por Luisa Massarani* C openhagen, outubro de 1941. O alemão Werner Heisenberg bate à porta da casa do dinamarquês Niels Bohr, seu grande amigo, mestre e companheiro de pesquisas. Na décadas de 10 e 20, esses dois cientistas contribuíram para revolucionar a física com seus trabalhos em mecânica quântica: Bohr com seu modelo atômico, sua discussão filosófica sobre a física quântica e o princí- pio da complemenpara os alemães? Queria Heisenberg taridade; Heisenberg informações sobre o programa nortecom a formulação maamericano para a construção da bomtemática da nova teoria ba? O que esses dois físicos conversaquântica e ram naquela O que levou Heisenberg a com o princípio da ocasião? São atravessar a Alemanha para incerteza. Este poderia ser, questões que rever Bohr? Teria ele ido com certeza, mais um não conheceavisá-lo de que os alemães jantar agradável, regado mos a resposestavam tentando construir com uma boa discussão ta. O próprio a bomba atômica? Teria científica entre dois veH e i s e n b e rg Heisenberg tentado lhos amigos. Mas eram não foi muito convencer Bohr a trabalhar tempos de guerra e os elucidativo ao para os alemães? Queria dois físicos estavam em tentar expliHeisenberg informações lados inimigos. car, posteriorsobre o programa norteO que levou Heisenmente, as raamericano para a berg a atravessar a Alezões que o leconstrução da bomba? manha para rever Bohr? varam a CoTeria ele ido avisá-lo de que os alepenhagen naquela noite. O que se sabe mães estavam tentando construir a é que o encontro terminou de forma bomba atômica? Teria Heisenberg abrupta e a amizade de ambos ficou tentado convencer Bohr a trabalhar irremediavelmente estremecida. ✁ Assine Física na Escola Pagamento de anuidade através do cartão de crédito - VISA Quero receber a Física na Escola. 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Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001 Resenhas 33 Usando esse misterioso evento coBlakemore, apresenta-se em um mo ponto de partida, o jornalista inpalco nu, com apenas três cadeiras glês Michael Frayn escreveu a peça em cena e poucos recursos simples “Copenhagen”, em cartaz há dois anos de luz e som. Por vezes, trata-se de em Londres e desde abril de 2000 em um monólogo a três. Mas dificilNova Iorque. Ela mente o leitor ou o O texto segue o ritmo recebeu, em 1998, espectador enfrenimprevisto e fascinante o prêmio de melhor ta o tédio. O texto do mundo quântico, peça do ano na Insegue o ritmo suno qual só conhecemos glaterra (Evening focante e fascinandois momentos (o encontro Standards Awards te das lembranças de Bohr e Heseinberg e a 1998). A peça eshumanas, em que separação abrupta); entre treou nos palcos até mesmo esses esses dois momentos há brasileiros sob a bafictícios Bohr e várias possibilidades, tuta de Carlos PalHeseinberg se condas quais três são ma, que se destatradizem ao reviver apresentadas em palco cou como ator na aquela noite de excelente peça “Einstein”, que conti1941. Mas, talvez, seja mais pernua em cartaz, e com sucesso, no tinente dizer: o texto segue o ritmo Brasil. Vê-se que peças dedicadas a imprevisto e fascinante do mundo temas relacionados à ciência e a suas quântico, no qual só conhecemos implicações sociais e éticas têm desdois momentos (o encontro de Bohr pertado interesse grande. e Heseinberg e a separação abrupO texto de Frayn, publicado pela ta); entre esses dois momentos há editora inglesa Methuen Drama em várias possibilidades, das quais três 1998, é de uma beleza ímpar. Ele usa são apresentadas em palco. Longe apenas três personagens (Heisenberg, de mostrar os cientistas sob a caBorh e sua mulher Margrethe) e uma ricatura clichê (gênios, homens deslinguagem bastante cativante, introcabelados e alienados da realidade), duzindo aspectos históricos de forma Frayn nos apresenta os dois físicos pouco usual. como humanos que enfrentam suas A peça, sob a direção de Michael dúvidas e seus problemas pessoais, ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ que discutem a relação da ciência com a sociedade, que analisam as questões éticas relacionadas às aplicações da ciência, particularmente na guerra. Possivelmente, os leitores e os espectadores sem formação anterior não entenderão o que é o princípio da incerteza, complementaridade ou fissão nuclear. Mas é uma peça que desperta, de maneira inteligente, a curiosidade da audiência em relação à ciência. Na sala de aula, pode ser usada como um ponto de partida para discussão, seja por meio da leitura do texto, da representação na forma de teatro por parte dos alunos ou assistindo à peça. Fica aí a minha sugestão para os professores. E para os professores que aceitarem a dica, escrevam-nos para contar como foi a experiência com os alunos. *Jornalista especializada em ciência, doutoranda do Depto. de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: massarani@ ufrj.br O site da editora inglesa Methuen Drama é www.methuen.com.uk. O custo do livro em inglês é de 6,99 libras ou 10,95 dólares. 132 páginas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ✁ Assine Física na Escola Pagamento de anuidade através de cheque nominal à SBF Quero receber a Física na Escola. Autorizo o débito de minha anuidade da SBF, através de meu cartão de crédito VISA para pagamento de assinatura anual (valor de R$ 10,00 no caso de professor do ensino médio e R$ 14,00 nos outros casos. 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Obs.: Aguarde consigo o recibo referente ao pagamento efetuado. 34 Resenhas Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001