Lixo eletrônico

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALAGOAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E INOVAÇÃO
RELATÓRIO FINAL
Edital 02 PRPI/IFAL
Período de Execução: Agosto/15 a Julho/16
ORIENTADOR:
SIAPE:
CPF:
TELEFONE:
E-MAIL:
CAMPUS:
DISCENTE:
CURSO:
CPF:
TELEFONE:
E-MAIL:
CAMPUS:
Adriana Santana Ferreira
1756377
01462531679
(82) 99958 69 77
[email protected]
Arapiraca
Aline Maria Matias dos Santos
Eletroeletrônica
100.074.594-59
(82) 99912-4788
[email protected]
Arapiraca
TÍTULO DO PROJETO
Lixo eletrônico: Um dos grandes desafios da sociedade atual
RESUMO DO PROJETO
Cientes dos perigos que o descarte inapropriado do lixo eletrônico pode causar, o projeto aliou conhecimentos do curso de eletroeletrônica a uma questão muito discutida atualmente: o que fazer com o
lixo, resíduos oriundos das atividades humanas, quase sempre descartados com pouco ou sem nenhum
controle, degradando a qualidade de vida e os ecossistemas terrestres e aquáticos. Para atingirmos
nosso objetivo, realizamos entrevistas junto à população em diversos pontos da cidade de Arapiraca,
nas lojas que fazem manutenção de eletroeletrônicos e de informática, realizamos visitas ao aterro sanitário da cidade, à Secretaria de Meio Ambiente e Saneamento na prefeitura e a diversos pontos de coleta de lixo (lojas que recolhem produtos eletrônicos, pontos de coleta de pilhas e baterias e à Associação
dos Catadores de Resíduos Sólidos de Arapiraca - ASCARA) a fim de identificarmos os principais tipos
de lixo eletrônico descartados pela população. Através de todo esse processo, visando mapear a origem e o destino deste tipo específico de lixo descartado pelos arapiraquenses, procuramos também entender sobre a durabilidade desses produtos e as possibilidades de conserto para aumentar sua vida útil
e ficarmos a par da realidade com que esse lixo é tratado quando chega ao seu destino final. Através da
literatura, identificamos os principais prejuízos que os materiais contidos nesses equipamentos (cádmio,
chumbo, mercúrio, cromo, etc.) trazem ao nosso meio. Por fim, propusemos uma solução para esse
problema, tendo em vista as condições socioeconômicas da cidade de Arapiraca-AL, com base em soluções que deram certo em outros lugares do mundo.
INTRODUÇÃO
Quase sempre a sociedade não questiona o mundo à sua volta, pois foi programada para seguir um
modelo de vida. Desse modo, fazemos parte de uma sociedade consumista e, em sua maioria, despreocupada com o desenvolvimento sustentável, o que garante um ambiente saudável para as gerações futuras.
O lixo tecnológico ou industrial é pouco conhecido, assim as pessoas ficam sem saber o que fazer
com ele na hora do descarte. Nem mesmo o poder público, que é o responsável pelo bem estar do
povo, sabe. Assim continua o dilema: O governo não se preocupa porque a população não cobra, já a
população não cobra porque não conhece os problemas trazidos por esses resíduos. Muitas vezes a
população não entende que muitos de seus afliges fazem parte do ambiente em que vivem, ficando nas
mãos do poder público a amenização dos males. No intuito de dar uma resposta à sociedade, muitas
vezes observamos métodos paliativos visando combater as consequências do problema ao invés da
causa, fazendo com que o problema não consiga ser totalmente sanado e se perpetue ao longo de muitos anos.
Em uma entrevista no dia 04/05/2015, em Genebra, na Suíça, o chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, acentuou a necessidade de pôr limites a utilização
de produtos químicos perigosos e de encontrar uma solução para a massa de lixo eletrônico que está
acumulada por todo o mundo. Ele (Steiner) explicou que existem mais minerais em celulares, computadores e outros aparelhos que a quantidade existente em reservas subterrâneas, o que ele chamou de
“mineração urbana”. Evidenciou também que morrem mais de um milhão de pessoas por intoxicação
química. Steiner ainda falou que a falta de conhecimento sobre o descarte apropriado desse tipo de lixo
agrava o problema.
Segundo dados do PNUMA, dentre os países emergentes, o Brasil é o que mais produziu lixo eletrônico: a cada ano o Brasil descarta cerca de 97 mil toneladas de computadores; 2,2 mil toneladas de
celulares; 17,2 mil toneladas de impressoras.
No livro “Logística Reversa como Solução para o Problema do Lixo Eletrônico: Benefícios Ambientais
e Financeiros”, Eduardo Correia Miguez mostra que através da pressão da população para as empresas
serem responsáveis pelo ciclo de vida de seus produtos, estas buscam alternativas para agradar a seus
clientes, que estão se tornando mais exigentes e conscientes. Assim sendo, se torna explícito que a
participação da população para a solução desse problema que se agrava no mundo todo é fundamental.
É preciso que a sociedade tome conhecimento do assunto para que esteja ciente dos danos ocasionados pelo descarte inconsciente dos materiais eletrônicos e se preocupe com a situação, fazendo cobranças aos fabricantes, governantes e mudando seus hábitos incorretos.
Esta pesquisa nos ajudou a compreender mais sobre o grande problema que atinge a comunidade à
medida que o poder aquisitivo por parte da população aumenta. A cidade de Arapiraca foi uma das cidades brasileiras que mais cresceram nos últimos tempos, gerando empregos e aumentando a renda da
população. Para se ter ideia, segundo notícia divulgada ano passado no site economia.uol.com.br, o
município foi a oitava cidade que mais gerou empregos no Brasil. Certamente esse dado positivo amplia
o poder de consumo da população que tende a descartar cada vez mais lixo eletrônico. Portanto é preciso conciliar a melhoria da renda com a qualidade de vida por meio de um ambiente mais saudável,
para melhorar também a saúde e o bem estar das pessoas. Não há mudança sem reflexão e conhecimento a cerca daquilo que se deseja mudar. Logo, economia, condições ambientais e sociedade são fatores que precisam caminhar juntos.
OBJETIVOS
Geral:
Melhor compreensão sobre o lixo eletrônico que, devido ao aumento do poder aquisitivo da população,
está se tornando cada vez mais comum nos centros urbanos. Como é um fato recente a maioria das
pessoas desconhecem os materiais presentes nesse tipo específico de lixo e os perigos a ele relacionados.
Específicos:
1. Identificar os tipos de lixo eletrônico mais descartados na cidade de Arapiraca.
2. Quais são os destinos dados a esse tipo de lixo.
3. Quais as consequências desse descarte (os materiais contidos nesse lixo e os prejuízos da poluição
provocada por esses materiais).
4. Quais as soluções possíveis de serem implantadas para amenizar o problema.
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METODOLOGIA
Na literatura foram buscadas informações prévias (definição, materiais que compõe o lixo eletrônico,
efeitos nocivos e possíveis soluções) a cerca do assunto. Essas informações também foram buscadas
na secretaria de Meio Ambiente e Saneamento do município, em leis de resíduos sólidos que regem
nossa constituição e órgãos ambientais como o CONAMA.
A etapa seguinte foi o trabalho de campo. Coletamos, através de entrevistas feitas por questionários,
informações que nos fizessem entender quais os tipos de lixo eletrônicos mais descartados pela população, as formas de descarte mais usadas e se os materiais descartados teriam conserto. Essa coleta foi
feita em diversas áreas da cidade com diferentes classes sociais. Foram eles: Condomínios de alto padrão (Ouro Verde e Altaville Residence), bairros de classe média (Alto do Cruzeiro e Canafístula) conjuntos habitacionais (Olho D’àgua dos Cazuzinhos e Conjunto residencial Brisa do Lago), visto que as
condições sociais interferem diretamente no tipo de lixo produzido. A mesma entrevista foi feita com
transeuntes da praça Luiz Pereira Lima, no centro da cidade e alunos do IFAL residentes em Arapiraca.
Elaboramos outros questionários de entrevistas a serem aplicados com os catadores de materiais recicláveis no lixão e lojas de conserto de eletrônicos (celulares, aparelhos de informática, eletrodomésticos) totalizando 143 questionários aplicados.
Para facilitar a leitura e interpretação das perguntas feitas junto à população e diversos seguimentos,
colocamos esses dados em tabelas e gráficos, conforme anexo.
Ao identificar os materiais que são descartados com mais frequência e qual o destino final que eles
recebem, pesquisamos os principais componentes contidos nesses equipamentos e fizemos uma análise dos prejuízos que essas substâncias podem trazer ao ecossistema e ao homem.
Após tudo o que foi pesquisado e coletado, refletimos sobre a situação do município sobre o referido
assunto e, infelizmente, como em grande parte do Brasil e do mundo, muito pouco ou quase nada tem
sido feito para solucionar o problema. Muitos nem sabem que se trata de um problema. Diante da bibliografia estudada, dos principais materiais descartados e dos responsáveis pelo destino adequado, vislumbramos solução para o problema baseado nas características sociais, econômicas e geográficas da
cidade, inspirada em soluções que deram certo em outros lugares do mundo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa conseguiu comprovar o que foi lido na bibliografia e os fatos que presenciamos
diariamente, ou seja, Arapiraca não faz diferente do restante do Brasil quando não há um tratamento
diferenciado para este tipo de lixo. A maior parte da população local, de acordo com entrevista feita,
disse que realiza a troca frequente de algum tipo de material eletroeletrônico e o descarta no lixo
comum ou em algum local inadequado. Muitas pessoas entrevistadas desconheciam que esse tipo de
lixo deveria ter um descarte diferente do lixo comum e ignoravam os malefícios das substâncias
contidas nesses equipamentos.
Fig. 1: Tempo de troca dos principais produtos eletroeletrônicos descartados pela população.
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Fig. 2: Um número significativo de pessoas desconhecem os prejuízos provocados pelo lixo eletrônico
Vinte e sete por cento segue o ritmo do mercado ao comprar os produtos assim que são lançados,
e 83% disseram que troca algum produto com até 2 anos de uso, possibilitando que cada vez mais
aumente a quantidade de materiais eletroeletrônicos obsoletos jogados em locais impróprios. Foi
evidenciado que os produtos mais descartados pela população em geral são: celulares, lâmpadas e
pilhas.
Fig. 3: Mais da metade dos entrevistados disseram ser comum o descarte de pilhas, baterias e carregadores
Fig.4: Aparelhos eletroeletrônicos trocados com mais frequência pela população
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Esses aparelhos trazem grande preocupação com o descarte, pois nos celulares estão presentes
substâncias como cádmio, chumbo e mercúrio, que trazem danos ao pulmão, aos rins, ossos, sistema
nervoso e sanguíneo, cérebro e fígado. Nas lâmpadas está presente o mercúrio, que, como foi dito
anteriormente, causa danos aos rins, ao pulmão, ao sistema imunológico, entre outros. As pilhas
contêm cádmio, mercúrio e zinco, que prejudicam o sistema nervoso, podem causar câncer, úlceras,
dentre outros problemas.
Esses danos se dão quando a pessoa entra em contato com essas substâncias. Esse contato é
facilitado através do descarte incorreto desses materiais possibilitando que essas substâncias infiltrem e
contaminem o solo e a água. Nessa contaminação o solo fica infértil e a água (dos lençóis freáticos,
lagos, lagoas e rios, se esses materiais forem jogados próximos a essas áreas) fica contaminada. São
inúmeros os males causados à população e que nem sempre as causas são estudadas e comprovadas.
A mulher grávida, por exemplo, quando em contato direto com essas substâncias, pode levar ao aborto
que em muitos casos são tomados apenas como “espontâneos”.
O mais preocupante é saber que há uma parte da população que não tem conhecimento nem sequer
sobre do que se trata o lixo eletrônico, muito menos sobre os riscos que podem provocar à saúde.
Quando foi perguntado o que poderia ser feito para resolver o problema do lixo eletrônico, poucas
pessoas deram respostas satisfatórias, pois os demais não souberam responder ou deram respostas
muito vagas e que não cooperariam para resolver de fato o problema.
Fig.5: Opinião da população arapiraquense para a resolução do lixo eletrônico
Pudemos verificar que os pontos de coleta de materiais eletrônicos só existem para pilhas, baterias
e lâmpadas, alguns recolhem celulares e que poucas pessoas sabem da sua existência comprovando
que apenas essa medida é insuficiente para a resolução do problema.
Fig.6: Quase 90% da população entrevistada desconhece pontos de coleta de qualquer material eletroeletrônico
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Esse tipo de lixo não recebe a devida importância e tratamento por nenhum segmento da sociedade:
a população, carente de educação e portanto de informações sobre o que estes aparelhos contêm, não
se preocupam em descartá-lo no lixo comum.
Quanto ao poder público, como não realiza coleta seletiva, não tem nenhum controle ou planejamento para dar destino específico a esse tipo de lixo. O que percebemos após várias visitas à secretaria de
Meio Ambiente e Saneamento em conversas com o Engenheiro ambiental e sanitarista Fabrício José
Rodrigues e Maryanne Vieira Santos, Coordenadora do Departamento de Educação Ambiental, é que a
prefeitura reconhece que algo urgente precisa ser feito. Que há necessidade de promover a integração
de vários setores para garantir o retorno do material e a destinação correta, acionando inclusive o ministério público para fazer valer à lei de responsabilidade das empresas a respeito desse tipo de lixo oriundo dos produtos que fabricam. A população precisa colaborar, mas para isso precisa ser mobilizada e
educada para a coleta seletiva ou a deposição de alguns materiais em postos específicos de coleta
como exemplo das pilhas nos coletores denominados de papa pilhas.
O que pudemos perceber de concreto quanto à preocupação do poder público em Arapiraca a respeito do lixo eletrônico:
a) Existência de coletores de pilhas em diversos pontos da cidade: Apesar de sua existência, 89%
das pessoas entrevistadas disseram não saber sobre a existência desses pontos de coleta. As pilhas
coletadas, eram entregues a uma única empresa que mandava esse material para São Paulo, porém a
empresa não repassava à prefeitura as notas que comprovassem tal entrega e que serviria como comprovante do destino adequado dado ao material. O acordo feito com a empresa foi suspenso e as pilhas
estão armazenadas na ASCARA. Para melhorar essa logística, a prefeitura criou mais postos de coleta
e mudança de alguns pontos dentro do mesmo bairro e está articulando juntamente com o IMA (Instituto de Meio Ambiente) a entrega das pilhas coletadas a uma empresa em Maceió.
b) Apoio à Associação de Catadores de Resíduos Sólidos de Arapiraca - ASCARA: A prefeitura
apoia a Associação criada com ajuda de bolsistas e professor da UFAL, cedendo inclusive o terreno
onde 8 catadores trabalham diariamente recolhendo material nas ruas, levando para a Associação, separando, pesando e enviando o material para compradores em Maceió. Esses associados trabalhavam
antes no lixão com pelo menos mais outras 100 famílias e optaram por fazer parte da ASCARA devido
ao incentivo da prefeitura que, juntamente com representantes da UFAL, buscaram uma alternativa para
os catadores do lixão, que em breve terão dificuldades para prosseguir a atividade já que o aterro sanitário, orçado em 14 milhões de reais deve entrar em funcionamento até o final deste ano, atendendo a
outros 20 municípios.
Quanto às lojas que consertam equipamentos eletrodomésticos, celulares e de informática: Com ex ceção de apenas uma loja de informática, as demais disseram que não há pontos de coleta para o material que descartam. Esse descarte vai para o lixo comum, parte fica em depósito próprio do estabelecimento, parte é reutilizada para o concerto de outros equipamentos e a outra é entregue ao dono do
equipamento. Sabemos que grande parte do lixo eletrônico encontra-se dentro das residências, pois as
pessoas acreditam que ele tenha algum valor ou não sabe onde descartá-lo
Fig.7: As lojas que consertam equipamentos eletroeletrônicos não tem local específico para o descarte do material
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O que nos chamou bastante atenção foi uma loja no Garden Shopping na cidade de Arapiraca, que
recolhe materiais como pilhas, baterias, celulares e acessórios como cabo USB, fones e etc. Esta loja
pediu expressamente que não fosse divulgado seu nome pois segundo a visão da gerência não é interesse do estabelecimento fazer marketing a respeito do tema e quer que os clientes entendam a ação
como dever da loja. Esse pensamento é totalmente avesso a tudo o que tínhamos visto até o momento.
Todos sabemos que o marketing é essencial para as vendas e que muitas empresas usam o marketing
ambiental para atrair clientes. Podemos citar a empresa nike que viu suas vendas caírem drasticamente
após denúncias de que empresas onde eram fabricados seus produtos exploravam seus trabalhadores,
utilizando inclusive mão de obra infantil. Para recuperar as vendas, além do grande investimento em
tecnologia a nike investiu também em sustentabilidade retirando toneladas de plásticos dos lixões. Essa
ação recuperou o prestígio da empresa e as vendas voltaram a crescer. Por isso nos questionamos:
Será que a loja do shopping está realmente preocupada em recolher o maior número possível de materiais para dar destino adequado aos produtos que seriam descartados de forma inadequada no ambiente?
Fig.8: Coletor de lixo eletrônico em loja do Garden Shoping, em Arapiraca.
Um dos resultados deste trabalho foi o interesse despertado pela CASAL – Companhia de Saneamento de Alagoas, em desenvolver projetos com o IFAL/Campus Arapiraca. Através de visita ao coletor
de pilhas instalado na empresa conhecemos o engenheiro ambiental e sanitarista Ricardo Ítalo Guimarães Sousa. Este mostrou-se muito interessado em articular dentro da empresa parceria no desenvolvimento dos projetos. Após conhecer as instalações do Campus e apresentar a empresa para direção e
professores em reunião marcada para este fim, foram discutidas várias possibilidades de trabalho em
conjunto. Dessa discussão foram elaborados e aprovados 2 projetos neste último edital da pesquisa: um
sobre o destino das pilhas e outro sobre energia solar em unidade remota da CASAL, projetos estes a
serem desenvolvidos até julho de 2017.
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DIFICULDADES NA EXECUÇÃO DO PROJETO
A primeira dificuldade que nos deparamos foi a falta de dados específicos sobre esse tipo de lixo em
Arapiraca.
Outro ponto a ser pensado foi como realizar um bom questionário capaz de extrair de diversos
setores da sociedade os dados que precisávamos coletar para atender a problemática da pesquisa e
qual percentual de entrevistas nos daria uma boa mostra para os dados coletados.
Como o objetivo primeiramente era o de identificar qual o tipo de lixo eletroeletrônico é descartado
com mais frequência pelos arapiraquenses, resolvemos aplicar a entrevista entre bairros de diversos
poderes aquisitivos por isso escolhemos 2 bairros de classe alta, média e baixa. No entanto, notamos
que na população da cidade fica difícil fazer essa divisão pois dentro dos bairros há diferentes classes
econômicas. A solução encontrada foi entrevistar os condomínios fechados (onde se concentra a classe
alta de Arapiraca), os conjuntos habitacionais criados pelo poder público (classe baixa) e alguns bairros
ao entorno do centro considerando o preço médio dos aluguéis (classe média).
Na coleta dos dados junto aos alunos do IFAL houve atrasos, pois na maioria das vezes, estes
estavam em aula ou realizando provas e trabalhos. A providência tomada foi realizar as entrevistas nos
horários de intervalo entre as aulas e com alunos que, no momento, não estavam exercendo atividades.
Foi preciso ir mais vezes que o planejado no IFAL em horário contrário ao que a aluna bolsista estuda
para a coleta dos dados.
Outra dificuldade encontrada foi o deslocamento até os bairros de Arapiraca e a compatibilidade de
horários visto que algumas áreas são consideradas violentas durante certo horário. É justamente à
noite, quando essas áreas se tornam mais perigosas, que foi mais fácil encontrar as pessoas em suas
residências para responderem as entrevistas feitas através de questionários. Dessa forma a coleta dos
dados precisou de um prazo maior do que o estipulado para ser feito.
Acrescenta-se também a dificuldade que tivemos em encontrar com as pessoas que pudessem nos
responder algumas dúvidas. Como exemplo podemos citar o responsável pelo aterro sanitário que está
sendo construído em Arapiraca e que atenderá a pelo menos outros 20 municípios. Fomos na empresa
várias vezes e não pudemos passar do portão de entrada. Os funcionários disseram que o responsável
não tinha dia e nem hora para estar no local e fomos informadas por uma funcionária, que devíamos ir a
Maceió, onde fica a sede da empresa, para saber sobre a construção e operação do aterro.
Vale destacar que outra dificuldade encontrada foi a falta de controle de dados sobre esse tipo de
lixo. É como se este fosse invisível. Todos sabem da existência mas não há dados sobre coleta ou
venda de materiais oriundos desse tipo específico de lixo. Na Associação de Catadores de Resíduos
Sólidos – ASCARA há uma sala com um computador, que se destinaria a esse fim, mas segundo os
associados eles não tem o hábito de fazer tais anotações. O que também dificulta os dados é que este
tipo de lixo ainda não é descartado de forma regular como no caso do papelão, latas de alumínio e
plásticos em geral. Por isso fica mais difícil de mensurá-lo.
RELACIONAR O CRONOGRAMA PREVISTO COM O EXECUTADO
O cronograma foi executado no tempo previsto, embora a parte de coleta de dados tenha demorado
mais que o planejado. Para suprir esse tempo, a próxima etapa que foi a leitura e reflexão sobre os dados obtidos, já foi sendo feita sobre parte das entrevistas já que essa coleta de dados foi sendo realizada com diversos seguimentos da sociedade. Assim, enquanto refletíamos sobre os dados obtidos com
os alunos do IFAL residentes em Arapiraca, já fazíamos as entrevistas na área central e assim por diante.
CONCLUSÕES
Ao longo deste trabalho pudemos perceber que o problema do lixo eletrônico é bem maior e bem
mais sério do que pensávamos. No início sabíamos que nos depararíamos com uma situação não muito
diferente do restante do país no que se refere ao conhecimento da população sobre o assunto, ações
dos governos para dar destino adequado a esses rejeitos e atuação das empresas fabricantes visando
o recolhimento desses produtos após sua vida útil. Só comprovamos aqui em Arapiraca o que lemos na
literatura e vemos diariamente em tantas e tantas outras cidades brasileiras a exemplo do que ocorre
recentemente na cidade olímpica do Rio de Janeiro onde diversos produtos eletroeletrônicos, como fogões e geladeiras, foram retirados na Baía de Guanabara.
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Certamente a população tem papel fundamental para que o problema seja resolvido: Ela adquire esses produtos e ela o descarta após o uso. Refletimos ai sobre alguns aspectos: Essa população pode
escolher de quem comprar e priorizar a compra daquelas empresas que de fato mantém sua responsabilidade sobre o produto após a venda, inclusive tomando sobre si a responsabilidade de coleta e destinação correta após o uso conforme determinação legal. Essa mesma população é aquela que descarta
o material, podendo colaborar de forma expressiva para a destinação correta. Mas se a população não
tem informações a respeito, dificultará o processo. A educação é o objeto propulsor de tomada de decisões e mudanças. Se a população desconhece o perigo das substâncias contidas nos equipamentos,
desconhece a lei que determina o tratamento adequado desse tipo específico de lixo pelo poder público
e a responsabilidade dos fabricantes e não tem local adequado para fazer o descarte de forma apropriada, continuará a fazê-lo de forma errônea e sofrer suas consequências. Portanto, ao nosso modo de
ver, é necessário mais esclarecimentos à população para que haja consciência por parte das ações
executadas e contem com locais corretos de descarte desses equipamentos.
Outro aspecto a se levar em conta é que deva haver maior estudo e pesquisa visando aumentar as
possibilidades de aproveitamento do material descartado. Uma rede articulada que envolva o recolhimento desse material, sua triagem, retirada dos componentes, postos de venda do material e maior incentivo às empresas que utilizassem tais materiais, como por exemplo, menores taxas de impostos.
Maior organização e articulação talvez pudesse diminuir os custos desse processo de logística reversa.
Temos a necessidade de fazer com que esse material retorne à cadeia produtiva, assim evitaremos
mais retirada de materiais da natureza e evitaremos que grandes quantidades de resíduos estejam relegados apenas a ação do tempo para degradá-lo. Conforme dito na introdução, ano passado em Genebra, na Suíça, o chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Stei ner, explicou que há mais minerais em celulares, computadores e outros aparelhos do que a quantidade
existente em reservas subterrâneas.
É preciso que os fabricantes encarem o problema como seu, conforme a lei já determina. Pois muitos
após vender os produtos, não se sentem mais responsáveis por eles, pois a partir desse momento o
produto já cumpriu sua função de lucro e após venda seu retorno pode significar prejuízos. Da mesma
forma a população quando descarta esse material no lixo comum ou mais raramente em locais
preparados para este fim, não se sentem mais responsável por ele. A partir deste momento o lixo deixa
de ser problema individual e passa a ser coletivo, então passa-se a entender que o responsável por ele
agora passa a ser exclusivamente o poder público que seria o responsável para tratar adequadamente
o que se tornou lixo.
É preciso mais ações do poder público, tanto no que diz respeito a locais apropriados de descarte
como punições para os fabricantes e importadores que descumprem as leis já existentes. Infelizmente
não temos muitas perspectivas de que mesmo com o aterro sanitário que atenderá 20 municípios do
agreste alagoano, prestes a entrar em funcionamento, vá garantir destino adequado para cada tipo específico de lixo. Segundo pesquisas em reportagens divulgadas o que encontramos não se refere diretamente a esse tipo específico de lixo conforme o trecho retirado do jornal Gazetaweb.com.br do dia
28/07/2016: “No caso da CTR (Central de Tratamento de Resíduos) Agreste, cerca de 20 municípios
da região serão atendidos diretamente, destinando tanto resíduos sólidos da Classe II, (lixos domiciliares e comerciais), quanto resíduos de Classe II-B, que são, por exemplo, os resíduos da construção civil.”
Conforme o exposto, até o presente momento, concluímos que por mais que pareça utopia, a solução
para o problema criado pelo capitalismo que nos coloca como reféns de bens materiais para o alcance
de um modelo de vida feliz e com muito conforto e o grande avanço tecnológico fazendo-nos viver no
período da obsolescência programada, tendo os produtos um ciclo de vida cada vez mais curto, não
perpassa apenas por um viés da sociedade, mas todos devem assumir o seu papel nessa cadeia de dar
destino correto ao lixo eletroeletrônico. Sem que haja interação entre o tripé sociedade, economia e
meio ambiente tudo mais estará fadado ao fracasso. O dever é da população, das empresas, do poder
público criar uma economia que não se baseie apenas no lucro e no consumo em massa. Se deve ha ver o consumo consciente, deve também existir a produção consciente e a destinação consciente aos
resíduos. Descrevemos ao longo desse relatório o papel de cada setor agora mencionado.
Não estamos nos referindo apenas aos fabricantes nacionais e suas responsabilidades, mas também aos fabricantes das grandes multinacionais que exploram duplamente as nações pobres: Extraem
seus minérios e outros recursos utilizados na fabricação de tais produtos e muitos ainda devolvem sucata em forma de lixo tecnológico que denominam de “inclusão digital”. Cabe responsabilidade aos importadores, mais cooperação entre países que são tão discutidas por longos dias em Conferências inRua Odilon Vasconcelos, 103, Jatíuca, Maceió – AL
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ternacionais, mais fiscalização por parte do poder público sobre o tipo de produtos e os materiais que
estes equipamentos contém e que estão cruzando nossas fronteiras, falta mais gerenciamento e articulação por parte do poder público local para que consigam dar destino adequado a gama de produtos
tóxicos que temos em mãos. Haja vista que dissemos neste relatório que basicamente o lixo eletrônico
coletado não fica na cidade, ou ia para São Paulo, no caso das pilhas, ou vai para Maceió no caso do
que é vendido pela ASCARA.
O que temos a fazer é identificar o que temos de produtos eletrônicos sendo descartados no município e como se pode aproveitá-lo, seja fora do município ou fora do Estado. Esta é uma teia, uma rede,
que assim como no caso da fabricação global de produtos a exemplo de um bem pensado nos Estados
Unidos, fabricado na China com matéria-prima retirada de algum país africano é vendido no mundo
todo. É hora também de articular o retorno desses materiais ou parte deles à cadeia produtiva. Esse é
um processo que demanda as esferas já mencionada: população (aquela que decide a hora de compra,
de quem compra, forçando as empresas a buscarem alternativas menos agressivas para agradar seus
clientes e também decide a hora do descarte e onde “fazê-lo”), poder público (O articulador: Pode criar
estratégias de recolhimento, encaminha, fiscaliza e pune quem descumpre as leis), vendedores e importadores (é o que interliga o fabricante ao cliente portanto, o que deveria receber o produto após sua vida
útil e encaminhá-los aos fabricantes), fabricantes (responsáveis por aquilo que lançam no mercado,
através da tecnologia podem substituir materiais mais agressivos ao ambiente por outros que causem
menos impacto ou reaproveitar parte do que chega, incorporando-o novamente à cadeia produtiva).
Por fim acreditamos que a sociedade não está pronta e acabada, que os problemas de hoje não se
perpetuarão infinitamente sem solução. Os homens mudam. Mudam sua forma de pensar, de agir, descobrem soluções para o que os aflige. Como diria nosso grande educador Paulo freire “O mundo não é,
o mundo está sendo”. A mudança individual passa-se a coletiva transformando a sociedade. Portanto,
por mais difícil que seja a solução para o lixo eletrônico neste momento, ela é possível. Talvez inviável
se levarmos em conta apenas os aspectos econômicos em alguns casos, mas possível. Por isso a necessidade de juntarmos os três aspectos já mencionados sociedade, ambiente e economia, ambos são
dependentes e interagem entre si.
PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
No primeiro momento apresentamos a produção deste trabalho no Congresso Acadêmico do IFAL –
CONAC no IV Encontro de Inovação, Tecnologia e Iniciação Científica do IFAL ( IV EITIC )
Esperamos expor os resultados finais deste trabalho em outros congressos acadêmicos, inclusive no
CONNEPI.
No entanto, essa produção fica limitada diante do quadro de contenção de gastos e despesas e diversas portarias publicadas. Entendemos que é dever da instituição dar condições financeiras a seus
estudantes e funcionários para tal fim.
BIBLIOGRAFIA
PNUMA alerta sobre risco do lixo eletrônico e uso indiscriminado de produtos químicos
http://nacoesunidas.org/pnuma-alerta-sobre-risco-do-lixo-eletronico-e-uso-indiscriminado-de-produtosquimicos/ Acesso em 09/06/2015
MIGUEZ, Eduardo Correia. Logística Reversa como Solução para o Problema do Lixo Eletrônico:
Benefícios Ambientais e Financeiros. 1 ed. Rio de Janeiro: Quality Mark,2010.
Savitz, A.W, Weber, K. A (1993) Empresa Sustentável – O verdadeiro sucesso é o lucro com
responsabilidade social e ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier.
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