EFICIÊNCIA NUTRICIONAL DE CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM AO NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO: Eficiência nutricional de cultivares de feijão comum ao nitrogênio Francieli Mrojinski1, Cecília Leão Pereira Resende2, Rafael Correia Mendes2, Mariana Aguiar da Silva2, Renata da Silva Gondim2, Helton Santos Pereira3 e Fabrício Rodrigues4 ¹ Graduanda em Agronomia, PVIC/UEG, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri, [email protected], 2 Graduandos em Agronomia, Universidade Estadual de Goiás, Ipameri, GO, 3Pesquisador - Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO, 4 Professor Universidade Estadual de Goiás, Ipameri, GO. INTRODUÇÃO O feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma cultura de grande importância econômica e social no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento pelo fornecimento de proteínas, carboidratos e nutrientes essenciais à população. Considerando todas as espécies de feijão em grãos, o Brasil é o segundo maior produtor mundial, ficando atrás apenas da Índia (FAO, 2012). Considerando as três safras estima-se, para esse nono acompanhamento, que a área total de feijão poderá chegar a 3.093 mil hectares, uma redução de 8,1% com relação a safra passada. A produção nacional de feijão deverá ficar em 3.275 mil toneladas e 5,2% menor que safra 13/14, ocasionadas pelas estiagens ocorridas nesses períodos (CONAB, 2015). De acordo com MORAIS et al., (2008), esta leguminosa apresenta ampla adaptação edafoclimática, o que permite seu cultivo durante todo o ano, em quase todas as unidades da federação brasileira e nas diferentes épocas de cultivo. Entre os fatores mais limitantes da produtividade da cultura do feijoeiro, destaca-se a baixa fertilidade dos solos tropicais, que limita a nutrição das plantas. Considerando que o nitrogênio é um dos nutrientes requeridos em maiores quantidades pelo feijoeiro e os solos tropicais são, em geral, pobres neste Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 nutriente, o seu suprimento adequado torna-se de fundamental importância para a obtenção de maiores rendimentos nesta cultura (PELEGRIN et al., 2009). Nas espécies leguminosas, a simbiose com bactérias diazotróficas é responsável pela maior parte do fornecimento de nitrogênio. Todavia, apesar do feijoeiro estabelecer a simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, a quantidade suprida por este processo é insuficiente para atender à demanda total do feijoeiro, sendo necessário o fornecimento de N por meio da adubação (BRITO et al., 2011). As principais reações bioquímicas que ocorrem nas plantas envolvem a presença do N, elemento constituinte de vários compostos vegetais, como os aminoácidos, os ácidos nucléicos e a clorofila e, portanto, este é um nutriente de elevada importância em todas as fases de desenvolvimento do feijoeiro-comum (ALCÂNTARA et al., 2009). Dentre os aspectos que devem ser melhorados, na cultura do feijoeiro, está o manejo de adubação das plantas, uma vez que, com o fornecimento adequado e equilibrado de nutrientes, pelo uso de fertilizantes, pode se obter aumentos significativos na produtividade de grãos (AFONSO et al., 2011). O uso inadequado da adubação nitrogenada pode levar a redução na produção, aumentos nos custos e ocasionar poluição ambiental como as perdas por volatilização, lixiviação e desnitrificação (SANT’ANA et al., 2010). Dessa forma, o alto custo dos fertilizantes nitrogenados, ocasiona uma crescente procura por técnicas de manejo para maximizar o uso desse nutriente, como cultivares que tenham maior eficiência na utilização do nitrogênio, respondendo assim com maior satisfação a adubação nitrogenada, garantindo ganhos na produção e reduzindo gastos, principalmente em solos deficientes de nitrogênio (SALGADO et al., 2011). OBJETIVO O objetivo geral deste estudo é avaliar cultivares de feijão comum quanto a sua eficiência nutricional ao nitrogênio e avaliar o efeito da deficiência no desenvolvimento das plantas, em vários estádios fenológicos. METODOLOGIA Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 O experimento foi implantado na Universidade Estadual de Goiás, localizada no município de Ipameri, GO (Lat. 170 43’ 19’’ S, Long. 480 09’ 35’’ W, Alt. 773 m), durante as safras 2014/2015. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial simples, com três repetições, sendo utilizados onze cultivares (linhagens précomerciais de feijão comum), como: Pérola, BRS Estilo, BRS Ametista, BRS Notável, BRS Cometa, CNFC 10729, CNFC 10429, CNFC 10762, BRS Pontal, BRS Marfim e BRS Agreste, todas cedidas pela Embrapa Arroz e Feijão. O preparo do solo foi realizado de maneira convencional, com uma aração e duas gradagens, posteriormente, foi realizada a adubação no sulco de plantio, obedecendo às porcentagens de adubações de N (0, 40, 80, 120 e 160 kg ha-1 de N). O plantio foi realizado no dia 17 de novembro de 2014, depois de 30 dias foi feito a adubação de cobertura com uréia, sendo que cada parcela foi representa por duas fileiras de três metros de comprimento, espaçadas a 0,45m, totalizando uma área útil de 2,7 m2. Foram avaliadas as características de altura de planta (ALT), diâmetro médio da planta (DIAM), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR), índice de clorofila Falker (ICF) e produtividade média (PROD) e eficiência agronômica (EFA), demais informações são de detenção e por direito da EMBRAPA Arroz e feijão. A interpretação dos dados foi feita a análise de variância individual, o teste de agrupamento, as análises de regressão e correlação genética dos dados após tabulação dos dados, utilizando o programa GENES (CRUZ, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se que para todas as fontes de variação testadas do nitrogênio, houve diferença significativa a 1% (p≤0,01), conforme Tabela 1, 2 e 3, nos estádio V3, R6 e R9. Indicando que os cultivares obtiveram desempenho divergente nas diferentes doses de nutrientes testadas no feijoeiro. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 Tabela 1. Resumo da análise de variância das características de altura de planta (ALT), diâmetro do caule (DIAM), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR) e índice de clorofila Falker (ICF), avaliados no estádio fenológico V3, em diferentes doses de nitrogênio (0, 54, 107, 160 kg ha-1 de N). Ipameri, GO, 2015. F.V. Cultivar (C) ALT 32,63 ** DIAM MFPA ** ** 0,86 6,20 MFR 15,34 ** MSPA MSR ** ** 0,15 0,57 ICF 40,64** Dose (D) 382,82** 1,37** 69,80** 358,35** 0,64** 4,51** 830,46** CxD 26,79** 0,36** 10,44** 16,93** 0,22** 1,02** 67,54** Bloco 3,70 0,01 0,81 0,15 0,01 0,01 0,96 Erro 0,70 0,01 0,43 0,70 0,01 0,01 2,43 CV (%) 3,73 3,53 12,36 12,74 12,96 7,13 4,57 * e **- significativo a 5% e 1% de probabilidade, pelo teste F; CV% - coeficiente de variação. Dentre os nutrientes, o nitrogênio é fator determinante na produtividade do feijoeiro, sendo a responsividade à utilização desse macronutriente tem sido positiva de forma generalizada em todo o país (BARBOSA et al., 2010; DA CUNHA et al., 2011). Tabela 2. Resumo da análise de variância das características de altura de planta (ALT), diâmetro do caule (DIAM), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR) e índice de clorofila Falker (ICF), avaliados no estádio fenológico R6, em diferentes doses de nitrogênio (0, 54, 107, 160 kg ha-1 de N). Ipameri, GO, 2015. F.V. Cultivar (C) ALT 1327,23 DIAM ** 0,67 ** MFPA 892,37 ** MFR 218,14 MSPA ** 133,00 ** MSR 19,35 ** ICF 1073,95** Dose (D) 1264,06** 2,66** 3058,94** 1168,16** 153,37** 82,93** 742,49** CxD 580,28** 0,97** 892,00** 123,31** 117,89** 15,17** 1056,03** Bloco 0,62 0,02 11,12 6,76 6,87 0,01 53,08 Erro 25,82 0,05 39,83 4,77 6,41 0,48 60,27 CV (%) 9,40 5,00 16,31 11,72 28,25 13,42 17,81 * e **- significativo a 5% e 1% de probabilidade, pelo teste F; CV% - coeficiente de variação. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 Os experimentos apresentaram boa precisão, o qual os valores médios do coeficiente de variação (CV) foram, em média, 8,14, 14,55 e 12,71 nos estádio V3, R6 e R9, respectivamente (Tabela 1, 2 e 3). As variáveis que apresentam maior CV (%) são as variáveis de massa seca e fresca da planta e da raiz, indicando que a extração, lavagem e quantidade de água presente nas plantas variam e interferem na precisa avaliação dos dados. Além disso, o estresse total ou parcial causa um descontrole fisiológico enorme nas plantas, possibilitando a identificação de plantas que apresentem comportamento acima da média, em comparação com os demais cultivares. Por ser o elemento mais absorvido pela planta, sua carência é altamente limitante à produtividade de grãos de feijão, mesmo em estádio inicial de desenvolvimento, inclusive no V3. O manejo adequado da adubação nitrogenada representa uma das principais dificuldades da cultura do feijoeiro, visto que a aplicação de doses excessivas de N, além de aumentar o custo econômico, pode promover sérios riscos ao ambiente, e a sua utilização em quantidade insuficiente pode limitar o seu potencial produtivo, mesmo que outros fatores de produção sejam otimizados (SANTOS et al., 2003). O nitrogênio tem grande importância no metabolismo das plantas, sendo cerca de um quarto do gasto energético dos vegetais relacionados com as várias reações envolvidas na redução de nitrato a amônio e a subsequente incorporação às formas orgânicas nas plantas (EPSTEIN e BLOOM, 2005). Tabela 3. Resumo da análise de variância das características de altura de planta (ALT), diâmetro do caule (DIAM), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR) e índice de clorofila Falker (ICF), avaliados no estádio fenológico R9, em diferentes doses de nitrogênio (0, 54, 107, 160 kg ha-1 de N. Ipameri, GO, 2015. F.V. ALT DIAM Cultivar (C) 1442,57** Dose (D) MFPA MFR MSPA MSR ICF 2,47** 634,36** 164,51** 47,05** 6,55** 454,50** 1702,45** 2,68** 1012,76** 726,92** 15,14** 24,99** 599,94** CxD 716,99** 1,17** 145,20** 75,50** 7,39** 2,63** 446,15** Bloco 71,74 0,11 13,64 5,48 0,21 0,03 24,36 Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 Erro 32,82 0,06 15,77 1,60 0,59 0,13 27,19 CV (%) 8,42 5,03 17,04 11,56 15,51 17,82 13,63 * e **- significativo a 5% e 1% de probabilidade, pelo teste F; CV% - coeficiente de variação. Conforme a Tabela 4 observa-se que as cultivares que apresentam maior eficiência agronômica e são classificadas como eficientes e responsivas, quando sob estresse total, o cultivar BRS Agreste, BRS Estilo, BRS Notável e BRS Pérola, podem ser destinados a produtores de alto nível tecnológico ou baixo, ou seja, que possuem maiores gastos com insumos ou para produtores de recurso inferior ou mais escasso. Fato interessante é que sob condições de estresse parcial, metade da adubação recomendada, os mesmo cultivares apresentam melhor desempenho, com exceção do cultivar BRS Notável. O feijão é um alimento tradicional na culinária brasileira, sendo cultivado por pequenos e grandes produtores em todo o Brasil. Tem relevante importância econômica e social, principalmente como fator de segurança alimentar (RICHETTI e MELO, 2014). Além disso, é utilizado muito por agricultores de baixa renda e familiar, denotando ainda mais a importância deste estudo para a sociedade. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 Tabela 4. Produtividade média (PROD) de 11 cultivares de feijão, sob estresse total e estresse parcial, eficiência agronômica (EFA) e classificação das cultivares. Estresse Total1 Cultivar BRS Agreste BRS Ametista BRS Cometa BRS Estilo BRS Marfim BRS Notável BRS Pérola BRS Pontal BRS Sublime CNFC 10729 CNFC 10762 Média Cultivar BRS Agreste BRS Ametista BRS Cometa BRS Estilo BRS Marfim BRS Notável BRS Pérola BRS Pontal BRS Sublime CNFC 10729 CNFC 10762 Média 1 PROD 1455,86 921,99 1873,67 1620,48 976,33 1509,34 1640,21 1738,54 1078,83 1072,87 1342,73 1384,62 Estresse Parcial2 PROD 2017,52 1513,20 1830,38 2090,36 1667,74 2600,80 2222,22 2501,50 1723,50 1292,11 1880,91 1940,02 Nitrogênio EFA 8,62 5,37 -0,60 6,25 5,30 5,66 5,89 -0,04 4,74 2,98 1,19 4,12 Nitrogênio EFA 6,64 -0,42 -0,38 3,64 -2,45 -9,26 0,79 -14,47 -2,68 1,82 -7,77 -2,23 CL ER IR ENR ER IR ER ER ENR IR INR INR ---- CL ER IR IR ER INR ENR ER ENR INR IR INR ---- - Estresse total, sem aplicação do nutriente em questão; 2– Estresse parcial, aplicado somente metade do referente nutriente estudado; ER – eficiente e responsivo, ENR – eficiente e não responsivo, IR – ineficiente e responsivo, INR – ineficiente e não responsivo, conforme Gerloff (1977). CONSIDERAÇÕES FINAIS Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 O estresse total, sem aplicação de nitrogênio, provavelmente, ativa rotas metabólicas distintas, com relação ao estresse parcial e, assim, promovem efeitos divergentes nas cultivares. Podemos concluir que as cultivares BRS Agreste, BRS Estilo e BRS Pérola obtiveram melhor desempenho, sendo eficiente e responsivo, sendo indicados para vários níveis tecnológicos. AGRADECIMENTOS O grupo de pesquisa “MelhorVe” agradece a empresa Embrapa Arroz e Feijão, por disponibilizar sementes para a realização do trabalho. REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, R. M. C. M.; ARAÚJO, A. P.; XAVIER, G. R.; ROCHA, M. M.; RUMJANEK, N. G. Relações entre a contribuição da fixação biológica de nitrogênio e a duração do ciclo de diferentes genótipos de cultivos de leguminosas de grãos. Embrapa Meio-Norte. Teresina. (Documentos, 197). 2009. AFONSO, R.J. et al. Combinações de nitrogênio no desenvolvimento e rendimento do feijoeiro. 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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 RICHETTI, A.; MELO, C. L. P. Viabilidade econômica da cultura do feijão-comum, safra de seca de 2015, em Mato Grosso do Sul. Comunicado Técnico. Dourados, MS. Doc 197. 2014. SALGADO, F. H. M.; FIDELIS, R. R.; CARVALHO, G. L.; SANTOS, G. R.; CANCELLIER, E. L.; SILVA, G. F. Comportamento de genótipos de feijão, no período da entressafra, no sul do estado de Tocantins. Bioscience Journal, v. 27, p. 52-58, 2011. SANT’ANA, E. V. P.; SANTOS, A. D.; SILVEIRA, P. M. Adubação nitrogenada na produtividade, leitura SPAD e teor de nitrogênio em folhas de feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 40, n. 4, p. 491-496, 2010. SANTOS, A.B.; FAGERIA, N.K.; SILVA, O.F. & MELO, M.L.B. Resposta do feijoeiro ao manejo de nitrogênio em várzeas tropicais. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 38:12651271, 2003. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015