ID: 31060178 16-07-2010 Tiragem: 18000 Pág: 39 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 28,27 x 15,12 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Primeiro semestre em revista Na primeira metade do ano, a crise da dívida pública dos países periféricos da Zona Euro mereceu um especial destaque por parte dos investidores. Os principais índices accionistas dos países em questão foram os mais fustigados, designadamente o índice grego, que deslizou 40%, o espanhol, mais de 22%, e o português, mais de 16%. A volatilidade atingiu os níveis não vistos desde Dezembro de 2009, alimentada pelas medidas de austeridade anunciadas pelos governos em dificuldades orçamentais, cortes de rating da dívida pública e várias medidas de regulamentação do sector financeiro a nível mundial. A moeda única europeia registou uma forte depreciação face a um cabaz de moedas internacionais e as “yields” da dívida pública atingiram máximos. Durante este período conturbado, o ouro e a dívida pública norte-americana registaram uma forte procura, pois os investidores acentuaram a busca de maior segurança. Para o segundo semestre do ano, é de esperar um abrandamento significativo da actividade económica na Zona Euro devido à implementação das restrições orçamentais. No entanto, este aspecto poderá ser compensado por uma política monetária expansionista e pela eventual fraqueza do euro. O Banco Central Europeu decidiu na sua última reunião retomar algumas medidas pouco convencionais para aumentar a liquidez no mercado interbancário. É de esperar que estas medidas se mantenham durante alguns meses, até a situação nos mercados se acalmar. A nível mundial apontam-se os países emergentes como principais catalisadores da economia. Mercados Os principais índices accionistas mundiais encerram o semestre em território negativo. Na Europa, com a excepção do DAX, que registou uma ligeira valorização semestral de 0,14%, registaram-se fortes quebras. O índice grego deslizou cerca de 40%. Destaque para o sector financeiro europeu, que foi dos mais penalizados, devido à falta de confiança entre os diver- sos agentes financeiros, com repercussão no Mercado Monetário Interbancário, que praticamente deixou de funcionar. Os bancos dos países cujas necessidades de financiamento externo são maiores, tal como Portugal, foram os mais afectados. O BES recuou 28,8%, o BCP cedeu 26,6% e o BPI perdeu 27,8%. Nos EUA, os índices registaram novos mínimos do ano e acumulam perdas entre 6% a 7%. O derramamento de petróleo no Golfo do México afectou negativamente o comportamento dos títulos do sector energéticos e o de materiais. A British Petroleum (BP), responsável pela catástrofe ambiental, já gastou 2,6 mil milhões de dólares em custos de contenção, de limpeza e indemnizações. Os títulos da empresa britânica perderam mais 50% desde o início do ano. O ouro acumula um ganho anual de 13%, atingindo máximos históricos cada vez mais elevados. Esta valorização é justificada pelo papel de “valor-refúgio” que assume em períodos muito conturbados. Alexandre Mota Director Executivo Golden Broker O EUR recuperou de mínimos em 4 anos contra o USD, sustentado em alta por estatísticas económicas abaixo do esperado nos EUA. Os últimos números relativos ao mercado imobiliário têm surpreendido em baixa (revenda de casas e vendas de novas casas), enquanto os dados relativos ao emprego também desapontaram. No mês de Junho, a economia americana destruiu 125 000 empregos versus estimativa de destruição de 105 000 empregos. Estes indicadores aumentam receios de que a economia poderá estar a abrandar depois da firmeza demonstrada nos últimos trimestres. E o segundo semestre… O segundo semestre iniciou-se com uma quebra dos mercados, seguida de uma boa recuperação. Os últimos dados divulgados apontam para um alívio nos mercados de crédito e bons resultados das empresas. Neste capítulo, destaque para os resultados da Intel (os melhores de sempre), que servem de barómetro para o comportamento do sector.