Pró-Reitoria de Graduação Curso de Enfermagem Trabalho de Conclusão de Curso CONHECIMENTO DOS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL SOBRE PREVENÇÃO E TRANSMISSÃO DE DST/HIV Autoras: Kamilla Barros Botelho e Thais Ribeiro de Carvalho Orientadora: Profª. Drª. Maria do Socorro Nantua Evangelista Brasília - DF 2011 KAMILLA BARROS BOTELHO E THAIS RIBEIRO DE CARVALHO CONHECIMENTO DOS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL SOBRE PREVENÇÃO E TRANSMISSÃO DE DST/HIV Monografia apresentada ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília - UCB, como requisito parcial para obtenção do título de bacharelado em Enfermagem. Orientadora: Profª. Drª. Maria do Socorro Nantua Evangelista. BRASÍLIA 2011 Monografia de autoria de Kamilla Barros Botelho e Thais Ribeiro de Carvalho, intitulada “CONHECIMENTO DOS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL SOBRE PREVENÇÃO E TRANSMISSÃO DE DST/HIV”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, em 15 de junho de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _______________________________________________ Profª. Drª. Maria do Socorro Nantua Evangelista Orientadora Enfermagem - UCB _______________________________________________ Profª. Ms. Neuza Moreira de Matos Enfermagem - UCB _______________________________________________ Prof. Ms. Juscelino Moreira de Assis Enfermagem - UCB BRASÍLIA 2011 AGRADECIMENTO Agradecemos, primeiramente, a Deus que nos capacitou com graça e sabedoria para que pudéssemos realizar este estudo; aos nossos pais e familiares que contribuíram imensamente, nos dando todo o suporte necessário; à nossa querida e estimada orientadora, Professora Doutora Maria do Socorro Nantua Evangelista, que nos incentivou e nos conduziu na realização desta pesquisa, e a todos os profissionais que cooperaram em nossa formação. “ É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que num dado momento, a tua fala seja a tua prática.” Paulo Freire. RESUMO BOTELHO, Kamilla Barros; CARVALHO, Thais Ribeiro de. Conhecimento dos adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal sobre prevenção e transmissão de DST/HIV. 2011. 72 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Enfermagem). Universidade Católica de Brasília. Brasília, 2011. As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são uma das causas mais comuns de morbidade, que trazem consequências para a saúde das populações, e repercute em vários fatores sociais e econômicos. Os adolescentes possuem comportamentos de risco tornando-os vulneráveis a essas doenças. O estudo buscou verificar o conhecimento dos estudantes adolescentes a respeito da prevenção e a transmissão das DST e HIV/AIDS. O estudo apresenta característica transversal com abordagem quanti-qualitativa. Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário para 111 alunos, do Ensino Médio, de uma escola pública do Distrito Federal, na faixa etária de 14 a 19 anos. Verificou-se que a maioria da amostra pertencia ao sexo feminino, na faixa etária dos 16 anos de idade, solteiros(as), pardos(as), católicos(as) e sem atividade remunerada. A média de idade de iniciação sexual é de 14,6 anos. Constatou-se, ainda, que os meninos iniciaram a vida sexual antes das meninas. Os adolescentes apresentaram conhecimentos de sinais, sintomas, transmissão e prevenção de DST e HIV/AIDS, mesmo que inconsistentes. Observou-se que o uso do preservativo não é frequente em todas as relações sexuais e que as adolescentes se protegem menos que os rapazes. Os meios de comunicação em massa são as principais fontes de informação. Concluiu-se, assim, que os adolescentes possuem comportamentos de risco mesmo tendo conhecimento das DST e do HIV/AIDS. Palavras-chave: Adolescente. Sexualidade. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Prevenção. ABSTRACT BOTELHO, Kamilla Barros; CARVALHO, Thais Ribeiro de. Knowledge of adolescents from a public school in the Federal District on prevention and transmission of STD / HIV. 2011. 72 p. Completion of course work (undergraduate nursing). Catholic University of Brasilia. Brasília, 2011. Sexually Transmitted Diseases (STDs) are a common cause of morbidity, which has consequences for the health of populations, and reflected in various social and economic factors. The teenagers have risk behaviors making them vulnerable to these diseases. The study aims to evaluate students' knowledge of adolescents about prevention and transmission of STDs and HIV / AIDS. The study had crosssectional characteristic with quantitative and qualitative approach. To collect data, a questionnaire was administered to 111 students, aged 14 to 19 years old, in high school, at a public school in the Federal District. It was found that most of the sample belonged to female, aged 16 years old, single, brown, Catholic, and no job. The average age of first sexual intercourse is 14.6 years. It was noted also that the boys began their sexual life before the girls. The adolescents had knowledge of signs, symptoms, transmission and prevention of STDs and HIV / AIDS, even inconsistent. It was noted that condom use is not common in all sex and the girls are less protected than boys. The mass media are the main sources of information. It was, therefore, that adolescents have risk behavior even with knowledge of STDs and HIV/AIDS. Keywords: Adolescent. Sexuality. Sexually Transmitted Diseases. Prevention. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ....................................................................... 10 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 12 2.1 Geral ................................................................................................................ 12 2.2 Específico......................................................................................................... 12 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13 3.1 Adolescência ................................................................................................... 13 3.1.1 Definição .................................................................................................. 13 3.1.2 Aspectos Físicos e Psicológicos .............................................................. 14 3.1.3 Sexualidade ............................................................................................. 17 3.1.4 A Iniciação Sexual ................................................................................... 17 3.1.5 Vulnerabilidade ........................................................................................ 19 3.2 Epidemiologia................................................................................................... 23 3.2.1 Dados Demográficos ............................................................................... 23 3.2.2 Taxas de Mortalidade............................................................................... 23 3.2.3 DST/HIV ................................................................................................... 24 3.3 Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST .................................................. 26 3.3.1 Papilomavírus Humano (HPV) ................................................................. 26 3.3.2 Sífilis Adquirida ........................................................................................ 28 3.3.3 Cervicite e Corrimento Uretral (uretrites) ................................................. 30 3.3.3.1 Uretrite Gonocócica ...................................................................... 30 3.3.3.2 Uretrite Não Gonocócica (UNG) ................................................... 31 3.3.4 Úlceras Genitais....................................................................................... 31 3.3.4.1 Cancro Mole ................................................................................. 31 3.3.4.2 Cancro Duro ................................................................................. 32 3.3.5 Hepatites Virais ........................................................................................ 32 3.3.6 HIV/AIDS.................................................................................................. 33 3.3.7 Informações sobre Prevenção ................................................................. 34 4. METODOLOGIA ................................................................................................... 35 4.1 Tipo de Estudo ................................................................................................. 35 4.2 Local da Pesquisa ............................................................................................ 35 4.3 Sujeito do Estudo ............................................................................................. 35 4.4 Critério de Inclusão .......................................................................................... 36 4.5 Critério de Exclusão ......................................................................................... 36 4.6 Desenvolvimento do Estudo............................................................................. 36 4.7 Coleta de Dados .............................................................................................. 36 4.8 Análise de Dados ............................................................................................. 37 4.9 Aspectos Éticos da Pesquisa ........................................................................... 37 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 39 5.1 Dados de Identificação e Socioeconômico-demográficos ................................ 39 5.2 Hábitos de Vida ................................................................................................ 41 5.3 Antecedentes Pessoais .................................................................................... 43 5.4 Fontes de Informação ...................................................................................... 46 5.5 Conhecimento sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV/AIDS ....... 48 5.5.1 Significado de HIV/AIDS e DST para os Adolescentes ............................ 48 5.5.2 Sinais e Sintomas das DST ..................................................................... 50 5.5.3 Formas de transmissão e prevenção ....................................................... 51 6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 56 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 57 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 59 APÊNDICE ................................................................................................................ 64 APÊNCIDE A – Instrumento de Pesquisa .............................................................. 64 APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................. 68 ANEXO ..................................................................................................................... 70 ANEXO 1 – Parecer Consubstanciado de Projeto de Pesquisa............................. 70 10 1. Introdução e Justificativa O desenvolvimento do adolescente e de sua sexualidade não é necessariamente acompanhado de uma maturidade cognitiva para conhecer, prever e entender as consequências de seus atos, transformando a adolescência em uma etapa de extrema vulnerabilidade a riscos (MARTINS, 2005; GOLDBERG, 1994). Então, o início da atividade sexual pode acarretar em uma gravidez não planejada ou em outros agravos à saúde do adolescente, como as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), principalmente, por sua alta prevalência e morbidade (MARTINS, 2005). As DST são um problema de saúde de interesse e de preocupação de entidades de saúde, tanto nacionais quanto internacionais, devido ao seu alto índice de ocorrência e aos prejuízos que podem acarretar ao indivíduo, à comunidade, ao meio ambiente e aos cofres públicos (RECUERO, 2008). Naves, Merchan-Hamann e Silver (2005), verificaram que o agravo à saúde com maior número de notificações registradas na Secretaria de Estado do Distrito Federal foram as DST. Isto deve ser visto como um problema prioritário no Distrito Federal(DF). Verifica-se, por sua vez, o empenho das políticas públicas intersetoriais em desenvolverem ações e serviços de saúde, com o objetivo de reduzir impactos, promover reflexões sobre a prevenção, vulnerabilidade e promoção à saúde, como por exemplo, por meio de iniciativas dos Ministérios da Educação e da Saúde, pelo Programa Saúde na Escola - PSE (RECUERO, 2008; BRASIL, 2011a). Assim, elaborou-se esse estudo visando identificar o conhecimento dos adolescentes sobre a prevenção e a transmissão de DST/HIV, uma vez que, este grupo adota comportamentos sexuais de risco e apresenta características comportamentais frágeis, tornando-os um grupo vulnerável a estas infecções. O interesse pelo tema foi despertado devido às ações de educação em saúde em escolas públicas e particulares do DF, com uma população de adolescentes que demonstrava, em sua maioria, um desconhecimento a respeito das formas clínicas e da transmissão das Doenças Sexualmente Transmissíveis. 11 Espera-se que os dados gerados por esta pesquisa sirvam de base para a elaboração de ações educativas e incrementem pesquisas de saúde em ambientes escolares, por meio de projetos de saúde direcionados à escola. 12 2. Objetivos 2.1 Geral Estudar o conhecimento dos estudantes adolescentes sobre a prevenção e a transmissão das DST e HIV/AIDS. 2.2 Específicos Caracterizar os adolescentes estudantes segundo dados socioeconômicos e demográficos. Descrever o conhecimento dos adolescentes acerca dos sinais e sintomas e das formas de prevenção e transmissão de DST e HIV/AIDS. Conhecer as principais fontes de informação que os adolescentes têm a respeito das DST/HIV. 13 3. Revisão Bibliográfica 3.1 Adolescência 3.1.1 Definição A Organização Mundial de Saúde (OMS), de acordo com Queiroz, Ribeiro e Pennafort (2010), considera a adolescência o período compreendido entre 10 e 19 anos, adotando, portanto, um critério cronológico de identificação e ignorando características individuais. Vale ressaltar que critérios biológicos, psicológicos e sociais devem ser considerados na abordagem conceitual de adolescência (BRASIL, 2005). Diversos autores descrevem a adolescência como uma fase de transição para a maturidade, um elo entre a infância e a idade adulta, no qual ocorrem modificações biológicas, psicológicas, sociais e culturais (OSÓRIO, 1989; RIBEIRO, 1996; OLIVEIRA et al., 2009a, 2009b; BRÊTAS et al., 2009; CAMARGO; FERRARI, 2009). Osório (1989) descreve que o termo “adolescência” vem do latim adolecere que significa crescer e o termo puberdade vem do latim pubertate que significa sinal de pêlos, barba, penugem. Na puberdade, como o próprio significado sugere, ocorrem as modificações biológicas, que geralmente são as de maior impacto, como por exemplo, o crescimento de pêlos nas axilas e na região pubiana. O termo adolescência também está reservado às transformações psicossociais que acompanham o adolescente com o objetivo de estabelecer uma identidade pessoal. Geralmente, o termo puberdade é usado para descrever o começo da adolescência, e por sugerir as modificações biológicas, mas nem sempre o início da puberdade coincide com o da adolescência, podendo precedê-la ou sucedê-la (OSÓRIO, 1989). 14 3.1.2 Aspectos físicos e psicológicos Para Mielnik (1984), o início da adolescência é a puberdade, caracterizada pelo crescimento físico rápido e, coincidindo com a maturação sexual e com o surgimento de diferenças no formato do corpo. As principais alterações observadas neste crescimento, de acordo com Sprinthall e Collins (2003), são a altura e o formato do corpo. A altura sofre drástica modificação em função dos hormônios, visto que os ossos longos crescem rapidamente conferindo ao adolescente extremidades longas. As alterações do formato do corpo são mais aparentes nas ancas e no tórax das mulheres. Ou seja, os ombros dos rapazes tornam-se mais largos que os seus quadris; nas moças ocorre o contrário, os quadris são mais largos que os ombros. Essas diferenças estão relacionadas com a distribuição da gordura corporal. Os meninos perdem gordura mais rapidamente que as meninas e, em consequência das alterações físicas, a gordura se acumula na região pélvica, nos seios, na parte superior das costas e na zona anterior da parte superior dos braços. Esse fato contribui para a massa muscular feminina ficar mais “escondida” do que a masculina (SPRINTHALL; COLLINS, 2003). Vários fatores podem influenciar o crescimento do adolescente, dentre eles o regime alimentar, a postura, as doenças, a herança e os fatores hormonais. O regime alimentar influi no crescimento, principalmente, no tocante à falta de elementos indispensáveis aos ossos, determinando distúrbios fisiológicos. A má postura causa maior tensão nos ligamentos e nas curvaturas ósseas ocasionando anormalidades no crescimento. As doenças também podem afetar o crescimento ósseo temporariamente, entretanto, podem ser resolvidas a tempo (MIELNIK, 1984). Em relação à influência hormonal, as transformações físicas dos adolescentes iniciam-se quando o hipotálamo estimula a secreção, principalmente, dos hormônios do crescimento e dos gonadotróficos que influenciam na aparência e nas capacidades físicas dos adolescentes (SPRINTHALL; COLLINS, 2003). Schoenfeld, Duché e Tomkiewics (1967 apud, MIELNIK, 1984) dividiram a adolescência em estágios conforme as mudanças corporais. A pré-adolescência se caracteriza pelo aparecimento dos primeiros sinais de amadurecimento sexual e termina com o aparecimento dos pêlos púbicos; a adolescência propriamente dita 15 termina com o desenvolvimento completo dos pêlos e a pós-adolescência é marcada pela parada gradual do crescimento, amadurecimento dos caracteres sexuais primários, secundários e a fertilidade. Quanto ao aspecto psicológico, este é influenciado pelas alterações biológicas que possuem um significado, para os adultos e para os colegas que estão à sua volta (SPRINTHALL; COLLINS, 2003). Esse corpo em profundas transformações constitui, para Brêtas et al. (2009), o corpo social, parte importante do corpo orgânico, pois é por meio dele que o adolescente se identificará como um adolescente. A influência que a sociedade tem sobre as alterações corporais da adolescência são constituídas pelas normas e pelos padrões de corpo ideal e veiculadas pelos pais e colegas. Essas influências afetam as reações pessoais dos adolescentes em relação ao seu próprio corpo, determinando, assim, a imagem corporal, a autoimagem, a autoestima e a identidade sexual (SPRINTHALL; COLLINS, 2003). Pautando-se na afirmação de Osório (1989), a estrutura da imagem corporal é definida pela percepção do adolescente quanto à sua aparência e capacidades, quanto aos fatores psicológicos internalizados e sociológicos (OSÓRIO, 1989). De acordo com as transformações do corpo, o adolescente concebe a imagem corporal definitiva do seu sexo, criando um modelo idealizado, uma imagem fantasiada, que pode entrar em conflito com a imagem real. Pode-se reconhecer a insatisfação dos adolescentes quanto à sua aparência física quando encontram distorções na imagem corporal ideal sobre o tamanho do pênis e das mamas (OSÓRIO, 1989). A formação de grupos é uma das características importantes na adolescência, pois pertencer a um grupo justifica para o adolescente suas atitudes e autoafirma a sua identidade. Essa prática também se contextualiza para os adolescentes tímidos, uma vez que os refugiam e os levam a ter atitudes agressivas e provocativas para camuflarem a sua timidez (FREITAS; DIAS, 2010) Segundo Sullivan (apud RIBEIRO, 1996), a adolescência, em suas relações interpessoais, pode ser dividida em: Pré-adolescência: estágio em que há uma necessidade de se relacionar com indivíduos do mesmo sexo. 16 Adolescência inicial: devido às mudanças físicas e hormonais ocorridas neste estágio, há o surgimento de interesses sexuais e mudanças nos relacionamentos interpessoais; momento em que ocorre a procura de pessoas do sexo oposto. Adolescência final: é um período de estabelecimento de vínculos interpessoais maduros. De acordo com Sprinthall e Collins (2003, p. 362), na adolescência, os grupos atingem, de forma rápida, uma estrutura nítida. Essa estrutura “engloba regras para a obtenção de um estatuto no seu seio e exige determinados comportamentos dos seus membros, para que estes possam continuar a pertencer ao grupo.”. Para Dunphy (1963 apud RIBEIRO, 1996), existem cinco estágios de desenvolvimento do adolescente: Estágio 1: existem grupos isolados formados por jovens do mesmo sexo; Estágio 2: há o início da formação de grupos de jovens do mesmo sexo em interação com outros grupos; Estágio 3: o grupo se encontra em transição estrutural, onde jovens do mesmo sexo se relacionam com membros de status mais elevado, formando um grupo heterossexual; Estágio 4: o chamado grupo completamente desenvolvido, onde grupos heterossexuais se encontram em íntima associação; Estágio 5: começa a desintegração do grupo em que os grupos de casais estão associados livremente. Vale ressaltar que essas divisões não são definitivas devido à influência de fatores externos (RIBEIRO, 1996). É importante entender que a influência dos colegas, de acordo com Sprinthall e Collins (2003, p. 376), pode ser de dois tipos: a influência informal, no qual os colegas são fontes de informações e conhecimento no que se referem aos “padrões comportamentais, atitudes, valores e consequências dos membros em diferentes situações”; e a influência normativa, na qual os colegas “exercem uma pressão social sobre os adolescentes”, de forma que esses se comportem do acordo com formas padrões seguidas pelos outros elementos do grupo a que pertencem. 17 3.1.3 Sexualidade Sem dúvidas, a adolescência passa por diversas transições, das quais a sexualidade tem grande repercussão devido às “modificações do corpo neste período ocorrerem de forma muito rápida, profunda e marcante para o resto da vida do indivíduo.” (BRÊTAS et al., 2009, p. 552). A missão do adolescente é construir uma identidade pessoal e a sexualidade tem um papel estruturador neste processo, realizado por meio da representação mental que o adolescente tem de seu próprio corpo (OSÓRIO, 1989). Segundo Mandú (2001), o termo sexualidade “representa um conjunto de valores e práticas corporais culturalmente legitimados na história da humanidade”. Além do caráter biológico pertinente a atividade sexual, a sexualidade tem “uma dimensão íntima e relacional, que compõe a subjetividade das pessoas e suas relações com seus pares e com o mundo.” (HEILBORN, 1999 apud MANDÚ, 2001, p. 62). Camargo e Ferrari (2009) defendem que a escola é um espaço que também contribui para a formação da identidade sexual, uma vez que o adolescente entra em contato com valores e significados de outros adolescentes, e confrontando com os herdados, constroem sua própria conduta. 3.1.4 A iniciação sexual À luz de Camargo e Ferrari (2009), a média de idade de entrada na puberdade tem diminuído. Acontece que o desenvolvimento fisiológico antecede o cognitivo e o emocional tornando-se um fator de risco para a iniciação sexual prematura. De acordo com Brêtas et al. (2009), a grande maioria dos adolescentes iniciam a vida sexual cada vez mais cedo, aproximadamente entre 12 e 17 anos, desacompanhada da responsabilidade social, o que os tornam mais vulneráveis às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Para Diniz e Saldanha (2008), as transformações culturais e de valores, juntamente com o caráter exploratório dos adolescentes e as contribuições do meio (grupos adolescentes e família) influenciam o comportamento sexual dos jovens 18 incentivando a iniciação sexual precoce. Rappaport (1995 apud DINIZ; SALDANHA, 2008, p.3-4) afirma que essa iniciação prematura tem como fatores predisponentes “a falta de comunicações, cobrança dos grupos, mensagens transmitidas e incentivadas pelos meios de comunicação de massa, falta de diálogo com os pais e solidão.”. A falta de informação dos adolescentes sobre concepção e contraceptivos, como consequência da precocidade do ato sexual, gera alto índice de abortos e gravidez indesejada, indicando despreparo para assumirem uma vida sexual, gerando, assim, problemas físicos e emocionais, sendo entendido como um comportamento de risco (DINIZ; SALDANHA, 2008). “A precocidade nas relações sexuais, a multiplicidade de parceiros e a pouca utilização de preservativos, associada a uma maior liberdade sexual, são alguns dos fatores conhecidos que podem contribuir para aumentar a vulnerabilidade das adolescentes.” (BARRETO e SANTOS, 2009, p. 810). O período da adolescência é um período ambíguo, no sentido de viver sua independência sexual em situação de dependência econômica e familiar (BARRETO; SANTOS, 2009). Para afirmar seu papel de homem adulto, o adolescente se expõe à práticas sexuais nocivas, como o sexo desprotegido, o uso de drogas ilícitas, o álcool e a violência contra a parceira, para afirmar o desejo de poder e controle sobre ela (BRÊTAS et al., 2009; CRUZEIRO et al., 2010). Ribeiro (1996) descreve que os comportamentos de risco dos adolescentes são: iniciação sexual precoce, atividade sexual frequente, contato sexual com múltiplos parceiros, uso irregular de contraceptivos, além do uso de drogas e álcool e o não uso de preservativos. Santos, Rodrigues e Carneiro (2009) revelam que os adolescentes iniciam a atividade sexual por volta dos 17 anos de idade, sendo que o fator socioeconômico e o nível de escolaridade contribuem para o início precoce. Os dados são comprovados por uma pesquisa que afirma que alunos de escolas privadas entram tardiamente na vida sexual, se comparados aos alunos de escolas públicas. Por todas as características do adolescente, condições socioeconômicas, vantagens e desvantagens sociais, grupo etário ambíguo, e por estarem em fase de transformações biológicas e mentais, estes se constituem em um grupo de vulnerabilidade (FERRARI; THOMSON; MELCHIOR, 2008). 19 3.1.5 Vulnerabilidade Taquette et al. (2005) reafirma que “os fatores biológicos, psíquicos e sociais podem aumentar a vulnerabilidade das adolescentes às DST.” Vulnerabilidade para Ayres (2003 apud BARRETO;SANTOS, 2009, p.810), é: “a chance de exposição das pessoas ao adoecimento, resultando não somente em um conjunto de aspectos individuais, mas de fatores coletivos e contextuais, que acarretam aos indivíduos maior suscetibilidade e maior ou menor disponibilidade de recursos para se protegerem.” Logo, o entendimento de Ayres et al. (2003, p. 123) sobre a vulnerabilidade tem como base três eixos interligados: Individual: diz respeito às informações que o indivíduo tem sobre o seu problema, como ele as interpreta e se há o interesse da pessoa em incorporálas no seu cotidiano como práticas protetoras. Social: refere-se a como o indivíduo obtém as informações, como ele as analisa e incorpora às mudanças práticas no seu cotidiano. Porém, isso não depende somente do indivíduo, depende de aspectos como o acesso aos meios de comunicação, grau de escolaridade, disponibilidade de recursos materiais, influência do poder político, além do enfrentamento de barreiras culturais. Programático: relaciona-se aos esforços programáticos, ou seja, existência de programas voltados para a prevenção e os cuidados relativos aos agravos que geram o empoderamento social. É notório que a sexualidade compreende fatores físicos, psico-emocionais, e sócio-culturais referentes “à percepção e controle do corpo, ao exercício do prazer/desprazer, a valores e comportamentos em processos afetivos e sexuais”(MANDÚ, 2011, p. 62). Para Oliveira et al. (2009b), a vivência sexual na adolescência participa da construção da identidade do jovem. Ele afirma que a sexualidade envolve valores pessoais e sociais, sendo uma forma de expressão que reflete o contexto sociocultural, no qual o indivíduo está inserido. E isso envolve outras questões vivenciais, como a concepção, contracepção, práticas corporais, afetivas e sexuais, problemas com violências e sofrimentos nas inter-relações pessoais, gravidez indesejada, abortos, doenças sexualmente transmissíveis, que de uma forma ou de outra, estão presentes na vida dos adolescentes. Adiciona-se 20 também, os componentes genéticos e biológicos, conhecimentos e valores construídos ao longo da vida, e, além disso, uma estrutura psico-emocional e potencial (MANDÚ, 2001). E a sua prática sexual está vinculada a fatores como a origem e classe social pertencente, a “história familiar e de socialização”, “relações de igualdade/desigualdade”, a “preceitos de moralidade e hierarquizações.” (MANDÚ, 2001, p. 63). Ainda segundo Mandú (2001, p. 63), as elaborações culturais, plurais e que estão em constante transformação, são processos que delineiam “alternativas aos modos e usos do corpo e às relações sexuadas entre os pares”. Por exemplo, a industrialização e a modernização trazem as necessidades de consumo, que por consequência, “modificam os desejos, sentimentos e práticas no universo subjetivo e relacional”, como “o erotismo e o sexo como constituintes de processos de mercantilização dos corpos.” De acordo com Mandú (2001, p. 64), outros fatores relacionados à modernização são: o culto ao corpo magro atrelado a produtos e serviços, tornando adolescentes vulneráveis a distúrbios de imagem; exercícios da sexualidade “marcados pela desvalorização do feminino e domínio do masculino, geram conflitos, frustrações e violência”; cobranças ao homem de “comportamento de virilidade, de força, de competição e controle.” Os valores atribuídos a ambos os sexos e a sua hierarquização resultam em riscos e problemas para os adolescentes no início de suas atividades sexuais. O modo cultural de lidarem com o próprio corpo e com o dos outros, “com afetos, com o sexo, com desejos, frustrações, fantasias e idealizações; como vêem e enfrentam o mundo e o que nele acontece” e “o que identificam ou não como risco à saúde”, os expõem ou não a diversos problemas no tocante à sexualidade e à reprodução (MANDÚ, 2001, p. 64). Mandú (2001, p. 64) evidencia que: “práticas sexuais clandestinas e não planejadas, delegação ao outro do cuidado com a própria vida, submissão aos desejos do outro, excessiva preocupação com o ato e desempenho sexual, inibição para conversar e negociar com o parceiro a satisfação de desejos, preocupações e cuidados, dificultam o lidar com experiências saudáveis nas esferas em questão.” Além disso, outros fatores implicam em descuido com a prevenção como: o fato das relações sexuais serem novidade, o desejo de testar a virilidade, a cobrança 21 do grupo quanto ao início da vida sexual, assim como a falta de perspectivas futuras de vida (MANDÚ, 2001). Segundo Mandú (2001), existem vários fatores sociais que aumentam a vulnerabilidade do adolescente quanto à saúde sexual, dentre eles estão: o modelo de sociedade (competitiva e consumista); o nível de investimento social e condição de vida (pobreza, condições impróprias de saneamento, falta de oportunidades sociais, e escassez de suporte social de proteção à saúde sexual); a qualidade da atenção à saúde; o acesso à educação/informação; os modelos culturais e processos de comunicação em massa (exposição a diferentes formas sociais de violência, padrões de sociabilidades desfavoráveis – de exploração, dominação, hierarquização, discriminações de qualquer ordem, cultura de desresponsabilização com o outro, falta de sensibilidade social para com os problemas vividos pelos adolescentes). Ademais, fatores comportamentais dos adolescentes como o grau de autonomia, o grau de apropriação de conhecimento, potencial de criatividade, estilo de vida e práticas preventivas e terapêuticas no autocuidado em saúde influenciam para o aumento de vulnerabilidade para os adolescentes. (MANDÚ, 2001). Mandú (2001) traz alguns fatores institucionais que são determinantes para a condição de saúde dos adolescentes, como: “o grau de comprometimento dos diferentes setores sociais e econômicos com a proteção e resolução dos problemas sociais / em saúde sexual e reprodutiva; desenvolvimento de programas e ações assistenciais e educativas em saúde / saúde sexual e reprodutiva; financiamento de medidas e ações sociais específicas em saúde sexual e reprodutiva; qualidade do gerenciamento nas áreas sociais / da saúde – planejamento, avaliação e participação da sociedade / adolescentes; incorporação de direitos e necessidades em serviços e programas sociais, em saúde, saúde sexual e reprodutiva; qualidade dos processos e relações familiares.” (MANDÚ, 2001, p. 65-69). No que se refere aos fatores institucionais apresentados, Mandú (2001) revela alguns aspectos determinantes para o aumento da vulnerabilidade: Ausência ou escassez de investimentos financeiros em programas específicos de saúde sexual e reprodutiva de adolescentes. Gerenciamento distanciado de necessidades concretas dos adolescentes. Restrição de medidas e ações educativas em saúde/saúde reprodutiva e sexualidade (dirigidas a crianças, adolescentes e suas famílias). 22 Práticas assistenciais e educativas coercitivas e discriminatórias em saúde / saúde sexual e reprodutiva. Ações e medidas de intervenção em saúde sexual e reprodutiva de adolescentes centradas unicamente em processos de ordem biológica. Fragilidade da sociedade civil em geral e de grupos adolescentes na organização e representação de seus direitos, interesses e necessidades. Grau reduzido de participação dos adolescentes em processos cotidianos de decisão nos serviços de saúde, sobre questões que lhes dizem respeito. Falta de apoio social e familiar em situações em que o adolescente se vê precisando de ajuda. Dificuldades dos pais de compreenderem as transformações e os comportamentos dos adolescentes e, inclusive, os da esfera da sexualidade e da reprodução. Vivência de situações sociais e familiares cotidianas de estresse. Acesso familiar restrito a meios e processos de educação sexual e reprodutiva. Práticas familiares de violência, abuso e coerção sexual. No que se refere ao fator biológico, “o epitélio cilíndrico do colo do útero na adolescência se encontra mais exposto e alguns microrganismos têm predileção por este tecido.” É importante entender que “a baixa idade da menarca pode levar a um início precoce da atividade sexual, aumentando a probabilidade de infecção.” (TAQUETTE et al., 2005, p. 148). Ainda segundo Taquette et al. (2005, p. 148), quanto ao fator psíquico: “a adolescência é uma fase de definição da identidade sexual com experimentação e variabilidade de parceiros. O pensamento abstrato ainda incipiente nos adolescentes faz com que se sintam invulneráveis, se expondo a riscos sem prever suas conseqüências. Instáveis, susceptíveis a influências grupais e familiares, os jovens beneficiam-se de um bom relacionamento familiar para proteger-se das DST.” À luz de Taquette et al. (2005, p. 148), referente à esfera social, “os baixos níveis escolar e socioeconômico estão associados às DST, assim como uso de álcool e drogas, já comprovados por diversos estudos.” Os modelos de gênero também “colocam em risco a saúde da mulher ao imporem a esta última uma conduta submissa em relação ao homem que a impede 23 de negociar o uso do preservativo nos intercursos sexuais.” (TAQUETTE et al., 2005, p. 148). Logo, o foco da vulnerabilidade traduz a importância dos comportamentos relacionados à saúde como fatores preditores para o surgimento de doenças. 3.2 Epidemiologia 3.2.1 Dados demográficos No ano de 2006, de acordo com os Indicadores e Dados Básicos (BRASIL, 2008), a população total do Brasil era de 186.770.560 habitantes, dos quais 17.699.408 tinham entre 10 e 14 anos e 16.865.921 habitantes se encontravam entre 15 e 19 anos de idade, o que corresponde a 9,5% e 9,0% da população, respectivamente. 3.2.2 Taxas de mortalidade Quando considerou-se a taxa de óbito por grupo de causas, no Brasil, na faixa etária de 10 a 19 anos, no ano de 2006, as causas externas foram a principal causa de óbito, correspondendo a 68,53% dos casos. O suicídio, o homicídio e os acidentes de transporte são os responsáveis pelas causas externas contabilizando 119.241 óbitos. Os suicídios totalizaram 8.639 casos, os acidentes de transportes envolveram 37.249 pessoas, os homicídios contabilizaram 49.704 casos e os demais casos totalizaram 23.649 eventos. Do total de óbitos em 2006, 0,57% ocorreram na faixa etária de 10 a 14 anos e 1,84% no grupo de 15 a 19 anos (BRASIL, 2008). No Distrito Federal, as causas externas têm maior taxa na faixa etária de 10 a 19 anos. Do total de mortes, elas representam 68,42% dos casos. Em relação ao número de óbitos por homicídios, no DF, foram registrados 114 casos, dos 642 óbitos notificados; 36 casos por acidentes de transporte, do total de 500; 12 casos de suicídio, dos 108 eventos ocorridos; e 32 casos dos 348 óbitos pelas demais causas (BRASIL, 2008). 24 As causas externas, principais responsáveis pelas mortes de adolescentes no Brasil, refletem a exposição à situações de risco vividas pelos adolescentes e que tem como prevenção as mudanças no ambiente social e comportamental desta população (BRASIL, 2009a). Estes dados confirmam que a violência é um fator relevante no comportamento do adolescente, representando uma consequência para as escolhas feitas. Nesse sentido, Mandú (2001) afirma que a exposição a diferentes formas sociais de violência (física, conflitos urbanos e desigualdades sociais) são fatores que influenciam a saúde, inclusive a sexual do adolescente. 3.2.3 DST/HIV No que se refere à incidência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), a Organização Mundial de Saúde estimou, em 1999, 340 milhões de casos novos no mundo, sendo 38 milhões na América do Sul e no Caribe, ou seja, o terceiro continente com maior número de casos. No que se refere ao Brasil, a estimativa foi de 10.035.000 casos para esse ano (BRASIL, 2010c). Segundo o Boletim Epidemiológico de DST – HIV nº1, ano VI, de 1980 até junho de 2009, foram identificados 544.846 casos de AIDS, sendo que em média são identificados cerca de 35 mil novos casos por ano. No Distrito Federal, no ano de 2008, a taxa de incidência de casos de AIDS notificados por 100 mil habitantes foi de 18,2. A partir de 1985 até 2010, de acordo com o Boletim Epidemiológico de DST/AIDS do Distrito Federal, foram notificados 6.738 casos de AIDS. (BRASIL, 2009d; BRASIL, 2010c). De acordo com o Boletim Epidemiológico de DST/AIDS do Distrito Federal (BRASIL, 2009d), as DST são uma das causas mais comum de morbidade, que traz consequências para a saúde das populações, e repercute em vários fatores sociais e econômicos. Além de ser um problema de saúde pública, as DST/HIV são as principais causas de “infertilidade, aborto, doenças neonatais, e por facilitarem a transmissão do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).” (BRASIL, 2009d, p. 23). Fazendo uma análise histórica das DST de acordo com dados do Boletim Epidemiológico de DST/AIDS do Distrito Federal (BRASIL, 2009d), percebe-se que houve, a partir de 1985, com exceção do condiloma/HPV e da síndrome da cervicite, 25 uma redução do número de casos notificados. Essa queda nas notificações pode estar relacionada a dois fatores: “dificuldade de acesso dos pacientes ao diagnóstico pela diminuição da capacidade dos serviços de atender a demanda de pacientes; e maior frequência de uso do preservativo em conseqüência das campanhas de prevenção da AIDS iniciadas em 1986.” (BRASIL, 2009d, p. 23). A partir de 2002, percebe-se um aumento do número de casos da síndrome da cervicite – de 324 casos em 2002 para 843 em 2009 – e da síndrome da úlcera genital – de 109 casos em 2002 para 357 em 2009. “Estes agravos estão diretamente relacionados à vulnerabilidade da transmissão do HIV, sendo importante refletir sobre as ações de prevenção das DSTs.” (BRASIL, 2010c, p. 27). A disponibilização das Regionais de Saúde para o atendimento das DST reflete na incidência destas doenças, pois Regionais com programas melhor organizados podem registrar maior incidência que outras, onde realmente há maior magnitude, mas os casos não são diagnosticados e notificados na sua totalidade (BRASIL, 2009d). No Distrito Federal, em 2009, os locais de maior incidência das principais DST foram de ordem decrescente: “condiloma/HPV: São Sebastião, Candangolândia, e Scia (Estrutural); sífilis adquirida (Exceto Cancro Duro): Varjão, Candangolândia, São Sebastião e Riacho Fundo; síndrome da úlcera genital: Paranoá, Núcleo Bandeirante, Varjão e São Sebastião; síndrome do corrimento uretral: São Sebastião, Varjão, Paranoá e Núcleo Bandeirante; síndrome da cervicite: Sobradinho, Lago Norte, Planaltina e Sobradinho II.”(BRASIL, 2010c, p. 28). No caso da AIDS, os locais no Distrito Federal de maior incidência, registrados entre os anos 2007 e 2008, são: SCIA (Estrutural), Paranoá, Sobradinho e Taguatinga. (BRASIL, 2010c). A partir de dados do Boletim Epidemiológico de DST/AIDS do Distrito Federal (BRASIL, 2010c), a DST mais prevalente na faixa etária de 10 a 19 anos é o Condiloma Acuminado – HPV, totalizando 405 casos notificados no ano de 2009. Em segundo lugar, a DST que se destaca é a Cervicite, com aumento considerável de casos de 2007 até 2009, passando de 62 para 101 casos. Outra DST predominante é o corrimento uretral, que totalizou 93 casos tanto em 2008 quanto em 2009. A quarta DST mais preponderante é a Sífilis, apesar da diminuição dos casos, de 48 em 2008 para 31 em 2009. As úlceras genitais apresentaram 23 casos 26 em 2009, sendo assim, a quinta DST dominante. Finalizando, o HIV teve 1 caso notificado em todo o ano de 2009. A tabela 1 demonstra os casos novos de DST notificados, específicos por ano, na faixa etária de 10 a 19 anos (BRASIL, 2010c). Tabela 1 - Número de casos novos de DST notificados, na faixa etária de 10 a 19 anos, nos anos 2005 a 2009. HPV ANO Sífilis adquirida (Exceto C. Duro) Cervicite Corrimento uretral Úlcera genital HIV Nº de casos 2005 404 54 86 118 21 06 2006 369 24 110 119 29 09 2007 378 19 62 115 30 04 2008 339 48 49 93 21 04 2009 405 31 101 93 23 01 Fonte: Boletim Epidemiológico de DST/HIV do Distrito Federal, 2010. 3.3 Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST A expressão “Doença Sexualmente Transmissíveis – DST” refere-se às infecções transmitidas por meio do contato sexual, durante relações oral, vaginal ou anal desprotegidas (LOPES et al., 2006). Existem diversos agentes de infecção que podem causar DST, dentre eles estão os vírus, as bactérias, os fungos, os protozoários, entre outros. (LOPES et al., 2006). 3.3.1 Papilomavírus Humano (HPV) O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus constituído de DNA, pertencente ao grupo dos papovavírus e que possui mais de 100 tipos reconhecidos, sendo que 20 destes podem infectar a genitália humana (BRASIL, 2006). O HPV constitui fator de risco para oncogenicidade associado a outros fatores como: a idade precoce da primeira relação, história de multiplicidade de parceiros sexuais, história ou parceiro com DST, fumo, fatores imunológicos, deficiência 27 nutricional e multiparidade, ou seja, fator de predisposição ao câncer de colo de útero (PARELLADA; PEREYRA; GUERRA, 1999). Na adolescência, a iniciação precoce da atividade sexual e a exposição dos genitais às DST, bem como os processos inflamatórios facilitam o contato com o HPV. O comportamento sexual está diretamente relacionado ao risco de infecção, pois a atividade sexual causa microtraumas por onde o vírus penetra atingindo o epitélio escamoso de superfícies queratinizadas ou não (PARELLADA; PEREYRA; GUERRA, 1999; SHIRATSU; PATRIOTA; BELDA JÚNIOR, 2009). A manifestação do vírus se dá por meio de verrugas que aparecem entre 2 e 8 meses após o contato íntimo, mas, podem permanecer anos como lesões subclínicas (PARELLADA; PEREYRA; GUERRA, 1999). No homem, a lesão inicial se caracteriza por pápulas com digitações superficiais, por isso denominado “crista de galo”. As lesões, únicas ou múltiplas, podem desaparecer espontaneamente ou evoluir para grandes massas vegetantes com aspecto de couve-flor. Os locais mais acometidos são a “glande, sulco-bálanoprepucial, freio, meato uretral, folhetos internos e externos do prepúcio, corpo do pênis, escroto, dobra inguinal [...], região suprapúbica, raiz interna da coxa, regiões perineal, perianal e intra-anal.” (SHIRATSU, PATRIOTA; BELDA JÚNIOR, 2009, p. 106). Em pacientes imunossuprimidos pelo HIV, são comuns as lesões orais envolvendo lábios, gengiva e língua (SHIRATSU, PATRIOTA; BELDA JÚNIOR, 2009). “De acordo com estudos da International Agency for Researsh on Cancer (IARC), o HPV pode dividir-se em tipos de alto e baixo risco carcinogenéticos. Os tipos de alto risco (HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52) associam-se a lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (LIEAGs) e câncer invasor, e os tipos de baixo risco (HPV 6, 11, 30, 42, 43, 44) estão principalmente associados com verrugas genitais e lesões intraepiteliais de baixo grau (LIEBGs), sendo raramente encontrados no câncer invasor.” (MINOTTO, 2009, p. 3). Na vulva, a infecção pelo HPV pode apresentar “lesões aparentes, vegetativas, vascularizadas [...] e com múltiplas projeções papilares” (PARELLADA; PEREYRA; GUERRA, 1999, p. 146). As verrugas são autoinoculáveis, transmissíveis e de rápida disseminação, podendo atingir clitóris, Monte de Vênus, região perianal e anal. (PARELLADA; PEREYRA; GUERRA, 1999). Embora não muito comum, o HPV pode apresentar repercussões na vagina, que por possuir mucosa úmida e rugosa permite expressão do HPV ocorrendo 28 corrimento branco, espesso e aderente às paredes. (PARELLADA; PEREYRA; GUERRA, 1999). 3.3.2 Sífilis Adquirida A sífilis é uma doença causada pela bactéria gram-negativa Treponema pallidum capaz de atingir diversos órgãos e caracterizada por períodos de latência. Jovens entre 15 e 24 anos são mais acometidos por maior exposição a fatores de risco sexuais tais como: a maior atividade sexual e a promiscuidade (RIVITTI, 1999). Segundo Rivitti (1999), a sífilis adquirida se caracteriza por transmissão sexual, mas há casos de transmissão por transfusão de sangue e ou via transplacentária. O contágio se dá por meio do contato com lesões abertas, ricas em treponema, o qual é capaz de penetrar na pele e nas mucosas íntegras. É dividida em sífilis recente (primária, secundária e latente recente) e tardia (latente tardia e terciária). Na sífilis primária, no local da inoculação da bactéria, forma-se uma pápula inflamatória que evolui para exulceração, denominada cancro duro, caracterizada, frequentemente, por ser única; indolor, com coloração semelhante à de carne, sem sinais flogísticos, fundo limpo, exsudação serosa escassa, rica em treponema e bordas endurecidas. Essa lesão pode aparecer com 10 a 90 dias após o contato sexual, com média de 21 dias. Por volta da 5ª semana após o aparecimento da lesão, há a cura espontânea sem tratamento, o que não significa a cura da doença (RIVITTI, 2009; BRASIL, 2006). De acordo com o Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (BRASIL, 2006), nos homens a lesão geralmente aparece na glande e no sulco bálano-prepucial. Nas mulheres, devido à anatomia, o reconhecimento do cancro duro torna-se mais difícil, podendo passar despercebido por comumente ocorrer nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino. Para Rivitti (2009), as lesões de cancro duro tem comumente se diferenciado devido à antibioticoterapia prévia inadequada e às infecções associadas ao Herpes simplex e ao Haemophilus ducreyi, tornando-se múltiplas com linfangite ou tromboflebite da veia dorsal do pênis e passando de exulceração para ulceração. 29 Na sífilis secundária, as lesões podem se apresentar de diversas formas e acontecem devido à reação dos tecidos à bactéria. Surgem de 2 a 6 meses após a infecção, aproximadamente de 6 a 8 semanas após o aparecimento do cancro duro. As lesões apresentam-se na forma de máculas e pápulas. As máculas, também conhecidas como roséolas, são manchas eritematosas que aparecem no tronco e disseminam-se para a pele, com tropismo pela planta dos pés e palma das mãos. As lesões papulosas são mais acastanhadas e envolvem maior resposta inflamatória com diversas variáveis clínicas, como lesões foliculares, podendo ser pustulosas, lesões papulodescamativas psoríasiformes ou liquenóides, lesões nodulares e corimbiformes (lesão nodular central com lesões satélites papulosas) e com localização no tronco, face (região peribucal), sulcos nasogenianos e região palmoplantar (RIVITTI, 2009; BRASIL, 2006). Além de lesões cutâneas, existem lesões nas mucosas. Quando ocorrem na cavidade oral são chamadas de placas mucosas que são elevadas em platô e de superfície lisa, e quando surgem nas áreas genitais e perianais, são denominadas condilomas planos, lesões pápulo-hipertróficas de superfície macerada, pela localização úmida. Ambas as lesões são ricas em treponemas e extremamente contagiosas (RIVITTI, 2009; BRASIL, 2006). Ainda na sífilis secundária, pode ocorrer alopécia, mais observada no couro cabeludo e sobrancelhas. Também são observadas as micropoliadenopatias localizadas em regiões cervicais, supraclaviculares, epitrocleares e inguinocrurais (BRASIL, 2006). Como sintomas sistêmicos da sífilis secundária, nota-se “cefaléia, meningismo, mal-estar geral, artralgias e mialgia, dor de garganta, rouquidão, hiporexia e emagrecimento” (RIVITTI, 2009, p. 10). Quando estes sinais desaparecem, o indivíduo passa para a fase de latência recente, ainda no primeiro ano de infecção, sendo diagnosticado somente por testes sorológicos. Após um ano de instalação da doença (BRASIL, 2009d), sem sintomas aparentes a infecção se encontra no período de latência tardia. Esses períodos de latência têm duração variável, podendo ser interrompidos por sintomas característicos da sífilis secundária ou terciária (RIVITTI, 2009; BRASIL, 2006). A sífilis tardia surge após os períodos de latência, com lesões cutâneas, neurológicas, cardiovasculares e outras lesões viscerais resultantes de uma resposta imunológica contra novos treponemas. “Quanto mais tardias, mais 30 destrutivas são as lesões.” (RIVITTI, 2009, p. 12). As lesões dermatológicas podem ser nodulares, nódulo-ulceradas, que costumam se agrupar, e gomas caracterizadas por nódulos amolecidos por necrose. Em geral, a sífilis tardia é assintomática e as lesões não apresentam a bactéria e a sorologia apresenta baixos títulos (RIVITTI, 2009; BRASIL, 2006). 3.3.3 Cervicite e Corrimento Uretral (uretrites) As uretrites são processos inflamatórios da mucosa uretral, que podem ter origem “infecciosa e inflamatória não infecciosa.” (GOMES; BATISTA, 2009, p. 57). As infecciosas podem ser classificadas em gonocócicas e não gonocócicas, dependendo da sua etiologia. As uretrites inflamatórias estão relacionadas aos traumas físicos ou químicos e também às doenças sistêmicas (GOMES; BATISTA, 2009). 3.3.3.1 Uretrite Gonocócica Doença causada pela bactéria Gram-negativa Neisseria gonorrhoea, com maior ocorrência em homens. Essa bactéria se adere muito bem à mucosa uretral, epitélio da orofaringe e do canal anal, mas não consegue aderir-se ao tecido queratinizado. A via de transmissão é o contato sexual (WROCLAWSKI; BEZZERRA, 1999; BRASIL, 2010a). A N. gonorrhoea, após um período de incubação de 2 a 5 dias, podendo se prolongar por até 15 dias, produz sintomas iniciais repentinos representados por prurido intenso na fossa navicular que se estende pela uretra. Há evolução para disúria e exsudato mucopurulento amarelo esverdeado, espesso e abundante que se apresenta principalmente pela manhã. O meato uretral caracteriza-se por edema e rubor (GOMES; BATISTA, 2009; BRASIL, 2006). As mulheres, geralmente são assintomáticas devido ao mecanismo de infecção ser diferente do homem. No organismo feminino, o gonococo prejudica os “mecanismos de transdução e de ação do complemento com consequente redução da resposta inflamatória” o que facilita a disseminação da infecção uma vez que não é facilmente diagnosticada. O quadro clínico da infecção gonocócica na mulher é 31 composto por disúria, urgência miccional e em menor frequência, a secreção amarelada (GOMES; BATISTA, 2009, p. 58; BRASIL, 2010a). “A gonorréia associa-se a maior risco de aquisição do HIV, pois o gonococo induz aumento da expressão local de RNA viral, além de promover resposta inflamatória aguda que cursa com ruptura da barreira mucosa.” (GOMES; BATISTA, 2009, p. 59). 3.3.3.2 Uretrite Não Gonocócica (UNG) A uretrite é uma doença caracterizada por vários agentes etiológicos. Os principais agentes etiológicos são: Chlamidia trachomatis, Mycoplasma genitalium e Ureaplasma urealyticum, o qual possui importância difícil de definir, pois cerca de 70,0% de indivíduos sexualmente ativos assintomáticos estão colonizados por este microrganismo (GOMES; BATISTA, 2009; BRASIL, 2006). Nos homens, uma pequena porcentagem de UNG ocorre devido à Trichomonas vaginalis, Herpesvirus hominis, Candida albicans e Papilomavirus humano (GOMES; BATISTA, 2009). A C. trachomatis é o agente etiológico mais comum nas UNG. É uma bactéria intracelular obrigatória. O período de incubação varia de 14 a 21 dias, manifestando disúria e secreção uretral mucóide escassa nos homens; nas mulheres, quando sintomáticas, se apresenta por cervicite mucopurulenta, uretrite, bartolinite, proctite ou doença inflamatória pélvica (GOMES; BATISTA; BRASIL, 2006). 3.3.4 Úlceras genitais 3.3.4.1 Cancro Mole O cancro mole é uma DST produzida pela bactéria Gram-negativa Haemophilus ducreyi, com período de incubação de 4 a 7 dias, de acordo com Belda Júnior (2009). A inoculação da bactéria depende de uma solução de continuidade, que é mais presente em áreas de maior atrito, como a região do freio ou fúrcula, podendo iniciar as primeiras alterações patológicas como edema e infiltração de polimorfonucleares (BELDA JÚNIOR, 2009). 32 Após o período de incubação, aparecem os primeiros sinais característicos da doença: pápula eritematosa que rapidamente se torna vesícula pustulosa, que ao se romper, resulta em uma lesão do tipo úlcera de base mole, com exsudação purulenta e odor fétido, rasa e com bordas irregulares, envolta por halo eritematoso vivo. Essas lesões são geralmente múltiplas, dolorosas e autoinoculáveis. Há um tipo folicular da doença que se origina em um folículo piloso, lembrando uma foliculite ou uma infecção piogênica. Outra manifestação é o enfartamento ganglionar inguinal, que ocorre em 50,0% dos casos, geralmente unilateral (BELDA JÚNIOR, 2009; BRASIL, 2006). Em homens, as lesões aparecem mais comumente no feio, sulco bálanoprepucial, face interna do prepúcio, meato uretral, e regiões perineal e perianal. Já nas mulheres, as lesões se apresentam no fórnix, pequenos e grandes lábios, vestíbulo e clitóris (BELDA JÚNIOR, 2009). “As lesões do cancro mole não evoluem para cura espontânea e, geralmente, deixam pequena cicatriz após a cura” (BELDA JÚNIOR, 2009, p. 53). 3.3.4.2 Cancro duro O cancro duro é uma lesão única, indolor, com bordas endurecidas, fundo limpo e secreção serosa escassa, característica da sífilis primária (ver item 3.3.2). (BRASIL, 2006). 3.3.5 Hepatites Virais As hepatites virais têm agentes etiológicos variados, sendo os mais relevantes para a epidemiologia, de acordo com Brasil (2009c), os vírus A, B, C, D e E. As hepatites A e E são de transmissão fecal-oral, por isso estão relacionadas às condições de saneamento, higiene pessoal e de alimentos e à qualidade da água (BRASIL, 2009c). Entretanto, as hepatites que interessam a esse estudo são as tipo B, C e D, consideradas DST. De acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica (BRASIL, 2009c), no que se refere às hepatites virais B, C e D, a transmissão se dá pelo contato com o 33 sangue, tanto via parenteral quanto via vertical, e via sexual pelo contato com esperma e secreções vaginais. Logo, infere-se que o compartilhamento de objetos contaminados, como lâminas, seringas e agulhas (no uso de drogas injetáveis), escovas de dente, materiais utilizados para confecção de tatuagens e colocação de piercings e alicates de unha, constituem via de transmissão desses vírus. As principais manifestações clínicas das hepatites virais na forma aguda são inespecíficas como: anorexia, náuseas e vômitos, diarréias, febre baixa, mal-estar, mialgia, fadiga, cefaléia, entre outros (BRASIL, 2009c). Os vírus B, C e D, após a forma aguda (aproximadamente 6 meses), evoluem para cronicidade causando lesões hepáticas como inflamação e deposição de fibrose. Os sintomas variam conforme o dano hepático (BRASIL, 2009c). 3.3.6 HIV/AIDS A AIDS é uma doença na qual o indivíduo infectado pelo vírus HIV apresenta uma depressão imunológica por meio da destruição dos linfócitos TCD4+, tornandose suscetível à infecções oportunistas (BRASIL, 2010a). Trata-se de uma síndrome que até hoje identificou 2 subtipos, HIV-1 e HIV-2 (RECUERO, 2008). O vírus HIV, ao impedir que o sistema imunológico realize suas funções de forma efetiva, torna o individuo infectado suscetível a agentes agressores externos, como fungos, bactérias, parasitas ou, até mesmo, células cancerígenas (RECUERO, 2008). O HIV pode ser transmitido por secreções sexuais, sangue e o leite materno. Alguns processos infecciosos, como as DST, favorecem a transmissão do vírus por fragilizarem a mucosa genital e permitirem o aparecimento de solução de continuidade (BRASIL, 2010a). O período entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas, conhecido como período de incubação, pode variar de 5 a 30 dias, e o período após a infecção aguda até a manifestação da imunodeficiência (período de latência) pode variar de 5 a 10 anos, com média de seis anos (BRASIL, 2010a). “Muitas vezes, os primeiros sintomas são febre persistente, perda de peso, dores osteo-articulares, perda de força, entre outros. Eles podem se acentuar até 34 que a infecção, em sua forma mais avançada, ocasione o surgimento de doenças oportunistas de maior gravidade.” (RECUERO, 2008, p. 19). 3.3.7 Informações sobre prevenção O uso dos preservativos, masculino ou feminino, é o método mais eficaz para diminuir o risco de transmissão de DST e HIV/AIDS e a melhor forma de prevenir tais infecções, além de evitar concepção (BRASIL, 2006). A vacinação, oferecida pelos serviços públicos, também pode ser considerada uma forma de prevenção para a Hepatite B (BRASIL, 2011b). Recomenda-se, também, não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, materiais de manicure e pedicure, equipamentos para o uso de drogas como seringas, cachimbos e agulhas, instrumentos para a confecção de tatuagem e colocação de piercings (BRASIL, 2011b). 35 4. Metodologia 4.1 Tipo de Estudo O presente estudo se caracteriza como transversal com abordagem quantiqualitativa. É transversal por permitir a identificação de causa e efeito, simultaneamente, investigando a associação entre a exposição e a doença. O método transversal detecta a frequência de doenças e fatores de risco e identifica grupos vulneráveis (PEREIRA, 2008). Segundo Minayo (2006, p. 56), a abordagem quantitativa tem a finalidade de revelar “dados, indicadores, tendências observáveis”, que podem ser traduzidos em números. O estudo qualitativo, conforme Minayo (2009, p. 21), se ocupa com uma realidade que não pode ser quantificada, ou seja, traduzida em números e indicadores quantitativos. Portanto, esta abordagem “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.” (MINAYO, 2009, p.21). 4.2 Local da Pesquisa O estudo foi realizado em uma escola pública do Distrito Federal, Centro Educacional 123, localizada na cidade satélite de Samambaia, Qr. 123 conj. 8 Área especial “1”. Esta escola atende cerca de 1.380 alunos na Educação Básica (Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e turmas de aceleração. No Ensino Médio estão matriculados cerca de 820 alunos. 4.3 Sujeito do estudo A amostra foi constituída por alunos adolescentes, na faixa etária de 14 a 19 anos, devidamente matriculados no Ensino Médio, do período matutino. Foram sorteadas quatro turmas, com aproximadamente 30 alunos, sendo uma representando o 1º ano do Ensino Médio, duas o 2º ano e uma o 3º ano, totalizando uma amostra geral de 120 alunos. 36 4.4 Critério de inclusão Foram incluídos na amostra adolescentes entre 14 e 19 anos, estudantes do Ensino Médio, que aceitaram participar da pesquisa e apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo responsável. 4.5 Critério de exclusão Foram excluídos da amostra adolescentes menores de 18 anos que não apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, devidamente assinado por um responsável, e os adolescentes que se recusaram a participar da pesquisa. 4.6 Desenvolvimento do estudo Inicialmente, foi realizado um contato com o Diretor do Centro Educacional para verificar o quantitativo de alunos matriculados no Ensino Médio. Posteriormente, foi elaborado um questionário a ser respondido pelos próprios adolescentes. Em seguida, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Católica de Brasília (UCB). Após aprovação do projeto, conforme os critérios de inclusão e exclusão deste estudo e, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelo responsável, foi explicado o objetivo do estudo e aplicado o questionário. A pesquisa foi realizada no período compreendido entre os meses de março e abril de 2011. 4.7 Coleta de Dados O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário semi- estruturado, composto por questões fechadas e abertas a serem respondidas sem a presença do entrevistador (LAKATOS; MARCONI, 2007), conforme Apêndice A.. 37 4.8 Análise de Dados O banco de dados foi constituído e analisado, estatisticamente, a partir da digitação dos questionários com prévia codificação das repostas, utilizando o Software Statistical Package for the Social Sciences - SPSS for Windows. E para a produção de tabela e gráficos utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2007. Os dados qualitativos foram avaliados segundo a análise de conteúdo de Bardin, a qual consiste em analisar falas e depoimentos em busca de indicadores que permitam inferências de conhecimentos de um determinado contexto. (MINAYO, 2006). A análise de conteúdo, confome proposto por Bardin (2009), consiste em três etapas, operacionalizadas da seguinte maneira: 1) Pré-análise: consiste na organização das informações a serem analisadas, seguida de leitura flutuante. Após a leitura de todo o conteúdo das respostas obtidas por meio do questionário aplicado aos adolescente, fez-se a releitura das respostas. Desta forma, o contato exaustivo com o material, tornou possível determinar as unidades de registro e fazer os recortes que posteriormente serviram de base para as categorizações. 2) Exploração do material: os dados colhidos na pré-análise são codificados, decompostos ou enumerados. As respostas foram agrupados em categorias, considerando a aproximação existente entre elas, permitindo atingir uma representação do conteúdo. Essa operação consiste em uma classificação dos elementos que constituem o conjunto textual em questão, por diferenciação e reagrupamento a partir de critérios previamente definidos. Assim, essas categorias funcionam como classes que reúnem unidades de registro, que de acordo com Bardin (2009) são a base do conteúdo. Neste trabalho, foram criadas quatro categorias: significado de HIV/AIDS, significado de DST, sinais/sintomas indicativos de DST, formas de transmissão e prevenção das DST e HIV/AIDS. 3) Tratamento dos resultados: a partir das principais palavras citadas pelos participantes procedemos o tratamento dos dados, realizado por meio da inferência e da interpretação das respostas dos adolescentes, de maneira a servir de base para as questões norteadoras e os objetivos desta pesquisa. 38 4.9 Aspectos éticos da pesquisa No que se refere aos aspectos éticos, a pesquisa seguiu todas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos. Foram garantidos aos cidadãos envolvidos na pesquisa todos os direitos citados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme Apêndice B. O projeto foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UCB, e aprovado conforme Parecer 004/2011 (Anexo 1). 39 5. Resultados e Discussões Os dados foram coletados no Centro Educacional 123 de Samambaia e, posteriormente, dispostos em subcapítulos: dados de identificação e socioeconômico-demográficos; hábitos de vida; antecedentes pessoais; fontes de informação; conhecimento sobre DST e HIV/AIDS. Participaram do estudo 111 estudantes dos diferentes níveis do Ensino Médio e nove alunos se recusaram a responder o instrumento de pesquisa. 5.1 Dados de Identificação e socioeconômico-demográficos Os adolescentes foram estudados em relação à idade, sexo, opção sexual, estado civil, raça/cor, escolaridade, religião e atividade remunerada (Tabela 2). 40 Tabela 2 – Número e porcentagem de adolescentes, segundo características de identificação e dados socioeconômico-demográficos, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. Identificação e dados n % Socioeconômico-demográficos Idade 8,1 14 anos 9 22,5 15 anos 25 36,0 16 anos 40 27,9 17 anos 31 4,5 18 anos 5 0,9 19 anos 1 Sexo 54,1 Feminino 60 45,9 Masculino 51 Opção Sexual 91,9 Heterossexual 102 1,8 Bissexual 2 6,3 Não responderam 7 Estado civil 96,4 Solteiro(a) 107 2,7 Casado(a) 3 0,9 União estável 1 Raça/cor 23,4 Branco 26 53,2 Pardo 59 5,4 Amarelo 6 13,5 Preto 15 2,7 Indígena 3 1,8 Não responderam 2 Escolaridade 29,7 1º ano - Ensino Médio 33 47,7 2º ano - Ensino Médio 53 22,5 3º ano - Ensino Médio 25 Religião 48,6 Católica 54 36,9 Evangélica 41 3,6 Espírita 4 6,3 Sem religião 7 2,7 Outras 3 1,8 Não responderam 2 Atividade remunerada 70,3 Não 78 26,1 Sim 29 3,6 Não responderam 4 TOTAL 100,0 111 Dos adolescentes analisados no estudo, 8,1% tinham 14 anos, 22,5% 15 anos, 36,0% 16 anos, 27,9% 17 anos, 4,5% 18 anos e 0,9% referiram 19 anos de idade. Sendo que a faixa etária predominante foi de 15 a 17 anos (86,4%) e a média de idade observada foi de 16,0 anos. Quanto à escolaridade, 29,7% dos entrevistados estudavam no 1º ano do Ensino Médio, 47,7% no 2º ano e 22,5% dos alunos no 3º ano do Ensino Médio. 41 Dos 111 adolescentes pesquisados, 45,9% eram do sexo masculino e 54,1% do sexo feminino. Esse dado reforça o resultado obtido pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE (BRASIL, 2009a), no qual os escolares do sexo feminino tem ligeira predominância na maior parte das escolas nas capitais brasileiras. Em relação à opção sexual, 91,9% se consideraram heterossexuais, 1,8% bissexuais e 6,3% não responderam a questão. No que se refere ao estado civil, a predominância constatada foi no grupo dos solteiros com 96,4%, sendo que 2,7% referiram ser casados e 0,9% moram junto com parceiro ou em união consensual. Quanto à raça/cor, 53,2% dos adolescentes se autodenominaram pardos, 23,4% brancos, 13,5% pretos, 5,4% amarelos, 2,7% indígenas e 1,8% não responderam ao questionamento. Esses dados são contrários aos dados obtidos nas análises dos indicadores sociais (BRASIL, 2010b), no qual a porcentagem revela que a maioria da população brasileira se considerava branca (48,2%), seguida da cor parda (44,2%). Constatamos que, dos 98,2% que responderam a questão a respeito da religião, houve predominância da religião católica (48,6%), seguida da religião evangélica (36,9%); os demais se classificaram como espírita, sem religião ou outros. Conforme estudos realizados por Martins (2005) e Rocha (2010), há um predomínio, entre os estudantes, da religião católica seguida da evangélica. Quando questionados se exerciam alguma atividade remunerada, 70,3% responderam que não trabalhavam, 26,1% exerciam algum tipo de ocupação, e 3,6% não responderam. Dos que referiram exercer alguma atividade, a maioria participava do programa Aprendiz Legal, que determina que empresas contratem jovens de 14 a 24 anos para capacitação profissional. 5.2 Hábitos de vida Quando interrogados sobre o fumo, 92,8% disseram que não fumavam, e 7,2% faziam uso do tabaco na quantidade de 1 a 10 cigarros por dia. Segundo a PeNSE (BRASIL, 2009a), 6,3% dos escolares já fizeram uso de cigarro, dado relativamente próximo ao obtido neste estudo. O autor Almeida Filho et al. (2007), em um estudo efetuado com adolescentes de 13 a 21 anos, de duas escolas de 42 Ensino Médio da rede pública do Rio de Janeiro, detectou que 75,78% dos estudantes responderam negativamente para uso do tabaco, o que corrobora com os dados desta pesquisa, em que a maioria não utilizava. No que diz respeito à bebida alcoólica, 87,4% disseram que não bebiam, 8,1% disseram que sim e 1 vez na semana, 3,6% duas vezes na semana, 0,9% três vezes na semana, demonstrando que 12,6% dos adolescentes faziam uso de álcool. Os dados da PeNSE (BRASIL, 2009a), demonstraram que 27,3% dos escolares consumiram bebida alcoólica. Do mesmo modo, nos dados levantados por Almeida Filho et al. (2007), o álcool representa a droga lícita mais utilizada pelos jovens. Constatou-se que 87,5% dos adolescentes que fumavam e 92,9% dos entrevistados que consumiram álcool, já haviam iniciado a vida sexual. Portanto, o uso de álcool e de tabaco está intimamente relacionado à precoce iniciação da atividade sexual (SCIAVOLETTO et al, 1999). Verificou-se que o uso do preservativo na primeira relação sexual foi realizado por 71,4% dos alunos que fumavam e 61,5% dos adolescentes que bebiam, apontando que uma parcela considerável ficou desprotegida e se expôs ao risco. Sciavoletto et al.(1999) evidencia que há uma relação entre o menor uso de preservativo e o maior uso de álcool, sendo este consumo um fator estimulante da atividade sexual. O consumo do álcool também tem se mostrado um fator de risco para o uso de outras substâncias, principalmente na adolescência, período de grande vulnerabilidade para o uso de substâncias psicoativas (BRASIL, 2009a). Em relação ao uso de drogas, 98,2% dos adolescentes desta pesquisa disseram que não faziam uso. Já no percentual dos usuários de drogas, 1,8%, a maconha foi a droga referida com 0,9% e a cocaína foi a opção do adolescente também com 0,9%. O participante que referiu o uso da cocaína faz uso concomitante ao álcool. Quanto à tatuagem, 91,0% disseram que não possuíam, 6,3% eram tatuados e 2,7% dos adolescentes não responderam a questão. No que se refere ao uso de piercings, 9,9% tinham piercings e 8,1% não responderam ao questionamento. 43 5.3 Antecedentes pessoais Foi perguntado aos adolescentes sobre o período de ocorrência da primeira relação sexual e a idade desse evento, nos quais 59,5% dos entrevistados disseram que ainda não tiveram a primeira relação sexual e os demais, 40,5% optaram por ter (Figura 1). Figura 1 – Porcentagem de adolescentes que tiveram ou não a primeira relação sexual, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. Em relação à idade da primeira relação sexual, houve maior frequência entre 14 e 16 anos, o que corresponde a 75,5% dos adolescentes. A média geral de idade da iniciação sexual foi de 14,6 anos, tanto para o sexo masculino quanto para o feminino. Figura 2 – Porcentagem dos adolescentes segundo a idade na primeira relação sexual, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. 44 Apesar da média geral de iniciação sexual ser a mesma para ambos os sexos, a análise apontou que a idade da primeira relação sexual variou de homens para mulheres, visto que os homens iniciaram sua vida sexual mais cedo. Aos 12 anos, os homens tiveram sua iniciação sexual, atingindo o ápice aos 16 anos. No grupo formado pelas mulheres, a iniciação ocorre mais tardiamente, aos 13 anos, com maior evidência aos 14 anos (Figura 2). Esses resultados reforçam que a idade de iniciação sexual é cada vez mais precoce, principalmente para o sexo masculino (ROCHA, 2010). Dos adolescentes que informaram ter iniciado a vida sexual, 68,9% utilizaram preservativo masculino na primeira relação e 31,1% não se protegeram, ficando assim vulneráveis à gravidez, às DST e à AIDS. Observa-se que 81,8% dos entrevistados do sexo masculino e 56,5% das mulheres usaram preservativo na primeira relação sexual. Isso demonstra que a quantidade de meninas em risco de contrair alguma DST e HIV/AIDS é maior do que a de meninos, uma vez que 43,5% delas e 18,2% dos adolescentes não utilizaram preservativo na primeira relação sexual (Figura 3). Figura 3 – Porcentagem de adolescentes que usaram preservativo masculino na primeira relação sexual segundo o sexo, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. O fato das adolescentes apresentarem menor adesão ao uso do preservativo do que os garotos está correlacionado com a questão de gênero, uma vez que as mulheres se deparam mais com barreiras sociais que os homens (PIMENTEL; SILVA; SALDANHA, 2011). Para Recuero (2008) e Oliveira et al. (2009a), os valores culturais e sociais perpetuam a desigualdade feminina e sua subordinação, sempre 45 associando a mulher à passividade e dependência, dificultando cada vez mais seu posicionamento em relação ao uso e negociação do preservativo, “o que acaba por vulnerabilizá-la diante da DST/AIDS, na medida em que pode exercer pouca influência nas decisões referentes à sua sexualidade.” (SAMPAIO et al., 2011, p. 176). Rocha (2010) revelou em sua pesquisa que 79,3% dos adolescentes usaram o preservativo masculino na primeira relação sexual, e que os motivos para a não utilização é a confiança no parceiro, a falta de conhecimento sobre a utilização e a não previsão da relação pelos adolescentes. Entre os adolescentes aqui pesquisados e que iniciaram a vida sexual, 51,1% tiveram um parceiro sexual na vida, 39,9% relataram dois parceiros ou mais e 8,9% dos entrevistados não responderam a questão. Em relação a ter um relacionamento afetivo fixo, 64,9% (72 entrevistados) responderam não ter e 31,5% (35 entrevistados) dos adolescentes responderam ter um relacionamento afetivo fixo, atualmente, e 3,6%(4 entrevistados) não responderam a questão. Dos que responderam ter relacionamento afetivo fixo, 20% (7 estudantes) nunca tiveram relação sexual e foram excluídos dos parâmetros relacionados ao uso do preservativo com parceiro fixo. Dos 28 participantes restantes (80%), 7,1% (2 adolescentes) afirmaram não manter relação sexual com o atual parceiro fixo, 67,9% (19 adolescentes) se relacionavam sexualmente com o uso do preservativo, sendo a prevenção à DST e à gravidez, bem como a falta de confiança no parceiro, os motivos apresentados para sua utilização. Os 25% (7 estudantes) dos adolescentes que não utilizavam, justificavam o não uso pelos seguintes motivos: não praticar relação sexual com o parceiro atual, confiar no parceiro e a utilização de medicação contraceptiva. Ao cruzarmos os dados de adolescentes que já tiveram relação sexual (45 entrevistados) com o uso do preservativo com parceiro eventual verificou-se que 11,1% dos adolescentes disseram que não usaram preservativo com o parceiro eventual e não justificaram o não uso; 51,1% disseram que usaram, e alguns apresentaram justificativas como: evitar DST e gravidez, e por não conhecer o parceiro; 24,4% disseram não utilizar preservativo com o parceiro eventual, mas justificaram alegando que não o possuem; 13,3% não responderam a questão. No que se refere à frequência de uso do preservativo nas relações sexuais, ainda considerando só os que já tiveram relação sexual (45 participantes), 60,0% 46 dos entrevistados responderam que “sempre” usam o preservativo, 28,9% dos casos “às vezes”, 4,4% dos entrevistados “raramente”, 4,4% dos adolescentes “nunca”, 2,2% deles não responderam (Figura 4). Figura 4 – Porcentagem dos adolescentes segundo frequência de uso do preservativo nas relações sexuais, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. Recuero (2008) vem assinalando que o uso do preservativo não ocorre em todas as relações e que as justificativas para abrir mão do uso são a dificuldade de acesso, a estabilidade da relação, a fidelidade, o conhecimento do parceiro, as relações não programadas e a impulsividade. Ao questionar os entrevistados quanto alguma DST anterior, 100,0% responderam que não observaram esta ocorrência. Acredita-se que houve um viés de informação sobre a ocorrência de DST, uma vez que este assunto é de natureza íntima e pode causar constrangimento e desconfiança quanto ao sigilo das informações (MARTINS, 2005). Ao questionar as adolescentes sobre a gravidez, 93,3% disseram que não engravidaram e 6,7% disseram que já ficaram grávidas. Cerca de 78,3% das entrevistadas responderam não ter realizado o exame ginecológico nos últimos dois anos, enquanto que 21,7% realizaram este exame. 5.4 Fontes de Informação No presente estudo, quando verificadas, exclusivamente, as frequências referentes às fontes de informação, observou-se que os adolescentes estão 47 recebendo informações sobre DST e HIV/AIDS, em primeiro lugar, pela televisão (23,6%), em segundo pela internet (19,6%), em terceiro por meio de palestras em centros de saúde, escolas, igrejas (19,4%) e, por fim, em jornais (13,6%) e revistas (11,8%) (Tabela 3). Tabela 3 – Número e porcentagem dos adolescentes segundo as fontes de informação sobre DST e HIV/AIDS, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. Fontes de Informação¹ n % Televisão 90 23,6 Internet 75 19,6 Palestra (centro de saúde, escola, igreja) 74 19,4 Jornal 52 13,6 Revista 45 11,8 Rádio 19 5,0 Biblioteca 16 4,2 Outros² 11 2,9 Total 382 100,0 Nota: ¹ Questões de múltipla escolha multi-resposta. ² Outras fontes incluem: colegas, cursos, disciplinas da escola, em casa. As elevadas porcentagens relacionadas aos meios de comunicação em massa, como a televisão e a internet, representam a forte influência da mídia sobre o comportamento dos jovens, pelo fato dessa reportar frequentemente notícias sobre DST e HIV/AIDS (POSSEBON; LAZZAROTTO, 2005). As fontes de informação menos referidas pelos adolescentes em estudo foram o rádio (5,0%), a biblioteca (4,2%) e outros, como colegas, cursos, disciplinas da escola e no domicílio (2,9%). As várias fontes de informação citadas pelos adolescentes em estudo, nem sempre são fontes confiáveis ou embasadas no conhecimento científico e pedagógico adequado. Ressalta-se que a procura e a facilidade do acesso partem da necessidade, motivação e habilidade de cada adolescente (ROCHA, 2010). A televisão, o rádio, o jornal e a revista são fontes que “caracterizam-se pelos conteúdos narrativos simplificados, contribuindo, de alguma forma, para informações menos esclarecedoras e estereotipadas” (ROCHA, 2010, p. 109). De acordo com Martins et al. (2006), embora os adolescentes tenham um grande acesso às informações, a compreensão é escassa e insuficiente para promover um comportamento sexual seguro, pois as mensagens podem produzir 48 conceitos e explicações tanto errôneos quanto fantasiosos (BRASIL, 1998), o que pode levar a uma compreensão e a um entendimento inadequado quanto à proteção de sexo seguro. 5.5 Conhecimento sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV/AIDS 5.5.1 Significado de HIV/AIDS e DST para os adolescentes Buscou-se neste estudo compreender como os adolescentes constroem e entendem a questão do HIV/AIDS com base nas informações que eles adquirem, por meio da seguinte pergunta: “Você sabe o que é HIV/AIDS? Explique”. As respostas mais frequentes foram: Resposta 1: “Bem, HIV é o vírus que se pega quando duas pessoas tem relações sexuais sem o uso da camisinha.”(16 anos) Resposta 2: “É uma doença contagiosa que atinge tanto homem quanto a mulher.” (16 anos) Resposta 3: “Sim, HIV é o nome do vírus e AIDS é Síndrome da imunodeficiência causada pelo HIV.” (17 anos) Resposta 4: “É uma doença sexualmente transmissível que enfraquece bastante o sistema imunológico.” (16 anos) Resposta 5: “Doença sexualmente transmissível através obviamente por sexo oral, anal e normal sem uso de preservativo.” (16 anos) Resposta 6: “É uma doença que não possui cura apenas tratamento, e que se manifesta de várias maneiras.” (16 anos) Resposta 7: “Doença Sexualmente Transmissível, que não tem cura, mais existem medicamentos que ajudam o paciente.” (18 anos) Resposta 8: “HIV/AIDS é uma doença sexualmente transmissível (DST), que pode trazer sérias complicações tanto na saúde física, quanto psicológica.” (16 anos) Resposta 9: “São doenças sexualmente transmissíveis que também pode ser passada de pai para filho...etc.” (14 anos) Resposta 10: “É uma doença sexualmente transmissível.” (15 anos) 49 Resposta 11: “Sim é um vírus que pode causar a morte das células.” (17 anos) Analisando as respostas, pode-se observar que os significados construídos pelos adolescentes sobre a AIDS e as DST envolvem: doença contagiosa que afeta o sistema imunológico, não têm cura e pode levar a morte. Da mesma maneira, entendem que estas infecções são transmitidas por meio das várias maneiras de prática sexual desprotegida e também durante a gravidez. Algumas definições estão corretas, mas apresentam conceitos inconsistentes, por não especificarem o significado de sexo desprotegido, fazem confusão na forma de contágio, entre outros aspectos. São elas: Resposta 12: “Sim é um doença atualmente transmissível que acontece na primeira vez se não usar camisinha.” (17 anos) Resposta 13: “ HIV é o vírus da AIDS, transmitido no ato da relação sexual (se um dos parceiros tiver, no caso).” (17 anos) Resposta 14: “Doenças Sexualmente Transmissíveis que geralmente são transmitidas quando fazem sexo.” (17 anos) Resposta 15: “HIV é um vírus da AIDS, transmitido no ato da relação sexual.” (17 anos) Resposta 16: “HIV/AIDS são doenças que não tem cura e que é adiquirida quando faz sexo ou quando você nasce.” (16 anos) Resposta 17: “É uma doença sexualmente transmissíveis, que é transmitida pela relação sexual ou seringas de sangue contaminadas.” (15 anos) Alguns dos adolescentes conceituaram a infecção HIV/AIDS de forma negativa, o que leva a entender que o HIV/AIDS está relacionado à maneira como a sociedade constrói o seu significado, neste caso – a morte (RECUERO, 2008). Resposta 18: “Sei que não é bom.” (15 anos) Resposta 19: “É um vírus que mata.” (15 anos) Resposta 20: “Sei que é uma doença transmissível e que pode matar.” (17 anos) Resposta 21: “Mais o menos sei o básico, mais ela uma destruidora de vida.” (17 anos) Outros adolescentes definem formas de transmissão das DST e AIDS, mas, o conhecimento sobre a doença é insuficiente, com conceitos errôneos, como se pode observar a seguir: 50 Resposta 22: “É uma doença sexualmente transmissível, e os principais sintomas são manchas nas regiões genitais.” (16 anos) Resposta 23: “São doenças que são adquiridas, com relação sexual, usando tabacos, sem ter uma orientação médica.” (16 anos) Resposta 24: “Sim, é uma doença sexualmente transmissível, um câncer.” (16 anos) No que se refere ao conhecimento sobre DST, responderam a seguinte pergunta: “Você sabe o que é DST? Cite as DST’s que você conhece.” Na definição de DST e HIV/AIDS, a maioria dos participantes da pesquisa definiu a sigla DST, demonstrando que as referidas doenças são transmitidas por meio do sexo. Ao exemplificarem as principais doenças, as mais citadas foram: AIDS, câncer no útero, cancro mole, chato, corrimento vaginal, gonorréia, herpes, hepatite, HIV, HPV, “sapinho”, sífilis e tricomoníase. É perceptível nas respostas acima que os participantes da pesquisa tiveram acesso as informações sobre DST em algum momento da vida. Dados da PeNSE (BRASIL, 2009a) revelam que 87,5% dos estudantes da rede pública e 89,4% da rede privada, receberam informações sobre AIDS e outras DST. 5.5.2 Sinais e sintomas das DST Aos adolescentes participantes foi perguntado: “Quais os sinais e sintomas que podem indicar DST?”. Não souberam responder 32,4%, e 67,6% citaram as manifestações clínicas, como: “feridas nos órgãos genitais”, “manchas pelo corpo”, “verrugas”, “caroços”, “pus”, “febre”, “mal-estar”, “fraqueza”, “secreções/corrimentos com mau cheiro”, “dores nas partes íntimas”, “bolhas”, “ardor”, “sangramentos”, “coceira”, “inchaço dos genitais”, “anormalidades nos órgãos sexuais”, “olhos amarelados”, “emagrecimento”, “enjôos”, “tontura e dor de cabeça”. Resposta 1: “Manchas nos órgãos genitais, corrimentos, feridas nos órgãos genitais e por todo corpo.” (16 anos) Resposta 2: “Ferimentos na parte íntima quando é sintomática e quando é assintomática não apresenta sintomas.” (16 anos) As manifestações clínicas citadas, embora inespecíficas, estão indicando que os adolescentes sabem identificar a presença de algum indício das DST e HIV/AIDS. 51 5.5.3 Formas de transmissão e prevenção As principais formas de transmissão de DST e HIV/AIDS citadas pelos adolescentes foram: Resposta 1: “Relação sexual contato com sangue de uma pessoa com HIV.” (17 anos) Resposta 2: “Sexo sem camisinha.” (15 anos) Resposta 3: “Fazendo sexo com as pessoas que tem a doença (sem preservativo), usando seringas.” (17 anos) Resposta 4: “Compartilhando agulhas, pertences pessuais, e sexualmente.” (14 anos) Resposta 5: “Com uma relação sexual, sem ser com um parceiro fixo, e sem preservativo. Pode sim causar algumas doenças, usar coisas que são compartilhada, etc.” (16 anos) Resposta 6: “Não usar preservativo correto.” (17 anos) Resposta 7: “Uma pessoa que tem AIDS usa uma siringa e repasse essa siringa para outra pessoa que talvez não saiba que a outra tenha AIDS é uma das formas de se pegar essa doença.” (16 anos) Resposta 8: “Relação sexual sem camisinha, pinser de outras pessoas.” (15 anos) Resposta 9: “Quando fazem sexo ou ser um nascimento de criança que nasce de uma mãe contaminada, ou quando você tem que tomar sangue de outra pessoa.” (16 anos) Resposta 10: “As formas são o sexo sem camisinha e o sexo oral” (15 anos) Resposta 11: “Sexo sem camisinha, compartilhar ciringas, escova de dentes etc.” (14 anos) Resposta 12: “Uso de materiais cortantes sem esterilizar, sexo sem preservativo, entre outros.” (18 anos) Resposta 13: “Através de relações sexuais desprotegidas e não planejadas.” (16 anos) Resposta 14: “Se o parceiro for portador de DST e você fazer relações sexuais com ele sem camisinha.” (16 anos) Resposta 15: “Troca de seringas.” (16 anos) 52 Resposta 16: “Geralmente por contato sexual, ou pelo sangue, e por compartilhamento de objetos cortantes como seringas, giletes, facas.” (17 anos) Resposta 17: “Por falta de cuidados na hora da relação íntima, as vezes por agulhas, usar roupas íntimas de outras pessoas, etc.” (16 anos) Percebe-se que os adolescentes ao se expressarem sobre as formas de transmissão das DST e HIV/AIDS repetem as informações obtidas como “receita de bolo”, ou seja, de forma decorada, como se nota nas respostas acima. Isso demonstra que os adolescentes já receberam orientações, em algum momento de vida, mas não permite avaliar a qualidade dessas nem o contexto em que foram recebidas (RECUERO, 2008). Algumas respostas, como as citadas abaixo, demonstram conhecimento insuficiente sobre transmissão, o que pode levar a “uma compreensão repleta de dúvidas e entendimentos equivocados.” (RECUERO, 2008). Resposta 18: “Usando mesmo copo, colher, etc..” (15 anos) Resposta 19: “Sexo e encostamento de corpo.” (15 anos) Resposta 20: “... contato pessoal, tipo beijo, aperto de mão e etc.” (17 anos) Resposta 21: “Não usar os métodos de prevenção.” (16 anos) Resposta 22: “Sexo... DST, talvez beijos.” (17 anos) Resposta 23: “Pelo sexo, se tiver algum machucado na boca eu acho que passa também.” (17 anos) No que se refere às formas de prevenção, os adolescentes citaram: Resposta 24: “Não tendo relações ou prevenindo-se de doenças utilizando métodos naturais, e tendo relações com um parceiro fixo e de confiança.” (16 anos) Resposta 25: “Usando sempre os métodos consepetiveis, camisinha, pirulas e outros.” (16 anos) Resposta 26: “Usando, camisinha, tomando pírulas.” (15 anos) Resposta 27: “Preservativos, ida ao hospital, evitar usar coisas íntimas do colega.” (16 anos) Resposta 28: “Usar preservativo sempre evitar trocar de parceiros toda hora.” (15 anos) Resposta 29: “Usar camisinha, não ficar beijando pessoas frequentemente, e etc.” (17 anos) Resposta 30: “Camisinha, conhecer super bem a parceira, evitar deslises.” (15 anos) 53 Resposta 31: “Escolhendo a pessoa certa para tranzar e utilizar seu preservativo.” (18 anos) Resposta 32: “Usar preservativo e ter só um parceiro.” (16 anos) Resposta 33: “Usar camisinha, ir ao ginecologista, usar direitinho os preservativos e os remédios contra isso.” (16 anos) Resposta 34: “Usando preservativo e evitando contato com o sangue da pessoa contaminada” (17 anos) Resposta 35: “Preservativos e comprimidos.” (16 anos) Resposta 36: “Usar camisinha é o mais seguro.” (16 anos) Resposta 37: “Eu acho que a forma de evitar é usando camisinha.” (17 anos) Resposta 38: “Usando preservativo?.” (16 anos) Apesar das respostas apresentarem formas de prevenção corretas, algumas expõem fatores que não conferem prevenção. Ao analisar as falas dos entrevistados, pode-se notar que existe uma confusão quanto aos métodos de prevenção das DST e HIV/AIDS e da gravidez. De acordo com Menezes (2007), esta confusão é de certa forma aceitável, pois a camisinha exerce um duplo papel de prevenção. Mas, ao mesmo tempo, essa concepção é preocupante, pois aponta que as informações que os adolescentes têm sobre o assunto não foram bem processadas, o que produz um conhecimento deficiente e um autocuidado insuficiente. Ao perguntar aos adolescentes se eles se consideravam em risco de adquirir uma DST ou HIV/AIDS, 81,0% responderam negativamente a questão e 19,0% afirmaram que sim (Figura 4). Dentre os que responderam não estar em risco, estão os adolescentes que não tiveram relação sexual até o momento, o que para eles é suficiente para não se considerarem em risco, expresso na seguinte frase: “não, porque sou virgem.” (16 anos). 54 Figura 4 – Porcentagem dos adolescentes que se consideram em risco de adquirir uma DST ou HIV/AIDS, do Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. Daqueles que tiveram a primeira relação sexual sem camisinha, 31,1% (14 alunos), apenas um entrevistado se considerava em risco. Dentre os 13 adolescentes restantes que não se consideravam em risco, cinco referiram sempre usar preservativos, oito referiram às vezes e raramente o uso da camisinha e um não respondeu a questão. Pelo exposto, infere-se que não está claro para os adolescentes que o risco de infecção com alguma doença depende do comportamento assumido, diante da utilização ou não do preservativo (RECUERO, 2008). Ainda sobre o grupo que não se considerou em risco, estão os adolescentes que possuíam parceiro fixo. O fato de conhecer e confiar no parceiro afasta a percepção do risco de adquirir AIDS, aumentando a vulnerabilidade à infecção HIV. Essa confiança tem influência no uso ou não do preservativo, uma vez que, está baseada em valores românticos, no qual é inaceitável que o parceiro “amado” possa ter o vírus (VIEGAS-PEREIRA, 2000). Essa informação pode ser ilustrada nas seguintes falas: Resposta 1:“Porque faço sexo com um parceiro fixo.” (16 anos) O grupo de adolescentes que respondeu considerar-se em risco apresentou os seguintes argumentos: Resposta 2: “Existe várias maneira de adiquirir, vai que acontece comigo.” (16 anos) Resposta 3: “Ninguém está imune.” (16 anos) 55 Resposta 4: “Porque meu parceiro sexual pode não me informar que tem DST, por meio de beijos também, ou falta de preservativo, porque na hora você não pensa.” (16 anos) Resposta 5: “Porque pode acontecer de esquecer do preservativo, ou falta de informação do parceiro.” (15 anos) Resposta 6: “Porquê todo mundo corre esse risco.” (16 anos) Resposta 7: “Pois pode ser transmitida também por seringas contaminadas, etc.” (15 anos) Resposta 8: “Porque não é toda vez que uso camisinha com meu esposo, eu sei o que eu faço já não sei ele.” (17 anos) Resposta 9: “Tenho relação sexual com minha parceira e todas as pessoas que tem relação corre o risco de doença.” (18 anos) Quando verificadas as frequências referentes aos locais onde o preservativo pode ser adquirido, constatou-se o centro de saúde com 37,4%, que assumiu o primeiro lugar, seguido de farmácia (34,1%), mercados e supermercados (20,3%), escola (6,1%), e outros (2,0%) como padaria, domicílio, além dos postos de gasolina (Tabela 4). Tabela 4 – Número e porcentagem dos adolescentes segundo locais onde o preservativo pode ser adquirido, Centro Educacional 123 de Samambaia, no ano de 2011. Locais onde o preservativo pode ser adquirido n % Centro de saúde 92 37,4 Farmácia 84 34,1 Mercados e supermercados 50 20,3 Escola 15 6,1 Outros¹ 5 2,0 246 100,0 Total Nota: ¹ Outros locais incluem: padaria, domicílio e posto de gasolina. Segundo a Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas da População Brasileira de 15 a 64 anos, do ano de 2008, (BRASIL, 2009b) 37,7% dos jovens de 15 a 24 anos adquirem preservativos nos serviços de saúde e 16,5% desse mesmo público conseguem os preservativos nas instituições de ensino. A PeNSE (BRASIL 2009a) aponta que 71,4% de escolares da rede pública e 65,4% dos estudantes da rede privada haviam recebido informações sobre a obtenção de preservativos gratuitamente. Isso demonstra que os estudantes têm a informação e o acesso facilitado para a obtenção de preservativos. 56 6. Conclusão O presente estudo verificou falhas na construção do conhecimento dos adolescentes em relação à prevenção e transmissão de DST e HIV/AIDS, situação esta que pode interferir diretamente nas práticas sexuais desse grupo. Em geral, ao iniciarem a vida sexual precocemente, os adolescentes não estão preparados biologicamente para tal ato e também não possuem conhecimento suficiente para identificarem os fatores que os expõem à vulnerabilidade relativa à DST/HIV. Além disso, o uso do álcool também é um dado relevante no que se refere ao início da atividade sexual precoce, uma vez que a análise dos dados comprova essa assertiva. A maioria dos adolescentes tinha 16 anos de idade, eram do sexo feminino, solteiros(as), pardos(as), adeptos a religião católica e não exerciam atividade remunerada. Quando se considera a questão da idade, os meninos começaram a vida sexual mais precocemente do que as meninas, entretanto, aos 14 anos de idade o contato sexual prevalece, em maior porcentagem, entre as meninas; já nos meninos, a maior porcentagem alcançada foi aos 16 anos. O uso do preservativo foi identificado pelos adolescentes como a melhor forma de prevenção de DST/HIV, embora nem todos utilizem esse método. Apesar da maioria dos estudantes usarem a camisinha, o seu uso esteve condicionado ao conhecimento e a confiança no parceiro, a prevenção de DST, gravidez e as questões de gênero. Isso significa que as mulheres se protegeram menos do que os homens. Outros fatores responsáveis pela dispensa de preservativos são a confiança no(a) parceiro (a) e o simples fato de conhecer a pessoa. Infere-se que os adolescentes não identificam fatores de risco, e submetem sua saúde à responsabilidade de outrem. As fontes de informações utilizadas pelos jovens foram, principalmente, os meios de comunicação em massa, os quais possuem caráter essencialmente informativo e pouco esclarecedor, não permitindo a solução de dúvidas ou a construção de um conhecimento em conjunto que os levam a refletir em suas ações. 57 Identificou-se que os adolescentes sabem quais são as principais DST, assim como, reconhecem alguns sinais e sintomas, mesmo que inespecíficos. Infere-se que esse conhecimento pode ser importante na identificação de problemas. No que se refere aos mecanismos de transmissão, os adolescentes compreendem as principais formas de contágio, mas alguns ainda cometem equívocos tais como o uso de copos e talheres e o “enconstamento de corpo”. Assim, a maioria dos jovens acha que sabe, ou melhor, sabe, de forma decorada, o que deve ser feito para prevenir-se de DST e HIV/AIDS. Porém, verificou-se que nem sempre há práticas dessas ações de prevenção por dificuldades em relação ao uso do preservativo. Isso reforça que os adolescentes aprendem, recebem o conhecimento, mas não apreendem, ou seja, não há uma mudança de comportamento frente ao risco da atividade sexual. Outro fator importante quanto à prevenção, é o conhecimento por parte dos adolescentes quanto à outras formas de prevenção no que diz respeito às DST, como o não compartilhamento de lâminas, agulhas, seringa, entre outros. Frente a todos os dados levantados, as DST e HIV/AIDS são consideradas passíveis de prevenção mediante ações educativas a respeito de sexualidade e reprodução nas escolas, na comunidade e na família. 7. Considerações finais Por todas as características físicas, biológicas e psicológicas que pertencem ao grupo dos adolescentes, pelo tempo que eles passam na escola, pela interação que eles possuem com as pessoas já conhecidas, entende-se que é na escola que o assunto da DST e HIV/AIDS deve ser mais tratado. A facilidade de discussão contínua com os colegas e professores permite maior interação, compartilhamento de experiências e melhor absorção do conhecimento quando comparado a um tempo dispendido para ir à palestras momentâneas e com pessoas desconhecidas. Com isso, recomenda-se que sejam criados espaços de discussão nas escolas entre os adolescentes, e que esses espaços não sejam apenas vinculados a matérias e notas, mas que possuam um caráter permanente com o objetivo de construir a responsabilidade dos adolescentes em relação à sua própria saúde e à saúde do próximo. Cursos para a formação de adolescentes “multiplicadores” 58 também devem ser implantados com a finalidade de constituir fóruns de discussão adolescente-adolescente, uma vez que a comunicação entre eles é melhor e mais fácil quando comparada com adultos. Os profissionais da área de educação também devem ser capacitados para propagarem as informações sobre as DST e HIV/AIDS. A televisão, a internet, os jornais e as revistas têm caráter informativo e um papel importante na aquisição de conhecimento pela população. Isso posto, reforçamos o investimento nas campanhas educativas, a fim de que utilizem esses meios de comunicação em massa voltados ao público adolescente. A equipe de enfermagem dos Centros de Saúde, grande provedores de preservativos citado pelos adolescentes, deve se atentar para ações educativas de maior alcance e permanência e não apenas se limitar a entrega das camisinhas. As ações de educação em saúde devem ser mais atrativas e dinâmicas, além de serem capazes de empoderar os adolescentes em relação às informações sobre sua saúde. Por fim, identificou-se que o tema é extenso, e que apesar de existirem muitas produções sobre o assunto, há sempre a necessidade de estudos constantes nesta área com a finalidade de avaliar se as ações de educação em saúde estão sendo efetivas, como está sendo a apreensão do conhecimento pelos adolescentes, qual o papel dos pais na construção desse conhecimento e os motivos para a utilização ou não do preservativo. 59 8. Referências Bibliográficas ALMEIDA FILHO, A. J. et al . O adolescente e as drogas: conseqüências para a saúde. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 11, n. 4, dez. 2007. AYRES, J. R. C. M. et al. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. In: CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. (Org). Promoção da saúde: Conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. 174 p. 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( ) 0 a 10 ( ) 11 a 20 ( ) 21 ou mais 10. Você bebe? ( ) não ( ) sim. 10.1 Se sim, qual a frequência? ( ) 1 vez na semana ( ) 2 vezes na semana ( ) 3 vezes ou mais 65 11. Você usa drogas? ( ) não ( ) sim. 11.1 Se sim, qual? ( ) maconha ( ) crack ( ) ecstase ( ) cocaína ( ) heroína ( ) Outros:_________ 12. Compartilhou seringas ou agulhas no uso das drogas injetáveis? ( ) não ( ) sim. 13. Possui tatuagem? ( ) não ( ) sim. 14. Possui piercing? ( ) não ( ) sim. C) ANTECEDENTES PESSOAIS 15. Já teve a primeira relação sexual? (Se não, ir para questão nº 20) ( ) não ( ) sim. 15.1 Se sim, em qual idade?_____________ 15.2 Se sim, usou preservativo na primeira relação sexual? ( ) não ( ) sim 16. Qual o número de parceiros sexuais na vida?_______________ 17. Tem algum relacionamento afetivo(fixo) atualmente? ( ) não ( ) sim. 17.1 Sem sim, usa preservativo com parceiro fixo? ( ) não ( ) sim, porque______________________________________________ 18. Usa preservativo com parceiro eventual? ( ) não ( ) sim, porque______________________________________________ 19. Frequência do uso do preservativo? ( ) sempre ( ) às vezes ( ) raramente ( ) nunca 20. Já teve Doença Sexualmente Transmissível? ( ) não ( ) sim. (Se for do sexo masculino, ir para a questão nº 24) D) ANTECEDENTES PESSOAIS (feminino) 66 21. Já ficou grávida? ( ) não ( ) sim. 21.2 Se sim, quantas vezes? ( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ou mais. 22. Já realizou exame ginecológico (papanicolau) nos últimos 2 anos? ( ) não ( ) sim. E) FONTE DE INFORMAÇÃO 23. Onde obtém informações sobre DST e HIV/AIDS? ( ) televisão ( ) internet ( ) rádio ( ) biblioteca ( ) jornal ( ) palestras (centro ( ) revista de saúde, escola, igreja) ( ) outros: _______ F) CONHECIMENTO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DST) e HIV/AIDS 24. Você sabe o que é HIV/AIDS? Explique. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 25. Você sabe o que é DST? Cite as DST que você conhece. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 26. Quais sinais/sintomas que podem indicar DST? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 27. Quais são as formas de transmissão das DST e HIV/AIDS? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 28. Quais são as formas de evitar as DST e HIV/AIDS? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 29. Você se considera em risco de adquirir uma DST ou HIV/AIDS? 67 ( ) não ( ) sim. Porquê? _________________________________________ 30. Onde você pode conseguir preservativo? ( ) Farmácia ( ) Mercados e Supermercados ( ) Centro de saúde ( ) outros: _____________________ ( ) Escola 68 APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Estamos lhe convidando a participar do projeto: “Conhecimento dos adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal sobre prevenção e transmissão de DST/HIV”. Realizado por Kamilla Barros Botelho e Thais Ribeiro de Carvalho, alunas do curso de graduação de enfermagem da Universidade Católica de Brasília – UCB, sob a orientação da Profa. Dra. Maria do Socorro Nantua Evangelista. Esse projeto tem como objetivo verificar o conhecimento de adolescentes escolares de 14 a 19 anos de idade sobre a prevenção e a transmissão das DST/HIV. A sua participação será através de um questionário aplicado pelas pesquisadoras, com um tempo estimado para o seu preenchimento de 20 minutos. Não existe, obrigatoriamente, um tempo pré-determinado para responder o questionário, sendo respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Informamos que você pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para você no seu entendimento. Esclarecemos que o questionário é anônimo, não havendo necessidade de colocar nome ou identificação. Asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a). Os dados fornecidos por você durante a aplicação do questionário serão utilizados posteriormente para análise e produção científica, entretanto garantimos que você receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa. Os resultados da pesquisa serão divulgados no Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem e para a Secretaria de Educação do Distrito Federal. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda das pesquisadoras. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. 69 Em caso de dúvidas em relação à pesquisa, por favor, entre em contato com a Profa. Dra. Maria do Socorro Nantua Evangelista, na instituição Universidade Católica de Brasília, telefone: (61) 3356-9225, no horário de 13h00min às 19h00min. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com as pesquisadoras responsáveis e a outra com o sujeito da pesquisa. Declaração do Ciente Eu, _______________________________________, declaro que após tomar conhecimento destas informações, aceito participar da presente pesquisa. Além disso, declaro ter recebido cópia deste consentimento e que uma cópia assinada por mim será mantida com as pesquisadoras. _______________________________________ Assinatura do aluno _______________________________________ Assinatura do responsável legal Declaração do pesquisador Declaro, para fins da realização da pesquisa, que cumprirei todas as exigências acima, na qual obtive de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e esclarecido do declarante acima, qualificado para a realização desta pesquisa. _______________________________________ Pesquisadora Responsável Brasília – DF, ____ de _______________ de ________. 70 Anexo 1 – Parecer Consubstanciado de Projeto de Pesquisa 71 72