METODOLOGIA DE CRIAÇÃO MASSAL DO ÁCARO-PREDADOR PHYTOSEIULUS MACROPILIS (BANKS) PARA CONTROLE BIOLÓGICO APLICADO DO ÁCARO-RAJADO Lívio da Silva Amaral (1), Marcos Antônio Matiello Fadini(2), Madelaine Venzon(2), Angelo Pallini(3); Hamilton Oliveira(4), Elisa Oliveria(4) (1) (2) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected]; Pesquisadores EPAMIG - Viçosa, MG, [email protected], [email protected]; (3) Professor UFV - Viçosa, MG; (4)Bolsistas CNPq/UFV - Viçosa, MG Introdução O controle de ácaros-praga na cultura do morangueiro é realizado quase que exclusivamente por meio de acaricidas organo-sintéticos. O controle biológico aplicado com a utilização de ácaros predadores pode ser efetivo, além de atenuar os problemas originados da aplicação de acaricidas organosintéticos (FADINI et al., 2006). No controle biológico aplicado, os ácarospredadores são criados massalmente e liberados em número capaz de realizar o controle imediato das populações de ácaros-praga. O ácaro-predador Phytoseiulus macropilis (Banks) (Acari: Phytoseiidae) tem potencial para ser utilizado no controle biológico do ácaro-rajado Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae) (OLIVEIRA et al., 2007). Neste estudo, objetivou-se estabelecer metodologia de criação massal do ácaro-predador P. macropilis criado sobre T. urticae. Para tanto, avaliaram-se relações presa:predador capazes de produzir maior número do predador P. macropilis, em ambiente protegido de casa de vegetação e a produção de predadores em condições abertas de semicampo. Material e Métodos As coletas do ácaro-predador P. macropilis foram realizadas nos municípios de Barbacena, Pouso Alegre e Caldas, regiões produtoras de morango do estado de Minas Gerais. Parte dos predadores coletados foi criada sobre folhas de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), destacadas das plantas e colocadas com a face abaxial voltada para cima sobre espuma plástica 2 embebida em água, dentro de caixas do tipo Gerbox® (3,5 x 11,5 x 11,5 cm). Durante o período de criação, as caixas Gerbox® foram mantidas em câmara climatizada, tipo BOD, à temperatura de 25 ± 1oC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas. Em casa de vegetação, objetivou-se avaliar a relação presa:predador, entre o ácaro-rajado T. urticae e o ácaro-predador P. macropilis, capaz de obter a produção do maior número de fêmeas adultas desse predador. Para isso, parte dos predadores coletada no campo e também proveniente das criações em laboratório foi criada em casa de vegetação sobre plantas de feijoeiro (P. vulgaris) (5 - 10 folhas por planta). As seguintes relações da presa T. urticae para o predador P. macropilis foram testadas: 20:12, 25:7 e 25:5. As plantas de feijão foram infestadas inicialmente com o ácaro-rajado T. urticae e, após sete dias, foram adicionadas fêmeas do ácaro-predador. Após a infestação, as populações da presa e do predador foram avaliadas, semanalmente, por contagem direta de fêmeas adultas sobre plantas de feijoeiro. Em condições de semicampo utilizou-se a relação presa:predador capaz de produzir maior número de predadores em casa de vegetação. O experimento foi conduzido no Centro Tecnológico Zona da Mata (CTZM), da EPAMIG, Viçosa, MG. Cada planta representou uma repetição, sendo utilizadas 38 repetições. As contagens de presas e predadores foram realizadas semanalmente, com auxílio de odômetro manual. As maiores densidades do predador em casa de vegetação e entre casa de vegetação e semicampo foram comparadas pelos testes não-paramétricos Kruskal-Wallis e U-Mann-Whiteney, respectivamente (FOWLER et al., 1998). Resultados e Discussão As relações 20:12, 25:7 e 25:5 presa:predador produziram número máximo de 18,1 ± 1,4; 159,4 ± 28,6 e 35,0 ± 1,0 predadores por planta, alcançados aos 38, 42 e 38 dias após a infestação, respectivamente (Gráfico 1). Possivelmente, a qualidade da planta para ácaros fitófagos e o número inicial de ácaro-predador são fatores que determinam a máxima produção de predadores. O mesmo ocorre com relação ao número inicial de predadores utilizados na infestação por planta. Densidades elevadas de predadores podem 3 reduzir o número de presas rapidamente ocasionando sua escassez. Esse fato foi notado na relação igual a 20:12 presas:predadores. Ao contrário, baixas densidades do predador podem não ser eficientes para reduzir a população da presa que, em alta população, provoca o esgotamento da planta, verificado na relação 25:5 presas:predadores. A relação 25:7 presas:predadores produziu maior número de predadores, 159,4 ± 28, (K= 14,92; P<0,001), dentre as avaliadas. Essa relação parece otimizar a qualidade da planta feijão como alimento para a presa e a densidade de predadores. Em condições de semicampo, a relação 25:7 presa:predador produziu o número máximo de 12,3 ± 1,2 predadores por planta, decorridos 21 dias da infestação (Gráfico 2). O número de ácaros-predadores produzidos a partir da relação 25:7 presa:predador, em condições de semicampo, foi, aproximadamente, 13 vezes menor do que o número produzido em casa de vegetação, utilizando a mesma relação presa:predador (Z= 3,86; P<0,001). Tal resultado demonstra a importância de manter criações do ácaro-predador P. macropilis em condições protegidas de casa de vegetação, para se otimizar a produção desse ácaro-predador. Nessas condições, o número de presas por planta foi sempre abaixo de 25 durante todo o período de avaliação (Gráfico 2), enquanto que em casa de vegetação o número máximo de presas foi de 1.067 ± 85,9, após 28 dias da infestação para a relação 25:5, presas:predadores (Gráfico 1). A definição das metodologias de liberação e avaliação, bem como a identificação dos principais fatores de mortalidade e eficiência de predação do ácaro P. macropilis no campo, complementaria as informações aqui apresentadas. Conclusões Criações massais do ácaro-predador P. macropilis em casa de vegetação apresentam máxima produção de predadores com relação inicial de 25:7 presa:predador. Em condições de semicampo, a produção do predador P. macropilis é reduzida em 13 vezes em relação a criações em casa de vegetação. 4 Agradecimento À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo financiamento do projeto. Referências FADINI, M.A.M.; PALLINI, A.; OLIVEIRA, H.G.; DUARTE, V.S.; VENZON, M. Controle biológico de ácaros fitófagos. In: VENZON, M.; PAULA JÚNIOR, T.J. de; PALLINI, A. (Coord.). Tecnologias alternativas para o controle de pragas e doenças. Viçosa, MG: EPAMIG, 2006. p.207-226. FOWLER, J.; COHEN, L.; JARVIS, P. Practical statistics for field biology. 2nd ed. New York: Wiley, 1998. 272p. OLIVEIRA, H.; JANSSEN, A.; PALLINI, A.; VENZON, M.; FADINI, M.A.M.; DUARTE, V. A phytoseiid predator from the tropics as potential biological control agent for the spider mite Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae). Biological Control, Amsterdam, v.42, n. 2, p.105-109, Aug. 2007. 5 Gráfico 1 - Dinâmicas populacionais produzidas pelas relações presas: predador do ácaro-rajado T. urticae para o ácaro-predador de P. macropilis em condições de casa de vegetação NOTA: A - Relação 20:12; B - Relação 25:7; C - Relação 25:5. Gráfico 2 - Dinâmica populacional produzida pela relação 25:7 do ácaro-rajado T. urticae para o ácaropredador de P. macropilis em condições de semicampo