SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2. OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 18 2.1. Objetivos Gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.2 .Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . .18 3. REVISÃO DE LITERATURA . . . . . . . . . . . 19 4. DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 5. EXAMES COMPLEMENTARES. . . . . . . . . 23 6. RADIOGRAFIA PANORÂMICA. . . . . . . . . 25 7. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CONVENCIONAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 8. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 9. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 10. DISCUSSÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 11. CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . .41 14 1. INTRODUÇÃO É importante identificar corretamente as anormalidades ósseas e de tecidos moles presentes nas Articulações Temporomandibulares (ATM), pois estas são comumente associadas com sinais e sintomas clínicos das Disfunções Temporomandibulares (DTM). As alterações nas ATM podem desencadear uma combinação de sinais e sintomas caracterizados principalmente pela dor e pela disfunção, comprometendo a capacidade funcional do ser humano. A DTM, uma subclasse das desordens músculo-esqueléticas, constitui um termo genérico empregado para designar doenças que afetam a ATM e os músculos da mastigação, podendo ou não estar combinada com o acometimento das estruturas anexas. A DTM é considerada como a principal causa de dor de origem não-dental na região orofacial (LIPTON et al., 1993). Apesar de o exame clínico ser soberano sobre os exames complementares, existem situações onde há dúvidas sobre o diagnóstico, tendo então, de lançar mão de exames complementares para evitar condutas equivocadas no momento de estabelecer um plano de tratamento. E dentre os exames de diagnóstico por imagem para identificar anormalidades associadas à DTM, destacamos: 15 a radiografia panorâmica convencional, a tomografia computadorizada convencional (TC), e, principalmente, a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) e a ressonância magnética (RM). Essas duas últimas sendo consideradas padrões-ouro em diagnóstico por imagem. A radiografia panorâmica convencional, por ser limitada ao tecido ósseo e ser limitada ao corte frontal da face, não é muito utilizada como exame para diagnóstico em casos de DTM, pois há muita sobreposição, e a região examinada não é exatamente a ideal. Porém sua imagem pode ser suficiente para sancionar algumas dúvidas diagnósticas, principalmente se essa dúvida for óssea. Já a TC convencional, foi amplamente utilizada por muito tempo para o auxílio no diagnóstico definitivo da DTM, pois pode se ter uma imagem mais nítida da região, apesar de conseguir examinar somente os tecidos ósseos. Além dessa limitação, há também o fato dela emitir excessivas doses de radiação, o que contraindica muitas vezes a técnica da TC convencional. Em contraponto à TC, a TCFC emite doses muito menores que a TC, em imagens igualmente nítidas e num menor tempo de exame. Ela é o padrão-ouro em relação à exames de tecidos ósseos. Já a RM, examina tanto tecido duro quanto tecido mole e por muito tempo foi considerada como o exame de 16 escolha para a DTM. Porém sua técnica é bem menos prática, exige um tempo maior no seu exame, e contém várias contraindicações, como usuários de marca-passo cardíaco, implantes metálicos entre outros. Apesar de tantos exames de alta qualidade, ainda existem dúvidas sobre qual exame solicitar para cada suspeita diagnóstica, um dos motivos pelo qual foi realizada esta monografia, que tem também como objetivo evitar solicitações consequentemente uma de exames exposição desnecessários, desnecessária do paciente à radiação emitida por eles. 17 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar, por meio de artigos relevantes via MEDLINE, a importância e necessidade dos exames complementares no diagnóstico e tratamento da DTM. 2.2 Objetivos Específicos - Justificar a necessidade da solicitação de exames complementares na presença de DTM. - Definir quais exames solicitar para cada suspeita diagnóstica. 18 3 REVISÃO DE LITERATURA 4. DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES A articulação temporomandibular (ATM) é um elemento do sistema estomatognático formado por várias estruturas internas e externas, capaz de realizar movimentos complexos. A mastigação, a deglutição, a fonação e a postura dependem muito da função, saúde e estabilidade da ATM para funcionarem de forma adequada (QUINTO, 2000). Quando existe alguma alteração nesta articulação há o que chamamos de Disfunção Temporomandibular (DTM), que é definida como uma coleção de condições médicas, dentárias ou faciais associadas com anormalidades do sistema estomatognático, que desencadeiam disfunções na ATM e tecidos adjacentes, incluindo os músculos faciais e cervicais (PIOZZI; LOPES, 2002). Sua etiologia é multifatorial, estas são: alterações na oclusão, lesões traumáticas ou degenerativas da ATM, problemas esqueléticos, fatores psicológicos e hábitos deletérios. As disfunções podem ser classificadas em extra e intra-articulares, ou disfunções dos músculos mastigatórios e disfunções intra-articulares (QUINTO, 2000). 19 Os estalos nas ATMs também são um dos sintomas mais frequentes em pacientes com DTM e ocorrem devido ao posicionamento errado da cartilagem, esta se deslocando para cima do côndilo abruptamente, quando o paciente abre a boca. O estalo pode ou não ser acompanhado de dor (KOSMINSKY, 1998). Uma vez que várias condições envolvendo a cabeça e o pescoço se apresentam como DTM, seu diagnóstico pode ser uma tarefa desafiadora. Esse fato decorre, principalmente, da superposição dos diversos sinais e sintomas às várias doenças existentes. Como exemplo: muitas doenças podem simular uma dor na região do masseter, incluindo uma infecção dental, uma doença na parótida ou uma inflamação intra-capsular, assim como a dor à mastigação pode ser um sintoma de neuropatia. Em algumas situações, torna-se necessário o emprego de fármacos e até de procedimentos anestésicos para o diagnóstico diferencial (RAM, KUMAR, CLARK; 2006) Com predomínio no gênero feminino, na faixa etária de 21 a 40 anos, os principais sintomas da DTM são: dor na ATM, cefaleia, estalos, otalgia, dor articular, dor facial, limitação funcional, dor cervical, cansaço, limitação de abertura de boca, dor durante a mastigação, zumbido, dor na mandíbula, dentre outros (BIANCHINI, 2000). 20 Os processos degenerativos da ATM estão relacionados com seu mau funcionamento, e os exames radiológicos são frequentemente diagnóstico e estadiamento incluídos das no seu disfunções craniomandibulares. As degenerações das ATMs são muito frequentes em pacientes idosos, verificadas através de material de necropsia (AKERMAN, S; KOPP, S; ROHLIN, M, 1988). Um recente estudo de Alkhader et al. (2010), que focou nas formas mais comuns de DTM, dor miofacial, degeneração do disco articular e osteoartrite; propôs um tratamento diferente para cada um deles. Portanto, a presença ou ausência de anormalidades ósseas também afetam no plano de tratamento da DTM, não apenas no seu diagnóstico (ALKHADER et al., 2010). O questionário preconizado para análise da DTM se chama "Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD)" ou "Critérios Diagnósticos de Pesquisa em Disfunção Temporomandibular" (CDP/DTM) e ela engloba uma série de perguntas que tentam quantificar a dor relatada, transformar um dado subjetivo em objetivo, além de manobras preconizadas pelo protocolo, como acesso ao gatilho de dor, palpação dos músculos mastigatórios e área da ATM, presença ou não de cliques ruídos atípicos na 21 ATM e a mensuração da mobilidade mandibular. Mas mesmo com um questionário tão completo como este, nem sempre se tem o diagnóstico definitivo somente com a anamnese e o exame clínico, algumas vezes se necessita de um exame complementar para buscar informações adicionais pertinentes ao caso, muitas vezes implicando numa mudança de escolhas de tratamento ou controle da dor. 22 5. EXAMES COMPLEMENTARES O diagnóstico radiológico faz parte de um sistema como um todo, cujo objetivo é tratar pacientes eficientemente e efetivamente (FRYBACK, THORNBURY, 1991). A versão de 1992 sobre os CDP/DTM, concluiu que em casos onde há DTM, a realização de exames complementares ajudaria nas suspeitas clínicas de anormalidades ósseas e/ou de tecido mole. Porém, o exame complementar por si só carece na habilidade de discriminar pacientes sintomáticos e assintomáticos (DWORKIN, LERESCHE, 1992). Fryback e Thornbury descreveram a eficácia da técnica de diagnóstico por imagem em um modelo que compunham seis níveis hierárquicos: nível 1: Eficácia técnica, que descreve a qualidade técnica da imagem obtida; nível 2: Eficácia na precisão diagnóstica, que se baseia na curva de característica de operação do receptor e descreve precisão, sensibilidade e especificidade, performance do observador e valores preditivos positivos e negativos de achados radiográficos. Nível 3: Eficácia do pensamento diagnóstico descreve se as informações obtidas pela técnica de imagem vai, ou não, mudar o diagnóstico clínico; nível 4: Eficácia terapêutica descreve 23 o quanto imagem obtida pela técnica imaginológica ajuda no plano de tratamento ou pode mudar na escolha terapêutica; nível 5: Eficácia no resultado do tratamento do paciente descreve o efeito das informações obtidas pela técnica na resolução do caso do paciente; nível 6: Eficácia social descreve o custo-benefício da técnica de um ponto de vista social. No estudo feito por Bean et al, 1977, observou-se várias articulações com erosões ao exame radiográfico, exibindo extensa destruição do osso compacto subarticular de forma achatada definida como facetamento, apesar de não ter sido observado macroscopicamente alterações nas superfícies dos tecidos moles das ATMs. Não raramente, doenças não-disfuncionais como artrites e lesões expansivas, entre outras, são, numa primeira avaliação, tomadas por disfunção interna, retardando o diagnóstico definitivo e, por consequência, o tratamento adequado. Assim como na avaliação dos distúrbios disfuncionais, a TC e a RM são bastante úteis no estudo desses paciente, com acurácia superior ao estudo radiográfico convencional (Garcia MM et al, 2008) Concluiu-se, também, que as subdivisões diagnósticas preconizadas pela CDP/DTM não foram confirmadas através de Ressonância Magnética (PETERSSON, 2010). 24 Apesar de um exame clínico não ser considerado suficiente para determinar o diagnóstico definitivo, exames complementares só devem ser feitos após o exame físico, e este indicar ou sugerir que imagens sejam realmente necessárias, ou seja, que mais informações são necessárias para o diagnóstico definitivo (PETERSSON, 2010). 6.RADIOGRAFIA PANORÂMICA Dor na região orofacial pode ter várias causas além da DTM. A grande vantagem da radiografia panorâmica é que ela é relativamente simples, e obtém uma imagem dos maxilares e estruturas associadas. Porém a sua acurácia diagnóstica é reduzida comparada a radiografias intraorais. Ou seja, é necessária uma indicação muito criteriosa e seletiva para se evitar exposições a radiações desnecessárias (PETERSSON, 2010). Há dois contrapontos a serem analisados em relação à radiografia panorâmica: alguns autores defendem a ideia de que a radiografia panorâmica pode sim trazer imagens que influenciem no tratamento preconizado, portanto sua solicitação é válida (MAGNUSSON; KARLSSON, 2002); e aqueles que defendem a ideia de que as conclusões feitas pelo exame clínico tem mais relevância diagnóstica em relação às DTMs do que a 25 radiografia panorâmica, a tornando assim, desnecessária. (EPSTEIN et al, 2001). Segundo estudos feitos por Mawani et al. e Schmitter et al., exames para observar ATMs, a radiografia panorâmica se mostrou pouco precisa, além de não ser confiável. Já no estudo feito por Dahlström e Lindvall, relatou-se certa confiabilidade aceitável – porém pouco sensível – em relação a alterações ósseas dos côndilos, e baixa confiabilidade temporomandibulares. e precisão Salientou-se para estruturas também que modelação condilar e suas discrepâncias por si só não são indicadores de presença da DTM. Mensurar o tamanho do côndilo e do ramo mandibulares foi proposto para detectar assimetrias na ATM e até diferenciar a origem da dor: miogênica ou osteogênica. (BEZUUR, 1989). Porém a validade da radiografia panorâmica para detecção de assimetrias verticais do côndilo e ramo mandibulares é considerada muito pequena. (TÜRP et al.,1996). 26 7.TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CONVENCIONAL Com o advento da tomografia computadorizada (TC), obtiveram-se imagens em 3D, o que antigamente não se tinha acesso apenas com radiografias planas. Isso certamente revolucionou a medicina, pois agora se obtêm imagens sem sobreposição, podendo manuseá-las de uma forma mais dinâmica e confiável. A TC feita para análises da ATM preconiza o exame em duas posições: em oclusão e máxima abertura bucal, sem a mediação de contrastes intra-articulares, nem intravenosos. A partir dessas posições, reconstruções multiplanares são executadas no plano coronal oblíquo (isto é, paralelo ao eixo longo do côndilo mandibular) e no plano sagital oblíqua (isto é, perpendicular ao eixo longo do côndilo mandibular) planos que utilizam algoritmos tanto ósseos como algoritmos de reconstrução de tecidos moles (BOEDDINGHAUS e WHYTE, 2013). Diferentemente da radiografia panorâmica, a sua confiabilidade e especificidade são muito altas. De acordo com o estudo de Cholitgul et al., a especificidade do tomógrafo é entre 73% e 93%, enquanto a sensibilidade é entre 67 e 90%. 27 Existem duas frentes ideológicas sobre a TC em relação aos tecidos moles: alguns autores como Payne e Nakielny, (1996, apud RODRIGUES e VITRAL, 2007, p. 321), defendem que “a tomografia computadorizada não é indicada para imagem do disco articular, pois ele aparece como imagem semelhante à do ligamento tendinoso do músculo pterigoideo lateral”; Em contraponto a estes, BOEDDINGHAUS e WHYTE, 2013 concluem que "apesar de ser tradicionalmente um exame para patologias ósseas da ATM, com uma técnica correta e a leitura interativa com o leitor DICOM, a TC é uma excelente modalidade para a visualização de toda ela quando a RM está contraindicada ou é inacessível. A tomografia computadorizada é indicada em condições patológicas como: anomalia congênita, trauma maxilofacial, doenças do desenvolvimento, infecções e neoplasias envolvendo o tecido ósseo (TSIKLAKIS, SYRIOPOULOS, STAMATAKIS, 2004). Dentre as tomografias computadorizadas convencionais, a tomografia sagital tem sido superior à radiografia transcraniana na detecção de mudanças estruturais como erosão ou formação de osteófito na articulação temporomandibular (RODRIGUES, VITRAL, 2007). No estudo publicado em 2011 por WIESE et al. feito na Dinamarca, foram pesquisados em 204 pacientes 28 consecutivos - 48 homens e 156 mulheres - entre 2004 e 2006. Os critérios de inclusão eram: ser maior de 18 anos, ter queixas de dor na ATM, sons atípicos como clique articular ou crepitação na ATM; ou deslocamento atípico da ATM. Os critérios de exclusão deste trabalho foram : trauma recente nos maxilares e, para evitar vieses, tratamentos anteriores de DTM nos departamentos onde foram examniados. A idade média +- o desvio padrão, foi de 38 +- 16 para os homens e 41+-16 para as mulheres, estando na faixa de 18 até 90 anos. Com a relação de 4:1 de mulheres para homens. Os exames clínicos foram feitos por um de seis especialistas em dor orofacial, estes foram treinados e calibrados antes da pesquisa e utilizaram o protocolo de CDP/DTM. Estes foram calibrados passando pelo procedimento da CDP/DTM e aplicando, juntos, os procedimentos preconizados nos pacientes da pesquisa. Apesar de não ter sido feito qualquer estudo formal de calibração, todos os especialistas tinham vasta experiência com o protocolo CDP/DTM. O diagnóstico inicial e plano de tratamento foram feitos de acordo com informações obtidas pelo histórico da "doença" e exames clínicos. Já os diagnósticos clínicos foram feitos a partir das informações geradas do protocolo de CDP/DTM e complementadas por parâmetros da Academia Americana de Dor Orofacial (American Academy of Orofacial Pain) e a Associação 29 Americana de Reumatismo (American Rheumatism Association). Os planos de tratamento foram divididos em sete: farmacologia, fisioterapia, terapia cognitivo e comportamental, terapia de estabilização oclusal, cirurgia, exames adicionais e encaminhamento; cada uma delas tendo suas subcategorias. O plano de tratamento e o diagnóstico inicial foram revistos pelo mesmo especialista após receber a tomografia da ATM e seu respectivo laudo. De acordo com o CDP/DTM, a presença de achados radiográficos de alterações degenerativas (facetamento, erosão, presença de osteófitos e esclerose) devem modificar o diagnóstico inicial apenas naqueles pacientes diagnotiscados com artralgia ou sem sinais clínicos de dor articular (sem artralgia). No primeiro caso, o diagnóstico mudaria de artralgia para osteartrite, e no segundo para osteoartrose. Uma revisão sistemática feita por Hussain et al. aponta que a correta tomada axial de uma tomografia computadorizada é a modalidade de escolha para diagnósticos de erosões e presença de osteófitos na ATM. 8. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO Segundo Tsiklakis et al. (2004), os estudos envolvendo a TC estão tomando passos mais lentos dentro 30 da odontologia, uma das razões é o desenvolvimento de novas técnicas de diagnósticos por imagens, e uma delas é a Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC). Segundo o autor, os tomógrafos tomam um tempo menor para fazer a leitura, consequentemente expondo o paciente a doses menores de radiação: até seis vezes menor em relação à TC, e duas a cinco vezes mais que a radiografia panorâmica. A TCFC também conhecido como tomografia computadorizada volumétrica, utiliza um feixe em forma de cone de raios-X em vez do feixe colimado ventilador usado com tomografia computadorizada espiral. Hoje em dia a TCFC é comumente utilizada para obter imagens tridimensionais da região maxilofacial. A técnica relativamente nova está cada dia mais viável e é uma técnica que produz uma dose menor de radiação, expondo o paciente a menores riscos. Hintze et al. (2007) comparou a TCFC com a tomografia convencional em exames para detecção de alterações morfológicas temporomandibulares, e não obteve diferenças significantes entre as duas técnicas. Em Guidelines sobre CDP/DTM e validação do uso de tomografia como exame complementar, recomenda-se o uso de Tomografias Computadorizadas para uso tanto clínico quando para pesquisas (AHMAD et al., 2009). Porém não há evidências científicas de que a tomografia 31 convencional ou a TCFC é inferior à tomografia computadorizada, e a opção de escolha do profissional dependerá principalmente do equipamento disponível (AHMAD et al. 2009). A TCFC nem sempre vai ser a ferramenta que dará o diagnóstico defintivo, mas muitas vezes ela auxilia no mesmo, eliminando hipóteses diagnósticas, ou seja, no diagnóstico diferencial de certos quadros clínicos. Um exemplo é o primeiro dos relatos de caso clínico relatado por Tsiklakis et al. em 2004, onde a paciente, sexo feminino, 28 anos relatava cefaleia, clique articular durante abertura de boca e dor à palpação muscular. Nas vistas laterais da TCFC revelou-se aparência normal das superfícies articulares, a posição anatômica na cavidade glenóide e espaço articular nos padrões de normalidade. Neste caso, o diagnóstico final foi de disfunção miofacial. Neste mesmo estudo, apresentou-se mais três casos de pacientes que relatavam sinais e sintomas relacionados à ATM, e que o exame complementar de TCFC foi realizado para auxiliar no diagnóstico definitivo. Um deles é de uma paciente de 48 anos apresentando dor e crepitação na ATM. As imagens lateral e coronal revelaram sinais de artrite degenerativa precoce, chamada de facetamento condilar, erosões do osso cortical além de formação inicial de osteófitos. No outro caso, paciente de 32 72 anos, do sexo feminino, com sintomas de dor em repouso e em movimento, limitação de abertura bucal e crepitação ao movimento. As imagens em oclusão e máxima abertura bucal mostraram evidências de alterações severas na articulação. Na imagem centro-lateral em oclusão, observou-se reabsorção da cabeça do côndilo, além de esclerose óssea, formação de osteófitos e redução significante do espaço articular. Na vista lateral em abertura máxima, observou-se limitação do movimento condilar e contato entre o condilo e a fossa glenóide. No quarto e último caso relatado, o paciente, do sexo feminino, de 29 anos, referia desvio da linha média e assimetria facial. Ambas imagens lateral e coronal revelaram o côndilo direito com uma má-formação em relação ao formato e tamanho comparado ao côndilo esquerdo, que apresentava-se dentro do padrão de normalidade. Essa condição foi descrita como hipoplasia unilateral do côndilo mandibular direito. Nos estudos feitos por Katakami et al., afirmam que há alta confiabilidade na reprodução de imagens feitos através de TCFC da morfologia dos côndilos mandibulares, em exames limitados à região condilar. 33 8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA No passado, a artrografia e artrotomografia foram considerados os métodos de escolha para diagnóstico por imagem em estruturas de tecidos moles, como o disco da ATM. Mas hoje em dia a ressonância magnética é o método de escolha para examinar a patologia dos tecidos moles da ATM (PETERSSON, 2010). Com o objetivo de avaliar a acurácia diagnóstica em avaliação de anormalidades ósseas da RM tendo como padrão de referência a TCFC, o estudo de Alkhader et al. (2010) conteve 55 pacientes, ou seja, 110 ATMs foram avaliadas, sendo que destas, 4 foram excluídas do estudo pois continham um ou mais artefatos em um ou dois métodos diagnósticos. Avaliou-se 8 tipos de anormalidades ósseas, como é mostrado na tabela 1: alterações destrutivas e erosivas condilares, facetamento da superfície do côndilo, deformidade condilar, esclerose condilar, formação de osteófitos, anquilose, erosão da fossa e/ou eminência articular e esclerose da fossa e/ou eminência articular. Foi feito um teste de sensibilidade e especificidade com os resultados da RM e foi observado que a especificidade da RM em relação a essas anormalidades ósseas ficou entre 84-98%, como mostra na Tabela 2, porém sua sensibilidade foi de 30-82%, onde seu 34 melhor desempenho para o último teste foi para anormalidades do tipo deformidade condilar, e seu pior desempenho foi para facetamento condilar. Tabela 1: Classificação das anormalidades ósseas temporomandibulares por tipos. Tipo 1 Alterações destrutivas erosivas do côndilo Tipo 2 Facetamento da superfície condilar Tipo 3 Deformidade condilar Tipo 4 Eslerose condilar Tipo 5 Formação de osteófitos Tipo 6 Anquilose Tipo 7 Erosão da fossa e/ou eminência articular Tipo 8 Esclore da fossa e/ou eminência articular Fonte: M Alkhader, N Ohbayashi, A Tetsumura, S Nakamura, K Okochi, MA Momin and T Kurabayashi. Diagnostic performance of magnetic resonance imaging for detecting osseous abnormalities of the temporomandibular joint and its correlation with cone beam computed tomography. Dentomaxillofacial Radiology, The British Institute of Radiology 39, p. 271. 2010. 35 Tabela 2: Sensibilidade e especificidade da Ressonância Magnética. Tipo de Sensibilidade Especificidade anormalidade média (%) média (%) Tipo 1 61 86 Tipo 2 30 92 Tipo 3 82 91 Tipo 4 40 95 Tipo 5 48 84 Tipo 6 34 98 Tipo 7 61 89 Tipo 8 41 91 Fonte: M Alkhader, N Ohbayashi, A Tetsumura, S Nakamura, K Okochi, MA Momin and T Kurabayashi. Diagnostic performance of magnetic resonance imaging for detecting osseous abnormalities of the temporomandibular joint and its correlation with cone beam computed tomography. Dentomaxillofacial Radiology, The British Institute of Radiology 39, p. 272 2010. 36 RM pode evidenciar um presente derrame articular, bem como alterações da medula óssea, como osteonecrose (LARHEIM et al., 2008). No presente estudo, há controvérsias sobre o uso da RM como técnica para exame da ATM, onde diversos autores como Petrikowski (2004); Brooks et al (1997); Dixon DC (1991, 1994) ;Payne M, Nakielny RA (1996) 28. Ludlow et al. (2007) defendem a RM como padrãoouro de exames de tecido mole, mas Limchaichana, (2006 e 2007) defendeu o fato de RM não ter padrões definidos para ser usado como técnica diagnóstica para pacientes com DTM. 37 9. DISCUSSÃO Apesar de ser um consenso entre os autores (PALACIOS, VITRAL, TSIKLAKIS, ARELLANO, RODRIGUES) de que a tomografia computadorizada é o método de escolha para análise da ATM, não há uma técnica única que produza imagens que ilustrem com perfeição todos os componentes desta anatomia complexa que é a ATM. Porém os padrões-ouros parece ser uma unanimidade, de que a TCFC é o mais eficiente em exames do tecido ósseo, e a RM é a mais eficiente para tecidos moles. Sendo a TC um exame que demanda um aparato muito grande, de mais difícil acesso, expondo ao paciente a mais radiação que a TCFC, ele perde no quesito custobenefício e eficiência. Até pelo fato de alguns autores como Hintze et al. (2007), afirmarem que não há evidências científicas que mostrem diferenças entre as duas técnicas no quesito acurácia diagnóstica, ou seja, a TCFC tem especficidade e sensibilidade semelhantes à TC, porém expondo menos o paciente e sendo uma técnica de maior acessibildiade, portanto sendo mais eficiente. Já a tomografia computadorizada produz imagens do mole com perfeição, e apesar de estudos mostrarem que 38 sua sensibildiade é inferior em exames de tecido ósseos, ela pode ser suficiente para o diagnóstico definitivo em várias condições patológicas do tecido ósseo, como: presença de osteófitos, erosão, fraturas, anquiloses, anormalidades de desenvolvimentos; inclusive a posição do côndilo em relação à cavidade glenóide. Os exames complementares são, sem dúvidas, fontes de informações essenciais na obtenção do diagnóstico definitivo, porém para ser usado com excelência, primeiro necessita-se de um bom exame clínico, de suspeitas diagnósticas plausíveis, ética profissional e bom senso, para justificar as solicitações de exames, e evitar exposições desnecessárias ao do paciente à radiação. Com indicações coerentes e exames pertinentes, o diagnóstico definitivo é conquistado mais facilmente, o tratamento ideal é iniciado em tempo hábil e o prognóstico se torna mais favorável. 39 5. CONCLUSÃO • Nem sempre há necessidade de se solicitar exames complementares em pacientes com DTM. • Imagens obtidas por TCFC são superiores em relação às outras para análise da morfologia óssea dos côndilos mandibulares e na detecção de erosão da cortical dos côndilos. • Na mensuração e avaliação da dimensão condilar, a TCFC se mostrou superior em relação à fidedignidade. • A TCFC tem melhor custo-benefício e maior eficiência em relação à TC convencional. • A radiografia panorâmica não é um método confiável para análise do formato e tamanho do côndilo mandibular. • A RM é o padrão ouro para a detecção de alterações de tecido mole e a TCFC para alterações de tecidos duros. 40 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BEAN, L. R.; OMNELL, K. A.; OEBERG, T. Comparison between radiologic observations and macroscopic tissue changes in temporomandibular joints. Dentomaxillofac Radiolol, Erlangen, v. 6, p. 90-106, 1977. • MAWANI F, Lam EW, Heo G, McKee I, Raboud DW, Major PW. 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