CADERNO DE IDÉIAS OUT.2007 CI0722 Índia: O "I" dos BRICs Avança em Sua Rota de se Tornar um Tigre em Competitividade CARLOS ARRUDA VANJA ABDALLAH FERREIRA MARINA ARAÚJO Caderno de Idéias Ano 7 – N0 22 – Outubro de 2007 Índia: O "I" dos BRICs Avança em Sua Rota de se Tornar um Tigre em Competitividade Carlos Arruda Professor e pesquisador de Competitividade e Inovação da FDC Vanja Abdallah Ferreira Pesquisadora sênior da FDC Marina Araújo Assistente de pesquisa da FDC Projeto gráfico Célula de Edição de Documentos Revisão Célula de Edição de Documentos Assessoria editorial Teresa Goulart Supervisão de editoração José Ricardo Ozólio Impressão Fundação Dom Cabral 2007 Este artigo foi elaborado pelo(s) autor(es). Seu conteúdo é de total responsabilidade do(s) autor(es), não tendo a Fundação Dom Cabral qualquer responsabilidade sobre opiniões nele expressas. A publicação deste artigo no Caderno de Idéias FDC foi realizada com autorização do(s) autore(s). 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A pesquisa que dá origem aos relatórios cobre um total de 323 indicadores quantitativos (baseados em estatísticas nacionais e internacionais) e qualitativos (baseados na opinião de lideranças empresariais pesquisadas entre janeiro e março de cada ano). No ranking geral do WCY 2007, a Índia manteve-se na 27ª posição geral (FIG. 1), tendo alguns avanços significativos no ano. O crescimento real do PIB e a qualidade do ambiente empresarial aparecem com destaque além do crescimento das exportações de serviços e produtos com maior valor agregado. Em declínio, aparecem os fatores associados à eficiência do governo e infra-estrutura, que se justificam pela burocracia e pela constante intervenção de agentes governamentais na atividade empresarial. Na Índia, existe uma figura folclórica conhecida como "Inspetor Raj", que caracteriza a interferência praticamente diária dos agentes do governo no controle de procedimentos fiscais e trabalhistas. No fator infraestrutura, a Índia, que ocupa a 50ª posição entre os 55 países pesquisados, apresenta problemas muito parecidos com aqueles observados no Brasil (49ª posição no ranking). Nas diversas variáveis que compõem esse fator, a Índia e o Brasil ocupam posições bem semelhantes, por exemplo, infra-estrutura de distribuição: Brasil: 53ª posição; Índia: 47ª; estado de preservação da infra-estrutura: Brasil: 54ª posição; Índia: 45ª; infra-estrutura energética: Índia: 53ª posição, Brasil: 45ª. Assim como o Brasil, a Índia tem uma carência enorme de investimentos em sua infra-estrutura, o que pode colocar em risco todo o desenvolvimento empresarial e econômico desses países. Figura 1- Posição da Índia no ranking geral do World Competitiveness Yearbook Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 7 8 Caderno de Idéias CI0722 A Economia Indiana e suas Potencialidades Competitivas economia Indiana é, de acordo com a OMC , a segunda com maior crescimento A entre as maiores economias do mundo. Em termos de paridade do poder de compras 1 (PPP), a Índia é a quarta economia do mundo depois dos EUA, China, e Japão. Sua participação no PIB (PPP) mundial subiu de 4,3%, em 1991, para 6%, em 2005 (IMF, World Economic Outlook). Crescendo a um ritmo, em média, de 5% desde 1991, nos últimos três anos (2003-2005), essa média subiu para 8,5%. Ainda vale ressaltar que, no ano fiscal de 2005, ocorreu um crescimento de 9,23% no país (em termos reais). Veja TAB. 1 TABELA 1 Crescimento comparativo da Índia, China com a média mundial 2001 2002 2003 2004 2005 Crescimento do PIB mundial 1,56 1,82 2,76 4,10 3,48 China 8,30 9,10 10,00 10,10 10,20 Índia 5,21 3,73 8,39 8,33 9,23 Fonte: World Bank, Quick Query Data, 2007. Crescimento do PIB. Segundo a OMC, essas médias de crescimento são fruto de reformas econômicas iniciadas em 1991 e baseiam-se em algumas mudanças fundamentais em processo neste país. Entre outros, a OMC destaca como primeiro fator fundamental para crescimento a abertura da economia. Como exemplo dessa abertura, a OMC aponta as reduções nas tarifas máximas de importação (de 200%, em 1991, para 12,5%, em 2006); o aumento dos investimentos diretos (de valores desprezíveis em 1991 para 20,2 bilhões de dólares em 2006); e o aumento da participação do comércio internacional na composição do PIB (de 14,6%, em 1991, para 32,7%, em 2006). Esse argumento da OMC não é comprovado pela pesquisa de opinião realizada para o relatório do IMD junto à comunidade empresarial indiana. Segundo a pesquisa do IMD, a Índia ainda é a 48ª economia (entre as 55 analisadas) no que se refere à abertura da legislação nacional para investimentos estrangeiros em empresas indianas. 1 Organização Mundial de Comércio. India Trade Policy Review. Abril 2007. Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 9 O argumento da OMC para justificar o crescimento sustentável do PIB indiano está relacionado ao aumento percentual da classe média. Baseando-se na pesquisa do National Council for Applied Economic Research, estima-se que, aproximadamente, 100 milhões de pessoas vivem hoje na Índia com renda familiar entre 20.000 e 100.000 dólares (PPP), comparado com os 15 milhões em 1990-91. A necessidade de consumo dessa crescente classe média dá ao país um forte estímulo ao crescimento de sua economia doméstica. O Relatório de Competitividade Mundial confirma essa tendência, tendo a Índia ficado no 7ª lugar entre os países com melhor economia doméstica como base para a competitividade. Esse ranking é baseado em indicadores diversos, que incluem, entre outros, os indicadores de diversificação da economia, composição do PIB, resiliência da economia, etc. O aumento da classe média se dá ao mesmo tempo em que se observa uma redução significativa da pobreza neste país. Segundo dados apresentados por autoridades indianas em um evento recente da OECD2, o percentual da população abaixo da linha de pobreza caiu de 50%, em 1980, para 28%, em 2004-05. Apesar de essa melhoria relativa, 28% da população indiana, o que significa cerca de 300 milhões de pessoas, continuam vivendo abaixo da linha de pobreza, colocando a Índia no último lugar entre os 55 países analisados pelo IMD no quesito renda per capita. Assim como Brasil, China e Rússia, a Índia apresenta-se como um gigante em crescimento com grandes gaps, principalmente nas condições de vida de sua população. O IDH - Índice de Desenvolvimento Humano que mede a expectativa de vida, analfabetismo, educação e padrão de vida da população, em outras palavras, o índice de bem-estar da sociedade, inclui a Índia entre os países com níveis médios de desenvolvimento humano. TABELA 2 Desigualdades sociais e desenvolvimento humano Coeficiente Gini IDH - Índice de Desenvolvimento Humano 1980 1992 2000 2004 Índia 0,32 0,32 0,297 0,33 0,563 0,33 0,611 China 0,32 0,38 0,612 0,45 O,706 0,45 0,768 Brasil 0,58 0,60 0,739 0,59 0,747 0,54 0,792 Fontes: Coeficiente Gini United Nations University WIDER: World Income Inequality Database: http://www.wider.unu.edu/wiid/wiid.htm; IDH: UNDP, Human Development Reports, http://hdr.undp.org 2 Isher Judge Ahluwalia, Indian Economy: Looking Ahead. OECD Development Centre Seminar, 2007 10 Caderno de Idéias CI0722 Como em outros países em desenvolvimento, o IDH da Índia é composto por um somatório de IDHs de níveis significativamente diferentes, refletindo enormes diferenças nas condições de renda e vida de diferentes regiões do país. Segundo estudo do Banco Mundial3, na Índia, os gaps nos níveis de renda e condições de vida entre as áreas rurais e urbanas implicam diferenças entre regiões - do melhor dos países desenvolvidos às piores condições encontradas no mundo. Províncias como Assam, Bihar e Orissa (localizadas no nordeste da Índia, próximas de Bangladesh) - FIG. 2 - têm níveis de pobreza piores do que aquelas observadas nos países mais pobres da África Sub-Saara. Por outro lado, áreas rurais nas províncias de Kamataka, Mahya Pradesh e Marashtra (localizadas no centro-oeste da Índia) apresentam níveis de pobreza e de IDH intermediários. Em contraste a essas, as áreas urbanas de Deli (Território Federal - "F", no mapa da FIG. 2), Haryana e Punjab (localizadas na região noroeste do país) têm níveis de pobreza similares às regiões mais ricas do Brasil. Zonas urbanas e rurais com níveis de renda médio apresentam condições de vida similares à média do Brasil e da China. Segundo o relatório do Banco Mundial, em relação à semelhança do Brasil com sua referência à "Bel-Índia", alguns analistas chamam a atenção para que, devido à diversidade das condições de vida e de pobreza na Índia, esse país poderia ser chamado de "LA-África". 1. Andhra Pradesh 2. Arunachal Pradesh 3. Assam 4. Bihar 5. Chhattisgarh 6. Goa 7. Gujarat 8. Haryana 9. Himachal Pradesh 10. Jammu and Kashmir 11. Jharkhand 12. Karnataka 13. Kerala 14. Madhya Pradesh 15. Maharashtra 16. Manipur 17. Meghalaya 18. Mizoram 19. Nagaland 20. Orissa 21. Punjab 2. Rajasthan 23. Sikkim 24. Tamil Nadu 25. Tripura 26. Uttar Pradesh 27. Uttarakhand 28. West Bengal 2 Figura 2 - Províncias da Índia Fonte: Wikipiedia: http://en.wikipedia.org/wiki/India Banco Mundial, Inclusive Growth and Service Delivery: Building on India's Success. Relatório n.. 34580, 2006. Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 11 A OMC, em sua análise da economia indiana, destaca o papel do setor privado como alavancador do crescimento. No relatório do IMD, esse fator aparece como o grande destaque desse país, ficando na 19ª posição no fator geral de eficiência de negócios em processo gradual de ganhos de posição desde 2003 (ver FIG. 3) Figura 3 - Posição da Índia no fator "Eficiência Empresarial" A OMC destaca a modernização do mercado de capitais, o desenvolvimento de empresas nacionais com forte presença internacional e a disponibilidade de grande número de empreendedores e gestores de talento com experiência internacional como fatores fundamentais para esse crescimento da "eficiência empresarial". O relatório da UNCTAD: World Investment Report de 20064 identifica apenas uma empresa indiana - ONGC - Oil and Natural Gás Corporation - entre as cem maiores multinacionais de países emergentes. Mas empresas como Dr. Reddy´s, Hidalco, Infosys, Ranbaxy, Tata, TCS, Wipro, destacam-se em seus setores não apenas pelo crescimento de seus negócios na própria Índia como também em vários países do mundo. Comparado com outros países emergentes, a Índia é ainda um pequeno player global. Em 2006, a China exportou mais de US$960 bilhões de dólares; Rússia 304 bilhões; México 250 bilhões; Brasil 137 bilhões. A Índia ficou bem para trás, tendo exportado pouco mais do que 120 bilhões de produtos. Apesar dessa posição relativamente modesta, as empresas indianas preparam-se para dar saltos, tendo o governo indiano estabelecido uma meta de estar entre os três maiores exportadores de manufaturados dos países em desenvolvimento até 2015. Para alcançar essa meta, vai requerer que o crescimento das exportações de bens atinja um patamar acima de 300 bilhões de dólares até 2015, passando a ser responsável por 3,5% das exportações mundiais nesse ano. Segundo estudo da McKinsey, publicado em 20035, essa meta, apesar de ambiciosa, é viável. A Índia tem várias vantagens competitivas em setores intensivos em tecnologia, como autopeças e farmacêutico. Além dos baixos salários, o relatório da McKinsey destaca a qualidade da mão-de-obra técnica especializada (engenharia de processos, produtos e de bens de capital), a disponibilidade de matérias-primas básicas e uma boa base de fornecedores locais, além da demanda crescente do mercado doméstico. Buscando identificar de onde viria esse crescimento das exportações nos próximos anos, o relatório sugere que cerca de 4 5 UNCTAD, World Investment Report - FDI from developing and transition economies: implications for development, 2006. McKinsey, Made in India: The next big manufacturing export story, 2003 12 Caderno de Idéias CI0722 70 a 90 bilhões de dólares poderiam vir de quatro setores: vestuário, autopeças, produtos químicos especiais, e produtos eletroeletrônicos. De acordo com a McKinsey, o crescimento se daria praticamente por contratos de offshoring competindo diretamente com outros países asiáticos, em especial a China. No setor de eletroeletrônicos, por exemplo, a estimativa de compra via contratos de offshoring é de cerca de 600 bilhões de dólares, em 2015. Segundo a McKinsey, a Índia poderia ser responsável por 1 a 1,5% dessa demanda em 2015 (entre 15 e 18 bilhões de dólares), tendo a China e Taiwan como principais concorrentes, que liderariam a demanda mundial com cerca de 5% cada. No setor de autopeças, os contratos de offshoring devem chegar a 375 bilhões de dólares em 2015 e a Índia poderia participar com cerca de 20 a 25 bilhões. Partindo de uma base de 1 bilhão de dólares em contratos em 2003, esse crescimento vai requerer que as empresas indianas tenham crescimento de suas exportações de mais de 30%, em média, nos próximos 8 anos. Crescimentos nesses níveis têm sido observados, nos últimos 5 anos, em países como Tailândia e China, e tudo indica que as empresas indianas conseguiriam atingir essa meta. Nesses e em muitos outros setores, nos últimos dois anos, pode-se observar um crescimento da presença de empresas indianas no mundo via aquisição de concorrentes internacionais de renome, como a inglesa Corus pela Tata, no setor de siderurgia, e a americana/canadense Novelis, pela Hidalco, no setor de alumínio. Segundo a revista The Economist, em 2006, as empresas indianas fizeram 115 aquisições internacionais, totalizando mais de 7,4 bilhões de dólares. Essa tendência, segundo a revista, deve crescer ainda mais em 2007. Uma pesquisa realizada por uma empresa de consultoria baseada na Índia, a Grant Thornton Índia, mostra que a maior parte dessas aquisições aconteceram na Europa (50% do valor total), seguida dos Estados Unidos (24% em valor). Essa pesquisa indica que 23% dessas aquisições (em volume) aconteceram no setor de TI seguidas por aquisições no setor farmacêutico/saúde/biotecnologia (14%). Por valor, a maior parte das aquisições aconteceu no setor de telecomunicações (33,6%) seguidas do setor de energia (14%), TI (8%) e siderurgia (6.5%). No Brasil, a presença de empresas indianas ainda é tímida. Um levantamento realizado pelos autores identificou apenas três aquisições de empresas brasileiras no período 20062007. A Indiana Pidilite adquiriu a Pulvitec, produtora de colas, adesivos, selantes industriais e de varejo; a gigante do setor de tecnologia de informação Wipro adquiriu a Enabler (subsidiária brasileira do grupo português Sonae), e a produtora de genéricos Zydus Cadila adquiriu a brasileira Nikkho, em junho passado. Um destaque apontado pelo relatório da Grant Thornton é que muitas das aquisições realizadas por empresas indianas no mundo buscam dar às empresas indianas uma experiência internacional, permitindo não somente a presença nos mercados internacionais, mas também o desenvolvimento de competências, marcas e produtos para o mercado indiano. Essa prática também é observada no Brasil por empresas brasileiras, em pesquisa realizada pela Fundação Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 13 Dom Cabral na década de 906. Seja para abrir oportunidades de novos mercados ou para adquirir padrão internacional, o fato é que, a cada ano, novas empresas indianas entram com destaque nas listas de maiores e melhores do mundo. Em 2007, seis empresas indianas foram incluídas no ranking das 500 maiores empresas do mundo: Indian Oil na 135ª posição, com faturamento de 45.216,6 milhões de dólares; Reliance Industries na 269ª posição, com $25.158,9 milhões de faturamento; Bharat Petroleum na 325ª posição, faturando $ 21.862,2 milhões; Hindustan Petroleum na 336ª posição e faturamento de $ 20.935,6 milhões; Oil & Natural Gás na 369ª posição, com $19.237,4 milhões; e o State Bank of Índia, a 495º entre as 500 maiores empresas do mundo com faturamento de $15.119,4. O Tata Group com faturamento de $21,9 bilhões, em 2006, poderia também ter sido incluído nesse grupo. Outros grupos empresariais indianos de destaque são listados na TAB. 3, a seguir. 6 ARRUDA, Carlos; BRASIL, Haroldo; GOULART, Linda. Internacionalização de empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996. 14 Caderno de Idéias CI0722 TABELA 3 Maiores empresas indianas por setor Setor Empresas Aglomerados Essar, Godrej Ltd, Hinduja Group, Jaypee Group, Raheja Group, Tata Group Alimentos EID Parry, Food Corporation of India, Maharashtra Hybrid Co., Mahyco (Mharashtra Hybrid Seed Company), Parle Bisleri, Rallis, United Breweries Automotivo & transporte Ashok Leyland, Bajaj Auto Ltd, Bharat Forge, Hero Group, Mahindra & Mahindra, Maruti Udyog, Punjab Tractors Ltd. Bancos Bank of India, Centurion Bank of Punjab, Financial Technologies, ICICI Ltd., Kotak Mahindra Bank, State Bank of India Bebidas UB Group Comunicação Bennett, Coleman & Co, Essel group, HT Media Ltd, Times of Índia Construção AIDA, Grasim Industries, Gujarat Ambuja Cements Ltd, Larsen & Toubro Cosméticos Dabur India Ltd, Hindustan Lever Eletrônicos Hindustan Teleprinters, Videocon Energia e Água Bharat Petroleum, CESCO, Dabhol Power, Gas Authority of India Ltd. (GAIL), GMR Vasavi, Guj Petrol (Gujarat State Petroleum Corp), Gujarat Gas, Gujarat Torrent, GVK, Hindustan Petroleum Corp. Ltd., Indian Oil Corp. Ltd., Jindal Tractebel, Mahanagar Gas, National Thermal Power Corporation Ltd., Neyveli, Oil & Natural Gas Corp., OPG, Petronet, PPN, Rain Calcining, Reliance Industries Ltd., TIDCO Equipamentos Bharat Heavy, Capital Control India, Moser Baer, Suzlon Energy, HCL Farmacêutico ACG, Biocon Ltd, Dr. Reddy's Laboratories Ltd, Matrix, Ranbaxy Laboratories Ltd., Sun Pharmaceuticals, Wockhardt Ltd, Zydus Cadila Group Holding Birla Hotelaria Hotel Corporation of India, Oberoi PRS Imobiliário Unitech Metais & mineração Balco, Hindustan Zinc, Jindal Steel & Power, Kalyani group, OneSteel, Sesa Goa Ltd, Steel Authority of India, Sterlite Industries India Ltd, Vedanta Resources Pneus Apollo Tyres Ltd. Químico Cipla, Hindustan Gum, Indian Petrochemicals Corp, Jain Ram, Modis, Shriram Foods and Fertilizers Ltd. Singhania Saúde Fortis Healthcare Serviços de informática CMC Ltd, I-Flex, Infosys Technologies Ltd, Satyam, Wipro Serviços de transporte Air India, Jet Airways Serviços financeiros Bombay Stock Exchange, CARE, CRISIL, Geojit Financial Services Ltd, ICRA, National Stock Exchange of India, Unit Trust of India Telecomunicações Aircel, Bharat Sanchar Nigam Ltd., Bharti Cellular Limited, BPL, Hutchinson Essar, Idea Cellular, RPG Cellular Services Ltd, Videsh Sanchar Nigam Ltd. Turismo India Tourism Development Corp Fonte: http://www.transnationale.org/ Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 15 A pesquisa da Grant Thornton India destaca ainda que, nos últimos anos, têm ocorrido muito mais aquisições por empresas indianas no mundo do que aquisições de empresas internacionais na Índia. Como já destacamos, segundo a pesquisa de opinião do Relatório de Competitividade do IMD, a Índia ainda é um país com regras muito restritas para a aquisição de empresas nacionais por investidores estrangeiros. Um exemplo recente das barreiras impostas à entrada de capital estrangeiro na Índia foi a tentativa de aquisição, pela inglesa Vodafone, de 67% da Hutchison Essar (quarta maior operadora de telefonia móvel da Índia) por 11,1 bilhões de dólares. A primeira barreira veio do Banco Central da Índia, que suspeitou que a compra violaria o limite de 74% estabelecido para propriedade por estrangeiros de empresas de telecom. Segundo, foi a agência reguladora de investimentos estrangeiros - Foreign Investment Promotion Board (FIPB) -, que solicitou à Vodafone para rever as condições do acordo, que envolve outros investidores privados indianos, além de uma subsidiária da Hutchinson, em Hong Kong. Segundo analistas, o governo indiano tem interesse nessa aquisição, mas teme que ela crie precedentes que possam facilitar o acesso de empresas estrangeiras em setores sensíveis, como telecomunicações, bancos, aviação civil, varejo e jornais7. Para a The Economist, o impasse das negociações entre a Vodafone e as agências do governo (Banco Central e FIPB) preocupa o governo, que está preso entre a necessidade de manter as regras estabelecidas e a de atrair maiores investimentos diretos para o país. Em 2006, o país atraiu menos de 15 bilhões de dólares em investimentos diretos (cerca de 1,5% do PIB), ocupando a 30ª posição no ranking de fluxo de investimentos diretos no Relatório de Competitividade do IMD (China 3ª posição, Brasil 14ª, Rússia 16ª). Nos últimos anos, pôde-se observar um deslocamento significativo dos centros de P&D de empresas norte-americanas e européias para regiões tecnologicamente prosperas da Índia, que possuem centros acadêmicos de renome internacional e disponibilidade de engenheiros com padrão internacional de formação. No relatório do IMD, a Índia ocupa a 3ª posição entre os países com maior disponibilidade de engenheiros qualificados e disponíveis para o mercado de trabalho e a 2ª posição entre os países menos ameaçados pela possibilidade de deslocamento de centros de P&D para outros países. Essa posição é ratificada pela pesquisa da Booz Allen e Insead sobre a globalização do processo de inovação8 . Isso indica que a Índia, assim como a China, passou a ser, nos últimos anos, alvo de investimentos de P&D principalmente nas áreas de tecnologia de informação e desenvolvimento de serviços. 7 The Economist, April, 19, 2007.To cap it all: India's limits on foreign ownership are keeping out much-needed investment 8 BOOZ, Allen ; INSEAD. Innovation: is global the way forward?, 2006. 16 Caderno de Idéias CI0722 Em resumo, a Índia mantém seu ritmo de crescimento para se tornar uma das economias mais competitivas do mundo. Usando o crescimento da sua classe média e da sua economia doméstica como plataforma, esse gigante asiático apresenta níveis de crescimento do PIB somente superados pela China, e possui empresas ocupando lugares de destaque em vários setores, tanto industriais quanto de serviços. Nossa análise indica que, nos próximos oito anos, a Índia estará entre os maiores exportadores de bens manufaturados. Somado ao crescimento constante do seu setor de serviços, estará entre os maiores players globais. Ainda a melhorar, assim como em todos os outros BRICs, está a sua capacidade de investir sistematicamente em infra-estrutura e em educação básica, secundária e profissional. A Índia, tanto quanto a China, apresenta contrastes sociais marcantes com cerca de 300 milhões de habitantes abaixo da linha de pobreza (1 dólar por dia). Com bolsões de pobreza, desemprego e baixos níveis de IDH equivalentes às regiões mais pobres da África, o governo indiano precisa definitivamente implantar mecanismos para a redução da burocracia fiscal e das barreiras de entradas para investimentos estrangeiros e para a abertura e fechamento de empresas. Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 17 18 Caderno de Idéias CI0722 Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade 19