Diário de Pernambuco - PE 24/06/2016 - 08:05 Dez mortes suspeitas por arboviroses Ainda segundo a Secretaria Estadual de Saúde, dos 366 casos confirmados de microcefalia, 165 tiveram resultado laboratorial positivo para zika Pernambuco registrou mais dez mortes suspeitas de terem como motivo dengue, zika ou chikungunya, na última semana. Até o dia 18 de junho, o total de óbitos investigados chegou a 261. Os dados são do boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) na última quarta-feira. Foram confirmadas 22 mortes por chikungunya e seis por dengue. O estado registra 18.539 casos confirmados de dengue este ano, 8.623 de chikungunya e 23 de zika. A maior incidência de dengue é em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, seguido por Brejo da Madre de Deus (Agreste), Itapetim e Ingazeira (Sertão), Jaqueira (Zona da Mata Sul) e Moreno, também na RMR. A Secretaria Estadual de Saúde também divulgou os números de microcefalia do estado, coletados no período compreendido entre 1º de agosto de 2015 a 18 de junho de 2016. De acordo com a pasta, dos 366 casos confirmados da síndrome, 165 tiveram resultado laboratorial positivo para zika. Outros 126 deram negativos e quatro foram inconclusivos, totalizando 295 bebês que podem ter sido acometidos pela má formação por outros motivos que não o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Os dados do boletim da SES tomam como base exames realizados pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães/Fiocruz e Instituto Evandro Chagas. Ao todo, no mesmo período, foram notificados 2.008 casos no estado, com 44% deles (884 casos) atendendo aos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS) para microcefalia (perímetro cefálico menor ou igual a 31,9 cm em meninos, e menor ou igual a 31,5 cm em meninas). Do total, 1.165 casos foram descartados. Também no período estudado, 73 bebês com microcefalia morreram, sendo 37 natimortos, 35 neomortos (óbito logo após o nascimento) e um por tempo ignorado. De acordo com SES, nenhum dos casos teve microcefalia como causa básica da morte. De 2 de dezembro de 2015 até 18 de junho de 2016, um total de 4.360 gestantes foram diagnosticadas com exantema, manchas vermelhas pelo corpo. Vinte e sete delas tiveram confirmação de microcefalia intra-útero. Pernambuco continua sendo o estado com mais notificações de microcefalia do Brasil. Em segundo está a Bahia, que registrou 1.154 casos notificados até a última quarta-feira, quando Ministério da Saúde também divulgou o boletim nacional. Os dados divulgados são referentes ao período até o dia 18 de junho. O relatório é feito com as informações das secretarias estaduais. De outubro de 2015 até maio deste ano, a Secretaria da Saúde da Bahia registrou 32 mortes por microcefalia. Combate Para não recuar na luta contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, vírus causador da microcefalia, os Agentes de Saúde Ambiental e Controle de Endemias (Asaces) da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife vão atuar em regime de plantão durante o feriado de São João. De hoje até o próximo domingo, uma equipe composta por 12 profissionais fará vistorias diárias nos polos juninos da capital pernambucana em pontos estratégicos da cidade. Os trabalhadores identificam possíveis focos e realizam tratamento no local, em caso de necessidade. Diário de Pernambuco - PE 24/06/2016 - 08:05 Cinquenta formas de fazer o melhor O Porto Social selecionou 50 empreendimentos para estimular iniciativas de impacto social por meio de uma incubadora para mudar vidas Ondas de luz utilizadas no tratamento de ferimentos com problema de cicatrização no Sistema Único de Saúde (SUS). Essa é a proposta da Be One, uma start up com foco no social. A Be One é uma das 50 empresas que passam a integrar o Porto Social, iniciativa da Prefeitura do Recife para estimular iniciativas de impacto social através de uma incubadora. Ontem, o prefeito Geraldo Julio participou de um encontro com os responsáveis pelos projetos selecionados. "Os empreendedores sociais apresentaram suas ideias e houve uma comissão que selecionou os 50 primeiros projetos que estão aqui incubados. São pessoas que transformam a vida de muita gente. O Recife já é referência para o Brasil em solidariedade com o Transforma Recife e vai ser agora em empreendedorismo social com o Porto Social", afirmou o prefeito Geraldo Julio. Para o engenheiro Caio Guimarães, 25, que está à frente da tecnologia da Be One, o equipamento já provou a sua eficácia, inclusive com tumores e tratamento de bactérias. "Depois de disponibilizar na rede pública, podemos oferecer na rede privada também", explicou. A Be One já conseguiu, através de financiamento coletivo, arrecadar dinheiro para poder fazer os testes no Hospital Agamenon Magalhães. Hoje, a tecnologia espera aprovação no Comitê de Ética da unidade de saúde para iniciar os testes com voluntários. Outra empresa que será beneficiada é a Verduca. De acordo com Ludmila Valença, 33, e Pedro Verda, 31, empresários à frente do projeto, o objetivo é disponibilizar tecnologia para ajudar os alunos a desenvolver projetos de foco socioambiental. "Não queremos que as crianças se sintam passivas, sendo uma ferramenta. Queremos que elas façam parte de todo o processo de desenvolvimento", contou Pedro. Ludmila também reforça que o intuito é ajudar no avanço da educação. "As tecnologias avançam cada vez mais rápido e nem sempre vemos a educação acompanhar esse processo", contou. A educação também é o foco do projeto Educomídias, do comunicador Raphael Leal, 34. A empresa realiza cursos de produção audiovisual documental e fotografia. Ao final de cada curso, os alunos recebem aulas de empreendedorismo e de economia criativa. As melhores ideias passam a integrar a incubadora do Educomídias. De acordo com Raphael, o objetivo de incluir as aulas de empreendedorismo e a incubadora na formação dos alunos, é uma forma de deixá-los mais preparados para o mercado de trabalho. "Conseguir um emprego já é difícil com uma graduação. Com um curso de seis meses, é ainda mais. No projeto, fechamos o ciclo e já os deixamos preparados para empreender", comemora. Folha de Pernambuco - PE 24/06/2016 - 07:32 Anticorpos neutralizam o zika vírus Descoberta foi feita por especialistas nos laboratórios do Instituto Pasteur, do CNRS e do Imperial College de Londres O desenvolvimento de pesquisas para frear o avanço do zika vírus seguem por todo o mundo. O trabalho de especialistas europeus descobriu anticorpos de alta concentração capazes de neutralizar a doença. A ferramenta representa um sinal positivo para a concepção de uma vacina contra o agente, relacionado a uma série de complicações cerebrais. Após o avanço da doença em todo o País, Pernambuco já vem registrando queda nas notificações. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, houve redução de 78% no período de janeiro a maio deste ano. Conforme o último levantamento, 10.467 casos foram computados, com 171 casos descartados. Em testes realizados em laboratórios do Instituto Pasteur, do CNRS e do Imperial College de Londres, os anticorpos permitiram"neutralizar" os dois vírus, acendendo o sinal verde para uma proteção para as duas doenças. O levantamento foi publicado na revista Nature. A descoberta coincide com outro estudo, também apresentado, que sugere que a recente explosão de zika vírus na América Latina poderia ter sido favorecida por uma pré-exposição à dengue. Os dois vírus têm vários aspectos em comum. Pertencem à família dos flavovírus, transmitidos por mosquitos. Os cientistas, que já estudávamos anticorpos capazes de combater a dengue, passaram a analisar igualmente o zika vírus. Eles selecionaram dois anticorpos EDE capazes de parar a dengue e descobriram que um deles era particularmente eficaz para neutralizar o zika. "A tendência é que, a partir de estudos, cada vez mais específicos, o comportamento do vírus e sua forma de atuação sejam mais desvendados. As proximidades existentes entre as arboviroses são notórias e, no caso da dengue e o zika, essa relação é ainda mais forte. Ainda é cedo para se falar em vacina, mas estamos no caminho certo", explicou o professor do Departamento de Clínica Médica da UFPE e consultor de Arboviroses do Ministério da Saúde, Carlos Brito. " Até pouco tempo, o zika era considerado como um vírus pouco poderoso, o que talvez tenha tardado o desenvolvimento de medidas mais efetivas", reconheceu Brito. De acordo com a investigação, trata-se dos primeiros anticorpos poderosos descobertos contra o zika. Já existe uma vacina contra a dengue, desenvolvida por franceses. Os trabalhos conseguiram reconstituir o local preciso onde este anticorpo se fixa sobre a proteína que envolve o vírus zika, identificando que era o mesmo ponto da dengue. Folha de Pernambuco - PE 24/06/2016 - 07:32 Problemas oculares em adultos Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) identificaram, pela primeira vez, problemas oculares causados pelo vírus da zika em adultos. Em estudo, eles descreveram o caso de um homem de cerca de 40 anos que teve sintomas de zika associados a uma inflamação no interior dos olhos conhecida como uveíte. Até então, acreditava-se que o vírus adquirido (quando uma pessoa é picada) causasse apenas conjuntivite, que é uma inflamação da parte mais superficial dos olhos, e que somente a zika congênita (aquela que acomete bebês infectados na barriga da mãe) pudesse gerar lesões oculares mais graves. Conforme os dados, essa é a primeira vez que o material genético do vírus foi isolado a partir de amostras de líquido de dentro do olho, o chamado humor aquoso, que fica na câmara anterior do olho. “Isso prova que o vírus pode ultrapassar as barreiras que protegem o olho contra infecções”, diz o oftalmologista João Marcello Furtado. A inflamação intraocular pode ser causada por agentes infecciosos como vírus, bactérias e protozoários. Jornal do Commercio - PE 24/06/2016 - 08:17 O risco do zika em adultos SAÚDE Pesquisa inédita da Universidade de São Paulo aponta que vírus também pode causar inflamação intraocular nos mais velhos Um grupo de cientistas brasileiros identificou pela primeira vez problemas oculares causados pelo vírus da zika em adultos. Em estudo publicado na última quarta-feira na revista The New England Journal of Medicine, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descrevem o caso de um homem de cerca de 40 anos que teve sintomas de zika associados a uma inflamação no interior dos olhos conhecida como uveíte. Em estudo anteriores, outro grupo de cientistas brasileiros já havia mostrado que um terço dos bebês com microcefalia causada pela zika tem problemas oculares. O mesmo grupo, liderado por Rubens Belfort Júnior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicou, no fim de maio, estudo que comprovou definitivamente a relaÇão entre a infecção pelo vírus e uma série de distúrbios graves nos olhos dos bebês. O novo estudo, liderado por João Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, mostra pela primeira vez que o vírus da zika também está associado a uma inflamação intraocular em adultos. Segundo Furtado, até agora a comunidade científica pensava que a zika adquirida causava apenas conjuntivite, embora a zika congênita causasse problemas oculares mais graves. “Essa é uma manifestação nova e potencialmente mais grave do quadro ocular. Pela primeira vez na literatura científica, está descrita a zika adquirida em associação com inflamação dentro do olho. Eram conhecidas somente as alterações oculares causadas pela zika congênita, aquela em que os bebês podem desenvolver lesões graves e permanentes”, disse Furtado. De acordo com Furtado, o estudo também marca a primeira vez em que o material genético do vírus foi isolado a partir de amostras de líquido do interior do olho – o chamado humor aquoso, que fica na câmara anterior do olho. “É uma demonstração de que o vírus pode ultrapassar as barreiras que protegem o olho contra infecções.” VERMELHOS No caso estudado, o homem atendido em janeiro deste ano, em Ribeirão Preto (SP), apresentou sintomas compatíveis com a zika, associados a olhos vermelhos. Inicialmente, os médicos – e também o paciente – acreditaram que se tratava de uma conjuntivite. Mas a avaliação oftalmológica mostrou a presença de uveíte. Além de Furtado, participaram da pesquisa Benedito Antonio Lopes da Fonseca, Tomás Teixeira Pinto, Taline Klein e Danillo Espósito. Furtado afirma que as uveítes podem ser causadas por agentes infecciosos – como vírus, bactérias ou protozoários – ou por doenças autoimunes. Pela suspeita de que essa inflamação era causada pelo vírus da zika, foi coletada uma amostra do humor aquoso. “Os exames de sangue do paciente deram positivos para zika e, para nossa surpresa, a amostra do material intraocular também continha material genético do vírus.” Jornal do Commercio - PE 24/06/2016 - 08:17 Anticorpos para neutralizar vírus Pesquisadores europeus anunciaram ontem ter encontrado poderosos anticorpos capazes de neutralizar o zika vírus. Descoberta abre caminho para uma vacina contra esse vírus, que está relacionado a uma série de problemas cerebrais. Em testes realizados em laboratório, os anticorpos permitiram neutralizar o zika e o vírus da dengue, o que poderia levar ao desenvolvimento de uma vacina universal que protegeria contra as duas doenças, segundo pesquisadores na revista Nature. Esta descoberta coincide com um outro estudo, também publicado ontem, sugerindo que a recente explosão de zika vírus na América Latina poderia ter sido favorecida por uma pré-exposição à dengue. Os dois vírus têm vários aspectos em comum. Pertencem à família dos flavovírus, transmitidos especialmente por mosquitos. Pesquisadores do Instituto Pasteur, do CNRS e do Imperial College de Londres, que já estudavam os anticorpos capazes de combater a dengue, passaram a analisar também o zika vírus. Eles selecionaram dois anticorpos EDE capazes de parar a dengue e descobriram que um entre eles era eficaz para neutralizar o zika. A partir daí, conseguiram reconstituir o local preciso onde este anticorpo se fixa sobre a proteína que envolve o zika e descobriram que era o mesmo local ocupado pelo vírus da dengue. A descobreta, segundo Félix Rey, responsável pelo laboratório de virologia estrutural do Instituto Pasteur (Paris), que dirigiu o estudo, foi “inesperada”. De acordo com Juthathip Mongkolsapaya, outro pesquisador, trata-se dos “primeiros anticorpos muito poderosos” descobertos contra o zika, um vírus considerado por muito tempo como pouco perigoso. Jornal do Commercio - PE 24/06/2016 - 08:17 Sem trégua contra o Aedes Nem no São João a guerra ao mosquito Aedes aegypti tem trégua. Pelo menos na capital pernambucana. De ontem e até o próximo domingo agentes da Vigilância Ambiental do Recife estarão realizando um mutirão de vistorias nos arredores dos 12 polos oficiais da festa. Dezesseis profissionais se dividem em três equipes e têm passado o dia visitando residências e pontos onde possam existir focos do mosquito para alertar a população e, principalmente, conscientizá-la de que a vigilância não pode parar. Ontem, o mutirão passou pelo polo junino de Dois Unidos, na Zona Norte da capital. Algumas casas e estabelecimentos foram visitados. Além de ser um polo oficial das festas juninas, o bairro tem muito lixo e água acumulada por toda parte. “Nós estamos atuando nas imediações dos polos de São João porque são locais que irão atrair muitas pessoas neste feriadão. Ou seja, se houver concentração do mosquito, as chances de muitas pessoas serem contaminadas são grande”, explicou Vânia Nunes, coordenadora da Vigilância Ambiental do Recife. O trabalho dos agentes é feito em três frentes: aspiração do mosquito (técnica comum em locais onde o uso de inseticidas não é possível, como nos hospitais, por exemplo), tratamento com larvicida e utilização do inseticida químico (pulverização). “Não podemos dar uma trégua ao mosquito causador das arboviroses porque elas são doenças endêmicas (que afetam simultaneamente um grande número de pessoas). E com esse tempo, de chuva e sol sequenciados, os ovos eclodem e os mosquitos se espalham. Por isso nosso trabalho é permanente, de domingo a domingo”, afirmou a coordenadora. Razões não faltam para que os mutirões dos agentes ambientais aconteçam todos os dias. Números do último boletim epidemiológico da cidade do Recife mostram que as notificações das arboviroses aumentaram 3,9% em 2016 em relação a 2015. Já são 22 mil casos este ano contra 21 mil no ano passado.