Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 Rotação ou Translação? Jorge Silveira Botelho Luís Sancho As informações prestadas neste documento têm um carácter meramente analítico, não se constituindo como proposta de investimento. Pag. 2 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 Rotação Translação TrumpEconomics Inflação Brexit Obrigações Ações Euro Populismo Inflação Terrorismo Pag. 3 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 Introdução Apesar dos múltiplos eventos que ocorreram desde agosto de 2015 nos mercados financeiros, fruto dos mais variados temas económicos, políticos e microeconómicos, o atual ciclo económico parece mostrar-se mais resistente e mais duradouro do que muitos antecipavam. No último ano, o risco geopolítico assumiu uma dimensão significativa, onde alguns dos efeitos perversos da globalização motivaram um empobrecimento, agravando as desigualdades e acentuando o descontentamento. O Populismo assume-se como o grande risco de translação de um sistema económico previsível assente num regime liberal e democrático, para uma maior incerteza económica, refém de regimes autoritários e protecionistas. No entanto, o maior risco económico provocado pela globalização - o fenómeno deflacionista, começa finalmente a dar indícios de esmorecer, fruto da gradual redução de excesso de capacidade produtiva instalada. Neste sentido, pode ser esta a altura de tentar antecipar significativas alterações nas políticas económicas, cujas consequências, podem traduzir-se numa importante Rotação de Ativos. Pag. 4 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 Índice 1 O que está mudar? 2 Conclusão Pag. 5 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Pag. 6 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Melhorou o cenário económico global… Reservas estáveis Menos dúvidas sobre a China (a curto prazo) +100% Aumento de preços de petróleo desde os mínimos de 2016 (Brent) +20% Recuperação dos mercados desde os mínimos de 2016 (bolsas mundiais MSCI) -190pb Melhoria das condições financeiras nos EM (Descida do prémio de risco EMBI) Fonte: BBVA Research. Evolução observada desde 10/11/2015 Pag. 7 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Crescimento O ciclo económico mantém a sua tendência dos últimos anos, caracterizada por crescimentos baixos mas sustentados. O espectro de uma recessão iminente está cada vez mais afastado, com economia global a continuar a crescer na vizinhança dos 3%. Fonte: BBVA Research Nesta segunda metade do ano tem-se constatado uma melhoria da atividade económica a nível global. O PIB americano nesta segunda metade do ano registou um crescimento de cerca 3% no segundo semestre. Por seu turno, assistimos ao bom desempenho das economias emergentes. Global PMI Fonte: BBVA Research Pag. 8 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Desemprego… Após o colapso das economias em 2008, o desemprego a nível global tem iniciado gradualmente a sua trajetória descendente. Esta realidade está bem patente nas economias americana e japonesa, onde o emprego voltou a níveis de pré-crise. Na Europa, apesar deste movimento estar a ocorrer mais lentamente, o nível de desemprego na Alemanha é o mais baixo das últimas décadas, enquanto que em França os recentes dados apontam para uma melhoria importante no mercado de trabalho. Fonte: Morgan Stanley Fonte: Bloomberg, BBVA AM Pag. 9 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Inflação Nas economias desenvolvidas temos assistido a uma alteração das dinâmicas da inflação, sobretudo nos EUA e na Zona Euro. De salientar que na China o índice de preços do produtor entrou em terreno positivo ao fim de 5 anos. Países Desenvolvidos Inflação 5y5y Em temos globais, esta dinâmica traduz-se numa maior convergência da inflação a nível global. Abandonámos o estigma da deflação para incorporarmos a percepção de um mundo com inflação baixa. Fonte: BBVA Research Zona Euro Inflação Pag. 10 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Preços dos commodities Um dos proxy da recuperação da atividade global é sem duvida a significativa recuperação generalizada dos preços dos commodities. Assistimos a uma subida significativa dos preços do crude, que praticamente duplicaram desde os mínimos de fevereiro 2016, dos preços dos metais industriais e a uma importante estabilização dos preços dos principais commodities agrícolas. cobre Fonte: Bloomberg, BBVA AM Fonte: Bloomberg, BBVA AM Pag. 11 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Emergentes Assistimos a uma melhoria significativa dos desequilíbrios externos na maioria dos países. A maior estabilização da economia chinesa e o bom funcionamento dos controles de capitais têm evitado uma descida excessiva das reservas, tendo-se recentemente assistido a uma estabilização do Yuan. O Brasil começou a inverter a sua espiral de desvalorização e de subida de inflação, o que permitiu ao Banco Central, pela primeira vez em 4 anos, começar um novo ciclo de descida de taxas de juro. Evolução da Balança de Transacções Correntes Fonte: DB Pag. 12 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Bancos Centrais Os principais Bancos Centrais, FED, BCE e BoJ, evidenciam cada vez mais uma maior coordenação das suas políticas monetárias. A FED já está no processo de normalização, o BCE parece cada vez mais focado na definição do Exit em 2017, enquanto que o BoJ está demorado... Fonte: Bloomberg, BBVA AM O BCE assumiu em 2016 que o propósito da política monetária foi atingido, ao mesmo tempo que, são cada vez mais frequentes os alertas para os efeitos perversos subjacentes às taxas de juro negativas... Fonte: Bloomberg Fonte: Pag. 13 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? A Rotação das Políticas Económicas Independentemente das condições económicas se manterem acomodatícias por um período prolongado, a política monetária já fez o seu papel de estabilizador da atividade económica, abrindo o espaço para a entrada gradual da política fiscal. Pag. 14 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Risco Geopolítico… A crise económica provocou grandes clivagens nas sociedades mais desenvolvidas, agravando a desigualdade. O Brexit e a vitória de Donald Trump foram o resultado disso mesmo e continuam a ser um fator de incerteza… No entanto, na Europa há que assinalar que os riscos de contágio político permanecem latentes, dada a persistência de algumas vulnerabilidades económica e financeiras... A imprevisibilidade da nova política americana constitui um importante fator de risco global, que pode ter reflexos na volatilidade de moedas, commodites, taxas de juro e nos mercados acionistas globais... Fonte: Bloomberg, BBVA AM Pag. 15 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Principais riscos Apesar de uma capacidade de resistência das dinâmicas endógenas da atividade económica global, persistem fatores de incerteza … Desaceleração Pag. 16 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Comportamento das Classes de Ativos Menos política monetária e melhor política fiscal significa que vamos assistir a uma maior normalização das taxas de juro e da procura de ativos reais. A subida da inflação suporta o comportamento do mercado acionista versus obrigacionista. Diferencial taxa de juro 5y DM-EUA Fonte: CSl Fonte: Bloomberg, BBVA AM Portugal Pag. 17 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 O que está a mudar? Comportamento das Classes de Ativos As atuais valorizações dos mercados acionistas enquadram-se dentro do range das valorizações históricas. Em termos relativos e dada a elevada rentabilidade por dividendo, as atuais valorizações acomodam bem uma subida das taxas de juro, tanto mais que se começa a assistir de novo a uma recuperação global dos benefícios, com especial incidência na Europa e Estados Unidos. Rácios de revisões de lucros por acção Os lucros por ação estão de novo a recuperar, sendo que a uma inflação moderada está associada uma maior capacidade de pricing power, que se traduz em maiores margens e consequentemente em maiores lucros. Fonte: Bank of America Merril Lynch Pag. 18 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 Conclusão Crescimento Emprego Inflação Política Monetária Política Fiscal + Melhor - Pior = Inalterado + Ações Taxa de juro --- Crédito - Commodities + Volatilidade = + ++ + + + Pag. 19 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 Conclusão O grande sucesso dos Bancos Centrais foi acabar com a fragmentação financeira e permitir aos Estados, às empresas e às famílias, uma reestruturação passiva das suas dívidas, criando condições para uma melhoria substancial do perfil de endividamento de médio e longo prazo. Criaram-se condições para uma recuperação do mercado de trabalho nas economias desenvolvidas e devolveu-se ao Estado a capacidade de enveredar por políticas fiscais expansionistas que incrementarão o emprego, a atividade económica e maior igualdade. Apesar do incremento do risco geopolítico e da incerteza provocada nas expetativas dos agentes económicos, a economia global mantém-se numa fase de estabilização. O risco de um movimento de translação pode traduzir-se num incremento de um maior risco protecionista, mas o risco de deflação reduziu-se significativamente. O início do fim do absolutismo monetário e o maior compromisso da política fiscal pode vir a constituir mais um passo para uma maior equidade. Esta mudança vai alterar as diferentes correlações entre distintas classes que temos vindo a assistir ao longo de vários anos. Em face desta alteração de paradigma das políticas económicas, e mantendose o cenário central de crescimento e inflação, podem estar criadas as condições para se iniciar um processo gradual de Rotação de Ativos, que visa garantir retornos reais de longo prazo. Pag. 20 Rotação ou Translação? Fevereiro de 2017 BBVA AM Portugal Jorge Silveira Botelho Luís Sancho AVISO LEGAL Este documento foi preparado pelo Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (Portugal), S.A. (BBVA) e é disponibilizado com fins meramente informativos, tendo por referência a data da sua publicação, podendo, por isso, tais informações sofrer alterações como consequência da flutuação dos mercados. O presente documento não constitui uma proposta, oferta, convite, conselho ou qualquer tipo de sugestão destinada à subscrição, aquisição de instrumentos financeiros ou à celebração de qualquer tipo de operação relativa a produtos ou serviços financeiros, nem o seu conteúdo constituirá a base de qualquer contrato, acordo ou compromisso. A informação sobre o património ou produtos, que podem ser revelados tanto individualmente como conjuntamente, agrupados numa posição global, é classificada e valorizada com critérios e parâmetros que podem variar de uns produtos para outros. O conteúdo desta comunicação baseia-se em informações disponíveis e disponibilizadas ao público em geral, consideradas fidedignas. 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