma se reflecte na inflação por via do aumento dos custos das importações. 8 Para 2015, a meta para a inflação foi fixada nos 9%. Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Painel 18 - Inflação e Indicadores seleccionados (t.v.h., em %) IPC e M2 40.00% 10.00% 35.00% 9.50% 30.00% 9.00% 25.00% 8.50% 20.00% 8.00% 15.00% 7.50% 10.00% 7.00% M2, t-12 (t.v.h.) Linear (M2, t-12 (t.v.h.)) Jun-15 Apr-15 May-15 Feb-15 Mar-15 Dec-14 6.50% 6.00% Jan-15 Oct-14 Sep-14 Jul-14 Aug-14 Jun-14 May-14 Apr-14 Feb-14 IPC (t.v.h., ELD) Mar-14 Jan-14 Dec-13 Oct-13 Nov-13 Sep-13 Jul-13 Aug-13 Jun-13 Apr-13 May-13 Mar-13 Feb-13 Jan-13 0.00% Nov-14 corr=0,7726 5.00% Linear (IPC (t.v.h., ELD)) IPC e IPG - PI 8.00% 10.00% 7.00% 9.50% 6.00% 9.00% 5.00% 8.50% 4.00% 8.00% 3.00% 7.50% 2.00% corr=0,7883 IPG-PI, t-1 (t.v.h.) IPC (t.v.h., ELD) 7.00% Linear (IPG-PI, t-1 (t.v.h.)) Jun-15 May-15 Apr-15 Mar-15 Feb-15 6.50% Jan-15 Dec-14 Nov-14 Oct-14 Sep-14 Aug-14 Jul-14 Jun-14 May-14 Apr-14 Mar-14 Feb-14 0.00% Jan-14 1.00% Linear (IPC (t.v.h., ELD)) 46 IPC e TXCm 14.00% 10.00% 12.00% 9.50% 10.00% 9.00% 8.00% 8.50% 6.00% 8.00% 4.00% 7.50% corr=0,9243 2.00% 7.00% 6.50% Linear (TXCm, t-2 (t.v.h.)) n15 -1 5 Ju ay r-1 5 M Ap ar15 M b15 Fe 4 Ja n15 4 De c-1 v-1 t-1 4 IPC (t.v.h., ELD) No Oc p14 Se 4 g14 l-1 TXCm, t-2 (t.v.h.) Au Ju n14 -1 4 Ju ay r-1 4 M Ap ar14 b14 M Fe Ja -2.00% n14 0.00% Linear (IPC (t.v.h., ELD)) IPC e Preço do Pretóleo 20.00% 6.00% 10.00% Jun-15 May-15 Apr-15 Mar-15 Feb-15 Jan-15 Dec-14 Nov-14 Oct-14 Sep-14 Aug-14 Jul-14 Jun-14 May-14 Apr-14 Mar-14 Feb-14 Jan-14 9.50% 0.00% -20.00% 9.00% 8.50% 8.00% -40.00% 7.50% 7.00% -60.00% corr=-0,8041 -80.00% 6.50% 6.00% Petróleo, t-3 (t.v.h.) IPC (t.v.h., ELD) Linear (Petróleo, t-3 (t.v.h.)) Linear (IPC (t.v.h., ELD)) Fonte: INE Nota: A simplicidade do exercício demonstra apenas a correlação entre as variáveis, o que não implica necessariamente a existência de causalidade latente entre as mesmas. A título de exemplo, podem-se referir as dificuldades na importação de matérias-primas indispensáveis ao bom funcionamento da indústria transformadora, na manutenção dos stocks de mercadorias, bem como o atraso dos pagamentos aos fornecedores, decorrentes da desaceleração da economia e por conseguinte de alguns constrangimentos que surgiram, pressionaram o nível geral de preços internos (primeiro a nível do Grossista, que depois se transmite naturalmente ao Consumidor). Este facto é perceptível dada a correlação forte existente entre a inflação homóloga e o Índice de Preços no Grossista (Produtos Importados), que foi apurada em 0,7883. Do lado monetário, o aumento verificado no agregado monetário M2 pode também criar condições para a existência de pressões no sentido da aceleração dos preços, sendo que foi identificado entre estes um coeficiente de correlação de 0,7726 no período em análise, evidenciando a relação próxima que estas duas variáveis assumem. Dando-se o caso de os agregados monetários expandirem a ritmos mais acelerados do que o próprio crescimento económico, esta situação pode conduzir a um aumento do nível geral de preços. Tendo em conta estes factores e outros considerados relevantes para se explicar a inflação em Angola, apresentam-se de seguida as previsões da inflação efectuadas com recurso aos modelos de previsão de curto/médio prazo em uso no BNA. As projecções são mensais e têm um horizonte de até três meses. São efectuadas com base nas seguintes Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 abordagens: (1) Método de Holt-Winters; (2) Modelo Auto-regressivo e de Médias Móveis (ARMA); (3) Modelo Vectorial Autoregressivo (VAR); (4) Modelo de Correcção do Erro (VEC) e, (5) Combinação dos Modelos de Previsão. A previsão da inflação leva em conta os resultados de todos os modelos, complementado com algum julgamento. A projecção da inflação com recurso a estas abordagens, de entre vários factores explicativos da inflação, considerou os seguintes como os mais significativos nos modelos: o agregado monetário M2, a taxa de câmbio oficial, a taxa de juro activa a 180 dias, o Índice de Preços no Produtor dos principais países de origem das importações de Angola (ou, em alternativa, a taxa de variação do índice de preços no produtor deduzida da taxa de variação do preço do petróleo, principal produto de exportação do País, o que representa o termo de troca) e a evolução passada da própria inflação. Tendo por base estas variáveis, perspectiva-se que a taxa de variação homóloga da inflação acelere nos próximos três meses do ano, situando-se em Setembro deste ano num intervalo entre 10,76% e 12,13% (com o cenário central nos 11,45%). A nível trimestral prevê-se igualmente um aumento da inflação, com a taxa a situar-se num intervalo entre 2,93% e 4,20% (com o cenário central nos 3,56%). Painel 19 - Taxas de Inflação Trimestral e Homóloga para os próximos Três meses Inflação Trimestral 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 2 3 .1 .1 rim VT rim IT I 3 .1 rim II T 3 I 3 .1 .1 rim II T rim VT I 4 .1 rim IT 4 .1 rim II T Inflação prevista (cenário central) 4 4 .1 .1 m Tri III rim VT I 5 .1 rim IT Limite inferior 5 .1 rim II T 5 .1 rim II T I Limite superior Inflação Homóloga 13.00 12.00 11.00 10.00 9.00 8.00 7.00 Inflação prevista (cenário central) Limite inferior 15 p/ Se 15 n/ Ju M ar/ 15 4 c/1 De /1 4 Se p 14 n/ Ju 14 M ar/ 3 c/1 De /1 3 Se p n/ 13 Ju ar/ M De c/1 2 13 6.00 Limite superior Fonte: INE, BNA A tendência crescente da inflação prevista para os próximos três meses poderia ter sido mais alta se as medidas a nível da Política Monetária e Cambial não fossem tomadas atempadamente, como resposta aos contrangfimentos causados pela queda do preço do crude. 48 Anexo Estatístico Anexo 1 – Contas Externas Saldo da Conta de Bens (Exportações vs. Importações) Var. Trimestral Var. Acumulada Var. 12 Meses 5.280,17 5.207,56 5.282,89 15.770,62 4.996,89 5.536,78 5.573,39 16.107,06 … … … 2.436,53 1.925,40 2.326,22 6.688,15 2.130,26 2.305,90 2.467,40 6.903,56 … … … 2.843,64 3.282,16 2.956,67 9.082,47 2.866,63 3.230,88 3.105,99 9.203,50 … … … Unidades: em USD milhões Importações Exportações Importações Exportações Conta de Bens 2015 Conta de Bens 2014 Jan Fev Mar I Trim Abr Mai Jun II Trim 2.725,05 2.755,59 2.754,67 8.235,31 3.224,69 3.347,67 3.342,30 9.914,66 20,39% -15,30% -38,45% 2.237,70 2.859,96 1.959,18 7.056,84 1.490,61 1.564,85 1.652,92 4.708,39 -33,28% -34,60% -31,80% 487,35 -104,37 795,49 1.178,47 1.734,08 1.782,82 1.689,38 5.206,27 341,78% 15,54% -43,43% Fonte: DES/BNA Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Peso das importações angolanas por países de origem Países Portugal Bélgica China EUA Brasil África do Sul Emirados Árabes Unidos I Trim 2013 18,94% 6,11% 14,33% 5,34% 5,83% 3,92% 4,28% II Trim 2013 16,15% 5,67% 10,79% 4,49% 4,65% 4,43% 3,39% III Trim 2013 18,46% 5,60% 11,04% 5,50% 4,87% 4,52% 4,99% IV Trim 2013 18,25% 5,96% 11,04% 4,51% 4,57% 3,87% 4,32% I Trim 2014 16,11% 6,26% 11,51% 5,58% 4,15% 3,79% 5,91% II Trim 2014 13,90% 6,88% 11,02% 9,09% 3,64% 3,26% 5,40% III Trim 2014 14,43% 5,11% 11,41% 6,67% 4,39% 3,17% 5,44% IV Trim 2014 16,84% 6,01% 14,66% 5,86% 5,30% 4,08% 5,53% I Trim 2015 9,30% 4,00% 14,31% 3,49% 2,89% 2,42% 2,90% II Trim 2015 13,90% 6,53% 11,40% 6,63% 3,03% 4,01% 2,25% Fonte: DES/BNA Principais Rúbricas dos Activos Externos Abril 2015 Junho 2015 Var. II Trim 2015 Reservas Brutas 25.994,00 25.951,00 25.212,00 -2,94% Reservas Internacionais Líquidas 25.606,00 25.602,00 24.915,00 -2,59% Ouro 76.747,00 77.851,00 84.356,00 11,31% Haveres em DSE 35.455,00 35.244,00 39.226,00 14,15% 17,00 9,00 25,00 47,06% 1.319.948,00 1.345.037,00 1.427.304,00 8,61% 998.243,00 991.526,00 1.052.744,00 7,86% 0,00 0,00 0,00 0,00% Acções e outras participações 410.499,00 412.348,00 456.123,00 12,64% 2. Outros activos externos (3) 139.374,00 142.080,00 156.823,00 12,73% B. Passivos externos 84.402,00 80.365,00 82.717,00 -1,45% 1. Relacionado com reservas 42.357,00 38.417,00 36.039,00 -16,55% 2. Outros 42.045,00 41.948,00 46.678,00 14,54% Moeda Estrangeira (3) Depósitos (3) Títulos Posição De Reserva no FMI Maio 2015 Fonte: DES/BNA 50 Comportamento da taxa de câmbio nos Mercados Primário, Secundário, Informal e Casas de Câmbio II Trim 2014 I Trim 2015 Jan/15 Feb/15 II Trim 2015 Mar/15 Abr/15 Mai/15 Variações Jun/15 Trim. Acum. 12 Meses Abr/14 Mai/14 Jun/14 Compra 97,392 97,416 97,336 103,652 105,747 107,455 108,749 109,739 120,757 12,380% 17,484% 24,062% Venda 97,879 97,903 97,823 104,689 106,804 108,529 109,837 110,836 121,965 12,380% 18,482% 24,679% Média 97,635 97,660 97,580 104,171 106,276 107,992 109,293 110,287 121,361 12,380% 17,983% 24,371% 98,512 99,621 98,605 104,358 105,762 106,775 109,065 110,156 121,720 13,996% 18,563% 23,443% Mercado Primário (Taxa Referência) Bancos (Divisas) Compra 100,501 100,461 100,493 107,243 109,424 111,215 112,954 113,982 125,385 12,741% 19,652% 24,770% Venda Média 99,507 100,041 99,549 105,800 107,593 108,995 111,010 112,069 123,552 13,355% 19,113% 24,112% 96,963 97,740 103,666 106,062 107,487 108,716 109,935 127,499 18,618% 22,079% 30,447% Bancos (Notas) Compra 97,047 100,877 101,527 101,534 108,672 110,995 112,532 115,420 116,982 129,204 14,815% 20,515% 27,252% Venda 98,920 Média 99,287 99,637 106,169 108,529 110,010 112,068 113,458 128,351 16,673% 21,286% 28,819% Mercado Informal (Notas) Compra 105,667 112,833 113,667 135,833 133,333 149,167 163,333 180,000 171,667 15,084% 44,460% 51,027% Venda 112,833 122,167 120,000 147,500 146,667 161,667 179,167 191,667 186,667 15,464% 45,078% 55,556% Média 109,250 117,500 116,833 141,667 140,000 155,417 171,250 185,833 179,167 15,282% 44,781% 53,353% Casas de Câmbio Compra 102,300 103,450 106,150 118,500 122,500 127,750 131,875 133,500 134,238 5,079% 19,217% 26,461% Venda 106,660 109,340 114,310 131,313 149,125 145,250 150,000 151,625 154,863 6,618% 25,700% 35,476% Média 104,480 106,395 110,230 124,906 135,813 136,500 140,938 142,563 144,550 5,897% 22,604% 31,135% Fonte: BNA/ DMA/ DSI/ DES Relatório de Inflação • II Trimestre de 2015 Comportamento da taxa de câmbio do Euro e Rand no Mercado Primário (Taxas de Referência) II Trim 2014 Taxas Médias II Trim 2015 Variações Abr/14 Mai/14 Jun/14 Jan/15 Feb/15 Mar/15 Abr/15 Mai/15 Jun/15 Trim. Acum. KZ/EUR I Trim 2015 12 Meses 134,947 132,973 132,986 118,212 119,370 116,880 121,294 121,225 135,330 15,79% 8,10% 1,76% Compra 134,615 132,651 132,659 117,640 118,781 116,309 120,701 120,627 134,680 15,80% 7,65% 1,52% Venda 135,278 133,295 133,313 118,785 119,958 117,450 121,886 121,822 135,979 15,78% 8,54% 2,00% KZ/RAND 9,227 9,352 9,193 9,013 9,145 8,894 9,265 9,091 9,880 11,09%11,32% 7,47% Compra 9,202 9,327 9,167 8,966 9,096 8,848 9,215 9,049 9,833 11,13%10,90% 7,26% Venda 9,253 9,378 9,220 9,060 9,194 8,940 9,315 9,132 9,927 11,04%11,74% 7,67% Fonte: DES/BNA Anexo 2 – Contas Monetárias Correspondência entre algumas rubricas das Contas Monetárias (antes e depois do novo formato)9 Nomenclatura Antiga Nova Nomenclatura Crédito à Economia Crédito a Outros Sectores Residentes Crédito ao Sector Privado Crédito a Outros Residentes Crédito Líquido ao Governo Central Crédito à Administração Central (líquido) Crédito Concedido ao Governo Central Crédito à Administração Central Depósitos do Governo Central Depósitos da Administração Central Outros Activos Líquidos Outros Activos e Passivos (líquido) Depósitos à Ordem Depósitos Transferíveis Depósitos a Prazo Outros Depósitos Outros Instrumentos Financeiros Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos 9 Por forma a prestar ao leitor todas as ferramentas para garantir uma correcta compreensão e acompanhamento das rubricas monetárias em análise no presente relatório (face às edições anteriores do Relatório de Inflação), os autores apresentam, em formato de tabela, as correspondências entre as nomenclaturas usadas até então e as que serão usadas daqui em diante. Av. 4 de Fevereiro, nº 151 - Luanda, Angola Caixa Postal 1243 Tel: (+244) 222 679 200 Fax: (+244) 222 339 125 www.bna.ao