Capítulo Anterior Subtítulos • É a ligação que ocorre entre os átomos dos metais. • Alotropia 5 CAPÍTULO 18 5 Ligação metálica 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 É a ligação que ocorre entre os átomos dos metais. Os metais constituem o grupo mais numeroso entre os elementos químicos. O papel que estes elementos tiveram no desenvolvimento da humanidade é tão significativo que se fala em idade da pedra, idade do bronze, idade do ferro. Alguns, como o sódio e o potássio, estão dissolvidos na água do mar. Os demais precisam ser extraídos de jazidas que se encontram acima ou abaixo da superfície terrestre, em depósitos. Alguns são tão pouco reativos que é possível encontrá-los em estado puro, como a prata, o ouro, a platina. Já em 3000 a.C., os Sumérios sabiam obter cobre e ligá-lo ao estanho, produzindo o bronze. Assim substituíram armas e utensílios de pedra por metal. Posteriormente, o bronze, em muitos casos, foi sendo substituído pelo ferro. As pontas de flechas de ferro deram muito mais eficiência à caça, e seu uso no arado, em 1000 a.C., mudou de forma espetacular a agricultura, enquanto que ferraduras e aros de metal em rodas melhoraram os primeiros meios de transporte terrestres. Ferramentas de ferro, tais como martelos, serrotes, plainas e pregos, incrementaram a construção civil. Isto sem falar dos utensílios domésticos, como panelas e pratos, e das armas, dos escudos ou dos cascos de embarcações. A descoberta de que a adição de carbono ao ferro seria capaz de melhorar ainda mais suas propriedades no aço representou um novo salto na utilização dos metais. A partir do século XVIII, o desenvolvimento da máquina a vapor e dos motores de explosão contribui, com suas exigências, para um enorme desenvolvimento da indústria siderúrgica: a produção de trilhos, pontes, trens, automóveis, barcos, monumentos. Outra propriedade dos metais, sua capacidade de conduzir a corrente elétrica de um ponto a outro, foi amplamente usada em cabos de cobre, sem os quais não teria sido possível eletrificar cidades e povoados. Outros metais muito importantes são os chamados metais preciosos, como o ouro e a prata, usados desde a antiguidade na fabricação de jóias e moedas. Não podemos nos esquecer de uma grande variedade de outros metais, cada um com propriedades específicas, usados para fins especiais: o alumínio, usado em veículos e esquadrias graças à sua baixa densidade e elevada resistência à corrosão, o sódio e o mercúrio, usados em lâmpadas incandescentes a vapor, o zinco, o cádmio e o mercúrio, usados nas pilhas elétricas, o chumbo, usado em placas e paredes graças à sua propriedade de absorver radiações. Já o cálcio é muito útil na neutralização dos ácidos húmicos, além de ser um constituinte de ossos e dentes. Sob o ponto de vista da configuração eletrônica, todos os metais têm poucos elétrons na camada de valência, o que determina uma grande facilidade desses elétrons se moverem na camada quase vazia. Observe o quadro: Elemento Distribuição eletrônica Li 1s22s1 Na 1s2 2s2 2p63s1 K 1s2 2s2 2p6 3s2 3p64s1 Os que estão em destaque são as camadas de valências. Aqui, a camada de valência tem apenas um elétron, que está no subnível s. Isto provoca em cada átomo um certo afastamento dos elétrons da camada de valência. Assim, no sódio, que tem apenas 1 elétron na sua camada de valência, 8 deles formariam uma espécie de nuvem em torno de 8 cátions de sódio e esta nuvem se estenderia em todas as direções espaciais, com os demais átomos do metal. Esta idéia vale para qualquer metal, que poderia ser entendido como uma rede de íons positivos vibrando em torno de uma posição de equilíbrio, em cujo interior haveria uma nuvem de elétrons de valência com grande liberdade de movimentos e que atuaria como elemento de união entre os íons positivos. Esta é uma das principais características da ligação metálica: o deslocamento de elétrons de valência. Por isto, os metais são bons condutores de eletricidade. Também sua maleabilidade, isto é, deformação sem ruptura é coerente com o modelo. Na deformação ocorre apenas um deslocamento dos planos da rede de íons positivos, sem que se modifique a disposição interna. Em outras palavras, pode-se dizer que os metais são “cátions” mergulhados num mar de elétrons “livres”. Este é o “modelo do mar de elétrons” da ligação metálica. Nas substâncias metálicas, os átomos não estão unidos aos pares pela atração mútua entre elétrons livres e cátions metálicos, portanto sua ligação não pode ser explicada pela regra do octeto. É por este motivo, também, que os metais se acumulam nos vários níveis tróficos de um ecossistema. Justamente a facilidade que estes átomos ligados têm de deslocar-se sem romper o cristal é que torna, por exemplo, o chumbo tão tóxico para o organismo humano e, por isso, deve ser evitado, como componente de tintas e lápis: acumula-se no sangue e acaba envenenando o organismo. Os metais pesados, como qualquer outro elemento, não podem ser destruídos e são altamente reativos do ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-los em estado puro na natureza. Normalmente, apresentamse em concentrações muito pequenas, associados a outros elementos químicos, formando minerais em rochas. Quando lançados na água como resíduos industriais, podem ser absorvidos pelos tecidos animais e vegetais. Já que deságuam no mar, estes poluentes podem alcançar as águas salgadas e, em parte, depositar-se no leito oceânico. Além disso, os metais contidos nos tecidos dos organismos vivos que habitam os mares acabam também se depositando, cedo ou tarde, nos sedimentos, representando um estoque permanente de contaminação para a fauna e a flora aquáticas. Os metais pesados podem se acumular em todos os organismos que constituem a cadeia alimentar do homem. É claro que populações residentes em locais próximos a indústrias ou incineradores correm maiores riscos de contaminação. Apesar de não ser um elemento comum nas águas naturais, o chumbo tem sido responsável por sérios problemas de intoxicação, devido ao fato de que é introduzido facilmente no meio ambiente a partir de uma série de processos e produtos humanos, tais como: encanamentos e soldas, plásticos, tintas, pigmentos, metalurgia. Em países em que o chumbo tetraetila é adicionado à gasolina, esta é uma das principais fontes de poluição por este elemento. É um metal que tem efeito cumulativo no organismo, provocando uma doença crônica chamada saturnismo, hoje mais comum em trabalhadores que estão muito expostos à contaminação. No passado, a taxa de intoxicação era muito elevada devido ao uso de canecas e vasilhames de chumbo. Os efeitos da intoxicação por chumbo são: tontura, irritabilidade, dor de cabeça, perda de memória. A intoxicação aguda caracteriza-se pela sede intensa, sabor metálico na boca, inflamação gastro-intestinal, vômitos e diarréias. Em crianças, o chumbo provoca retardamento físico e mental, perda da concentração e diminuição da capacidade cognitiva. Em adultos, são comuns problemas nos rins e aumento da pressão arterial. Análises realizadas em amostras de cabelo de Beethoven, o grande compositor alemão, detectaram chumbo em níveis 60 vezes superiores ao comum. Alguns pesquisadores acreditam que uma intoxicação aguda por chumbo pode explicar muitas das dores que Beethoven sentia e do seu comportamento irritadiço e solitário. 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 Alotropia Alotropia 1 é o fenômeno pelo qual um mesmo tipo de elemento químico pode formar substâncias diferentes, denominadas variedades alotrópicas ou, simplesmente, estados alotrópicos desse elemento químico. Os casos mais comuns são os do carbono diamante, grafite, fulereno, do oxigênio (oxigênio, ozônio), o fósforo branco e o fósforo vermelho. Tanto o diamante quanto o grafite são formados por átomos de Carbono ligados entre si por ligações covalentes, formando macromoléculas. Mas, enquanto que o diamante é formado no centro e nos vértices de tetraedros regulares ligados tridimensionalmente entre si, o grafite é formado pela superposição de camadas de átomos de Carbono - em cada camada, os átomos estão localizados nos vértices de hexágonos regulares. As camadas superpostas de átomos de carbono podem deslizar umas sobre as outras, sob a ação de forças mecânicas. É isto que acontece quando escrevemos com uma ponta de grafite sobre uma folha: as camadas de átomos de carbono separam-se e aderem ao papel. Os cristais de fulereno lembram o formato de uma bola de futebol. Sua fórmula é C60. 5 5 5 5 Esta forma deve-se à presença de 60 vértices, onde se localizam os átomos de C, 12 pentágonos e 20 hexágonos formam as 32 faces. Esta nova descoberta de estado alotrópico do carbono está sendo amplamente pesquisada no mundo todo, pois pode-se aprisionar íons metálicos dentro das grades desta gaiola sui generis. 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 O fósforo branco, P4, descoberto em 1669, apresenta moléculas formando um cristal molecular. Cada átomo de P ocupa o vértice de um tetraedro. Este estado alotrópico, que tem um brilho frio no escuro, entra em combustão com muita facilidade, queima com odor penetrante e é altamente tóxico. O fósforo vermelho é formado por um cristal covalente, no qual os átomos de ferro são ligados em cadeias de grandeza molecular indeterminada, formando uma rede. É usado nas cabeças do palito de fósforo. Sua temperatura de combustão é de cerca de 400 oC. É inodoro e atóxico. Próximo Capítulo