O Debate sobre a Desindustrialização da Economia Brasileira nos

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Mudança estrutural e crescimento desequilibrado
na economia brasileira dos anos 2000
Rodrigo Vergnhanini - [email protected]
Bolsista da CAPES
Orientador: Prof. Dr. Franklin Serrano – UFRJ
Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional – UFRJ
O Debate sobre a Desindustrialização da
Economia Brasileira nos anos 2000
Rodrigo Vergnhanini - [email protected]
Bolsista da CAPES
Orientador: Prof. Dr. Franklin Serrano – UFRJ
Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional – UFRJ
Objetivos
 Analisar o debate sobre a desindustrialização da economia brasileira nos
anos 2000 em seus conceitos, indicadores e diagnósticos;
 Contribuir para uma abordagem condizente com o referencial teórico
adotado sobre as condições estruturais para a sustentação do
crescimento equilibrado no longo prazo.
Metodologia
 Análises estudadas: Cano (2012), Schwartsman (2012a, 2012b, 2009, 2008),
Cunha et al (2011), Lara (2011), Serrano & Summa (2011), Squeff (2011),
Bonelli & Pessoa (2010), Carneiro (2010), Oreiro & Feijó (2010), Barros &
Pereira (2008), Bresser & Marconi (2008), Nassif (2008), IEDI (2007);
 Caracterização:
(i)
principais
indicadores,
(ii)
definição
de
desindustrialização, (iii) diagnóstico para Brasil, (iv) proposições de política
econômica;
 Agrupamento das análises convergentes em “abordagens”;
 Caracterização do referencial teórico de cada abordagem;
 Críticas aos indicadores de cada abordagem.
O debate sobre a desindustrialização
brasileira nos anos 2000
a)
Abordagem novo-desenvolvimentista
Cano (2012) , Lara (2011), Oreiro & Feijó (2010), Bresser & Marconi (2008)
b)
Abordagem ortodoxa / liberal
Bonelli & Pessoa (2010), Schwartsman (2012a, 2012b, 2009, 2008), Barros
& Pereira (2008)
c)
Abordagem intrassetorial
Squeff (2011), Nassif (2008), IEDI (2007)
d)
Abordagem da restrição externa
Cunha et al (2011), Serrano & Summa (2011), Carneiro (2010)
a) Abordagem novo-desenvolvimentista
I.

indicadores
obras
participação da IT no valor adicionado total
Bresser-Pereira & Marconi (2008); Oreiro & Feijó (2010); Lara
(2011); Cano (2012)
participação da IT no total do emprego formal
Oreiro & Feijó (2010); Lara (2011)
participação da IT no saldo da balanço comercial
Bresser-Pereira & Marconi (2008); Oreiro & Feijó (2010); Lara
(2011)
Indicadores: mensuração da indústria no emprego, valor adicionado ou saldo
comercial totais (I)

Definição de desindustrialização: queda da participação do valor adicionado e do
emprego industriais nos respectivos totais.

Diagnóstico: desindustrialização inequívoca (atribuída à doença holandesa ou à
“nova” doença holandesa)

Proposições: desvalorização do câmbio.

Referencial teórico: visão horizontal da indústria.
b) Abordagem ortodoxa/liberal
I.
II.
indicadores
participação da IT no valor adicionado total
participação da IT no emprego total
participação da IT no produto total (relativamente à média
mundial)
produtividade do trabalho na IT
consumo aparente de máquinas e equipamentos (CAME)
nível de utilização da capacidade instalada
taxa de crescimento da produção industrial - por segmentos
obras
Barros & Pereira (2008); Bonelli & Pessoa (2010)
Barros & Pereira (2008); Bonelli & Pessoa (2010)
Barros & Pereira (2008); Bonelli & Pessoa (2010),
Schwartsman (2012a)
Barros & Pereira (2008); Bonelli & Pessoa (2010)
Barros & Pereira (2008)
Schwartsman (2012b)
Barros & Pereira (2008); Schwartsman (2008)
 Indicadores: referentes ao tamanho relativo da indústria na totalidade do
produto, valor adicionado ou emprego gerado na economia (I); às variações
do investimento e produtividade no setor industrial como um todo (II).
 Definição de desindustrialização: queda absoluta na produção, investimento
ou produtividade industrial.
b) Abordagem ortodoxa/liberal
 Diagnóstico
para o Brasil: reestruturação produtiva, ganhos de
produtividade em alguns setores.
 Proposições:
industrial
estabilidade
melhorar
(tributação,
condições
sistêmicas
infraestrutura,
macroeconômica,
de
mercado
contra
proteção
competitividade
de
trabalho)
e
prolongada
e
desvalorização do câmbio.
 Referencial
teórico: defesa de estrutura produtiva mais enxuta,
especializada e internacionalizada, sendo que a maior exposição da
indústria à competição externa constitui-se fator necessário e suficiente
para a configuração de setores competitivos.
c) Abordagem intrassetorial
I.
II.
indicadores
obras
composição do valor adicionado na IT por intensidade tecnológica
IEDI (2007), Nassif (2008), Squeff (2011)
composição do valor adicionado na IT por fator competitivo
Nassif (2008)
relação VTI/VBPI por intensidade tecnológica
IEDI (2007)
exportações industriais por intensidade tecnológica
IEDI (2007), Nassif (2008), Squeff (2011)
composição do emprego na IT segundo intensidade tecnológica
Squeff (2011)
evolução da produtividade, segundo intensidade tecnológica
Squeff (2011)
 Indicadores: composição do valor adicionado, emprego, conteúdo
nacional e exportações por intensidade tecnológica ou tipo de
tecnologia (I); produtividade do trabalho (II) é indicador pouco
recorrente.
c) Abordagem intrassetorial
 Definição de desindustrialização: mudança regressiva na composição
interna da indústria, com ganho relativo dos segmentos de menor
intensidade tecnológica e valor agregado em detrimento dos segmentos
mais intensivos em tecnologia e agregação de valor.
 Diagnóstico: não há sinais claros e unidirecionais da evolução da
estrutura industrial.
 Proposições: política industrial vertical e desvalorização do câmbio.
 Referencial teórico: visão vertical da indústria.
d) Abordagem da restrição externa
indicadores
obras
formação bruta de capital fixo
Carneiro (2010); Cunha et al (2011); Serrano e Summa (2011)
composição da demanda interna
Carneiro (2010); Cunha et al (2011); Serrano e Summa (2011)
coeficiente de penetração das importações
Carneiro (2010); Cunha et al (2011)
coeficiente de exportação da IT por segmentos industriais
Carneiro (2010); Cunha et al (2011)
elasticidade da produção da IT - quantum importado
Cunha et al (2011)
I.
II.
 Indicadores: medem variações no investimento e sua participação na
demanda interna (I) e a relação entre o quantum importado e o
produzido (II).
 Definição de desindustrialização: não define.
d) Abordagem da restrição externa
 Diagnóstico: aquecimento da demanda interna, a partir de 2006, com
fragilização da conta corrente brasileira; substituição em alguns
segmentos.
 Proposições: políticas industriais, reversão da queda no coeficiente de
exportação da IT, substituição de importações em segmentos de
tecnologia mais avançada.
 Referencial teórico: dissocia efeitos histórico-estruturais, de conjuntura
e desindustrialização; ênfase na restrição externa.
Considerações sobre as abordagens
Metodologia
Abordagens
análise absoluta
análise
quantitativa
análise
qualitativa
análise
potencial
Ortodoxa
NovoIntrassetorial
desenvolvimentista
x
análise relativa
x
x
emprego industrial
x
x
comparação com média mundial
x
visão horizontal
x
x
visão vertical
x
composição interna por intensidade
tecnológica
x
composição interna por tipo de
tecnologia
x
conteúdo nacional
x
produtividade
x
composição da demanda
x
substituição ou complementaridade
das importações
Restrição
Externa
x
x
x
Conclusões
 Referencial teórico > definição de desindustrialização > escolha de
indicadores > aspectos da indústria > diagnóstico
 As análises de ampla vocalização na mídia e na academia (novo-
desenvolvimentista e ortodoxa) são aquelas com maior deficiência de
enfoque e de metodologia analítica.
 abordagens intrassetorial e da restrição externa, embora insuficientes
por si só, contribuem ao considerar, respectivamente, a composição
interna da indústria e
a análise do caráter de substituição ou
complementaridade das importações.
Conclusões
 Somente a análise vertical e conjugada de indicadores referentes a vários
aspectos da indústria (composição interna, produtividade, densidade
produtiva e papel das importações) pode conceder um diagnóstico
correto sobre a mudança estrutural da economia brasileira.
Referências

BARROS, Octavio; PEREIRA, Robson Rodrigues (2008). “Desmistificando a tese da desindustrialização: reestruturação da
indústria em uma época de transformações globais”. In: BARROS, Octavio; GIAMBIAGI, Fábio (org.). Brasil Globalizado: O Brasil
em um mundo surpreendente. 3ª Ed., Rio de Janeiro, Campus, 2008.

BONELLI, Regis; PESSÔA, Samuel de Abreu. “Desindustrialização no Brasil: um resumo da evidência”. Texto para Discussão no. 7,
mar 2010, Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getulio Vargas.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; MARCONI, Nelson. “Existe doença holandesa no Brasil?”. IN: BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos
(org.). Doença Holandesa e Indústria. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2010, pp. 207-230. Trabalho apresentado ao IV Fórum de
Economia da Fundação Getúlio Vargas.

CANO, Wilson. A desindustrialização no Brasil. IE/UNICAMP, jan. 2012 (Texto para Discussão, n. 200).

CARNEIRO, Ricardo. “Desenvolvimento brasileiro pós-crise financeira: oportunidades e riscos”. Observatório da Economia
Global, textos avulsos, no. 4, ago, 2010.

CUNHA, André; LÉLIS, Marcos Tadeu Caputi; FLIGENSPAN, Flávio Benevett. “Comércio exterior e indústria manufatureira no
Brasil: velhas questões e novas evidências para o período 2000 a 2010”. In: Seminário sobre pesquisas em relações econômicas
internacionais, no. 3. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011.

FEIJÓ, Carmen; CARVALHO, Paulo Gonzaga de; ALMEIDA, Julio Sergio Gomes de. "Ocorreu uma desindustrialização no Brasil?".
São Paulo: IEDI, Novembro, 2005.
Referências

IEDI. Desindustrialização e os dilemas do crescimento econômico recente. 2007. Disponível em www.iedi.org.br.

LARA, Fernando Maccari. “Desindustrialização: aspectos conceituais e evidências empíricas recentes sobre a economia brasileira”.
Indicadores Econômicos FEE, Vol. 39, no 1, 2011.

NASSIF, André. “Há evidências de desindustrialização no Brasil?” Revista de Economia Política, São Paulo, v. 28, n. 1, mar. 2008.

OREIRO, José Luis; FEIJÓ, Carmem. “Desindustrialização: conceituação, causas, efeitos e o caso brasileiro”. Revista de Economia
Política, São Paulo, v. 30, n. 2, jun. 2010.

SERRANO, Franklin; SUMMA, Ricardo. “Política macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na economia brasileira dos
anos 2000”. In: Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira (AKB), 4, Rio de Janeiro (IERJ), 3 a 5 ago. 2011.
Anais Eletrônicos.

SQUEFF, Gabriel Coelho. “Controvérsias sobre a desindustrialização no Brasil”. In: IV Encontro Internacional da Associação
Keynesiana Brasileira (AKB), RJ, 2011.
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