No Brasil, 11 mil pessoas têm câncer de esôfago

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PARAÍBA, DOMINGO, 7 DE AGOSTO DE 2011
GERAL
FOLHAPRESS
SAÚDE/ Garganta e laringe também são atingidos por cânceres
Fumo e álcool
causam maioria dos
tumores de boca
(de 0,1 a 233,6 g de etanol por
ano, sendo que uma lata de cermaior estudo do gênero veja tem 14 g de etanol), tinham
já feito na América Lati- chance 2,26 vezes maior do que
na, com ênfase no Brasil, os abstêmios de ter câncer de
revelou que fumantes e bebedo- esôfago.
res regulares de álcool têm maioJá os 25% que mais beberam
res riscos de câncer na boca, fa- (mais de 2 kg de etanol por ano
ringe, laringe e esôfago, como já ou 142 latinhas) aumentavam o
se previa de acordo com dados risco de desenvolver o tumor em
de outros países.
9,26 vezes.
O
resultado Equipe foi
Dos bebedomais impactante do coordenada
res de álcool, os
que
consumiam
estudo foi mostrar
destilados tiveram
que o uso simultâ- pela Agência
neo de álcool e ta- Internacional
um risco 12 vezes
maior de câncer no
baco teve um efeito de Pesquisa
esôfago. Os dados
multiplicador: 65%
sobre
o
Câncer
também indicam
dos 2.252 casos de
câncer avaliados esque quem parar de
tavam entre bebedores que tam- fumar e beber reduz o risco de
ter câncer nessas regiões.
bém fumavam.
A equipe de doze pesquisaO estudo mostrou que quem
bebe ou fuma mais tem maior dores, dos quais seis brasileiros,
risco da doença. Os 25% que be- foi coordenada pela Agência Inberam menos ao longo da vida ternacional de Pesquisa sobre
RICARDO BONALUME NETO
O
o Câncer, com sede em Lyon,
França.
Participaram pesquisadores
de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Dos
2.252 pacientes, 1.750 vieram do
Brasil, 309 da Argentina e 193 de
Cuba. O estudo foi publicado na
revista “Cancer Causes Control”.
“O câncer é resultado de um
processo longo de agressão ao
organismo, até que uma célula
fique tumoral”, diz Sergio Koifman, da Fiocruz (RJ), um dos
autores.
Os pesquisadores descartaram outra causa possível de câncer no grupo estudado, o vírus
HPV, pelo baixo nível de infecção
presente.Estudo do Instituto do
Câncer do Estado de São Paulo,
com 26,1 mil pacientes, mostra
que 11% dos pacientes de câncer
ali atendidos dizem consumir
bebidas alcoólicas em excesso.
(Da Folhapress)
CUIDADOS Números do maior
estudo do gênero já feito na América
Latina, com ênfase no Brasil, alertam
para os riscos de quem bebe, fuma ou
combina esses dois hábitos
ENTRE AS ‘10 MAIS’
No Brasil, 11 mil pessoas têm câncer de esôfago
RUTH J.
O
ator Marcos Paulo está
fazendo tratamento para
se curar de um câncer no
esôfago. Pouco se fala sobre o esôfago – o tubo muscular que liga a
garganta ao estômago. Mas o câncer de esôfago está entre os dez
mais incidentes no Brasil, sendo o
sexto colocado entre os homens e
o nono entre as mulheres, de acordo com dados do INCA (Instituto
Nacional do Câncer). Uma pesquisa do mesmo Instituto revela que,
em 2010, o número de casos esta-
va perto de 11 mil em todo País,
sendo 7.890 em homens e 2.740
casos detectados em mulheres.
Já um estudo iraniano, divulgada
em 2009 pela revista especializada British Medical Journal, destaca a teoria que liga o consumo
regular de bebidas muito quentes
a danos no revestimento interno
do esôfago.
De acordo com o gastroenterologista e cirurgião oncológico
Dino Altmann, diversas são as causas, incluindo histórico familiar
e associação genética. Mas uma
coisa é certa, segundo o especia-
lista: hábitos de vida e alimentares
são fortes fatores de risco – entre
eles o de ingerir bebidas quentes
e alcoólicas, além do tabagismo e
dentes mal conservados. “Não se
conhece o mecanismo específico
que origina o câncer. A esofagite,
que é uma inflamação do esôfago,
decorrente do refluxo gastro-esofágico também predispõe a um
tipo específico de câncer da porção
mais baixa do esôfago, junto à sua
junção com o estômago”, explica o
especialista. Ele afirma ainda que
a falta de nutrientes também é fator de risco, já que a proteção do
189238
órgão se dá também pela ingestão
de fibras, de vitaminas A, C e Carotenóides (alimentos de cor amarelo, alaranjado, vermelho e verde).
Detecção - Neste tipo de câncer, as células malignas começam
a se desenvolver no revestimento
interno do órgão e, conforme a
evolução dos tumores, eles podem
atingir outras camadas mais profundas do esôfago. É uma doença
bastante grave já que, em sua fase
inicial, o câncer de esôfago não
apresenta sinais. E os sintomas característicos, como dificuldade ou
dor ao engolir, dor torácica ou atrás do osso
que fica no meio do
peito, náuseas, vômitos
ou perda de apetite e
peso, podem aparecer
quando a doença já estiver avançada. “É muito importante para o
tratamento que a detecção seja precoce, já que
é uma doença muito
agressiva e letal. O fato
de o esôfago possuir
uma rede muito extensa de vasos linfáticos
logo abaixo do revestimento interno, pode
rapidamente provocar
a disseminação para
os gânglios linfáticos e
chegar a metástases”,
explica Dr. Altmann.
Estão associadas
também à incidência
deste tipo de tumor a
existência de outros
problemas do órgão,
como acalasia (falta de
relaxamento do esfínc-
ter entre o esôfago e o estômago),
esôfago de Barrett (crescimento
anormal de células do tipo colunar no revestimento interno do
esôfago). Podem provocar a doença também a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV); a tilose
(espeçamento da pele nas palmas
das mãos e na planta dos pés); e
a Síndrome de Plummer-Vinson
(deficiência de ferro).
Prevenção e tratamento
– Uma dieta rica em frutas e legumes é fundamental. Além disso,
evitar o consumo frequente de
bebidas muito quentes, alimentos
defumados, bebidas alcoólicas e
hábitos tabagistas (não somente o cigarro, como mascar fumo,
fumar charuto e outros também
são um risco). Atividades físicas
também são muito recomendadas, pois fortalecem o organismo
em qualquer situação. Na maioria
dos casos, a cirurgia está indicada. Dependendo da extensão da
doença, a cura não acontece e o
tratamento pode ser apenas paliativo, através de quimioterapia
e/ou radioterapia. (Da EPNews)
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