UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ELETROTÉCNICA Experiência 05: Ensaios em transformadores monofásicos Objetivo: Determinar os parâmetros do circuito elétrico equivalente de transformadores monofásicos, bem como calcular seu rendimento e sua regulação. 1.0 – Introdução O circuito elétrico equivalente de um transformador é a forma de representar o comportamento das grandezas elétricas e magnéticas tais como as perdas joule nos enrolamentos, as perdas por Histerese e Foucault, os fluxos de dispersão do primário e secundário e a reatância de magnetização. O circuito equivalente de um transformador com núcleo ferromagnético (não linear) é dado pela Figura 1. Iɺ Iɺ2' = 2 k Iɺ1 Iɺ2 Iɺϕ Iɺc Vɺ1 Iɺm Eɺ1 Vɺ2 Eɺ 2 Figura 1 – Circuito equivalente do transformador monofásico – Modelo T. O circuito equivalente da Figura 1, referido ao primário (N1 espiras), tem a seguinte configuração: Iɺ2' Iɺ1 V1 N1 I N = =k ; 2 = 1 =k V2 N 2 I1 N 2 Iɺϕ Iɺc Vɺ1 Iɺm Vɺ2' V1 = Z1 I1 ; V2 = Z 2 I 2 ; Z1 = k2 Z2 R2' = k 2 R2 Vɺ2' = kVɺ2 Xl2' = k 2 Xl2 Iɺ Iɺ2' = 2 k Figura 2 – Circuito equivalente do transformador monofásico referido ao primário. 2.0 – Ensaios: Os parâmetros do circuito equivalente podem ser obtidos mediante a execução dos seguintes ensaios: 2.1 – Ensaio a vazio ou de circuito aberto – Tensão nominal No ensaio a vazio, aplica-se tensão nominal no lado da baixa tensão. Ou seja, nesse caso, o lado de baixa tensão é o primário do transformador. No secundário do transformador não há 1 circulação de corrente. A corrente do primário tem valor muito baixo sendo responsável apenas pela magnetização do núcleo do transformador. Dessa maneira, podemos desprezar as perdas joule dos enrolamentos e as dispersões de fluxos, sendo somente consideradas as perdas no núcleo. Neste ensaio são medidas as seguintes grandezas: Vo – Tensão nominal aplicada (V); Po – Potência consumida – perdas no núcleo (W); Io – Corrente a vazio (A). Iɺo Iɺϕ Vɺo Iɺc Iɺm Figura 3 – Alimentação pela BT com AT em aberto. A partir das grandezas medidas são calculados os seguintes valores: V2 P V Rc = 0 ; Ic = 0 ; I m = I 02 − I c2 ; Xm = 0 P0 V0 Im Dessa forma, obtêm-se: Rc [Ω] e Xm [Ω] referidos à baixa tensão. 2.2 – Ensaio de Curto-Circuito – Corrente nominal Neste ensaio, são colocados em curto-circuito os terminais da baixa tensão. A tensão aplicada no primário que, agora, é o lado de alta tensão (AT), deve ser de valor tal que circule corrente nominal na baixa tensão. Como a tensão aplicada no primário é muito baixa, as perdas no núcleo e a reatância de magnetização são desprezadas. Portanto, o circuito da Figura 1 pode ser aproximado por: Iɺcc Vɺcc Figura 4 – Alimentação pela AT com BT em curto-circuito. Neste ensaio, são anotados os seguintes valores: Vcc – tensão aplicada na AT para circular Inominal na Baixa tensão (V); Icc – Inominal (A); Pcc – Potência consumida – perdas no cobre (W). A partir dessas grandezas medidas, são calculados: V P Z cc = Z eq1 = cc ; Rcc = Req1 = cc2 ; I cc I cc X cc = X eq1 = Z eq2 1 − Req2 1 Mas, por outro lado, tem-se: Z eq1 = ( R1 + R2' ) + j ( Xl1 + Xl2' ) 2 sendo: Req1 = R1 + R2' ; X eq1 = Xl1 + Xl2' Serão feitas as seguintes aproximações: R R1 = R2' = cc 2 X Xl1 = Xl2' = cc 2 Observar que tais parâmetros são referidos à AT. 3.0 – Rendimento e Regulação Os rendimentos dos transformadores diferem dos 100% desejáveis devido às perdas que ocorrem no seu interior, as quais são subdivididas em perdas no ferro e perdas nos enrolamentos. Considerando a existência dessas perdas, tem-se, para os transformadores, uma diferença entre a potência de entrada P1 e de saída P2 a qual é denominado de rendimento. A regulação de tensão de um transformador é uma grandeza que mede a variação da tensão em seus terminais devido à passagem do regime a vazio para o regime em carga. 3.1 – Rendimento A relação entre a potência de entrada P1 (fonte) e a de saída P2 (carga) define o rendimento do transformador, ou seja: P η= 2 P1 Ou: P η (% ) = 2 ⋅100 P1 Como o rendimento dos transformadores pode chegar a 99% e a diferença entre as potências é muito pequena, não é possível simplesmente medir as duas potências. Para contornar esse problema, tem-se: P1 = P2 + P0 + Pcc onde: P2 = V2 ⋅ I 2 ⋅ cos ϕ 2 Dessa forma, o rendimento pode ser calculado como: P2 V2 I 2 cos ϕ 2 η (%) = ⋅100 = ⋅100 P2 + P0 + Pcc V2 I 2 cos ϕ 2 + P0 + Pcc sendo: Po e Pcc obtidos dos ensaios a vazio e em curto-circuito. 3.2 - Regulação de tensão Mede a variação da tensão nos terminais do transformador devido à passagem do regime a vazio para o regime em carga. Com o transformador a vazio, no secundário tem-se a tensão ou fem induzida E2, que passa para um valor V2 ao se ligar uma carga. Se a regulação é boa, esta variação será pequena e vice-versa. A variação de tensão (∆V = E2 – V2) depende da carga que se coloca no secundário e pode ser: positiva, negativa ou nula. O valor da variação é influenciado por I2 e cosϕ2. Em geral, a regulação dos transformadores é definida para valor nominal da corrente e fator de potência da carga aproximadamente unitário. A regulação é dada relativamente a V2 e sua expressão, em porcentagem, é: E −V V −V reg ( % ) = 2 2 ⋅ 100 = 20 2 n ⋅ 100 sendo : V20: Tensão a vazio V2 V2 n V2n: Tensão sob carga nominal 3 4.0 – Parte prática: Transformador nas relações 110/220 V e 220/220 V 4.1 – Ensaio a vazio a) Anotar os dados de placa do transformador; b) Montar o circuito da figura abaixo; c) Conexões: 110/220 V; d) Alimentar o transformador pela baixa tensão com Vnominal; e) Medir: V0; I0; P0. 4.2 – Ensaio em curto-circuito a) Monte o circuito da figura abaixo; b) Conexões: 220/110 V; c) Alimentar o transformador pela alta com tensão reduzida e corrente nominal; d) Medir: Vcc; Icc; Pcc. 4 4.3 – Ensaio em carga considerando Alta e Baixa Dispersão de Fluxo a) Ligar o transformador em 220/220 V. Por que não foi usada a relação 110/220 V? b) Monte o circuito da figura abaixo; c) Coloque carga no transformador de maneira a circular corrente nominal secundária; d) Medir tensões, correntes e potências ativas do primário e secundário através dos wattímetros; e) Desconectar a carga (desligar o disjuntor da bancada, sem alterar o cursor do Variac, retirar a carga e ligar novamente o disjuntor) e medir V20. 5.0 – Relatório a) b) c) d) e) f) Apresentar todas as leituras efetuadas; Apresente os valores dos elementos do ramo magnetizante (ensaio a vazio) referidos ao lado de AT. Apresente também os cálculos realizados para isso; Montar o circuito equivalente com todos os parâmetros calculados referidos a AT; Calcule o rendimento para alta e baixa dispersão de fluxo através das três equações de rendimento apresentadas no roteiro. Compare e faça comentários sobre os rendimentos do transformador para alta e baixa dispersão de fluxo; Calcule a regulação de tensão para alta e baixa dispersão de fluxo. Compare e faça comentários sobre as regulações para alta e baixa dispersão de fluxo; Explique quais são as vantagens de se realizar o ensaio a vazio do lado de baixa tensão (BT) e o ensaio de curto-circuito no lado de alta tensão (AT). Prof. Fábio Prof. Malange Adilson – Técnico Everaldo - Técnico 5