Contas Nacionais 2015

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Belo Horizonte – MG • Março de 2016
nº 14
Contas Nacionais 2015
A publicação das Contas Nacionais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou o que já era esperado pelo mercado: retração
da atividade econômica nacional. O índice foi de encontro às projeções do mercado financeiro e do Fundo Monetário Internacion al (FMI),
totalizando na maior retração observada para o Brasil em 25 anos: -3,8%.
Evolução do PIB e do PIB per capita (2009-2015)
1. Produto Interno Bruto (PIB)
PIB
7,5
O PIB brasileiro recuou 3,8% em comparação à 2014. Trata-se
da maior retração observada desde 1990, ano marcado pela
hiperinflação. Impactaram negativamente os setores industriais
e de serviços, além do consumo das famílias e do governo, dos
investimentos e das importações. O saldo positivo ficou a cargo
das exportações e do setor de agropecuária.
6,5
3,9
-0,1
3,0
1,9
2,9
2,1
1,0
2009
2010
2011
PIB per capita
2012
2013
0,1
2014
-1,2
2015
-3,8
-0,8
-4,6
1.1 Ótica da produção
Desempenho dos setores da economia (2009-2015) - variação (%) em
relação ao ano anterior
A) Agropecuária: Apresentando fraco desempenho para as
atividades de silvicultura, extração vegetal e pecuária, o
desempenho favorável do setor foi pautado na produção de
soja e milho. O agronegócio foi o responsável por uma
expansão de 1,8%.
-3,7
6,7
5,6
-3,1
B) Indústria: Com a segunda retração seguida, o PIB industrial
recuou 6,2% frente à 2014. O único segmento a apresentar
resultado positivo foi a indústria extrativa mineral (4,9%),
pautada no aumento da extração de petróleo e gás natural,
além de minérios ferrosos.
Impuseram o resultado negativo ao setor, os segmentos de
produção e distribuição de eletricidade, gás e água (-1,4%),
construção civil (-7,6%) e de transformação (-9,7%).
Os destaques nas quedas de produção, corresponderam à
indústria automotiva, de máquinas e equipamentos e de
produtos eletroeletrônicos e equipamentos de informática.
8,4
2,1
1,8
-4,7
10,2
4,1
-0,7
2,2
-0,9
-6,2
C) Serviços: O cenário recessivo impôs ao setor sua primeira
retração da nova série histórica do IBGE: -2,7%. Destaques
positivos foram observados para os segmentos de
intermediação financeira e seguros (0,2%) e atividades
imobiliárias e aluguel (0,3%). Enquanto a administração, saúde
e educação pública apresentou estagnação (0%), compuseram
os dados negativos os segmentos de transporte, armazenagem
e correio (-6,5%), outros serviços (-2,8%) e serviços de
informação (-0,3%).
O PIB do segmento comercial retraiu 8,9%.
2,1
5,8
3,4
2,9
2,8
0,4
-2,7
2009
Recessões recentes
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
1990
2012
2013
2014
2015
1992: Impeachment - Período marcado por baixa confiança dos
agentes na economia. Economia paralisada diante da incerteza
política.
-0,1
Fonte: Contas Nacionais, IBGE.
2011
1990: Plano Collor - substituição do cruzado novo pelo cruzeiro
e confisco da poupança. Tirou a moeda de circulação, reduzindo
consumo, produção e investimento.
-0,5
-4,4
2010
-3,8
2009: Crise internacional - Turbulência no mercado financeiro
mundial. No Brasil, governo criou programas para impulsionar o
consumo e driblar a crise.
1.2 Ótica da demanda
A) A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) retraiu 14,1%. Os fatores
responsáveis pela redução foram a queda na importação e produção interna de
bens de capital e também do desempenho negativo da construção civil. A FBCF
é o indicador para o investimento produtivo e, com recuo em dez trimestres
consecutivos, é afetado principalmente pela baixa confiança dos agentes
econômicos.
O investimento é o componente da demanda mais sensível à
confiança. Por trazer resultados no longo prazo, os agentes
observam toda a conjuntura para determinar o volume
investido. Porém, em um ano marcado por conflitos políticos
e ausência de políticas econômicas eficazes, esse fator seguiu
em baixa.
B) O consumo das famílias apresentou a retração mais acentuada para a série, 4%. A deterioração do emprego e da renda, com 2015 apresentando
fechamento de 1,6 milhão de postos de trabalho e inflação em dois dígitos, as
famílias reduziram de forma significativa a demanda por bens e serviços.
C) Diante do ajuste fiscal implementado, o consumo do governo retraiu 1% em
2015.
D) No cenário externo, diante da desvalorização cambial de 42%, as
exportações subiram 6,1%, enquanto as importações apresentaram recuo de
14,3%.
Nas vendas ao exterior, beneficiada pelo barateamento do real frente ao dólar,
obtiveram
destaques
os
setores
extrativo
mineral,
agrícola,
siderúrgico/metalúrgico e de veículos automotores. Já na compra de produtos
provenientes de outros países, com o dólar mais caro os destaques negativos
ficaram a cargo das máquinas e equipamentos, petróleo e derivados e
equipamentos eletrônicos.
Evolução dos indicadores - ótica da demanda
variação (%) em relação ao ano anterior
2009
2010
Ponto positivo: redução do déficit externo
de bens e serviços, com recuo de 79,8
bilhões de reais, uma queda de 51%.
2014 = R$ 155,5 bilhões
2015 = R$ 75,7 bilhões
2011
2012
2013
2014
33,6
2015
17,9
11,7
6,2 4,7
4,5
3,5 3,5
6,7
2,9 3,9 2,2 2,3 1,5
1,2
1,3
9,4
0,3
2,4
Consumo do governo
-4,5
20,5
17,9
20,6
18,5
20,7
18,0
18,4
20,2
18,2
16,2
14,4
2010
2011
2012
2013
2014
Taxa de Investimento
Taxa de Poupança Bruta
-1,0
FBCF
-14,1
-7,6
Exportação
Importação
-14,3
Recessão determinada por fatores domésticos
1.3 Taxa de investimento e de poupança bruta
20,9
0,7
-1,1
-2,1
-9,2
Consumo das famílias
7,2
6,1
4,8
0,8
-1,0
-4,0
5,8
2015
Apesar de ter sofrido com a conjuntura internacional (desaceleração de parceiros
comerciais, como a China) e o fim do boom das commodities (expressivas quedas nos
preços do petróleo e minério de ferro), o cenário recessivo observado na economia
brasileira se deu em grande parte devido aos fatores internos.
Configurando uma crise estrutural, indicadores de emprego e renda apresentaram
severa deterioração. A taxa de inflação mostra certa resiliência ao mecanismo de
aumento nos juros. O consumo das famílias, importante fator do crescimento econômico
brasileiro a partir de 2010, se viu comprometido devido à deterioração de indicadores de
inflação, crédito, desemprego e renda. Tudo isso contribui negativamente para a
confiança das famílias que, inevitavelmente, passaram a demandar menos.
A recuperação econômica só virá através da retomada da confiança dos agentes,
possibilitando, desta forma, uma expansão do investimento e do consumo. Mas, para
que isso se concretize, torna-se necessário a solução do impasse político e o
estabelecimento de políticas econômicas sustentáveis. Além disso, o estabelecimento de
um ambiente de negócios propício ao investimento, necessariamente passa por
questões tributárias, trabalhistas e do ambiente de negócios.
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