estroma ibrovascular. As células neoplásicas tinham bor

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IX Encontro Nacional de Diagnóstico Veterinário
estroma ibrovascular. As células neoplásicas tinham bordos citoplasmáticos variavelmente distintos e possuiam
citoplasma eosino ílico abundante. Os núcleos eram irregularmente redondos ou ovais com cromatina inamente
pontilhada e múltiplos nucléolos evidentes. Havia, ainda,
células disqueratóticas e células com dois ou três núcleos.
A taxa de 2 mitoses por campo de maior aumento. Havia
marcada anisocariose e anisocitose. Nas áreas adjacentes
ao tumor havia, ainda, acentuado in iltrado de plasmócitos,
linfócitos e alguns heteró ilos.
Discussão e Conclusão: No presente relato o diagnóstico de carcinoma de células escamosas esofágico foi realizado com base nos sinais clínicos, lesões macroscópicas e
microscópicas características da neoplasia. A ocorrência de
CCE na mucosa oral e esofágica é relatada esporadicamente
em cães e gatos e é menos frequente em outros animais
domésticos (Rubio & Liu 1989). Esse neoplasma foi diagnosticado em aves exóticas e silvestres afetando a mucosa
oral, orofaringe e esôfago (Chin & Barr 1990). No presente
relato o CCE ocorreu em uma ave adulta, como o observado
em outros relatos da enfermidade. Em galinhas, geralmente são observados casos isolados de CCE esofágico em aves
adultas e idosas e raramente em frangos jovens (Vázquez
et al. 2003). Fatores, como a exposição à radiação ultravioleta e infecções por vírus têm sido acusados de causarem
neoplasias em animais domésticos (Chin & Barr 1990, Vázquez et al. 2003). Em aves os irritantes químicos podem
apresentar um papel mais importante na gênese do CCE
em comparação à radiação solar, bem como, a infecção por
retrovírus (Vázquez et al. 2003). No presente relato não foi
possível determinar a causa da neoplasia, porém, a possibilidade de ter sido de origem traumática, assim como viral,
ou até mesmo por agente químico não pode ser descartada.
Em um surto de CCE em galinhas na China, apesar da causa
não ter sido determinada, fortes indícios indicam que um
agente químico estava relacionado com o surgimento dos
tumores nos animais (Rubio & Liu 1989). Agentes químicos
como nitroimidazóis e nitrofuranos para prevenção de infecções por protozoários na avicultura tem sido implicado
como possíveis carcinógenos (Dolka et al. 2015). Neste estudo não foi observado a utilização desses medicamentos
nas aves da propriedade, porém não é possível descartar
que outro medicamento ou outra substância poderia estar
associada ao desenvolvimento dessa neoplasia. Aparentemente, carcinoma de células escamosas no esôfago de aves
não é uma neoplasia importante como causa de morte nessa espécie, já que sua ocorrência é rara. No entanto, CCE na
região da orofaringe e esôfago, pode estar sendo subdiagnosticado e, é importante realizar o diagnóstico diferencial
de outras enfermidades de aves como granulomas bacterianos e fúngicos, que poderiam causar prejuízos econômicos mais importantes para os criadores. Alerta-se para
a necessidade do exame histopatológico para o diagnóstico
de initivo de CCE, pois, geralmente aves com di iculdade
de deglutição e emaciação, morrem e são descartadas sem
a realização de um diagnóstico con irmatório da causa da
morte, já que as lesões histológicas são características da
enfermidade e descartariam enfermidades infecciosas.
Referências: Cardona C.J., Bickford A.A. & Emanuelson K. 1992.
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existing problem in chicken locks in Poland. Vet. Res. Commun. 39:189195. - Malka S., Keirstead N.D., Ganez A.Y., Taylor W.M. & Smith D.A. 2005.
Ingluvial squamous cell carcinoma in a geriatric cockatiel (Nymphicus
hollandicus). J. Avian Med. Surg. 19:234-239. - Rubio C.A. & Liu F.S. 1989.
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and esophagus in a Japanese bantam rooster. Avian Dis. 47:215-217.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Carcinoma de células escamosas, galinha doméstica, neoplasia.
44. Sousa E.M., Ferreira Júnior J.A., Silva R.O.S., Berthier F.M., Lobato F.C.F., Pedroso P.M.O.
& Macêdo J.T.S.A. 2016. Botulismo tipo C em aves no Brasil Central. Pesquisa Veterinária
Brasileira 36(Supl.2):72-73. Laboratório de Patologia Veterinária, Universidade de Brasília,
Campus Universitário Darcy Ribeiro, Avenida L4 Norte s/n, Brasília, DF 70910-900, Brasil.
E-mail: [email protected]
Introdução: O botulismo é uma doença causada pela ingestão da toxina C do Clostridium botulinum. A toxina botulínica após ser ingerida é absorvida pela mucosa intestinal,
se liga aos nervos terminais das placas neuromusculares e
faz com que a liberação de acetilcolina na fenda sináptica
seja impedida, não havendo então a contração muscular
(Coelho 2007, Alves et. al. 2013). Clostridium botulinum é
uma bactéria anaeróbia, habitante normal do solo e que
pode esporular em várias condições. Existem sete tipos de
C. botulinum, classi icados de A até G, sendo o tipo C o principal responsável por casos de botulismo em aves (Lobato
et. al. 2008). Esta doença acomete mamíferos e aves e promove paralisia lácida fatal (Lobato et al. 2008, Lobato et.
al. 2009). Outro sinais clínicos que podem ser evidenciados
no botulismo em aves incluem paralisia dos músculos rePesq. Vet. Bras. 36(Supl.2), outubro 2016
tratores das penas, pescoço, asas e outros músculos. Esta
enfermidade é caracterizada por altas taxas de letalidade e
mortalidade, sendo considerada uma das doenças mais importantes que acometem aves silvestres (Degernes 2008) e
criações comerciais avícolas (Fossum et al. 2009). O objetivo do presente trabalho é descrever dois surtos de botulismo em aves domésticas no Brasil Central.
Material e Métodos: São descritos dois surtos em aves do-
mésticas (surto A e B). Os dados epidemiológicos e clínicos do primeiro surto foram obtidos com a proprietária e do segundo surto
foi obtido através da veterinária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo do Distrito Federal – EMATER-DF.
Duas galinhas (Gallus gallus domesticus) de cada surto foram encaminhadas ao Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade
de Brasília (LPV-UnB) para realização de necropsia, sendo que as
aves do surto “B” foram encaminhadas vivas e realizou-se o exame
IX Encontro Nacional de Diagnóstico Veterinário
clínico. Durante a necropsia, fragmentos de diversos órgãos foram
coletados e ixados em formol 10%, processadas rotineiramente
pra histologia, emblocados em para ina, cortados a 5 micras de espessura e coradas pela hematoxilina e eosina (HE). Adicionalmente
fragmentos de ígado, intestino, conteúdo estomacal e soro foram
encaminhados congelados para realização de pesquisa da toxina
botulínica por meio da técnica de soroneutralização em camundongos, conforme metodologia descrita por Sebald & Petit (1997).
Resultados: O surto A ocorreu em uma propriedade no
município de Santo Antônio do Descoberto-Goiás. A criação
era composta por aproximadamente 100 animais, entre eles
galinhas, patos e faisões. Destes, 80 morreram (galinhas, perus e pintinhos) (80%, 80/100). Os animais icavam soltos na
propriedade e eram ofertados, como alimento, milho e ração
em comedouros e água de poço artesiano em bebedouros. Os
animais afetados apresentaram um quadro clínico caracterizado por cegueira, ataxia e “pescoço caído” que logo após
progredia para morte. Na necropsia, as duas galinhas apresentavam mucosa oral e ocular pálidas, inglúvio e ventrículo
com presença de restos de penas, folhas e com odor fétido. O
surto B ocorreu em uma propriedade no município de Riacho Fundo, Distrito Federal. A criação era composta por 100
aves, entre estas, galinhas, galos, galinha d’angola e patos.
Destes, 60 galináceos morreram (60%, 60/100). Os animais
eram mantidos em galinheiro cercado por tela e provido de
área coberta para pernoite e postura, com comedouros e bebedouros tubulares pendulares. A alimentação das aves era
feita com ração comercial e milho. A água fornecida aos animais era proveniente de minas e com bom estado de pureza.
No entanto, um dia antes de começar a mortalidade, excepcionalmente, foi fornecida às aves lavagem composta por restos de alimentos, a qual estava armazenada em um saco plástico que permaneceu lacrado durante uma semana e possuía
odor pútrido. No dia seguinte foram encontradas aves mortas pelo galinheiro e outras caídas. Além das mortes, houve
queda de postura das aves após o ocorrido. O principal sinal
clínico relatado foi o pescoço caído lateralmente, seguido de
morte em 24 horas. No exame clínico realizado antes da necropsia das aves do surto B, constatou-se acentuada perda
da propriocepção de uma das galinhas e estado comatoso
na segunda. Na necropsia, as duas galinhas apresentavam
as mucosas oral e conjuntival moderadamente pálidas. Microscopicamente em ambos os surtos não foram observados
alterações signi icativas. Por meio da técnica de bioensaio e
soroneutralização foi detectada a toxina botulínica tipo C.
Discussão: A ausência de alterações macroscópicas e
microscópicas associadas aos sinais clínicos observados e
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dados epidemiológicos relatados são compatíveis com botulismo. Contudo, para diagnóstico de initivo foi realizada
a detecção da toxina tipo C no soro das aves por bioensaio
em camundongos. Destaca-se a importância do envio de
amostras bem acondicionadas para que seja realizado o
isolamento da toxina em questão. O botulismo é uma doença neurológica causada pela ingestão da toxina produzida
pelo Clostridium botulinum (Coelho 2007). As fontes mais
comuns da toxina botulínica são poças e lagoas com águas
estagnadas, larvas de moscas e outros invertebrados que
se desenvolvem em matéria orgânica (Degernes 2008). Não
foi possível identi icar a fonte causadora de botulismo nas
aves no surto A, somente no surto B que de acordo com o
histórico, possivelmente tenha sido o fornecimento de lavagem para alimentação das aves, já que foi detectado a toxina no conteúdo estomacal. Todas as espécies de aves são
susceptíveis, havendo, porém, diferenças signi icativas com
relação à sensibilidade às toxinas botulínicas. As aves herbívoras são mais sensíveis que carnívoras, sendo os abutres
considerados extremamente resistentes (Alves et al. 2013).
A mortalidade dos animais nos presentes casos está relacionada com a quantidade de toxina ingerida.
Conclusão: A associação dos dados epidemiológicos e
clínicos permite um excelente diagnóstico presuntivo de
botuliamo em aves, que foi con irmado através do isolamento da toxina tipo C no soro sanguíneo das aves e por
bioensaio em camundongos, já que no Brasil não há muitos
relatos de botulismo em aves comerciais.
Referências: Alves G.G., Silva R.O.S., Pires P.S., Salvarani F.M.,
Oliveira Júnior C.A., Souza G.X.W., Santos F.C.M., Caldas R.P., Assis
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gallus domesticus: relato de caso. Arq. Ciênc. Vet. Zool., Umuarama,
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in laying hens in different house systems in 2001 to 2004. Acta
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Assis R.A. 2008. Botulismo tipo C em ganso ocorrido em Minas
Gerais, Brasil. Ciência Rural 38:1179-1180. - Lobato F.C.F., Salvarani F.M., Silva R.O.S., Assis R.A., Lago L.A., Carvalho Filho M.B. &
Martins N.R.S. 2009. Botulismo tipo C em perus em Minas Gerais,
Brasil. Ciência Rural 39:272-274. - Sebald M. & Petit J.C. 1997. Méthodes de Laboratoire Bactéries Anaérobies et leur Identi ication.
12ième ed. Institut Pasteur, Paris. 307p.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Doenças de aves, Clostridium botulinum, toxina botulínica, clostridioses.
45. Madureira R., Gonçalves K.A., Brandão Y.O., Pezzini P.C.F., Araújo F.F., Sousa R.S. & Brum
J.S. 2016 Diagnóstico histopatológico de hemangiossarcoma cutâneo em um suíno:
relato de caso. Pesquisa Veterinária Brasileira 36(Supl.2):73-75. Laboratório de Patologia
Veterinária, Universidade Federal do Paraná, Rua dos Funcionários 1540, Juvevê, Curitiba,
PR 80035-050, Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: Os hemangiossarcomas são neoplasias
malignas que se originam do endotélio vascular sanguíneo
(Goldschmidt & Hendrick 2002). Hemangiossarcomas são
relatados com maior frequência em cães e mais raramente
podem ocorrer em cavalos, vacas, gatos, cabras e ovelhas
(Bildfell et al. 2002, Presiuzo et al. 2002, Ladd et al. 2005,
Culp et al. 2008, Carvalho et al. 2009). Em porcos, hemangiossarcoma foi observado na pele e testículo de dois inPesq. Vet. Bras. 36(Supl.2), outubro 2016
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